Materiais Dentários I

Materiais dentários:
Classificação e Propriedades

Profa. Grazielly Lopes Ferreira

 A busca por melhores materiais e o estabelecimento de novos
protocolos para sua utilização se estende há séculos e continua em
pleno crescimento.

 Novos materiais com propriedades aprimoradas - Qualidade do

trabalho profissional / Maior conforto ao paciente.
O conhecimento das propriedades físicas,
químicas e mecânicas dos materiais é
fundamental para orientar sua seleção.
Classificação dos Materiais Dentários

 MATERIAIS METÁLICOS: Usados em sua forma pura, figuram principalmente

constituindo as ligas metálicas presentes em peças protéticas, aparelhos
ortodônticos, limas endodônticas, implantes e instrumentais
odontológicos.
 MATERIAIS CERÂMICOS: Possuem propriedades físicas semelhantes à
da estrutura dental, além de ótima capacidade de reproduzir a
estética dental.
 POLÍMEROS: Muito utilizados em odontologia restauradora, são substâncias
compostas por cadeias de monômeros. Os polímeros mais utilizados em
odontologia são os metacrilatos, presentes principalmente em resinas
acrílicas, resinas compostas, cimentos odontológicos, materiais de moldagem,
selantes e adesivos.
Classificação dos Materiais Dentários

 Materiais dentários podem ser classificados como:

 Materiais preventivos
 Materiais restauradores
 Materiais acessórios
  Materiais preventivos

 Selantes para fóssulas e fissuras

 Agentes seladores que previnem a infiltração
 Materiais usados primariamente por seus efeitos antibacterianos
 Materiais para forramento e bases,
 Cimentos e materiais restauradores como o ionômero híbrido e o
cimento de ionômero de vidro - liberarem flúor
 Outros agentes terapêuticos para prevenir ou inibir a progressão de
lesões de cárie
  Materiais dentários restauradores são constituídos por componentes
sintéticos que podem ser utilizados para reparar ou substituir a estrutura
dentária.

 Primers/ Agentes adesivos

 Forradores
 Cimentos para base de restaurações
 Amálgamas
 Resinas compostas,
 Ionômeros híbridos
 Metais fundidos
 Metalocerâmica
 Cerâmicas
 Polímeros para prótese
 Materiais restauradores podem ainda ser divididos em:
 Materiais restauradores diretos - usados intraoralmente na
fabricação de restaurações e dispositivos protéticos diretamente nos
dentes ou nos tecidos

 Materiais restauradores indiretos - extraoralmente, nos casos em

que os materiais são trabalhados indiretamente sobre modelos ou
réplicas dos dentes e demais tecidos
  Materiais dentários acessórios são substâncias utilizadas no
processo de fabricação de próteses e outros dispositivos, mas
que não se tornam parte dos mesmos.

 Soluções para condicionamento ácido

 Materiais de moldagem
 Revestimentos para fundição
 Modelos de gesso
 Ceras odontológicas
 Moldeiras para clareamento
 Resinas acrílicas para protetores bucais e placas oclusais
 Abrasivos para acabamento e polimento
Propriedades Físicas
Propriedades Térmicas
 CONDUTIVIDADE TÉRMICA
 Propriedade física que governa a transferência de calor através de um
material por fluxo condutivo.

 O calor se propaga a partir pontos com temperatura mais alta para pontos
com temperatura mais baixa.

 Materiais que apresentam uma alta condutividade térmica são chamados

condutores, assim como materiais com baixa condutividade térmica são
chamados isolantes
 Em geral, os metais apresentam maiores valores de condução de calor
do que plásticos e cerâmicas.

 Esmalte e dentina são maus condutores térmicos quando comparados

às ligas metálicas.

 As resinas compostas possuem condutibilidade térmica semelhante à

das estruturas dentárias.

 A condutividade térmica dos cimentos restauradores equivale à das

estruturas dentárias, razão pela qual esses materiais são utilizados
como forros em preparos cavitários profundos para restaurações de
amálgama ou ligas de ouro.
 DIFUSIVIDADE TÉRMICA
 Medida da velocidade com a qual uma mudança de temperatura se
propaga através de um objeto quando uma das suas superfícies é
aquecida.

500x condutividade térmica

600x difusividade térmica

Pouca proteção contra choques

térmicos

Base ou Forramento
 COEFICIENTE DE EXPANSÃO TÉRMICA

 Quando materiais sofrem um aumento de temperatura há um aumento em

seu volume — uma expansão.

