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ESTRUTURAS DE CONCRETO – CAPÍTULO 8

Libânio Miranda Pinheiro; Ewerton Costa Amaral; Artur Lenz Sartorti

Abril 2016

FLEXÃO COMPOSTA NORMAL

1 Introdução
Flexão corresponde à atuação de um momento fletor M. Ela é denominada Flexão
Normal quanto ocorre no plano de um dos eixos principais de inércia de uma seção
transversal. Nos casos mais comuns, de seção simétrica, essa flexão atua em um dos
planos de simetria da seção. Nos casos de atuação conjunta de momento fletor M e
força normal N, neste texto será utilizada a denominação Flexão Composta num
sentido mais amplo. A rigor, ela deveria se restringir aos casos em que a linha neutra
se encontra dentro da seção, portanto com predominância de momento fletor.
Nos casos de armadura bilateral, com armaduras dispostas ao longo de faces
opostas perpendiculares ao plano de ação do momento fletor, a flexão composta
também pode ser considerada como relativa aos casos em que uma armadura é
tracionada e a outra comprimida, ou seja, com a posição da linha neutra variando entre
d’ e d, correspondendo aos domínios de deformação 2b (x > d'), 3 e 4.
Para a reta a e os domínios 1 e 2a (x < d'), portanto com a linha neutra no
intervalo entre -  e d', as denominações mais adequadas seriam Tração Excêntrica ou
Flexo-tração. Analogamente, para os domínios 4a, 5 e reta b, em que x > d (x > 1), as
respectivas denominações seriam Compressão Excêntrica ou Flexo-compressão.
Neste texto, serão estudados os casos de armadura bilateral abrangendo todos
os domínios, desde a reta a até a reta b, pois a subdivisão indicada é decorrente
apenas da variação do sentido e da magnitude e dos esforços solicitantes M e N, que
atuam simultaneamente em uma determinada seção.
Assim, os seguintes casos serão abordados:
 Duas armaduras tracionadas (reta a, domínios 1 e 2a, com x < d´)
 Uma armadura tracionada e outra comprimida (Domínios 2b, 3 e 4)
 Duas armaduras comprimidas (Domínios 4a, 5 e reta b)

A notação empregada está indicada na Figura 1.


Figura 1: Notação empregada na flexão normal composta

2 Hipóteses básicas
As hipóteses básicas dão as indicadas pela NBR 6118:2014:
a) As seções transversais mantêm-se planas após a deformação;
b) A deformação das barras aderentes, sob tração ou compressão, é a mesma do
concreto em seu entorno;
c) As tensões de tração no concreto, normais à seção transversal, podem ser
desprezadas;
d) Para análise no estado-limite último, podem ser empregados o diagrama
tensão-deformação idealizado na Figura 2.

Figura 2 – Diagrama tensão-deformação idealizado.

Os valores a serem adotados para os encurtamentos  c 2 (deformação especifica


de encurtamento do concreto no início do patamar plástico) e  cu (deformação
específica de encurtamento do concreto na ruptura) são definidos a seguir:
- Para concretos de classes C20 a C50:
 c 2  2 0 00 ;

 cu  3,5 0 00 ;

- Para concretos de classes C55 a C90:

 c 2  2 0 00  0,085 0 00 .( fck  50)0,53 - f ck em MPa;

 cu  2,6 0 00  35 0 00.[(90  fck ) / 100]4 - f ck em MPa.

f cd é a tensão resistente do concreto à compressão com seu valor de cálculo.


Para combinações normais de ações do estado-limite último fcd  fck / 1,4 .

A Tabela 4.1 indica os valores de  c 2 e  cu .

Tabela 4.1 – Valores de  c 2 e  cu .


f ck (MPa) 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
 c 2 ( 0 00) 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,2 2,3 2,4 2,4 2,5 2,5 2,6 2,6
 cu ( 0 00) 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,1 2,9 2,7 2,7 2,6 2,6 2,6 2,6

e) A ABNT NBR 6118:2014 permite, para efeito de cálculo, que se trabalhe com
um diagrama retangular equivalente (Figura 3), ou seja, para os dois
diagramas, devem ser próximos os respectivos valores da resultante de
compressão e da distância de seu ponto de aplicação até a linha neutra.

cu σcd
c2
x

Figura 3 – Tensões no concreto.


