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DESENHO DE

ARQUITETURA II

autores
ANDERSON MANZOLI
ANA TERESA CIRIGLIANO VILLELA

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2016
Conselho editorial  regiane burger, roberto paes e paola gil de almeida

Autores do original  anderson manzoli e ana teresa cirigliano villela

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  paola gil de almeida, paula r. de a. machado e aline


karina rabello

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão linguística  bfs media

Revisão de conteúdo  aline cesa de sousa lopes

Imagem de capa  bokehart | shutterstock.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

M296d Manzoli, Anderson


Desenho de arquitetura II / Anderson Manzoli, Ana Teresa Cirigliano Villela.
Rio de Janeiro: SESES, 2016.
192 p: il.

isbn: 978-85-5548-325-7

1. Desenho de arquitetura. 2. Representação gráfica. 3. Desenho


técnico. 4. Desenho bidimensional. 5. Desenho tridimensional. 6. Perspectiva.
I. SESES. II. Estácio. cdd 728

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário

Prefácio 7

1. Representações ortogonais 9
1.1  Representação bidimensional do projeto arquitetônico 10
1.1.1  O desenho no cotidiano do arquiteto: idealização X construção 10
1.1.2  Aspectos históricos do desenho de arquitetura 12
1.1.3  A representação e a simplificação bidimensional do desenho
arquitetônico 14
1.1.4  Normativas pertinentes ao desenho de arquitetura 15
1.2  As etapas do projeto arquitetônico e os níveis de complexidade 17
1.2.1  (LV-ARQ) Levantamento de Dados para Arquitetura 19
1.2.2  (PN-ARQ) Programa de Necessidades de Arquitetura 23
1.2.3  (EV-ARQ) Estudo de Viabilidade de Arquitetura 25
1.2.4  (EP-ARQ) Estudo Preliminar de Arquitetura 27
1.2.5  (AP-ARQ) Anteprojeto de Arquitetura 30
1.2.6  (PL-ARQ) Projeto Legal de Arquitetura 32
1.2.7  (PB-ARQ) Projeto Básico de Arquitetura (opcional) 34
1.2.8  (PE-ARQ) Projeto para Execução de Arquitetura 37
1.3  Adequação de escalas a cada propósito 39
1.3.1  Escalas numéricas 39
1.3.2  Escalas gráficas 41

2. Representações bidimensionais em arquitetura 45

2.1  Planos e elementos verticais 46


2.2  Elementos de vedação vertical 55
2.2.1  Paredes autoportantes 56
2.2.2  Paredes de vedação 62
2.2.3  Sistemas de painéis compostos 64
2.3  Rampas e escadas 71
2.3.1 Rampas 72
2.3.2  Escadas 77

3. Representações bidimensionais: planos


horizontais e inclinados 87
3.1  Sistema de coberturas e forros 88
3.1.1  Telhas de concreto 91
3.1.2  Telhas de fibrocimento 101
3.1.3  Outros tipos de coberturas 107
3.1.4  Sistemas de forros 109
3.2  Sistema de pisos 112
3.2.1  Camada impermeável 114
3.2.2  Camada de isolamento térmico 114
3.2.3  Camada de contrapiso 115
3.2.4  Camada de revestimento 116
3.2.5  Camada de base ou laje estrutural 118
3.2.6  Representação dos sistemas de vedação horizontal 121

4. Representações bidimensionais esquadrias 127

4.1 Portas 129
4.2  Janelas 135

5. Representações bidimensionais instalações e


equipamentos 143

5.1  Informações dos produtos gráficos 145


5.1.1  Análise e aprovação do anteprojeto 148
5.2  Sistema predial de água fria 150
5.3  Sistema predial de instalações elétricas 155
6. Representações tridimensionais 167

6.1  A relação entre a representação bidimensional e a tridimensional


em Arquitetura 171
6.1.1  Princípios da geometria descritiva e os processos métricos de
perspectiva 172
6.2  A terceira dimensão como instrumento de concepção projetual 177
6.2.1  Tipos de perspectivas 178
6.2.2  Perspectivas paralelas 180
6.2.3  Perspectivas axonométrica oblíqua ou cavaleira 181
6.2.4  Perspectivas Axonométricas 182
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),

Conhecer as técnicas e aprimorar as habilidades de Desenho Arquitetônico


é um constante processo de aprendizagem na vida do arquiteto. Só é possível
compreender o processo projetual e seus sistemas representativos quando te-
mos claros o significado e o propósito da Arquitetura. Tomemos então a defini-
ção de Lúcio Costa1:
"A mais tolhida das artes, a arquitetura é, antes de mais nada, construção;
mas construção concebida com o propósito primordial de organizar e ordenar
o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção."
A arte de construir, ou simplesmente de intervir sobre o ambiente natural,
é uma das atividades humanas mais antigas. No entanto, os sistemas de repre-
sentação arquitetônica, que até hoje prevalecem em nosso repertório gráfico,
começaram a ser utilizados a partir do Renascimento, quando o desenvolvi-
mento sociocultural e a complexidade técnico-construtiva, dentre tantos ou-
tros fatores, solicitaram desenhos especializados e precisos para dar conta do
binômio projeto-obra.
O desenho é um dos principais meios de expressão do arquiteto. Desde o
croqui ao projeto executivo, ele é essencial para a expressão de ideias prelimi-
nares que vão sendo gradativamente transformadas em inúmeras pranchas de
canteiro de obras. O desenho desempenha diferentes funções. Num primeiro
momento, ele subsidia a tarefa de transmitir para o papel as ideias presentes na
mente criativa do arquiteto. Entretanto, à medida que se investe na construção
do objeto, sistemas e normas de representação passam a reger o desenho arqui-
tetônico. A subjetividade é então substituída pelo caráter técnico do desenho.
Dificuldades representativas nunca podem impedir determinadas soluções
projetuais ou limitar a criatividade. Atualmente, dispomos de softwares espe-
cializados que nos auxiliam nesse processo. No entanto, seu uso requer o sólido
conhecimento de técnicas de desenho muito anteriores à era digital, que visam
à plena legibilidade e clareza das informações gráficas do projeto para sua cor-
reta execução.

1 COSTA, Lúcio. Arquitetura. São Paulo: José Olympio, 2002.

7
Assim sendo, este livro tem o objetivo de tornar compreensíveis as técnicas
de representação gráfica utilizadas no desenho de arquitetura, levando em con-
sideração diferentes níveis de complexidade projetual e a necessária comuni-
cação dele a todos os profissionais e leigos envolvidos nesse processo.

Bons estudos!
1
Representações
ortogonais
1.  Representações ortogonais
Neste capítulo apresentaremos os sistemas de representação ortogonal que
dão suporte à apresentação técnica e à compreensão dos projetos de arquite-
tura, ressaltando sua fundamental importância no cotidiano dos profissionais
envolvidos na construção civil. Uma ideia só pode ser (corretamente) executada
quando se dispõe de peças gráficas claras e objetivas. Uma ideia só se trans-
forma em projeto quando está desenhada! O que não está desenhado não ul-
trapassa o plano da subjetividade – ou ainda, quando representado de forma
incorreta, abre margem para inúmeras dúvidas e erros no canteiro de obras.
Assim, o domínio das técnicas de representação ortogonais é o primeiro pas-
so para que possamos produzir projetos de qualidade, e não apenas ter boas
ideias. Mãos à obra!

OBJETIVOS
•  Conceituar o desenho arquitetônico e seus diferentes propósitos no processo projetual;
•  Apresentar ao aluno a importância da linguagem técnica na confecção de peças gráficas;
•  Apresentar as exigências normativas que balizam cada uma das etapas projetuais arquite-
tônicas,desde o levantamento de dados ao projeto executivo.

1.1  Representação bidimensional do projeto arquitetônico

1.1.1  O desenho no cotidiano do arquiteto: idealização X construção

O desenho é a principal forma de manifestação gráfica do arquiteto. Mas o que


é exatamente desenhar? Primeiramente, lembremos que existem diversos ti-
pos de desenho, cada um com propósitos distintos, que precisam ser explana-
dos para que possamos de fato defini-los. No universo do estudante de arquite-
tura, logo nos primeiros meses de curso, surgem disciplinas que se dedicam à
exploração da capacidade de observação e expressão do aluno por meio do de-
senho. Os termos observar e expressar carregam consigo um profundo signifi-
cado subjetivo, que deriva de um repertório visual, da capacidade de percepção
e abstração da realidade, que condicionam as nossas formas de observar, sentir
e representar a realidade. E quando o objeto que pretendemos representar ain-

10 • capítulo 1
da não faz parte da realidade construída? Como fazer para representar algo que
está apenas, na minha mente?
O maior medo dos estudantes de arquitetura é a folha em branco. Neste caso,
desenhar consiste justamente na habilidade de transferir inúmeras ideias da
mente para o plano físico do papel. Isso independe de qualquer talento artísti-
co. Trata-se de uma representação abstrata, utilizada tanto para comunicar tais
ideias quanto para dialogar consigo mesmo, testando diferentes possibilidades.
Esses desenhos, costumeiramente, são identificados como croquis e integram
o processo criativo do arquiteto. Não existem regras para desenharmos croquis,
pois estamos diante de uma linguagem arquitetônica utilizada para idealizar, ex-
plorar e analisar soluções preliminares projetuais. Portanto, o croqui:

Caracteriza-se por um desenho expressivo, rápido e espontâneo, geralmente não ins-


trumental e que interage no processo de projetar, promovendo um registro imediato da
imagem mental (...) criando possibilidades de controle e escolha de alternativas. É, assim,
instrumento de comunicação do arquiteto com ele próprio. (GOUVEIA, 1998, p11)

Os croquis têm papel fundamental no desenvolvimento do partido adotado


em cada projeto. Eles não obedecem a regras de representação, são livres en-
quanto manifestação do ideário do arquiteto.

Figura 1.1  –  Croqui feito em guardanapo de restaurante pelo arquiteto norte-americano


Charles Moore. (Fonte: SMITH, 20005)

capítulo 1 • 11
Entretanto, tal liberdade representativa começa a adquirir um caráter mais
técnico quando somos solicitados a comunicar nossas ideias e estudos prelimi-
nares ao amplo público de profissionais e leigos que fazem parte do cotidiano
do arquiteto: o cliente, o empreendedor, o engenheiro, o empreiteiro, o mestre
de obras, o pedreiro... A subjetividade presente nos primeiros croquis caminha
em direção a uma linguagem técnica de desenho, cheio de regras e normas, que
visam à uniformidade, à clareza e à compreensão de todas as informações que
um projeto arquitetônico se propõe a dar conta. Por isso, o desenho de arquite-
tura é o vocabulário gráfico do qual dispomos para nos comunicar com todos os
personagens envolvidos na construção de nossos projetos. O aprimoramento
desse vocabulário gráfico foi um longo processo histórico, no qual a arquite-
tura respondeu ao desenvolvimento cultural e à progressiva especialização de
tarefas, sobretudo após a industrialização, em meados do século XVIII.

1.1.2  Aspectos históricos do desenho de arquitetura

O conhecimento de técnicas construtivas e regras da geometria era privilégio


de poucos. Por vezes, eram consideradas informações sigilosas, mantidas em
sociedades secretas, como a maçonaria. Não é de se admirar, portanto, que os
primeiros maçons eram construtores. Na verdade, o próprio termo “maçona-
ria” significa a “arte do pedreiro”.
A formação de um vocabulário gráfico-arquitetônico específico somente
aconteceu após o século XIII, sendo consolidado no Renascimento. Até então,
segundo Catani (2006), as representações arquitetônicas eram bastante sim-
ples, quando não escassas, justamente porque as construções baseavam-se
no "saber-fazer" transmitido de geração em geração. Uma vez que as técnicas
construtivas eram transmitidas oralmente, o arquiteto era figura constante nos
canteiros de obra. A própria origem grega da palavra arquiteto, arkhitektôn,
carrega em seu significado sua atribuição: “construtor principal” (arkhi: prin-
cipal – tektôn: construção).

12 • capítulo 1
Figura 1.2  –  Corte e planta
parcial do Duomo da Ca-
tedral de Santa Maria del
Fiore, em Florença, proje-
tada pelo arquiteto italia-
no Filippo Brunelleschi em
1418 e construída entre
1420 e 1436. As represen-
tações ortogonais come-
çaram a ser disseminadas
no Renascimento, quando
a arquitetura, sobretudo a
religiosa, adquiriu caracte-
rísticas técnico-construtivas
mais complexas, solicitan-
do, assim, desenhos téc-
nicos mais precisos. Dis-
ponível em: <http://www.
teladoiofirenze.it>.

Os desenhos arquitetônicos primitivos tinham importância secundária,


pois os problemas de projeto e de execução iam surgindo e sendo resolvidos no
decorrer da obra, sendo comuns o colapso e o refazimento de estruturas e co-
berturas das catedrais medievais, por exemplo. Por meio do desenho, os arqui-
tetos renascentistas começaram a antecipar e controlar os problemas técnicos
de obra, racionalizando o processo de projeto em Arquitetura, em substituição
ao saber-fazer transmitido oralmente.
No século XVIII, o desenho arquitetônico se tornou ainda mais especializa-
do quando o matemático francês Gaspar Monge, que além de sábio era dotado
de extraordinária habilidade como desenhista, criou, utilizando projeções or-
togonais, um sistema com correspondência biunívoca entre os elementos do
plano e do espaço. O sistema criado por Gaspar Monge visava facilitar as cons-
truções de fortificações, sendo, por isso, mantido em segredo militar durante
15 anos (CATANI, 2006). Quando publicado em 1795, com o título Geometrie
Descriptive, tornou-se a base da linguagem utilizada pelo Desenho Técnico em
Arquitetura (RIBEIRO, 2009).

capítulo 1 • 13
1.1.3  A representação e a simplificação bidimensional do desenho arquitetônico

O desenho técnico de arquitetura antecipa a realidade, o objeto a ser construí-


do. O objeto fica, então, distante de seu contexto físico e cultural, durante esse
período dedicado à sua representação, para que enfim possa ser executado ma-
terialmente. Além de representar, buscamos simplificar o objeto em peças grá-
ficas e informações essenciais à sua correta construção.
Quando substituímos o objeto real por sua simplificação bidimensional,
alteramos o processo de percepção e quebramos a unidade do conjunto. A ima-
gem bidimensional convencional passa ser a representação absoluta. Diante
dessa imagem, o leitor se transforma em observador, que apenas recebe uma
imagem previamente capturada, filtrada e limitada pelo olhar de quem a fruiu.
O desenho arquitetônico é rigorosamente uma especialização do desenho téc-
nico normatizado voltada à execução e à representação de projetos de Arquitetura.
Assim, podemos, finalmente, definir o desenho arquitetônico como o conjunto de
registros gráficos produzidos por arquitetos durante o projeto, que assumem cará-
ter técnico na medida em que se busca a objetividade e a clareza das informações
nele representadas. O desenho de arquitetura, portanto, manifesta-se como um
código para a linguagem estabelecida entre o projetista e o leitor do projeto. Dessa
forma, seu entendimento envolve certo nível de treinamento e capacitação, cuja in-
trodução costuma ser dada em disciplinas fundamentais do Curso de Arquitetura
e Urbanismo, logo nos primeiros períodos curriculares.
A especialização do desenho arquitetônico é tamanha que também se costu-
ma constituir em uma profissão própria, sendo os desenhistas técnicos comuns
nos escritórios de projeto. Atualmente, esses profissionais se revestem também de
softwares especializados que auxiliam a produção das peças gráficas em questão,
tanto bi quanto tridimensionalmente. No entanto, esses softwares auxiliam, e não
substituem os profissionais responsáveis pelo desenho técnico arquitetônico. Não
basta saber lidar com comandos, mas, sim, é necessário dominar perfeitamente
as técnicas de representação gráfica, que são universais, para então levá-las ao am-
biente de projeto virtual. A insegurança, comum nos primeiros contatos com pro-
gramas da plataforma CAD, por exemplo, podem comprometer a qualidade dos
desenhos produzidos. Da mesma forma, o desconhecimento do desenho técnico
arquitetônico impede que sejam exploradas as facilidades oferecidas por tais pla-
taformas. Conclui-se, então, que a digitalização dos meios de representação gráfica
não dispensa as regras e normas até então aprendidas nas disciplinas de desenho.

14 • capítulo 1
1.1.4  Normativas pertinentes ao desenho de arquitetura

A representação gráfica do desenho em si corresponde a um conjunto de nor-


mas internacionais (sob a supervisão da ISO). Contudo, geralmente, cada país
costuma ter suas próprias versões das normas, adaptadas por diversos motivos,
mas principalmente pelas variantes técnicas, construtivas e materiais de cada
região. No Brasil, as normas são editadas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), e elas balizam desde os critérios básicos de desenho – como
o formato e o layout de folha, tipos e espessuras de linhas, escalas de desenho
– até o conjunto de peças gráficas exigido para cada nível de complexidade de
projeto – do levantamento de dados ao projeto executivo.

Figura 1.3  –  Exemplo de uma das pranchas do projeto executivo para a Residência dos
Padres Claretianos, de autoria de Affonso Risi e José Mario Nogueira. Ano do projeto: 1984.
Disponível em: <http://www.archdaily.com.br>.

Este último compreende um grande lote de pranchas enviadas para o can-


teiro de obras, que, a princípio, podem parecer “complicadas” ou “confusas”,
mas, na verdade, são documentos técnicos que contêm todas as informações
necessárias à execução da obra. Se as informações estão claras e o leitor é capaz
de interpretá-las, acabamos nos adaptando a essa linguagem.

capítulo 1 • 15
As principais normas referentes à produção gráfico-arquitetônica são:

Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas –


NBR 8403/84 Larguras das linhas

NBR 10068/87 Folha de desenho – Layout e dimensões

NBR 6492/94 Representação de projetos de arquitetura

NBR 10067/95 Princípios gerais de representação em desenho técnico

NBR 13532/95 Elaboração de projetos de edificações – Arquitetura

NBR 13142/ 99 Desenho técnico – Dobramento de cópia

NBR 8196/99 Desenho técnico – Emprego de escalas

Além dessas e outras normas, o arquiteto deve estar habituado também a


consultar outros conjuntos de regras que condicionam seus projetos, como os
Códigos de Edificações e os Planos Diretores de cada município, bem como as
normas construtivas específicas de loteamentos ou condomínios particulares.
No entanto, este é um assunto que compete ao desenvolvimento do projeto em
si, e não aos sistemas de representação gráfica, escopo desta publicação.
Cabe notar, no entanto, que, se por um lado recomenda-se a adequação a
tais normas para a apresentação de desenhos com fins de execução de obras ou
em documentos oficiais, a exemplo dos profissionais que enviam seus projetos
para aprovação em prefeituras ou órgãos estatais, por outro lado admite-se cer-
to nível de liberdade em relação à formatação de tal material, como as pranchas
de concursos de projetos de arquitetura, inclusive de estudantes, que recebem
um exímio tratamento gráfico. Essas pranchas, que não deixam de obedecer a
tais normas, vão além das peças técnicas, representando, muitas vezes, todo o

16 • capítulo 1
processo de elaboração e evolução do projeto, que contempla desde os croquis
e estudos preliminares até a proposta final. Esta liberdade se dá pela necessida-
de de elaborar desenhos e esquemas fáceis de serem lidos também por leigos e,
sobretudo, de defender ideias de interesse público.

Figura 1.4  –  Exemplo de prancha de concurso de ideias de estudantes de arquitetura para o


Arquivo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP).
Além das peças gráficas técnicas, pranchas como esta apresentam possibilidades de explana-
ção de ideias e de diagramação fazendo uso de diagramas, gráficos, representações tridimen-
sionais e perspectivas ilustrativas. Disponível em: <https://concursosdeprojeto.org>.

Existindo, então, tantos tipos de desenho arquitetônico envolvidos no pro-


cesso projetual – dos croquis aos projetos executivos –, o que desenhar para
cada uma das etapas de projeto?

1.2  As etapas do projeto arquitetônico e os níveis de complexidade

Normalmente, a complexidade e a quantidade de informações de um desenho


variam de acordo com a etapa do projeto. No Brasil, a norma que baliza os mí-
nimos critérios exigíveis referentes a cada etapa é a NBR 13532 – “Elaboração

capítulo 1 • 17
de projetos de edificações – Arquitetura”. Segundo esta norma, existem oito
etapas de projeto, a saber:
a) levantamento de dados para arquitetura (LV-ARQ);
b) programa de necessidades de arquitetura (PN-ARQ);
c) estudo de viabilidade de arquitetura (EV-ARQ );
d) estudo preliminar de arquitetura (EP-ARQ );
e) anteprojeto de arquitetura (AP-ARQ);
f) projeto legal de arquitetura (PL-ARQ);
g) projeto básico de arquitetura (PB-ARQ) (opcional);
h) projeto para execução de arquitetura (PE-ARQ )

Assim como toda normativa, a NBR 13532 tem caráter expositivo, e não ex-
plicativo, ou seja, ela se limita a elencar o que cada etapa de projeto deve apre-
sentar. Entretanto, não haverá explicações sobre os possíveis caminhos a se
percorrer para obter os critérios mínimos exigíveis. São elencados os documen-
tos técnicos mínimos a serem apresentados. No máximo, serão indicadas as re-
ferências mais comuns a serem buscadas com intuito de subsidiar a produção
gráfica e informativa de cada etapa.
Como eu me aproprio dessas referências, como eu lido com os problemas
projetuais, como eu defino as características formais e espaciais a partir de uma
base de dados previamente constituída são algumas das questões que fogem
do escopo normativo. Trata-se de uma especificidade da disciplina de Projeto
Arquitetônico que investiga métodos e metodologias envolvidos neste proces-
so, ainda que acreditemos, equivocadamente, que se trate de algo puramente
subjetivo. “Em arquitetura, o processo de criação não possui métodos rígidos
ou universais entre profissionais, muito embora possam ser atestados alguns
procedimentos comuns entre projetistas. O processo é complexo e pouco ex-
ternado pelo profissional” (KOWALTOWSKI et al, 2012). Por isso, tenhamos
claro que a NBR 13532, assim como as demais normativas, é de teor técnico e
visa padronizar, a partir do mínimo exigível, a prática arquitetônica e constru-
tiva nacional.
Lembremos também que o termo “projeto” não se limita à construção de
novas edificações. Podemos muitas vezes ser chamados para desenvolver pro-
jetos de reforma, regularização, conservação, restauração ou revitalização de
imóveis preexistentes, nos quais tais etapas sofrem variações, embora se parta
da mesma lógica.

18 • capítulo 1
Antes de apresentarmos a competência normativa, devemos nos atentar
para uma pré-etapa decisiva ao desenvolvimento do projeto arquitetônico em
si, o Estudo de Viabilidade (EV).
Primeiramente, podemos falar em uma viabilidade financeira por meio da
qual verificamos se o projeto dará o retorno esperado pelos investidores e em-
preendedores, chamados de stakeholders dentre os profissionais responsáveis
pela gestão de projetos. Logo nesta primeira tarefa, o arquiteto é convidado a
trabalhar em colaboração com profissionais de outras áreas, ampliando assim
a escala de interferência de seus projetos. A princípio, tendemos a acreditar que
isso ocorre apenas em empreendimentos de grande porte. Pressupomos que o
cliente interessado em construir sua própria residência, muito provavelmente,
recorre ao arquiteto quando já dispõe de condições financeiras para tal fim.
Entretanto, nem sempre o valor disponível é condizente com o programa e o
padrão construtivo almejados pelo cliente. O desconhecimento e a própria in-
genuidade, muitas vezes, perpassam os anseios particulares e é função do ar-
quiteto orientá-lo para que sejam evitados desgastes durante o processo de pro-
jeto e, principalmente, interrupções na obra. Projetar é planejar desde o início!
Além da viabilidade financeira, existem outros fatores que condicionam a
realização ou não de projetos arquitetônicos. Existem, por exemplo, restrições,
ou mesmo proibições, para se construir em áreas de proteção ambiental; des-
tinações de uso não permitidas em certas zonas urbanas; coeficientes de apro-
veitamento do terreno inferior à área mínima exigida pelo cliente; e assim por
diante. Esses fatores de ordem urbanístico-arquitetônica serão apresentados
no sub-item “2.3 (EV-ARQ) Estudo de Viabilidade de Arquitetura”, etapa esta
que depende de alguns dados sobre os quais se apoiar. Assim, primeiramente é
preciso levantar dados. O levantamento desses dados consiste na primeira eta-
pa do projeto de arquitetura, segundo a NBR 13532 – “Elaboração de projetos
de edificações – Arquitetura”.
Como recurso didático, apresentamos a seguir essa e as demais etapas sub-
sequentes na forma de quadros ilustrativos:

1.2.1  (LV-ARQ) Levantamento de Dados para Arquitetura

Nessa etapa, o profissional busca documentos, dados e informações para ini-


ciar seus estudos. Esse conjunto de informações pode ser em parte disponibi-
lizado pelo próprio cliente, como a escritura do terreno, por exemplo, no qual
se verificam questões legais de propriedade, de área e das dimensões do lote.

capítulo 1 • 19
Nesse momento, é interessante pedir ao proprietário da área pegar uma
cópia da matrícula atualizada no cartório. Essa matrícula deve ser desenhada
a fim de verificar se esta tem um fechamento de acordo com sua própria des-
crição. Não havendo fechamento, torna-se necessária retificação da matrícula.
Caso o desenho da matrícula tenha o fechamento correto, cabe ao profissional
verificar, em campo, se as divisas reais condizem com as divisas descritas no
papel. Embora o arquiteto seja qualificado para este tipo de serviço, normal-
mente são contratadas equipes de topografia, engenheiros civis ou agrimenso-
res para auxiliá-lo nesta etapa.
Também cabe ao profissional buscar documentos oficiais que contenham
dados acerca das características arquitetônicas, urbanísticas, topográficas,
geológicas e legais da área pertinente ao projeto. Por serem bastante diversos,
esses documentos podem ser encontrados na forma de mapas, leis, tabelas, fo-
tografias aéreas, dentre outros meios de registros que permitem a leitura não
apenas da área de trabalho, mas de todo o entorno.
A seguir, apresentamos um quadro-resumo referente ao objetivo, as refe-
rências a serem utilizadas, as informações a produzir e os documentos técnicos
resultantes desta etapa de Levantamento de Dados.

20 • capítulo 1
LEVANTAMENTO DE DADOS PARA ARQUITETURA
ETAPA OBJETIVO INFORMAÇÕES DE REFERÊN- DOCUMENTOS TÉCNICOS A
INFORMAÇÕES A PRODUZIR (CONTEÚDO)
CIA A UTILIZAR APRESENTAR
a) Restrições legais: coeficiente de construção permitido,
gabaritos, recuos mínimos obrigatórios, taxa de ocupa-
ção permitida;
b) Características da vizinhança do terreno: zona urbana
ou rural, porcentagem de ocupação, usos do solo
• Levantamento topográfi-
no entorno;
co e cadastral (LV TOP) a) Desenhos: croquis e desenhos
c) Serviços públicos: água potável, coleta de lixo, energia
• Leis federais; (cadastrais da vizinhança, do ter-
elétrica em alta ou baixa tensão, escoamento de água
• Leis estaduais: código reno e das edificações existen-
pluvial, esgotos sanitários, gás combustível, iluminação
sanitário, proteção con- tes): plantas, cortes e elevações
Destina-se à coleta do pública, pavimentação (passeios e calçamentos), telefo-
tra incêndio; (escalas existentes ou conve-
conjunto de informa- nia e transportes coletivos;
• Leis municipais: plano nientes), junto com imagens de
ções de referência d) Vegetação: características, porte;
diretor de desenvolvimen- satélites (Google Earth)
que representem as e) Edificações existentes no terreno (a demolir ou não):
LV ARQ to municipal, zoneamento, b) Texto: Relatório de vistorias,
condições preexisten- área de construção, características arquitetônicas, carac-
código de obras; inspeções e verificações;
tes, de interesse para terísticas construtivas, número de pavimentos, uso atual;
• Normas das compa- c) Fotografia: em cores, com
instruir a elaboração do f) Fontes poluidoras: esgoto a céu aberto, fumaça, gases,
nhias concessionárias de: indicações esquemática dos
projeto. odores, poeira, ruídos, vibrações;
abastecimento de água pontos de vista e com tex-
g) Características climáticas: intensidade pluviométrica,
potável, fornecimento de tos explicativos.
temperatura, umidade, ventos predominantes;
energia elétrica, forneci- d) Outros meios de representa-
h) Orientação Norte-Sul;
mento de gás combustível, ção: vídeos, maquetes.
i) Verificação dos dados de referência: diferenças e
telecomunicações;
alterações ocorridas após os levantamentos, como: cons-
truções clandestinas, movimentos de terra, mudanças de
percurso de rios, córregos e linhas de drenagem, postes,
torres de linhas de transmissão, vias públicas (perfis,

capítulo 1
pavimentações)

Tabela 1.1  –  Resumo da NBR 13532 - LV ARQ. Fonte: ABNT, 1995.

• 21
Atualmente, contamos com recursos tecnológicos que dão cada vez mais
suporte ao levantamento preciso dos dados. Exemplos disso são as imagens de
satélite atualizadas, que, somadas às diretrizes municipais e a outros referen-
ciais, se tornam importantes fontes de consulta não apenas da área a receber o
projeto, mas de todo o entorno.

Figura 1.5  –  Imagem de satélite obtida pelo Google Earth.

CURIOSIDADE
Muitas cidades já têm sua malha urbana vetorizada nos principais programas de desenho
usados em Arquitetura, como o Autocad. Esses mapas podem ser adquiridos na prefeitura
ou na página do IBGE.
Existem ainda as chamadas ortofotografias, que são fotografias aéreas, tiradas a partir
de aviões ou satélites, sem deformações de perspectiva. Essas imagens passam por um
processo de retificação digital, a partir do qual se transformam em projeções ortogonais com
medidas fiéis à superfície terrestre, ou seja, a imagem se transforma em um mapa!

22 • capítulo 1
Figura 1.6  –  Esquema de tomada de ortofotografias. Disponível em: <www.topocart.com.br>.

1.2.2  (PN-ARQ) Programa de Necessidades de Arquitetura

O Programa de Necessidades é baseado na reunião das diretrizes sociais e fun-


cionais de uma família, dos moradores de residências uni ou multifamiliares,
os usuários de um escritório, a logística de uma loja etc.

ATENÇÃO
O programa de necessidades não é uma tabela de áreas! Trata-se de um estudo sistemático
das atividades – e da relação entre elas – que serão desenvolvidas no âmbito do projeto.
Esse estudo tem como consequência a definição, o pré-dimensionamento e a organização
dos espaços sob o ponto de vista funcional.