 É a medida da alteração da dimensão de uma estrutura por unidade de sua

estrutura inicial, quando a temperatura é aumentada em l ºC.

 Uma restauração pode expandir ou contrair mais do que o dente durante

uma alteração na temperatura - microinfiltração marginal /restauração
pode descolar do dente
Propriedades Eletroquímicas
 Corrosão
 Processo através do qual a deterioração de um metal é causada pela
reação com o ambiente.

 A corrosão e sua influência na durabilidade e aparência são as principais

formas pelas quais a eletroquímica afeta o bem-estar oral.
 Resposta tóxicas e alérgicas a íons metálicos liberados por corrosão,
que podem afetar tanto os tecidos próximos quantos órgãos distantes.

 Na maior parte dos casos, a corrosão é indesejável.

 Entretanto, uma quantidade limitada de corrosão nas margens de

restaurações de amálgama dentário pode ser benéfico - selam a fenda
marginal e inibem a entrada de fluidos orais e bactérias.

 O ambiente oral é altamente condutivo para a ação eletroquímica.

Ele é quente, úmido e sujeito a grandes variações de temperatura e
pH
 Manchamento é uma descoloração superficial em um metal ou uma leve
perda ou alteração do acabamento ou brilho superficial.

 No ambiente oral, o manchamento frequentemente ocorre pela formação

de depósitos na superfície de uma restauração.

 Pode ser uma indicação precoce e um precursor da corrosão.

Propriedades Ópticas
 Dentro de uma faixa do espectro eletromagnético entre 400 e 700 nm,
uma radiação é visível ao olho humano, e a chamamos de luz.
 Os objetos em que a luz incide (meios ópticos) são divididos,
didaticamente, em três tipos: meio óptico opaco, meio óptico
translúcido e meio óptico transparente
 A percepção da cor é descrita por três variáveis objetivas: matiz, valor e
croma.
 Matiz: Descreve a cor predominante de um objeto e depende do
comprimento de onda (p. ex., vermelho, amarelo, azul).

 Valor é conhecido também como a escala de cinza.

 O valor também é expresso pelo fator “luminosidade” com vários níveis de
cinza entre os extremos branco e preto.
 Os dentes e outros objetos podem ser separados em cores mais claras
(valor mais alto) e cores mais escuras (valor mais baixo).

 Croma é o grau de saturação de um matiz em particular. Por exemplo, o

vermelho pode variar de “escarlate” até rosa- -claro, onde escarlate tem
uma alta saturação e rosa tem uma baixa saturação
 Matizes dentais - identificados e classificados por letras – Escala Vita:
 A – marrom/avermelhado
 B – amarelo/alaranjado
 C – cinza/esverdeado
 D – cinza/rosado

 Na classificação de cores da Vita, o Croma é identificado por números.

 O matiz A vai de A1 até A4.
 À medida que o número aumenta, vai havendo maior saturação do matiz.
 Escala de Cor de Dentes Clareados – Bleach - Ivoclair
 Atividade de Fixação
 1- Paciente M.C.S procurou a clínica da faculdade Doctum
queixando-se de dor provocada no elemento 36. Ao exame
clínico contatou-se cavidade profunda. Ao exame
radiográfico não houve envolvimento pulpar. Após remoção
do tecido cariado e preparo do elemento dental observou-
se uma fina camada de dentina remanescente. O paciente
desejava a confecção de uma restauração em amálgama.
Considerando as propriedades térmicas dos materiais
dentários, o amálgama é o material mais indicado para
restauração desse tipo de cavidade? Porque? Qual
procedimento clínico prévio deverá ser realizado antes da
confecção da restauração em amálgama?Qual material
odontológico possui melhores propriedades térmicas e pode
substituir o amálgama na restauração do elemento?
 2- Quais consequências clínicas podem ser geradas em
restaurações realizadas com materiais dentários que
possuem coeficiente de expansão térmica muito
diferente da estrutura dental?

 3- Em qual situação clínica específica a corrosão pode

ser benéfica?

 4- Quando o Valor de uma restauração em cerâmica fica

mais alto que o restante dos elementos dentais, essa
restauração ficou mais clara ou mais escura?
Reologia
 A reologia é o estudo do escoamento dos materiais.
 Profissionais da área odontológica precisam manipular uma ampla
variedade de materiais dentários no estado fluido a fim de alcançar
resultados clínicos com sucesso.
 O sucesso ou o fracasso de um dado material pode ser tão dependente
de suas propriedades no estado líquido quanto de suas propriedades na
forma sólida.