Sendo:
 um coeficiente de valor:
- Para concretos de classes C20 a C50:
  0,8
- Para concretos de classes C55 a C90:
  0,8  ( fck  50) / 400 f ck em MPa

 cd a tensão resistente do concreto com o valor de cálculo já levando em conta o


efeito Rüsch e é escrita com os seguintes valores:
 cd   c . fcd , no caso da largura da seção, medida paralelamente à linha neutra,
não diminuir à partir desta para a borda comprimida (Figura 4);

LN

Figura 4 – Seções nas quais a largura aumente para a borda mais comprimida.
 cd  0,9. c . fcd , no caso da largura da seção, medida paralelamente à linha
neutra, diminuir à partir desta para a borda comprimida (Figura 5);

LN

Figura 5 – Seções nas quais a largura diminui para a borda mais comprimida.
 c um coeficiente que leve em conta os fatores: 1) a diminuição da resistência
devido ao efeito de longa duração (efeito Rüsch) - diminuição da ordem de 25%; 2) o
estado triaxial de tensões provocado pelo atrito das superfícies da prensa no corpo de
prova – 0,95; o aumento da resistência do concreto ao longo do tempo – 1,20. A
multiplicação destes três valores resulta em 0,75x0,95x1,20=0,855. A NBR 6118:2014
apresenta os seguintes valores para  c :

- Para concretos de classes C20 a C50:


 c  0,85

- Para concretos de classes C55 a C90:


c  0,85.[1,0  ( fck  50) / 200] f ck em MPa

f) A tensão nas armaduras é obtida a partir do diagrama tensão-deformação do


aço (diagrama bilinear);
g) O estado limite último é caracterizado quando a distribuição das deformações
na seção transversal encontra-se em um dos domínios definidos na Figura 6.
Figura 6 – Domínios de deformação na ruína.
FONTE: ABNT NBR 6118:2014

3 Duas armaduras tracionadas


Têm-se duas armaduras tracionadas quando a linha neutra varia de
- até d', podendo ocorrer, portanto, reta a, domínios 1 e 2a (Figura 7).

Figura 7: Duas armaduras tracionadas

Esta situação ocorre principalmente em tirantes, embora seja pouco usual na


engenharia o uso de tirantes de concreto armado. O estado limite último é
caracterizado pela deformação no aço s1 = 10‰.
Este estado de deformação é decorrente da solicitação normal de tração N
apresentar pequena excentricidade. O dimensionamento pode ser feito na reta a, ou
seja, admitindo tração uniforme.

3.1 Equações de Equilíbrio


Fazendo o equilíbrio da seção indicada na Figura 7, tem-se:
Nd  R s1  R s 2
h  h 
N d  e  R s1    d   R s 2    d 
2  2 
Mas:
R s1  As1  f yd

R s 2  A s 2  s 2

Portanto:

Nd  As1  f yd  As 2  s 2

M d  A s1  f yd  As 2  s 2    d 
h 
2 

3.2 Equações de compatibilidade


A equação de compatibilidade das deformações é obtida por semelhança de
triângulos, a partir do diagrama de deformações da Figura 7:
s2  s1

d  x  d  x 
Portanto:

 s 2   s1 
d  x 
d  x 

3.3 Exemplo
Seção 20 cm x 60 cm, concreto C25, aço CA-50, Nk = 680 kN (tração),
Mk = 2720 kN.cm (e = 4 cm), d' = 3 cm (seria melhor considerar d' = 4 cm, por conta
dos cobrimentos da armadura especificados pela NBR 6118:2014).
Utilizando as equações de equilíbrio, obtém-se:
50
1,4  680  As1   As 2   s 2
1,15

 50  60 
1,4  2720   As1   As 2   s 2   3 
 1,15  2 

Admitindo s2 = fyd, ou seja, situação que inclui tração uniforme na reta a:

952   As1  As 2   43,5

3808   As1  As 2  1173,9


Donde:

As1  12,57 cm2

As 2  9,33 cm2

4 Uma armadura tracionada e outra comprimida


Neste caso, a posição da linha neutra deve estar necessariamente entre as
armaduras As1 e As2, para que uma esteja tracionada e outra comprimida. Portanto, d’ <
x < d, correspondendo aos domínios 2b, 3 e 4. Os diagramas de deformações e de
tensões são mostrados nas Figura 8.