O programa de necessidades é usado nas fases iniciais do projeto, a fim


de nortear as decisões a serem tomadas. É um dos principais determinantes
do projeto. Sua utilização foi largamente difundida pelos arquitetos moder-
nos, partidários de uma produção arquitetônica baseada na eficácia total da

capítulo 1 • 23
edificação. O programa de necessidades expressa as particularidades huma-
nas, psicológicas, culturais, estéticas, funcionais, dentre outras, que posterior-
mente são traduzidas na forma de cada uma das partes e do todo.

O objetivo do programa arquitetônico é descrever o contexto onde o projeto vai


operar. Ao cumprir seu objetivo, o programa estabelece o problema que a forma
deverá responder. Além de ser um dos primeiros passos do processo de projeto, o
desenvolvimento do programa é uma atividade analítica. A análise do contexto é um
procedimento que busca os elementos essenciais da situação que envolve o edifício.
(KOWALTOWSKI; MOREIRA, 2012)

Embora o programa não deva ser muito rígido, alterações nele durante o
andamento do projeto podem comprometer as soluções formais e espaciais até
então adotadas, sendo necessário, algumas vezes, retornar aos estudos prelimi-
nares básicos para que tais modificações programáticas sejam contempladas
no projeto final. A seguir, a tabela-resumo da NBR 13532 contém o escopo desta
etapa de projeto, com os documentos mínimos exigíveis. Lembrando que a nor-
ma apenas indica o que se espera como produto técnico; ela não apresenta os
métodos que podem ser empregados para a elaboração do programa.

LEITURA
Como eu saio de um programa de necessidades e parto em direção aos estudos prelimi-
nares? É justamente nesse momento que é comum o aluno se sentir inseguro. Mesmo os
arquitetos mais experientes demoraram um longo tempo para definir suas metodologias pro-
jetuais. Sabemos que o desenho é um dos principais meios de expressão e representação do
arquiteto, mas o que o precede está ainda no campo abstrato das ideias. Como leitura com-
plementar, sugerimos o livro Como arquitetos e designers pensam, no qual o autor, Bryan
Lawson, discute a criação projetual, desmistificando as dificuldades do aluno e simplificando
as formas de solucionar os problemas encontrados.

24 • capítulo 1
PROGRAMA DE NECESSIDADES DE ARQUITETURA
ETAPA OBJETIVO INFORMAÇÕES
INFORMAÇÕES A PRODUZIR DOCUMENTOS TÉCNI-
DE REFERÊNCIA
(CONTEÚDO) COS A APRESENTAR
A UTILIZAR
a) As necessárias à concepção
arquitetônica da edificação (am-
biente construído ou artificial)
e aos serviços de obra, como
nome, número e dimensões a) Desenhos
(gabaritos, áreas úteis e cons- (organograma fun-
truídas) dos ambientes, com cional, esquemas
Destina-se à distinção entre os ambientes básicos [esca-
determinação a construir, a ampliar, a reduzir las convenientes];
das exigências e a recuperar, características, b) Texto (memorial,
• Levantamento
de caráter exigências, número, idade e de recomenda-
de dados para
prescritivo ou permanência dos usuários, em ções gerais);
PN ARQ LV ARQ.
de desempe- cada ambiente; c) Planilhas
• Outras
nho a serem b) Características funcionais (relação ambiente/
informações.
satisfeitas pela ou das atividades em cada am- usuário/atividades/
edificação a biente (ocupação, capacidade, equipamentos/
ser concebida movimentos, fluxos e períodos); mobiliário, incluindo
c) Características, dimensões características,
e serviços dos equipamentos e exigências e
mobiliário; exigências ambien- quantidade.
tais, níveis de desempenho;
instalações especiais (elétri-
cas, mecânicas, hidráulicas e
sanitárias).

Tabela 1.2  –  Resumo da NBR 13532 - PN ARQ. Fonte: ABNT, 1995.

1.2.3  (EV-ARQ) Estudo de Viabilidade de Arquitetura

Uma vez considerados viáveis sob o ponto de vista financeiro, os estudos de viabili-
dade arquitetônica objetivam eleger o empreendimento que melhor responda ao
programa de necessidades, nos aspectos técnicos, ambientais e socioeconômicos.
No aspecto técnico, devem ser avaliadas as alternativas para a implantação
do projeto. A avaliação ambiental envolve o exame preliminar do impacto pro-
vocado pelo empreendimento, sobre as condições naturais da área e de seu en-
torno. Além disso, existem impactos gerados na vizinhança, como geração de
ruídos, aumento dos índices de poluição e aumento da intensidade do tráfego,
que solicitam relatórios específicos, aos quais nos referimos como Estudos de
impacto de vizinhança.

capítulo 1 • 25
Durante a etapa EV-ARQ, deve ser promovida a avaliação expedita do custo
de cada possível alternativa. Uma das maneiras para isso é multiplicar o custo
por metro quadrado, obtido em revistas especializadas, em função do tipo de
obra, pela estimativa da área equivalente de construção, calculada de acordo
com a NBR 12.721/1993 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Obtém-se, assim, uma ordem de grandeza do orçamento referente a cada em-
preendimento, para se estimar a dotação orçamentária necessária. Nessa eta-
pa, ainda não é possível a definição precisa dos custos envolvidos na realiza-
ção da obra, mas é preciso obter uma noção adequada dos valores em questão,
o que é fundamental para priorizar as propostas.
Em seguida, deve-se verificar a relação custo/benefício de cada obra, levan-
do em consideração a compatibilidade entre os recursos disponíveis e as neces-
sidades da população beneficiada pelo empreendimento.
Concluídos os estudos e selecionada uma das alternativas contempladas,
deve-se preparar um relatório com sua descrição e avaliação, suas característi-
cas principais, os critérios, os índices e os parâmetros empregados na sua de-
finição, demandas estas que deverão ser atendidas com o prévio dimensiona-
mento dos elementos e a posterior execução.
O Estudo de Viabilidade passa pela escolha do terreno ideal para a obra pre-
tendida. A equipe de assessoria técnica deve optar sempre por um terreno que
seja compatível com o que se pretende construir, tanto em suas dimensões como
em sua localização. Deve ser verificado se o terreno não gerará, pelas suas caracte-
rísticas, em especial pela sua topografia, dispêndios a mais para a Administração,
tais como terraplenagem, gastos com ampliação da rede de energia, telefone,
água e esgoto, além da existência e condições das vias de acesso, da existência ou
não de fornecedores de materiais de construção e mão de obra.

ESTUDO DE VIABILIDADE DE ARQUITETURA


ETAPA OBJETIVO INFORMAÇÕES DE REFE- INFORMAÇÕES A PRO- DOCUMENTOS TÉCNI-
RÊNCIA A UTILIZAR DUZIR (CONTEÚDO) COS A APRESENTAR
Destina-se à ela- • Levantamento de a) Desenhos: esque-
a) Metodolo-
boração de aná- dados para LV ARQ; mas gráficos, diagra-
gia empregada;
lise e avaliações • Programa de necessi- mas e histogramas
b) Soluções alter-
para seleção e dades para arquitetura (Escalas:
EV ARQ nativas (físicas e
recomendação PN ARQ; convenientes);
jurídico-legais);
de alternativas • Levantamento das b) Texto: relatório;
c) Conclusões e
para a concepção demais atividades c) Outros meios de
recomendações.
da edificação. técnicas; representação.

Tabela 1.3  –  Resumo da NBR 13532 - EV ARQ. Fonte: ABNT, 1995.

26 • capítulo 1
1.2.4  (EP-ARQ) Estudo Preliminar de Arquitetura

Uma vez elaborado o programa de necessidades, o arquiteto dispõe do que cha-


mamos de “problema de projeto”. São inúmeras as possibilidades de solução
para esse problema, mas definir qual delas é a melhor é algo que demanda o es-
gotamento de possibilidades, por isso essa é uma das fases mais demoradas no
processo projetual. As ideias subjetivas, somadas aos levantamentos de dados
e à definição do programa de necessidades, passam a ser desenhadas na folha
em branco.
Começam a surgir, então, os primeiros croquis. Alguns croquis são verda-
deiros enigmas, pois eles são usados pelo arquiteto para dialogar consigo mes-
mo, e não necessariamente comunicar suas ideias aos envolvidos no projeto.
A busca por soluções do problema de projeto é bastante particular, mas ela
envolve uma série de pesquisas complementares e entrevistas com o cliente/
investidor que orientam a tomada de decisões. Cabe ao investidor ou cliente
dizer os objetivos que pretende atingir com sua construção, fornecer os tipos de
atividades a serem contempladas no programa arquitetônico, definir o tempo
de construção e o custo máximo para a obra. No diálogo cliente-arquiteto vão
surgindo problemas e soluções.

Figura 1.7  –  Estudo preliminar em planta. Disponível em: <http://recrieseumundo.blogspot.


com.br/2015/10/otimizando-o-espaco-do-seu-quarto.html>.

capítulo 1 • 27
Figura 1.8  –  Estudo preliminar de volumetria. Disponível em: <https://br.pinterest.com/
pin/325033298079396403/>.

O estudo preliminar, que envolve a análise das várias condicionantes do


projeto, normalmente materializa-se em uma série de croquis e esboços que
não precisam necessariamente seguir as regras tradicionais do desenho arqui-
tetônico. É um desenho livre, cujo traço muitas vezes desconhece as normas e
convenções de desenho técnico e que permitem a formulação do conceito e a
definição do partido arquitetônico.
A seguir, o quadro-resumo contém o escopo técnico dessa etapa projetual.

28 • capítulo 1
ESTUDO PRELIMINAR DE ARQUITETURA
ETAPA OBJETIVO INFORMAÇÕES DE REFERÊNCIA A INFORMAÇÕES A PRODUZIR DOCUMENTOS TÉCNICOS A
UTILIZAR (CONTEÚDO) APRESENTAR
a) Sucintas e suficientes
a) desenhos:
para a caracterização geral
• Planta geral de implantação;
da concepção adotada,
• Plantas dos pavimentos;
incluindo indicações das
• Planta da cobertura;
funções, dos usos, das
• Cortes (longitudinais
formas, das dimensões, das
a) Programa de necessidade de arqui- e transversais);
localizações dos ambien-
tetura (PN-ARQ); • Elevações (fachadas);
tes da edificação, bem
b) Programas de necessidades obtidos • Detalhes construtivos (quan-
Destina-se à concepção e à como de quaisquer outras
pelas demais atividades técnicas do necessário);
representação do conjunto de exigências prescritas ou
(se necessário); b) Texto: memorial justificativo
informações técnicas necessárias de desempenho;
c) Levantamento topográfico e cadas- (opcional);
EP ARQ à compreensão da configuração b) Sucintas e suficientes
tral (LV-TOP); c) Perspectivas (opcionais)
inicial e aproximada da edifica- para a caracterização
d) Levantamento de dados para arqui- (interiores ou exteriores, parciais
ção, podendo incluir soluções específica dos elementos
tetura (LV-ARQ); ou gerais);
alternativas. construtivos e dos seus
e) Estudo de viabilidade de arquitetura d) Maquetes (opcionais) (interior,
componentes principais,
(EV-ARQ); exterior);
incluindo indicações das
f) Outras informações. e) Fotografias, diapositivos,
tecnologias recomendadas;
microfilmes e montagens
c) Relativas a soluções al-
(opcionais);
ternativas gerais e especiais,
f) Recursos audiovisuais (op-
suas vantagens e desvanta-
cionais) (filmes, fitas de vídeo e
gens, de modo a facilitar a
disquete).
seleção subsequente.

Tabela 1.4  –  Resumo da NBR 13532 - EP ARQ. Fonte: ABNT, 1995.

capítulo 1
• 29
1.2.5  (AP-ARQ) Anteprojeto de Arquitetura

Analisadas as soluções para o problema projetual durante os estudos prelimina-


res, é chegada a hora de apresentar aquela avaliada como “ótima”. Os livres croquis
começam a ser dotados de um caráter um pouco mais técnico com vistas à apre-
sentação para o cliente da organização espacial e dos arranjos volumétricos inicial-
mente definidos pelo arquiteto. O amadurecimento das ideias preliminares resul-
ta no anteprojeto. Nesta etapa, já estão definidos: conceito, partido, implantação,
organização funcional, estrutura, elementos construtivos e volumetria. O desenho
já abrange um nível maior de informações, e sua representação gráfica é técnica,
ou seja, responde a convenções e normas previamente estabelecidas.
Além da representação gráfica mais precisa, o anteprojeto costuma ser apre-
sentado aos interessados e envolvidos, de modo que o arquiteto pode defender
e justificar sua tomada de decisões até então. Os croquis desenvolvidos na eta-
pa anterior podem ser de grande utilidade mediante ocasionais questionamen-
tos, além de registrarem o processo de projeto percorrido. Essa apresentação
pode recorrer ainda a um material gráfico que vai além de desenhos técnicos,
sendo comum a produção de maquetes eletrônicas, desenvolvidas em softwa-
res como ArchiCad, Sketch Up, Revit, 3D Studio, dentre outros.
O anteprojeto é a base para serem definidas as especificações técnicas ne-
cessárias às próximas etapas. Situa-se entre o estudo preliminar e o projeto de
execução, de modo que somente a partir do anteprojeto devem ser iniciadas as
atividades dos projetos complementares (estrutura, elétrica e hidráulica).
Assim, ele não informa uma quantidade muito grande de detalhes, mas
deve estar suficientemente resolvido para dar suporte a tal especificação. Em
um projeto residencial, por exemplo, costuma-se trabalhar nas escalas 1:100
ou 1:200. Nesta escala, é possível representar os elementos básicos da edifica-
ção e seus componentes construtivos (estruturas, coberturas, vedos verticais),
a topografia do terreno e o layout de cada ambiente. O layout é de fundamental
importância para a verificação da área útil dos ambientes, de acordo com as
atividades funcionais neles previstas. No entanto, além desse fator, o layout é
responsável pela humanização da arquitetura, momento no qual o cliente co-
meça a compreender e identificar-se nos espaços projetados. Como nem todos
os clientes têm a facilidade de entender desenhos técnicos, como plantas, cor-
tes e fachadas, os recursos tridimensionais, como as maquetes físicas e as pers-
pectivas eletrônicas, são bastante úteis.

30 • capítulo 1
Todas as decisões e soluções formais tomadas devem estar desenhadas. O que
não está representado graficamente abre espaço para incompreensões e erros que
afetam prazos e custos de obra. Portanto, quanto mais detalhado estiver o projeto
nessas primeiras etapas, maiores a consistência e a pertinência de suas ideias.

Figura 1.9  –  Exemplo de planta em nível de anteprojeto: o desenho atende às normas de


representação técnica, contendo indicação de acessos, ambientes, layout, elementos cons-
trutivos, diferenciação de áreas externas e internas, cotas internas e dimensões do terreno.
Fonte: acervo dos autores.

Figura 1.10  –  Exemplos de perspectivas eletrônicas que podem ser utilizadas na apresen-
tação de anteprojeto para melhor compreensão do projeto pelo cliente. Tais modelos virtuais
auxiliam na pré-escolha dos acabamentos e revestimentos a serem usados na composi-
ção volumétrica, o que facilita a especificação deles nas etapas de projeto subsequentes.
Fonte: acervo dos autores.

capítulo 1 • 31
A seguir, apresentamos o quadro-resumo da NBR 13532 referente à etapa de
Anteprojeto de Arquitetura.

ESTUDO DE VIABILIDADE DE ARQUITETURA


ETAPA OBJETIVO INFORMAÇÕES DE INFORMAÇÕES
DOCUMENTOS TÉCNICOS A
REFERÊNCIA A A PRODUZIR
APRESENTAR
UTILIZAR (CONTEÚDO)
a) desenhos:
• Planta geral
de implantação;
a) estudo prelimi-
Destina-se à con- • Planta de terraplenagem;
nar de arquitetura
cepção e à repre- • Cortes de terraplenagem;
(EP-ARQ); Informações
sentação do conjun- • Plantas dos pavimentos;
b) estudos pre- técnicas relati-
to de informações • Plantas das coberturas;
liminares produ- vas à edificação
técnicas provisórias • Cortes (longitudinais
zidos por outras (ambientes
de detalhamento da e transversais);
atividades técnicas interiores e
edificação, neces- • Elevações (fachadas);
(se necessário); exteriores), a
sárias ao inter-re- • Detalhes (de ele-
AP ARQ c) Levantamento todos os ele-
lacionamento das mentos da edificação
topográfico e cadas- mentos da edifi-
atividades técnicas e de seus componen-
tral (LV-TOP); cação e a seus
do projeto suficien- tes construtivos);
d) soldagens de componentes
tes à elaboração de b) Texto:
simples reconheci- construtivos
estimativas aproxi- • Memorial descritivo
mento do solo considerados
madas de custos de da edificação;
(LV-SDG); relevantes.
prazos dos serviços • Memorial descritivo dos
e) outras
de obras implicados. elementos da edificação,
informações.
dos componentes cons-
trutivos e dos materiais de
construção.

Tabela 1.5  –  Resumo da NBR 13532 - AP ARQ. Fonte: ABNT, 1995.

1.2.6  (PL-ARQ) Projeto Legal de Arquitetura

Discutido o anteprojeto junto com o cliente e feitas as modificações necessá-


rias, inicia-se o desenho definitivo do projeto arquitetônico, que, antes de ir
para a obra, é encaminhado aos órgãos públicos de fiscalização de edifícios.
Por este motivo, dispõem de algumas regras próprias de apresentação, varian-
do de acordo com a cidade na qual o projeto será implantado. Costuma-se tra-
balhar nas mesmas escalas do anteprojeto.

32 • capítulo 1
O projeto legal constitui a configuração técnico-jurídica da solução arquite-
tônica proposta para a obra, considerando as exigências contidas no Programa
de Necessidades, no Estudo Preliminar, no Anteprojeto aprovado pelo cliente,
nos requisitos legais e nas normas técnicas de apresentação e representação
gráfica emanadas pelos órgãos públicos (tais como prefeituras).
As legislações municipais que incidem diretamente sobre os projetos arqui-
tetônicos dispõem sobre regras gerais, aplicadas a toda cidade, e regras especí-
ficas de cada uma das zonas urbanas. Esses documentos são conhecidos como
Código de edificações e de obras, e seus objetivos devem ser:
Orientar os costumes construtivos, regulando o espaço edificado por meio
de normas técnicas para a prática da construção, assim como ordenando a sua
implantação nos lotes, a fim de garantir a solidez, a segurança, a salubridade,
a acessibilidade, a eficiência energética e a sustentabilidade das edificações e
obras. (BAHIA, 2012, p. 27)

A restrição da taxa de ocupação e da altura dos edifícios, por exemplo, tem o objetivo
de conter a alta densidade populacional em determinadas áreas de uso controlado,
como os bairros centrais. A exigência de área mínima das aberturas de ambientes de
longa e baixa permanência, por sua vez, visa à salubridade do interior das edificações.

Uma vez cumpridas as exigências técnicas mínimas, o projeto recebe a


aprovação por parte dos órgãos públicos competentes, mediante a expedição
do Alvará de Construção. No caso das concessionárias de serviços públicos e do
Corpo de Bombeiros, a responsabilidade de aprovação ficará a cargo dos pro-
jetistas complementares, específicos de cada área. Todavia, para que o projeto
possa ser encaminhado à obra, o projeto precisa da especificação de detalha-
mentos técnicos que vão além da obediência às normas construtivas munici-
pais. Para tanto, caminha-se em direção às etapas de Projeto Básico (opcional)
e de Projeto Executivo de Arquitetura.

capítulo 1 • 33
ESTUDO PRELIMINAR DE ARQUITETURA
ETAPA OBJETIVO DOCUMENTOS
INFORMAÇÕES DE RE- INFORMAÇÕES A PRODU-
TÉCNICOS A
FERÊNCIA A UTILIZAR ZIR (CONTEÚDO)
APRESENTAR
Informações necessá-
rias e suficientes ao
atendimento das exigên-
Destina-se à repre-
a) Anteprojeto de ar- cias legais para os pro-
sentação do conjunto
quitetura (AP-ARQ); cedimentos de análise e a) Desenhos e
de informações téc-
b) Anteprojetos de aprovação do projeto textos exigidos
nicas necessárias à
produzidos por outras legal e da construção, em leis, decre-
análise e aprovação,
atividades técnicas incluindo os órgãos pú- tos, portarias ou
pelas autoridades
(se necessário); blicos e as companhias normas e relativos
competentes, da
c) Levantamento to- concessionárias de aos diversos ór-
concepção da edi-
pográfico e cadastral serviços públicos, como gãos públicos ou
PL ARQ ficação e dos seus
(LV-TOP); departamento de obras companhias con-
elementos com base
d) Legislação e de urbanismo muni- cessionárias de
nas exigências legais
municipal, estadual cipais, conselho dos serviços nos quais
e à obtenção do al-
e federal pertinentes patrimônios artísticos e o projeto legal
vará ou das licenças
(leis, decretos, porta- históricos municipais e deva ser submeti-
e demais documen-
rias e normas); estaduais, autoridades do para análise e
tos indispensáveis
e) Normas técnicas estaduais e federais aprovação.
para as atividades de
(INMETRO e ABNT). para a proteção dos
construção.
mananciais e do meio
ambiente, Departamento
de Aeronáutica Civil.

Tabela 1.6  –  Resumo da NBR 13532 - PL ARQ. Fonte: ABNT, 1995.

1.2.7  (PB-ARQ) Projeto Básico de Arquitetura (opcional)

O projeto básico é a consolidação do anteprojeto. Contempla maiores defini-


ções, inclusive para fornecer os elementos necessários à elaboração da lista de
materiais e equipamentos e a planilha de serviços e preços. O desenvolvimento
do projeto nesta etapa deve ser coerente com o partido arquitetônico definido
no anteprojeto e deve conter informações definitivas de dimensionamento, lo-
cação de componentes, layout de equipamentos, uso dos ambientes e todos os
dados referentes a materiais e acabamentos. O projeto básico de arquitetura
deve compatibilizar-se com os projetos complementares: projetos de estrutura,
instalações hidráulicas, elétricas e outros que porventura sejam necessários,
conforme o tipo de projeto.

34 • capítulo 1
Cabem ao arquiteto a coordenação e a compatibilização de todos os proje-
tos envolvidos. O projeto básico finalizado deve ser utilizado como base para
elaboração de lista de materiais e equipamentos, planilha de serviços e preços e
memorial descritivo. A lista de materiais e equipamentos deve ser acompanha-
da do memorial de cálculo de quantidades, a ser apresentado em documento
separado. Estes documentos são parte da etapa de projeto básico.
O memorial descritivo de arquitetura tem a finalidade de complementar as
peças gráficas do projeto. No caso do projeto básico, o memorial descritivo de
arquitetura deve conter as seguintes informações:

Informações referentes à obra a ser executada e ao


terreno ou edificação existente, tais como localização,
CARACTERÍSTICAS DO finalidade, tipo de intervenção, áreas, dados cadas-
EMPREENDIMENTO trais como o número do IPTU e número no Cartório
de Registro de Imóveis ou o número do decreto de
desapropriação;

RELAÇÃO DE Do projeto básico de arquitetura;


DOCUMENTOS

Do projeto, descrevendo cada etapa construtiva,


como fundações, estrutura, impermeabilizações,
portas, caixilhos, ferragens, acabamentos, cobertura,
CARACTERÍSTICAS peças sanitárias, metais e instalações. As descrições
CONSTRUTIVAS referentes a instalações devem ser sucintas, apenas
para conhecimento, citando os memoriais específicos
dos projetos complementares para maiores detalhes.

Todas as especificações de materiais no projeto e no memorial descritivo


devem ser genéricas, não sendo admitidas referências comerciais.

capítulo 1 • 35
ESTUDO PRELIMINAR DE ARQUITETURA

36 •
ETAPA OBJETIVO INFORMAÇÕES DE REFE- INFORMAÇÕES A PRODUZIR
DOCUMENTOS TÉCNICOS A APRESENTAR
RÊNCIA A UTILIZAR (CONTEÚDO)
a) Desenhos:
• Planta geral de implantação;
• Planta de terraplenagem;

capítulo 1
• Cortes de terraplenagem;
• Planta dos pavimentos;
• Planta das coberturas;
• Cortes (longitudinais e transversais);
a) As relativas à edifica-
• Elevações (frontais, posteriores e laterais);
ção (ambientes externos
• Plantas, cortes e elevações de ambientes especiais (banheiros, cozi-
e internos) e a todos os
nhas, lavatórios, oficinas e lavanderias);
a) anteprojeto de arqui- elementos da edifica-
Destina-se à concep- • Detalhes (plantas, cortes, elevações e perspectivas) de elementos da
tetura (AP-ARQ); ção, seus componentes
ção e a à represen- edificação e de seus componentes construtivos (portas, janelas, banca-
b) anteprojetos construtivos e materiais
PB ARQ tação do conjunto de das, grades, forros, beirais, parapeitos, revestimentos e seus encontros,
produzidos por outras de construção;
informações técnicas impermeabilizações e proteções);
atividades técnicas; b) As exigências de
da edificação b) Textos:
c) outras informações. detalhamento devem
• Memorial descritivo da edificação;
depender da complexida-
• Memorial descritivo dos elementos da edificação, das instalações
de funcional ou formal da
prediais (aspectos arquitetônicos), dos componentes construtivos e dos
edificação.
materiais de construção;
• Memorial quantitativo dos componentes construtivos e dos materiais
de construção;
c) Perspectivas (opcionais) (interiores ou exteriores, parciais ou gerais);
d) Maquetes (opcionais) (interior e exterior);
e) Fotografias, diapositivos, microfilmes e montagens (opcionais);
f) Recursos audiovisuais (opcionais) (filmes, fitas de vídeo e disquetes).

Tabela 1.7  –  Resumo da NBR 13532 - PB ARQ. Fonte: ABNT, 1995.


1.2.8  (PE-ARQ) Projeto para Execução de Arquitetura

Esta etapa corresponde à confecção dos desenhos que são encaminhados à


obra, sendo, portanto, a mais trabalhada. Devem ser desenhados todos os de-
talhes do edifício, com um nível de complexidade adequado à realização da
construção. O projeto básico costuma ser trabalhado em escalas como 1:50 ou
1:100, assim como seu detalhamento é elaborado em escalas como 1:20, 1:10,
1:5 e, eventualmente, 1:1. O projeto completo deve ser acompanhado de deta-
lhes construtivos (portas, janelas, balcões, armários e outros) e de especifica-
ções de materiais (piso, parede, forros, peças sanitárias, coberturas, ferragens
etc.). Com esses dados, preparam-se o orçamento de materiais e os projetos
complementares, como projetos estruturais, elétrico, telefônico, hidro-sanitá-
rio, prevenção contra incêndio e outros.
Todos esses projetos, chamados de originais, chegam à construção em for-
ma de cópias, em geral feitas em papel heliográfico ou sulfite. Atualmente, os
projetos executivos são produzidos em softwares, principalmente AutoCad e
Revit, tornando-se mais fácil a impressão de várias cópias do projeto, as cha-
madas plotagens.
O projeto executivo, dependendo da complexidade e da característica exclu-
siva de cada edifício / obra, poderá ser desenvolvido em até quatro subfases:

Desenvolvimento do anteprojeto arquitetônico de forma a permitir a


PRÉ-
verificação das interferências com os anteprojetos complementares
-EXECUTIVO (fundações, estrutura, instalações etc.)

Constitui a solução desenvolvida do anteprojeto já compatibilizado com


PROJETO todos os projetos complementares, formando um conjunto de documen-
BÁSICO tos técnicos que, juntamente com os projetos básicos complementares,
permite licitar a obra (porém não a sua execução).

PROJETO Complementação do projeto básico com todas as informações à execu-


EXECUTIVO ção da obra.

São os documentos necessários à melhor compreensão dos elemen-


DETALHES tos do projeto para sua execução, fabricação ou montagem. No caso
em que a soluções adotadas não exigirem esse detalhamento ou o
DE Projeto de Execução se mostrar suficiente para seu pleno entendi-
EXECUÇÃO mento, essa subfase pode, eventualmente, deixar de existir (exemplo:
edifícios públicos que estejam sistematizados e padronizados).

capítulo 1 • 37
ESTUDO PRELIMINAR DE ARQUITETURA
ETAPA OBJETIVO

38 •
INFORMAÇÕES DE REFE- INFORMAÇÕES A PRODUZIR
DOCUMENTOS TÉCNICOS A APRESENTAR
RÊNCIA A UTILIZAR (CONTEÚDO)
a) Desenhos:
• Planta geral de implantação;
• Planta de terraplenagem;

capítulo 1
• Cortes de terraplenagem;
• Plantas das coberturas;
• Cortes (longitudinais e transversais);
a) As relativas à edifica- • Elevações (frontais, posteriores e laterais);
Destina-se à concep-
ção (ambientes externos • Plantas, cortes e elevações de ambientes especiais (banheiros, cozi-
ção e à representa-
e internos) e a todos os nhas, lavatórios, oficinas e lavanderias);
ção final do conjunto
a) anteprojeto de arqui- elementos da edifica- • Detalhes (plantas, cortes, elevações e perspectivas) de elementos da
de informações téc-
tetura (AP-ARQ); ção, seus componentes edificação e de seus componentes construtivos (portas, janelas, ban-
nicas da edificação,
b) anteprojetos construtivos e materiais cadas, grades, forros, beirais, parapeitos, pisos, revestimentos e seus
PE ARQ completas definitivas
produzidos por outras de construção; encontros, impermeabilizações e proteções);
e suficientes à
atividades técnicas; b) As exigências de b) Textos:
licitação (contrata-
c) outras informações. detalhamento devem • Memorial descritivo da edificação;
ção) e a execução
depender da complexida- • Memorial descritivo dos elementos da edificação, das instalações
dos serviços da obra
de funcional ou formal da prediais (aspectos arquitetônicos), dos componentes construtivos e dos
correspondentes
edificação. materiais de construção;
• Memorial quantitativo dos componentes construtivos e dos materiais
de construção;
c) Perspectivas (opcionais) (interiores ou exteriores, parciais ou gerais);
d) Maquetes (opcionais) (interior e exterior);
e) Fotografias, diapositivos, microfilmes e montagens (opcionais);
f) Recursos audiovisuais (opcionais) (filmes, fitas de vídeo e disquetes).

Tabela 1.8  –  Resumo da NBR 13532 - PE ARQ. Fonte: ABNT, 1995.


