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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

REPARO DE ESTRUTURAS

Gabriela Castilho Honorato

GOIÂNIA
2022
PROPOSTA

Conforme explanado em sala de aula, o princípio para a estimativa da capacidade portante residual de uma
estrutura em concreto armado é feita a partir do levantamento das condições das seções transversais críticas
do(s) elemento(os) deteriorado(s) da estrutura. Assim, o processo consiste em avaliar os esforços internos
(resistentes) da seção transversal levando-se em consideração suas partes íntegras. Também, numa situação
de reforço estrutural, deve-se quantificar os novos esforços solicitantes e determinar quais os acréscimos de
seção transversal (concreto e aço) a serem implementados. Se se optar pelo uso de outros materiais de
reforço como chapas de aço ou compósitos com fibras de carbono, por exemplo, uma vez especificados estes
materiais, deve-se calcular suas respectivas áreas de seção transversal considerando-se o equilíbrio entre
esforços internos e externos. Com isso em mente, pede-se apresentar:

1. As formulações para a quantificação destes materiais considerando-se o Método de J. Bresson e o


Método de Cánovas para reforço à flexão com chapas de aço
2. As considerações sobre o cálculo do comprimento de ancoragem da chapa
3. As considerações sobre o cálculo do reforço de vigas ao esforço cortante com chapas de aço
4. As considerações sobre o reforço de pilares pelo aumento da seção transversal
5. O modelo de cálculo para reforço à flexão com compósito de fibra de carbono

OBSERVAÇÃO DA RESOLUÇÃO DO TRABALHO: As questões serão respondidas em forma de texto,


sendo divididas como que em capítulos.

1. REFORÇO À FLEXÃO COM CHAPAS DE AÇO


1.1. MÉTODO DE J. BRESSEN

O modelo foi desenvolvido para o dimensionamento de chapas metálicas coladas com resina epóxi utilizadas
para reforço estrutural de vigas de concreto. Esse reforço funciona para os esforços de flexão. Nesse método
de dimensionamento, feito para o estágio II de deformação do concreto, considera-se algumas das hipóteses
de Bernoulli, como que a seção da viga permanece plana após a deformação; considera-se também que a
distância do ponto da seção até a linha neutra da mesma é proporcional à deformação por ela sofrida com a
aplicação da tensão associada.

O método de Bressen considera que a chapa metálica é colada no concreto após a aplicação das cargas
permanentes neste, o que fica nítido na Figura 1.1. Após a colagem da chapa de aço passa a ser considerada
também a sobrecarga, o que também é facilmente contemplado pela Figura 1.1, que mostra a sobreposição
das deformações sofridas devido a cada grupo de esforços (permanentes e variáveis).

Nela, A R é a área da chapa de aço utilizada como reforço estrutural, A representa a armadura positiva da
viga, b é a largura da viga; σ Ci indica a tensão resistente do concreto à compressão; σ A i indica a tensão
resistente da armadura da viga à tração e σ AR representa a resistência combinada da chapa e da armadura à
tração. Zi é a altura útil da seção e a é a distância entre a linha neutra até o topo da seção. M P indica as
cargas permanentes e M S a sobrecarga.

Figura 1.1 - Diagramas Tensão-Deformação no Método de Bressen

Fonte: SOUZA; RIPPER (1998)

A largura da chapa é arbitrada como igual à da viga e sua espessura (e R ) é obtida através do equilíbrio de
momentos no diagrama que sobrepõe os efeitos da carga permanente e da sobrecarga. Basicamente, o
equilíbrio dos momentos nos leva à Equação 1.1, que, rearranjada, se torna a Equação 1.2, que possibilita o
cálculo dessa espessura. Considerando que já temos a largura, conforme explicado no início deste parágrafo,
assim chegamos á “quantificação” do elemento de reforço por seção da viga segundo o Método de Bressen.
O cálculo de σ Ci precisa ser feito conforme indica o a teoria clássica para o estádio II de dimensionamento
do concreto armado.

A R=
1
σ AR × Z 2 [ a²
× ( M P + M S ) + ( σ C 1 +σ C 2 ) × ×b−( σ A 1 +σ A 2 ) × A ×Z 1
6 ] (1.1)

eR =
1
σ AR × Z2 ×b [ a²
× ( M P + M S ) + ( σ C 1 +σ C 2 ) × ×b−( σ A 1 +σ A 2 ) × A ×Z 1
6 ] (1.2)

1.2. MÉTODO DE CÁNOVAS


O método de Cánovas é destinado ao mesmo dimensionamento que o de Bressen, mas utiliza o estágio III
ao invés do II e a sobreposição dos diagramas de deformação ao invés dos de tensão.

