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Universidade do Minho

Escola de Engenharia

Trabalho Prático 1 - Concentração de tensões


numa fivela de um cinto de segurança

Grupo 5
A100800 André Pereira Ferreira
A100671 Jorge Miguel Alves Marques
A100791 Mariana da Silva Pereira
A100873 Mariana Dias Amaro
A100717 Rui Pedro Diz Ribeiro

Coordenadores UC: Óscar Carvalho e Rita Ferreira

Mecânica dos Materiais II


Universidade do Minho
Guimarães, março 2023
UC Mecânica dos Materiais II Licenciatura em Engenharia Mecânica

1. Descrição
No âmbito da unidade curricular de Mecânica dos Materiais II foi proposto a
análise de concentrações de tensões dum componente à escolha pelo grupo através de
cálculos analíticos e simulação de elementos finitos. Para esse efeito, são calculadas todas
as reações e tensões presentes no componente selecionado bem como esquemas e
diagramas de corpo livre que sejam necessários para o estudo das concentrações.

2. Componente
O componente escolhido pelo grupo foi uma fivela dum cinto de segurança (figura
1), sendo esta uma peça fundamental do seu sistema de retenção. Esta tem como função
garantir que o cinto permaneça preso à volta do corpo do utilizador, evitando que o corpo
seja projetado em caso de acidente ou colisão. As fivelas podem apresentar diferentes
formas dependendo do modelo desejado. Por forma a facilitar o trabalho, optou-se por
analisar apenas a parte metálica que compõe a fivela do cinto.

Figura 1 – Fivela de um cinto de segurança

Geralmente, a fivela é feita de metal resistente e durável, como o aço inoxidável,


e revestida por plástico e borracha para melhorar a aderência e evitar o deslizamento do
cinto de segurança. Sendo o aço uma liga de ferro, níquel e cromo, entre outros elementos,
esta apresenta algumas propriedades tais como:
• Resistência mecânica: o aço apresenta alta resistência mecânica, tornando-o
adequado para aplicações que exijam alta resistência e rigidez como suportar a
força de tração que ocorre em caso de colisão ou acidente;
• Ductilidade: o aço inoxidável é um material que apresenta boa ductilidade, ou
seja, pode ser facilmente deformado sem se romper ou partir;
• Tenacidade: por ser um material com alta tenacidade, capacidade do material de
absorver energia até ao momento de rotura, consegue absorver a energia da colisão
e proteger o utilizador do veículo;
• Resistência à corrosão: o aço apresenta alta resistência à corrosão, garantindo a
durabilidade do produto;
• Baixa densidade: como apresenta uma baixa densidade, este material é usado na
fabricação de cintos de segurança para reduzir o peso do produto e aumentar o
conforto do utilizador;
• Facilidade de fabricação: o aço inoxidável é um material fácil de fabricar, cortar
e moldar numa variedade de formas.

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3. Condições de fronteira
De modo a elaborar o estudo, definiram-se condições de fronteira na peça a
analisar garantindo a viabilidade da sua resolução. Optou-se por isolar apenas a parte
metálica do cinto de segurança (fivela) e focar o estudo no furo localizado na sua
extremidade inferior, onde se encontram maiores concentrações de tensões. Escolheu-se
ainda substituir o furo quadrangular por um circular com um raio de 5mm e considerou-
se que a parte de cima não teria qualquer tipo de abertura, de maneira que fosse possível
simplificar a sua resolução (figura 2).

a b

Figura 2 – Representação da fivela original (a) e da fivela após as alterações (b).

Posteriormente, para o cálculo das reações a que a peça está sujeita, considerou-
se a aplicação de uma carga axial de 500N na extremidade livre da fivela (parte de maior
largura) que simboliza a força desenvolvida pelo tronco de um indivíduo na sua
utilização. E ainda que, a extremidade inferior (de menor largura) se encontra encastrada
e fixa. Podemos assumir que só se iram desenvolver reações na direção da força aplicada,
pois é o único eixo onde existem solicitações.
Assim, com vista as condições enunciadas, obteve-se a esquematização
representativa da peça com as respetivas cotas e seguinte diagrama de corpo livre (figuras
3 e 4).

Figura 3 – Representação esquemática da peça analisada com as respetivas dimensões [mm].

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F F’ F

Figura 4 – Diagramas de corpo livre.