1.3  Adequação de escalas a cada propósito

Antes de começar a produção das peças gráficas, é preciso definir as escalas de


trabalho. A quantidade de informações e detalhamentos dependerá do propó-
sito do desenho, ou seja, do nível de complexidade ao qual atende. Um ante-
projeto conterá menos detalhes do que um projeto básico, e um projeto bási-
co conterá menos detalhes do que um projeto executivo. Além disso, o tipo de
objeto a ser representado deve ser levado em consideração para a definição da
escala.
“Escala é a relação entre cada medida do desenho e a sua dimensão real no
objeto” (MONTENEGRO, 1997, p.31). Quando falamos em escalas, essa relação
pode ser indicada numericamente ou graficamente.

1.3.1  Escalas numéricas

As escalas numéricas são representada por “valor do desenho”: “valor do ob-


jeto real”. De acordo com a NBR 8196/99, a escala de um desenho pode tanto
reduzi-lo em relação ao objeto real quanto ampliá-lo:
a) ESCALA 1:1, para escala natural;
b) ESCALA X:1, para escala de ampliação (X > 1);
c) ESCALA 1:X, para escala de redução (X > 1).

Assim, numa escala de 1:100, cada unidade no desenho equivale a cem uni-
dades no objeto real. Já em uma escala de 2:1, a medida do desenho amplia
duas vezes a medida real. Trata-se de uma proporção que independe das unida-
des de comprimento – centímetros, metros, quilômetros, polegadas etc. Essas
unidades de medida adotadas em projeto costumam variar com o tipo de pro-
jeto e com o padrão utilizado pelos projetistas. Sobre esse assunto falaremos
mais adiante, quando apresentarmos os sistemas de cotagem de desenho.
Então, como definir a escala? Primeiramente, a escala responde ao propó-
sito do desenho, ou seja, do nível de detalhamento que o desenho se propõe a
atingir. Não adianta utilizarmos pequenas escalas para representarmos objetos
de pequeno porte. Da mesma forma, de nada adianta trabalharmos com esca-
las maiores se o desenho não possui pormenores e detalhamentos suficientes
que o justifiquem.

capítulo 1 • 39
Se o aluno for solicitado a desenhar um equipamento de mobiliário urbano,
como um banco ou uma lixeira, sua representação em escalas que reduzam em
50 ou 100 vezes as medidas reais praticamente o tornará invisível no plano da
folha, ou seja, além do propósito do desenho, a escala também é definida pelo
tipo de objeto que se pretende representar.
Além disso, quando nos deparamos com projetos de grande porte, como
loteamentos urbanos, bairros ou cidades, sua redução em escala de apenas 50
ou 100 vezes é insuficiente para que possamos representá-los numa folha de
papel, mesmo nos maiores formatos disponíveis, como a folha A0. É necessário
reduzir tais representações a 500 ou até 1000 vezes as medidas reais para que
tais pranchas possam, inclusive, ser manuseadas. Desse modo, o formato das
folhas de papel também são uma limitante para a definição das escalas. Esses
formatos são padronizados, e sua nomenclatura já nos é familiar: A4, A3, A2, A1
e A0. É claro que existem possibilidades de variação das medidas de folhas, no
entanto, em desenho técnico de arquitetura, adotamos os formatos normatiza-
dos pela ABNT.
Por fim, o excesso de detalhes em escalas muito pequenas também compro-
mete a clareza do desenho. As linhas acabam se sobrepondo, tanto no desenho
à mão quanto nas versões impressas do desenho digital, de modo que a com-
preensão das informações gráficas passa a ser comprometida.

a)

40 • capítulo 1
b)

Figura 1.11  –  a) Comparação entre duas representações de um mesmo banheiro. Na pri-


meira situação temos um desenho pouco detalhado para a escala em questão. b) Os mesmos
desenhos representados em escalas adequadas ao seu nível de detalhamento. Desenho
dos autores.

1.3.2  Escalas gráficas

As escalas gráficas têm o mesmo objetivo das escalas numéricas: apresentar a


proporção entre as medidas do desenho e as do objeto real. No entanto, elas
representam diretamente tal relação, sem haver necessidade de conversão de
valores. A representação dessas escalas é basicamente constituída por linhas
ou pequenos diagramas segmentados que indicam as unidades de medida do
desenho.
A escala gráfica é um recurso bastante utilizado em mapas. Contudo, seu
uso em projetos de arquitetura, paisagismo e mobiliário também é frequen-
te, pois garante a proporcionalidade mesmo diante de possíveis reduções ou
ampliações na impressão das pranchas de desenho, além de facilitar a leitura
do leigo.

capítulo 1 • 41
0 1 2 3 4 5 10 m
1:100

0 1 2 3 6m
1:75

0 0,5 1 1,5 2 2,5 5m


1:50

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 2m


1:25

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 2m


1:20

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 1m


1:10

Figura 1.12  –  Tipos de escalas gráficas. Disponível em: <http://mapotecadigital.blogspot.


com.br/2012/04/escala.html.

ATIVIDADES
01. Cesgranrio-RJ, 2001 (Cargo: Arquiteto da Petrobras) De acordo com a NBR 13532:1995
– Elaboração de projetos de edificações – Arquitetura, são etapas sequenciais de execução
da atividade técnica do projeto de arquitetura:

Atenção: Erros decorrentes da leitura de escalas


Quando falamos em fazer leitura em mapas, devemos sempre ver qual a precisão
de leitura que consigo em função da escala. Por exemplo, ao fazer a leitura em uma
planta na escala 1:20, uma diferença de leitura de 1 milímetro não vai causar tanta
diferença na medição final. No entanto, em um mapa na escala 1:50.000, um milíme-
tro lido a mais aumentaria a medição em 50 metros. Adota-se então como parâmetro
para determinar a precisão gráfica de um mapa a menor grandeza de medida no
terreno possível de ser representada na escala escolhida. Para efeito prático, con-
vencionou-se que a medida gráfica a ser adotada como erro admissível corresponde
à acuidade visual do ser humano, ou seja, 1/5 mm ou 0,2 mm. Assim, um mapa que
esteja na escala 1:25.000 geraria a indefinição de objetos menores que 5 metros,
tornando esses elementos nessa escala como não representáveis.

42 • capítulo 1
a) estudo preliminar, programa de necessidades, levantamento de dados, estudo de viabili-
dade, projeto básico, anteprojeto, projeto legal e projeto para execução.
b) projeto legal, estudo de viabilidade, levantamento, programa de necessidades, projeto
básico, projeto para execução, estudo preliminar e anteprojeto.
c) levantamento de dados, estudo de viabilidade, projeto legal, programa de necessidades,
anteprojeto, estudo preliminar, projeto básico e projeto para execução.
d) levantamento de dados, programa de necessidades, estudo de viabilidade, estudo preli-
minar, anteprojeto, projeto legal, projeto básico e projeto para execução.
e) anteprojeto, estudo preliminar, levantamento de dados, programa de necessidades, estu-
do de viabilidade, projeto básico, projeto legal e projeto para execução.

02. IADES, 2014 (Cargo: Arquiteto do CAU-RJ) A NBR 13532 prevê oito etapas sequen-
ciais na execução da atividade técnica do projeto de arquitetura. A esse respeito, é correto
afirmar que a primeira e a última etapa relacionadas nessa norma são, respectivamente, o
a) programa de necessidades de arquitetura (PN-ARQ) e o projeto básico de arquitetura (PB-ARQ).
b) estudo de viabilidade de arquitetura (EV-ARQ) e o projeto legal de arquitetura (PL-ARQ).
c) anteprojeto de arquitetura (AP-ARQ) ou de pré-execução (PR-ARQ) e o projeto legal de
arquitetura (PL-ARQ).
d) levantamento de dados para arquitetura (LV-ARQ) e o projeto para execução de arqui-
tetura (PE-ARQ).
e) estudo preliminar de arquitetura (EP-ARQ) e o projeto para execução de arquitetura (PE-ARQ).

REFLEXÃO
Este capítulo abordou a importância de, antes de se iniciar o projeto de arquitetura propria-
mente dito, obter uma quantidade de dados e informações para que não haja surpresas no
decorrer do projeto ou da obra. Em países como Alemanha e Japão, os prazos de projeto
exigem entre 30% e 40% do tempo a ser despendido com a execução da obra; no Brasil,
essa relação chega a ser inferior a 10%. Os países desenvolvidos respeitam essas etapas
da arquitetura e da engenharia e sabem que os projetos contratados pela melhor solução
técnica garantem qualidade e execução nos custos e nos prazos previstos.
O projeto tem também a função de controle de custos. Nas fases iniciais, as intervenções na
concepção são altas, e os custos para se fazerem alterações são baixos. O projeto prevê e direciona
como, quando e por quem as operações serão realizadas. Com o estudo do projeto de construção
da obra, as previsões são mais precisas, o processo pode ser otimizado, e o bom resultado tem
maior garantia.

capítulo 1 • 43
100%
Possibilidade
de interferência

Custo acumulado
de produção

Estudo Concepção Projeto Construção Tempo


de via- do projeto
bilidade
Decisão Decisão
do cliente do cliente
para estudar para
viabilidade construir

Figura 1.13  –  Custo de impacto de mudanças no projeto no tempo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAHIA, Sergio Rodrigues. Elaboração e atualização do código de obras e de edificações. 2 ed
ver. e atual. por Ricardo Moraes. Rio de Janeiro: IBAM/ DUMA/ ELETROBRAS/ PROCEL, 2012.
CATTANI, Airton. Arquitetura e representação gráfica: considerações históricas e aspectos práticos.
Arquitexto 9, 2006. p. 110-123. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/propar/publicacoes/ARQtextos/
PDFs_revista_9/9_Airton%20Cattani.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2016.
GOUVEIA, Anna Paula Silva. O croqui do arquiteto e o ensino do desenho. 1998. Tese (Doutorado
em Estruturas Ambientais Urbanas) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1998. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16131/tde-
03052010-090659/>. Acesso em: 10 mar. 2016.
RIBEIRO, A. C. ; IZIDORO, N. ; PERES, M. P. Leitura e interpretação de desenho técnico. 1. ed.
LORENA: EEL-USP, 2009. v. 1.
SMITH, Kendra Schank. Architect’s Drawings – A selection of Sketches by World Famous Architects
Trough History. Oxford: Elsevier, Architectural Press, 2005.
KOWALTOWSKI, Doris C.C.K.; MOREIRA, Daniel de Carvalho. O programa de necessidades e a
importância de APO no processo de projeto. In: Projetos Complexos e os Impactos na Cidade e na
Paisagem, org.: Mônica Santos Salgado & Paulo Afonso Rheingantz, Editora da UFRJ, Rio de Janeiro,
2012, pp. 160 – 185.

44 • capítulo 1
2
Representações
bidimensionais em
arquitetura
2.  Representações bidimensionais em
arquitetura

Este capítulo dá continuidade ao estudo das representações ortogonais ar-


quitetônicas, iniciado no Capítulo 1, retomando-se alguns conceitos e proce-
dimentos apresentados previamente no livro “Desenho de Arquitetura I” que
compõem os sistemas de representação bidimensional arquitetônicos.

ANOTAÇÕES
•  Revisar as peças gráficas bidimensionais empregadas em Arquitetura e sua relação com
as escalas de desenho;
•  Apresentar os sistemas e materiais utilizados para a vedação vertical das edificações;
•  Ensinar os procedimentos para cálculo e representação de elementos de circulação vertical.

2.1  Planos e elementos verticais

As representações bidimensionais visam à simplificação de objetos tridimen-


sionais presentes em nosso entorno. Tais objetos não se limitam à represen-
tação arquitetônica. Quando vamos visitar uma cidade desconhecida, por
exemplo, é comum termos em mãos o mapa das ruas e dos principais pontos
turísticos para nos orientarmos naquele espaço. Mapas são desenhos esque-
máticos que representam determinada área – no caso, uma cidade, vista de
cima. Podemos representar um objeto visto de cima ou de baixo, de frente ou
por trás, e também de suas laterais. Assim, representar objetos bidimensional-
mente significa representar cada uma de suas faces individualmente, decom-
pondo-o em partes.
De acordo com a NBR 10067/95, em desenho técnico, tais possibilidades de
representação bidimensional recebem o nome de vistas.

46 • capítulo 2
b B
f
d

F C A D
c a

E
e

Figura 2.1  –  Objeto tridimensional e indicação das vistas (faces) que o compõem: a) vista
frontal (a); b) vista superior (b); c) vista lateral esquerda (c); d) vista lateral direita (d); e) vista
inferior (e); f) vista posterior (f). Fonte: ABNT, 1995.

Quando o desenho técnico é voltado para a representação de projetos arqui-


tetônicos, utilizamos termos específicos para identificar cada uma das vistas
do objeto. São eles: plantas, cortes e elevações.

Figura 2.2  –  Indicação de cada uma das vistas de um objeto tridimensional arquitetônico.
Fonte: MONTENEGRO, 1997.

A partir da figura acima, temos indicadas todas as vistas que compõem um


objeto tridimensional arquitetônico. Apenas relembrando: a vista de cima cor-
responde à planta, enquanto as vistas laterais, frontal e posterior correspon-
dem às elevações. É também frequente o emprego do termo fachada, sobre-
tudo para indicar a vista frontal. No entanto, representar um objeto somente a
partir de suas faces externas é insuficiente. Por isso, além das elevações, temos
também os cortes, seções internas longitudinais e transversais.

capítulo 2 • 47
Figura 2.3  –  Projeção axonométrica de um objeto arquitetônico tridimensional e suas res-
pectivas representações ortogonais em corte, planta e elevação. Adaptado de: <http://www.
wikiwand.com/pt/Desenho_arquitet%C3%B4nico>.

Portanto, o objeto arquitetônico é formado por planos horizontais (plan-


ta) e verticais (elevações). A representação desses planos, no entanto, pode ter
diversas finalidades. Uma planta, por exemplo, pode apresentar a situação de
um lote em relação ao quarteirão, a implantação de uma edificação no lote, as
características arquitetônicas internas da edificação e detalhes de seus elemen-
tos construtivos, ou seja, um tipo de peça gráfica poderá ser representado em
diferentes escalas, de acordo com seu propósito no projeto. É importante pro-
duzirmos e organizarmos essas peças como se estivéssemos dando um zoom
no objeto apresentado, mostrando primeiramente a situação do lote em rela-
ção ao entorno, ou seja, ao quarteirão, depois a implantação no lote, ou na área
em questão, e, enfim, a edificação propriamente dita. Lembrando que a apre-
sentação de detalhes técnicos e construtivos somente tem sentido após apre-
sentar a edificação como um todo.

48 • capítulo 2
Situação: Implantação: Edificação: Detalhamentos:
O quarteirão O lote Ambientes internos Elementos de vedação
Ambientes externos Rampas e escadas
Sistema de coberturas
e forros
Sistema de pisos
instalações e equipamentos

Figura 2.4  –  As representações bidimensionais devem seguir uma ordem de raciocínio de


projeto, pensando do macro para o micro: quarteirão – lote – edificação – detalhamentos.

Vamos relembrar, então, como esse raciocínio é aplicado na representação


gráfica dos projetos arquitetônicos:
•  Planta de situação: Representação em plano horizontal do lote em relação ao
quarteirão no qual se insere, indicando-se suas dimensões, a forma dos lotes adja-
centes e as ruas que o delimitam. Para construções de pequeno porte, como residên-
cias unifamiliares, costuma-se adotar a escala de 1:500. Em áreas maiores, essa escala
pode ser reduzida a 1:1000 ou 1:2000, desde que se mantenham legíveis as informa-
ções mínimas acima descritas (dimensões, lotes, quarteirão e ruas). Nas plantas de
situação, não há demarcação da edificação, mas, sim, do lote onde ela será implanta-
da. O lote é demarcado por meio de hachuras que o destacam dos demais, nunca se
esquecendo de indicar a orientação geográfica neste e nos demais desenhos.

destaca a área de projeto, um lote de esquina,


com a respectiva representação da forma dos
lotes adjacentes e a indicação dos nomes das
ruas que delimitam o quarteirão. O quarteirão e
os lotes apresentam numeração de acordo com
o projeto urbanístico do loteamento. É de extre-
ma importância a utilização de simbologias para
indicar a orientação solar, um dos fatores deter-
minantes para definir a implantação do edifício.
Fonte: acervo dos autores.
Figura 2.5  –  Planta de situação, na qual se

•  Planta de implantação: Também chamada de planta de locação, esta


peça gráfica representa a edificação inserida no lote. Ela tem como objetivo a
marcação do perímetro a ser construído no canteiro de obras. Por isso, é de ex-
trema importância que esta planta esteja devidamente cotada para que sejam

capítulo 2 • 49
respeitados afastamentos mínimos em relação às testadas do lote e a máxima
ocupação permitida. Além da área a ser construída, essa planta contém os mu-
ros limítrofes e a(s) calçada(s). Costuma-se adotar a escala de 1:100 ou 1:200.

Figura 2.6  –  Planta de implantação referente a um lote de esquina. São representados


os limites do lote e os muros limítrofes, destacando-se a área construída. Fonte: acervo
dos autores.

ATENÇÃO
É por meio da planta de implantação que podemos calcular a taxa de ocupação (TO) de
determinada construção. A partir do perímetro da edificação, identificamos a área construída.
E, a partir do perímetro do lote, temos a área total dele, como indicado na figura a seguir. A
relação entre a área construída e a área do lote corresponde à TO.

50 • capítulo 2
Exemplo: Em uma edificação com 150 m2 implantada em lote de 300 m2, a TO equivale
a 150/300 = 0,5, ou seja, 50%. (Lembrando que esse cálculo é feito com base na projeção
horizontal da edificação sobre o lote, independentemente da quantidade de pavimentos.)
Isso é importante de ser verificado ainda durante os estudos preliminares, pois existem
restrições construtivas estipuladas para cada uma das zonas em que o Plano Diretor divide
a cidade, dentre elas a definição da taxa máxima de ocupação dos lotes. Assim, o projeto de
uma edificação com TO=0,7 (70%) não será aprovado caso ele esteja locado em uma zona
urbana com TO máxima de 0,6 (60%).

10% 20% 30% 40% 50% 60%

Figura 2.7  –  Projeção horizontal da edificação sobre lote a partir da qual é possível obter a
relação entre a área construída e a área do lote. Essa relação é chamada de Taxa de Ocupa-
ção, que é definida pelo Plano Diretor. Disponível em: <http://urbanidades.arq.br/2007/12/
taxa-de-ocupacao-e-coeficiente-de-aproveitamento/>.

•  Planta de cobertura: A planta de cobertura é uma vista superior externa


da edificação, na qual são representados todos os planos de lajes ou telhados,
indicação da torre de caixa d’água, tipo e inclinação da telha, sentido da queda
de água, locação dos rufos, calhas, cumeeiras, águas-furtadas, espigões e bei-
rais. No caso de construções com beirais, o perímetro da edificação é indica-
do com linha tracejada sobre o plano de cobertura. Em plantas de cobertura
costuma-se adotar a mesma escala de desenho da planta-baixa, que será apre-
sentada a seguir, em geral, 1:50 ou 1:75. No entanto, em coberturas de menor
complexidade, pode-se adotar a escala de 1:100, desde que seus elementos
compositivos estejam legíveis e contendo as informações mínimas necessárias
para a correta execução da cobertura.

capítulo 2 • 51
Figura 2.8  –  Planta de cobertura de uma edificação com telhado embutido em platibanda.
São indicados o tipo de telha, o sentido da queda d’água, a inclinação da telha, rufos, calhas
e caixas dá água. Fonte: acervo dos autores.

•  Planta baixa: De acordo com Montenegro (1997), a planta baixa é a repre-


sentação do plano horizontal que corta uma edificação entre 1,20 m e 1,50 m
de altura, admitindo-se a remoção da parte superior para visualização apenas
do que está abaixo. Na planta baixa são representados os elementos de vedação
vertical (paredes de alvenaria, de madeira, de gesso etc.), as esquadrias (portas
e janelas), as escadas, as rampas, bem como as respectivas cotas lineares, as
cotas de nível e todos os demais elementos arquitetônicos. Elementos proje-
tados acima da linha horizontal de corte são representados por meio de linhas
tracejadas, como é o caso dos beirais. Por conter uma quantidade grande de
informações gráficas, a planta-baixa, geralmente, é feita na escala 1:75 ou 1:50.

52 • capítulo 2
Figura 2.9  –  Planta baixa de residência com a representação dos elementos de alvenaria,
esquadrias e pisos e as respectivas cotas. É extremamente importante que sejam indicados
os locais e a direção dos cortes. Neste caso, utilizou-se um sistema de hachuras para dife-
renciar áreas gramadas de áreas de piso impermeáveis e outro para destacar as paredes de
alvenaria. A norma regulamenta apenas os elementos mínimos exigíveis em desenho, mas
não existe uma regra universal para a representação gráfica, ficando livre a linguagem ado-
tada por cada arquiteto. Fonte: acervo dos autores.

•  Planta de layout: Derivada da planta baixa, a planta de layout não costu-


ma apresentar cotas gerais, constando, no máximo, as cotas internas dos am-
bientes. Trata-se de uma planta voltada para o estudo da disposição adequada
do mobiliário, definindo-se áreas de permanência e de circulação. Obviamente
que existe um grau de flexibilidade no posicionamento dos móveis; no entan-
to, em função das atividades previstas para cada ambiente, é possível prever
os pontos elétricos (tomadas e interruptores) e os pontos de iluminação, bem
como o cálculo do índice de iluminância necessário. Assim sendo, a planta de
layout é a base para o projeto luminotécnico e o projeto elétrico. Ela pode ser re-
presentada na mesma escala da planta baixa, mas é aceitável sua representação
em escalas menores, como 1:75 ou 1:100.

capítulo 2 • 53
Figura 2.10  –  Planta de layout da mesma residência apresentada em planta baixa ante-
riormente. Note que, para apresentação do mobiliário, foram suprimidas as cotas gerais e as
cotas de nível, de modo a tornar o desenho mais claro. Fonte: acervo dos autores.

•  Cortes: São seções verticais internas da edificação. Os cortes podem ser


transversais ou longitudinais e devem ser sempre indicados na planta baixa e
na planta de cobertura. Eles apresentam informações que não são possíveis de
serem mostradas em planta, como a altura do pé-direito, do peitoril, das portas,
dos muros etc. Por isso somente são utilizadas cotas verticais. A escala dos cor-
tes é a mesma utilizada na planta baixa.

Figura 2.11  –  Corte de uma edificação no qual são representados e cotados elementos
presentes nos planos verticais e que não conseguimos enxergar em planta. Fonte: acervo
dos autores.

54 • capítulo 2
•  Elevações: As elevações, ou fachadas, são projeções ortogonais, verticais
e externas de uma edificação, nas quais são representados os elementos cons-
trutivos e indicados, através de linhas de chamada, os materiais de acabamen-
to. Elevações não são cotadas. No entanto, são desenhadas na mesma escala da
planta baixa.

Figura 2.12  –  Fachada de uma edificação na qual são representados os elementos cons-
trutivos e os respectivos materiais de acabamento. Fonte: acervo dos autores.

Uma vez dispondo de plantas, cortes e elevações, podemos partir para o de-
senho bidimensional dos elementos construtivos necessários à representação
global da edificação com vistas à correta execução. O projeto é aquilo que está
desenhado. Lembre-se de que é mais fácil resolver problemas construtivos em
desenho do que no canteiro de obras, evitando-se desperdícios e retrabalhos.
Plantas, cortes e fachadas são peças gráficas utilizadas para representar os
planos horizontais e verticais que compõem um edifício, seja o edifício como
um todo ou suas pequenas unidades. Podemos entender o edifício como um
grande sistema, no qual existem subsistemas interdependentes, que abrangem
desde a estrutura até os mínimos detalhes de acabamento. Quem define todos
esses subsistemas é o arquiteto. Como estrutura didática, organizamos os sub-
sistemas construtivos em: elementos de vedação vertical, rampas e escadas, sis-
temas de coberturas e forros, sistemas de pisos e instalações e equipamentos.

2.2  Elementos de vedação vertical

O termo “vedação vertical” refere-se aos planos que fecham e delimitam deter-
minada edificação. Temos o hábito de nos referirmos a esses planos apenas
como parede, mas existe uma série de outros subsistemas de vedação que não

capítulo 2 • 55
necessariamente implicam no emprego de alvenaria e argamassa. As constru-
ções japonesas são um belo exemplo das possibilidades de utilizar materiais
como o papel para a vedação de espaços internos.
Podemos dividir o subsistema vedações verticais em quatro grupos: paredes au-
toportantes, paredes de vedação, sistemas de painéis compostos estruturais e sis-
temas de painéis compostos não estruturais. A resistência estrutural de um siste-
ma de vedação tem relação direta com o material empregado para sua construção.
Assim, para cada tipo de material, teremos um sistema representativo diferente.

2.2.1  Paredes autoportantes

Paredes autoportantes são aquelas que, além da vedação, têm função estrutu-
ral, ou seja, são resistentes à compressão. Um dos mais antigos sistemas de
parede autoportantes utilizados no Brasil é a taipa de pilão, técnica na qual o
barro é apiloado dentre fôrmas de madeira. No cenário atual da construção civil
brasileira, as paredes de alvenaria e de concreto são as mais comuns.

2.2.1.1  Paredes de alvenaria


É frequente o uso do termo alvenaria estrutural para se referir às paredes auto-
portantes de alvenaria. A alvenaria pode ser de blocos cerâmicos, de concreto ou
de pedras. Independentemente do material, seu princípio construtivo se baseia
na união desses blocos com argamassa, o que garante a estabilidade da estrutura.

ATENÇÃO
Projetos que adotam esse tipo de estrutura/vedação exigem um processo racionalizado que decorre
das próprias características físicas dos blocos empregados. Não se pode, por exemplo, cortar os blo-
cos para adequá-los às medidas de cada ambiente. Na verdade, os ambientes é que devem ser mo-
dulados de acordo com as medidas dos blocos. Reformas em paredes de alvenaria estrutural podem
comprometer a segurança de toda a edificação. A norma que padroniza projetos em alvenaria estru-
tural de blocos de concreto é a NBR 15961/2001, e de blocos cerâmicos é a NBR 15270/2005.

Projetos arquitetônicos que adotam alvenaria estrutural apresentam sistemas


representativos bastante particulares, pois as paredes são desenhadas bloco a blo-
co, como ilustram a figura e o detalhe abaixo. As dimensões do módulo depende-
rão do tipo de bloco a ser empregado (cerâmico ou concreto) e da função estrutural.

56 • capítulo 2
Tabela 2.1  –  Tipos de blocos estruturais de concreto. Disponível em: <http://www.
tatu.com.br/>.

19 19 19 19
29
14 14 14 14
Bloco Bloco e meio Meio bloco Bloco para
(14x19x29) (14x19x44) (14x19x14) saída de tubulação
(14x19x29)
9 10

19 19 19

14 14 14
Canaleta “U” ½ Canaleta Canaleta “J”
(Vergas) (Vergas) (Pingadeiras)
(14x19x30) (14x19x15) (Contra - Vergas)
(14x19/15x30)

Figura 2.13  –  Tipos de blocos estruturais de cerâmica. Disponível em: <http://pedreirao.


com.br/alvenarias-e-reboco/conceitos-de-alvenaria-estrutural-passo-a-passo/>.

A seguir, apresentamos um projeto representado de acordo com os módu-


los dos blocos de concreto, em planta, vista e corte:

capítulo 2 • 57
Figura 2.14  –  Representação em planta de uma edificação de alvenaria estrutural de blo-
cos de concreto. Disponível em: <http://www.multiplus.com/software/pro-alvenaria>.

Figura 2.15  –  1. Vista e corte do sistema de amarração dos blocos. 2. Modelo tridimensional
de toda a edificação e cada um dos blocos que a compõem. Disponível em: <http://www.
multiplus.com/software/pro-alvenaria>.

A seguir, temos um projeto que faz uso de um sistema misto de alvenaria


autoportante e de vedação, cuja representação gráfica (azul e laranja) indica os
diferentes tipos de blocos empregados. Cada uma das paredes da edificação é
desenhada individualmente em vista, de modo a mostrar toda as fiadas de blo-
cos, nas quais são mostrados os locais de passagem de eletrodutos e tubulação
hidráulica. Em planta e em vista, os blocos são representados um a um, fiada
por fiada. Por isso, é preciso definir qual(is) tipo(s) de bloco serão utilizados
no projeto, considerando, inclusive, a especificidade de emprego de cada um

58 • capítulo 2
deles, para que as dimensões e as propriedades estruturais possam ser devida-
mente representadas.
Seta apontada para a parede com número em cima
Cota acumulada em relação aos eixos de referência O X e o Y as margens
da folha indicam à
O posicionamento das paredes se dá a partir da cota de referência
face, com indicação da distância que devem ficar
com relação ao eixo principal

2a fiada
Cotas de transferência Blocos azuis Blocos laranjas
Indicam o tamanho dos São as paredes Paredes de vedação feitas com
ambientes e servem como estruturais blocos sem função estrutural.
gabarito de verificação Podem ser derrubadas no caso
das medidas de reformas

Figura 2.16  –  Planta arquitetônica de edificação em alvenaria estrutural de blocos de con-


creto. Disponível em: <http://equipedeobra.pini.com.br/construcao-reforma/59/alvenaria
-estrutural-para-auxiliar-na-execucao-projeto-precisa-detalhar-284540-1.aspx>.

capítulo 2 • 59
Apesar de menos frequentes hoje em dia no Brasil, a alvenaria de pedras
também pode ser empregada em sistemas de paredes autoportantes. Além de
uma variação no tipo de assentamento, há uma variedade enorme no formato
das pedras, que podem ser irregulares ou aparelhadas.

Assentamento Assentamento Assentamento


irregular irregular em fiadas quadriculado

Assentamento Assentamento Assentamento


quadriculado em aparelhado poligonal
fiadas

Figura 2.17  –  Diferentes tipos de assentamento de alvenaria de pedras Disponível em:


<http://www.teara.govt.nz/en/diagram/8066/rubble-construction>.

Os mesmos tipos de padrão de assentamento de pedras utilizados em pa-


redes autoportantes também podem ser reproduzidos em paredes de revesti-
mento, havendo nestas mais possibilidades compositivas, uma vez que os blo-
cos ou lascas de pedra não têm função estrutural, apenas decorativa.

2.2.1.2  Paredes de concreto


As paredes de concreto são moldadas in loco. Ao contrário da alvenaria, que é
composta por diversos blocos, paredes em concreto são elementos estruturais
e de vedação homogêneos. Antes da moldagem, as fôrmas, geralmente de ma-
deira, são montadas e estruturadas por meio de montantes e travessas. O con-
creto é então despejado no interior das fôrmas, que, depois do tempo de cura,
são removidas, permanecendo apenas os montantes e travessas. Portanto, ao
se optar por esse sistema estrutural, o projeto de fôrmas assume preponderân-
cia para o controle de qualidade e precisão no canteiro de obras.