σcd

x

Figura 8: Uma armadura tracionada e outra comprimida

O que caracteriza o estado limite último é a deformação s1 = 10‰, no domínio


2b, e a deformação c = cu, nos domínios 3 e 4.
Este estado de deformação é decorrente da solicitação normal N apresentar
grande excentricidade. Este esforço normal pode ser de tração, sendo denominada
flexo-tração com grande excentricidade, ou de compressão, ocorrendo flexo-
compressão com grande excentricidade.
É o caso de pilares com pequena força normal e grande momento fletor. Também
pode ocorrer em vigas de edifícios, quando é levada em consideração a ação do vento
na estrutura, que devido ao efeito de pórtico geram esforços normais nas vigas. Esse
caso em geral pode ser desprezado, devido à pequena intensidade e, também, por ser
decorrente de uma ação de curta duração, no caso o vento.
Uma situação importante ocorre quando a linha neutra está no limite entre os
domínios 3 e 4, ou seja, x = x34, pois a armadura As1 está no início do patamar de
escoamento, garantindo ductilidade na ruína, e o concreto, na fibra mais comprimida,
está na ruptura, caracterizada por deformação de cu.
Quando a linha neutra está próxima da borda superior, pode ser adequado adotar
As2 = 0, pois as tensões s2 seriam baixas e o equilíbrio da seção pode ser garantido
apenas pela resultante de compressão no concreto.

4.1 Equações de equilíbrio


Como o esforço normal pode ser de tração ou de compressão, as equações de
equilíbrio serão diferentes em cada caso, como apresentado nos dois itens seguintes.

4.1.1 Flexo-compressão
Considerando-se o equilíbrio da seção indicada na Figura 8, com força normal de
compressão, tem-se:
N d  Rc  Rs 2  Rs1

hx h  h 
N d  e  Rc     Rs 2    d    Rs1    d  
 2  2  2 

Mas:
Rs1  As1   s1

Rs 2  As 2   s 2

Pelo diagrama retangular de tensões no concreto, tem-se:

 d
Rc    x   cd  b   
 d
Rc    b  d   x   cd

Portanto:
Nd    b  d   x   cd  As1   s1  As 2   s 2

hx h 
M d    b  d   x   cd       As1   s1  As 2   s 2     d  
 2  2 
Exemplo

4.1.2 Flexo-tração

Com o equilíbrio da seção da Figura 8, para o caso de força normal de tração,


tem-se:

N d  Rs1  Rs 2  Rc
h  h  hx
N d  e  Rs1    d    Rs 2    d    Rc   
2  2   2 

Comparando-se os dois casos, verifica-se que a equação de equilíbrio de


momentos não se altera, e que basta inverter o sinal da normal N na equação de
equilíbrio de forças na flexo-compressão para obtê-la na flexo-tração.

Portanto:

Nd  As1   s1  As 2   s 2    b  d   x   cd

h  hx
N d  e   As1   s1  As 2   s 2     d      b  d   x   cd    
2   2 

4.2 Equações de compatibilidade

A partir do diagrama de deformações da Figura 8, obtém-se:

 s1 s2 
  c
d  x  x  d x

Portanto:

 s1 s2 
  c
1   x     d    x
 x 
 d

Essas equações são as mesmas para a flexão simples, visto que o estado de
deformação da seção é o mesmo.

4.3 Exemplo
Seção 20 cm x 60 cm, concreto C25, aço CA-50, Nk = 680 kN (tração),
Mk = 47.600 kN.cm (e = 70 cm), d' = 3 cm (seria melhor considerar d' = 4 cm).

Admitindo x = x34 = 0,628, as deformações nas armaduras são iguais ou maiores


que yd = 2,07‰, como mostra a Figura 9, e, consequentemente, s1 = s2 = fyd .
Figura 9: Diagrama de deformações para uma armadura tracionada e outra comprimida

Assim, tem-se:

952  A s1  A s 2   43,5  869,33

66640  A s1  A s 2   1174,5  13632,5

Resolvendo, obtêm-se as armaduras:

As1  43,51cm 2

As 2  1,63cm 2

Se a excentricidade for reduzida para e = 32 cm, por exemplo, a situação


econômica seria As2 = 0, e as incógnitas do problema passariam a ser As1 e x, que
resultariam:

As1  46,44cm 2

 x  0,062 (x = 3,50 cm)

