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CÁLCULO AVANÇADO

autor
ALEXANDRE JOSÉ MIRANDA ANTUNES

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2019
Conselho editorial  roberto paes e gisele lima

Autor do original  autor

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  andré lage, luís salgueiro e luana barbosa da silva

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão linguística  bfs media

Revisão de conteúdo  rodrigo dos santos rainha

Imagem de capa  perfectlab | shutterstock.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2019.

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário
Prefácio 5

1. Funções com valores vetoriais 7


Funções Vetoriais e curvas parametrizadas. 9
Funções Vetoriais 9
Operações com as funções vetoriais 19

Definição de limite de uma função vetorial e propriedades 21

Definição de continuidade de funções vetoriais 22

Derivadas de Funções Vetoriais 24

Integral de funções vetoriais 26

Curvas parametrizadas 27
Definições e nomenclatura 27
Parametrização Natural 29
Aplicações ao movimento. 34
Vetor velocidade 34
Vetor tangente 35
Equação da reta tangente 35
Vetor aceleração 35
Vetor normal principal 36
Curvatura 37
Comprimento de arco. 38

2. Algumas superfícies espaciais 43


Conteúdo do livro 44

Planos 45

Equação do plano 45

Gráfico 46

Curva de nível e superfícies de nível 53

Cilindro - Equação e Gráfico 54


Superfícies de Revolução - Equação e Gráfico 58
Rotação sobre o eixo dos x 59
Rotação sobre o eixo dos z 60
Rotação sobre o eixo dos x 62
Rotação sobre o eixo dos y 63

Quádricas 64

3. Funções de várias variáveis – Parte I 67


Funções a duas e a três variáveis 68

Limite e Continuidade 75

Continuidade de funções de mais de uma variável 87

Derivadas Parciais de funções a duas, três e a n variáveis 89

Interpretação geométrica 95

4. Funções de várias variáveis – Parte II 105


A Regra da Cadeia 107

Vetor Gradiente 111

Derivadas Direcionais 113

5. Máximos e mínimos de funções de várias


variáveis 123
Cálculo de máximos e mínimos de funções de várias variáveis 124

Pontos críticos 126

Máximo, mínimo ou ponto de sela? 129

Esquemas dos sinais 135

Máximos e mínimos com restrições - Multiplicadores de Lagrange 138

Problemas envolvendo Máximos e Mínimos com restrições 141


Prefácio

Prezados(as) alunos(as),

Você já avançou bastante em seus estudos, que bom!


Nesse momento, dando prosseguimento aos seus estudos de Cálculo
Diferencial e Integral, chegamos ao Cálculo Avançado. Agora já está ingressando
no estudo das funções vetoriais e funções de várias variáveis reais.
Já aprendemos em nossa jornada de estudos que, no Cálculo Diferencial, a de-
rivada representa a taxa de variação instantânea de uma função. Com certeza você
lembra! Para exemplificar, podemos citar o exemplo clássico da função velocidade
que representa a taxa de variação (derivada) da função espaço. Analogamente te-
mos que a função aceleração é a taxa de variação (derivada) da função velocidade.
Chamo a sua atenção para a extensão desse conceito para funções de várias variá-
veis nas quais as suas Derivadas Parciais representam a taxa de variação de uma
função dependente de várias variáveis independentes, quando todas as variáveis,
exceto uma, são mantidas constantes. Ou seja, quando as ideias do Cálculo são
dominadas, teremos ferramentas para ir além do que já foi feito. Veja os artigos O
uso das funções de várias variáveis no ensino da engenharia: conceitos e aplicações
e Vale a pena estudar cálculo em um curso de Engenharia? Neles são apresentados
uma breve discussão da importância do Estudo do Cálculo nas Engenharias.
Esse trabalho foi feito com muito carinho e empenho, visando levar a você
o melhor trabalho possível, contudo não temos a pretensão de esgotar todas as
possibilidades e demandas desse extenso conteúdo. Dessa forma, para aprofun-
dar seus conhecimentos, recomendo que pesquise em todas as referências citadas
nesse material. E, é claro, todo o material disponível em nossa plataforma. Além
disso, existem vários conteúdos de vídeo aulas gratuitas, disponíveis na internet.
Deixo para vocês a indicação do canal Na Onda da Matemática, disponível no
YouTube, no qual estou trabalhando a resolução de questões básicas e avançadas
de matemática.
Despeço-me desejando a todos bons estudos e progressos acadêmi-
cos contínuos.
“Que a derivada da sua função (dedicação, estudo) seja maior que zero”

Bons estudos!

5
1
Funções com
valores vetoriais
Funções com valores vetoriais
Este assunto pode ser uma novidade para você! Normalmente, não é trabalha-
do, na Educação Básica ou no início da graduação, um assunto que junta as ideias
e conceito de funções com o estudo de vetores.
Dessa forma, para introduzir esse assunto, faça uma breve recordação de fun-
ções e vetores. O que você sabe sobre esses temas?
Podemos dizer, entre várias definições possíveis, que uma função é uma regra
(ou lei de formação) que associa a cada elemento de seu domínio (conjunto de
partida ou ainda um conjunto de números reais permitidos) um único elemento
de sua imagem (conjunto de chegada). Por falar nisso, entender o que é o domínio
de uma função e como o determinar será muito importante em nosso curso.
Já o vetor, é uma entidade que tem três características fundamentais: direção,
sentido e módulo.
Em nosso estudo, para cada valor do parâmetro t, atribuído do domínio, exis-

te um único vetor posição r (t) no conjunto de vetores que formam a imagem, de-
terminando a posição da partícula em cada instante. Essa correspondência é uma
função, dita uma função vetorial ou uma função de valor vetorial, cujo domínio
são os valores de t e cuja imagem é um conjunto de vetores. Uma das principais
aplicações desse conceito de função vetorial é o estudo dos movimentos de partí-
culas no espaço.

OBJETIVOS
•  Compreender a definição de funções vetoriais;
•  Realizar operações com as funções vetoriais;
•  Compreender a definição e as propriedades de limite de funções vetoriais. Compreender a
definição de continuidade de funções vetoriais;
•  Compreender a definição de derivada de uma função vetorial;
•  Compreender a interpretação geométrica da derivada de funções vetoriais;
•  Calcular a derivada de funções vetoriais;
•  Compreender a noção de Curvas Parametrizadas;
•  Reconhecer a parametrização de curvas importantes;
•  Determinar o vetor tangente;
•  Determinar a equação da Reta Tangente;

capítulo 1 •8
•  Aplicar o estudo desenvolvido ao movimento de uma partícula;
•  Compreender a definição e interpretação dos vetores tangente unitário e vetor nor-
mal principal;
•  Compreender o cálculo de curvatura e seu significado;
•  Introduzir o conceito de Comprimento de Arco.

Funções Vetoriais e curvas parametrizadas.

Funções Vetoriais

A ideia básica está no fato de que, para determinar a posição de um ponto no


espaço, precisamos de um terno ordenado de números reais (x, y, z) que são as
suas coordenadas. Da mesma forma, a posição de uma partícula que se desloca no
espaço será determinada por três funções coordenadas x = f(t), y = g(t) e z = h(t)
que definem a posição da partícula em cada instante de tempo t. Chamando de
  
i , j e k os vetores unitários nas direções dos respectivos eixos coordenados x, y e z
        
, isto é, i ,=j <e 1,0,0>,
k i , j e= k< 0,1,0
i ,>j ee k = < 0,0,1 >, o vetor posição é determinado
       
pela equação vetorial = r (t) = f(t) i ,+j g(t) e ki , j e+ikh(t)
, j e k.

•  Definição 1: Uma função de uma variável do tipo

     
r (t) = f(t) i ,+j g(t)
e ki , j e,(no
k plano - duas dimensões)
Ou
       
r (t)=f(t) i ,+j g(t)
e ki , j e+ikh(t)
, j e k ,(no espaço-três dimensões)

É uma função vetorial, também chamada de função a valores vetoriais. Onde:

f(t), g(t), h(t) são funções reais na variável t

  
i , j e k são os vetores canônicos, no plano ou no espaço, correspondentes,
respectivamente, aos eixos coordenados x, y e z.
As funções f(t), g(t), h(t), chamadas de funções componentes (ou funções
coordenadas) são funções a valores reais e dependem do parâmetro t. Por depender
desse parâmetro, chamaremos o seu “gráfico” de curva parametrizada, assunto que
vamos destacar no decorrer desse material.

capítulo 1 •9
As funções vetoriais são às vezes denotadas por


r (t) = 〈f(t), g(t)〉,(no plano - duas dimensões)
Ou

r (t) = 〈f(t), g(t), h(t)〉,(no espaço-três dimensões)

De forma bem geral, a título de abstração, podemos construir a ideia de uma


função vetorial com um domínio de n dimensões e imagem de m dimensões, com
m ≥ n, da seguinte forma:

r :I ⊆ Rn → Rm

(t1, t2, …, tn) → r (t1, t2, …, tn) = 〈f1 (t1, t2, …, tn), f2 (t1, t2, …, tn),
… ,fm (t1, t2, …, tn)〉

Em palavras, podemos interpretar a simbologia anterior com a seguinte ideia:



Dado um conjunto I = Dom ( r ) ⊆ Rn (domínio n dimensional), uma função
 
vetorial r de n variáveis reais é uma correspondência r :I ⊆ Rn → Rm, que a cada
 
ponto T(t1, t2, …, tn) ∈ Dom ( r ) associa um, e apenas um valor de imagem m

dimensional, r (T) = 〈f1 (T), f2 (T), …, fm (T)〉. Note que a cada ponto T estamos
encontrando vetores de coordenadas f1 (T), f2 (T), …, fm (T).

•  Definição 2: Uma função cujo domínio é um conjunto de números reais e


cuja imagem é um conjunto de vetores é chamada uma função vetorial.
Em nosso estudo, trabalharemos aplicações das funções vetoriais com domí-
nio unidimensional e imagem em duas ou três dimensões. Dessa forma, vamos
definir esses casos específicos.
Uma função vetorial definida em um intervalo I ⊆ R, com valores em R3, é
denotada por


r (t)= 〈x(t), y(t), z(t)〉,com t ∈ I

Onde x(t), y(t) e z (t) são funções reais definidas em I.

capítulo 1 • 10
Podemos observar nas figuras 1.1 e 1.2 que, dado um valor de t, por exemplo,

t1 e t2, a função vetorial determina pontos P1 e P2, de modo que o vetor r (t1)=

〈x(t1), y(t1), z(t1)〉 =( OP1 ), onde P1= (x(t1), y(t1), z(t1))
z

–3 t1 –2 –1 0 1 2 3 y

Figura 1.1  –  Ponto P1 = (x(t1), y(t1), z(t1)).

 
E, respectivamente, para t = t2, o vetor r (t2)= 〈x(t2), y(t2), z(t2)〉 = ( OP2 ),
onde P2 = (x(t2), y(t2), z(t2))
z

–3 –2 –1 t2 0 1 2 3 y

Figura 1.2  –  Ponto P2 = (x(t2), y(t2), z(t2)).

capítulo 1 • 11
E, repetindo esse processo para t3, …, tn, figuras 1.3 e 1.4, com n ∈ N.
z

–3 –2 –1 0 t3 1 2 3 y

Figura 1.3  –  Ponto P3 = (x(t3), y(t3), z(t3)).

–3 –2 –1 0 1 2 tn 3 y

Figura 1.4  –  Ponto Pn = (x(tn), y(tn), z(tn)).

A “linha” que une todos esses pontos gera a curva parametrizada C (fig. 1.5).
z

–3 –2 –1 0 1 2 3 y

x

Figura 1.5  –  Curva de uma função r (t)= 〈x(t),y(t),z(t)〉,com t ∈ I.

capítulo 1 • 12
Uma função vetorial definida em um intervalo I ⊆ R, com valores em R2, é
denotada por


r (t)= 〈x(t), y(t)〉, com t ∈ I

Onde x(t) e y(t) são funções reais definidas em I.


A apresentação dessa curva C, em duas dimensões, fica como exercício para
ajudar a fixar a definição de função vetorial.

EXEMPLO
•  Exemplo 1: Trace a curva representada pela função a valores vetoriais.
        
r it j ,0k ≤ t ≤ 2π
a) r (t) = 2 · cos rt i –j 3k· sen

Solução:
Uma das formas de traçar essa curva e tratar o problema de forma algébrica. Para isso,
considere as respectivas funções componentes x(t) = 2 · cos t e y(t)= –3 · sen t. Dessa
forma, temos:

 x2
 x = 2 ⋅ cos t x2 = 4 ⋅ cos2 t  = cos2 t ( I)
  4
 ⇒ ⇒
2
 y = −3 ⋅ sent  y2 = 9 ⋅ sen2 t  y = sen2 t (II)
   9

Somando (I) e (II), temos:

x2 y2 2 2
2 t ⇒ x + y =1
+ = sen

2 t+
  cos

4 9 1 4 9

        
r it j ,0k ≤ t ≤ 2π é representada no
Portanto, a função vetorial r (t)= 2 · cos rt i –j 3k · sen
x2 y2
gráfico pela elipse + que tem centro na origem do eixo xy, C (0, 0), semieixo menor
4 9
em x (a = 2) e semieixo maior em y (b = 3).

capítulo 1 • 13
6

–4 –2 0 2 a 4 6

–2

–4

(a) Plano xy – 2D.

(b)Plano xyz – 3D.

Figura 1.6  –  Gráfico da função vetorial.

        
r it j ,0k ≤ t ≤ 2π
r (t)= 2 · cos rt i –j 3k· sen

capítulo 1 • 14
Outro fato que devemos observar, nas funções vetoriais, é a orientação da curva. Qual o
seu ponto de partida, sentido e ponto de término (final) do movimento?

t x = 2 · cos t y = –3 · sen t (x, y)


0 x = 2 · cos 0 = 2 y = –3 · sen 0 = 0 (2, 0)

π π π (0, –3)
x = 2 · cos =0 y = –3 · sen = –3
2 2 2

π x = 2 · cos π = –2 y = –3 · sen π = 0 (–2, 0)

3 3π 3π (0, 3)
x = 2 · cos =0 y = –3 · sen =3
2 2 2

2π x = 2 · cos 2π = 2 y = –3 · sen 2π = 0 (2, 0)

Tabela 1.1  –  Valores da função vetorial para determinados valores de t.

Note que, atribuindo valores para t, conforme a tabela 1.1, encontramos alguns valores

da função r (t). Com esses valores podemos responder as perguntas referentes à orientação
da curva.
1. Qual o ponto de partida do movimento?

R: basta observar o valor da função r (t) no ponto inicial do domínio t = 0. Ao fazer isso
observamos que o movimento parte do ponto (2,0)
2. Qual o sentido do movimento?
R: geralmente, para essa resposta, basta observar o valor da função em apenas dois
π
pontos consecutivos, escolhidos adequadamente. Por exemplo, t1 = 0 e t2 = .
2
        
Para t1 = 0 ⇒ r (0)= 2 · cos 0
r i –3 k (2, 0) ∈ OX, x > 0
r 0i j ⇒
j k· sen

π  π  π π
t2 = ⇒ r   = 2 ⋅ cos i −3 ⋅ sen j ⇒ ( 0, −1) ∈ OY , y < 0
2 2 2 2

Com essa observação, pode-se notar que a elipse que representa a curva dessa função
vetorial é percorrida no sentido horário, a medida que o valor de t cresce de 0 a 2π.

capítulo 1 • 15
3. Qual o ponto de chegada do movimento?

R: basta observar o valor da função r (t) no ponto final do domínio t = 2π. Ao fazer isso
observamos que o movimento termina do ponto (2, 0). Note que esse movimento termina no
mesmo ponto de onde foi iniciado.

Observação: Resolvemos essa questão utilizando uma forma algébrica, ou seja, com
uma manipulação da expressão, considerando as suas funções componentes, e encon-
trando uma expressão conhecida sobre o comportamento dessa curva. Uma outra forma
de resolver é utilizando o procedimento de montar a Tabela 1, feita nesse exercício.

          
b) r (t) = 4 · cos rt i +j 4k · sen k jt k , 0 ≤ t ≤ 2π
r it r j i+

Solução:
Vamos, novamente, iniciar a solução para traçar a curva dessa função vetorial, tratando
o problema de forma algébrica. Para isso, considere as respectivas funções componentes
x(t) = 4 · cos t e y(t) = 4 ·sen t. Note que não estamos, nesse momento, considerando a
componente z(t), ou melhor, estamos considerando z(t) = 0. Essa estratégia nos permitirá
entender (ou visualizar) como a função se comporta no plano xy. Dessa forma, temos:

x = 4 ⋅ cos t  x2 = 16 ⋅ cos2 t ( I)
 
 ⇒
 y = 4 ⋅ sent  y2 =16 ⋅ sen2 t (II)
 

Somando (I) e (II), temos:

x2 + y2 = 16 ⋅ sen2 t + 16 ⋅ cos2 t ⇒ x2 + y2 = 16 ⋅ (
sen2 + cos2 t )
t 
1

Portanto, a curva dessa função vetorial tem o mesmo comportamento da equação x2 +


y2 = 16, que representa uma circunferência com centro na origem do eixo xy, ou seja, C(0,0)
e r = 4 (raio).

capítulo 1 • 16
6

4
a
2

–4 –2 0 2 4 6

–2

–4

–6

(a)Plano xy – 2D.