A Figura 1.2 ilustra esse processo, sendo que, nela, σ C P é a tensão que surge no concreto devido à
aplicação da carga permanente ( M P ¿ e N i é o esforço de compressão que surge nas fibras superiores da
seção devido à essa mesma carga. ε C P é, portanto, a deformação que surge nesse mesmo local devido à
aplicação da carga permanente. Quando a diferença em relação a esses índices é a letra s no lugar da letra
p, dá-se a eles significado equivalente, agora associado à aplicação das cargas variáveis (sobrecarga).
Quando a letra s vem no lugar da letra c , tem-se a tensão e a deformação na armadura da viga. ε SRS e σ SRS
são referentes, respectivamente, à deformação e à tensão sofrida e atuante pela chapa de aço devido à
aplicação da carga variável.

Figura 1.2 - Sobreposição dos Diagramas de Deformação no Método de Cánovas

Fonte: SOUZA; RIPPER (1998)

Novamente, as dimensões do reforço são calculadas a partir de um rearranjo da equação de equilíbrio dos
momentos. A Equação 1.3 mostra o equilíbrio de momentos aplicado para esse caso e, a Equação 1.4,
mostra seu rearranjo, que facilita o cálculo.

M S =( A ×σ SS + A R × σ SRS ) × Z S ≅ ( A + A R ) ×σ SRS × Z S (1.3)

MS
A R= −A (1.4)
σ SRS × Z S

2. COMPRIMENTO DE ANCORAGEM DA CHAPA

A ancoragem da chapa, a princípio, se dá apenas pela aplicação da resina epóxi. Em chapas mais espessas
que 3mm, deve-se utilizar também a ancoragem mecânica, através do uso de chumbadores. Nessa seção,
será falado sobre a ancoragem através da aplicação da resina, que deve transferir à chapa as tensões de
tração atuantes nas fibras inferiores da viga. Esse comprimento de ancoragem é determinado a partir da
tensão que deve ser suportada pela resina (para que ela possa ser transferida à chapa).
Souza e Ripper (1998) trazem um modelo de cálculo desse comprimento que se baseia em considerar a
distribuição da força resultante T R ef como triangular ao longo do comprimento da chapa (e da resina). O
valor máximo que essa resultante pode assumir em cada ponto é determinado pela Equação 2.1, onde s é o
desvio padrão dos ensaios reais de colagem realizados, ou seja, essa equação tem base empírica também. A
Figura 2.1 indica essa ideia. Nela, l a 1 é o comprimento de ancoragem que deve ser calculado pelo equilíbrio
de forças longitudinais. Essa ideia vale para tensões antes da última (de ruptura).

f TK =f T M −1,64 × s (2.1)

Figura 2.1 - Distribuição de tensão e comprimento de ancoragem

Fonte: SOUZA; RIPPER (1998)

Quando temos a tensão de ruptura, ilustrada na Figura 2.2, temos um valor máximo, obviamente, que é o do
la 2
centro da distribuição. Precisamos dividir a ancoragem em dois trechos ( ), sendo que ela (l a 2) também
2
pode ser calculada pelo equilíbrio das forças longitudinais.

Figura 2.2 - Distribuição de tensão na ruptura e comprimento de ancoragem

Fonte: SOUZA; RIPPER (1998)

3. REFORÇO DE VIGAS AO ESFORÇO CORTANTE COM CHAPAS


DE AÇO
Souza e Ripper (1998) trazem esse reforço feito com a adição de estribos externos à seção, a partir da
colagem de chapas de aço na seção original. Os autores trazem os resultados de um terceiro autor que
apontou a eficácia do uso desse tipo de reforço para esse tipo de esforço solicitante. Ele afirma que as
fissuras formadas foram totalmente diferentes das apresentadas nas vigas armadas apenas contra a flexão e
diz que os estribos externos podem ser dimensionados da mesma forma que os internos convencionais o são,
tomando-se o cuidado de espaçá-los de modo a não permitir a formação de uma fissura entre dois estribos.
A Figura 3.1 traz uma representação desse tipo de reforço.