5 Duas armaduras comprimidas


Para duas armaduras comprimidas, a linha neutra deve estar além da armadura
inferior, portanto x > d, que corresponde a x > 1. Em função disto, a seção pode estar
nos domínios 4a, 5 e reta b, conforme mostra a Figura 10.
σcd

x

Figura 10: Duas armaduras comprimidas

O que caracteriza o estado limite último é a deformação no concreto de cu, no


domínio 4a, e c2 no domínios 5. Na reta b tem-se deformação constante igual a c2.
Esta situação é decorrente da força normal de compressão N, apresentar
pequena excentricidade, caso típico de pilares, principalmente no domínio 5.
Se a linha neutra estiver próxima da borda inferior, pode resultar As1 = 0, pois as
tensões s1 seriam baixas. Outra situação econômica consiste em fazer o
dimensionamento na reta b, ou seja, admitindo-se compressão uniforme.
Porém, como no caso de tração uniforme, se houver excentricidade, resultam
armaduras assimétricas, que, na prática usual, não são empregadas em pilares.

5.1 Equações de equilíbrio


Para se fazer o equilíbrio, devem ser analisados dois casos: o primeiro quando y
< h, e o segundo, quando y ≥ h. Nesta situação a resultante de compressão no
concreto passa a ser centrada, não produzindo momento.

5.1.1 Equações de equilíbrio para y < h


N d  Rc  Rs1  Rs 2

hx h  h 
N d  e  Rc     Rs 2    d    Rs1    d  
 2  2  2 
Como:
R s1  A s1   s1

R s 2  A s 2  s 2

Rc    b  d   x   cd

Resulta:
Nd    b  d   x   cd  As1   s1  As 2   s 2
hx h 
M d    b  d   x   cd       As 2   s 2  As1   s1     d  
 2  2 

5.1.2 Equações de equilíbrio para y ≥ h


Rc  b  h   cd (NÃO PRODUZ MOMENTO)

Nd  b  h   cd  As1   s1  As 2   s 2

h 
M d  A s 2   s 2  A s1   s1     d  
2 

5.2 Equações de compatibilidade


As equações de compatibilidade podem ser determinadas a partir da Figura 11.
Observa-se que as equações são específicas para cada domínio.

εcu εc2

(εcu-εc2).h
εcu

Figura 8: Diagramas de deformação em cada domínio


Domínio 4 a:  c   cu

 s1 s2 
  c
x  d  x  d   x
( cu   c 2 )
Domínio 5:  c  0,2% a h
 cu

 s1  s2  c2
 
 x  d   x  d   ( cu   c 2 ) 
x  h
  cu 
Reta b:  c   s1   s 2   c 2
5.3 Exemplo
Seção 20 cm x 60 cm, concreto C25, aço CA-50, Nk = 1.650 kN (compressão),
Mk = 6.600 kN.cm (e = 4 cm), d' = 3 cm (seria melhor considerar d' = 4 cm).
Utilizando-se as equações de equilíbrio, e admitindo-se compressão uniforme
(reta b), tem-se que s1 = s2 = c = c2 = 0,2% e, consequentemente,
s1 = s2 = 42 kN/cm2:
2,5
1,4 1650  0,85  20  60   As1  42  As 2  42
1,4

 60 
1,4  6600   As 2  42  As1  42  3 
 2 

Resolvendo, obtêm-se as armaduras:

As1  1,74 cm2

As 2  9,89 cm2

6 Equações adimensionais
Até aqui, foi apresentado o dimensionamento por meio das equações de equilíbrio
e de compatibilidade.
Porém esse procedimento é muito trabalhoso, além de ser restrito a armaduras
bilaterais assimétricas, que consiste em um caso particular.
Esse problema pode ser solucionado com o uso de programas de computador, e
com isso poder dimensionar qualquer tipo de seção, para várias disposições de
armadura na seção. Para isso, é muito melhor empregar equações adimensionais, que
consistem nas mesmas equações de equilíbrio e de compatibilidade já apresentadas,
adaptadas para que todos os termos sejam adimensionais. Para isso, emprega-se a
notação:
Nd
  Força normal adimensional
b  h  f cd
Md e
   Momento fletor adimensional
b  h  f cd
2
h
As1  f yd
1   Taxa mecânica da armadura As1
b  h  f cd
A s 2  f yd
2   Taxa mecânica de armadura As2
b  h  f cd