(b)Plano xyz – 3D.

Figura 1.7  –  Gráfico da função vetorial.

          
r (t) = 4 · cos rt i +j 4k · sen ki 0j k ,0 ≤ t ≤ 4π
r it rj +

Mas o que acontece quando consideramos a componente z(t) = t, existente na fun-


ção vetorial?
Note que, cada ponto da circunferência no plano xy passará a ganhar uma altura, valor

no eixo z. Além disso, o domínio de r (t), é 0 ≤ t ≤ 4π. Esses valores representam duas voltas
completas nessa circunferência que determinamos na figura 1.7.

capítulo 1 • 17
Ao observar a Figura 8, na qual apresentamos a curva da função vetorial, no plano xyz,
do nosso exercício-exemplo, ou seja, considerando a componente z(t) = t, podemos observar
que se “olharmos de cima” ou seja, considerando o plano xy como o nosso chão, se rebater-
mos (“empurrando”) essa curva para baixo, de forma que a curva seja projetada para esse
chão (que é o plano xy) ficaremos com o círculo apresentado na figura 1.7.

   
Figura 1.8  –  Curva da função r (t) = 4 · cos t i + 4 · sen t j + 0 k ,0 ≤ t ≤ 4π.

Para essa curva, o seu ponto de partida, sentido e ponto de término (final) do movimento
ficam relativamente fáceis de serem identificados. A curva tem seu início em t = 0, ou seja, no
ponto (4,0,0), tem orientação no sentido anti-horário, e termina em t = 4π no ponto (4, 0, 4π).
Usando o procedimento de montar uma tabela com os valores aleatórios (mas com algum
critério adequado) de t, domínio da função vetorial, podemos ter os pontos necessários para
traçar a respectiva curva, obtendo todas as informações para entender o seu comportamento.

t x = 4 · cos t y = 4 · sen t t (x, y, z)


0 x = 4 · cos 0 = 4 y = 4 · sen 0 = 0 0 (4, 0, 0)

π π π π π
x = 4 · cos =0 y = 4 · sen =4 (0, 4, )
2 2 2 2 2

π x = 4 · cos π = –4 y = 4 · sen π =0 π (–4, 0, π)

3π 3π 3π 3π 3π
x = 4 · cos =0 y = 4 · sen = –4 (0, –4, )
2 2 2 2 2

2π x = 4 · cos 2π = 4 y = 4 · sen 2π = 0 2π (4, 0, 2π)

capítulo 1 • 18
t x = 4 · cos t y = 4 · sen t t (x, y, z)
π
5π 5π 5π 5π 5π
2 x = 4 · cos =0 y = 4 · sen =4 (0, 4, )
2 2 2 2 2

3π x = 4 · cos 3π = –4 y = 4 · sen 3π = 0 3π (–4, 0, 3π)

7π 7π 7π 7π 7π
x=4 · cos =0 y=4 · sen = –4 (0, –4, )
2 2 2 2 2

4π x = 4 · cos 4π = 4 y = 4 · sen 4π = 0 4π (4, 0, 4π)

Tabela 1.2  –  Valores da função vetorial para determinados valores de t.

Dessa forma, apresenta-se, na tabela 1.2, alguns dos pontos necessários para que se
possa traçar a curva.
Resolvemos dois exercícios de forma bem detalhada, na qual apresentamos todos os
procedimentos para o amplo entendimento dos conceitos e procedimentos envolvidos. Va-
mos resolver mais alguns exercícios, agora de forma mais direta, para consolidar o que vimos
até o momento.

Operações com as funções vetoriais

Dado que uma função vetorial pode ser escrita como um vetor, as operações
com as funções vetoriais são as mesmas aplicadas a vetores. Aquelas que costuma-
mos aprender em Cálculo Vetorial:

ADIÇÃO E Que basicamente resume-se a somar ou subtrair componen-


SUBTRAÇÃO te a componente.

Escalar (também chamada de Produto Escalar) e Vetorial


MULTIPLICAÇÃO (também chamada de Produto Vetorial).

capítulo 1 • 19
Dessa forma, considere funções vetoriais de R → Rn. Sejam F, G: A ⊆ R → Rn,
a função escalar f: A ⊆ R → R e k uma constante. Definimos:
•  Soma/Subtração de F e G

F ± G: A ⊆ R → Rn tal que (F ± G)(t) = F(t) ± G(t)

•  Produto de F pela constante k

k · F: A ⊆ R → Rn tal que (k · F)(t) = k · F(t)

•  Produto de F pela função escalar f

f · F: A ⊆ R → Rn tal que (f · F)(t) = f(t) · F(t)

•  Produto escalar de F e G

F · G: A ⊆ R → R tal que (F · G)(t) = F(t) · G(t)


Onde F(t) · G(t)= F1 (t) · G1 (t)+ F2 (t) · G2 (t)+ ... + Fn (t) · Gn (t)

•  Produto vetorial de F e G

F X G: A ⊆ R → R3 tal que (F X G)(t)= F(t) X G(t)


  
 i j k 
 
Onde F ( t ) XG ( t ) =  F1 ( t ) F2 ( t ) F3 ( t ) 
 G (t ) G (t ) G (t ) 
 1 2 3 

EXEMPLO
                     
•  Exemplo 2: sendo F (t)= etr· i +j sen
k r t i· j r +
ki t2 j· k , G (t) = cos tr· i +rj tki· j +
k sen
r i2 t j· k ,
f(t) = t e k = e. Calcule:
a) F + G c) k · F e) F · G
b) F – G d) k · G f) F X G

capítulo 1 • 20
Solução:
         2  
a) F + G = (F + G) (t) = F(t) + G(t) = (et + cos t)r · i +j (sen
k t +r t) i· j +k (t2 + sen
r i t) j· k
         2  
b) F – G = (F – G) (t) = F(t) – G(t) = (e – cost)·
t
r i +j (senk t –r t).·i j +(t
k + sen
2
r i t) j· k
c) k · F = (k · F)(t) = k · F(t) = e · <et, sen t, t2 > = <e · et, e · sen t, e · t2>
k · F = <et + 1, e · sen t, e · t2>
d) k · G = (k · G)(t) = k · G(t) = e · < cos t, t, sen2 t> = < e · cos t, e · t, e · sen2 t>
e) F · G = (F · G)(t) = F(t) · G(t)= <et, sen t, t2> · <cos t, t, sen2 t>
F · G= et · cos t + t · sen t + t2 · sen2 t
  
 i j k 
 
f) F ⋅ G = (F ⋅ G)( t ) = F ( t ) ⋅ G ( t ) =  e t sent t2 
 cos t t sen2 t 

Essa solução fica como exercício.

A seguir vamos conversar sobre o conceito de limite, continuidade, derivada e


integral de funções vetoriais. Este é um conceito que esperamos ser bem simples,
visto que devem ser tratados como uma extensão das ideias já assimiladas em
Cálculos anteriores. Mas, qual a novidade? Quais as diferenças com os conceitos
que já conhecemos?
Bem a grande novidade e diferença e que, para funções vetoriais, esses concei-
tos devem ser aplicados, com validade, para cada uma das funções componentes
das funções vetoriais. Vamos, na sequência, ver como funciona em cada caso!

Definição de limite de uma função vetorial e propriedades

Considere uma função



F (t)= < F1 (t), F2 (t), …, Fn (t)>


O limite de F (t) com t → t0 é dado pelo limite de cada uma de suas funções
componentes com t → t0, caso todos esses limites existam

lim F ( t ) = lim F1 ( t ) , lim F2 ( t ) ,…, lim Fn ( t )
t → t0 t → t0 t → t0 t → t0

Se, pelo menos um desses limites não existe, ou seja, se pelo menos um dos
lim Fi ( t ) ,1 ≤ i ≤ n não exista, dizemos que:
t → t0

capítulo 1 • 21
 lim F ( t )
t → t0

Dessa forma, para calcular o limite de uma função vetorial, calculamos o limi-
te para cada uma de suas funções componentes.

EXEMPLO
x = x ( t ) = t2 − 2t         
•  Exemplo 3: Sejam  , com r (t) = x(t)r · i +j ykr(t) i· j calcule
k lim r ( t ) para
 y = y ( t ) = t +1 t → t0
t0 = 1.

Solução:
    
r ( t ) = x ( t ) ⋅ i + y ( t ) ⋅ j = ( t2 − 2t ) ⋅ i + ( t + 1) ⋅ j
    
lim r ( t ) = lim ( t2 − 2t ) ⋅ i + ( t + 1) ⋅ j  = lim ( t2 − 2t ) ⋅ i  + lim ( t + 1) ⋅ j 
t → t0 t →1 t →1 t →1
 
( ) ( 
) 
lim ( t − 2t ) ⋅ i + ( t + 1) ⋅ j  = lim t − 2t ⋅ i + lim t + 1 ⋅ j = − i + 2 j
t →1
2
t →1
2
t →1
 

Portanto,
   
lim ( t2 − 2t ) ⋅ i + ( t + 1) ⋅ j  = − i + 2 j = −12
,
t →1

Definição de continuidade de funções vetoriais



Com relação a continuidade, dizemos que uma função r (t) é contínua em t = t0
se todas as suas funções componentes são contínuas nesse ponto. Isso equivale a

dizer que r (t) é contínua em t = t0 se
 
•  toda função componente ri(t) deve estar definida em t0 e ri(t) = Li ∈ R,
com 1 ≤ i ≤ n;

•  devem existir o limite de todas as funções componentes ri(t), 1 ≤ i ≤ n
quando t → t0;

•  o limite de todas as funções componentes ri(t) quando t → t0 deve ser igual

a função componente ri(t), com 1 ≤ i ≤ n;

capítulo 1 • 22
Ou, em símbolos,
 
ri ( t ) = Li = lim ri ( t ) , ∀i , n ∈  com 1≤ i ≤ n
t → t0

Que equivale a
 
" r ( t 0 ) = L = L1 , L2 ,…, L n

" ∃ lim r ( t )
t → t0
  
" lim r ( t ) = L = r ( t 0 )
t → t0

EXEMPLO
x = x ( t ) = t2 − 2t        
•  Exemplo 4: Adaptando o problema 3, sejam  , com r (t) = x(t)r · i +j yrk(t)i · j , k
  y = y ( t ) = t +1
verifique se r (t) é contínua em t0 = 1.

Solução:
 
Em primeiro lugar temos que calcular o valor da função r (t) para t = t0 = 1, ou seja, r (1)

                      
r (1)= x(1)r· i +
j ky(1)
r i· j =(1
k 2 – 2 · 1)r· i +j (1
k + r1) i· j =k r– i r+j i2k j =k <–1, 2>


Agora, vamos calcular o limite de r (t) para t tendendo a t0 = 1. Esta parte já foi feita no
exemplo 3, ou seja,
   
lim ( t2 − 2t ) ⋅ i + ( t + 1) ⋅ j  = − i + 2 j = −12
,
t →1

  
E, finalmente, verificar se lim r ( t ) = L = r ( t 0 )
t → t0
    
lim ( t2 − 2t ) ⋅ i + ( t + 1) ⋅ j  = − i + 2 j = −12
, = r (1)
t →1

Como
  
lim ( t2 − 2t ) ⋅ i + ( t + 1) ⋅ j  = −12
, = r (1)
t →1


Então r (t) é contínua em t0 = 1.

capítulo 1 • 23

•  Definição 3: Se uma função vetorial r (t) é contínua para todo ponto

t0 ∈ Dom [ r (t)], dizemos que a função é contínua em todo o domínio, ou sim-

plesmente que r (t) é contínua.

Derivadas de Funções Vetoriais


d   
Analogamente, o cálculo da derivada r ( t ) =
 r ( t )  de uma função vetorial r (t)
dt 
será a derivada de cada uma das funções componentes de r (t). Para esses cálculos
utilizaremos a mesma definição, porém agora trabalharemos com uma função vetorial.

•  Definição 4: A derivada de uma função vetorial r (t), com t ∈ I ⊆ R, é a

função vetorial, denotada por r '(t) e definida por:
     
  r1 ( t + ∆t ) − r1 ( t ) r2 ( t + ∆t ) − r2 ( t ) rn ( t + ∆t ) − rn ( t ) 
r ( t ) =  lim , lim ,…, lim 
 ∆t → 0 ∆t ∆t → 0 ∆t ∆t → 0 ∆t
 

Além disso, o cálculo dessas derivadas das funções componentes usará as mes-
mas regras e as mesmas condições aprendidas anteriormente, nas disciplinas ini-
ciais de Cálculo Diferencial.

EXEMPLO
x = x ( t ) = t2 − 2t          
•  Exemplo 5: Sejam  , com r (t) = x(t) r· i +j yk (t)
r i· j , calcule
k r '(t) e o
 y = y ( t ) = t +1
seu valor em t0 = 1.

Solução:
Devemos calcular a derivada de cada função componente
    
r ( t ) = x ( t ) ⋅ i + y ( t ) ⋅ j = ( t2 − 2t ) ⋅ i + ( t + 1) ⋅ j
’ d  d 
r ( t ) = ( t2 − 2t ) ⋅ i + ( t + 1) ⋅ j
dt dt
’  
r ( t ) = ( 2t − 2 ) ⋅ i +1⋅ j = 2t − 21 ,

Agora, vamos calcular o valor da derivada em t0 = 1


’       
r (1) = ( 2 ⋅1− 2 ) ⋅ i +1⋅ j = 0 ⋅ i +1⋅ j ⇒ r ’ (1) = j ⇒ r ’ (1) = 01
,

capítulo 1 • 24
A interpretação geométrica da derivada de funções vetoriais segue os mesmos concei-
tos, definições e aplicações das derivadas de funções reais.

P PQ = OQ – OP
f ´ (t)
Q PQ = σ (t + ∆t) – σ(t)
f (t) 1 1
PQ = [σ (t + ∆t) – σ(t)]
∅t ∅t
f (t + t) 1
PQ → mesma direção de PQ
0 ∅t
se ∆t → 0 temos que Q tende para P
1
PQ → vetor tangente a C em P
∅t

Figura 1.9  –  Interpretação geométrica da derivada.


•  Teorema (Regra da Cadeia): considere uma função vetorial r (t), diferen-
ciável em I ⊆ R e seja u = u(t) uma função real diferenciável de uma variável real,
cuja imagem está contida em I ⊆ R, então
d d d
r  u ( t )  = r  u ( t )  ⋅ u ( t )
dt dt dt

EXEMPLO
        
•  Exemplo 6: Seja r (t)= sen 2t r· i +j erk3t i· j . Calcule
k r ' (t) e o seu valor em t0 = π.

Solução:
Devemos calcular as derivadas, aplicando a regra da cadeia
u = u ( t ) = 2t e v = v ( t ) = 3t
’ d  d    
r ( t ) = cos ( 2t ) ⋅ ( 2t ) ⋅ i + e3t ⋅ ( 3t ) ⋅ j ⇒ r ’ ( t ) = 2 ⋅ cos ( 2t ) ⋅ i + 3 ⋅ e3t ⋅ j
dt dt

Para t = t0 = π

                
r ' (π) = 2 · cos (2 · π)r· i +j 3k · e^(3 · rπ) i· j =k 2
r i +j 3k · e3r · π i· j =k < 2, 3 · e3 · π >

∴ r ' (π) = < 2, 3 · e3 · π >

capítulo 1 • 25
Integral de funções vetoriais

Da mesma forma, a integral definida de uma função vetorial r (t) é dada,
seguindo as mesmas ideias, definições, conceitos e aplicações, estendidas a mani-
pulação da função vetorial, ou seja, calculando a integral de cada uma das fun-
ções componentes
  
∫r ( t ) dt = ( ∫r1 ( t ) dt, ∫r2 ( t ) dt,…, ∫rn ( t ) dt ) = ( R1 ( t ) + C1 , R 2 ( t ) + C2 ,…, R n ( t ) + Cn )
   

Onde:
  
R 1 , R 2 ,⊃ , R n são as respectivas funções primitivas referente às funções com-

ponentes de r (t);
C1, C2, …, Cn são as respectivas constantes de integração referente às fun-

ções componentes de r (t); Normalmente, faremos uma simplificação ao escolher
C1 = C2 = … = Cn = 0. Dessa forma, escreveremos que:
  
 
∫r ( t ) dt = ( R1 ( t ), R 2 ( t ),…, R n ( t ) )

EXEMPLO
x = x ( t ) = t2 − 2t         
•  Exemplo 7: Sejam 
 y = y ( t ) = t +1
, com r (t) = x(t)r · i +j ykr(t) i· j , calcule
k ∫r ( t ) dt .

Solução:
Devemos calcular a integral de cada função componente

∫r ( t ) dt = ( ∫r1( t ) dt, ∫r2 ( t ) dt,…, ∫rn ( t ) dt )


   

   t3 
∫ ( t2 − 2t ) ⋅ i + ( t + 1) ⋅ j  dt = ( ∫t2 − 2tdt, ∫t + 1dt ) =  3 − t2 + C1
t2
, + t + C2 
2 

Considerando C1 = C2 = 0
Portanto,

   t3    t2  
∫ ( t2 − 2t ) ⋅ i + ( t + 1) ⋅ j  dt =  3 − t2  ⋅ i +  2 + t  ⋅ j

capítulo 1 • 26
Curvas parametrizadas

Definições e nomenclatura

Imagine que uma partícula se mova ao longo de uma curva C, como mostrado
na figura 1.10. Note que, neste caso (e em vários outros) é impossível descrever C
por uma equação do tipo y = f(x). Percebemos essa impossibilidade porque a curva
C falha no teste da reta vertical.