60 • capítulo 2
Espessura da parede
de concreto

Formas de madeira
removiveis

Formas de madeira Travessas de madeira


removiveis

Concreto Montantes de madeira

Laje em concreto
Montantes de madeira

Figura 2.18  –  Representação em planta e em corte de paredes de concreto molda-


das in loco. Adaptado de: <http://publicecodes.cyberregs.com/icod/irc/2012/icod_
irc_2012_6_sec011.htm>.

Após moldado o concreto, as fôrmas são retiradas e o material pode fi-


car aparente ou ser revestido. De acordo com Ching (2001), o concreto pode
ter diferentes padrões e texturas que variam de acordo com seus ingredientes
(composição granulométrica dos agregados), com o tipo de fôrma empregado
(fôrmas lisas, jateadas com areia ou escovadas com escova de aço) e com o tra-
tamento superficial feito após a consolidação do material (pintura, jateamento
com areia, esfregada ou polida).

Figura 2.19  –  Representação em vista dos tipos de texturas produzidas no concreto a partir
da variação da granulometria do agregado. Fonte: CHING, 2001.

capítulo 2 • 61
Agregado fino e exposto Agregado grosso e exposto

Agregado fino e exposto Agregado grosso e exposto

Figura 2.20  –  Representação em vista dos tipos de texturas produzidas no concreto a partir
da variação das fôrmas utilizadas para moldagem in loco. Fonte: CHING, 2001.

2.2.2  Paredes de vedação

As paredes de vedação são utilizadas em construções que empregam estruturas


do tipo pilar-viga em aço, concreto ou madeira. No Brasil, os tijolos cerâmicos
são os mais utilizados para vedações externas e internas. Diferenciam-se, so-
bretudo, pelo sistema de assentamento dos blocos. Em geral, tais superfícies
são rebocadas e pintadas, mas também é possível deixá-las aparentes, ressal-
tando os padrões chamados de brickwork.

62 • capítulo 2
Ajuste Corrente (½ Tijolo) Ajuste Corrente (Um Tijolo)

Ajuste Francês Vista em Planta (Ajuste Francês)

Ajuste Inglês ou Gótico Vista em Planta (Ajuste Inglês)

Figura 2.21  –  Representação em vista e em planta de tipos de assentamento de blocos ce-


râmicos. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAASOkAD/engenharia-
civil-apostila-alvenaria>.

Existe ainda a alvenaria de vedação executada com blocos de concreto, que,


assim como a alvenaria cerâmica, pode ser revestida, rebocada e pintada.

Figura 2.22  –  Tipos de bloco de concreto utilizados para vedação vertical. Disponível em:
<http://www.tatu.com.br/>.

capítulo 2 • 63
2.2.3  Sistemas de painéis compostos

Os sistemas de painéis compostos podem ser de dois tipos: aqueles que são
formados por esqueletos estruturais preenchidos com painéis de vedação e os
que são somente de vedação, geralmente empregados em estruturas do tipo pi-
lar-viga. São chamados de compostos porque são constituídos por mais de um
elemento construtivo e, em geral, mais de um material. Assim, temos sistemas
compostos de madeira e aço, gesso e aço, chapas de fibra e madeira, espuma
plástica e madeira e diversos outros sistemas.

2.2.3.1  Esqueletos estruturais


Os sistemas de construção do tipo esqueleto estrutural mais comuns são o
baloon framing (atualmente substituída pelo wood framing) e o steel framing.
Ambos se baseiam no princípio de um sistema estrutural leve, formado por per-
fis de madeira ou de aço, respectivamente, e subsistemas de fechamento. Os
painéis são, ao mesmo tempo, autoportantes e de vedação.

Figura 2.23  –  Comparação entre o sistema baloon framing, executado com montantes de
madeira. Disponível em: <http://www.greenbuildingadvisor.com>

64 • capítulo 2
.
Figura 2.24  –  E o sistema steel framing, cujo esqueleto é composto por perfis de aço. Dis-
ponível em: <http://www.forumdaconstrucao.com.br>.

Cada tipo de perfil, dentro do mesmo sistema, tem características estrutu-


rais específicas, de modo que o espaçamento entre eles deve obedecer a essas
características e às cargas previstas no cálculo estrutural. A combinação de dois
ou mais perfis também pode ser feita para reforçar pontos críticos da estrutura,
como as quinas.

Espaço Espaço
para vedação para vedação
Montante de Perfis metálicos
Madeira
Montantes de Combinação de
Madeira para quinas perfis metálicos
para quinas

Figura 2.25  –  Montantes de madeira e perfis de aço representados em planta. Disponível em:
<http://www.carb-swa.com/6c1de073-a5e6-4fdd-a128-b2a2bfee9134/download.htm>.

capítulo 2 • 65
A seguir, apresentamos o projeto de uma edícula executada em steel fra-
ming, utilizando-se painéis de fechamento cimentícios.
Corte A-A

Montante 90 Placa Cimentícia


Impermeabilizada
Placa Cimentícia 8 mm
Impermeabilizada
10 mm

Barreira de água
e vento Tyvek®
HomeWrap®

Banda acústica
Contrapiso
nivelado

30 mm

100 mm
Terreno

Planta de forma

Planta baixa

2910 mm
3000 mm
PEX 3

PEX 4

PEX 5

PEX 6
Parede Quarto Área de serviço
existente
A A Banho
3000 mm

VIGA

90 mm
2400 mm 2400 mm 1200 mm 2400 mm 1200 mm
3040 mm
PEX 1 PEX 2
6000 mm
Obs.: PEX = Painel estrutural
PEX 1

10 mm PEX 3 e 6

PEX 2

2020 mm 380
280
mm 920 mm
mm
230
mm

650 mm
1240 mm
2150 mm

1500 mm
910 mm

400 280 400 400 300 380 280 400 400 400 400 400 400 510
840 mm
mm mm mm mm mm mm mm 80 mm mm mm mm mm mm mm mm
1200 mm
120 120 2910 mm
mm mm
2400 mm

Figura 2.26  –  Representação em planta e vista de um projeto a ser executado em steel


framing. Disponível em: <http://www.brasilit.com.br/pdf/take-one-guia-de-reformas.pdf>.

66 • capítulo 2
Os painéis de vedação são fixados sobre os perfis e podem ser de madeira,
gesso acartonado, chapa de fibra aglomerada, espuma plástica rígida, placas
galvanizadas, OSB, dentre outras opções pré-fabricadas.

Figura 2.27  –  Tipos de painéis de vedação fixados sobre wood framing. Fonte: CHING, 2001.

capítulo 2 • 67
2.2.3.2  Painéis de vedação
Ao contrário dos sistemas de esqueletos estruturais, os painéis de vedação fun-
cionam independentemente da estrutura. Os perfis utilizados têm função ape-
nas de sustentar os painéis, e não a edificação como um todo. Trata-se de perfis
mais leves e com seções menores. Alguns painéis podem vir prontos de fábrica
ou serem montados in loco.

Figura 2.28  –  À esquerda, painéis de compensado de madeira. À direita, pranchas de ma-


deira maciça usadas para vedação. Abaixo, padrões de revestimento de painéis de compen-
sado. Fonte: CHING, 2001.

São muito comuns, para ambientes internos, as vedações de gesso acar-


tonado, conhecidas como dry wall. Já para as vedações externas, nos Estados
Unidos, por exemplo, é bastante comum o uso de telhas tipo shingle ou ainda
de pranchas de madeira sobrepostas.

68 • capítulo 2
Cantoneira ou fita
Guia para cantos

Montante

Guia
1 Chapa Knauf
12,5mm
Parafuso autoperfurante
TA 3,5x25mm Parafuso autoperfurante
TA 3,5x25mm
Montante
Fita para juntas
1 Chapa Knauf
12,5mm Massa para tratamento de junta
Parafuso
autoperfurante
TA 3,5x25mm

Isolamento com
lã mineral (opcional)

Figura 2.29  –  Representação de sistema dry wall, que consiste de painéis de gesso acarto-
nado fixados sobre perfis de alumínio. Disponível em: <www.astrondrywall.com.br>.

Figura 2.30  –  Representação de sistema de vedação externa feito com telhas shingle fixa-
das sobre compensados de fibra. Fonte: CHING, 2001.

capítulo 2 • 69
Figura 2.31  –  Representação de sistema de vedação externa feito com pranchas de madei-
ra sobrepostas. Fonte: CHING, 2001.

Existe ainda uma infinidade de possibilidades no mercado para vedar am-


bientes. A grande vantagem dos sistemas de vedação é que eles são indepen-
dentes da estrutura principal do edifício e, por isso o arquiteto fica livre para
escolher aqueles que melhor se adaptam ao seu projeto. Há um bom espaço
para desenvolver a criatividade!

Figura 2.32  –  Casa projetada pelo arquiteto Shigeru Ban, em Tóquio, cuja vedação é feita
por cortinas. Disponível em: <https://es.wikiarquitectura.com>.

70 • capítulo 2
2.3  Rampas e escadas

Muitas vezes, em uma área edificada, por motivos de custo do terreno, estéti-
cos, topográficos ou por motivos de ocupação, somos obrigados a aproveitar a
área sobrepondo diversos pavimentos ou criando diferentes níveis dentro da
edificação. Qualquer que seja o motivo de não trabalhar com apenas um nível
ou um pavimento em uma edificação, cria-se a necessidade de se fazer a circu-
lação vertical.

Figura 2.33  –  Edificação com diversos níveis, em razão das condições topográficas locais.
Disponível em: <http://pro.casa.abril.com.br/photo/maquete-581>.

A circulação vertical é uma construção projetada para ligar dois ou mais


pavimentos ou desníveis, dividindo uma grande distância vertical em distân-
cias verticais menores, sendo formada por rampas ou degraus, no caso de es-
cadas. Para edificações com mais de 3 pavimentos acima do térreo, obriga-se o
uso de elevadores e, caso tenha mais de 7 pavimentos acima do térreo, obriga-se
o uso de dois elevadores. Neste capítulo não abordaremos o uso de elevadores,
sendo que a circulação vertical aqui abordada será apenas de rampas e escadas.
A circulação vertical muitas vezes dificulta a mobilidade de pessoas com ne-
cessidades especiais. Toda vez que saímos de uma cota para ir a outra cota di-
ferente, temos um maior gasto de energia e atenção. Muito se tem falado sobre
acessibilidade e inclusão social, porém a adaptação das edificações às normas

capítulo 2 • 71
de acessibilidade ainda não tem sido feita, em muitos casos, de forma correta.
A norma que rege as condições de acessibilidade é a NBR 9050. Nela encon-
tramos as orientações para o acesso universal a portadores de necessidades vi-
suais, físicas ou auditivas, além de pessoas com mobilidade reduzida.

2.3.1  Rampas

A rampa é uma superfície inclinada que constitui, dentro ou fora dos edifícios,
elemento de circulação vertical. Substituindo a escada tradicional, exige, no en-
tanto, um espaço muito maior para seu desenvolvimento. Para pedestres, sua
inclinação máxima tolerável é de 15%. Inclinações maiores são possíveis nos
acessos a garagens.
As rampas devem ter largura mínima de 90 cm (noventa centímetros) e pas-
sagem com altura mínima nunca inferior a 2,00 m (dois metros), salvo disposi-
ção contrária existente em norma técnica. As escadas e rampas de uso comum
ou coletivo e as escadas de incêndio devem ser dotadas de corrimão e obedecer
às exigências contidas na NBR 9077. Em caso de uso secundário ou eventual,
será permitida a redução de sua largura até o mínimo de 60 cm (sessenta cen-
tímetros). O elevador em uma edificação não dispensa a construção de escada
ou rampa.

Figura 2.34  –  Comparativo entre uma rampa e uma escada. Disponível em: <http://
ensinandodesenho.blogspot.com.br/2012/10/escada-rampa-elevador.html>.

72 • capítulo 2
As edificações multifamiliares com acesso comum deverão, obrigatoria-
mente, ter acesso especial em rampa para uso de cadeirantes com largura mí-
nima de 1,20 m e inclinação máxima de 12,5% (1:8). Esta rampa deverá dar aces-
so direto ao corredor ou circulação principal e, caso haja elevador, ao hall do
pavimento de acesso.
As rampas poderão substituir as escadas enclausuradas desde que sejam
cumpridos os mesmos requisitos aplicáveis à escada. Elas devem, ainda, ter
inclinação de no máximo 12% e apresentar o piso revestido de material anti-
derrapante e ser providas de corrimão. As rampas destinadas ao acesso de veí-
culos às garagens em subsolo ou pavimento elevado obedecerão aos seguin-
tes parâmetros:
•  Ter inclinação máxima de 25%, devendo sempre existir um trecho hori-
zontal de 6,00 m no mínimo entre dois lances de rampa e na parte final de che-
gada delas;
•  Ter largura mínima de 2,50 m quando construídas em linha reta e 3,00 m
quando em curva, cujo raio mínimo deverá ser de 5,50 m.

As rampas para acesso a subsolo ou pavimento elevado deverão ter início


no mínimo 2,00 m para o interior da linha limite de afastamento frontal, sendo
para este efeito considerado um limite máximo de 3,00 m para a medida do
"afastamento".
Para calcular uma rampa, é necessário entender seus componentes básicos:

Figura 2.35  –  Componentes de uma rampa. Disponível em: <http://slideplayer.com.br/


slide/1247558>.

capítulo 2 • 73
1. Rampa: largura mínima 1,20 m; inclinação longitudinal conforme per-
curso; inclinação transversal máxima 2%.
2. Patamar no início e ao final de cada segmento de rampa: medindo no
mínimo 1,20 m na direção do movimento.
3. Corrimão: instalados nos dois lados da rampa; de material rígido; fir-
memente fixado às paredes. O corrimão deverá permitir boa empunhadura e
será instalado em duas alturas (0,70 m e 0,92 m do piso), prolongando-se pelo
menos 0,30 m antes do início e após o término da rampa, sem interferir nas
áreas de circulação.
4. Piso início/término segmento rampa: faixa com textura diferenciada
(mínima 28 cm) ocupando toda a largura da rampa.

Obs.: Piso - revestimento antiderrapante sob qualquer situação, seca ou


molhada. Quando revestido com forração, esta deverá ser fixada perfeitamente
à superfície.
Para uma rampa padrão, temos as seguintes peças gráficas:
i i

i i

1,50 C 1,50 C 1,50


Vista superior

Inclinação Guia de
0,05 min.

h transversal ≤ 2% balizamento
h
h L
h 1,20 mín.
h 1,50 Recomendado
Vista lateral

Figura 2.36  –  Peças gráficas utilizadas para representar uma rampa de acordo com a NBR
9050. Fonte: ABNT, 2004.

Para o dimensionamento dos elementos da rampa, seguimos estas tabelas:

DIMENSIONAMENTO DE RAMPAS
Inclinação admissível em cada Desníveis máximos de cada
segmento da rampa segmento de rampa Número máximo de segmentos
i h de rampa
% m
5,00 (1:20) 1,50 Sem limite
5,00 (1:20) < i ≤ 6,25 (1:26) 1,00 Sem limite
6,25 (1:26) < i ≤ 8,33 (1:12) 0.80 15

74 • capítulo 2
DIMENSIONAMENTO DE RAMPAS PARA SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS
Inclinação admissível em cada Desníveis máximos de cada
segmento da rampa segmento de rampa Número máximo de segmentos
i h de rampa
% m
8,33 (1:12) ≤ i < 10,00 (1:10) 0,20 4
10,00 (1:10) ≤ i ≤ 12,5 (1:8) 0.075 1

Tabela 2.2  –  Fonte: NBR 9050 - ABNT.

Para o cálculo da rampa, devemos seguir este passo a passo:


1. Calcula-se o desnível a ser vencido.
2. Determina-se a inclinação a ser adotada na rampa, respeitando a tabela
da norma.
3. Calcula-se o comprimento da rampa seguindo a fórmula:

Em que: i = inclinação da rampa


100 h
i= h= altura do desnível
c
c= comprimento da projeção horizontal
h
22 cm

Inclinação
transversal
97 cm
75 cm

máxima = 2%
1,20 m

Sobe
L (mínimo 1,20) Patamar Patamar

Piso Piso tátil


Sobe
1,20 m

tátil largura mín = 28 cm

30 cm c (comprimento) mín 1,20

Figura 2.37  –  Rampa apropriada para pessoas com necessidades especiais. Disponível em:
<http://www.aquipode.com/aquipode-cadeirante/manual-acessibilidade-II>.

capítulo 2 • 75
Para as rampas em curva, a inclinação máxima admissível é de 8,33% (1:12),
e o raio mínimo é de 3,00 m, medido no perímetro interno à curva, conforme
figura a seguir.

Figura 2.38  –  Rampa em curva de acordo com a NBR 9050. (Fonte: ABNT, 2004)

No início e no término da rampa, devem ser previstos patamares com di-


mensão longitudinal mínima recomendável de 1,50 m, sendo o mínimo admis-
sível 1,20 m, além da área de circulação adjacente. Os patamares situados em
mudanças de direção devem ter dimensões iguais à largura da rampa.

Área de
circulação
adjacente

1,20 mín. Patamar


1,50 recomendado

1,20 mín. 1,20 mín.


1,50 recomendado 1,50 recomendado
1,20
mín.

Figura 2.39  –  Patamares para rampas. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/Ministerio_


Publico_Santa_Catarina/cartilha-de-bolso-acessibilidade>

76 • capítulo 2
2.3.2 Escadas

As escadas constituem um meio de circulação vertical não mecânico que per-


mite a ligação entre planos de níveis diferentes. É o tipo mais comum de cir-
culação vertical, por ser mais compacta que a rampa e mais econômica que o
elevador. Apesar da simplicidade de execução, deve ser calculada de modo ade-
quado, a fim de propiciar o maior conforto possível ao usuário.
Existem diversas soluções econômicas para escadas de uso em ambientes
interiores. Um material muito barato é o metal, que pode originar escadas em
diversos formatos. Provavelmente a opção mais barata no mercado brasileiro
sejam as escadas helicoidais (“carrossel”) feitas em metalon. Estas têm-se mos-
trado uma solução barata para ambientes pequenos ou que necessitem de um
bom aproveitamento de espaço.
O tipo e a quantidade de material utilizado influenciam de forma significa-
tiva no custo da construção. Para casas de alvenaria, a solução mais comum e
de fácil integração com o ambiente são as escadas em alvenaria, sejam elas re-
tas ou com lances adjacentes. As escadas de alvenaria podem ser revestidas por
diversos materiais de acabamento, como madeira, granito, mármore e, mais
recentemente, tem sido comum também o uso de porcelanatos, tanto para o
revestimento dos espelhos quanto das bases do piso.
Escadas podem ser retas, tipo “U”, helicoidal (caracol), escada de marinhei-
ro com guarda, escada Santos Dumont ou apenas podem consistir de duas ou
mais peças retas conectadas em ângulos.

ESCADA COM DUAS OU MAIS PEÇAS


ESCADA RETA ESCADA TIPO U
RETAS CONECTADAS EM ÂNGULOS

capítulo 2  • 77
ESCADA DE MARINHEIRO COM
ESCADA CARACOL ESCADA SANTOS DUMONT
GUARDA

Tabela 2.3 – Outros tipos de escadas.

Os principais elementos de uma escada são:

78 • capítulo 2
Figura 2.40  –  Elementos que compõem uma escada. Disponível em: <http://ensinandode-
senho.blogspot.com.br/2012/10/escada-rampa-elevador.html>.

Degrau: apoio para


os pé em uma subida Piso: superfície horizontal
ou descida. superior do degrau da escada
onde se apoia os pés.

Bocel: bordo de um
degrau que se projeta
além do espelho.

Espelho: face vertical


de um degrau da
escada.

Patamar: topo de uma escadaria, degrau ou plataforma


elevada, aquele que serve de descanso no final de um
lanço de escada, plataforma entre lanços de escadas ou
área do piso situada no pé ou topo de um lanço de escadas.

Lanço: série de degraus entre um piso ou patamar de


uma edificação e o piso ou patamar seguinte.

Corrimão

Bomba: vão interno


de uma escada. Guarda-corpo

Corrimão: 80 ≤ h ≤ 92 3 à 4 cm mín. = 4 cm
Guarda corpo:
h mínimo = 1,05 m - escadas coletivas
h mínimo = 0,92 m - escadas privativas

Vista superior Vista lateral

Nos projetos de escadas, é necessário examinar a altura livre de passagem.


Trata-se da distância, medida na vertical, entre o piso do degrau e o teto, ou
seja, a laje intermediária entre um pavimento e o outro. Esta altura nunca deve
ser inferior a 2,00 m.

capítulo 2 • 79
Figura 2.41  –  Altura livre de passagem para escada. Fonte: desenho do autor.

As escadas são obrigatoriamente representadas nos cortes e na planta de


cada um dos pavimentos. Indicar sempre na planta, com uma seta, a direção
de subida da escada. Representar também, na planta do pavimento de onde
parte a escada, apenas quatro ou cinco degraus com traço cheio, pois se obtém
a planta por uma seção feita cerca de 1,2m. Os degraus acima da seção devem
ser tracejados pois estão em projeção, acima desta altura.

Figura 2.42  –  1. Representação de escada em planta do pavimento térreo, no qual o lanço


superior é representado com linha tracejada, e a seta indica a direção de subida. 2. Repre-
sentação da mesma escada em planta do pavimento superior, no qual os degraus dos dois
lanços são desenhados com traço cheio, e a seta indica o sentido de descida. Fonte: desenho
do autor.

80 • capítulo 2
As escadas e as rampas de uso comum ou coletivo e as escadas de incêndio
devem ser dotadas de corrimão e obedecer às exigências contidas nas NBR 9077
e NBR 6120. Em caso de uso secundário ou eventual, será permitida a redução
de sua largura até o mínimo de 60 cm (sessenta centímetros).
Nas escadas com mais de 19 (dezenove) degraus, será obrigatório intercalar
um patamar, com a profundidade mínima igual à largura da escada. As escadas
deverão ter as seguintes larguras mínimas úteis: 0,90 m em edifícios residen-
ciais unifamiliares; 1,20 m em edifícios residenciais com até três pavimentos;
1,50 m em edifícios de mais de três pavimentos, destinados a locais de reunião
com capacidade de até 150 (cento e cinquenta) pessoas. As escadas deverão
ter as seguintes alturas de espelho: 0,18 m em escadas internas e 0,15 m em
escadas externas. Sempre consulte o Código de Edificações e de Posturas do
Município.
Nas escadas circulares, deverá ficar assegurada uma faixa mínima de 1,20 m
de largura, na qual os pisos dos degraus terão as profundidades mínimas de 20
e 40 cm nos bordos internos e externos, respectivamente.
Os degraus de escadas de uso coletivo não poderão ser balanceados ense-
jando a formação de "leques".
As escadas do tipo "marinheiro", "caracol", ou em "leque" só serão admiti-
das para acessos a torres, adegas, jiraus, casas de máquinas ou entre pisos de
uma mesma unidade residencial.
O cálculo de uma escada deve seguir este roteiro:
1. Calcula-se o desnível a ser vencido.
2. Divide-se o valor do desnível pela altura desejada do espelho, obtendo-
se o número de espelhos. Arredonda-se para um valor inteiro.
3. Divide-se novamente o valor do desnível pelo número de espelhos, ob-
tendo-se a altura real a ser usada no espelho.
4. A partir dessa definição, calcular o tamanho do piso através da Fórmula
de Blondell: 63 ≤ p + 2e ≤ 65 cm
Piso: dimensão entre
h 28 ≤ p ≤32 cm. Espelho: dimensão entre
p Largura da escada: 16 ≤ e ≤ 18 cm.
dimensão mínima = 1,20 m.
Piso
Espelho Patamar: no mínimo 1 patamar a cada 3,20 m de
desnível ou quando houver mudança da direção;
com dimensão igual à largura da escada.

capítulo 2 • 81
Os procedimentos para representação gráfica de escadas são:

•  Etapa 1: Traçar as paralelas com uma régua o número de degraus entre os


dois pavimentos

•  Etapa 2: Marcar a largura dos pisos e do patamar.

82 • capítulo 2
•  Etapa 3: Traçar as perpendiculares nas marcações dos pisos e patamar.

•  Etapa 4: Marcar e desenhar o perfil da escada.

capítulo 2 • 83
•  Etapa 5: Desenhar os detalhes construtivos da escada.

•  Etapa 6: finalizar os desenhos da escada.

ATIVIDADES
01. CESPE, 2012 (Cargo: Analista Judiciário – Arquitetura) Com base na NBR n.º
9.050/2004, assinale a opção correta acerca de rampas de acesso.
a) Em rampas com inclinação entre 6,25% e 8,33%, devem ser previstas áreas de descan-
so nos patamares a cada 30 m de percurso.
b) Em rampas cuja inclinação é maior que 5% e menor que 6,25%, o desnível máximo de
cada segmento de rampa não pode ser superior a 1,50 m, não havendo limite para o
número máximo de segmentos de rampa.

84 • capítulo 2
c) A largura de uma rampa deve ser estabelecida de acordo com o provável fluxo de pes-
soas que a utilizarão, respeitando-se a largura livre mínima admissível de 1,50 m.
d) Caso o dimensionamento da largura de rampa de edificação previamente existente seja
impraticável, pode ser executada rampa com largura mínima de 0,90 m, com segmentos
de, no máximo, 4,00 m, medidos em projeção horizontal.
e) A inclinação máxima admissível a rampas em curva é de 5%, e o raio mínimo é de 3,00
m, medido no perímetro interno à curva.

02. FCC, 2012 (Cargo: Analista Ministerial - Arquitetura) As normas referentes às condições
de acessibilidade estabelecem restrições quanto ao dimensionamento de degraus isolados
e escadas fixas e relativos patamares. A respeito dessas restrições, é correto afirmar que:
a) entre os lances de escada devem ser previstos patamares com dimensão longitudinal
mínima de 0,60 m.
b) as escadas fixas devem ter, no mínimo, um patamar a cada 3,60 m de desnível e sempre
que houver mudança de direção.
c) a largura mínima recomendável para escadas fixas em rotas acessíveis é de 1,50 m,
sendo o mínimo admissível de 1,20 m.
d) a inclinação transversal dos patamares não pode exceder 2% em escadas internas.
e) o primeiro e o último degraus de um lance de escada devem distar, no mínimo, 1,20 m
da área de circulação adjacente.

03. FCC, 2015 (Cargo: Analista Judiciário - Arquitetura) Em relação à modulação nos pro-
jetos de alvenaria estrutural:
a) Planta das fiadas e das elevações das paredes não deve considerar as esquadrias.
b) Modular uma alvenaria é projetar utilizando-se de várias “unidades modulares”, que são
definidas pelas medidas dos blocos, pelo comprimento e pela espessura.
c) A escolha do tipo de bloco a ser utilizado deve levar em consideração apenas a modulação.
d) A escolha do tipo de bloco a ser utilizado deve levar em consideração apenas a dispo-
nibilidade no mercado.
e) Um projeto para a produção de alvenaria estrutural é composto, basicamente, pela plan-
ta das fiadas e pelas elevações das paredes.

capítulo 2 • 85
REFLEXÃO
Os sistemas de representação gráfica em Arquitetura visam, primeiramente, à simplificação
do objeto tridimensional nas suas diversas faces. Para tal representação, usamos plantas,
cortes e elevações, cuja escala vai sendo ampliada na medida em que se aumenta o nível
de detalhamento dos elementos técnicos e construtivos definidos em projeto. São eles: sis-
temas de vedação, esquadrias, rampas, escadas, mobiliário fixo, instalações, equipamentos
mecânicos e outros tantos particulares a cada projeto. Cada um dos elementos é repre-
sentado graficamente de acordo com suas características materiais e propriedades físicas.
Assim, quando começamos a apresentar as possibilidades de representação gráfica desses
elementos, iniciamos com os planos e elementos verticais. Aos planos verticais nos referimos
como sistemas de vedação, lembrando que alguns sistemas construtivos, além de fechamen-
to, têm função estrutural, como a alvenaria de blocos de concreto e de cerâmica. Em projetos
de alvenaria estrutural, por exemplo, o tipo de bloco a ser utilizado precisa ser definido já
em nível de anteprojeto, pois os ambientes são dimensionados de acordo com os módulos
de cada peça. A lógica de projeto se inverte, passando-se a pensar o todo a partir de sua
unidade mínima: o bloco.
Além dos planos verticais, temos os elementos de circulação vertical, as rampas e escadas,
normatizadas a fim de promover a acessibilidade universal dos edifícios e condições ideais de
usabilidade. Seu dimensionamento exige atenção nos cálculos e na representação de todos
os seus elementos compositivos, que garantem a funcionalidade e a segurança dos usuários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHING, F. Técnicas de construção ilustradas. 2 ed. São Paulo: Bookman, 2001.
MONTENEGRO, G. Desenho arquitetônico. 3 ed. São Paulo: Editora Blücher, 1997.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 9050. Acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, 2004.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 9077. Saídas de emergência em
edifícios, 2004
COSTA, C. E. S.- Caderno de Apoio Expressão e Representação Gráfica II - UFRRJ- IT/
Departamento de Arquitetura. Seropédica, 2008
SAAD, A. L. Acessibilidade: Guia Prático para o Projeto de Adaptações e de Novas Edificações.
1 ed. São Paulo. PINI, 2011.

86 • capítulo 2
3
Representações
bidimensionais:
planos horizontais e
inclinados
3.  Representações bidimensionais: planos
horizontais e inclinados

Os edifícios são formados por uma série de subsistemas complementares um


ao outro. Acabamos de ver o subsistema vedações, responsável pela envoltória
e pela compartimentação interna das edificações. Neste capítulo, trataremos
dos subsistemas coberturas, forros e pisos, retomando alguns procedimentos
previamente apresentados ao aluno e introduzindo novas informações para o
aprimoramento de suas habilidades de representação gráfica.
Segundo a ABNT NBR 6118:2003, esses planos horizontais ou inclinados
(placas) são “elementos de superfície plana sujeitos principalmente a ações
normais a seu plano. As placas de concreto são usualmente denominadas la-
jes”. Entende-se por definição projetual de uma laje a concepção do espaço,
este definido por um plano de apoio – a laje – sobre o qual iremos construir e
elaborar este espaço. Essa estrutura monolítica e de altura relativamente pe-
quena é caracterizada por duas dimensões, largura e comprimento, predomi-
nantes em relação à sua altura, e serve para separar os diversos pisos de um
edifício até servir de cobertura.