Se a armadura for simétrica, tem-se: ω1 = ω2 = ω/2


6.1 Equações de equilíbrio para armadura assimétrica
a) Duas armaduras tracionadas

  1  2
 1 d 
  1  2     
2 h 
b) Uma armadura tracionada e outra comprimida (Concretos C20 a C50 onde
a largura da seção transversal permanece constante ou crescente no
sentido mais comprimido)

 Flexo-compressão
d  
  0,68    x  1  s1   2  s 2
h f yd f yd

 d  1 x      1 d 
   0,68    x     0,4     1  s1   2  s 2     
 h  2 h   f yd f yd   2 h 

 Flexo-tração
d  
  0,68    x  1  s1   2  s 2
h f yd f yd

 d  1 x      1 d 
   0,68    x     0,4     1  s1   2  s 2     
 h  2 h   f yd f yd   2 h 

c) Duas armaduras comprimidas (Concretos C20 a C50 onde a largura da


seção transversal permanece constante ou crescente no sentido mais
comprimido)

 Para y < h:

d  
  0,68    x  1  s1   2  s 2
h f yd f yd

d 1 x      1 d 
  0,68    x    0,4      2  s 2  1  s1     
h 2 h   f yd f yd   2 h 

 Para y ≥ h:

 s1 
  0,85  1   2  s2
f yd f yd
     1 d 
    2  s 2  1  s1     
 f yd f yd   2 h 

6.2 Equações de compatibilidade


As equações de compatibilidade podem ser escritas em função dos parâmetros
adimensionais , x e d'/h, resultando, também, equações adimensionais.

7 Construção dos ábacos


O dimensionamento pode ser feito por meio de ábacos. Esse recurso é bastante
utilizado, visto que nem todos os projetistas utilizam softwares para dimensionamento
de peças submetidas à flexão composta normal.

Os ábacos consistem num gráfico  versus , que para cada par ( ) é obtida a
taxa mecânica de armadura ω e, consequentemente, a área de armadura necessária.

Para construir os ábacos, fixa-se a posição das barras, a relação d'/h e o aço.
Analisando as equações de equilíbrio, verifica-se que  e  são funções de x e ω. Para
cada par adotado (x, ω) existe um único par ( ). Desse modo, pode-se construir os
ábacos para cada tipo de aço (por exemplo, CA-50) e para alguns valores adequados
de d'/h.

8 Uso dos ábacos - exemplo


Seção 20 cm x 60 cm, Nk = 1.650 kN (compressão), Mk = 6.600 kN.cm (e = 4 cm),
d' = 3 cm, concreto C25, aço CA-50 (seria melhor considerar d' = 4 cm).

Solução:

1,4  1650
  1,078
2,5
20  60 
1,4

4
  0,071
60

d´ 3
  0,05
h 60

Com o ábaco relativo a armadura bilateral simétrica, CA-50, d'/h = 0,05, obtém-se:
ω = 0,38

E, portanto:

A s  18,72cm 2

As
A s1  A s 2   9,36cm 2
2

Essa armadura corresponde a 3  20 em cada face (9,42 cm2), totalizando 6  20

(18,85 cm2).

Como alternativa poderiam ser usadas 5  16 em cada face (10,05 cm2),

perfazendo 10  16 (20,11 cm2). Neste caso, em cada face, as barras precisariam ser

alojadas em duas camadas: três na primeira e duas na segunda camada.

Questionário
1) Com base na notação utilizada na flexão composta, qual o significado de As1 e
As2?
2) Com relação às armaduras bilaterais assimétricas, quais os casos possíveis na
flexão composta?
3) Quais as solicitações que podem acarretar duas armaduras tracionadas? Qual o
esforço predominante?
4) Idem para duas armaduras comprimidas.
5) Idem para uma armadura tracionada e outra comprimida.
6) Quais os domínios possíveis na flexo-tração e qual o intervalo de variação da linha
neutra?
7) Idem na flexo-compressão?
8) Quais os domínios em que ocorre ruína por deformação plástica excessiva da
armadura?
9) Idem para ruína por ruptura do concreto?
10) Qual a deformação máxima no concreto no domínio 5?
11) O que significa domínio 5a?
12) Quais as condições que podem levar ao mínimo consumo de armadura na flexo-
tração?
13) Idem na flexo-compressão?
14) Como são elaborados os ábacos para flexão composta?
15) Como se dimensiona uma seção usando ábacos para flexão composta?

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