ATENÇÃO
Teste da reta vertical
A definição de função diz que, para cada x do domínio deve existir em correspondência
um único y no contradomínio (imagem).
Ao traçar uma reta vertical por pontos do domínio, esta deve interceptar o gráfico num
único ponto. Se esta reta vertical cortar o gráfico em mais de um ponto, então este gráfico
não representa uma função.

4
c
2

a
–10 –8 –6 –4 –2 0 2 4 6
–2

–4

–6

–8

–10

Figura 1.10  –  Curva parametrizada – Geogebra: Curva (t cos(t), t sen(t / 2), t, 0, 3π)

capítulo 1 • 27
Mas as coordenadas x e y da partícula podem ser consideradas funções horá-
rias, ou seja, estão em função do tempo e, assim, podemos escrever x = f(t) e y =
g(t). Esse par de equações é, muitas vezes, uma maneira conveniente de descrever
uma curva e faz surgir o seguinte conceito e definição.
Suponha que x e y sejam ambas dadas como funções de uma terceira variável
t, denominada parâmetro, pelas equações

x = f(t)
y = g(t)

Chamadas de equações paramétricas.

CURIOSIDADE
Criar um gráfico ou diagrama ligando pontos que representam variáveis (valores) defini-
dos através de suas posições com relação a um eixo horizontal (x); em alguns casos, usa-se
também um eixo de profundidade (z).

Disponível em: <https://o-que-significa.blogspot.com.br/2009/07/plotar.html#.


WhK42b6nHIU>. Acesso em: 27 out. 2017.

Cada valor de t determina um ponto (x, y), que podemos plotar em um plano
coordenado. Quando t varia, o ponto (x, y) = (f(t), g(t)) varia e traça a curva C,
que chamaremos de Curva Paramétrica.

•  Definição 5: Sejam um intervalo I ⊆ R e funções contínuas x(t) e y(t) de-


finidas em I.
I. Dizemos que a função
λ : I ⊆  → 2
t  ( x ( t ), y ( t ) )

É uma Curva Parametrizada;


II. O Conjunto C = {(x(t), y(t))/t ∈ I }, imagem da função λ, é uma curva;

capítulo 1 • 28
III. As equações

x (t )
 , t ∈I
y (t )

São equações paramétricas da curva.


Dizemos também que essas equações parametrizam a curva C.

Parametrização Natural

•  Definição 5: Chamamos de parametrização natural a parametrização do


tipo
λ(t) = (t, y(t))

MULTIMÍDIA
Acesse o site: <http://www.im.ufrj.br/waldecir/calculo2/interativo/curvaparametrizada.
html>. E veja o exemplo de uma curva parametrizada.

EXEMPLO
•  Exemplo 8: Escolha uma parametrização para a equação da reta y = 4 · t – 5.

Solução:
Este é um caso onde podemos utilizar a parametrização natural, pois adotando (ou esco-
lhendo) x(t) = t, temos que y = f(x) = f(x (t)) = f(t). Dessa forma,

λ(t) = (t, y(t)) ⇒ λ(t) = (t, 4 · t – 5)

Em relação a parametrização da reta, uma questão comum é a que pede a equa-


ção vetorial da reta (tema que costumamos ver em Cálculo Vetorial e Geometria
Analítica) como, por exemplo, apresentamos no exemplo 9.

capítulo 1 • 29
EXEMPLO

•  Exemplo 9: Sejam v = <1, 0, 2> e P0 = (1, 0, 0) um vetor e um ponto do espaço, respec-

tivamente. Determine a reta r que possui a direção de v e contém (passa pelo) o ponto P0.

Solução:

Neste exemplo, v é o vetor diretor da reta r que passa pelo ponto P0 (figura a).

 
Ponto P0 e vetor v . Ponto P0, vetor v e reta r.

Figura 1.11  –  Gráficos auxiliares – Exemplo 9.

Tomando P = (x, y, z) como um ponto genérico da reta r, temos que a distância entre P e

P0 é igual ao produto entre um parâmetro t pelo vetor v .

PP0 = t ⋅ v
( x − 1, y − 0, z − 0 ) = t ⋅ (1, 0 ,2 )
 x − 1= t ⇒ x = t + 1

( x − 1, y , z ) (
= t , 0, 2 ⋅ t ) y = 0 ⇒ y = 0
r :
z = 2 t ⇒ z = 2 t

Portanto, a reta r (figura b) é

r(t) = (t + 1, 0, 2 · t)

capítulo 1 • 30
MULTIMÍDIA
Acesse o site: <http://www.im.ufrj.br/waldecir/calculo2/interativo/reta.html>. E veja o
exemplo da parametrização de uma reta

ATENÇÃO
Podemos trabalhar com curvas paramétricas no cálculo de limite, derivada e integral.
Faremos isso de forma análoga ao apresentado para as funções vetoriais.

EXEMPLO
•  Exemplo 10: Esboce e identifique a curva definida pelas equações paramétricas
x = t2 – 2t e y = t + 1

Solução:
Podemos tratar do caso algebricamente, pois note que da expressão y = t + 1 podemos
escrever, isolando o t, que t = y – 1 e, com isso, substituir o valor de t na em x(t).

x = t2 – 2t ⇒ x = (y – 1)2 – 2(y – 1)
x = y2 – 2y +1 – 2y + 2
x = y2 – 4y + 3

Visualmente podemos, informalmente, dizer que é uma “parábola deitada”, figura 1.12 (a
diretriz da parábola é paralela ao eixo y).

capítulo 1 • 31
5

–1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
–1
c

Figura 1.12  –  Curva definida pelas equações paramétricas x = t2 – 2t e y = t + 1.

Cabe ainda, neste tipo de questão, analisar a orientação do movimento. Para isso, pode-
mos montar uma tabela e verificar os resultados para alguns valores de t.

t x y (x, y)
–2 8 –1 (8, –1)

0 0 1 (0, 1)

2 0 3 (0, 3)

4 8 5 (8, 5)

Tabela 1.3  –  Valores da curva para –2 ≤ t ≤ 4.

Note que a medida que o valor de t cresce, define o sentido do movimento. Ele tem início
no ponto (8, –1), para t = –2, passando pelos pontos (0, 1) e (0, 3), finalizando no ponto
(8, 5) para t = 4.

•  Exemplo 11: Que curva é representada pelas equações paramétricas x = cos t, y = sen t,
0 ≤ t≤ 2π?

capítulo 1 • 32
Solução:
Aqui, como o parâmetro t é o argumento (ângulo) das funções seno e cosseno, vamos
eliminar o t, fazendo

 x = cos t  x2 = cos2 t (I )
 ⇒ 2
 y = sent  y = sen t
2
( II )

Somando as expressões I e II, temos

 1  
x2 + y2 = sen2 t + cos2 t

ATENÇÃO
Lembre-se que, sen2 t + cos2 t = 1
Essa e outras relações trigonométricas são muito úteis para a solução deste e de vários
outros tipos de problemas na matemática. Sugiro uma revisão!!!

A expressão em III responde à pergunta, pois ela indica que a curva paramétrica repre-
senta uma circunferência de raio igual a unidade.

t x = cos t y = sen t (x, y) COMENTÁRIOS


Nesse ponto inicia o
0 x = cos 0 = 1 y = sen 0 = 0 (1, 0)
movimento.

π π π (0, 1)
x=cos =0 y = sen =1 Observa-se o
2 2 2
movimento com
π x=cos π = –1 y = sen π = 0 (–1, 0) sentido anti-horário a
medida que
avançamos no tempo.
3π 3π 3π (0, –1)
x = cos =0 y = sen = –1
2 2 2

Nesse ponto encerra o


2π x = cos 2π = 0 y = sen 2π = 0 (1, 0)
movimento.

Tabela 1.4  –  Análise do sentido do movimento da curva parametrizada – Exemplo 11.

capítulo 1 • 33
Aplicações ao movimento.

Desde que apresentamos a função vetorial, associamos a ideia de que repre-


senta a função horária da posição de uma partícula que se movimenta no espaço.
Dessa forma, a representaremos de acordo com a função vetorial
       
r (t)= x(t) i ,+j y(t)
e ik, j e+i k,z(t)
jek


Se r (t) é derivável em todos os pontos de seu domínio, a curva que define a
sua trajetória é considerada lisa se dr for contínua e diferente de zero.
dt

Isso equivale a dizer que as derivadas primeiras x(t), y(t) e z(t) de suas fun-
ções componentes existem e não são todas iguais a zero, concomitantemente.
Desconsiderando o rigor matemático, apenas para fazer uma ilustração, podemos
dizer que uma curva é suave se não tiver "bicos" nem "quebras".
Com essa ideia inicial, vamos tratar dos vetores utilizados para descrever o
movimento de objetos no espaço.

Vetor velocidade


Se r (t) é a função horária da posição, já vimos que a sua derivada será a fun-
ção horária da velocidade
  d 
v ( t ) = r ( t ) =  r ( t ) 
dt
   
v ( t ) = x ′ ( t ) i + y ′ ( t ) j + z′ ( t ) k
 
•  O vetor v (t) é tangente à curva r (t).

•  A magnitude de v (t) é o módulo da velocidade da partícula.


O vetor v (t) é tangente a curva, mas não é obrigatoriamente unitário, ou seja,
pode ter módulo diferente de 1. Em alguns contextos, precisamos ter um vetor
tangente unitário.

capítulo 1 • 34
ATENÇÃO
 
Considere um vetor u (t). O versor de u (t), é um vetor unitário com mesma direção e

sentido de u (t), ou seja, indica a direção do movimento da partícula.

Vetor tangente


Dado um vetor v (t), para encontrar o vetor tangente unitário, basta encon-
trar o versor do vetor velocidade

 v (t )
T (t ) = 
v (t )

Dessa forma, T (t) é o vetor tangente unitário.

Equação da reta tangente

A equação da reta tangente a uma curva C, num ponto P0 = (x0, y0, z0), pode
ser vista como uma extensão do exemplo 9. Vamos considerar que o vetor diretor

é o vetor tangente unitário T (t) = <a, b, c>. Considerando um ponto genérico
P = (x, y, z) e um parâmetro p.

PP0 = p ⋅ T ( t )
( x − x0 , y − y 0 , z − z0 ) = p ⋅ ( a, b, c )
 x = p ⋅ a + x0

( x − x0 , y − y 0 , z − z0 ) = ( p ⋅ a, p ⋅ b, p ⋅ c ) ⇒  y = p ⋅ b + y0
 z = p⋅c + z
 0

Que são as coordenadas paramétricas da reta tangente ao ponto P0 da curva.

Vetor aceleração

De forma análoga ao conceito do vetor velocidade, apresentado anteriormen-



te, se v (t) é a função horária da velocidade, já vimos que a sua derivada será a
função horária da aceleração
  d 
a ( t ) = v ( t ) =  v ( t ) 
dt

capítulo 1 • 35

Se v '(t) existir, pelo fato de a aceleração ser definida como a taxa de variação
da velocidade (em relação ao tempo).
Ou, usando a expressão da função horária da posição como referência, a ace-
leração será a segunda derivada de r(t). Dessa forma,
 
a (t ) = v (t )
   
a ( t ) = x ′′ ( t ) i + y ′′ ( t ) j + z′′ ( t ) k

Vetor normal principal

Observe que quando uma partícula se move ao longo de uma curva C, o vetor

T (t), sendo de comprimento constante, pois é um vetor unitário por definição,
muda somente de direção. A variação desta direção é medida pela derivada.

•  Proposição: Se T (t) é uma função vetorial com norma constante, então

T(t) e T '(t) são ortogonais.


T(t) · T ' (t) = 0

Uma vez que o vetor T(t) tem norma constante 1, podemos admitir que a de-

rivada do mesmo, T '(t), é normal ao ponto, pois é perpendicular à sua tangente.

•  Definição: O vetor normal é a derivada do vetor tangente. Considerando


T’(t) ≠ 0, o vetor unitário na direção de T’(t) é chamado normal principal à cur-
va C.
Entretanto, devemos nos ater (e perceber) que o vetor resultante da derivação
do vetor tangente unitário não é, necessariamente, sempre unitário; dessa forma,
para garantir que estamos encontrando (ou determinando) um vetor unitário de-
vemos, portanto, estabelecer o vetor normal unitário (ou vetor normal principal
unitário ou versor normal) como:
 T′( t )
N(t ) =
T′( t )


Geometricamente, o vetor normal unitário é perpendicular ao vetor v = r ’ (t)
e aponta para o lado côncavo (parte interna) da curva C.

capítulo 1 • 36

No caso em que r (t) é parametrizada pelo comprimento de arco, o procedi-
mento para calcular o vetor unitário simplifica para
 r ′′ ( t )
N(t ) =
r ′′ ( t )

Curvatura

É um elemento importante no estudo do movimento de partículas no espaço.


Para entender a curvatura, considere que quando uma partícula se move ao longo
de uma curva lisa, o vetor tangente unitário vai mudando de direção. Por se tra-
tar de um vetor unitário, seu módulo não se altera.
Observe, a seguir, na figura 1.13, o comportamento do vetor tangente (em
azul). Nela apresentamos três situações: (a) uma reta, (b) uma curva “leve” e (c)
uma curva “acentuada” (circunferência).

(a) Reta (b) Curva (a) Circunferência

Figura 1.13  –  Comportamento do vetor tangente.



a) No primeiro caso, o vetor tangente unitário T não muda de direção
quando uma curva e uma reta;

b) No segundo caso, o vetor tangente unitário T muda de direção muito
devagar;

c) No terceiro caso, o vetor tangente unitário T muda de direção mais
rapidamente.

A taxa, por unidade de comprimento, na qual o vetor vira ao longo da curva


é que é denominada curvatura. Ela é representada pela letra grega κ (lê-se “capa”)
e sua fórmula é:

1 d  T
κ =  ⋅ ( T ) ou, de forma equivalente, κ = 
v dt r

capítulo 1 • 37
Comprimento de arco.

Quando uma partícula percorre uma determinada trajetória no espaço, ela


descreve uma curva, o comprimento desta curva, medido entre dois instantes t0 e
t1, se denomina comprimento de arco, ou seja, podemos dizer que o comprimen-
to de uma curva é a distância total percorrida pela partícula móvel. Para ilustrar,
observe a figura 1.14.

y dl dy

dx

0 a x b

Figura 1.14  –  Comprimento de uma curva C.

Nela estamos medindo o tempo no eixo x, então temos t0 = a e t1 = b.


Além disso,

dl Diferencial de comprimento de arco.

dx Diferencial de x.

dy Diferencial de y.

Note que podemos escrever o diferencial do comprimento de arco em função


dos diferenciais de x e y. Observe que essas medidas são as correspondentes ao
triângulo retângulo em destaque na figura 1.14. Dessa forma,

dl2 = dx2 + dy2

Como a curva C é definida pela função vetorial


     
r (t)= x(t) i ,+j y(t)
e ik, j e k

capítulo 1 • 38
Podemos escrever
2 2 2
d  d  d 
 dt l  =  dt x ( t )  +  dt y ( t ) 
2 2
d d  d 
l ( t ) =  x ( t ) +  y ( t )
dt  dt   dt 

Integrando os dois membros, temos:


2 2
d d  d 
∫ dt l ( t ) dt = ∫  dt x ( t ) +  dt y ( t ) dt

E, finalmente, resolvendo essa integral e aplicando no intervalo [a, b]


b 2 2
d  d 
L = ∫  x ( t )  +  y ( t )  dt
a  dt   dt 

Se a curva estiver definida no espaço, temos:


b 2 2 2
d  d  d 
L = ∫  x ( t )  +  y ( t )  +  z ( t )  dt
a  dt   dt   dt 

EXEMPLO
•  Exemplo 11: O vetor de uma partícula se movendo no espaço é dado por:

   
r (t)i =j (tk+ 1, t2, t – 1),1 ≤ t ≤ 3

Encontre as expressões do estudo do movimento dessa partícula e seus valores em t = 2.