Figura 3.1 - Chapas metálicas utilizadas como "estribos externos"

Fonte: SOUZA; RIPPER (1998)

4. REFORÇO DE PILARES PELO AUMENTO DA SEÇÃO


TRANSVERSAL
Por serem os últimos elementos a receberem as cargas antes de transferi-las às fundações, os pilares tem
uma manutenção complexa. Não é viável economicamente escorá-los, pois isso exigiria a execução de uma
estrutura provisória de sustentação. Nem a logística desse processo seria viável, seria despendido muito
tempo. Assim, quando se deseja aumentar sua seção transversal, isso deve ser feito sem antes aliviarmos as
cargas que ele recebe (SOUZA; RIPPER, 1998).
O que os autores citados recomendam é considerar a execução de um pilar cintado, onde assim consideram-
se as seções originais do concreto e do aço presente no pilar. Deve-se adotar também coeficientes de
majoração maiores que os habitualmente considerados. Normalmente, se tem a transformação da seção
retangular do pilar original em circular, para que o cintamento seja mais eficaz, já que assim se economiza
material, conforme mostra a Figura 4.1.
Figura 4.1 – Comparação dos resultados de reforço por aumento de seção de pilar sem e com cintamento, respectivamente

Fonte: SOUZA; RIPPER (1998)

5. REFORÇO À FLEXÃO COM COMPÓSITO DE FIBRA DE


CARBONO
Denomina-se CFC o conjunto formado pelo compósito da fibra de carbono e pela resina epóxi utilizada para
sua fixação na peça. O dimensionamento desse tipo de reforço se dá em 3 etapas: determinação se a peça
precisará de reforço mesmo, determinação da deformação inicial (no caso, causada pelo peso próprio da
peça) da seção transversal e por fim o cálculo do reforço necessário propriamente dito.
Na primeira etapa é feito um cálculo conhecido nas disciplinas de Concreto Estrutural para a determinação
de qual é o momento resistente da seção da peça. Se esse momento resistente for superior ao atuante, não há
necessidade de se pensar nas outras etapas porque a peça já resiste. Caso contrário, ela deve ser reforçada e o
procedimento deve seguir.
A segunda etapa também é facilmente realizada a partir dos conhecimentos de Concreto Estrutural, desde
que seja utilizado o estádio III de dimensionamento. Ela deve ser feita para ser encontrada a deformação do
CFC, que é igual à subtração da deformação devido ao carregamento total pela deformação devido ao peso
próprio da peça (deformação inicial). O cálculo deve ser feito considerando que a deformação do CFC
precisa ser inferior (ou, no máximo, igual) à deformação última do compósito de fibra de carbono.
A última etapa é a mais trabalhosa e deve ser totalmente voltada para o domínio 3 de dimensionamento do
concreto, no qual a deformação do aço é de 1% e a do concreto é de 0,35%.
Figura 5.1 – Esforços atuantes na seção da peça

FONTE: ADORNO; DIAS; SILVEIRA (2015)


Primeiro, calcula-se a posição da linha neutra, depois verifica-se o equilíbrio de esforços nela. Daí,
estabelece-se o equilíbrio de momentos e o resultado é a determinação da área necessária para a fibra de
carbono ( A FC), determinada pela Equação 5.1. A tensão máxima resistente é obtida no gráfico tensão-
deformação da fibra ou a partir do próprio módulo de elasticidade dela, que deve ser fornecido pelo
fabricante.

F FC
A FC = (5.1)
σ FC

Por fim, a escolha da fibra mais adequada será baseada em qual oferece o reforço necessário pelo melhor
preço e maior simplicidade de aplicação (ADORNO; DIAS; SILVEIRA, 2015).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO, F.V.; DIAS, F.O.; SILVEIRA, J.C.O. RECUPERAÇÃO E REFORÇO DE VIGAS DE


CONCRETO ARMADO. 2015. 70 f. Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia Civil,
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2015. Disponível em:
https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/140/o/RECUPERA%C3%87%C3%83O_E_REFOR
%C3%87O_DE_VIGAS.pdf. Acesso em: 14 de set. de 2022.

SOUZA, V.C.M.; RIPPER, T. PATOLOGIA, RECUPERAÇÃO E REFORÇO DE ESTRUTURAS DE


CONCRETO. São Paulo: Pini Ltda, 1998. 262 p. Disponível em:
https://lucasmonteirosite.files.wordpress.com/2017/08/vicente-custc3b3dio-e-thomaz-ripper-patologia-
recuperacao-e-reforco-de-estruturas-de-concreto.pdf. Acesso em: 14 de set. de 2022.

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