OBJETIVOS
•  Apresentar os sistemas e elementos utilizados na composição dos planos de cobertura,
forros e pisos empregados nas edificações em geral.

3.1  Sistema de coberturas e forros

No livro “Desenho de Arquitetura I”, foram apresentados todos os passos ne-


cessários para representarmos o mais tradicional sistema de cobertura empre-
gado no Brasil, o telhado cerâmico. Além dos procedimentos técnicos de dese-
nho, também foram fornecidas as bases de cálculo, em função das diferentes
inclinações referentes a cada tipo de telha cerâmica. Por exemplo, enquanto os

88 • capítulo 3
telhados recobertos por telhas coloniais têm uma inclinação de 25% – sofrendo
pequenas variações de acordo com o fabricante –, a inclinação das telhas roma-
nas é de 35%.
Atualmente, no mercado, tem sido bastante comum a substituição de te-
lhas cerâmicas por telhas de concreto. Da mesma forma, elas apresentam uma
variedade de perfis que, por sua vez, têm uma gama de acabamentos e cores
maior do que as telhas cerâmicas. Além da estética, tais acabamentos visam à
redução da absorção de água e, consequentemente, do aparecimento de pato-
logias a ela relacionados, como as eflorescências.
Assim sendo, antes de tudo, precisamos definir o modelo de telha a ser em-
pregado no projeto. Precisamos ter essa informação para podermos calcular
e desenhar nosso telhado, de acordo com as especificações técnica fornecidas
pelo fabricante. Para calcular a altura do telhado, utilizamos a seguinte fórmula:
Fiada

Faixa B
Telha Tégula: Largura útil = 30 cm
Comprimento útil = 32 cm

A = Vão
C h h = Altura
I = Inclinação
A
h
A I (%) x 100
A

Figura 3.1  –  Cálculo para identificar a altura de um telhado em função da inclinação especi-
ficada pelo fabricante. Disponível em: <http://www.grupocalifornia.com.br>.

A partir da fórmula acima, podemos calcular as dimensões de um telhado,


independentemente da telha que pretendemos utilizar ou, ainda, se optamos
por um telhado aparente ou embutido em platibanda. Além disso, precisamos
definir qual será a forma do telhado, ou seja, quantas águas utilizaremos: uma,
duas, três, quatro ou múltiplas águas, como ilustrado na figura a seguir.

capítulo 3 • 89
Figura 3.2  –  Variações da forma do telhado de acordo com a quantidade de águas. Dis-
ponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgQCUAL/tabela-abertura-peneiras-
granulometria?part=2>.

CONCEITO
Água do telhado: Cada um dos planos inclinados que conformam a cobertura de uma dada
edificação, tendo início na parte mais baixa do telhado (beiral) e finalizando na parte mais
alta dele (cumeeira).

Primeiramente, apresentaremos o passo a passo necessário para desenhar-


mos corretamente um sistema de telhado aparente, com beiral, no qual utiliza-
remos telhas de concreto. Em seguida, você aprenderá a representar um telha-
do embutido em platibanda, com telha de fibrocimento. Você perceberá que os
procedimentos serão muito similares.

CONCEITO
Platibanda: Mureta que contorna os limites do telhado a partir do prolongamento das pare-
des inferiores ou salientes em relação ao perímetro da edificação.

90 • capítulo 3
Figura 3.3  –  1. À esquerda, casa com telhado aparente e projeção de beiral. À direita, casa com
telhado embutido em platibanda sem beiral. Neste caso, o desenho da platibanda coincide com
o desenho do perímetro do pavimento superior, ou seja, ela é o prolongamento de suas paredes
externas. 2. Exemplo de telhado com beiral embutido em platibanda. Nesta situação, o desenho
da platibanda não coincide com o perímetro da edificação: trata-se de uma projeção em relação
ao seu perímetro. Disponível em: <http://100pepinos.com.br/beiral-e-platibanda/>.

3.1.1  Telhas de concreto

A especificação de materiais e elementos construtivos é a principal condicio-


nante para introduzirmos os métodos e as convenções de representação grá-
fica. Em se tratando de sistemas de cobertura, vamos definir então qual telha
usaremos em nosso projeto. Na tabela a seguir, apontam-se as principais dife-
renças entre telhas cerâmicas e de concreto. No entanto, não existe apenas um
modelo desta telha, nem mesmo um único fabricante. Assim como as telhas
cerâmicas, aquelas feitas em concreto também têm diferentes perfis, embora
poucos, e acabamentos, sobretudo em relação a cores.

capítulo 3 • 91
Tabela 3.1  –  Tabela comparativa dos diferentes modelos de telha de concreto e de cerâmi-
ca. Disponível em: <http://www.ytabella.com.br/>.

A partir dos dados fornecidos na tabela, temos que o modelo da telha de


concreto selecionado tem inclinação de 30% (i). No entanto, a altura (h) do te-
lhado somente poderá ser definida mediante um caso prático, no qual temos
um vão (A) a ser vencido. Além desse cálculo e da seleção do tipo de telha, você
verá que existem outros elementos empregados na construção do telhado, cuja
representação gráfica é indispensável para a correta execução em obra.
Vamos então a um caso prático. Tomemos o exemplo da Residência
Carmem Portinho, projetada por Affonso Eduardo Reidy, em 1950, no Rio de
Janeiro, supondo que está em nossas mãos definir o sistema de cobertura desta
casa e o faremos em telhas de concreto. Primeiramente precisamos desenhar o
perímetro da edificação sobre a qual se assentará a cobertura:

92 • capítulo 3
Perímetro da edificação

Figura 3.4 – Passo 1: Identificação do perímetro da edificação para definição da área de


cobertura. Desenho dos autores com base no projeto original de A.E. Reidy.

Supondo ainda que, nesta cobertura, utilizaremos beirais de 1 metro de ex-


tensão. Para representar este beiral (linha contínua em vermelho), faremos li-
nhas paralelas afastadas 1 metro em torno de todo o perímetro (linha tracejada
em vermelho) da edificação, como mostra o desenho a seguir.
Linha de piso
Beiral = 1 metro
Perímetro da edificação (área descoberta)

(ÁREA DE COBERTURA)

Linha de piso

Figura 3.5 – Passo 2: Demarcação do beiral definido 1 metro a partir do perímetro da edifi-
cação. Desenho dos autores com base no projeto original de A.E. Reidy.

 • 93
capítulo 3
Uma vez definida a área de cobertura, vamos desenhar cada uma das águas
que compõem esse telhado. Poderíamos ter várias possibilidades, desde um
telhado simples de apenas uma água até um mais complexo, como mostra a
figura abaixo. Lembrando que aqui estamos trabalhando com hipóteses.

Figura 3.6  –  Duas possibilidades de desenho do telhado da mesma edificação: à esquerda,


de uma água, e, à direita, de múltiplas águas. Desenho dos autores com base no projeto
original de A.E. Reidy.

Logicamente que a altura que iremos definir, em função da inclinação dada


de 30%, dependerá também do desenho do telhado, ou seja, da quantidade e
formato das águas previamente definidas. Vejamos, então, a primeira possibi-
lidade, na qual temos o caimento do telhado para uma única direção, ou seja,
que é composto por uma água.

Figura 3.7  –  Possibilidade 1 para o desenho do telhado da edificação anterior: uma água.
Desenho dos autores com base no projeto original de A.E. Reidy.

94 • capítulo 3
No desenho acima, temos a planta desse telhado de água única e as empe-
nas (A-A). Veja que, à esquerda, o comprimento do vão equivale a 14,70 m, en-
quanto, à direita, o comprimento do vão é de 10,30 m. Os valores para as alturas
do telhado em cada uma de suas laterais, assinaladas na figura acima, foram
definidos a partir da fórmula previamente apresentada. Tal diferença de altura
acontece porque a edificação não é um retângulo perfeito, mas, sim, em forma-
to de “L”. Pois bem, se temos vãos (A) diferentes, as alturas (h) também serão
diferentes. Veja:

I = h/A X 100 I = h/A X 100


30 = h/ 14,7 X 100 30 = h/ 10,3 X 100
30/100 = h/ 14,7 30/100 = h/ 10,3
0,3 X 14,7 = h 0,3 X 10,3 = h
H= 4,4 m H= 3,1 m

Se modificarmos o desenho deste telhado, alteramos também as alturas


dele derivadas. Se, em de uma água, utilizarmos múltiplas águas, teremos a
mesma situação anterior: alturas diferentes do telhado devido ao formato irre-
gular da casa. Vejamos, então, como desenhar um telhado de múltiplas águas.
O perímetro do telhado, considerando os beirais, já foi identificado.
Prosseguindo, devemos agora desenhar cada uma das águas que compõem
esse telhado. Isso faremos traçando linhas em 45º a partir de todas as quinas
identificadas no desenho. Uma vez traçadas essas linhas, basta desenhar linhas
horizontais e verticais a partir de seus encontros. As linhas diagonais recebem
o nome de espigões e calhas. Já as linhas horizontais e verticais (em planta) são
identificadas como cumeeira.

capítulo 3 • 95
Figura 3.8  –  O desenho de um telhado de múltiplas águas se inicia com o lançamento das
diagonais do telhado, que equivalem aos chamados espigões. O ângulo dos segmentos dia-
gonais, que dividem os planos de águas, é de 45º. Atente-se a esse valor, do contrário os
planos não se encaixarão perfeitamente. Veja que temos uma série de linhas que ou se cruzam
ou são paralelas. É preciso unir todas elas, de modo que as cumeeiras (ponto mais alto de
cada segmento do telhado) se juntem aos espigões, conforme ilustra a perspectiva. Dese-
nho dos autores com base no projeto original de A.E. Reidy. Disponível em: <http://descriti-
va.blogspot.com.br/>.

Como resultante, temos o telhado da figura a seguir, no qual, além das


águas, são indicados os caimentos de cada uma delas. Note que, no trecho
AA do telhado, a altura é inferior à do trecho BB, uma vez que este último tem
maior vão a ser vencido.

Figura 3.9  –  Possibilidade 2 para o desenho do telhado da edificação anterior: múltiplas


águas. Desenho dos autores com base no projeto original de A.E. Reidy.

96 • capítulo 3
Até aqui desenhamos apenas os planos de telhado. E os demais elementos
que o compõem? Temos cumeeiras, espigões, calhas, águas-furtadas, além da
estrutura que sustenta esse telhado. Cada fabricante tem modelos diferentes
para esses componentes. Em geral, utilizamos a mesma marca para todos eles,
evitando assim incompatibilidades de encaixes. Por isso, representar esses ele-
mentos requer muita atenção aos detalhes, considerando que todos eles fun-
cionam como subsistemas complementares de cobertura.
Detalhe geral do telhado Espaçamento entre terças

Telhado

Trama Terças

Caibros
Ripas
1,5 m

Vigas
Terças
Tesouras

Espaçamento entre terças Espaçamento entre caibros

Terças
Caibros

1,5 m 0,5 m

Terças
Figura 3.10  –  Montagem e peças que compõem um telhado de concreto. Disponível em:
<http://arquitectandoufpb.blogspot.com.br/>.

Em primeiro lugar, as telhas são encaixadas umas sobre as outras e apoia-


das no madeiramento do telhado, que é responsável por estruturar o peso pró-
prio do telhado, sem relação com a estrutura do restante da edificação.

capítulo 3 • 97
Ripa
Ripa (5x2 cm)
(5x2 cm) Espaço
Espaço entre ripas: max
entre ripas: max 32 cm
32 cm Caibro
Caibro
(5x6 cm) (5x6 cm)

Espaço Espaço
entre ripas finais: entre ripas finais:
29 cm 29 cm

Distância entre Distância entre


caibros: 50 cm caibros: 50 cm Distância entre Distância entre
Terças: 150 cm Terças: 150 cm
Terça Terça
Ripa final Ripa (6x12
final cm) (6x12 cm)
dobrada dobrada
(5x4 cm (5x4 cm
Ripa
(5x2 cm)
Espaço Distância entre ripa de Distância entre ripa de
entre ripas: max cumeeira e eixo: 2 cm cumeeira e eixo: 2 cm
Ripa de cumeeira
32 cm Caibro Eixo
(5x6 cm) 2 cm Eix
2 cm
Espaço Sobreposição
ntre ripas finais: Sobreposição
mínima: 10 cm mínima:3210cmcm
29 cm Ripa dupla (5 cm
32x cm
4 cm)

32 cm
32 cm
32 cm
tância entre 32 cm
Espaço entre ripas: Galga: max 32 cm
bros: 50 cm 32 cm entre ripas: 29 cm
Espaçoentre
Distância Galga: max 32
32cm
cm 29 cm
Terças: 150
Terça
Ripa final (6x12 cm) Inclinação mínima: 35% Ripa (5x2 cm)
dobrada Inclinação mínima: 35%
(5x4 cm

Distância entre ripa de


cumeeira e eixo: 2 cm
Ripa de cumeeira
Eixo
2 cm

Sobreposição
mínima: 10 cm
32 cm Ripa dupla (5 cm x 4 cm)

32 cm

32 cm
s: Galga: max 32 cm
29 cm

Inclinação mínima: 35% Ripa (5x2 cm)

Figura 3.11  –  Montagem e encaixe de telhas de concreto. O espaçamento entre as ripas


depende do tamanho das telhas para garantir que estas estejam apoiadas umas sobre as
outras em, no mínimo, 10 cm. Fonte: Catálogo Técnico BrasItália.

O madeiramento do telhado é composto basicamente por três tipos de pe-


ças: as terças, os caibros e as ripas. Essas peças se apoiam em estruturas maio-
res, denominadas tesouras ou asnas.

98 • capítulo 3
CONCEITO
Tesouras: “são vigas treliçadas que usam o princípio do triângulo indeformável, constituídas
de peças adequadamente dispostas e solidarizadas formando um quadro rígido capaz de
suportar as cargas provenientes do telhado e transmiti-las, de forma puntual, à estrutura
portante do edifício”. (IPHAN, 1999)

Cumeeira
Caibro Ripa
Perna ou Terça
empena
Contra-frechal

Pendural
Frechat

Escora

Linha Estribo Forro

Tabela 3.2  –  Componentes de uma tesoura. Repare que as peças do madeiramento (ripas,
caibros e terças) se apoiam sobre a tesoura, que, por sua vez, apoia-se sobre a alvenaria.
Fonte: IPHAN, 1999.

O dimensionamento dessas peças varia de acordo com o tipo de telha utili-


zado, sendo, aqui para nós, adotado o exemplo das telhas de concreto. Ou seja,
o espaçamento e a resistência dessas peças devem estar de acordo com as espe-
cificações do fabricante.

ATENÇÃO
Lembre-se que, além da inclinação, existe uma diferença considerável em relação ao peso
unitário das telhas de concreto, que pode chegar a ser o dobro de uma telha cerâmica, por
exemplo. Se retomarmos a tabela da Figura 02, veremos ainda que, embora o peso unitário
do concreto seja mais elevado, o peso por metro quadrado é quase equivalente, uma vez que
as telhas de concreto têm dimensões maiores, sendo necessário menor número de peças
para recobrir a mesma área.

capítulo 3 • 99
O ponto mais alto do telhado é chamado de cumeeira. Da mesma forma que
as telhas, as cumeeiras também devem ser sobrepostas e posicionadas no sen-
tido contrário ao do vento, para evitar descolamentos. Elas são fixadas às telhas
superiores com argamassa.
Predominância dos ventos A argamassa
Sobreposição NÃO PODE Cumeeira
entre cumeeiras: chegar ao final
7 cm da telha
Argamassa: Entre 3 e
4 cm

Encaixes
Largura do cordão de perfeitos
argamassa de 3 a 4 cm

Ripa

Figura 3.12  –  Montagem e encaixe de telhas das cumeeiras. Fonte: Catálogo Técni-
co BrasItália.

As peças chamadas de cumeeiras também servem para recobrir os espi-


gões. Uma peça especial denominada “final de espigão” é utilizada para dar
acabamento à quina do beiral.

Figura 3.13  –  Cumeeiras utilizadas para recobrir os espigões, cujo acabamento no nível
do beiral é feito com a peça especial denominada “final de espigão”. Fonte: Catálogo Técni-
co BrasItália.

Assim, temos a seguir uma síntese gráfica de todos esses elementos neces-
sários para a execução de um telhado.

100 • capítulo 3
Água furtada Cumeeira
Caibros
Espigão

Empena ou oitão
Tesoura Ripas Beiral
Testeira
Água Terças

Figura 3.14  –  Síntese gráfica dos elementos constituintes de um telhado com-


posto de múltiplas águas. Disponível em: <http://www.telhados.srv.br/wp-content/
uploads/2012/09/f17.gif>.

Você já deve ter percebido que o procedimento é o mesmo em relação àque-


le que fora introduzido no livro anterior, modificando-se apenas o material, ou
seja, ao invés de cerâmica, usamos telhas de concreto.

3.1.2  Telhas de fibrocimento

Além dessas duas possibilidades, temos as também muito comuns telhas de


fibrocimento. Sua principal diferença é que elas são produzidas como placas,
em dimensões que variam de 1,20 m a 3,60 m, aproximadamente. Elas também
têm uma grande variedade de perfis, sendo a mais comum a ondulada.

Canalete 44

Largura útil 440 mm 452 mm


180 mm

157 mm

132 mm
8 mm

471 mm 562 mm

Comprimentos de 2,00 m até 7,20 m Vão livre máximo de 5,50 m

capítulo 3 • 101
Etercalha

Largura útil 885 mm


265,5 mm 354 mm 265,5 mm

Comprimentos de
3,00 m até 9,20 m
244 mm +
8 mm espessura
51 mm + Vão livre máximo
espessura
de 7,00 m
322 mm 88,5 88,5 88,5 88,5 322 mm
Largura total 998 mm

Modulada

8 mm
111 mm

Largura total = 605 mm Largura útil = 500 mm

Comprimentos de 1,85 m até 4,60 m Vão livre máximo de 3,00 m

102 • capítulo 3
Ondulada

Largura útil = 1050 mm


Comprimentos de 0,91 m até 3,05 m

51 mm + e
e = 6 ou 8 mm

62 177 mm 153 mm
Vão livre máximo: depende do
mm
Largura total = 1100 mm comprimento da telha

Figura 3.15  –  Exemplos de perfis de telhas de fibrocimento da marca Eternit. Disponível


em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABWvAAC/engenharia-civil-como-fazer
-bom-telhado-na-pratica-ok>.

Assim como os telhados cerâmicos e de concreto, aqueles executados em fibroci-


mento também precisam de componentes auxiliares para conformação das cumeei-
ras, dos espigões e dos acabamentos laterais. Consulte o fabricante para que seu pro-
jeto contemple todos os elementos necessários à correta execução do telhado.
As telhas metálicas e de fibrocimento podem ser aparentes e, para represen-
tá-las, basta seguir os mesmos passos anteriormente apresentados. No entanto,
vemos uma quantidade considerável de edificações nas quais coberturas desse
tipo são embutidas em platibandas. Erroneamente essas edificações são popu-
larmente chamadas de “sem telhado”. Contudo, elas têm telhado. Eles apenas
são “escondidos” dentre as platibandas. Compare a partir da ilustração abaixo:

Cachorro Telha
Projeção da edificação

Calha pluvial Tesoura

Caimento
Beiral Laje
Largura do
Det. A Beiral
Parede
Condutor
descida
Projeção da edificação pluvial
Planta do telhado com
beiral Corte esquemático detalhe A

Alinhamento da
edificação
capítulo 3 • 103
Platibanda
Telha

Calha pluvial Rufo


Condutor
descida
Projeção da edificação pluvial
Planta do telhado com
beiral Corte esquemático detalhe A

Alinhamento da
edificação

Platibanda
Telha

Calha pluvial Rufo

Platibanda Tesoura
Det. B

Laje
Calha pluvial

Planta do telhado com Parede


platibanda
Corte esquemático detalhe B

Figura 3.16  –  Comparativo entre um telhado com beiral e outro embutido em platibanda.
Disponível em: <https://www.qconcursos.com/>.

Vamos então mostrar um exemplo de telhado de fibrocimento embutido em


platibanda, retomando a Casa Carmem Portinho, anteriormente trabalhada.
Calha Cumeeira Calha

Calha
Cumeeira

Calha central Calha Calha

Figura 3.17  –  Possibilidades de desenho de telhado de fibrocimento embutido em platiban-


da. Desenho dos autores com base no projeto original de A.E. Reidy.

104 • capítulo 3
Repare que apenas foram desenhadas as paredes externas da edificação, que
conformam as platibandas, e indicado o caimento das águas. Existem diversas possi-
blidades de desenho de águas, além daquelas acima representadas. O principal para
nos lembrarmos é que, uma vez definidas as águas, precisamos indicar os locais de
colocação das calhas, ou seja, nos pontos mais baixos de cada água do telhado.
A solução adotada por Eduardo Reidy no projeto desta casa foi a cobertura 3,
com calha central, embora o tipo de telha tenha sido diverso. Esse tipo de telhado,
em razão de seu formato, é chamado de “telhado invertido” ou “telhado borboleta”.

Figura 3.18  –  Corte da Casa Carmem Portinho, projetada por A.E. Reidy. Disponível em:
<www.vitruvius.com.br>.

Uma das principais vantagens desse tipo de cobertura é a redução do ma-


deiramento necessário para seu suporte, de acordo com o gráfico comparativo
abaixo. Esta economia é ainda maior quando se utilizam telhas metálicas, que
são mais leves e, portanto, demandam estruturas mais delgadas.
Telhado

Telhado

Trama Caibros
Terças Terças

Ripas

Vigas Vigas
Estrutura Tesoura Estrutura Tesoura

Figura 3.19  –  Comparativo entre o madeiramento utilizado na estrutura de um telhado feito


em telhas cerâmicas e outro em fibrocimento. Fonte: FLACH, 2012.

capítulo 3 • 105
Essas estruturas, inclusive, podem ser metálicas, em vez de executadas em
madeira. Compare:

Telhas
Telhas

Ripas

Caibros

Terças

Ripas Caibros

Figura 3.20  –  Comparativo entre a estrutura de um telhado executada em aço e outra


em madeira. Tal substituição reduz o peso próprio da estrutura, aumenta a resistência e a
vida útil e agiliza a montagem. Disponível em: <http://www.gravia.net.br/lojas/p/estrutura-
metalica-para-telhados>.

Lembre-se de que o espaçamento do engendramento é definido pelo tipo de


telha a ser utilizada, conforme a ilustração abaixo, na qual temos três situações:
Inclinação mínima 30% (16.7°) Inclinação mínima 5% (2.86°)
Peso da telha: 49.35 kg/m2 Peso da telha: 4.13 kg/m2
Obs.: distância entre ripas varia Ripa Terça
de acordo com a galga Caibro
da telha as
erç Viga
nt re t
ia e
330 t ânc
Dis

500
500 LC LV
Lt
Lr
Telha colonial de cerâmica/concreto Telhas de fibrocimento
Inclinação mínima 10% (5.71°)
Peso da telha: 18 kg/m2 Figura 3.21  –  Comparativo entre estruturas
Terça metálicas utilizadas para suporte de telhas de
s
e rça Viga cerâmica/concreto, de fibrocimento e metá-
re t
ia ent
t ânc licas. O tipo da telha influencia na inclinação
Dis
do telhado e no dimensionamento de sua

500
estrutura.
LV
Lt

Telhas metálicas

106 • capítulo 3
3.1.3  Outros tipos de coberturas

Aqui neste livro, apresentamos ao aluno os principais tipos de coberturas


planas. No entanto, existem ainda coberturas curvas, como as abóbadas e as
cúpulas. As cúpulas em geral são executadas em concreto e também desempe-
nham papel estrutural. Já as abóbadas podem ser recobertas por telhas metáli-
cas, por exemplo.
Algumas telhas são autoportantes, ou seja, não há necessidade de estrutu-
ras complementares. Em geral, são mais usadas em projetos de galpões indus-
triais, mas nada impede seu emprego em outras tipologias arquitetônicas.

LT
Multi-Dobra LT Calandrada
LC LC
LR A
2 a
a
R 90° B
q q R A = Máxim
90°
B = Mínim
1
LR

90° 90°
Espessura da chapa entre 0,65 e 0,95 mm
LR1

LR2

Multi-Dobra LT Calandrada
LC
LR A
2 a

0° B
q R A = Máximo 6000 mm
B = Mínimo 600 mm
90° 90°
Espessura da chapa entre 0,65 e 0,95 mm
LR1

LR2

Figura 3.22  –  Tipos de telha metálica calandrada utilizada em coberturas curvas. Disponível
em: <www.ocelbrasil.com.br>.

capítulo 3 • 107
Recentemente, têm sido bastante difundidos os chamados telhados ver-
des ou tetos-jardins, que melhoram o desempenho térmico das edificações.
Telhados verdes são, na verdade, jardins sobre lajes impermeabilizadas ou so-
bre telhados convencionais devidamente adaptados.

Figura 3.23  –  Exemplos de telhados verdes. Disponível em: <http://sustentarqui.com.br>.

Ao contrário das lajes de cobertura ou terraços, a presença de uma área de


plantio de espécies vegetais requer um sistema especial de impermeabilização
e drenagem. Além disso, é preciso atentar-se ao peso agregado à estrutura, em
função do tipo de uso que os jardins receberão. Assim, projetos que preveem
apenas espécies de pequeno porte, como forrações e plantas rasteiras, têm uma
estrutura menor do que aqueles jardins com vegetação de médio porte. Em al-
guns casos, é possível até mesmo o plantio de árvores, desde que inicialmente
previsto em projeto.
A estrutura de um telhado verde é composta por uma série de camadas so-
brepostas que garantem a estanqueidade da laje, mesmo diante das constantes
irrigações e também da infiltração da água pluvial no jardim.

108 • capítulo 3
A primeira das camadas consiste em uma manta de impermeabilização que
evita a infiltração da água no interior do edifício. Em seguida, é aplicada uma
camada drenante, que pode ser feita também com uma manta, de poliestireno,
ou com brita, argila expandida e semelhantes. Posteriormente, temos a cama-
da filtrante, executada com uma manta geotêxtil, que serve para reter partícu-
las e proteger as camadas inferiores. Sobre esta camada é aplicada uma mem-
brana de proteção, que controla o crescimento das raízes, evitando, assim, que
elas se proliferem dentre a estrutura do edifício propriamente dito. Por fim, é
lançado o substrato, equivalente à camada de terra que irá receber as sementes
das espécies vegetais selecionadas. Quanto maior o porte das espécies, maior a
espessura da camada de terra.
Cobertura vegetal de forrações rasteiras Camada de substrato Manta de impermeabilização

Laje
Captação de água da chuva
com tubo de dreno

Colmeia suporte para substrato


Colmada de estabilização das raízes
Manta geotêxtil

Camada drenante

Figura 3.24  –  Camadas que compõem um telhado verde. Disponível em:


<www.metalica.com.br>.

3.1.4  Sistemas de forros

Os forros são sistemas complementares aos sistemas de cobertura. Podem ser


horizontais, inclinados, mistos e também curvos. Os forros escondem as cober-
turas, ou a laje, para embutir sob elas a tubulação hidráulica e a fiação elétrica,
ou, simplesmente, por motivos estéticos.

capítulo 3 • 109
Figura 3.25  –  Tipos de forros, em sentido horário: forro horizontal, forro inclinado, forro mis-
to e forro abobadado. Fonte: IPHAN, 1999.

Antigamente, os forros eram executados em madeira ou em estuque (arga-


massa moldada para confecção de ornamentos). Atualmente, o estuque é pou-
co utilizado, permanecendo a madeira e sendo introduzidos outros materiais,
como o PVC e o gesso acartonado. Veremos que o PVC, assim como a madeira,
é afixado diretamente sob a laje ou o madeiramento do telhado, enquanto que
o gesso acartonado constitui o que chamamos de forro suspenso.

Figura 3.26  –  Tipos de encaixe de tábuas de forros de madeira. Fonte: IPHAN, 1999.

Além de encaixadas, as peças que constituem os forros de madeira podem


ser superpostas, resultando em diferentes efeitos estéticos, como do tipo “saia-
camisa” e “mata-junta”.

110 • capítulo 3
Figura 3.27  –  Tábuas de forros superpostos do tipo “saia-camisa” e “mata-junta”. Esses ti-
pos de foros são fixados diretamente sob a cobertura. Fonte: IPHAN, 1999.

Além dos forros de madeira, os forros de PVC são bastante comuns, sobre-
tudo em áreas comerciais e industriais, devido à facilidade de manutenção. Os
forros de PVC são vendidos em placas, existindo também peças auxiliares para
dar acabamento às superfícies recobertas, como, por exemplo, as cantoneiras e
os arremates, ilustrados a seguir.

Figura 3.28  –  À esquerda, peças utilizadas na montagem de um forro de PVC. À direita,


montagem de um forro de PVC. Disponível em: <http://www.jrrio.com.br/construcao/acaba-
mentos/forros-de-teto.html>.

Os forros suspensos são fixados numa estrutura auxiliar em alumínio, a par-


tir de módulos que podem ser removíveis ou não.

capítulo 3 • 111
Pino de aço
FORRO FIXO FGE + Tirante + Pendural

Parafuso
Estrutura: TF 212x25
Perfil tipo
canaleta
Painel GYPSUM
Fita GYPSUM JT Massa de Rejunte
GYPSUM

Pino de Aço

Arame Galvanizado
nº 18

Perfil “T”ou Cartola

Figura 3.29  –  Acima: Esquema de montagem de forros fixos, nos quais as placas de gesso
são parafusadas sobre os perfis de alumínio. Abaixo: Esquema de fixação de placas de gesso
removíveis. Disponível em: <http://www. gessoforro.com.br>.

3.2  Sistema de pisos

A maneira mais racional de abordar a edificação na sua totalidade, seja para


elaboração do projeto, seja para sua execução ou avaliação do seu desempenho,
é dividi-lo em pequenas partes, ou seja, subsistemas. O sistema de piso é a divi-
são da vedação horizontal, necessária para separar fisicamente ambientes, que
pode ser exterior ou interior à edificação.
A vedação exterior está em contato direto com o meio ambiente, seja pela
sua base, seja pela sua superfície ou ambas. As ações são as mais diversas: trân-
sito de pessoas, veículos, equipamentos, peso próprio e de mobiliários. As ve-
dações internas encontram-se mais protegidas, pois estão suspensas do solo
ou porque estão sob proteção da cobertura. Em função das ações submetidas,
os sistemas de pisos devem apresentar as condições de suportar as exigências e
garantir segurança e usabilidade aos usuários.