Inseridos e Estado Sólido

Estado Fluido
Conformados - Duráveis
 Viscosidade é uma medida da consistência de um fluido e de sua
resistência ao escoamento.

 Um material de pouca viscosidade requer somente uma pequena pressão

para produzir um alto escoamento, enquanto um material mais viscoso
requer uma pressão maior para produzir um pequeno escoamento

 Um fluido altamente viscoso escoa lentamente.

 A viscosidade dos materiais sofre também a influência da temperatura.

Temperatur
a

Viscosidade
 Alguns fluidos se tornam menos viscosos e escoam mais quando
submetidos a aplicações repetidas de pressão e são chamados
tixotrópicos.

 Pastas profiláticas dentárias, gesso comum, cimentos resinosos e

alguns materiais de moldagem são tixotrópicos.
 Viscoelasticidade
 Quando o material recebe uma carga e após a remoção dela
recupera a sua dimensão original, ele é elástico.

 Porém, se a recuperação dessa posição é lenta, ou se um grau de

deformação permanente persiste, o material é viscoelástico.

 Uma grande variedade de materiais mostra um comportamento que é

intermediário entre o de um líquido viscoso e de um sólido elástico

 Todos os materiais de moldagem são parcialmente viscoelásticos em

sua natureza e podem sofrer deformação permanente quando
removidos de áreas retentivas.
Propriedades Físicas de Superfície
 Quando as moléculas de um substrato aderem ou são atraídas a
moléculas de outro substrato, a força de atração é chamada de
ADESÃO quando envolve moléculas diferentes.

 COESÃO quando as moléculas envolvidas são do mesmo tipo.

 O material que é usado para promover a união é conhecido
como ADESIVO.

 O material ao qual ele é aplicado é chamado de ADERENTE.

 Energia de superfície

 Uma superfície é definida como a camada mais externa de um objeto.

 Os átomos situados na superfície dos materiais encontram-se

impossibilitados de estarem em completo equilíbrio, ou seja, não estão
igualmente atraídos em todas as direções.

 No interior dos materiais, os átomos possuem energia mínima em virtude

da presença de outros átomos ao seu redor.

 O aumento de energia por unidade de área de superfície é referido como

energia de superfície ou tensão superficial.
 Molhamento

 É a medida da afinidade de um líquido por um sólido.

 Para produzir adesão em uma superfície, o líquido precisa fluir facilmente

sobre toda a superfície e aderir ao sólido.

 A capacidade de molhar o substrato é o fator dominante para a união adesiva

quando um adesivo endurece, passando do estado líquido para o sólido.

 A limpeza da superfície do aderente é de fundamental importância para a

eficácia de um adesivo.
 Ao aproximar duas superfícies sólidas, somente os átomos de maior relevo
irão se aderir, gerando uma força de adesão insignificante.

 Para aumentar a força de atração entre dois sólidos, acrescenta-se um

fluido que penetre pelas rugosidades, permitindo o contato com uma
porção maior da superfície do sólido.
 Ângulo de Contato de Molhamento

 É indicado pela forma de uma gota de líquido sobre a superfície do sólido.

 Essa relação determina um ângulo em suas margens.
 A presença de um baixo ângulo indica um bom molhamento. Um alto
ângulo de contato caracteriza um material hidrófobo.
Propriedades Mecânicas
 Comportamento e resistência dos materiais
odontológicos à deformação permanente ou
fratura, sob aplicação de uma força ou tensão,
afim de caracterizar a resistência deles quanto aos
esforços sofridos na cavidade bucal.
Tensão
 Tensão é a força por unidade de área que incide sobre os
átomos e moléculas de um material.

 É a resistência de um material a uma força externa aplicada

sobre ele.
 Tensão de tração resulta da aplicação de duas forças na mesma linha,
porém, com sentidos contrários.
 As duas extremidades são fixas ou uma extremidade é fixa e a outra é
submetida a uma força que se afasta do ponto de fixação
 Tensão de compressão resulta de um conjunto de forças aplicadas na
mesma direção, uma contra a outra, onde uma superfície é fixa e a outra
é movimentada em direção ao ponto de fixação
 Tensão de cisalhamento ocorre quando as forças são direcionadas
paralelamente, porém, em sentidos contrários
 Tensão de flexão é um tipo de tensão complexa, pois envolve outros
componentes, como tração, compressão e cisalhamento.
 Na flexão de três pontos, por exemplo, na região superior onde a força é
aplicada ocorre compressão, na porção inferior, tração e na região dos
apoios, tensões de cisalhamento
Deformação
 Ocorre quando um corpo reage à aplicação de uma tensão e supera essa
força, gerando alterações dimensionais que aumentam conforme a
magnitude da carga.