Solução:
O vetor velocidade é dado por:

                 
v (t)= x'(t)
r i +j y'kr (t)i j +z^'
k r i (t)j k =1
r i +jr 2t
ki r j i+1
kj k

capítulo 1 • 39
Em t = 2

         
v (2) = 1
r i +j 2kr · 2i r j +
ik 1
j k = <1, 4, 1>

O vetor tangente unitário é dado por:



 v (t) 1, 2t,1 1, 2t,1
T(t) =  = =
v (t) 1+ 4t + 1
2 2 + 4t2

Em t = 2

 v (2 ) 1, 2t,1 1, 2t,1 1, 2t,1 1 2t 1
T (2 ) =  = = = = , ,
v (2 ) 2 + 4 (2 )
2 18 3 2 3 2 3 2 3 2

 2 t 2 2
T (2 ) = , ,
6 3 6

A reta tangente é dada por:

x = p ⋅ a + x0

rt :  y = p ⋅ b + y 0
z = p ⋅c + z
 0

Em t = 2

rv ( 2 ) = 14
, ,1 = a,b, c

( )
P0 = ( x0 , y 0 , z0 ) = r ( 2 ) = 2 +1, ( 2 ) , 2 −1 = ( 3, 4,1)
2

 x= p + 3

rt ( 2 ) :  y = 4 ⋅ p + 4
 z = p +1

O vetor normal é dado por:

 T′ ( t )
N( t ) =
T′ ( t )
1, 2t,1 1 2t 1
T(t) = = , ,
2 + 4t2 2 + 4t2 2 + 4t2 2 + 4t2

 1 2t 1 
T′ ( t ) =  , , 
 2 + 4t2 2 + 4t2 2 + 4t2 

capítulo 1 • 40
   
Repare que essa derivada é “trabalhosa”, como r (t)i éj parametrizada
k pelo comprimento
de arco podemos fazer

 r′′ ( t )
N( t ) =
r′′ ( t )

               
Como v (t)= r '(t),
i então
j k iniciamos a questão calculando r '(t)=
i j r1k i +rj 2t
ki rj +
ik 1j k , então
 ’’   
r ( t ) = 0 i + 2 j + 0k

r′′ ( t ) = ( 0 )2 + (2 )2 + ( 0 )2 = 4 =2

Dessa forma,

 r′′ ( t ) 0, 2, 0
N( t ) = = = 01
, ,0
r′′ ( t ) 2

Em t = 2


N (2) = <0, 1, 0>

O vetor aceleração é dado por:

          
a (t) = x'' (t)
r i +j y''
kr (t)i j +kr z''i (t)
j k

Ou seja,

    
a (t) = r '' i(t) j k
          
a (t) = r '' i(t) j=k0
r i + rj 2ik r j +
ik 0
j k

O comprimento da curva é dado por:

b 2 2 2
d  d  d 
L = ∫  x ( t )  +  y ( t )  +  z ( t )  dt
a 
dt   dt   dt 
3 3
L = ∫ (1) + ( 2t ) + (1) dt = ∫ 2 + 4t2 dt
2 2 2

1 1

( )
1 3
L =  t ⋅ 4t2 + 2 + ln 4t2 + 2 + t ⋅ 2  ≈ 8.5247u .c.
2 1

capítulo 1 • 41
ATIVIDADES
  1
01. Para a função vetorial r ( t ) =
− t2 + 9 i + 2 j determine, caso exista, o seu domínio e
t
o seu valor em t0 = 1. Determine o valor da velocidade nesse mesmo ponto.

                 
02. Dada r (t)i =j cos j kr2eit j , kencontre lim r ( t ) , r ’ ( t ) e ∫r ( t ) dt . Verifique se r (t)i éj k
k rt i +
t →0
contínua em t = 0.

03. Que curva é representada pelas equações paramétricas x = sen 2t, y = cos 2t, 0 ≤ t ≤ 2π?
Qual o sentido da trajetória?

04. Uma partícula inicia o seu movimento no ponto (0, 1, 0) e tem o vetor posição dado por
   t 
r ( t ) = sent i + cos t j + k . Analise as suas componentes da velocidade ( v ), tangente uni-
2
 
tária ( T ) e aceleração ( a ) em t = π rad.

05. 5ncontre o comprimento de arco traçado pelo ponto final do representante de posição
           
de r (t)=e
i j t k· senrt i +j ekt · cos
r it j . k

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Na Onda da Matemática. Playlist Cálculo II. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=D9BPlp2kJ2o&list=PLfryS2M1zbkb6EHeMT9BKvRusWAShRo1j>. Acesso em: 26 de maio
de 2018.
Cálculo Diferencial e Integral II – Interativo. Disponível em: <http://www.im.ufrj.br/waldecir/
calculo2/interativo/index.html>. Acesso em: 26 de outubro de 2017.
Pinto, Diomara e Morgado, M. Cândida Ferreira, Cálculo Diferencial e Integral de Funções de
Várias Variáveis, 2003, Editora UFRJ
LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. Vol. 1, 2. ed. Harbra, São Paulo: 1994.
Stewart, James. Cálculo, Volume I e II/ James Stewart. – 5 ed. – Tradução Antonio Carlos Gilli Martins.
– São Paulo: Cengage Learning, 2008.

capítulo 1 • 42
2
Algumas superfícies
espaciais
Algumas superfícies espaciais
Esse assunto, apesar do título aparentemente ingênuo, é bem extenso e gran-
dioso. Podemos dizer que é uma extensão dos conceitos e aplicações da geome-
tria plana e espacial. Para chegar e esse estudo, devemos reconhecer as grandes
contribuições dadas por vários matemáticos ao longo do tempo. Podemos iniciar
citando os matemáticos helenísticos: Euclides, Arquimedes, Apolônio de Perga e
Pappus. Suas contribuições foram notáveis, porém não dispunham de uma no-
tação algébrica adequada. Passamos por Pierre de Fermat, pois apresentou avan-
ços para a geometria analítica que, por sua vez, trouxe inúmeras facilidades ao
desenvolvimento da geometria plana e espacial. E chegamos a Leonhard Euler,
que apresentou a primeira exposição em livro-texto das quádricas, considerando
estas como superfícies do 2º grau no R3. Claro que não podemos deixar de fazer
menção a todos nós, alunos e professores (que continuam alunos), que estudamos
e tentamos nos aproximar e, porque não dizer, nos apropriar desse vasto e mara-
vilhoso conhecimento?
Vamos viajar nesse contexto e conhecimento. Eu aceitei esse convite e o trans-
mito a você: Vamos juntos, viajar pelo maravilhoso mundo das superfícies!

OBJETIVOS
•  Introduzir o conceito de plano;
•  Determinar a forma do plano a partir de uma equação. Introduzir a noção de Cilindro e
Superfícies de Revolução;
•  Determinar a forma do Cilindro e da Superfície de Revolução a partir de uma equação;
•  Reconhecer as superfícies quádricas;
•  Identificar os gráficos das superfícies quádricas;
•  Reconhecer as equações das superfícies quádricas.

Conteúdo do livro

Considere uma equação geral do 2o grau em três variáveis do tipo

Ax2 + By2 + Cz2 + Dxy + Exz + Fyz + Gx + Hy + Iz + J = 0

capítulo 2 • 44
Com pelo menos uma das constantes A, B, C, D, E ou F diferente de zero.
Uma superfície cuja equação é desse tipo, é chamada de superfície quádrica. Se,
nesta equação, tivermos A = B = C= D = E = F, simultaneamente nulos, deixamos
de ter uma equação geral do 2o grau. Teremos, portanto, uma expressão do 1o grau
Gx + Hy + Iz + J = 0
Que é a equação do plano que veremos a seguir.
Planos

Um plano, é um objeto geométrico infinito a duas dimensões, ou seja, são


figuras geométricas bidimensionais formadas pela reunião de infinitas retas, per-
pendiculares a uma reta dada, dispostas lado a lado. Essa figura é considerada na
Geometria como um conceito primitivo e, por isso, sobre um contexto algébrico
analítico, um plano pode ser definido a partir de uma das condições equivalentes:
I. Dando um ponto do plano e um vetor normal a esse plano;
II. Dando um ponto do plano e dois vetores do plano;
IV. Dando duas retas do plano;
V. Dando três pontos não colineares.

Equação do plano

A forma de determinar um plano, apresentado em i, é uma das principais for-


mas utilizadas nos cursos de cálculo. Considerando um ponto genérico P = (x, y, z),
temos que a equação do plano que passa pelo ponto P1 = (x1, y1, z1) com o vetor

normal N = (a1, a2, a3) é dado pelo produto escalar entre o vetor normal e o vetor

PP1 , tal que:

 
N · PP1 = 0
(a1, a2, a3) · (x – x1, y – y1, z – z1) = 0
a1 · x – a1 · x1 + a2 · y – a2 · y1 + a3 · z – a3 · z1 = 0

Note que, –a1 · x1 – a2 · y1 – a3 · z1 é um valor numérico. Então, reorganizando


a expressão, temos:
∈
a b∈ c∈   d∈ 
a1 ⋅ x + a2 ⋅ y + a3 ⋅ z − a1 ⋅ x1 − a2 ⋅ y 1 − a3 ⋅ z1 = 0

capítulo 2 • 45
Esta expressão pode ser escrita como:

a · x + b · y + c · z +d = 0 (I)

Onde a = a1, b= a2, c = a3 e d = – a1 · x1 – a2 · y1 – a3 · z1, com a, b, c, d ∈ R

EXEMPLO
•  Exemplo 1: Equação do plano que passa pelo ponto A = (1, 3, 5) e seja ortogonal ao vetor
n ∈ = (2, 4, 6).

Solução:
Para determinar a equação do plano a · x + b · y + c · z +d =0, devemos considerar a = 2,
b=4ec=6

α: 2x + 4y + 6z + d = 0

Basta, agora, determinar o valor de d. Para isso, utilizaremos a informação de que esse
plano passa pelo ponto A, ou seja, A = (1, 3, 5) ∈ α, sendo assim, vamos substituir os valores
das coordenadas do ponto A na equação do plano α.

2(1) + 4(3) + 6(5) + d = 0 ⇒ 2 + 12 + 30 + d = 0 ⇒ d = –44

Dessa forma, a equação do plano α é 2x + 4y + 6z – 44 = 0

Gráfico

Reciprocamente, se tivermos a equação do plano a · x + b · y + c · z + d = 0,


com a, b e c não simultaneamente nulos, podemos escolher x1, y1 e z1 ∈ R, tais que:

a · x1 + b · y1 + c · z1 + d = 0

Consequentemente,

d = –a · x1 – b · y1 – c · z1

capítulo 2 • 46
E a substituição do valor de d em (I), temos:
− a⋅x1 − b⋅ y 1 − c⋅z1

a ⋅ x + b⋅ y + c⋅z + d =0
a · x + b · y + c · z -a · x1 – b · y1 – c · z1 =0
a · x – a · x1 + b · y – b · y1 + c · z – c · z1 =0
a · (x – x1) + b · (y – y1) + c · (z – z1) =0

E finalmente,

(a, b, c) · (x – x1, y – y1, z – z1) = 0

Que é a equação do plano que passa pelo ponto (x1, y1, z1) com o vetor normal
(a, b, c).
Com essa análise, podemos estabelecer que o gráfico, no R3 de qualquer equa-
ção linear

a·x+b·y+c·z+d=0

É um plano com vetor normal N = (a, b, c).

ATENÇÃO
Podemos falar de Gráfico de uma equação?
A solução da equação

a·x+b·y+c·z+d=0

é um terno ordenado de números reais que, quando substituído na equação dada, produz
uma sentença verdadeira. Portanto, o gráfico desta equação é o conjunto de todos os pontos,
(x, y, z), no espaço coordenado que são soluções da mesma.
Para entender melhor, explore no link Gráficos de equações, os gráficos das equações:
y – 2x + 1 = 0, x4 – 4x2 – y + 1 = 0 e x2 + y2 = 25.

capítulo 2 • 47
EXEMPLO
•  Exemplo 2: Observe que o gráfico R3 da equação y = 0 é o plano que contém a origem
 
P1 = (0, 0, 0) com o vetor normal N = (0, 1, 0) = j . Portanto, este é o plano coordenado xz.

Analogamente, temos os planos a seguir, que contém a origem P1 = (0, 0, 0)

EQUAÇÃO DO PLANO VETOR NORMAL PLANO COORDENADO


 
x=0 N = (1, 0, 0) = i yz
 
z=0 N = (0, 0, 1) = k xy

Agora vamos destacar alguns casos particulares de planos, ao quais sugerimos


que você utilize o aplicativo casos particulares da equação geral do plano, para
analisar cada um deles.

1. Plano passando pela origem:


Se o plano passa pela origem, então o ponto O(0, 0, 0) pertence ao plano. Na
equação geral do plano temos 0x + 0y + 0z + d = 0 ⇒ d = 0.
Todo plano passando pela origem o termo independente é zero, logo sua
equação é do tipo: ax + by + cz = 0.

Figura 2.1  –  Gráfico do plano x + y + z = 0.

capítulo 2 • 48
2. Plano paralelo a um dos eixos coordenados:
Quando na equação geral do plano o coeficiente de uma das variáveis for
nulo, o plano é paralelo a eixo coordenado correspondente a esta variável. Assim:
a) ax + by + 0z + d = 0
ou ax + by + d = 0 ⇒ c= 0 ⇒ plano paralelo ao eixo Oz
b) ax + 0y + cz + d = 0
ou ax + cz + d = 0 ⇒ b= 0 ⇒ plano paralelo ao eixo Oy
c) 0x + by + cz + d = 0
ou by + cz + d = 0 ⇒ a= 0 ⇒ plano paralelo ao eixo Ox

Figura 2.2  –  Gráfico do plano x + y +7 = 0, caso a, plano paralelo ao eixo Oz.

3. Plano que passa por um dos eixos coordenados:


Quando na equação geral do plano o coeficiente de uma das variáveis e o ter-
mo independente forem nulos (d = 0), representa que ele passa (contém) pelo eixo
coordenado correspondente a esta variável. Assim:
a) ax + by = 0 ⇒ c = d = 0 ⇒ plano passa pelo eixo Oz
b) ax + cz = 0 ⇒ b = d = 0 ⇒ plano passa pelo eixo Oy
c) by + cz = 0 ⇒ a = d = 0 ⇒ plano passa pelo eixo Ox

capítulo 2 • 49
Figura 2.3  –  Gráfico do plano x + z = 0, caso b, plano passa pelo eixo Oy.

4. Plano paralelo a um dos planos coordenados:


Quando, na equação geral do plano, os coeficientes de duas variáveis forem
nulos, representa que ele é paralelo ao plano coordenado formado pelas variáveis.
Assim:
a) ax + d = 0 ⇒ b = c = 0 ⇒ plano paralelo ao plano yz
b) by + d = 0 ⇒ a = c = 0 ⇒ plano paralelo ao plano xz
c) cz + d = 0 ⇒ a = b = 0 ⇒ plano paralelo ao plano xy

Figura 2.4  –  Gráfico do plano z –10 = 0, caso c, plano paralelo ao plano xy.

capítulo 2 • 50
ATENÇÃO
Para esboçar alguns gráficos é útil determinar a interseção desse gráfico com os planos
paralelos aos planos coordenados. Essas interseções são denominadas traços.

Pelas análises dos casos particulares, com os exemplos destacados nas figuras
2.1 a 2.3, podemos observar que determinar, quando possível, o traço do gráfico
em cada plano coordenado, ou seja, a reta segundo a qual o gráfico do plano in-
tercepta os planos coordenados, pode nos ajudar a visualizar e, com isso, esboçar
o gráfico do plano. Para isso, dada uma equação do plano,

a · x + b · y + c · z + d =0

Basta fazer x = 0, y = 0 e z = 0 e encontrar as retas, respectivamente, em cada


um dos planos yz, xz e xy.

EXEMPLO
•  Exemplo 3: Esboce o gráfico da equação 2x + 3y + 4z = 12.

Solução:
Para esboçar o gráfico desse plano vamos, primeiramente, fazer os respectivos traços
nos planos coordenados XoY, XoZ e YoZ.
Ao fazer z = 0, encontramos 2x + 3y = 12 que determina o traço no plano xy
– Fazendo x = 0 encontramos y = 4. Ponto (0, 4, 0);
– Fazendo y = 0 encontramos x = 6. Ponto (6, 0, 0);
Esse traço é a reta que passa nos pontos (0, 4, 0) e (6, 0, 0).

Ao fazer y = 0, encontramos 2x + 4z = 12 que determina o traço no plano xz


– Fazendo x = 0 encontramos z = 3. Ponto (0, 0, 3);
– Fazendo z = 0 encontramos x = 6. Ponto (6, 0, 0);
Esse traço é a reta que passa nos pontos (0, 0, 3) e (6, 0, 0).

capítulo 2 • 51
Ao fazer x = 0, encontramos 3y + 4z = 12 que determina o traço no plano yz
– Fazendo y = 0 encontramos z = 3. Ponto (0, 0, 3);
– Fazendo z = 0 encontramos y = 4. Ponto (0, 4, 0);
Esse traço é a reta que passa nos pontos (0, 0, 3) e (0, 4, 0).

Na figura 2.5 apresentamos todos esses traços. Observe que, com o esboço desses
traços já é possível visualizar o plano de equação 2x + 3y + 4z = 12 que apresentamos na

figura 6 com o vetor normal n =(2, 3, 4).

Figura 2.5  –  Gráfico dos traços de 2x + 3y + 4z = 12 nos planos coordenados.


Figura 2.6  –  Gráfico do plano de equação 2x + 3y + 4z = 12 e n =(2, 3, 4).

Antes de prosseguir, vamos relembrar um conceito: sólido de revolução.


Sólidos de revolução são figuras geométricas que podem ser gerados pela ro-
tação (ou giro) uma região em torno de um eixo de revolução (ou simplesmente
eixo). Ou seja, o sólido de revolução é formado pela rotação de 360º, presente
numa área lisa S em volta de uma reta r (que será o eixo de revolução). Exemplos:

capítulo 2 • 52
MULTIMÍDIA
Acesse o link: Cilindro e cone de revolução. Explore os exemplos para ilustrar
esse conceito.

CILINDRO É um sólido de revolução formado pela rotação de 360º em


CIRCULAR RETO volta de um dos lados do retângulo.

