Você está na página 1de 8

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

CAMPUS DE GUARATINGUETÁ

DEPARTAMENTO DE MATERIAIS E TECNOLOGIA

Ensaio de Tenacidade à Fratura - KIC

Gabriela A. Abujamra - 201321513 - ga.abujamra@unesp.br


Ana Carolina A. Pereira - 201321254 - carolina.aquino@unesp.br
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Engenharia
de Guaratinguetá, Departamento de Materiais e Tecnologia

Resumo: A tenacidade à fratura é a propriedade que mede a resistência de um material à


fratura frágil, quando este possui uma trinca. A magnitude da tenacidade à fratura em
deformação plana aumenta com o aumento da taxa de deformação e com a diminuição da
temperatura. O ensaio de tenacidade à fratura, associado ao estudo da Mecânica da
Fratura Linear Elástica são essenciais para a caracterização de um material. Este estudo
tem como objetivo caracterizar um aço 1070, obtendo KQ e KIC por métodos matemáticos.

1.INTRODUÇÃO

A aplicação da Mecânica da Fratura Linear Elástica (MFLE) é limitada a situações em que a


plastificação na ponta de uma trinca, presente em um material, é pequena quando
comparada às dimensões da mesma. Para materiais de elevada tenacidade, tal
plastificação é maior quando comparada àquela observada em materiais frágeis que
oferecem, portanto, menor resistência à propagação de trincas.

O diagrama de Dowling (Figura 1) apresenta esquematicamente todas as condições para


validação da MFLE partindo dos resultados de um ensaio típico de tenacidade à fratura.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS DE GUARATINGUETÁ

DEPARTAMENTO DE MATERIAIS E TECNOLOGIA

Fig. 1. Diagrama de Dowling (1998) [1].

Nestes ensaios, para que as considerações da MFLE sejam válidas, é necessário


que se garanta o estado de deformação plana do Corpo de Prova (CDP) ensaiado. Quando
esta condição não é satisfeita, ou seja, quando se tem o CDP em estado de tensão plana, é
possível tratar os resultados obtidos à luz da MFLE desde que se verifiquem as demais
condições presentes na Figura 1[1].

Para os corpos de prova, deve-se realizar a pré-trinca por fadiga para iniciar a sua
preparação. É importante que os valores máximos de carregamentos por fadiga sejam
especificados para evitar a formação de uma região plástica muito grande, pois isso
acarreta em influências no resultado do ensaio (valores errados). A norma ASTM E399
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS DE GUARATINGUETÁ

DEPARTAMENTO DE MATERIAIS E TECNOLOGIA

recomenda que o valor máximo do fator de intensificação de tensão não ultrapasse 80% do
valor estimado para KIC do material durante o período inicial de propagação da trinca [2].

Quando a trinca atingir 97,5% de seu comprimento final, a máxima carga final de
fadiga deverá reduzir para um teto de 60% do valor do KIC. O valor mínimo de carregamento
pode ser selecionado em função da razão de carga, obedecendo a seguinte relação:

Fig. 2. Relação para obter o valor de carregamento mínimo.

Assim, após obter a pré-trinca, o corpo de prova será submetido a um carregamento


monotônico, onde se obterá uma curva experimental de carga, em função do deslocamento
de abertura da trinca. Na verdade, existem 3 perfis de curvas possíveis, em que alguns
pontos devem ser destacados. A carga P5 das curvas é o ponto em que é obtida pela
intersecção da curva carga-deslocamento de abertura da ponta da trinca com uma reta com
inclinação de 5% menor em relação à parte linear inicial da curva obtida pelo ensaio. Já a
carga PQ é definida de acordo com o perfil da curva.

Fig. 3. Perfis das curvas possíveis e as cargas em pontos específicos.


UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS DE GUARATINGUETÁ

DEPARTAMENTO DE MATERIAIS E TECNOLOGIA

A partir da curva, é possível obter todos os valores desejados das cargas e fazer
testes relacionados ao K.