 Elásticas: Quando desaparecem com a remoção da carga, permitindo que

haja o restabelecimento das distâncias entre os átomos, ou seja, o
material retorna à suas dimensões originais.

 Plásticas: Quando as deformações residuais da estrutura são mantidas

mesmo após a remoção da força externa que as produziu, gerando a
deformação permanente do material.
Curva de Tensão/Deformação
 A curva de tensão-deformação é a descrição gráfica do comportamento de um
material submetido a uma carga.
Limite de Proporcionalidade
 Caracteriza a deformação elástica (reversível) do material, região na qual a
tensão é linearmente proporcional à deformação.
 O limite de proporcionalidade é definido então, como a maior tensão na
qual a curva de tensão-deformação é uma linha reta.
 Abaixo desse limite não ocorrem deformações permanentes e o material
retorna às suas dimensões originais com a remoção da força.
Limite de Elasticidade
 A tensão máxima, além da qual a recuperação do material não é total e
promove deformação permanente, determina o limite de elasticidade.
 Tensão máxima capaz de ser suportada por um material de modo que,
removida a carga, retorne às suas dimensões originais.
 O limite de proporcionalidade e o limite de elasticidade representam a
mesma tensão dentro de uma estrutura sendo utilizados como sinônimos
quando se refere à tensão.
 No entanto, eles diferem, porque enquanto um lida com a proporcionalidade
da deformação, o outro descreve o comportamento elástico.
Módulo de Elasticidade
 É a relação entre a tensão e deformação que ocorre até o limite de
proporcionalidade do material.
 O módulo de elasticidade de um material é uma constante não sendo
afetado pela quantidade de deformação plástica ou elástica induzida do
material.
 Um baixo módulo de elasticidade caracteriza um material flexível e um
elevado módulo de elasticidade um material rígido.
Resiliência

 É a capacidade de um material de resistir à deformação permanente e

absorver energia enquanto é deformado elasticamente, até o limite de
proporcionalidade.

 É mensurada por meio do cálculo da área abaixo da porção elástica da curva

tensão-deformação, quanto maior a área elástica do material, maior a sua
resiliência.
Tenacidade
 É a quantidade de energia, elástica e plástica, necessária para levar um
material à fratura.

 Corresponde à área total abaixo da curva de tensãodeformação.

Tenacidade a fratura
 A tenacidade à fratura descreve a resistência de materiais frágeis à
propagação de defeitos sob tensão.
 É uma medida da absorção de energia de materiais friáveis antes da
fratura ocorrer.
 Até o momento da fratura, os materiais podem apresentar
comportamentos diferentes - frágil.
 Os frágeis tendem a ter baixa tenacidade porque sofrem pouca
deformação plástica antes da falha; assim, as áreas sob as regiões
elástica e plástica da curva são quase coincidentes
Ductilidade
 É a capacidade de um material de apresentar grande
deformação permanente e resistir, sob tensão de tração, até o
ponto de fratura.
 Propriedade característica de metais e ligas metálicas.
Maleabilidade
 É a capacidade de um material de apresentar deformação permanente
sob compressão, sem que haja o rompimento, gerando uma estrutura de
disco, laminado ou chapa.
 Entre os materiais de interesse na odontologia, o ouro, a prata e o cobre
são os metais mais maleáveis.
Dureza
 Resistência de um material ao risco, à penetração ou à endentação
superficial.
 É uma medida de resistência à deformação plástica dada pela força
aplicada por unidade de área de endentação.
 Esta propriedade está relacionada na Odontologia à facilidade de corte,
acabamento, polimento de um material e sua resistência ao risco
durante o uso.
Resistência Máxima
 É a tensão máxima que um material pode suportar antes da
fratura, podendo ser aferida por testes de tração, de
compressão, cisalhamento ou flexão.
 A resistência máxima é obtida pela divisão da carga máxima
aplicada pela área da secção transversal inicial do corpo de
prova.
 No caso das ligas odontológicas, por exemplo, a resistência
máxima determinará a carga máxima e a área transversal
mínima ao se projetar uma restauração.