CONE CIRCULAR É um sólido de revolução formado pela rotação de 360º em


RETO volta de um dos catetos do triângulo retângulo.

Antes de prosseguir, sugerimos que você explore os aplicativos a seguir para


revisar e se ambientar com esse conceito sólido de revolução.
– Sólido de revolução 1 - 2D para 3D
– Sólido de revolução 2 - 2D para 3D
– Sólido de revolução - Polígono gerando sólido
– Sólido de revolução - Função gerando sólido
•  Definição: Superfície de revolução é a superfície obtida pela rotação de
uma curva plana em torno de uma reta fixa (eixo da superfície de revolução) que
pertence ao mesmo plano da curva (curva geratriz).

Curva de nível e superfícies de nível

São duas importantes ferramentas para o esboço e visualização de gráficos.

•  Definição: A curva de nível de uma função f(x, y) é a curva de pontos (x, y)


onde f(x, y) é um valor fixo (constante).
A curva de nível é simplesmente uma seção transversal (corte) do gráfico de
z = f(x, y), tomada em uma altura constante, digamos z = c. Uma função tem mui-
tas infinitas curvas de nível, obtidas para cada valor real de c = f(x, y).

capítulo 2 • 53
ATENÇÃO
Damos o nome de gráfico (ou mapa) de contorno para o esboço de um conjunto de cur-
vas de nível para um conjunto de diferentes constantes c.
Veja mais no link: IGM - Instituto Goiano de Matemática

As superfícies de nível fornecem-nos uma maneira de estudar o comporta-


mento de funções de três variáveis, que são complexas de se fazer o esboço e, até
mesmo, de visualizar, por exigirem quatro dimensões para a sua representação. São
o equivalente às curvas de nível para funções de três variáveis.

•  Definição: O conjunto dos pontos (x, y, z) ∈ D que satisfazem a equação


f(x, y, z) = k (onde k é uma constante) é chamada de superfície de nível k de f e,
em geral, é uma superfície, definida implicitamente pela equação f(x, y, z) = k.
Como não é viável esboçar o gráfico de uma função de 3 variáveis, a utilização
das superfícies de nível é umas das formas de estudar essas funções. Para ampliar
seu conhecimento sobre esse tema sugerimos, por exemplo, ler Curvas e superfícies
- DM-UFSCar.

Cilindro - Equação e Gráfico

Dentre as superfícies de revolução temos o cilindro que definiremos a seguir.

•  Definição: Um cilindro é uma superfície gerada por uma reta R (geratriz do


cilindro) que se move ao longo de uma curva plana C (diretriz do cilindro) dada,
de tal forma que permaneça sempre paralela a uma reta fixa não situada no plano
da curva C.
Portanto, um cilindro, figura 2.7, é a reunião de retas paralelas a uma reta fixa
R, passando por pontos de uma curva C, cada uma dessas retas pode ser chamada
de geratriz do cilindro. Os cilindros mais comuns são o circular (figuras 2.7 e 2.8),
parabólico (figuras 2.9) e hiperbólico (figuras 2.10).

capítulo 2 • 54
Figura 2.7  –  Curvas de nível – cilindro circular – x2 + y2 = 4.

Note que, toda superfície cuja equação é da forma F(x, y, z) = c, figura 1.8,
onde o c é o parâmetro que determinará a superfície de nível, com solução em R3

c = 0, S0 = {(x, y, z) | x2 + y2 = 0} = {(0, 0, z) | z ∈ R} ⇔ eixo z


c > 0, Sc = {(x, y, z) | x2 + y2 = c} ⇔ cilindro com r = c

Figura 2.8  –  Superfícies de nível – cilindro circular.

A forma mais geral de definir um cilindro é aquela na qual aparecem uma


curva num plano e, a essa curva são traçadas retas não paralelas a esse plano.
– Se a curva é uma circunferência, temos um cilindro circular
– Se a curva é uma parábola, temos um cilindro parabólico
– Se a curva é uma elipse, temos um cilindro elíptico
– Se a curva é uma hipérbole, temos um cilindro hiperbólico

capítulo 2 • 55
CURIOSIDADE
Imagine que essa curva seja uma reta. Note que, ao traçar retas paralelas a reta definida
pela curva inicial, temos um plano, ou ainda, um cilindro plano.
Peço muita calma, pois é claro que não mudaremos o nome já consagrado do plano,
apenas como plano. Mas vale a curiosidade de que, por essa definição mais geral de cilindro,
podemos encontrar o nosso “velho e conhecido” plano.

Se a curva for uma curva genérica, teremos um cilindro genérico, ou seja, sem
a obrigatoriedade de um nome específico.
Supondo uma função com apenas duas das variáveis espaciais, por exemplo
x , y (ou x e z ou y e z) será um cilindro, onde a diretriz será uma curva no plano
cartesiano determinado pelas duas variáveis que aparecem na equação. Suas ge-
ratrizes são paralelas ao eixo da variável que não aparece na equação, no caso do
exemplo x e y, as geratrizes são paralelas ao eixo z. Vejamos, a seguir, alguns casos
de outros cilindros.

1
a) Curvas de nível: y – x2 =
2
z ∈ {–1, 0, 1, 2, 3}.

capítulo 2 • 56
b) Superfícies de nível:
1
c= , c = 1 e c = 2.
2

Figura 2.9  –  Cilindro parabólico: y – x2 = c.

MULTIMÍDIA
Acesse o link Cilindro Parabólico e explore os seus recursos!

a) Curvas de nível:
1
y – x2 =
2
z ∈ {–1, 0, 1, 2, 3}.

capítulo 2 • 57
b) Superfícies de nível:
1
c= , c = 1 e c = 2.
2

Figura 2.10  –  Cilindro hiperbólico: y2 – z2 = c.

MULTIMÍDIA
Acesse o link Cilindro Hiperbólico e explore os seus recursos!

Antes de prosseguir recomendamos assistir aos vídeos a seguir destacados.


– Funções de 3 variáveis e superfícies de nível - Parte I
– Funções de 3 variáveis e superfícies de nível - Parte II
– Funções de 3 variáveis e superfícies de nível - Parte III

Superfícies de Revolução - Equação e Gráfico

Já foi apresentado, anteriormente, uma definição de Superfície de revolução.


Vamos, nesse momento, apresentar alguns casos específicos:
Hiperboloide circular ou de revolução é a superfície gerada pela rotação (ou
revolução) de uma hipérbole da forma
x2 y 2
− =1
a2 b2

capítulo 2 • 58
em torno de um de seus eixos, eixo transverso ou eixo conjugado, ou em torno
de um dos eixos coordenados.
Rotação sobre o eixo dos x
x 2 y 2 z2
− − =1
a2 b2 b2

Rotação sobre o eixo dos y


x 2 y 2 z2
− − =1
a2 b2 a2

EXEMPLO
•  Exemplo 4: Obtenha uma equação e faça o esboço do gráfico da superfície gerada pela
rotação da cônica x2 – 4z2 = 16 e identifique a superfície em cada caso.

Solução:
Manipulando algebricamente, temos:

x2 4z2 16 x2 z2
x2 − 4z2 =16 ⇒ − = ⇒ − =1
16 16 16 16 4

x2 z2
Portanto, x2 − 4z2 =16 ⇒ − =1 , onde a = 4 e b = 2, é uma hipérbole de eixo trans-
16 4
verso ou real sobre (paralelo) o eixo das abscissas (eixo dos x) e eixo conjugado ou imaginá-
rio sobre (paralelo) o eixo das cotas (eixo dos z)

Rotação sobre o eixo dos x

Ao rotacionar (ou girar) essa hipérbole em relação ao eixo dos x (abscissas)


encontraremos:

x2 – 4y2 – 4z2 = 16

capítulo 2 • 59
Manipulando algebricamente, temos:
x 2 y 2 z2
x 2 − 4 y 2 − 4z2 = 16 ⇒ − − =1
16 4 4

Que comparando com a sua forma geral


x 2 y 2 z2
− − =1
a2 b2 b2

Teremos a = 4 e b = 2.

x2 z2
a) Cilindro hiperbólico − =1
16 4

b) Hiperboloide de revolução de
2 folhas
x 2 y 2 4z 2
− − =1
16 4 4

Figura 2.11  –  Revolução da hipérbole em relação ao eixo x.

Rotação sobre o eixo dos z

Ao rotacionar (ou girar) essa hipérbole em relação ao eixo dos z (cotas)


encontraremos:

x2 + y2 – 4z2 = 16

capítulo 2 • 60
Manipulando algebricamente, temos:
x 2 y 2 z2
x 2 + y 2 − 4z2 = 16 ⇒ − − =1
16 16 4

Que comparando com a sua forma geral


x 2 y 2 z2
− − =1
a2 a2 b2

Ou seja, a = 4 e b = 2

x2 z2
a) Cilindro hiperbólico − =1
16 4

b) Hiperboloide de revolução de 2 folhas


x2 y2 z2
− − =1
16 4 4

Figura 2.12  –  Revolução da hipérbole em relação ao eixo z.

ATENÇÃO
Na equação de uma hiperboloide, a quantidade de sinais negativos (-) existentes na
equação, indica o número de folhas da superfície, ou seja:
1 sinal (–) ⇒ 1 folha;
2 sinais (–) ⇒ 2 folhas.

capítulo 2 • 61
Na equação da Superfície Hiperbólica, o termo com sinal diferente dos outros dois ter-
mos indica o eixo de rotação da superfície.

Elipsoide circular ou de revolução é a superfície gerada pela rotação ou re-


volução da elipse da forma
x2 y 2
+ = 1, com b > a
a2 b2

em torno de um de seus eixos, normalmente em torno do eixo maior.


Dessa forma, com uma rotação sobre o eixo dos x, temos:
x 2 y 2 z2
+ + =1
a2 b2 b2

E, analogamente, rotação so- 3


bre o eixo dos y, temos:
2
x 2 y 2 z2
+ + =1
a2 b2 a2
1

Note que, o denominador de


z corresponderá ao valor do eixo
2
–3 –2 –1 0 1 2 3
que não está sendo rotacionado.
–1
Vamos analisar o exemplo
c
a seguir, onde usaremos a = 2 e
–2
b = 3.

–3

x2 y2
Figura 2.13  –  Elipse + =1 = 1, com b = 3 > a = 2.
4 9

Rotação sobre o eixo dos x

x 2 y 2 z2
+ + =1
4 9 9

capítulo 2 • 62
x2 y2
a) Elipse + =1
4 9

b) Elipsoide de Revolução ou
Circular de eixo de rotação
sobre o eixo dos x
x2 y2 z2
+ + =1
4 9 9

Figura 2.14  –  Revolução da elipse em relação ao eixo x.

Rotação sobre o eixo dos y

x 2 y 2 z2
+ + =1
4 9 4

capítulo 2 • 63
x2 y2
a) Elipse + =1
4 9

b) Elipsoide de Revolução ou
Circular de eixo de rotação
sobre o eixo dos x
x2 y2 z2
+ + =1
4 9 4

Figura 2.15  –  Revolução da elipse em relação ao eixo y.

Quádricas

Superfície quádrica ou simplesmente quádrica é o nome dado ao gráfico de


uma equação do segundo grau, nas variáveis x, y e z, da forma:

Ax2 + By2 + Cz2 + Dxy +Exz + Fyz + Gx + Hy + Iz + J = 0,

Que, mediante uma rotação ou translação de eixos, ou até mesmo através


dos dois movimentos simultaneamente, se transforma em um dos dois tipos de
equações:
1. Ax^2+ By^2+ Cz^2 = D
2. Ax^2+ By^2+ Iz = 0

capítulo 2 • 64
Note que, se o termo independente J da equação anterior for nulo, a quádrica
passa, obrigatoriamente, pela origem, pois o ponto O = (0,0,0) satisfaz a equação.
Apresentamos, como exemplo das quádricas (ou superfícies quádricas) mais
conhecidas, as esferas, paraboloides, elipsoides, hiperboloides, cilindros (do 2º
grau), cones (do 2º grau). Existem, ainda, com a terminologia de quádricas de-
generadas, planos, pontos ou conjuntos vazios que podem ser representados por
uma equação do 2º grau com três variáveis no espaço tridimensional (R^3).

ATIVIDADE
Você já deve ter percebido que este assunto é bem prático e exige uma certa abstração
na forma de visualizar as formas geométricas nos seus respectivos gráficos.
Dessa forma, a nossa proposta de atividade consiste em refazer todas as atividades
e, além disso, buscar explorar os aplicativos indicados no texto desse capítulo que apre-
sentamos para a sua leitura, bem como os textos citados nas referências e suas respecti-
vas referências.
A dica e o segredo dessa parte da matéria é praticar! Contamos com a sua curiosidade
em observar os resultados dos aplicativos que indicamos no texto base desse conteúdo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Pinto, Diomara e Morgado, M. Cândida Ferreira, Cálculo Diferencial e Integral de Funções de
Várias Variáveis, 2003, Editora UFRJ.
VENTURI, Jacir J., 1949 - Álgebra Vetorial e Geometria Analítica / Jacir J. Venturi 10. ed. –
Curitiba, PR 242 p.: il.
LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. Vol. 2. ed. Harbra, São Paulo: 1994.
Stewart, James. Cálculo, Volume I e II/ James Stewart. – 5 ed. – Tradução Antonio Carlos Gilli
Martins. – São Paulo: Cengage Learning, 2008.
Superfícies quádricas. Disponível em: <http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/
arquivosUpload/3176/material/Quadricas%20(novo).pdf>. Acesso em: 15 de dezembro de 2017, às
19h.
VENTURI, Jacir J., 1949 – Cônicas e Quádricas / Jacir J. Venturi – 5ª ed. – Curitiba 243 p.: il.
Disponível em: http:<//www.geometriaanalitica.com.br/livros/cq.pdf>. Acesso em: 15 de dezembro de
2017, às 19h.

capítulo 2 • 65
capítulo 2 • 66
3
Funções de várias
variáveis – Parte I
Funções de várias variáveis – Parte I
Essa parte do conteúdo de Cálculo Avançado visa os estudos das funções de
duas ou mais variáveis; limite e continuidade de uma função de várias variáveis;
estudo de derivadas parciais e suas aplicações.
Finalmente pretendemos que este trabalho venha contribuir para seu aprendi-
zado e, consequentemente, para sua formação acadêmica.

OBJETIVOS
•  Estender os principais conceitos de funções de uma variável às funções de várias variáveis,
principalmente às funções de duas ou três variáveis;
•  Entender e aplicar o conceito de Derivada Parcial e Diferenciabilidade.

Funções a duas e a três variáveis

Suponha, por exemplo, que um engenheiro precisa construir uma piscina de


espelho d’água retangular, com v1 m3 de volume, num terreno que tem x m de
comprimento e y m de largura. Será necessário calcular as dimensões desse retân-
gulo em função de x e y, duas variáveis. Em paralelo, será necessário com outra
função para adequar a variável profundidade, para chegar as dimensões da piscina
com V = v1 m3 de volume. Tanto as expressões de área (terreno e espelho d’água),
quanto a do volume dependem de mais de uma variável. Estudaremos, nesse capí-
tulo, esse tipo de funções, ou seja, funções de mais de uma variável real.

•  Definição 1: O conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais é


chamado o espaço numérico n-dimensional, e é denotado por Rn. Cada n-upla or-
denada (x1, x2, ..., xn) é denominada um ponto no espaço numérico n-dimensional.
•  Definição 2: Uma função de n variáveis reais é um conjunto de pares orde-
nados na forma (P, w) no qual dois pares ordenados diferentes não tem o mesmo
primeiro elemento.
– P = (x1, x2, ..., xn) é um ponto no espaço numérico n-dimensional e w
é um número real;

capítulo 3 • 68
– O conjunto de todos os valores possíveis de P = (x1, x2, ..., xn)
∈ D(f ) ⊂ Rn, é chamado de domínio, D(f ), da função;
– O conjunto de todos os pontos possíveis de w = f(x1, x2, ..., xn) é a ima-
gem da função.

•  Definição 3: Uma função real f de n (várias) variáveis associa a cada n-upla


(x1, x2, ..., xn) ∈ D(f ) ⊂ Rn um único número real w = f(x1, x2, ..., xn).

(f:D ⊂ Rn → R)
¦((x1, x2, ..., xn) |- w = f(x1, x2, ..., xn))

Para n = 2, teremos uma função de duas variáveis: seja D um subconjunto


(região) do espaço R2 (plano). Chama-se função f de D toda relação que associa, a
cada par (x, y) ∈ D, um único número real, representado por f(x, y). O conjunto
D é o domínio da função.
Assim, D é o domínio da função em R2, f é a função e f(x, y) é o valor da
função calculado em (x, y).

EXEMPLO
•  Exemplo 1: A função f de duas variáveis x e y é o conjunto de todos os pares ordenados
da forma (P, z), tal que:

z = 25 − x2 − y2

Encontre o domínio e a imagem de f. Trace um esboço, mostrando com uma região som-
breada em R2, os conjuntos de pontos do domínio e da imagem de f.

