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Curva de Tração Real e Determinação do Coeficiente de

Resistência e do Coeficiente de Encruamento

Como abordado anteriormente, quando plotamos os resultados de um ensaio de


tração em um sistema gráfico, a tensão é determinada pelo quociente entre a carga em
cada instante do ensaio dividida pela área inicial do corpo de prova. No entanto
sabemos que o corpo de prova se deforma durante a realização do ensaio e o seu
diâmetro diminui continuamente durante a aplicação da força. Portanto se for calculada
a tensão dividindo-se a força aplicada em cada instante do ensaio pela área instantânea
do corpo de prova, teremos uma curva diferente que poderemos chama-la de Curva real
ou curva Verdadeira, como apresentada na figura 1. Para o calculo da deformação real
devemos considerar também a variação de comprimento da amostra, que se altera
continuamente durante a realização do ensaio.

Figura1 – Representação de uma curva de tração convencional e verdadeira.

Para obter a curva real ou curva verdadeira de um ensaio de tração teríamos que
ter instrumentos para medir as variações dimensionais do corpo de prova durante todo o
ensaio, o que seria muito difícil e aumentaria de forma demasiada o custo do ensaio. No
entanto podemos estabelecer equações matemáticas que relacionam as tensões e
deformações reais e convencionais.

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Correlações entre as Deformações Convencionais e Reais

Sabemos que a deformação específica de uma amostra é dada pela variação de


comprimento da amostra dividido pelo comprimento inicial da mesma::

Portanto podemos dizer que

Equação 1

A deformação real do corpo de prova pode ser definida como:

A solução para a equação é:

Equação 2

Substituindo a equação 1 na equação 2 teremos a primeira correlação entre a


deformação real da amostra e deformação convencional:

Equação 3

2
Correlações entre as Tensoes e Deformações
Convencionais e Reais

Para as tensões sabemos que:

Para uma mesma carga:

Equação 4

Para o ensaio consideramos o volume constante, portanto:

Portanto Equação 5

Substituindo a equação 5 em 4:

Equação 6

E substituindo a equação (1) em (6)

Teremos a correlação entre as tensões reais e convencionais

Equação 7

Estas equações são válidas para a região logo após o escoamento até o ponto de
máxima carga.

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Determinação do Coeficiente de Encruamento n e
Coeficiente de Resistência K

O Coeficiente de Encruamento e o Coeficiente de Resistência são parâmetros


importantes que podem ser retirados de um ensaio de tração. O Coeficiente de
Encruamento “n” determina a capacidade do material adquirir resistência durante o
processo de deformação plástica. Na figura 2 podemos verificar 3 materiais com
comportamentos distintos. No material 3 nota-se que os valores da tensão de
escoamento e do limite de resistência a tração estão muito próximos. Isto indica que o
material da curva 3 não adquire resistência mecânica durante o processo de deformação
plástica. Portanto apresenta um baixo coeficiente de encruamento “n”. Das três curvas
apresentadas o material da curva 1 apresenta a maior diferença entre a Tensão de
Escoamento e o Limite de Resistência a Tração indicando que o Coeficiente de
Encruamento “n” deste material deste material é elevado.

O Coeficiente de Resistência “K” indica a magnitude da tensão onde o


encruamento ocorre. Para as curvas apresentadas o material 2 apresenta o maior
Coeficiente de Resistencia quando comparado com o material 1 e o material 3.

Figura 2 – Curvas Tensão Deformação obtidas pelo ensaio de tração comparando o


comportamento de três materiais distintos.

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O coeficiente de encruamento e o Coeficiente de resistência também podem ser
utilizados para a realização de cálculos no regime plástico. Para a região plástica de uma
curva tensão deformação verdadeira, podemos estabelecer como válida a seguinte
relação:

Equação 8

Onde K é o coeficiente de resistência e n o coeficiente de encruamento

Aplicando logaritmo na equação podemos linearizar o trecho plástico da curva o


que irá facilitar a determinação numérica destes dois coeficientes. A Equação 8 pode ser
escrita na forma que se segue:

Equação 9

Com esta equação teremos este trecho da curva linearizada e poderemos


determinar os coeficientes K e n de acordo com a figura 3 abaixo:

Figura 3 – Curvas Tensão Deformação verdadeira representa em escala logarítmica.

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Método prático para Determinar o Coeficiente de
Encruamento n e Coeficiente de Resistência K a partir de
uma curva de tração convencional

Vamos tomar como exemplo a Curva Carga alongamento para o aço 1045 no
estado como fornecido:

50
Aço 1045

40

30
craga (KN)

20

10

0
0 2 4 6 8 10 12
Alongamento (mm)

Figura 4 – Curva carga alongamento para o aço 1045 no estado como fornecido. Corpos de
prova: d0=10,45mm, L0=50mm.

Selecione 5 pontos da região plástica tomando o cuidado de não ultrapassar o


valor máximo de resistência a tração e determine o valor da carga e do alongamento
sempre acompanhando a inclinação do regime elástico:

6
50
Aço 1045 E
D
C
40 B

30
A
craga (KN)

20

10

0
0 2 4 6 8 10 12
Alongamento (mm)

Figura 5 – Curva carga alongamento para o aço 1045 no estado como fornecido. Corpos de
prova: d0=10,45mm, L0=50mm.

Relacione os dados obtidos em uma tabela e calcule os parâmetros de acordo


com as equações indicadas:

Tabela 1 Cálculos para a determinação do coeficiente de encruamento e do coeficiente de


resistência

Ponto Carga L(mm) (MPa) log r log r


(N)

A 30000 1 359,93 0,02 367,13 0,0198 2,56 -1,70

B 38200 2 458,31 0,04 476,64 0,0392 2,68 -1,41

C 41500 3 497,90 0,06 527,77 0,0583 2,72 -1,23

D 43500 4 521,90 0,08 563,65 0,0770 2,75 -1,11

E 45000 6 539,89 0,12 604,68 0,1133 2,78 -0,95

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log r

log r

Figura 3 – Curvas Tensão Deformação verdadeira representa em escala logarítmica para o aço
1045.

0,185

A= 2,95 LOG A=K


K= 10A K= 102,95

K=891,25 MPa

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