112 • capítulo 3
Os sistemas de piso, basicamente, devem:
•  Garantir segurança e desempenho, quando são os elementos estruturais;
•  Proporcionar os desníveis necessários entre ambientes contíguos, sepa-
rando ambientes secos de molháveis;
•  Permitir o embutimento de componentes de instalações, tais como tubu-
lações e pontos de utilização;
•  Garantir isolamento termo-acústico, absorção de sons de impacto, estan-
queidade de gases e a água;
•  Proteger a estrutura e melhorar o acabamento.

As camadas constituintes básicas do sistema de piso são:


Exemplo genérico de um sistema de
pisos e seus elementos
Camada de acabamento
Camada de fixação
Camada de contrapiso
Sistema de piso

Isolamento térmico ou acústico


Impermeabilização

Camada estrutural

Figura 3.30  –  Esquema genérico de um corte de um sistema de piso. Fonte: NBR


15575-3/2013.

O sistema de vedação horizontal interno pode ser entendido como um con-


junto de no mínimo três componentes básicos:
•  O piso do pavimento superior;
•  A laje estrutural;
•  O forro do pavimento inferior.

Os materiais devem ser cuidadosamente conhecidos, e as técnicas de exe-


cução, adequadas, de modo que sua combinação resulte no desempenho espe-
rado. Ainda, independentemente do material escolhido para ser a estrutura e o
acabamento, algumas camadas e requisitos devem ser previstos e representa-
dos em projeto, tais como:

capítulo 3 • 113
3.2.1  Camada impermeável

A camada impermeável pode ou não fazer parte do piso das áreas internas. Se o
local recebe umidade (banheiros, cozinhas etc.) deve ser executada. Nos pisos
externos, é sempre indicada.
Proteção mecânica: contrapiso
Camada separadora: filme de polietileno ou papel kraft

Manta asfáltica
Primer

Regularização
Laje de concreto

Figura 3.31  –  Camada impermeável aplicada com manta asfáltica. Disponível em:
<http://equipedeobra.pini.com.br/construcao-reforma/65/tratamento-de-fundacoes-saiba-
como-funcionam-os-sistemas-de-300277-1.aspx>.

3.2.2  Camada de isolamento térmico

Em locais de clima frio, as camadas de isolamento térmico são usadas para


proteger os ambientes internos das baixas temperaturas externas. No caso de
coberturas impermeabilizadas, devem ser usadas sempre. Elas aumentam a
inércia térmica do sistema, tornando as trocas de calor mais demoradas.
Impermeabilização + isolamento

Pavimento cerâmico

Cimento cola fixicol flexível

Proteção isolante painel de poliestireno

Fibra de vidro
Emulsão
asfáltica
Placa asfáltica
de fibra de vidro
Placa asfáltica
proteção mineral

Figura 3.32  –  Camada de isolante térmico. Disponível em: <http://equipedeobra.pini.com.


br/construcao-reforma/65/tratamento-de-fundacoes-saiba-como-funcionam-os-siste-
mas-de-300277-1.aspx>.

114 • capítulo 3
Nos locais de clima quente, a fissuração provocada pode comprometer a es-
tanqueidade do conjunto, e a infiltração de água pode rapidamente diminuir o
desempenho do sistema. Nesse caso, o isolante pode ficar sobre a laje de cober-
tura. O material deve ser disposto solto, sobre a última laje da edificação. Não é
necessário nenhum material extra ou mão de obra especializada.

Figura 3.33  –  Camada de isolante térmico feito com argila expandida. Disponível em:
<http://www.cinexpan.com.br/enchimento-leve-para-laje.html>.

3.2.3  Camada de contrapiso

É uma camada de argamassa executada sobre uma base, que pode ser a laje de
um pavimento ou um lastro de concreto, se for sobre o solo. Sua função é regu-
larizar a superfície para receber o piso de acabamento final, além de colaborar
nas funções que o piso final deverá cumprir, principalmente no aumento da
resistência do conjunto contrapiso e piso.

Figura 3.34  –  Esquema de um contrapiso. Disponível em: <http://www.fazfacil.com.br/re-


forma-construcao/como-fazer-contrapiso/>.

capítulo 3 • 115
Devem suportar a colocação de revestimento, transmitir as cargas à base de
suporte, permitir execução de desníveis e o embutimento de instalações.

3.2.4  Camada de revestimento

A camada de revestimento é a camada que está exposta durante todo o período


de utilização, estando em contato direto com o usuário. Deve ser escolhido em
função do ambiente e do uso e resistir a ataques de agentes químicos, ter aspec-
to agradável, durabilidade, segurança a abrasão, resistência ao escorregamento
e outros. Hoje existem inúmeros tipos de revestimento, e os pisos podem ser:

Pisos

Cimentados;
Aderentes Granilite; de alta
resistência
Monolíticos

Cerâmicos;
Modulares Pétreos;
Tacos; Borracha

Fixados por argamassa

Fixados por cola Tacos; Vinílicos;


Borracha; Têxteis

Fixados por dispositivos Assoalhos


e carpetes

Não-aderentes Intertravados, paralelepípedo


e pisos elevados

Figura 3.35  –  Tipos de piso. Disponível em: <http://www.fau.usp.br/cursos/gradua-


cao/arq_urbanismo/disciplinas/aut0188/Aut0188_18.09.2014/Aula_Revestimentos
_de_Piso.pdf>.

O revestimento dos pisos é denominado pavimentação. Assim sendo, pa-


vimentação é definida como sendo uma superfície qualquer, contínua ou des-
contínua, com finalidade de permitir o trânsito pesado ou leve. São diversos os
materiais utilizados como pisos na construção civil, sendo que as qualidades
gerais da pavimentação são:
•  Resistência ao desgaste ao trânsito;
•  Apresentar atrito necessário do trânsito;
•  Quanto à higiene necessária;

116 • capítulo 3
•  Fácil conservação;
•  Inalterabilidade (cor, dimensões etc.);
•  Função decorativa e econômica.

Quanto à classificação do tipo de material, podem ser:


a) Em concreto: simples, armado ou em peças pré-moldadas intertrava-
das (tipo paver) ou articuladas (tipo blokret);
b) Em cerâmica: piso cerâmico não vidrado (lajota colonial) e piso cerâmi-
co vidrado de resistência variável (decorados e antiderrapantes);
c) Em madeira: soalho (tábua), taco e parquete;
d) Em pedra:
• Naturais – arenitos, granitos, mármores, mosaico português etc.
• Artificiais – granitina, ladrilho hidráulico e concreto.
e) Vinílicos – ladrilho vinílico semiflexível, em placas fabricadas como re-
sinas de PVC, plastificantes e pigmentos corantes;
f) Piso melamínico de alta pressão (PMAP) – são chapas para revestimen-
tos de substratos rígidos, compostas de material fibroso, celulósico, impregnado
com resinas termoestáveis, amínicas e fenólicas, prensadas por meio de calor e
alta pressão, constituindo um revestimento de elevado índice de resistência ao
desgaste, com espessura de 2 mm, produzidos em diferentes versões, específicas
para cada aplicação e uso (convencional, fogo retardante, reforçado etc.).

Os pisos também podem ser elevados em relação ao nível da laje para facili-
tar a passagem dos sistemas elétricos, de água, sem passar pelas paredes.

Figura 3.36  –  Piso elevado. Disponível em: <http://www.engefisa.com.br/


produtos-e-servicos/>.

capítulo 3 • 117
3.2.5  Camada de base ou laje estrutural

As lajes são elementos estruturais laminares planos, solicitados predominan-


temente por cargas normais ao seu plano médio. Nas estruturas laminares
planas, predominam duas dimensões, comprimento e largura, sobre a tercei-
ra que é a espessura. A principal função das lajes é receber os carregamentos
atuantes no andar, provenientes do uso da construção (pessoas, móveis e equi-
pamentos), e transferi-los para os apoios.
Existem diferentes tipos de lajes que podem ser empregadas nas obras. Elas
podem ser classificadas:
•  Quanto à composição e forma;
•  Quanto ao tipo de apoio;
•  Moldadas no local;
•  Pré-moldadas e pré-fabricadas;
•  Mistas.

Os principais tipos de lajes de concreto são:


•  Lajes maciças: foi durante anos o sistema estrutural mais utilizado nas
construções de concreto, por isso a mão de obra já é bastante treinada. A laje
maciça não pode vencer grandes vãos, devido ao seu peso próprio. É pratica
usual adotar-se como vão médio econômico das lajes um valor entre 3,5 m e 5
m. Este sistema de laje maciça também apresenta um custo elevado se compa-
rado a outros tipos de sistemas construtivos.

Figura 3.37  –  Laje maciça. Disponível em: <http://www.plataformabim.com.br/2013/01/


revit-aula-15-criando-lajes-modulo.html>.

118 • capítulo 3
•  Lajes nervuradas: segundo a NBR 6118:2003, lajes nervuradas são "lajes
moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração é consti-
tuída por nervuras entre as quais pode ser colocado material inerte".
790

Pilares 20/20
Seção da laje nervurada
Vigas 20/60

790
Mesa Laje maciça
Nervuras h = 17
60, 61, 65 ou 80 cm
Consumo
Aço 730,68 kg
Concreto 10,61 m3

Laje nervurada
h = 26

Consumo Economia de até:


Aço 421,94 kg –42%
Concreto 7,49 m3 –29%
Economia da laje nervurada

Figura 3.38  –  Laje nervurada. Disponível em: <http://www.lmc.ep.usp.br/pesquisas/tecedu/


flash/Lajes-tipos.html>.

O material inerte pode ser isopor, garrafas PET, lajotas cerâmicas, como re-
presentado na figura a seguir.

Capa de
concreto

Cerâmica Vigota
Pet treliçado

Figura 3.39  –  À esquerda: laje nervurada concretada com isopor. Fonte: http://www.gse-
cengenharia.com.br. À direita: laje nervurada concretada com garrafas PET. Disponível em:
<http://www.salemaprefabricados.com.br/laje-ecologica.php>.

capítulo 3 • 119
Outro elemento inerte que pode ser utilizado são as vigotas pré-moldadas.

Tábua da testeira Capa da laje Armadura


Lajota complementar
(tavela)

Vigota

Cinta de
Apoio da amarração
vigota na
parede
5 cm

Cinta de
amarração

Figura 3.40  –  Laje nervurada concretada com isopor. Disponível em: <http://www.gsecen
genharia.com.br/>.

•  Lajes pré-fabricadas: as lajes pré-fabricadas surgem como um passo de-


cisivo na industrialização do processo da construção civil. A pré-fabricação é
um método industrial de construção no qual os elementos fabricados em série,
por sistemas de produção em massa, são posteriormente montados em obra.
Ausência de fôrmas e escoramento.

Figura 3.41  –  Laje nervurada concretada com isopor. Disponível em: <http://blogdopetcivil.
com/2011/08/18/lajes-alveolares/>.

•  Lajes de madeira: quando o piso é feito de madeira, há necessidade de


uma estrutura horizontal apoiada na fundação. Essa estrutura é composta por
um vigamento e uma laje que pode ser constituída de chapas de madeira indus-
trializadas de OSB ou compensado estrutural. A estrutura do piso, dependendo
da fundação, é composta de um nível ou dois níveis de vigas. No caso de baldra-
mes de concreto ou alvenaria, um único nível de vigas dá apoio ao piso. No caso
de fundação em pilotis, são necessários dois níveis de vigas, um perpendicular

120 • capítulo 3
ao outro, sendo o vigamento inferior apoiado sobre os pilotis, suporte para o
vigamento superior, denominado barroteamento, o qual recebe diretamente a
laje do piso.

Figura 3.42  –  Laje de uma casa de madeira. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/con-


tent/ABAAAAUk0AF/manual-basico-construcao-casas-madeira>.

3.2.6  Representação dos sistemas de vedação horizontal

Piso e contrapiso são representados por meio de linhas paralelas. O contrapiso


com linhas grossas e, em geral, espessura de 10 cm, e o piso, com linha fina e,
em geral, espessura de 5 cm (correspondendo ao piso com sua argamassa de
assentamento ou elemento de fixação).

Contra-piso
Parede
Piso
Viga de fundação (baldrame)

Terreno - aterro

Terreno - perfil natural

Figura 3.43  –  Representação do contrapiso. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/


content/ABAAAAUk0AF/manual-basico-construcao-casas-madeira>.

capítulo 3 • 121
Em nível de representação gráfica em planta baixa, os pisos são apenas dis-
tintos em dois tipos: comuns ou impermeáveis. Salienta-se que o tamanho do
reticulado constitui uma simbologia, não tendo a ver necessariamente com o
tamanho real das lajotas ou pisos cerâmicos.

Piso comum Piso impermeável

No desenho, o revestimento de piso (traço fino) deve ser interrompido nas


aberturas das portas e no mobiliário. Devem ser indicados também, em cada
peça/ambiente representado em planta baixa, o seu respectivo tipo de piso, da
seguinte forma:
•  A colocação sempre abaixo da área útil da peça (deixar espaçamento de 2 mm
entre cada texto);
•  Letras do mesmo tamanho que o texto da área (3 mm ou 2 mm);

SALA DE ESTAR BANHEIRO


18,30 m2 3,20 m2
PISO DE MADEIRA PISO CERÂMICO

ATIVIDADES
01. VUNESP, 2014 (Cargo: Arquitetura) No dimensionamento de coberturas de madeira, é
necessário conhecer os principais elementos que constituem o telhado. As terças são vigas
longitudinais apoiadas sobre as tesouras. A terça mais alta do telhado é denominada
a) caibro.
b) cumeeira.
c) ripa.
d) frechal.
e) trama.

122 • capítulo 3
02. FCC, 2012 (Cargo: Analista Judiciário - Arquitetura) Considere um projeto de edifício
com plantas livres (layout flexível), com vãos superiores a 10 m, baixo peso específico; de-
formável (para evitar fissuras e flechas excessivas) e com boa capacidade de suporte. Trata-
se de
a) laje convencional pré-fabricada (vigotas e trilhos de concreto).
b) laje maciça apoiada sobre vigas e pilares.
c) laje-cogumelo apoiada diretamente sobre pilares sem capitéis.
d) laje lisa apoiada nos pilares com capitéis.
e) laje nervurada apoiada em vigas chatas, ambas protendidas.

03. FCC, 2013 (Cargo: Analista - Arquitetura) A respeito das principais linhas do telhado,
a) tanto a cumeeira como o espigão são divisores de água.
b) o espigão é um divisor de água horizontal.
c) o rincão é um recolhedor de água horizontal.
d) a cumeeira é o inverso do rincão.
e) a calha é o inverso do espigão.

04. Baseado no exemplo a seguir, represente as 4 elevações da planta.


Exemplo:

Utilize linhas fortes e fracas para representar o telhado:

capítulo 3 • 123
05. Com base no exemplo a seguir, faça o diagrama de cobertura das plantas.
Exemplo:

124 • capítulo 3
Contornos da construção:

600 700

600
700

450
400
Esc.: 1:100 (*) Esc.: 1:50

650
450
500

350

300 350

REFLEXÃO
Os sistemas de cobertura e pisos fazem parte do subsistema que separa o ambiente externo
do ambiente interno. Em cada região, o clima, a cultura e as condições financeiras fazem com
que o piso e a cobertura tomem representações das mais simples, como um telhado de uma
queda, até telhados bem complexos, com fechamentos em curva, que se movimentam, ou
até formados por jardins suspensos. Os pisos podem ser desde contrapiso tratado até pisos
aquecidos. Das tecnologias mais simples até as mais complexas, saber projetar corretamen-
te, representar a solução de modo correto e dar soluções técnicas e construtivas tornam o
arquiteto um hábil filósofo da união do bem fazer com a técnica vigente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHING, F. Técnicas de construção ilustradas. 2 ed. São Paulo: Bookman, 2001.
BOTELHO, M. H.C. Concreto armado – Eu te Amo – para Arquitetos. 3º ed. São Paulo: Editora
Blücher, 2016
MONTENEGRO, G. Desenho arquitetônico. 3 ed. São Paulo: Editora Blücher, 1997.
CHING, F. Técnicas de construção ilustradas. 2 ed. São Paulo: Bookman, 2001.
MONTENEGRO, G. Desenho arquitetônico. 3 ed. São Paulo: Editora Blücher, 1997.
FLACH, Rafael Schneider. Estruturas para telhados: análise técnica de soluções. Trabalho de
conclusão de curso. Porto Alegre: UFRGS; 2012.
IPHAN. Manual de conservação de telhados. Brasília: IPHAN/ Ministério da Cultural, 1999.

capítulo 3 • 125
126 • capítulo 3
4
Representações
bidimensionais
esquadrias
4.  Representações bidimensionais
esquadrias

Neste capítulo 4, apresentaremos os sistemas gráficos empregados na repre-


sentação de esquadrias, ou seja, do conjunto de portas e janelas que compõem
determinada edificação. Primeiramente, vamos relembrar que uma edificação
necessita de aberturas que garantam a iluminação, a ventilação e o acesso aos
ambientes internos. A proteção e o controle dessas aberturas são feitos por
meio das esquadrias.
Existem diversos materiais dos quais as esquadrias podem ser feitas – ma-
deira, ferro, alumínio, PVC –, além da variedade de tipos de vidros – translú-
cido, fumê, com película jateada etc. A representação gráfica varia em função
da materialidade, mas também pelo sistema de movimentação: de correr, de
abrir, pivotante, basculante, de enrolar, dentre outras. Além dos desenhos, a
representação de esquadrias solicita os chamados “quadros de esquadrias”,
que são tabelas que contêm dimensões, sistema de movimentação, sentido das
aberturas, materiais, ambientes aos quais pertencem e quantitativo do mesmo
modelo de esquadria em todo o projeto. Essas especificações são de extrema
importância para a cotação de orçamentos.

Lembre-se de que existem esquadrias pré-fabricadas, cujas dimensões são pa-


dronizadas. Se for o caso de sua escolha, tenha em mãos o catálogo técnico para
que você as desenhe de acordo com as especificações. Quando as esquadrias são
personalizadas, ou seja, são desenhadas e dimensionadas especificamente para um
projeto, é necessário um projeto de detalhamento que orienta os fabricantes à correta
execução.

Ao final deste capítulo, esperamos que você possa aprender que a seleção
de determinado tipo de esquadria implica na representação e especificação de
todas as suas características técnicas, desde o material até o sistema de abertu-
ra e fixação.

128 • capítulo 4
OBJETIVOS
•  Apresentar os diferentes tipos de aberturas de portas e janelas;
•  Apresentar as formas de representação de esquadrias em relação aos tipos de aberturas
e materiais das quais são feitas.

4.1  Portas

Primeiramente, vamos retomar que as esquadrias são representadas em todas


as peças gráficas, de modo que as teremos em plantas, cortes e vistas. Cada uma
dessas peças nos dirá uma informação técnica acerca de determinada porta ou
janela. A partir do exemplo ilustrado a seguir, podemos ver que, enquanto em
planta informamos a largura de determinada porta, em corte e em vista temos
a informação das alturas, tanto do vão livre da alvenaria para instalação da es-
quadria quanto da altura da folha.
A
Altura da folha

Vão alvenaria
Vão luz

Vão luz

Largura da folha
Vão alvenaria
A

Figura 4.1  –  Da esquerda para a direita: planta, corte e vista de uma porta. As cotas de largura
são apresentadas em planta, enquanto as alturas são informadas em corte e em vista. Atente-se
para os diferentes tipos de vãos. O vão livre deixado na alvenaria ou no painel de vedação é sem-
pre maior do que a largura real da folha da porta, pois, além desta, são necessários outros elemen-
tos, como batentes e molduras para fixação da porta. Disponível em: <http://www.lennz.com.br>.

Na ilustração anterior, a porta foi representada fechada em todas as proje-


ções ortogonais. Em planta, representamos o sentido da abertura através do
arco de giro. Já em vista, o sentido da abertura pode ser indicado pela repre-
sentação de seus acessórios, como a maçaneta e as dobradiças que indicam,

capítulo 4 • 129
respectivamente, o lado que se abre e o eixo da porta. Esse tipo de porta é deno-
minado porta de abrir, cujo sentido de abertura pode ser esquerdo ou direito.
Sentido de abertura Sentido de abertura

Esquerdo Direito

Figura 4.2  –  Sentido de abertura de portas. Disponível em: <http://www.lennz.com.br>.

Para que possamos verificar possíveis obstáculos, o ideal é que portas de


abrir sejam desenhadas com todo o raio de abertura, evitando-se a retificação
deste, como ilustrado a seguir:

Figura 4.3  –  Representação ideal de uma porta de abrir. A escala do desenho irá permitir ou
não o detalhamento de montantes, batentes e maçanetas.

Veja a seguir como é importante a representação do raio das portas, tendo


como exemplo uma área de circulação, na qual o sentido de abertura das portas
é o sentido de trânsito de saída, também conhecido como “rota de fuga”, em
casos de incêndio. P1 tem um raio de abertura de 90°. Já P2 tem raio de aproxi-
madamente 180°, do contrário ela seria um obstáculo no meio do corredor de
circulação. Já P3 é uma porta de abrir dupla. Num mesmo ambiente, existem
três tipos de portas com sistema de movimentação equivalente.

130 • capítulo 4
P2 P2
10 cm máximo

≥1,20 m
10 cm máximo
Saída
P2

D
D/2

P2

P2

Figura 4.4  –  Representação de diferentes tipos de porta de abrir. Disponível em:


<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=171572>.

Note que foi utilizada uma legenda para indicar cada tipo de porta repre-
sentada em projeto. As especificações de cada uma delas estarão indicadas
no quadro de esquadrias, que, obrigatoriamente, deve acompanhar o projeto
básico de arquitetura. Como serão informados detalhes além das dimensões,
como a materialidade, as esquadrias em desenho são acompanhadas da legen-
da – J1, J2, J3; P1, P2, P3, e assim por diante. Em nível de anteprojeto, contudo,
a informação acerca das dimensões das esquadrias pode ser dada no próprio
desenho, como mostra a figura a seguir.

1.00 x 0.30
1.80
0.60
P.2
2.10

J.3

Figura 4.5  –  A indicação das medidas das esquadrias pode ser feita no próprio desenho
(0,60x2,10 e 1,00x0,30x1,80). Quando se utiliza a legenda (P3,J3), é obrigatória a presença
do quadro de esquadrias com todas as especificações referentes à porta ou janela indicada.
Disponível em: <http://www.sitengenharia.com.br/arquiteturaquadrodeesquadrias.htm>.

Além das portas de abrir comuns, temos uma variação chamada de porta
pivotante, cujo eixo de rotação é deslocado em relação à extremidade da porta,
podendo, inclusive, ser no centro dela. É muito comum que portas pivotantes

capítulo 4 • 131
sejam utilizadas em entradas de casas e consultórios e, em geral, elas são tam-
bém mais altas em relação às demais de 2,10 m.

Passagem = 95
a 100 cm

Eixo de giro -
Distância mínima = 60 cm
Pivo
Porta de abrir (tradicional) -
Distância mínima = 110 cm
com dobradiças
Porta pivotante

Figura 4.6  –  Comparativo entre uma porta de abrir tradicional e outra do tipo pivotante. A
diferença está na localização do pivô, ou seja, do eixo de rotação dela, que é afastada da
extremidade. Por esse motivo, a largura dessas portas deve ser maior, uma vez que a largura
de passagem é reduzida. Disponível em: <http://www.pmartino.com>.

Outro tipo de porta também bastante comum são as portas de correr, que
podem ser aparentes ou embutidas na parede ou painel de vedação. A quanti-
dade de folhas corrediças pode variar, de acordo com o modelo especificado.
Além disso, podemos ter folhas fixas e folhas móveis, o que é informado no qua-
dro de esquadrias.

Figura 4.7  –  Tipos de porta de correr. Elas podem ser aparentes ou embutidas, e a quan-
tidade de folhas varia de acordo com o projeto. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/
content/ABAAAe8o8AL/leitura-interpretao-projetos-arquitetnicos?part=2>.

O sentido de abertura das folhas pode ser indicado, além das plantas, tam-
bém em vistas, como ilustrado na figura a seguir. As setas apontam para que
direção as folhas correm. Repare que, no primeiro exemplo, as portas correm
para as laterais esquerda e direita, de modo que todo o vão fica livre. Já no

132 • capítulo 4
exemplo seguinte, as folhas correm uma sobre a outra, mas a abertura do vão
nunca ultrapassará 50%. A inexistência de setas em uma das folhas indica que
se trata de uma folha fixa.

Figura 4.8  –  Indicação do sentido de correr de cada uma das folhas em vista. Disponível em:
<https://forums.autodesk.com>.

As portas sanfonadas – também conhecidas como pantográficas, articula-


A
das ou camarão – são uma composição de portas de abrir com portas de cor-
Externa
rer. Trata-se de um sistema de folhas articuladas. A quantidade de folhas, da
mesma forma que o modelo anteriormente apresentado, depende do projeto.
Quando essas portas ocupam grandes vãos, às vezes é necessário fixá-las em
ambas as extremidades da parede. No entanto, sendo vãos menores, a fixação
Interna
pode ser apenas em uma das laterais, como ilustrado a seguir.

A B
Externa Externa

Interna Interna

B
Externa

Interna

capítulo 4 • 133
Porta Esquerda Porta direita
Dobradiça Trinco Trinco Dobradiça
e alça e alça
Face interna Face interna

Face externa Face externa


Pino ou Puxador Puxador Puxador Puxador Pino ou
dobradiça extra extra dobradiça

Batente Batente

Porta Porta

Figura 4.9  –  Porta sanfonada com duas folhas. Disponível em: <http://www.cliquearquite-
tura.com.br/artigo/porta-articulada-ou-porta-camarao.html>.

Temos ainda portas utilizadas em ambientes de garagem, lojas ou depósi-


tos, em que precisamos vencer alturas maiores. Para tanto, são comuns as por-
tas de enrolar, típicas de entradas de lojas, e também os portões basculantes.

134 • capítulo 4
Fora

Dentro

Planta Corte AA

Fora

Dentro

Planta Corte AA

Figura 4.10  –  Acima: porta basculante em planta e em corte. Abaixo: porta de enrolar em
planta e em corte. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe8o8AL/leitu-
ra-interpretao-projetos-arquitetnicos?part=2>.

4.2  Janelas

Além das portas apresentadas anteriormente, você precisa conhecer os siste-


mas de representação de janelas, que, da mesma forma, podem ser executa-
das em materiais como madeira, PVC, alumínio ou ferro. A representação das
janelas depende do sistema de movimentação das folhas: de abrir, de correr,
basculante, guilhotina etc. Em alguns casos, como as duas primeiras, os de-
senhos serão muito semelhantes aos das portas. O que difere a representação
de portas e de janelas é a presença do peitoril, ou seja, a altura entre o piso e a
parte inferior da janela. Veja:

capítulo 4 • 135
1.100
2.100

.856
Porta Janela

Figura 4.11  –  Comparativo, em corte, da representação de uma porta e de uma janela.

O que difere uma janela de uma porta é a presença do peitoril, cuja altura
é variável. O nível de detalhamento do desenho dependerá da escala adotada.
A representação à esquerda é bastante simplificada, não sendo mostrado, por
exemplo, o sistema de movimentação da folha da janela. Contudo, a diferença
da espessura de linhas é nítida: a alvenaria cortada é representada com linha
mais grossa, enquanto as esquadrias são representadas com linhas mais finas.
As linhas ao centro indicam a folha, independentemente do material, e as li-
nhas das extremidades são o batente em vista, ou seja, como ele não está sendo
cortado, a espessura da linha é mais fina que aquelas do centro. Disponível em:
<http://www.sitengenharia.com.br>.

Você deve lembrar-se de que as plantas são um corte horizontal projetado


a 1,50 m do piso. Dessa forma, enxergamos na planta aquilo que está abaixo
desta linha de corte. O que está acima será desenhado em linhas tracejadas. É o
caso das janelas. Aquelas que tiverem peitoril acima da linha de corte, ou seja,
acima de 1,50 m serão representadas com linhas tracejadas. Apenas aquelas
com peitoril inferior, cuja altura de fato é cortada pela linha de corte, serão de-
senhadas com linha contínua. Veja a diferença:

136 • capítulo 4
Figura 4.12  –  Representação de uma janela em perspectiva, demonstrando o plano de cor-
te, e em planta. Janelas com peitoril inferior a 1,50 m são desenhadas com linhas contínuas.
Disponível em: <http://www.ceap.br/material/MAT14032013210601.pdf>.

Figura 4.13  –  Janelas com peitoril superior a 1,50 m são representadas com linha trace-
jada, pois estão acima do plano de corte. Disponível em: <http://www.ceap.br/material/
MAT14032013210601.pdf>.

capítulo 4 • 137
A seguir, temos uma relação de tipos de janelas disponíveis no mercado,
que podem ser adquiridas em medidas padrão ou ser fabricadas de acordo com
projeto de detalhamento.

Janela máximo ar

Janela de abrir

Janela pivotante

Janela de correr
quatro folhas

Janela guilhotina
Janela basculante

Figura 4.14  –  Tipos de janelas e suas respectivas representações em vista, planta e corte.
Disponível em: <https://atelierdareforma.files.wordpress.com/2014/06/esquadrias.jpg>.

O nível de detalhamento dos desenhos dependerá da escala adotada em pro-


jeto. Em projetos com escala 1:50, por exemplo, devemos desenhar elementos
como as folhas, o sistema de movimentação, as molduras, as venezianas, como
mostra a figura a seguir. Repare que, em vista, uma das folhas foi representada
semiaberta, para indicar que se trata de uma janela de correr. Em corte, além
das folhas de correr, também é representada a folha externa em veneziana.

138 • capítulo 4
Folha de correr
Folha em veneziana

Folha fixa

Figura 4.15  –  Representação de uma janela mista em corte e em vista: a parte superior da
janela é composta por duas folhas de correr e a parte inferior de uma folha fixa.

Há uma folha externa em veneziana. As cotas indicam a altura do peitoril


e da janela, bem como a espessura da laje e o afastamento em relação ao teto.
Disponível em: <http://www.gbcad.com.br/site/products/active3d.htm>.