Solução:
O domínio de f é o conjunto de todos os pares ordenados (x, y), para os quais 25 – x2 – y2 ≥ 0.
Este é o conjunto de todos os pontos do plano xy interiores a circunferência de raio igual a
5, figura 1.1a, ou seja,

Dom [f(x, y)] = {(x, y) ∈ R2 / x2 + y2 ≤ 25}

capítulo 3 • 69
Como z = f ( x, y ) = 25 − x2 − y2 , vemos que 0 ≤ z ≤ 5. Portanto a imagem de f é o con-
junto de todos os números reais no intervalo [0, 5]. Podemos observar na figura 3.1 b que o
gráfico de f é o hemisfério sobre o plano xy com raio 5 e centro na origem.

–5 –4 –3 –2 –4 –1 0 1 2 3 4 5
–1

–2

–3

–4

–5

a) Região do domínio de f(x, y).

b) Região da imagem de f(x, y).

capítulo 3 • 70
c) Curvas de nível.

d) Curvas de nível.

Figura 3.1  –  Domínio, imagem, curvas de nível e mapa de contorno de f ( x, y ) = 25 − x2 − y2 .

As figura 3.1c e 3.1d apresentam um outro método útil, curva de nível (apresentado no
capítulo anterior) para representar geometricamente uma função de duas variáveis. Para
consolidar o que foi apresentado no capítulo anterior, associado com o exemplo 1, apresen-
tado agora, sugerimos acessar o link curvas de nível e esboço de gráficos. Tais curvas são
chamadas de curvas de nível k e que a superfície que é representada pelo gráfico é a união
de todas essas curvas.

capítulo 3 • 71
CURIOSIDADE
Esse método, chamado de curva de nível (ou curva de contorno), é semelhante ao da
representação de uma paisagem tridimensional por meio de um mapa topográfico bidimen-
sional. Para cada valor constante k, encontramos uma curva de nível.

z = f(x, y) = k

Ao considerarmos diferentes valores para a constante k, obtemos um conjunto de curvas


de nível. A esse conjunto damos o nome de mapa de contorno.

Suponhamos que a superfície z = f(x, y) seja interceptada pelo plano z = k, e a


curva dessa interseção seja projetada no plano xy. Essa curva tem equação f(x, y) = k,
sendo chamada de curva de nível. Cada ponto da curva de nível corresponde a um
único ponto na superfície que está:
a) k unidades acima do plano xy, se k > 0;
b) k unidades abaixo do plano xy, se k< 0.

Um mapa de contorno, que é o conjunto de curvas de nível de uma determi-


nada função, mostra a variação de z com x e y.

CURIOSIDADE
Ao longo das curvas e do nível, o valor de z é constante. Se uma função de várias variá-
veis f representa o comportamento:
•  Da temperatura, as curvas de nível são chamadas de curvas isotermas (ou isotérmicas);
•  Da pressão barométrica, as curvas de nível são chamadas de curvas isobáricas.
•  Do potencial elétrico (em volts), as curvas de nível são chamadas de curvas equipotenciais.

Para n = 3, teremos uma função real f de três variáveis, é uma relação que
a cada tripla ordenada de números reais (x, y, z) associa um único número real
f(x,y,z), onde x,y e z são as variáveis independentes (de saída), w variável depen-
dente (de chegada).

capítulo 3 • 72
É importante salientar que função real de três variáveis não pode ser repre-
sentada geometricamente, ou seja, não podemos visualizar seu gráfico uma vez
que teríamos de estar em um espaço de quatro dimensões. Entretanto, podemos
ganhar algum conhecimento de f esboçando suas superfícies de nível, que são as
superfícies com equação f(x,y,z) = k onde k é uma constante.

EXEMPLO
•  Exemplo 2: Descreva as superfícies da função f(x, y, z) = x2 +y2 – z2.

Solução:
As superfícies de nível possuem equação f(x, y, z) = k, ou seja,

x2 + y2 – z2 = k

Se k < 0, a superfície de nível é o hiperboloide de duas folhas, figura 3.2, de equação

x2 y2 z2
− − + =1
k k k

Para a função
f(x, y, z) = x2 + y2 – z2
Temos as superfícies de nível
f(x, y, z) = k, k < 0
S1: x2 +y2 – z2 = –100
S2: x2 +y2 – z2 = –50
S3: x2 +y2 – z2 = –25
S4: x2 +y2 – z2 = –5

Figura 3.2  –  f(x, y, z) = k, k < 0 – Hiperboloide de duas folhas.

Se k = 0, a superfície de nível é o hiperboloide de duas folhas, figura 3.3, de equação

x2 + y2 – z2 = 0

capítulo 3 • 73
Para a função
f(x, y, z) = x2 + y2 – z2
Temos as superfícies de nível
f(x, y, z) = k, k < 0
S1: x2 +y2 – z2 = –100
S2: x2 +y2 – z2 = –50
S3: x2 +y2 – z2 = –25
S4: x2 +y2 – z2 = –5

Figura 3.3  –  f(x, y, z) = k, k = 0 – Cone.

Se k>0, a superfície de nível é o hiperboloide de uma folha, figura 3.4, de equação

x2 y 2 z2
+ − =1
k k k

Para a função
f(x, y, z) = x2 + y2 – z2
Temos as superfícies de nível
f(x, y, z) = k, k < 0
S1: x2 +y2 – z2 = 100
S2: x2 +y2 – z2 = 50
S3: x2 +y2 – z2 = 25
S4: x2 +y2 – z2 = 5

Figura 3.4  –  f(x, y, z) = k, k > 0 – Hiperboloide de uma folha.

capítulo 3 • 74
ATENÇÃO
Se um ponto (x, y, z) se move ao longo de uma superfície de nível, o valor de f(x, y, z)
permanece fixo. Toda superfície em R3 que, vamos estudar neste livro, pode ser considerada
como uma superfície de nível de alguma função de três variáveis.

Podemos fazer uma analogia/comparação para o espaço de 4 dimensões, com


o exemplo 2, é o espaço tempo e uma “representação” é x2 + y2 – z2 = w – 5, note
que se w > 5 teremos o hiperboloide de uma folha, figura 3.4, se w = 5 teremos o
cone, figura 3.3, e se w < 5 teremos o hiperboloide de duas folhas, figura 3.2, onde
w representa o tempo e o objeto à evolução do mesmo através do tempo.

Limite e Continuidade

Determinar o limite de uma Função de Várias Variáveis (FVV) nem sempre é


uma tarefa fácil, sendo mais simples garantir a não existência do limite. Porquê?!!?
Primeiro vamos pensar em relação ao domínio de uma função de uma variá-
vel real, ou seja, y = f(x). Para o domínio dessa função podemos utilizar qualquer
valor de x ∈ R que atenda a interseção das condições de existência, caso existam.
Podemos dizer que esses valores estão na reta numérica do eixo x. Então fixado
um ponto x0 os possíveis valores de x só podem se aproximar de x0 pela esquerda
ou pela direita. Por outro lado, para uma função de n variáveis reais, ocorre uma
situação diferente no tratamento do seu domínio. Fixado um ponto (x0, y0), os
possíveis valores de (x, y) podem se aproximar por infinitas curvas/caminhos.

ATENÇÃO
De forma bem genérica podemos dizer que o domínio de uma função é o conjunto dos
valores possíveis para “entrar” na função, ou seja, a região do universo (R, R2, R3, ... , Rn) em
que a função pode ser definida. Cada um desses valores do domínio entra na função, ela os
modifica segundo uma determinada expressão algébrica que relacionam esses valores de
entrada, transformando-os em valores da imagem da função.

capítulo 3 • 75
Para simplificar, trataremos do caso em que n = 2, ou seja, uma função de duas
variáveis reais, ou seja, z = f(x, y). Agora os valores possíveis para o domínio dessa
função são todos os pares ordenados (x, y) ∈ R2 que atendam a interseção das con-
dições de existência, caso existam. Podemos dizer que esses valores estão no plano xy.

4 4

3 3
y0 y0
2 2

1 1

–1 0 1 2 x0 3 4 –1 0 1 2 x0 3 4

–1 –1

a) x0 ∈ Dom [f(x)]. b) (x0, y0) ∈ Dom [f(x, y)].

Figura 3.5  –  Domínio das funções y = f(x) e z = f(x, y).

Agora, note que numa função real de uma variável real, y = f(x) (figura 3.5a),
como o domínio da função está na variável x e só existem duas formas (ou cami-
nhos) de se aproximar de um dado valor x0 ∈ Dom [f(x)]: “a direita” e “a esquerda”.
Dessa forma, se:
lim f ( x ) = L = lim + f ( x )
x → x 0− x → x0

Então:
lim f ( x ) = L
x → x0

Entretanto, numa Função de Várias Variáveis o domínio passa a ser um con-


junto de pontos. Analisando o caso apresentado na figura 3.5b, observamos que
esse conjunto que define o domínio passa a ser uma região do plano xy. Como
o domínio da função está nas variáveis x e y passamos a ter infinitas formas (ou
caminhos) de se aproximar de um dado valor (x0, y0).

capítulo 3 • 76
ATENÇÃO
Antes de prosseguir reveja essa ideia inicial, pois é muito importante ter em mente esse
conceito dos caminhos possíveis para a aproximação a um ponto em R (uma variável real) e
para Rn, n ≥ 2 (várias variáveis reais).

Então,
n = 2, lim f ( x, y ) = L
( x, y ) → ( x0 , y 0 )
n = 3, lim f ( x, y , z ) = L
( x , y , z ) → ( x 0 , y 0 , z0 )

Revisando e relembrando!
Se P = (x1, x2, x3, ..., xn) e A = (a1, a2, a3, ..., an) são dois pontos do Rn, então a
distância entre P e A, denotada por, ||P – A|| é dada por
a) Distâncias entre pontos: dados P e A ∈ Rn,
( x − x0 )
2
n = 1, P = x e A = x 0 , x x 0 = ∴ x x0 = x − x0

n = 2, P = (x, y) e ( x, y ) − ( x 0 , y 0 ) = (( x − x 0 )2 + ( y − y 0 )2 )
n = 3, R3, P = (x, y, z) A = (x0, y0, z0)

( x, y , z ) ( x 0 , y 0 , z 0 ) = ( x − x 0 ) + ( y − y 0 ) + ( z − z 0 )
2 2 2

Conjuntos: fixado A ∈ Rn
n = 1, A = x0, I [A, r] = {P = x ∈ R;| x – x0 | ≤ r} é um segmento de reta no eixo
x, centrada em x0 com raio r
n = 2, A = (x0, y0)

 
( x0 , y 0 ) = ( x − x0 ) + ( y − y 0 )
2 2
B[ A, r ] = P = ( x, y ) ∈ 2 ( x, y ) ≤ r
 

É a circunferência ou disco fechado de centro em A = (x0, y0) e raio r.

 
( x0 , y 0 ) = ( x − x0 ) + ( y − y 0 )
2 2
S2 ( A, r ) = P = ( x, y ) ∈ 2 ( x, y ) = r
 

capítulo 3 • 77
É o círculo de centro em A = (x0, y0) e raio r.
n = 3, A = (x0, y0, z0)

 
( x 0 , y 0 , z0 ) = ( x − x 0 ) + ( y − y 0 ) ( z − z0 )
2 2 2
B[ A, r ] = P = ( x, y, z ) ∈ 3 ( x, y, z ) ≤ r
 

É a bola fechada de centro em A = (x0, y0, z0) e raio r.

 
( x 0 , y 0 , z0 ) = ( x − x 0 ) + ( y − y 0 ) ( z − z0 )
2 2 2
S3 ( A, r ) = P = ( x, y, z ) ∈ 3 ( x, y, z ) ≤ r
 

É a esfera de centro em A = (x0, y0, z0) e raio r.


A aproximação a um ponto está associada a distância até esse ponto. Antes de
prosseguir, vamos apresentar duas definições importantes.

•  Definição 4: Se A é um ponto em Rn e r um número positivo, então a bola


aberta B(A, r) é definida como o conjunto de todos os pontos P em Rn, tais que
||P – A|| < r
•  Definição 5: Se A é um ponto em Rn e r um número positivo, então a bola
fechada B[A, r] é definida como o conjunto de todos os pontos P em Rn, tais que
||P – A|| ≤ r

y0 r r
x0 c

x0

a) B(x0, r) em R. b) B((x0, y0),r) em R2. c) B((x0, y0, z0),r) em R3.

Figura 3.6  –  Ilustrações para exemplificar a definição de bola aberta.

y0 r r
x0 c

x0

a) B(x0, r) em R. b) B((x0, y0),r) em R2. c) B((x0, y0, z0),r) em R3.

Figura 3.7  –  Ilustrações para exemplificar a definição de bola fechada.

capítulo 3 • 78
ATENÇÃO
Independente da dimensão, em resumo, podemos dizer que a bola aberta/fechada está
associada a ideia de um conjunto que determina uma vizinhança de um ponto, sendo que
a bola aberta utiliza apenas os pontos interiores do conjunto. A bola fechada, além desses
pontos interiores, utiliza o contorno, ou seja, os extremos do conjunto.

Se pensarmos na definição de limite que aprendemos para funções de uma


variável real, podemos, por extensão, definir o limite para uma função de várias
variáveis reais, como descrevemos a seguir.
•  Definição 6: Seja f uma função de n variáveis definida em uma bola aberta
B(A, r), com exceção possível no ponto A. Então o limite de f(P) quando P tende
a A é L, escrito como
lim f ( P ) = L
P →A

Se para qualquer δ > 0 existir um δ > 0 tal que |f(P) – L|< δ sempre que
0 < ||P – A|| < δ.
Ou, de outra forma, a definição do limite de uma função de uma variável real
é um caso particular da definição 6, ora apresentada.
Estamos fazendo essa correlação entre essa definição 6, com a aprendida
para a função de uma variável real (se necessário revise e faça as comparações),
para mostrar que podemos, a partir dela, escrever o caso especial para a definição
de funções de várias variáveis para dimensões maiores que apenas uma variável.
Especificamente, apresentaremos as definições para n = 2 e n = 3, ou seja, R2 e R3.

•  Definição 7: Seja f uma função de 2 variáveis definida em uma bola aberta


B((x0, y0),r), com exceção possível no ponto (x0, y0). Então,
lim f ( x, y ) = L
( x, y ) → ( x0 , y 0 )

Se para qualquer ∈ > 0 existir um δ > 0 tal que |f(x, y) – L| < ∈ sempre que
( x − x0 ) + ( y − y 0 )
2 2
0< <δ

capítulo 3 • 79
•  Definição 8: Seja f uma função de 3 variáveis definida em uma bola aberta
B((x0, y0, z0), r), com exceção possível no ponto (x0, y0, z0). Então,
lim f ( x, y , z ) = L
( x , y , z ) → ( x 0 , y 0 , z0 )

Se para qualquer ∈ > 0 existir um δ > 0 tal que |f(x, y, z) – L| < ∈ sempre que
( x − x 0 ) + ( y − y 0 ) + ( z − z0 )
2 2 2
0< <δ

Através da definição de limite prova-se que, se existir, o limite é único (unicida-


de do limite). Antes de prosseguir, vamos introduzir um conceito topológico (que
não entraremos nos pormenores técnicos e sua demonstração – esse estudo ficará
a cargo do leitor mais curioso). Entretanto, faz-se necessário o seu entendimento.

•  Definição 9: Um ponto P0 é um ponto de acumulação de um conjunto S


de pontos em Rn se toda bola aberta B(P0, r) contiver uma infinidade de pontos
de S.
Um ponto de acumulação é um ponto em um conjunto que pode ser apro-
ximado tão bem quanto se queira por infinitos outros pontos do conjunto. Ou
seja, P0 é um ponto de acumulação de um conjunto S quando toda vizinhança
de "P0" contém algum elemento (diferente de P0) que pertença a S. Portanto, P0
é um ponto de acumulação de S se em qualquer bola aberta de centro P0 e raio r
existem infinitos elementos de S, isto é

∀ r > 0 : B(P0, r) ∩ S é um conjunto infinito.

Com esse breve estudo, podemos definir limite para funções de várias variá-
veis. Utilizaremos o caso em que n = 2, ou seja, em R2.

•  Teorema: Seja f uma função de 2 variáveis definida em uma bola aberta


B((x0, y0), r), com exceção possível no ponto (x0, y0).
lim f ( x, y ) = L
( x, y ) → ( x0 , y 0 )

capítulo 3 • 80
Então, se S é um conjunto em R2 com ponto de acumulação em (x0, y0)
lim f ( x, y )
( x, y ) → ( x0 , y 0 )
( P em S )

Existe e sempre tem o valor L.

•  Teorema: Seja f uma função de 2 variáveis definida em uma bola aberta


B((x0, y0, z0), r), com exceção possível no ponto (x0, y0, z0).
lim f ( x, y , z ) = L
( x , y , z ) → ( x 0 , y 0 , z0 )

Então, se S é um conjunto em R2 com ponto de acumulação em (x0, y0, z0)


lim f ( x, y , z )
( x , y , z ) → ( x 0 , y 0 , z0 )
( P em S )

Existe e sempre tem o valor L.