4. Resolução analítica
Concentração de tensões é um aumento localizado na magnitude da tensão que
ocorre em áreas onde há uma mudança abrupta na geometria, como furo, entalhes e
curvas. Perante isto, é esperado que a maior concentração de tensões se encontre em volta
do furo.
Para a resolução analítica, considou-se a seguinte relação:
𝜎𝑚á𝑥
𝐾= (1)
𝜎𝑚𝑒𝑑
sendo K o fator de concentração de tensões, que é dado tendo em conta os gráficos
fornecidos pelos docentes da UC. Perante isso, selecionou-se o gráfico que corresponde
ao perfil em estudo (figura 5).

Figura 5 – Gráfico de determinação do fator de concentração de tensões para furos centrados.

Analisando o gráfico, foi necessário o cálculo da relação:


2𝑟
(2)
𝐷
sendo, r o raio do furo e D a largura onde este se encontra. Assim, tem-se 𝑟 = 5 𝑚𝑚 e
𝐷 = 20 𝑚𝑚. Substituindo na equação (2), obteve-se o valor 0.5.

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𝐾 ≈ 2,18

Figura 6 – Determinação do fator K através do gráfico.

Após encontrado o valor K (K=2,18), calculou-se a tensão média que é dada pelo
quociente entre a força aplicada (F) e a área da secção (A):
𝐹
𝜎𝑚𝑒𝑑 = (3)
𝐴
Assumindo um valor de 500𝑁 para F e uma área de 3 × 10−5 𝑚𝑚2, dada pela
expressão 𝐴 = (𝐷 − 2𝑟) × 𝑏, onde b corresponde à espessura da peça, substituem-se
estes valores na equação (3), obtendo-se o valor para tensão média 𝜎𝑚𝑒𝑑 ≈ 16,67𝑀𝑃𝑎.
Recorrendo à relação enunciada em (1), conclui-se que
𝜎𝑚𝑎𝑥 = 𝜎𝑚𝑒𝑑 × 𝐾 ≈ 36,33 𝑀𝑃𝑎

5. Simulação por elementos finitos


De forma a comparar resultados, realizou-se uma simulação pelo método de
elementos finitos através do software Fusion 360, sendo, para isto, necessário a
modelação do componente em estudo (figura 7).

Figura 7 – Modelo tridimensional do componente.

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Após isto, foram definadas as solicitações a que o componente está sujeito


(figura). Considerando o seu propósito real, a força foi aplicada à extremidade oposta
àquela em que está encastrada. Para tal, foi fixada essa extremidade para que não se mova
nas três direções (figura 8).

Figura 8 – Restrições aplicadas: Base fixada e força aplicada na face oposta.

De maneira a obter um valor mais preciso, foi aumentada a resolução da malha na


zona do furo (figura 9).

Figura 9 – Vista da malha da peça com configuração de malha localizada no furo.

Seguidamente, foi realizada a simulação com os parâmetros acima estabelecidos,


obtendo-se o seguite mapa de tensões (figura 10).

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Figura 10 – Mapa de tensões após realizada a simulação.

Pela análise do mapa, verifica-se que a tensão máxima desenvolvida é de


40,67MPa (𝜎𝑚á𝑥 = 40,67 𝑀𝑃𝑎) na direção do eixo zz, direção do eixo da força aplicada.

6. Conclusões
Ao analisar os resultados obtidos pelo método analítico e através da simulação,
observa-se que os resultados são ligeiramente diferentes. Essa diferença, apesar de
pequena, pode dever-se, a nível analítico, a imprecisões na leitura do valor do fator de
concentração de tensões e das dimensões do componente estudado e, também, a
arredondamentos efetuados ao longo dos cálculos realizados e o tipo de malha utilizado
durante a simulação.
Para perceber como é que o tamanho do furo e a espessura da peça se relacionavam
com a tensão máxima, efetuou-se o cálculo da tensão para dois furos com um raio menor
que o utilizado no estudo e dois maiores. Relativamente à espessura da peça, utilizou-se
o mesmo procedimento mantendo o tamanho do furo. Para cada uma das situações
apresentadas foram mantidas as medidas de atravancamento, bem como o valor da força
aplicada, e obtiveram-se os seguintes gráficos (figuras 11 e 12).

Figura 11 – Representação gráfica da tensão máxima, max [MPa] em função do raio do furo, r [mm].

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Figura 12 – Representação gráfica da tensão máxima, max [MPa] em função da espessura da peça, b
[mm].

Pela análise dos gráficos apresentados, conclui-se que a tensão máxima aumenta
de forma exponencial com o aumento do raio do furo e diminui com o aumento da
espessura da peça, como esperado.
Assim, de forma a diminuir as tensões instaladas nas descontinuidades
geométricas da peça, que provocam deformações, poderia ser feita a redução do raio do
furo da peça e/ou o aumento da espessura da mesma.

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