Como já orientamos, esquadrias podem ser executadas em diversos mate-


riais, inclusive coordenando mais de um material em uma mesma peça. Ainda
no exemplo anterior, as folhas de correr da janela são estruturadas em alumí-
nio, e o interior é preenchido com vidro, para garantir a iluminação do ambien-
te. Às vezes, é necessário controlar a entrada de luz, papel esse executado pela
veneziana, representada em corte. Lembrando, novamente, que todos os aca-
bamentos e materiais serão relacionados no quadro de esquadrias e em projeto
de detalhamento, tal como mostra a figura a seguir.

capítulo 4 • 139
Vista Frontal e Código Quantidade Tipo Dimensões Local Ferragens Vidro Acabamento
• 1 recolhedor
• 1 flange de conexão
para recolhedor
• 1 flange de conexão • Madeira
• Persiana
do rolamento • PVC
3 • Ejetável • 180 x 120 / 15 • Dormitório • Liso - 4 mm
• 1 tubo de alumínio • Verniz incolor
• Correr
• 2 braços projetantes • Alumínio
JPEC • 4 roldanas e 4 guias
• 4 trilhos de alumínio
• 2 dobradiças

• 1 trava
• Veneziana • 2 puxadores • Madeira
4 sanfonada • 180 x 120 / 15 • Escritório • rodízios • Liso - 4 mm • Tinta esmalte
• Correr • 2 puxadores na cor branca
com trilho (veneziana)
JVSM

• Madeira
• 1 alavanca com trilho
• Tinta óleo
2 • Maximar • 140 x 110 / 15 • Banheiro • 2 braços de fixação • Martelado - 4 mm
semi-brilho na
móveis
JMM cor marrom

• 3 dobradiças
• Madeira
5 • Porta • 90 x 210 / 15 • Dormitórios • 1 maçaneta * não possui
• Verniz incolor
• 1 fechadura

PM

Figura 4.16  –  Quadro de esquadrias. Primeiramente são desenhadas as esquadrias a se-


rem especificadas.

Dentre as especificações estão: quantitativo (número total de um determi-


nado tipo de porta ou janela presente no projeto), tipo (sistema de movimen-
tação para abertura das folhas), dimensões, local (ambiente em que serão
utilizadas), ferragens (peças necessárias à fixação de cada tipo), vidro (espe-
cificação do tipo de vidro – ou ausência do mesmo) e acabamento (material
e acabamento em pintura ou verniz). Disponível em: <http://renatoarruda
fragaarq.blogspot.com.br/2010/12/desenho-arquitetonico-2-esquadrias
.html>.

ATIVIDADE
01. FCC, 2009 (Engenheiro Civil do Tribunal de Justiça-SE) Sobre projetos arquitetônicos,
considere:

140 • capítulo 4
1,60 x 1,50
I

1,40
2,10
II

1,40
2,10
III

1,60 x 1,50

IV

Os detalhes I, II, III e IV do desenho representam, respectivamente,


a) janela de duas folhas aparentes de correr, porta de duas folhas vai e vem, porta de dois
painéis fixos aparentes e painel antirruído de folha única.
b) porta de correr aparente de duas folhas, porta de correr aparente de uma folha, janela de
correr de duas folhas e janela de correr uma folha guilhotina.
c) janela de correr de duas folhas, porta balcão de correr de uma folha fixa e uma móvel,
janela pivotante de duas folhas e janela tipo painel de envidraçamento.
d) janela guilhotina, porta deslizante aparente de duas folhas, porta de transpasse de duas
folhas aparentes e janela de correr de duas folhas paralelas.
e) janela de duas folhas de correr, porta de correr embutida de duas folhas, porta de correr
aparente de uma folha fixa ou as duas folhas móveis e janela de uma folha.

REFLEXÃO
Até aqui, você aprendeu a representar todos os planos verticais, horizontais e inclinados que
compõem uma edificação. No entanto, para que uma edificação funcione dentro de condi-
ções salubres, é preciso haver aberturas que garantam iluminação, ventilação e acesso aos
ambientes. O controle dessas aberturas, através dos mais variados sistemas de movimenta-
ção que foram apresentados, é feito por meio das esquadrias. As portas e janelas existentes
em um edifício podem ser executadas em materiais como madeira, alumínio, ferro, PVC etc.
Em uma mesma esquadria podemos encontrar diferentes materiais. Por exemplo, existem
janelas feitas em ferro e vidro, mas a presença de uma folha em veneziana torna possível o
controle da iluminação através dela. Todas essas especificações estão contidas no quadro de
esquadrias, de extrema importância para a realização de orçamentos e quantitativos de obra.

capítulo 4 • 141
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHING, F. Técnicas de construção ilustradas. 2 ed. São Paulo: Bookman, 2001.
MONTENEGRO, G. Desenho arquitetônico. 3 ed. São Paulo: Editora Blücher, 1997.

142 • capítulo 4
5
Representações
bidimensionais
instalações e
equipamentos
5.  Representações bidimensionais
Instalações e equipamentos

Neste capítulo 5, veremos como funciona e se representam as instalações pre-


diais. Esses subsistemas devem ser integrados ao sistema construtivo proposto
pela arquitetura e, quando não há coordenação entre o arquiteto e os profissio-
nais contratados para a elaboração dos projetos complementares, pode ocorrer
incompatibilização entre os projetos, o que, certamente, aparecerá depois, du-
rante a execução da obra, gerando inúmeras improvisações para solucionar os
problemas surgidos, visando finalizar a execução das instalações.
Para cada etapa de projeto, independentemente das soluções que venham
a ser adotadas, uma série específica de informações deve ser fornecida, com di-
retrizes para sua representação gráfica. O projetista, a par das informações para
a elaboração do projeto, que incluem o levantamento topográfico e o programa
arquitetônico, deve consultar os manuais e as normas técnicas pertinentes, se-
jam da ABNT ou de outro órgão.
Ao final deste capítulo, esperamos que você aprenda que o enquadramento
das instalações é integrante no campo da saúde pública, pois precisa garantir
água potável, saneamento e segurança contra acidentes elétricos. Dessa forma,
nas instalações é exigido o cumprimento das mesmas exigências aplicáveis às
demais estruturas físicas do setor de saneamento.

Normas Brasileiras
NBR 5626/82 Instalações Prediais de Água Fria
NBR 6492/80 Execução de desenho de Arquitetura
NB 611/75 Instalações Prediais de Águas Pluviais
NBR 8160/83 Instalações Prediais de Esgotos Sanitários
NBR 13523/95 Central Predial de Gás Liquefeito de Petróleo

OBJETIVOS
•  Dar a conhecer os principais sistemas de instalações que integram um edifício: hidráulicos
e elétricos;

144 • capítulo 5
•  Apresentar o nível de informações ao qual o arquiteto deve chegar para encaminhamento
dos projetos complementares desenvolvidos pelos engenheiros.

5.1  Informações dos produtos gráficos

Um projeto arquitetônico elaborado com os equipamentos adequadamente lo-


calizados, tendo em vista suas características funcionais, compatibilizado com
os projetos de estrutura, fundações, instalações e outros pertinentes, é condi-
ção básica para a perfeita integração entre os vários subsistemas construtivos.
O projeto de instalações prediais harmoniosamente integradas aos demais
projetos do edifício permitirá fácil operação e manutenção das instalações.
O projeto completo deverá ser composto dos projetos específicos das várias
áreas técnicas envolvidas:
•  Levantamento planialtimétrico;
•  Arquitetura;
•  Paisagismo (ser for o caso);
•  Estrutura;
•  Hidráulica;
•  Incêndio;
•  Elétrica.

Cada área técnica deverá apresentar 3 ou 4 etapas de projeto, sendo elas a


vistoria do local, o estudo preliminar, o anteprojeto e o projeto executivo.
Na vistoria ao local, deverão ser apresentados relatórios, contendo as infor-
mações discriminadas a seguir:
•  Serviços públicos existentes em cada rua, nomes das Concessionárias lo-
cais e o tipo de fornecimento de água, energia elétrica e rede de esgoto;
•  Levantamento topográfico de bueiros, bocas de lobo, postes ou de qual-
quer interferência existente no terreno e no entorno, locando-as em desenho;
•  Localização e diâmetro de redes de águas pluviais e esgotos existentes
no terreno.

Obs.: Este relatório deverá ser entregue na reunião com as demais áreas técnicas,
após a aprovação do estudo preliminar.

capítulo 5 • 145
No estudo preliminar deverão ser feitas reuniões com as equipes envolvi-
das, a fim de que cada equipe coloque suas necessidades para execução ou ade-
quação de seus projetos. Os desenhos são apenas iniciais.
No anteprojeto, deverão ser desenvolvidos os anteprojetos de arquitetura e
estrutura já aprovados. Deve abranger, além dos aspectos referentes à implan-
tação no terreno, todas as edificações existentes e cadastros de detalhes.
Os produtos gráficos apresentados devem conter todas as informações ne-
cessárias para verificar a viabilidade do empreendimento. Após aprovadas pela
equipe de viabilidade econômica do empreendimento, podem ser iniciados os
trabalhos referentes à fase seguinte.
Produtos gráficos
a) Folha 01 Implantação escala 1:200
• Planta de todos os pavimentos;
• Curvas de nível, taludes, platôs;
• Ruas circundantes (nome, serviços públicos);
• Cotas dos pisos internos e externos;
• Tipo de muro de fechamento de divisa;
• Localização do reservatório, abrigo do cavalete de gás e água, saída
de esgoto e águas pluviais, entrada de energia elétrica, postes internos,
local para o quadro de força, planta da rede primária e secundária etc.

Figura 5.1  –  Implantação de anteprojeto instalações residencial. Fonte: Elaborada pelo autor.

b) Planta dos Pavimentos escala 1:50 ou 1:75


• Traçado das redes de água, esgoto, gás, pluvial, pontos de tomada,
interruptores, quadro de força, pontos de iluminação e outros.

146 • capítulo 5
Figura 5.2  –  Planta dos pavimentos. Fonte: Elaborada pelo autor.

c) Planta de cobertura escalas 1:50, 1:75 ou 1:100


• Planta do telhado com o local da caixa d’água, pontos de energia
para aquecedor, descidas de água de calhas etc.

Figura 5.3  –  Planta de cobertura. Fonte: Elaborada pelo autor.

capítulo 5 • 147
5.1.1  Análise e aprovação do anteprojeto

O objetivo do anteprojeto é verificar:


•  Caminhamento das redes de água fria, esgoto, águas pluviais, gás e incên-
dio (se houver), entrada de energia elétrica, poste, iluminações etc.
•  Localização e dimensionamento de reservatórios, fossas e sumidouros ou
filtros anaeróbios, canaletas etc.

Os projetos executivos deverão conter todas as informações necessárias


para o perfeito entendimento do projeto e execução da obra. Deve ser desen-
volvido considerando-se as observações feitas no anteprojeto. Os produtos grá-
ficos apresentados devem conter todas as informações listadas no anteprojeto,
mais as listas de todos os materiais, detalhes construtivos, detalhes técnicos,
compatibilizações de arquitetura, estrutura, instalações hidráulicas e elétricas.
a) Planta dos pavimentos
• Todos os itens já aprovados no anteprojeto;
• Localização dos pontos e colunas da rede de água fria, materiais e
diâmetros das tubulações;
• Localização dos pontos e descidas das instalações elétricas;
• Rede interna de esgotos e ventilação, materiais e diâmetros
das tubulações;
• Localização dos condutores das redes de águas pluviais, materiais e
diâmetros das tubulações;
• Localização dos pontos da rede de gás, materiais e diâmetros
das tubulações;
• Localização dos pontos e colunas da rede para hidrantes, se houver,
materiais e diâmetros das tubulações, localização dos abrigos;
• Localização das luminárias para iluminação de emergência;

b) Planta de cobertura
• Indicação dos caimentos de telhado, lajes, calhas, marquises e o
tipo de cobertura;
• Localização dos condutores de águas pluviais, materiais e diâmetros
das tubulações;
• Localização das colunas de ventilação, materiais e diâmetros
das tubulações;

148 • capítulo 5
• Indicação do reservatório incorporado ao prédio, se houver, locali-
zação e capacidade.

c) Esquema isométrico de água e prumadas elétricas


• Esquemas isométricos, materiais e diâmetros das tubulações, altura
dos ramais, dos registros e dos pontos de utilização (escala 1:25 ou 1:20).

Figura 5.4  –  Planta isométrica executiva. Fonte: Elaborada pelo autor.

d) Reservatórios
• Plantas, cortes, esquemas isométricos e dimensionamentos das
bombas de recalque.

e) Pastas de aprovação junto às concessionárias


• Água e esgoto;
• Gás.

f) Corpo de Bombeiros
• Com os executivos em mão, o orçamentista consegue fazer o orça-
mento final da obra, já contando com todos os elementos necessários.
Neste momento deve-se evitar alterar qualquer item nos projetos. Pode-
se partir para a fase de desenvolver o cronograma físico e financeiro
da obra.

capítulo 5 • 149
5.2  Sistema predial de água fria

Uma instalação predial de água fria (temperatura ambiente) constitui-se no


conjunto de tubulações, equipamentos, reservatórios e dispositivos, destina-
dos ao abastecimento dos aparelhos e pontos de utilização de água da edifica-
ção, em quantidade suficiente, mantendo a qualidade da água fornecida pelo
sistema de abastecimento.

Figura 5.5  –  Sistema Predial de Água Fria. Fonte: Manual Técnico Tigre.

A norma que fixa as exigências e recomendações relativas a projeto, exe-


cução e manutenção da instalação predial de água fria é a NBR 5626, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). De acordo com a norma, as
instalações prediais de água fria devem ser projetadas de modo que, durante a
vida útil do edifício que as contém, atendam requisitos como preservar a pota-
bilidade da água, garantir o fornecimento contínuo, possibilitar manutenção
fácil e econômica.
Uma instalação predial de água fria pode ser alimentada de duas formas:
pela rede pública de abastecimento ou por um sistema privado. A concessioná-
ria pública é quem faz a interligação entre a rede pública de água e a instalação
predial. Antes de solicitar o fornecimento de água, deve-se verificar se a vazão
é capaz de abastecer o empreendimento. É possível fazer a ligação a um poço

150 • capítulo 5
artesiano. O serviço de perfuração e instalação de poços artesianos envolve o
estudo de avaliação hidrogeológica, que identifica as probabilidades de haver
recursos hídricos suficientes.
Dentro da propriedade particular, no limite do terreno com a via pública,
(parede externa ou muros), implantam-se os hidrômetros, medidor de energia
elétrica, caixa de correspondência, campainha com interfone e câmara TV, de
modo a facilitar a leitura pelas concessionárias fornecedoras de água e de ener-
gia. O ideal é o compartimento ter os painéis de leitura voltados para o lado do
passeio público, para que possam ser lidos mesmo que a casa esteja fechada ou
sem morador.

Registro
Muro
Hidrômetro
Abrigo do cavalete
Caixa para
registo de calçada
Rua

Cavalete
Rede pública
de água
Ramal predial

Quadro de medição
Hidrômetro
(visor virado para o
passeio público
Edificação Muro

Fácil acesso para leitura Calçada

Figura 5.6  –  Detalhes da entrada de água. Fonte: Júnior, R. C. Instalações hidráulicas e o


projeto de Arquitetura. Blucher, 7º Ed. 2013.

capítulo 5 • 151
A medição individual de água em condomínios prediais é importante por
várias razões, dentre as quais se destacam: redução do desperdício de água e,
consequentemente, do volume efluente de esgotos; economia de energia elétri-
ca devido à redução do volume bombeado para o reservatório superior; redução
do índice de inadimplência; identificação de vazamentos de difícil percepção.
Reservatório superior

Hidrômetro
individual

Medidor

Hidrômetro principal

Figura 5.7  –  Medição individual de água. Fonte: Júnior, R. C. Instalações Hidráulicas e o


Projeto de Arquitetura. Blucher, 7º Ed. 2013.

No sistema de distribuição de água, podemos ter a distribuição direta, indi-


reta e mista. Na mista, parte da alimentação da rede de distribuição predial é
feita diretamente pela rede pública de abastecimento e parte pelo reservatório
superior. Esse sistema é mais usual e mais vantajoso que os demais, pois al-
gumas peças podem ser alimentadas diretamente pela rede pública, como tor-
neiras externas, tanques em áreas de serviço ou edícula situadas no pavimento
térreo. Nesse caso, como a pressão na rede pública quase sempre é maior do
que a obtida a partir do reservatório superior, os pontos de utilização de água
terão maior pressão.

152 • capítulo 5
1 - Reservatório
2 - Ladrão
3 - Limpeza
4 - Registro
5 - Saída na calçada
4
6 - Distribuição
7 - Rua 1
2
8 - Guia 4
5 3
9 - Registro na calçada
10 - Abrigo do cavalete 6
6
11 - Cavalete
12 - Registro
13 - Hidrômetro
14 - Alimentação
16
15 - Instalação predial
16 - Distribuição direta
8
7
12
10 16 14
13
14
9
15
11

Figura 5.8  –  Sistema de distribuição mista. Fonte: Júnior, R. C. Instalações hidráulicas e o


projeto de Arquitetura. Blucher, 7º Ed. 2013.

O reservatório deve ser localizado o mais próximo possível dos pontos de


consumo, para que não ocorra perda de cargas exageradas nas canalizações, o
que acarretaria uma diminuição da pressão nos pontos de utilização.
Os desenhos das instalações baseiam-se no projeto arquitetônico, portanto
um projeto bem resolvido, com as peças sanitárias e os equipamentos correta-
mente definidos e localizados, pontos de água devidamente cotados com a uti-
lização do sistema de eixos longitudinais e transversais, ao longo das paredes
e/ou pilares, é condição básica para que se consiga um layout adequado para a
futura elaboração do projeto de instalações.
Atualmente, existem diversos programas computadorizados no mercado,
que auxiliam a elaboração dos projetos de hidráulica e seu desenho, inclusive
as perspectivas isométricas. Para melhor visualização da rede de distribuição
de água fria, desenham-se os compartimentos sanitários em perspectiva iso-
métrica. Os detalhes isométricos, geralmente, são elaborados nas escalas 1:20
ou 1:25.
Desenham-se com traços finos os contornos das paredes e marca-se a posi-
ção das portas e das janelas. As cotas são dispensáveis.

capítulo 5 • 153
Figura 5.9  –  Detalhe isométrico de água fria. Fonte: Elaborada pelo autor.

154 • capítulo 5
Figura 5.10  –  Detalhe isométrico de água fria. Fonte: Júnior, R. C. Instalações Hidráulicas e
o Projeto de Arquitetura. Blucher, 7º Ed. 2013.

5.3  Sistema predial de instalações elétricas

O projeto de instalações elétricas prediais é uma representação gráfica e escri-


ta do que se pretende instalar na edificação, com todos os seus detalhes e a
localização dos pontos de utilização (luz, tomadas, interruptores, comandos,
passagem e trajeto dos condutores, dispositivos de manobras etc.). O projeto de
instalações elétricas gera significativa economia na aquisição de materiais e na
execução das instalações, além de evitar o superdimensionamento (ou sub) de
circuitos, disjuntores desarmados, falta de segurança nas instalações (incên-
dios, perda de equipamentos, choques elétricos) e dificuldade para a execução
das instalações desconformes com as normas vigentes.

capítulo 5 • 155
A concessionária de energia elétrica fixa os requisitos para ligação. Assim,
cabe ao projetista verificar se a demanda de suas necessidades pode ser suprida
pela concessionária. As Normas Técnicas da ABNT, principalmente a NBR 5410
(Instalações Elétricas de Baixa Tensão – Procedimentos), contêm prescrições
relativas ao projeto, à execução, à verificação final da obra e à manutenção das
instalações elétricas.

Rede da concessionária
em baixa tensão

os
uit is
i rc ina
C rm
Ramal te
de ligação

Quadro de
distribuição

Medidor

Circuito de alimentação principal

Aterramento

Figura 5.11  –  Esquema de instalação elétrica. Fonte: Júnior, R. C. Instalações Elétricas e o


Projeto de Arquitetura. Blucher, 7. ed. 2011.

O projeto é a representação escrita da instalação e deve conter no mínimo:


•  Plantas;
•  Esquemas (unifilares e outros que se façam necessários);
•  Detalhes de montagem, quando necessários;
•  Memorial descritivo;
•  Memória de cálculo (dimensionamento de condutores, condutos
e proteções);

No desenho das plantas, deverá ter informações que permitam a sua exe-
cução em obra e a sua quantificação. A simbologia elétrica é muito importante

156 • capítulo 5
no desenho técnico. Existe um grande número de símbolos. Neste capítulo só
abordaremos alguns.

Legenda

Ponto de luz no teto


Ponto de luz na parede
Interruptor simples
Interruptor paralelo
Tomada baixa monofásica com terra
Tomada média monofásica com terra
Campainha
Botão de campainha
Quadro de distribuição
Eletroduto embutido na laje
Eletroduto embutido na parede
Eletroduto embutido no piso

Figura 5.12  –  Simbologia elétrica. Fonte: Júnior, R. C. Instalações Elétricas e o Projeto de


Arquitetura. Blucher, 7. ed. 2011.

A simbologia se baseia em quatro elementos geométricos básicos: o traço, o


círculo, o triângulo equilátero e o quadrado.
•  O traço cheio representa o eletroduto.

Variações no traço representam eletrodutos em


outra forma de utilização:
(sob o solo)
(embutido na parede)

Figura 5.13  –  Simbologia eletrodutos. Disponível em: <http://joinville.ifsc.edu.br/~luis.no-


dari/Mecatr%C3%B4nica/>.

capítulo 5 • 157
•  O círculo pode representar vários objetos: o ponto de luz no teto ou pa-
rede, o interruptor, tomadas e qualquer dispositivo embutido no teto. Obs.: o
ponto de luz deve ter diâmetro maior que o do interruptor e das tomadas.

Figura 5.14 – Simbologia elétrica. Disponível em: <http://joinville.ifsc.edu.br/~luis.nodari/


Mecatr%C3%B4nica/>.

Fio preto

Fio branco

Parafuso final

O símbolo antigo do interruptor é a letra S

Figura 5.15 – Simbologia elétrica. Disponível em: <http://joinville.ifsc.edu.br/~luis.


nodari/Mecatr%C3%B4nica/>.

158 • capítulo 5
•  O triângulo ou círculo com divisões representa tomadas em geral.
Variações indicam mudança de significado e função (tomadas de força, toma-
das de telefone etc., bem como modificações na altura de montagem).
Novo padrão de tomadas Novos plugs
2P
Dois pinos. É o tipo mais comum,
Esta modalidade de encontrado na maioria dos
tomada é também equipamentos eletrodomésticos
conhecida como
2P+T
Entrada para 2 pinos

2P+T
Dois pinos+fio terra. É o padrão de
plugs para alguns tipos de
aparelhos como chuveiros e
Entrada para conexão ar-condicionados
de aterramento (fio-terra)

Cavidade Ambos modelos têm formato que se


Impede o contato do usuário com encaixa perfeitamente na cavidade da
o plug no momento da conexão tomada, para evitar acidentes

Baixa = 0,30 m, média = 1,1 m e alta = 2,0 m

Figura 5.16  –  Simbologia elétrica. Disponível em: <http://joinville.ifsc.edu.br/~luis.nodari/


Mecatr%C3%B4nica/>.

•  O quadrado representa qualquer tipo de elemento no piso ou conversor


de energia.

P Caixa de passagem no piso


Cx. pass.
(200x200x100)

P Caixa de passagem no teto


Cx. pass.
(200x200x100)

Figura 5.17  –  Simbologia elétrica. Disponível em: <http://joinville.ifsc.edu.br/~luis.nodari/


Mecatr%C3%B4nica/>.

As etapas básicas de um projeto elétrico são:


•  Desenho dos pontos de utilização;
•  Localização dos quadros de distribuição de luz (QLs);
•  Localização dos quadros de força (QFs);

capítulo 5 • 159
•  Divisão das cargas em circuitos terminais;
•  Desenho das tubulações de circuitos terminais;
•  Localização das caixas de passagem dos pavimentos e da prumada;
•  Localização do quadro geral de baixa tensão (QGBT), centros de medido-
res, caixa seccionadora, ramal alimentador e ponto de entrega;
•  Desenho das tubulações dos circuitos alimentadores;
•  Desenho do esquema vertical (prumada);
•  Traçado da fiação dos circuitos alimentadores.

EXEMPLO
1. Limpar a planta baixa de arquitetura:

160 • capítulo 5
2. Desenhar (locar) os pontos de tomadas, luminárias, interruptores e o quadro de medição.

3. Desenhar a infraestrutura interligando o quadro de distribuição de energia às luminárias


e tomadas.
Legenda

Luminária incandescente 60 W
Luminária incandescente tipo arandela de 60 W
Tomada 2P+T altura de 2,00 m
Tomada 2P+T altura de 0,30 m
Interruptor paralelo
Tomada 2P+T altura de 1,10 m
Interruptor de 2 teclas
Obs:
1 - Condutor não nominado para iluminação é de seção 1,5 mm2
2 - Condutor não nominado para tomada é de seção 2,5 mm2
3 - Eletroduto não nominado é de bitola 1/2" (20 mm)
3 - Eletroduto não nominado para telefone e TV a cabo é de bitola
3/4" (25 mm)

capítulo 5 • 161
4. Desenhar a legenda com a simbologia e sua respectiva especificação técnica.

5. Relação de material

162 • capítulo 5
6. Diagrama unifilar ou multifilar do quadro de distribuição de energia mostrando o número
dos circuitos, a bitola dos cabos elétricos e o tipo do circuito: monofásico, bifásico e trifásico.

ATIVIDADES
01. PR-4, 2012 (Cargo: Arquiteto e Urbanista) A alternativa que contém as informações que
devem constar no projeto de arquitetura para a elaboração do projeto de instalações prediais
elétricas é:
a) definição da entrada preferencial de energia elétrica, especificação das cargas nos di-
versos cômodos do projeto de arquitetura, definição das demais instalações prediais;

capítulo 5 • 163
b) definição da entrada preferencial de energia elétrica, pontos de iluminação e tomadas
necessárias, necessidade de carga para equipamentos específicos e/ou especificação
dos setores com necessidade de fornecimento de energia ininterrupta, definição das
demais instalações prediais;
c) definição dos pontos de iluminação necessários, definição da necessidade de carga
para equipamentos específicos e/ou especificação dos setores com necessidade de
fornecimento de energia ininterrupta, definição da carga final necessária;
d) definição da entrada preferencial de energia elétrica, pontos de iluminação e tomadas
necessárias, especificação dos setores com necessidade de fornecimento de energia
ininterrupta, definição das demais instalações prediais;
e) especificação dos setores com necessidade de fornecimento de energia ininterrupta,
especificação das cargas nos diversos cômodos do projeto de arquitetura, definição das
demais instalações prediais.

02. ESAF, 2013 (Cargo: Arquiteto) Avalie a correção do símbolo gráfico e do respectivo
significado correspondente às instalações elétricas prediais (NBR 5.444/1989) e assinale
a opção correta.
a) Símbolo
Significado / Eletroduto embutido na parede
b) Símbolo
Significado / Eletroduto embutido no piso
c) Símbolo
Significado / Condutor fase no interior do eletroduto
d) Símbolo
Significado/ Caixa de passagem de piso
e) Símbolo
Significado/ Circuito que sobe

03. Assinale a alternativa incorreta.


a) O arquiteto deve, em projeto, já prever os locais onde devem ser instalados os disjun-
tores, as tomadas, os interruptores e prever locais para instalação de ar-condicionado.
b) No projeto executivo, o arquiteto deve informar, se os pontos de água deverão ser deixa-
dos na bancada, na parede, se o sistema vai prever água quente e água fria.
c) Não faz parte da função do arquiteto prever os pontos de instalações prediais, sendo que
estes devem ser colocados durante a obra, de acordo com a necessidade;

164 • capítulo 5
d) A obra só deve iniciar depois que todos os projetos executivos de instalações estiverem
prontos, a fim de evitar adaptações e correções durante a construção da obra.
e) Preferencialmente o arquiteto deve escolher os pontos mais baixos do terreno para fazer
a saída da rede de esgoto.

04. Assinale a alternativa incorreta.


a) O objetivo do anteprojeto é verificar o caminhamento das redes de água fria, esgoto,
águas pluviais, gás e incêndio (se houver), entrada de energia elétrica, poste, ilumina-
ções etc.
b) Uma instalação predial de água fria pode ser alimentada de duas formas: pela rede pú-
blica de abastecimento ou por um sistema privado.
c) A medição individual de água em condomínios prediais é importante pela redução do
desperdício de água.
d) O detalhe isométrico permite a correta instalação hidráulica e serve como referência
para manutenção e eventuais reformas.
e) O arquiteto deve criar sempre em cada projeto uma nova nomenclatura e símbolos quan-
do for fazer um projeto elétrico residendial.

REFLEXÃO
Um bom projeto de arquitetura contempla os demais subsistemas como parte integrante
do todo. As instalações, cada vez mais importantes, foram consideradas como algo que o
engenheiro projetista de hidráulica deveria “esconder” no forro ou embutir nas paredes de al-
venaria de tijolos. Contudo, se de um lado as exigências e a complexidade das instalações hi-
dráulicas crescem dia a dia, de outro lado a substituição da alvenaria por estruturas indepen-
dentes e sistemas de vedo em painéis, associados a grandes aberturas, acabou por obrigar
os arquitetos a se envolverem no assunto desde os estudos preliminares. Verifica-se, assim,
que não são apenas as exigências cada vez maiores das instalações prediais, mas a própria
evolução dos sistemas construtivos – vale dizer da própria arquitetura – que acabaram por
envolver os arquitetos nessa problemática. Afinal, o projeto deve ser uma peça íntegra, e a
arquitetura é uma composição, e não uma mera justaposição de elementos construtivos dis-
persos. Entender como representar e como funciona esse subsistema auxilia o arquiteto na
concepção do projeto, já idealizando sua existência como parte integrante do projeto.

capítulo 5 • 165
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, J. R. Instalações elétricas e o projeto de arquitetura. 7 ed. São Paulo: Edgard
Blucher, 2011.
CARVALHO, J. R. Instalações hidráulicas e o projeto de arquitetura. 7 ed. São Paulo: Edgard
Blucher, 2012.
TUBOS, Tigre. Conexões. Catálogo Técnico.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR-5226
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR-5410

166 • capítulo 5
6
Representações
tridimensionais
6.  Representações tridimensionais
Neste Capítulo 6, trataremos das representações tridimensionais em arquite-
tura. A representação do objeto tridimensional arquitetônico teve início com a
elaboração de maquetes, durante o Renascimento, por meio das quais se alme-
java estudar as características morfológicas e volumétricas que não eram con-
templadas nas representações bidimensionais. No entanto, “o problema fun-
damental do desenho de arquitetura é como representar formas, construções
e espaços tridimensionais em apenas duas dimensões” (CHING, 2012, p.35).
Isso aconteceu com a invenção da perspectiva arquitetônica. As perspectivas,
somadas a cortes, plantas e elevações, formam o conjunto de peças gráficas uti-
lizadas na representação de projetos de arquitetura.
Entretanto, representar algo já pressupõe certa distorção da realidade, per-
mitindo que apenas algumas características principais obtenham um enten-
dimento preciso. Nesse processo, redutor em sua origem, forma-se uma ima-
gem representativa que pode ser manipulada. Essa reflexão tem o potencial
de resultar no saber, superando as ideias superficiais. Os espaços em que nos
inserimos, o mundo que habitamos é tridimensional. Ele tem volume e pode
ser expresso em dimensões como largura, altura e profundidade. O grande de-
safio é exatamente o de representar esse mundo tridimensional em superfícies
planas. Essa representação requer uma transformação importante e que não é
trivial: a transformação do universo 3D para planos 2D.
As maquetes (representação material) e os modelos (representação da for-
ma tridimensional no plano ou modelos digitais em 3D) são produtos finais.
Suas características devem seguir padrões e, sobretudo, esta é uma atividade
puramente técnica e mecânica. Neste Capítulo 6 vamos tratar dos modelos de
representação tridimensional plana elaborada manualmente.
Em inglês, modelling é uma representação plana de formas tridimensionais,
na tela do computador. Essa simulação volumétrica é conhecida também por “mo-
delagem tridimensional”. Com a evolução da tecnologia (softwares e hardwares),
o desenho à mão passou, cada vez mais, a ser substituído, nos escritórios de
arquitetura, pela representação gráfica em computadores, trazendo agilidade
para a rotina dos escritórios e a possibilidade de apresentar ao cliente efeitos de
iluminação natural e artificial muito próximos da realidade, o que chamamos
de imagens foto-realísticas. Fazer uma maquete eletrônica também exige co-
nhecimentos específicos, além de softwares e equipamentos adequados.