Antes de formalizar um exemplo em detalhes, observemos o comportamento
da função
x2
f ( x, y ) =
x2 + y2

Por ser uma função racional, podemos observar que para quaisquer valores
reais de x e y a função f(x, y) terá um resultado real, exceto para (x, y) = (0, 0), ou
seja, para x = y = 0 simultaneamente. Dessa forma, podemos afirmar que existe
x2
lim , sempre que ( x 0 , y 0 ) ≠ (0, 0
( x, y ) → ( x0 , y0 ) x2 + y 2

Outra observação importante está nas condições de restrições as quais a fun-


ção está submetida, ou seja, o domínio da função. Em outras palavras, a função
pode não estar definida para certos valores. No caso desse exemplo, observe que
essa função não está definida para (x, y) = (0, 0), ou seja,

Dom [f(x, y)] = {(x, y) ∈ R2 / (x, y) ≠ (0, 0)}

capítulo 3 • 81
O tratamento do domínio não será destacado em cada um dos exemplos, até
porque não é uma exigência para a determinação do limite a existência da função
no dado ponto. Entretanto, sempre que estamos analisando uma função é impor-
tante que tenhamos em mente o seu respectivo domínio.

EXEMPLO
•  Exemplo 3: Dada a função:

3x2 y
f ( x, y ) =
x2 + y2

Encontre lim f ( x, y ) se existir.


( x, y ) → ( 0, 0)

Solução:
Precisamos encontrar, caso exista,

3x2 y
lim
( x , y ) → ( 0, 0 ) x2 + y2

Sendo que Dom [f(x, y)] = { R2 – (0, 0)}, ou seja, a função não está definida no ponto
(0, 0). Note que, ao substituir os valores de x e y, encontramos uma indeterminação, pois

3(0) (0)
2
3x2 y 0
lim = =
( x , y ) → ( 0, 0 ) x2 + y2 ( 0 )2 + ( 0 )2 0

Perceba também, que a aplicação de manipulações algébricas (usadas na determinação


do limite para funções de uma variável real) não surtem efeito.
Dessa forma, para determinar a existência ou não de um limite para funções de várias
variáveis, precisamos utilizar os teoremas, definições e conceitos apresentados nessa seção.
Considere S1 o conjunto de todos os pontos no eixo x. Ou seja, pontos da forma (x, 0),
portanto, vamos substituir y por 0 (fazer y = 0), usando x como o seu próprio valor.

3( x ) (0)
2
3x2 y 0
lim = = 2 =0
( ) ( ) x +y
x , y → 0 , 0 2 2
( x ) + (0) x + 0
2 2

capítulo 3 • 82
ATENÇÃO
•  Os da forma (x, 0) é o conjunto de todos os pontos do eixo x, que é equivalente a reta y = 0.

De forma análoga, a reta x = 0 é o conjunto de todos os pontos do eixo y, equivalente


aos pontos da forma (0, y).
•  Como, por esse caminho (conjunto de todos os pontos no eixo x, ou seja, os valores nos
quais o y vale 0), estamos considerando todos os pontos em que y = 0, poderíamos ter escrito

3x 2 y 0 0
lim = lim = lim =0
( x , y ) → ( 0, 0 ) x 2 + y 2 x → 0 x 2 + 0 x → 0 x 2

Considere, agora, S_2 o conjunto de todos os pontos em qualquer reta que


passa pela origem. Ou seja, pontos da forma (x,mx), portanto, vamos substituir y
por mx (fazer y = mx), usando x como o seu próprio valor.

3 ( x ) ( mx )
2
3x 2 y 3mx3
lim = lim = lim
( x, y ) → ( 0, 0 ) x + y
2 2 ( x , y ) → ( 0, 0 ) ( x ) + ( mx )
2 2 ( x , y ) → ( 0, 0 ) x + m 2 x 2
2

3x 2 y 3mx3 3mx ⋅ x 2
lim = lim = lim
( x, y ) → ( 0, 0 ) x + y
2 2 ( x , y ) → ( 0, 0 ) x + m x
2 2 2 ( x , y ) → ( 0, 0 ) ( 1 + m 2 ) ⋅ x 2

3x 2 y 3mx.x 2 3mx
lim = lim = lim
( x, y ) → ( 0, 0 ) x + y
2 2 ( x , y ) → ( 0, 0 ) ( 1 + m 2 ) ⋅ x 2 ( x , y ) → ( 0, 0 ) 1 + m 2

3x 2 y 3m ( 0 ) 0
lim = lim = lim =0
( x, y ) → ( 0, 0 ) x 2 + y 2 ( x , y ) (
→ 0 , 0 ) 1+ m 2 ( x , y ) (
→ 0 , 0 ) 1 + m2

ATENÇÃO
Recordando ...
•  Podemos expressar uma reta pela equação y = mx + n.
Nesse caso, estamos utilizando m: coeficiente angular e n: coeficiente linear, sendo que
m está associando a inclinação da reta e n é o ponto em que a reta corta (passa) pelo eixo y.

capítulo 3 • 83
O problema está trabalhando com qualquer reta que passa pela origem. Se a reta passa
pela origem, o ponto (0, 0), significa que n = 0. Como trata-se de qualquer reta, podemos ter
qualquer valor para m, ou seja, m ∈ R.

•  Como, por esse caminho (conjunto de todos os pontos em qualquer reta que passa pela
origem, ou seja, os valores nos quais o y vale mx), estamos considerando todos os pontos em
que y = mx, poderíamos ter escrito

3x 2 y 3mx3 3mx
lim = lim 2 = lim =0
( x, y ) → ( 0, 0 ) x + y
2 2 x → 0 x + m2 x 2 x → 0 1 + m2

Considerando os conjuntos S1 e S2, temos:


3x 2 y
lim =0
( x, y ) → ( 0, 0 ) x 2 + y 2

Mesmo tendo obtido esse resultado, ainda não podemos garantir que seja ver-
dadeiro. Lembre-se que temos infinitas formas (ou caminhos) para nos aproximar
de um ponto em R2 (e em qualquer dimensão maior que 2). Dessa forma, ficaría-
mos infinitamente encontrando o valor desse limite ou podemos usar a definição
formal de limite para concluir o seu valor. Então, utilizando a definição de limite
em R2 e considerando L = 0, (x0, y0) = (0, 0)
3x 2 y
lim =0
( x, y ) → ( 0, 0 ) x 2 + y 2

3x 2 y 3x 2 y
Se para qualquer ∈ > 0 existir um δ > 0 tal que 2 2 − 0 = 2 2 <∈ sem-
x +y x +y
pre que 0 < ( x − 0 ) + ( y − 0 ) < δ
2 2

3x 2 y
Ou seja, se para qualquer ∈ > 0 existir um δ > 0 tal que 2 2 <∈ sempre
x +y
3x 2 y
que 0 < x 2 + y 2 < δ então demonstramos que lim =0 .
( x, y ) → ( 0, 0 ) x 2 + y 2

Para essa demonstração, consideremos que:


1. x2 ≤ x2 + y2
2. y ≤ x 2 + y 2
3x 2 y 3x 2 y 3x 2 y
3. Podemos reescrever a expressão 2 2 como =
x +y x2 + y 2 x2 + y 2

capítulo 3 • 84
ATENÇÃO
Essas propriedades das desigualdades e módulos são fundamentais nesse tipo de de-
monstração. Reveja, com atenção, as considerações apresentadas, verificando as suas vali-
dades, para depois continuar na demonstração, pois utilizaremos na sequência.

3x 2 y 3x 2 y 3 ( x 2 + y 2 ) x 2 + y 2 3 ( x 2 + y 2 ) x 2 + y 2
= ≤ = = 3 x2 + y 2
x2 + y 2 x2 + y 2 x2 + y 2 x2 + y 2

3x 2 y
Agora, podemos escrever que no lugar de <∈ que:
x2 + y 2


3 x2 + y 2 < ∫ ∴ x2 + y 2 <
3


Assim, se δ = (atendendo a qualquer ∈ > 0 existir um δ > 0), concluímos
3
que:

3x 2 y ∫
< ∫ sempre que 0 < x 2 + y 2 < δ =
x2 + y 2 3

Logo, demonstramos que:


3x 2 y
lim =0
( x, y ) → ( 0, 0 ) x 2 + y 2

Entretanto, observe pelo exemplo 3, que para encontrar (ou determinar) o va-
lor do limite de uma função de várias variáveis pode ser trabalhoso. Dessa forma,
utilizaremos o Teorema a seguir para alguns (talvez a maioria) casos.

•  Teorema: Se a função f tem limites diferentes quando (x, y) tende a (x0, y0)
através de dois conjuntos distintos de pontos (caminhos diferentes) que tem (x0, y0)
como um ponto de acumulação então lim f ( x, y ) não existe.
( x, y ) → ( x0 , y 0 )

capítulo 3 • 85
EXEMPLO
•  Exemplo 4: Dada a função

xy
f ( x, y ) =
x2 + y2

Encontre lim f ( x, y ) se existir.


( x, y ) → ( 0, 0 )

Solução:
Precisamos encontrar, caso exista,

xy
lim
( x , y ) → ( 0, 0 ) x2 + y2

Note que, ao substituir os valores de x e y, encontramos uma indeterminação, pois

xy (0) ⋅ (0) 0
lim = =
( x, y ) → ( 0, 0 ) x2 + y2 ( 0 )2 + ( 0 )2 0

Devemos, inclusive, observar que essa função não está definida para (x, y) = (0, 0), ou
seja, Dom [f(x, y)] = {(x, y) ∈ R2 / (x, y) ≠ (0, 0)}.
Perceba também, que a aplicação de manipulações algébricas (usadas na determinação
do limite para funções de uma variável real) não surtem efeito.
Dessa forma, para determinar a existência ou não de um limite para funções de várias
variáveis, precisamos utilizar os teoremas, definições e conceitos apresentados nessa seção.
Considere S1 o conjunto de todos os pontos no eixo x. Ou seja, pontos da forma (x, 0),
portanto, vamos substituir y por 0 (fazer y = 0), usando x como o seu próprio valor.

xy x ⋅ (0) 0
lim = lim = lim =0
+ (0)
( x , y ) → ( 0, 0 ) x 2 + y 2 x → 0 x2 2 x → 0 x2
(P em S1)

Considere, agora, S2 o conjunto de todos os pontos da reta y = x. Ou seja, pontos da


forma (x, x), portanto, vamos substituir y por x (fazer y = x), usando x como o seu próprio valor.

xy x⋅x x2 x2 1 1
lim = lim = lim = lim = lim =
( x , y ) → ( 0, 0 ) x 2 + y 2 x → 0 x2 +x 2 x → 0 2⋅x 2 x → 0 2⋅x 2 x → 0 2 2
(P em S2 )

capítulo 3 • 86
Como

xy xy
lim ≠ lim
( x , y ) → ( 0, 0 ) x 2 + y 2 ( x, y ) → ( 0, 0 ) x 2 + y2
(P em S1) (P em S2 )

xy
Então, segue que lim não existe.
( x, y ) → ( 0, 0 ) x2 + y2

Entretanto, note que, existirá o limite sempre que (x, y) ≠ (0, 0).
Dessa forma, muitas das vezes, será mais fácil (e conveniente) identificar se não existe o
limite do que determinar o seu valor. Entretanto, quando o limite existe e precisamos deter-
minar o seu valor, teremos que adotar um procedimento apropriado.

Continuidade de funções de mais de uma variável

A definição, conceito e aplicação de continuidade de funções de mais de uma


variável e uma extensão natural do que aprendemos para funções de uma variável.

•  Definição 10: A função f de duas variáveis x e y é denominada contínua no


ponto (x0, y0) se e somente se as três condições forem satisfeitas:
– f(x0, y0) existe;
– lim f ( x, y ) existe;
( x, y ) → ( x0 , y 0 )

– lim f ( x, y ) = f ( x 0 , y 0 ) .
( x, y ) → ( x0 , y 0 )

ATENÇÃO
•  Descontinuidade removível é quando a função é descontínua em (x0, y0), mas lim f ( x, y )
( x, y )→ ( x0 , y0 )

existe, porque se f for redefinida em (x0, y0), tal que lim f ( x, y ) = f( x0 , y 0 ) então f tor-
( x, y ) → ( x0 , y0 )
na-se contínua em (x0, y0).
•  Descontinuidade essencial é quando a função é descontínua em lim f ( x, y )
( x, y ) → ( x0 , y0 )
não existe.

capítulo 3 • 87
Vamos analisar os limites solicitados nos exemplos 3 e 4, em relação a conti-
nuidade num ponto.

EXEMPLO
•  Exemplo 5: Observe que para a função do exemplo 3,

3x2 y
f ( x, y ) =
x2 + y2

temos que lim f ( x, y ) = 0 . Entretanto ela não é contínua, pois o valor de f(x, y) em
( x, y ) → ( 0, 0 )
0
(x, y) = (0, 0) não está definido (é uma indeterminação do tipo ).
0

I. Que tipo de descontinuidade se configura nessa situação?


II. Caso seja possível, como podemos remover essa descontinuidade?

Solução:
Como o limite existe, dizemos que é uma descontinuidade removível, pois se redefinirmos
adequadamente a função, tiramos a descontinuidade. Para isso, observe que:

3x2 y
lim f ( x, y ) = lim =0
( x, y ) → ( 0, 0 ) ( x , y ) → ( 0, 0 ) x 2 + y 2

Dessa forma, se incluirmos a condição de que f(x, y) = 0 em (x, y) = (0, 0). Portanto,
fazendo

 3x2 y
 se ( x, y ) ≠ ( 0, 0 )
f ( x, y ) =  x2 + y 2
 0, se ( x, y ) = ( 0, 0 )

Teremos que a função passará a ser contínua em (x, y) = (0, 0).

•  Exemplo 6: Observe que para a função do exemplo 3,

xy
f ( x, y ) =
x2 + y2

Temos que lim f ( x, y ) não existe. Além disso, ela não está definida (é uma inde-
( x, y ) → ( 0, 0 )
0
terminação do tipo ) em (x, y) = (0, 0).
0

capítulo 3 • 88
I. Que tipo de descontinuidade se configura nessa situação?
II. Caso seja possível, como podemos remover essa descontinuidade?

Solução:
Como o limite não existe, dizemos que é uma descontinuidade essencial, pois não temos
como redefinirmos adequadamente a função, para tirarmos a descontinuidade, visto que a
condição de existência do limite não pode ser alterada.

Derivadas Parciais de funções a duas, três e a n variáveis

Para ilustrar, vamos considerar uma função de duas variáveis reais, x e y (que
indicam a posição), que modela um problema que relaciona a temperatura T(x, y)
para cada ponto (x, y) de uma chapa circular constituída de um determinado
material metálico. Dessa forma, podemos dizer que a função T(x, y) que dá a
temperatura T de cada ponto (x, y) dessa chapa circular (exceto as bordas, que é
constituída de outro material). Considere que o raio dessa chapa circular seja igual
a 3 u.c., portanto, podemos descrever o domínio dessa função como os pontos
interiores a essa circunferência de raio igual a três, ou seja, D[T(x, y)] = { (x ,y) /
x² + y² < 9 }, figura 3.8. Note que, por questões de conveniência e simplificação,
colocamos o centro dessa circunferência coincidindo com o centro do plano XoY.

–3 –2 –1 0 1 2 3

–1

–2

–3

Figura 3.8  –  Gráfico da função x2 + y2 < 9, Região do Dom[T(x)].

capítulo 3 • 89
Além disso, considere que a expressão T(x, y) = 16x2 + 16y2 – 2x + 5y – 32 nos
dá (ou modela) o respectivo valor da temperatura nessa placa circular. Observe, na
figura 3.9, o gráfico que apresenta o comportamento da temperatura T(x, y) para
os pontos de seu domínio.

Figura 3.9  –  Gráfico da função T(x, y) = 16x2 + 16y2 – 2x + 5y – 32, com Dom[f(x, y)] =
{(x, y) / x2 + y2 < 9}.

Entretanto, podemos estar interessados em analisar, por exemplo (conforme o


problema de estudo em questão), as variações das temperaturas em diferentes pon-
tos desse domínio. Ou ainda, saber quais os pontos mais quentes, menos quentes
(ou mais frios), qual seria a tendência da temperatura na borda, a variação de tem-
peratura numa determinada direção entre várias outras possibilidades.
Uma das formas de se fazer esse estudo é substituindo valores para as variáveis
do domínio, ou seja, fazendo um incremento da função.

ATENÇÃO
Podemos definir que o incremento do valor de uma função (Δf) é a variação do valor
dessa função devido a variação do valor de seu domínio (ΔD). Esse incremento pode ser
dado de duas formas, ou seja, o valor de uma função z = f(x, y) pode variar de duas formas:
•  Se apenas uma das variáveis (x ou y) – incremento parcial;
•  Se ambas (x e y) variarem – incremento total.

capítulo 3 • 90
No incremento total, se variarmos x para x + ∆x e y para y + ∆y, o valor de z
passa de f(x ,y) para z + ∆z = f(x + ∆x ,y + ∆y). No nosso exemplo anterior (da tem-
peratura da placa circular), ao se deslocar do ponto (x, y) = (0, 0) para o ponto (x,
y) = (–1, 2), a temperatura sai de Ti(0, 0) = –32ºC para Tf (–1, 2) = 60 ºC, ou seja,

ΔT= Tf – Ti = 60 – (–32) = 60 + 32 = 90 ∴ ΔT=90 oC

Por sua vez, no incremento parcial uma das variáveis permanece constante
(fixa) enquanto a outra sofrerá variação.
Se variarmos apenas x para x + Δx, mantendo o valor de y constante, o valor
de z passa de f(x, y) para z + ∆z = f(x + Δx, y), figura 3.10a.
Se variarmos apenas y para y + Δy, mantendo o valor de x constante, o valor
de z passa de f(x, y) para z + Δz = f(x, y + Δy), figura 3.10b

140 140
120 120
100 100
80 80
60 60
40 40
20 20
–3 0 –3 –3 0 –3
–2 –1 –2 –2 –1 –2
–1 0 –20 –1 0 –20
1 1 2 1 1 2
3 2 3 3 2 3
–40 –40
x y x y

a) Fixando y=1 e variando x. b) Fixando x=1 e variando y.