2.OBJETIVOS

Plotar um gráfico de Carga x COD , encontrar o valor de KIC e verificar as condições de


deformação e tensão plana.

3.MATERIAIS E MÉTODOS

O ensaio em si não foi realizado por nós, foram disponibilizadas imagens e vídeos de um
ensaio já feito, e os dados obtidos do mesmo. Mas, em geral, as normas mais utilizadas
para o ensaio são ASTM E399 e ASTM E1820. Enquanto a primeira busca a obtenção do
KIC em diversos corpos de prova, a segunda normaliza conjuntamente as formas de
obtenção do KIC, JIC e CTOD [3]. Para este ensaio, geralmente os corpos de prova mais
utilizados são o tipo SE(B) e o C(T).

Fig. 4. Corpos de prova mais utilizados [2].


UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS DE GUARATINGUETÁ

DEPARTAMENTO DE MATERIAIS E TECNOLOGIA

Fig. 5. Aplicação da carga: a) C(T) e b) SE(B).

Foi utilizado: Corpo de prova de mecânica da fratura, em aço 1070; Máquina de ensaios
mecânicos servo hidráulica; MS Excel.

Métodos:

Em teoria o CDP é posicionado corretamente para o ensaio e aplica-se carregamento


estático até sua ruptura. Com os dados do ensaio, plota-se o gráfico Carga versus COD
(Crack Opening Displacement).

4.RESULTADOS E DISCUSSÕES

O gráfico a seguir apresenta a curva de Carga versus COD levantada no ensaio de


tenacidade à fratura para o CDP considerado.

Gráfico 1: Carga x COD aço 1070 para o ensaio realizado (Fonte: Autor)
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS DE GUARATINGUETÁ

DEPARTAMENTO DE MATERIAIS E TECNOLOGIA

O gráfico em questão é considerado do tipo II, abaixo estão os valores que foram retirados
do gráfico e que foram fornecidos na aula.

Em relação a parte linear:


a(coeficiente linear) = 7,36281449
b(coeficiente angular) = 80,36910833
R-Quadrado = 0,980950698

Coeficiente angular x 0,95 = 76,35065289


Força do primeiro pico = 24,71070313 kN

Dados do CDP
B= 25,07
w=50,8
w-a=26,1
a=W-(w-a)=24,7

Com esses valores foi realizado o cálculo de KIC, que se encontra no apêndice.
A forma e dimensões da zona plástica na ponta da trinca são afetadas pelo estado tensional
(tensão plana ou deformação plana), visto que este determina a tensão efetiva de
escoamento. Porém, com os dados obtidos encontrou-se que o ensaio foi inválido e precisa
ser refeito, ou ainda pode ser realizado a integral J ou CTOD que ainda não foi aprendida
em sala de aula.

5.CONCLUSÃO

Após plotar o gráfico e realizar os cálculos para a curva de tipo 2, foi possível encontrar o
valor do tenacidade à fratura (KIC), porém ao analisar as condições de deformação plana e
de tensão plana encontrou-se igualdades falsas. Desse modo, conclui-se que o ensaio não
é válido e deve ser repetido.

6. Referências
[1] N.E. Dowling. “Mechanical behavior of materials – Engineering methods for deformation,
fracture and fatigue”. 2ª edição, Prentice Hall, 1998.
[2] ASTM - American Society for Testing of Materials. “Standard Test Method for
Linear-Elastic Plane-Strain Fracture Toughness KIc of Metallic Materials”/ E399. Estados
Unidos, 2010.
[3] ASTM - American Society for Testing of Materials. “Standard Test Method for
Measurement of Fracture Toughness”/ E1820. Estados Unidos, 2010.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS DE GUARATINGUETÁ

DEPARTAMENTO DE MATERIAIS E TECNOLOGIA


UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS DE GUARATINGUETÁ

DEPARTAMENTO DE MATERIAIS E TECNOLOGIA

APÊNDICE

Você também pode gostar