168 • capítulo 6
Figura 6.1  –  Sentidos de “modelo”. Fonte: Rozestraten, 2003.

Atualmente surgiu o conceito de Building Information Modeling (BIM), um


conceito inovador com aplicabilidade na indústria da Arquitetura, Engenharia
e Construção que assenta numa metodologia de partilha de informação entre
todos os intervenientes, durante as diversas fases do ciclo de vida de um edifício.
Na fase de projeto, a tecnologia BIM, mais do que uma ferramenta para de-
senho, propicia ao arquiteto a possibilidade de conceber um projeto construin-
do seu modelo parametrizado, o que permite que visualize a volumetria, estime
custos, quantifique e qualifique o material aplicado, observando e ajustando
conforto ambiental e outros itens projetuais e facilitando a comunicação entre
os diversos profissionais integrantes do processo. Modificações e aperfeiçoa-
mentos ao projeto são processados automaticamente nas planilhas de custos,
nas plantas baixas e nas elevações da construção, permitindo um incremento
significativo na qualidade da comunicação e, consequentemente, na qualidade
do produto final, a edificação.

capítulo 6 • 169
O BIM materializa-se usualmente num modelo digital tridimensional, aces-
sível através de software, que contém dados sobre as suas características geo-
métricas, propriedades e atributos. Daí advêm várias vantagens para as fases de
concepção, projeto e construção, em que são criados novos desafios nas formas
de relação entre intervenientes e nas trocas de informação.

Figura 6.2  –  Teatro Jimbocho, Tóquio (Japão), projetado com o Archicad. Disponível em:
<http://piniweb.pini.com.br/construcao/arquitetura/bim-esta-mudando-a-maneira-de-
projetar-no-mundo-inteiro-93523-1.aspx>.

OBJETIVOS
•  Apresentar os sistemas de representação tridimensional utilizados no desenho à mão
em arquitetura;
•  Dar a conhecer ao aluno as possibilidades oferecidas pelos softwares de modelação;
•  Promover a compreensão do objeto tridimensional quando representado em pla-
nos bidimensionais.

170 • capítulo 6
6.1  A relação entre a representação bidimensional e a
tridimensional em Arquitetura

O projeto arquitetônico grafado não significa só uma representação; ele é a ex-


pressão do pensamento de um espaço configurado na mente e, para o desen-
volvimento de um raciocínio arquitetônico, é necessária a realização de uma
série de desenhos que exponham o objeto em sua totalidade – por exemplo,
representações em planta, corte e elevação, cada uma delas restrita aos seus
limites singulares de informações, não esgotam os processos perceptivos da
realidade tridimensional.
Surge com isso a necessidade de uma linguagem gráfica universal, envol-
vendo a Engenharia e a Arquitetura. Esse intercâmbio de informações e técni-
cas deveria seguir uma forma definida, baseada na geometria descritiva.
O estudo da geometria descritiva está baseado na projeção de objetos em
planos. O conceito de projeção pode ser entendido com a utilização de exem-
plos do cotidiano, uma vez que se trata de um fenômeno físico que ocorre na
natureza e que pode ser reproduzido pelo ser humano. Por exemplo, a sombra
de um objeto nada mais é do que a projeção desse objeto sobre uma superfície,
sob a ação de raios luminosos. Da mesma forma, as sucessivas imagens projeta-
das em uma tela de cinema são resultado da incidência de um feixe de luz sobre
as imagens contidas em uma película.

Figura 6.3  –  Percepção de distância e profundidade Fonte: Muniz, 2015.

capítulo 6 • 171
Surge a necessidade de compreender a percepção de distância e profundi-
dade. Um artista que observa um objeto no mundo real verá que suas partes
mais próximas devem ser representadas maiores que as partes mais distantes,
mesmo sabendo que elas na verdade têm a mesma dimensão, como na estru-
tura que aparece nessa ilustração. A variação de tamanho é justamente a pista
visual que indica o volume e é semelhante à projeção retiniana de cada uma
destas partes.
Para isso, é importante sistematizar a representação não apenas dos dife-
rentes aspectos que os objetos próximos e distantes assumiam, mas da pro-
fundidade deles, de maneira precisa e quantificável, não apenas de manei-
ra comparativa.

6.1.1  Princípios da geometria descritiva e os processos métricos de perspectiva

A geometria descritiva é um sistema de projeções que utiliza figuras geométri-


cas, tendo por objetivo treinar o raciocínio lógico e a visualização mental. Na
prática, o que se pretende com esta disciplina é passar as figuras geométricas
do espaço para representações bidimensionais. Assim, nesta disciplina, não se
efetuam operações aritméticas para resolver os exercícios. Estes se resolvem
por meio de traçados com base na lógica geométrica.
A visão humana envolve uma projeção retiniana que é bidimensional. A sen-
sação de profundidade resulta, dessa forma, de dois processos simultâneos:
primeiro, a sensação resulta da percepção da diferença entre os tamanhos apa-
rentes de objetos, sabidamente iguais, quando estão próximos ou distantes do
observador. Segundo, das pequenas diferenças de projeção retiniana de ambos
os olhos que são processadas pelo cérebro, gerando o que chamamos de visão
estereoscópica.
A projeção permite uma conversão das dimensões do mundo concreto e tri-
dimensional, para um plano de representação que é bidimensional. A figura
a seguir sintetiza os tipos de projeção separando em dois grupos: a projeção
cônica de um lado e a paralela ou cilíndrica de outro.

172 • capítulo 6
Projeções

Perspectivas Paralela
(projetantes NÃO paralelas) (projetantes paralelas)

Pontos de Fuga Principais Oblíqua Ortogonal


1 ponto (projetantes NÃO (projetantes
2 pontos perpendiculares ao plano perpendiculares ao plano
3 pontos de projeção) de projeção)

Vistas Axonométricas
Plano de projeção Plano de projeção
paralelo aos planos NÃO paralelo aos
principais planos principais

Três vistas Isométricas


Vistas auxiliares Dimétrica
Vistas seccionais Trimétrica

Figura 6.4  –  Tipos de projeções. Fonte: Elaborada pelo autor.

Um sistema de projeção é constituído por cinco elementos: o objeto ou


ponto objetivo, a projeção, o centro de projeção, as projetantes e o plano de
projeção. Do centro de projeção partem as projetantes, que passam pelos pon-
tos objetivos e interceptam o plano de projeção. Os pontos onde as projetantes
interceptam o plano de projeção correspondem às projeções dos pontos objeti-
vos. Quando o centro de projeção está situado a uma distância finita do objeto,
as projetantes são divergentes, dando origem à chamada projeção cônica ou
central, de acordo com a figura a seguir:

Centro de projeção
Projetante (O)

Ponto objetivo
(A) (C)
(B)

Plano de projeção C
A
Projeção
(α) B

Figura 6.5  –  Projeção cônica ou central. Fonte: Elaborada pelo autor.

capítulo 6 • 173
Quando o centro de projeção está localizado a uma distância infinita do ob-
jeto, as projetantes são paralelas entre si e tem-se a projeção cilíndrica ou para-
lela. Na figura a seguir, a direção das projetantes é oblíqua ao plano de projeção
e, nesse caso, a projeção cilíndrica é dita oblíqua. Em contrapartida, quando a
direção das projetantes é perpendicular ao plano de projeção (direita), temos a
projeção cilíndrica ortogonal.

(O)

Centro de projeção no infinito

Projetante

Ponto objetivo
(A) (C)
Projeção (B)

Plano de projeção
A C
B
(α)

Figura 6.6  –  Projeção paralela oblíqua. Fonte: Elaborada pelo autor.

(O)
Centro de projeção no infinito

Projetante

Ponto objetivo
(A) (C)
(B)
Projeção
Plano de projeção
A C
(α) B

Figura 6.7  –  Projeção paralela oblíqua. Fonte: Elaborada pelo autor.

174 • capítulo 6
Para que a forma e as dimensões de um objeto sejam compreendidas de
modo satisfatório, é necessário que as dimensões da projeção correspondam
às dimensões reais do objeto, ou seja, o objeto deve ser representado em sua
verdadeira grandeza. Contudo, quando o objeto não é paralelo ao plano de pro-
jeção, ele não é projetado em verdadeira grandeza em nenhum dos três siste-
mas de projeção apresentados.
Sistema de Projeções Sistema de Projeções Sistema de Projeções
Cônicas Cilíndricas Oblíquas Cilíndricas Ortogonais

A
(A) (A) (A)
(O) A
A
(O) (O)

Figura 6.8  –  Projeção paralela oblíqua. Fonte: Cruz, 2012.

Em 1795, criado por Gaspar Monge, o desenho projetivo reduzia a duas di-
mensões a representação de objetos tridimensionais segundo uma lógica pró-
pria. Tal lógica requer uma habilidade de abstração espacial, que necessita de
treinamento para ser entendida. A compreensão de desenhos abstratos por
meio de objetos concretos resulta da experiência adquirida nas disciplinas ini-
ciais de Desenho.
Segundo Muniz (2015), Monge declarou, em seu trabalho, dois objetivos
fundamentais: primeiro, obter os métodos para representar, em uma folha de
desenho que tem apenas duas dimensões – isto é, comprimento e largura –,
todos os corpos naturais que têm três – comprimento, largura e profundidade
–, desde que estes corpos possam ser definidos rigorosamente. Segundo, per-
mitir o reconhecimento, depois de uma descrição precisa, das formas do corpo
e deduzir todas as verdades que dela resultam e suas respectivas posições. Estes
princípios permanecem absolutamente válidos e estão presentes em qualquer
texto sobre geometria descritiva.
O procedimento sistematizado por Monge presume um observador no in-
finito a partir do qual são emitidos raios visuais paralelos que projetam uma
representação em um plano que lhes é perpendicular.

capítulo 6 • 175
A: Projeção de um ponto B: Projeção de um segmento de reta

C: Projeção de uma face D: Projeção de um sólido

Figura 6.9  –  Processo de projeção em um plano atrás do objeto. Fonte: Muniz, 2015.

Para definir a forma e a posição de um objeto no espaço de modo satisfató-


rio, utilizando-se um sistema de projeções, uma só projeção não é suficiente.
Assim, na Geometria Descritiva clássica, são utilizados dois planos de proje-
ção para representar um objeto, sendo que o sistema de projeção adotado é o
Sistema de Projeções Cilíndricas Ortogonais. O método da dupla projeção de
Monge, no qual toda a Geometria Descritiva clássica está baseada, consiste em
determinar duas projeções ortogonais do objeto sobre dois planos perpendicu-
lares entre si, o plano horizontal de projeção (π) e o plano vertical de projeção
(π’). Esses dois planos dividem o espaço em quatro regiões, denominadas die-
dros, e se interceptam segundo uma linha chamada linha de terra. Os dois pla-
nos de projeção definem, ainda, quatro semiplanos: horizontal anterior (πA),
horizontal posterior (πP), vertical superior (π’S) e vertical inferior (π’I).
plano vertical
de projeção

2o Diedro (π’) 1o Diedro plano horizontal (π’s)


projeção

(π) (πρ) (πΑ)

Linha de terra

3o Diedro 4o Diedro (π’I)

Figura 6.10  –  Plano de projeção. Fonte: Cruz, 2012.

176 • capítulo 6
As vantagens da utilização de um segundo plano de projeção foram rapida-
mente percebidas, adotadas e sistematizadas. Este procedimento é a base para
a construção de um procedimento técnico bastante utilizado na Geometria
Descritiva: a épura. A épura é o resultado de um processo de duas etapas.

VS F2 HP
VS =
F2
P2
P2

HP
2 2
HA
1
F1 1 0
P1
F1

P1 P1

VI ESPAÇO ÉPURA
HA
VI =

Figura 6.11  –  Formação da épora. Fonte: Elaborada pelo autor.

6.2  A terceira dimensão como instrumento de concepção projetual

O projeto de arquitetura pressupõe a utilização de sistemas de representação bidi-


mensionais – plantas, cortes e elevações – e tridimensionais – perspectivas – para
abarcar todos os detalhes necessários à sua correta execução em obra. “Na sua ori-
gem a palavra perspectiva tem um significado limitado: designa uma operação grá-
fica para representar em uma superfície plana todos os objetos de três dimensões
da mesma maneira que o vemos” (PEREIRA, 2010, p.141). Os princípios matemáti-
cos que regem tal operação foram elaborados por Filippo Brunnelleschi em torno
de 1410. Inaugurou-se à época o chamado “desenho científico”, que transforma
não somente a arquitetura, mas também a pintura, em uma ciência.
Além da sua capacidade representativa, o arquiteto precisa aprender e apri-
morar suas habilidades de pensar o espaço tridimensionalmente. É impossível
projetar algo, seja um móvel, seja um plano urbano, levando em consideração
apenas sua disposição em planta. “A representação perspectiva é um método
de organização do espaço no qual se verifica a transferência exata da verdade
visual à sua representação geométrica” (Ibidem, p.142).

capítulo 6 • 177
A partir do momento em que o desenho for encaminhado para execução,
muito provavelmente surgirão dúvidas decorrentes da falta de informações
acerca da tridimensionalidade daquele objeto. Lembre-se de que nem sempre
será o próprio arquiteto o responsável pela construção de seus projetos. O pro-
jeto de arquitetura é, portanto, um instrumento de controle que busca garantir
a correta execução do que foi inicialmente idealizado.
Mais do que a execução, a concepção projetual depende do entendimento
da arquitetura como um objeto tridimensional. O raciocínio de projeto é uma
tarefa multidirecional e complexa, e somente poderemos encontrar soluções
ideais quando resolvermos espaços e volumes concomitantemente. É um gran-
de equívoco começar a pensar um projeto “em planta”, embora esse hábito
seja comum entre muitos profissionais. Inúmeros problemas surgirão ten-
do em vista a separação entre as dimensões de projeto. A planta muitas vezes
precisará ser refeita, até que seja compatibilizada com sua terceira dimensão,
ou seja, é um processo irracional. Todo projeto deve ser concebido a partir de
sua tridimensionalidade.
Atualmente, dispomos de softwares especializados na modelagem tridi-
mensional de projetos de arquitetura, nos quais há interfaces diretas com os
desenhos bidimensionais. No entanto, precisamos entender a lógica de repre-
sentação tridimensional arquitetônica para que saibamos tirar proveito desses
recursos virtuais para além de seu caráter ilustrativo. A perspectiva é uma con-
jugação das informações presentes nas três dimensões do espaço e é, portanto,
peça imprescindível nos projetos arquitetônicos.

6.2.1  Tipos de perspectivas

A palavra perspectiva vem do latim perspicere (ver através de). Coloque-se atrás
de uma janela envidraçada e, sem se mover do lugar, risque no vidro o que está
"vendo através da janela". Terá feito uma perspectiva. A perspectiva é a repre-
sentação gráfica que mostra os objetos como eles aparecem à nossa vista, com
três dimensões.

178 • capítulo 6
Perspectivas
Cônicas Paralelas
Cavaleira Axonométrica

Figura 6.12  –  Quadro comparativo das perspectivas de um cubo: cônicas e paralelas (cava-
leira e axonométrica). Fonte: Souza, 2010.

Na perspectiva cônica, as representações de segmentos paralelos podem


não ser paralelas. Com isso, os paralelismos não ficam todos evidentes, e as
regras para tais representações tornam-se mais elaboradas. As perspectivas cô-
nicas se subdividem em três tipos: com um, dois ou três pontos de fuga.

Pontos de fuga

Perspectiva com Perspectiva com Perspectiva com


um ponto de fuga dois ponto de fuga três ponto de fuga

Figura 6.13  –  Cubos em perspectiva. Fonte: Souza, 2010.

As linhas paralelas que não são paralelas ao plano de representação conver-


gem todas para o ponto P, dito ponto de fuga. Assim, não são mantidos parale-
lismos nem comprimentos. É a que mais se assemelha à visão do olho humano.

capítulo 6 • 179
Figura 6.14  –  Ponto de fuga. Fonte: Souza, 2010.

6.2.2  Perspectivas paralelas

Na perspectiva paralela, que se subdivide em perspectiva cavaleira e perspec-


tiva axonométrica (ou axonometria), as figuras conservam as propriedades de
paralelismo e dão ideia de profundidade, o que pode facilitar sua interpretação.
Na perspectiva axonométrica, a direção de projeção é ortogonal ao plano de
projeção (o observador está no infinito, olhando de frente para a figura e para o
plano de projeção) e, na perspectiva cavaleira, a direção de projeção é oblíqua (o
observador está no infinito e não está olhando de frente para a figura).
•  Projetantes paralelos entre si e perpendiculares ao plano de projeção.

A
B
A C
B D
C
D

•  Projetantes paralelos entre si e perpendiculares ao plano de projeção.

A B

A C D
B
C D

180 • capítulo 6
•  Projetantes paralelos entre si e oblíquos em relação ao plano de projeção.

A B
C
B
C D
D

6.2.3  Perspectivas axonométrica oblíqua ou cavaleira

Na perspectiva cavaleira, ou também conhecida como perspectiva militar, o ob-


servador está situado no infinito e os raios projetantes são paralelos e incidem
de forma oblíqua no plano de projeção.

Figura 6.15  –  Perspectiva cavaleira com diferentes direções. Fonte: Elaborada pelo autor.

Uma das faces é paralela a este plano, com uma das arestas na horizontal,
e tem a forma e as dimensões conservadas, enquanto que as demais sofrerão
distorção, o que equivale a dizer que o sistema O, em X, Y e Z, é escolhido de tal
forma que os eixos Oy e Oz mantêm a escala 1:1, Oy é horizontal, Oz é vertical e
o eixo Ox forma um ângulo α com a direção horizontal.

30° 45° 60°


X:Y:Z=1:1/2:1 X:Y:Z=1:1/2:1 X:Y:Z=1:1/2:1

z z z
y
y
y
30° 45° 60°
x x x

Figura 6.16  –  Perspectiva cavaleira. Fonte: Elaborada pelo autor.

capítulo 6 • 181
O que varia neste tipo de representação é a direção de projeção (α) e o coefi-
ciente de redução (k), na direção do eixo x. É costume utilizar a notação: PC (α),
k%) para designar uma perspectiva cavaleira com os parâmetros α e k.
Na perspectiva cavaleira, valem as seguintes propriedades:
•  Segmentos e figuras paralelos ao plano de projeção são representados em
verdadeira grandeza; figuras congruentes, situadas em planos diferentes do
plano de projeção, têm representações congruentes.
•  Os segmentos representados na direção Ox, no objeto real são perpendi-
culares ao plano de projeção e podem ter medida reduzida pelo coeficiente K.
•  Segmentos de retas paralelos no objeto real são representados por seg-
mentos de retas paralelos no desenho.

Como convenção, traçam-se linhas cheias para as arestas que estão visíveis
para o observador, se imaginarmos que a figura tridimensional é sólida, e li-
nhas tracejadas para as invisíveis (que ficam escondidas do observador).

Figura 6.17  –  Cubo em perspectiva Cavaleira PC (30o, 50%). Fonte: Elaborada pelo autor.

6.2.4  Perspectivas Axonométricas

Axonométria = Axon (eixo) + metreo (medida) é um tipo de projeção cilíndrica


ortogonal em que as figuras são formadas a partir de um sistema ortogonal de
três eixos que formam um triedro. Na escolha deste sistema, colocamos tam-
bém em jogo as medidas dos ângulos que os eixos formam entre si e as “esca-
las” em cada um deles.
Quando a direção dos raios é ortogonal ao plano de projeção, resulta, portanto,
em uma projeção CILÍNDRICA ORTOGONAL. Esta perspectiva é semelhante à côni-
ca com dois pontos de fuga. Conforme os ângulos entre os eixos do triedro objetivo,
têm-se os tipos de perspectivas axonométricas (isométrica, dimétrica, trimétrica):

182 • capítulo 6
120° 140° 120°

110° 110°
120° 120° 130°
110°

Isométrico Dimétrico Trimétrico

Figura 6.18  –  Perspectivas Axonométricas. Fonte: Souza, 2010.

•  Perspectiva axonométrica isométrica: quando os três eixos principais (x,


y, z) formam ângulos iguais entre si com o plano de projeção. Este sistema é o
de execução mais simples, por utilizar uma única escala de redução.

z z

120° 120°

y 120°
x y x

Figura 6.19  –  Eixos Ortogonais Isométricos. Fonte: Souza, 2010.

Na perspectiva isométrica, o ponto O é um vértice de um cubo, cujas arestas


se apoiam nas direções x, y e z. Os ângulos das faces que convergem no vértice
O, que no real medem 90º, na representação medem 120º e as medidas das
arestas são iguais.
São muito usadas em projetos de Engenharia para Executivos de Elétrica
e Hidráulicas.

capítulo 6 • 183
Figura 6.20  –  Perspectivas Axonométricas. Fonte: Imagens da Web.

•  Perspectiva axonometria dimétrica, dois ângulos são iguais entre si e o


terceiro é diferente; entre as várias combinações que se possam ter, as normas
preveem o uso dos seguintes ângulos: 131,5°; 131,5° e 97°. Com estes valores, a
aresta segundo o eixo X sofre uma redução de 50%.
•  Na perspectiva trimétrica, no sistema Nas direções X, Y e Z os ângulos for-
mados pelos eixos são distintos entre si, ocasionando três coeficientes de redu-
ção para as medidas nas três direções.

Eixo 01

Eixo 02

120.0
130.0
110.0

Eixo 03

Figura 6.21  –  Eixos ortogonais isométricos. Fonte: Souza, 2010.

ATIVIDADES
01. CESPE, 2009 (Cargo: Arquiteto e Urbanista/Órgão: FUB) Acerca das técnicas de dese-
nho e do conceito de perspectiva, julgue os itens a seguir.

184 • capítulo 6
Existem perspectivas de 1, 2 e 3 pontos de fuga, sendo que a de 3 pontos de fuga é
denominada perspectiva cônica.
( ) Certo ( ) Errado

02. CESPE, 2013 (Cargo: Arquiteto e Urbanista/Órgão: TRT PA/AP) No sistema de repre-
sentação em perspectiva, a linha do horizonte é definida como
a) a interseção entre o plano de projeção e o plano de base.
b) a linha perpendicular ao plano de base.
c) a interseção entre as linhas de projeção e plano de projeção.
d) a interseção entre o cone de visão e o plano de projeção.
e) o lugar geométrico dos pontos de fuga.

03. CESPE, 2013 (Cargo: Arquiteto e Urbanista/Órgão: MPU) Acerca da representação do


projeto de arquitetura, julgue o item seguinte.
As perspectivas cônicas são desenhadas com linhas que convergem para os pontos de
fuga localizados a uma distância finita; já os pontos de fuga das perspectivas isométricas são
localizados a uma distância considerada no infinito.
( ) Certo ( ) Errado

04. (Cargo: Arquiteto e Urbanista/Órgão: TJ/RO) Em termos práticos, a representação da


perspectiva cavaleira ou militar é utilizada a 45º e dever ser construída a partir do desenho
da planta baixa. Nesse sentido, assinale a opção em que a figura em perspectiva correspon-
dente à perspectiva cavaleira.

a) b) c) F1
F2

F1

d) F1 F2 e)

F3

capítulo 6 • 185
REFLEXÃO
As representações tridimensionais em Arquitetura são de extrema importância para a com-
preensão dos projetos, tendo em vista sua correta execução. Desenhos bidimensionais,
como plantas, cortes e fachadas, são essenciais sobretudo porque a partir deles temos infor-
mações muito precisas acerca do dimensionamento métrico. No entanto, existem detalhes
que escapam dessas peças gráficas, cabendo às perspectivas representá-los. Existem dife-
rentes sistemas de representação em perspectiva, como as cônicas, que reproduzem o efeito
do olho humano, e as axonométricas, com linhas paralelas. Além dessas técnicas, contamos
hoje com softwares de modelagem digital, que são bastante úteis também na concepção
projetual, lembrando-se de que o raciocínio de projeto é uma operação complexa que envolve
as três dimensões.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHING, F.D.K Representação Gráfica em Arquitetura. 5ed. São Paulo: Bookman, 2012.
CRUZ, D. C.; DO AMARAL, L. G. H.; BARREIRAS, B. A. Apostila de Geometria Descritiva.
Universidade Federal da Bahia Barreira, BA, 2012.
MUNIZ, C.; MANZOLI, A. Desenho Técnico. 1º ed. Rio de Janeiro. Lexikon Editora Digital Ltda, 2015.
PEREIRA, J.R.A. Introdução à História da Arquitetura - das origens ao século XXI. São Paulo:
Bookman, 2010.
ROZESTRATEN, A. S. Estudo sobre a história dos modelos arquitetônicos na antiguidade:
origens e características das primeiras maquetes de arquiteto. Tese de Doutorado. Universidade de São
Paulo. 2003.
SOUZA, W. R. S. Representações planas de figuras tridimensionais: um estudo envolvendo
visualizações. Dissertação de Mestrado. Universidade Bandeirantes de São Paulo. 2010.

GABARITO
Capítulo 1

01. D
02. D

186 • capítulo 6
Primeira etapa, o Levantamento de Dados é essencial para subsidiar todas as etapas, a
fim de serem tomadas as melhores soluções para os problemas do projeto, em termos técni-
cos, construtivos, materiais e formais. Uma vez definido e aprovado o projeto, a última etapa
é o desenvolvimento do Projeto de execução de arquitetura, ou projeto executivo, no qual
todos os detalhes da edificação serão especificados para posteriormente serem enviados
ao canteiro de obras.

Capítulo 2

01. B
02. C
03. E

Capítulo 3

01. B
02. E
03. A

Capítulo 4

01. A alternativa correta é a letra E. Repare que, no item I, há um recorte na alvenaria, utili-
zado justamente para o encaixe do trilho da janela. Sabe-se que é uma janela pelas dimen-
sões indicadas (1,60 x 1,50). Sempre indicamos a largura e depois a altura, ou seja, essa
esquadria tem 1,60 m de largura e 1,50 m de altura. No item II, a altura indicada é de 2,10 m,
medida mínima aceitável para aberturas de passagem. Repare que a reentrância na alvenaria
agora é no meio da alvenaria, ou seja, trata-se de uma porta de correr embutida. Uma vez
abertas as folhas, a janela fica “escondida” dentro da parede. O item III também é uma porta,
em razão da medida indicada em altura. Existem duas folhas, no entanto não é possível saber
se ambas são de correr ou se uma delas é fixa. Por último, o item IV não representa divisão
da esquadria em folhas, sendo, portanto, uma folha única de janela, devido à altura de 1,50 m.
Repare que, neste caso, não é possível saber o sistema de movimentação da janela: ela pode
ser fixa ou basculante, o que deveria ser representado em vista e em corte. Lembrando que
todas essas especificações devem estar presentes no quadro de esquadrias.

capítulo 6 • 187
Capítulo 5

01. D
02. B

Capítulo 6

01. E
De acordo com Ching (2012), “a linha do horizonte (LH) é a linha horizontal que repre-
senta a interseção do plano do desenho (PD) e do plano horizontal que passa pelo ponto de
observação”. Os pontos de fuga são locados sobre a linha do horizonte, para onde convergem
as linhas do desenho. A alternativa A afirma que a linha do horizonte é a interseção apenas.
No entanto, é a linha que representa tal interseção.
02. Certo
As perspectivas isométricas são desenhadas a partir de linhas paralelas, ou seja, são
retas infinitas, ao contrário das perspectivas cônicas, cujas linhas convergem para pontos de
fuga, por isso são linhas finitas.
03. Errado
Ambas as perspectivas, com um ou três pontos de fuga, são perspectivas cônicas. Esse
tipo de perspectiva é uma técnica que reproduz o efeito realístico do olho humano, ou seja,
esse efeito não está relacionado à quantidade de pontos de fuga.
04. A
Alternativa A: perspectiva cavaleira
Alternativa B: perspectiva cônica com dois pontos de fuga
Alternativa C: perspectiva cônica com um ponto de fuga
Alternativa D: perspectiva cônica com três pontos de fuga
Alternativa E: perspectiva axonométrica

188 • capítulo 6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim deste livro. Você foi apresentado a uma série de sistemas de represen-
tação gráfica bidimensionais e tridimensionais e também a diversos elementos que devem
estar contemplados nas bases gráficas de um projeto de arquitetura. Lembre-se de que a
profissão de Arquiteto e Urbanista requer uma atualização constante de mercado, trazendo
a conhecer novos materiais e elementos construtivos que podem vir a fazer parte do seu
cotidiano de trabalho. Sendo assim, pesquisar é o primeiro passo para você aprender a re-
presentá-los. O desenho é nosso principal meio de comunicação. Ele é o documento que
garante a correta execução das suas ideias no canteiro de obras. Valorize o seu desenho e
dedique especial atenção aos detalhes nele contidos. Tempo despendido em desenho é tem-
po economizado em obra. E não se esqueça de que somente pondo em prática é que você
conseguirá aprimorar as suas habilidades representativas. Então, mãos à obra!

capítulo 6 • 189
ANOTAÇÕES

190 • capítulo 6
ANOTAÇÕES

capítulo 6 • 191
ANOTAÇÕES

192 • capítulo 6

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