Figura 3.10  –  Gráfico da função T(x, y) = 16x2 + 16y2 – 2x + 5y – 32.

Ainda, no nosso exemplo, ao se deslocar do ponto (x, y) = (0, 0) para o ponto


(x, y) = (–1, 0), a temperatura sai de Ti (0, 0) = –32 oC para Tf (–1, 0) = 14 oC
(Δx = –1 ⇒ ΔT = 46 oC).

ΔT= Tf – Ti = 14 – (–32) = 14 + 32 = 46 ∴ ΔT = 46 oC

capítulo 3 • 91
Considerando o mesmo ponto de partida, se o deslocamento fosse para a dire-
ção do ponto (x, y) = (0, 2), a temperatura sairia de T(0, 0) = –32 oC para o valor
T(0, 2) = 42 oC (Δy = 2 ⇒ ΔT = 74 oC).

ΔT= Tf – Ti = 42 – (–32) = 42 + 32 = 74 ∴ ΔT = 74 oC

A ideia da Derivada Parcial está associada ao incremento parcial da função em


estudo/análise. Dessa forma, a Derivada Parcial em relação a uma variável indica:
1. Que essa variável na qual a derivada parcial mencionada é um valor
que varia;
2. As demais variáveis no contexto do problema serão consideradas fixas,
ou seja, constantes.

Vimos, em estudos anteriores que a derivada de uma função de uma variável


real é definida por um limite. No caso de funções de várias variáveis reais, teremos
apenas uma extensão desse conceito. Dessa forma, suponha que temos uma fun-
ção w = f(x, y, z) e queremos determinar as Derivadas Parciais de w em relação a
x, y e z. Então,
A Derivada Parcial de w (ou f ) em relação a x é dada por:

∂w ∂f f ( x + ∆x, y, z ) − f ( x, y, z )
( x, y, z ) = ( x, y, z ) = lim
∂x ∂x ∆x → 0 ∆x

se esse limite existir.


A Derivada Parcial de w (ou f ) em relação à y é dada por:

∂w ∂f f ( x, y + ∆y, z ) − f ( x, y, z )
( x, y, z ) = ( x, y, z ) = lim
∂y ∂y ∆y → 0 ∆y

se esse limite existir.


A Derivada Parcial de w (ou f ) em relação à z é dada por:

∂w ∂f f ( x, y, z + ∆z ) − f ( x, y, z )
( x, y, z ) = ( x, y, z ) = lim
∂z ∂z ∆z → 0 ∆z

se esse limite existir.

capítulo 3 • 92
ATENÇÃO
Outras notações usuais para as Derivadas Parciais. Seja w = f(x, y, z)

∂w ∂w ∂f
= ( x, y, z ) = ( x, y, z ) = fx ( x, y, z ) = f1( x, y, z ) = fx = f1 = D1f = Dx f
∂x ∂x ∂x
∂w ∂w ∂f
= ( x, y, z ) = ( x, y, z ) = fy ( x, y, z ) = f2 ( x, y, z ) = fy = f2 = D2f = Dy f
∂y ∂y ∂y
∂w ∂w ∂f
= ( x, y, z ) = ( x, y, z ) = fz ( x, y, z ) = f3 ( x, y, z ) = fz = f3 = D3f = Dz f
∂z ∂z ∂z

Obs.: Na notação com números, o número indica a posição que a variável ocupa da defi-
nição da função de várias variáveis.

No caso de uma função de apenas duas variáveis reais, ou seja, w = f(x, y),
basta desconsiderar a definição para a terceira componente. Se a função for de n
variáveis reais, com n > 3, basta acrescentar as respectivas componentes.
Na prática, para determinarmos as Derivadas Parciais de uma função, utiliza-
remos as regras para as derivadas que já conhecemos dos nossos estudos anteriores.
Apenas adaptando o nosso olhar da respectiva função, em relação a quem estamos
derivando. Ou seja, vamos olhar uma função de várias variáveis como sendo uma
função na variável que estamos derivando, sendo as demais variáveis considera-
das constantes.

ATENÇÃO
Para a nossa alegria, a derivada de uma constante é igual a zero!
O que facilitará muito a nossa vida para determinar as respectivas Derivadas Parciais.

EXEMPLO
•  Exemplo 7: Determine as Derivadas Parciais das funções a seguir:

1. f(x, y) = x2 + y2
2. f(x, y, z) = x3 + y · cos x + z · ey

capítulo 3 • 93
Solução:
1. Derivadas Parciais da função f(x, y) = x2 + y2
– Para encontrar fx, trate y como uma constante e derive com relação a x .
– Para encontrar fy, trate x como uma constante e derive com relação a y.
a) Considerando y constante, temos:

∂f ∂ 2 ∂ ∂f
= ( x ) + ( y 2 ) = 2x + 0 ⇒ = 2x
∂x ∂x ∂x ∂x

b) Considerando x constante, temos:

∂f ∂ 2 ∂ ∂f
= ( x ) + ( y2 ) = 0 + 2 y ⇒ = 2y
∂y ∂y ∂y ∂y

2. Derivadas Parciais da função f(x, y, z) = x3 + y · cos x + z


– Para encontrar fx, trate y e z como uma constante e derive com relação a x .
– Para encontrar fy, trate x e z como uma constante e derive com relação a y.
– Para encontrar fz, trate x e y como uma constante e derive com relação a z.
a) Considerando y e z constantes, temos:

∂f ∂ 3 ∂ ∂
= ( x ) + ( y ⋅ cos x ) + ( z )
∂x ∂x ∂x ∂x
∂f ∂
= 3x2 + y ⋅ ( cos x ) +0
∂x ∂x
∂f ∂f
= 3x2 + y ⋅ ( −senx ) ⇒ = 3x2 − y ⋅ senx
∂x ∂x

b) Considerando x e z constantes, temos:

∂f ∂ 3 ∂ ∂
= ( x ) + ( y ⋅ cos x ) + ( z )
∂y ∂y ∂y ∂y
∂f ∂
= 0 + cos x ⋅ ( y ) +0
∂y ∂y
∂f ∂f
= cos x ⋅1⇒ = cos x
∂y ∂y

c) Considerando x e y constantes, temos:


∂f ∂ 3 ∂ ∂
= ( x ) + ( y ⋅ cos x ) + ( z )
∂z ∂z ∂z ∂z
∂f ∂f
= 0 +0 +1⇒ = 1
∂z ∂z

capítulo 3 • 94
Interpretação geométrica

A interpretação geométrica das Derivadas Parciais de uma função de várias


variáveis é análoga àquela para a função de uma variável real, ou seja, é a inclinação
da reta tangente num ponto. Podemos dizer que é uma extensão da interpretação
geométrica no plano para o espaço. O gráfico de uma função de várias variáveis é
uma superfície e, no caso de uma função de duas variáveis reais, pode ser escrita
como z = f(x, y). Observe essa superfície genérica representada na figura 3.11 e
os pontos (x0, y0) do plano xy e o, destacado em azul, P0 = (x0, y0, f(x0, y0)), que
corresponde ao ponto da superfície.
z

y0 y
x0

∂f ∂f
Figura 3.11  –  Derivadas Parciais de z=f(x,y). Em verde e em vermelho .
∂x ∂y

Note que podemos fazer dois incrementos parciais: em y, variando x; em x


variando y.
Manter y = y0 (fixo) e variar o x significa interceptar a superfície z = f(x, y)
pelo plano y = y0. Essa interseção nos dá uma curva de equação z = f(x, y0) neste
∂f
plano. O número ( x 0 , y 0 ) é o coeficiente angular da reta tangente a esta curva
∂x
quando x = x0. Dessa forma,
∂f
( x , y ) = tg α
∂x 0 0

capítulo 3 • 95
Analogamente,
•  Manter x = x0 (fixo) e variar o y significa interceptar a superfície z = f(x, y)
pelo plano x = x0. Essa interseção nos dá uma curva de equação z = f(x0, y) neste
∂f
plano. O número ( x 0 , y 0 ) é o coeficiente angular da reta tangente a esta curva
∂y
quando y = y_0. Dessa forma,
∂f
( x , y ) = tg β
∂y 0 0

Para reforçar a explicação da interpretação geométrica das Derivadas Parciais,


considere a função z = f(x, y) = 4 – x2 – y2, figura 3.12.

Figura 3.12  –  Gráfico – z = f(x, y) = 4 – x2 – y2.

Observe nas figuras 3.13 e 3.14 que fixamos o ponto (x, y) = (–1, 1). Nesse
ponto, ao Calcular as Derivadas parciais em relação a x e a y, nesse ponto, encon-
tramos a inclinação da reta tangente. Como estamos tratando de uma função com
duas variáveis reais, teremos a reta tangente em relação a cada uma dessas variáveis
(ou direções x e y). Dessa forma, as equações das retas tangentes são:

∂f
•  Em relação a x, z = ( x , y ) ⋅ ( x − x 0 ) + f ( x, y ) ;
∂x 0 0
∂f
•  Em relação a y, z = ( x , y ) ⋅ ( x − y 0 ) + f ( x, y ) .
∂x 0 0

capítulo 3 • 96
a) Interseção com o plano y = 1 b) Interseção com o plano x = -1

Figura 3.13  –  Gráfico da função z = f(x, y) = 4 – x2 – y2.

a) Reta tangente em A(–1, 1) em x b) Reta tangente em A(–1, 1) em y

Figura 3.14  –  Gráfico da função z = f(x ,y) = 4 – x2 – y2.

capítulo 3 • 97
ATENÇÃO
Podemos definir diferenciabilidade, por exemplo, com uma das formas a seguir:
a) Seja z = f(x, y) uma função tal que as funções f1 e f2 são contínuas;
b) Segundo Stewart, James Vol II, f(x, y) é diferenciável em (x0, y0) se

∂f
f ( x0 + ∆x, y 0 + ∆y ) − f ( x0 , y 0 ) − ( x , y ) ∆x − ∂∂yf ( x0 , y0 ) ∆y
∂x 0 0
lim =0
( ∆x , ∆y ) →( 0,0 ) ∆x2 + ∆y2

•  Definição 11: Seja z = f(x, y) uma função diferenciável no ponto (x0, y0).
O plano de equação
∂f ∂f
z = T ( x, y ) = f ( x 0 , y 0 ) + ( x0 , y 0 )( x − x0 ) + ( x0 , y 0 )( y − y 0 )
∂x ∂y

é chamado plano tangente ao gráfico da função f no ponto (x0, y0, f(x0, y0)).
Esse plano tangente ao gráfico de f(x, y) em (x0, y0, f(x0, y0)) é perpendicular
à direção do vetor normal
  ∂f ∂f 
N ( x 0 , y 0 ) =  ( x 0 , y 0 ) , ( x 0 , y 0 ) , −1 
 ∂x ∂y 

E a reta que passa por (x0, y0, f(x0, y0)) e é paralela ao vetor N (x0, y0) é chama-
da reta normal ao gráfico da função nesse ponto e tem equação dada por:
 ∂f ∂f 
( x, y , z ) = ( x 0 , y 0 , f ( x 0 , y 0 ) ) + t ⋅  ( x 0 , y 0 ) , ( x 0 , y 0 ) , −1  , t ∈ 
 ∂x ∂y 

Ainda trabalhando com a função z = f(x, y) = 4 – x2 – y2 no ponto (x, y) = (–1, 1),


vamos calcular o plano tangente e a reta normal (esboçados na figura 3.15).
Considerando y com um valor constante, temos:
∂f ∂f ∂f
= −2 x ⇒ ( −1,1) = −2 ⋅ ( −1) = 2 ∴ ( −1,1) = 2
∂x ∂x ∂x

Considerando x com um valor constante, temos:


∂f ∂f ∂f
= −2 y ⇒ ( −1,1) = −2 ⋅ (1) = −2 ∴ ( −1,1) = −2
∂y ∂x ∂y
f ( −1,1) = 4 − ( −1) − (1) = 4 − 1 − 1 = 2 ∴ f ( −1,1) = 2
2 2

capítulo 3 • 98
Daí, o plano tangente a f em (–1, 1) pode ser definido por:

z = T(x, y) = 2 + 2 · (x – (–1)) + – 2 · (y – 1)
z = T(x, y) = 2 + 2 · (x + 1)+ – 2 · (y – 1) = 2 + 2x + 2 – 2y+2
z = T(x, y) = 6 + 2x – 2y

E a normal a esse plano é dada por:

(x, y, z) = (–1, 1, 2) + t · (2, –2, –1), t ∈ R

Figura 3.15  –  Gráfico de z = f(x, y) = 4 – x2 – y2, plano tangente em (–1, 1) e normal.

No nosso exemplo da temperatura (você lembra?), a temperatura para cada


ponto do domínio, Dom [f(x, y)] = {(x, y) / x2 + y2 < 9}, é dada pela expressão

T(x, y) = 16x2 + 16y2 – 2x + 5y – 32

Calculando as suas derivadas parciais, temos:



 T ( x, y )  = 32 x − 2
∂x 

 T ( x, y )  = 32 y + 5
∂y 

capítulo 3 • 99
Que aplicadas em cada ponto do domínio nos indicará a inclinação (declivi-
dade) da função nesse ponto. Em outras palavras, nos dá a informação de como
varia a temperatura em (x0, y0). Por exemplo, para
∂ ∂
( x0 , y 0 ) = ( 0, 0 ) ⇒  T ( 0, 0 )  = 32 ⋅ ( 0 ) − 2 = −2 e
∂x 
 T ( 0, 0 )  = 32 ⋅ ( 0 ) + 5 = 5
∂y 

Portanto, significa que a temperatura tem velocidade de –2 oC por desloca-


mento na direção do eixo x e velocidade de 5 oC por deslocamento por desloca-
mento na direção do eixo y.
E para o ponto do domínio
∂ ∂
( x0 , y 0 ) = ( 2, −1) ⇒ ∂x T ( 2, −1) = 32 ⋅ ( 2 ) − 2 = 62 e ∂y  T ( 2, −1) = 32 ⋅ ( −1) + 5 = −27

Portanto, significa que a temperatura tem velocidade de 62 oC por desloca-


mento em x e velocidade de –27 oC por deslocamento em y.

•  Definição 12: Se f é uma função de n variáveis x1, x2, x3, …, xn e f for di-
ferenciável num ponto P, então a diferenciação total de f será a função df, tendo
valores funcionais dados por

df (P, Δx1, Δx2, Δx3, …, Δxn ) = D1 f(P) · Δx1 + D2 f(P) · Δx2 + D3 f(P) · Δx3
+ … + Dn f(P) · Δxn

Agora, ajustando a notação, definindo dx1 = Δx1, dx2 = Δx2, dx3 = Δx3, …, dxn = Δxn,
tomando w = f(x1, x2, x3, …, xn) e usando ∂w , no lugar de Di f(P), podemos
∂x i
reescrever essa equação como:
∂w ∂w ∂w ∂w
dw = ⋅ dx1 + ⋅ dx 2 + ⋅ dx3 +…+ ⋅ dx n
∂x1 ∂x 2 ∂x3 ∂x n

Quando as variáveis x1, x2, x3, …, xn sofrem pequenas variações dx1, dx2,
dx3,…, dxn respectivamente, a diferencial dw representa praticamente a variação
de w = f(x1, x2, x3, …, xn).

capítulo 3 • 100
Para exemplificar podemos resgatar aquele exemplo, que provavelmente você
estudou em aplicações das derivadas para funções de uma variável real. Apenas
mudaremos, sutilmente, o enfoque da pergunta: Qual a variação da área do retân-
gulo da figura 3.16 (ao lado) para pequenas variações em suas dimensões?
x dx

y A=x·y y dx

dy x dy

Figura 3.16  –  Retângulo (x + dx) por (y + dy).

A área de um retângulo é A(x, y) = x · y. Podemos calcular a expressão da dife-


rencial da área desse retângulo, ou seja, a diferencial de A é dada por:
∂A ∂A
dA = ⋅dx + ⋅ dy
∂x ∂y
∂A ∂A
Como =ye = x , podemos reescrever a expressão da diferencial como:
∂x ∂x

dA = y · dx + x · dy,

que é praticamente o aumento da área, se dx e dy forem pequenos.

ATENÇÃO
Note que o aumento exato da área seria dado por:

∂A ∂A
dA = ⋅ dx + ⋅ dy + dx ⋅ dy
∂x ∂y

Entretanto, quanto menores sejam as variações dx e dy, menores serão essa parcela no
cálculo do aumento dessa área sendo, portanto, desprezível seu valor nesse contexto.

capítulo 3 • 101
EXEMPLO
•  Exemplo 8: Nenhuma medida que fazemos é totalmente garantida. A precisão de uma
medida pode ser influenciada pelos equipamentos que estamos medindo, pela qualidade
visual do medidor, pela posição em que está sendo realizada essa medida entre vários ou-
tros fatores. Suponha que as dimensões de uma caixa são 10 cm, 12 cm e 15 cm e essas
medidas tem um possível erro de 0,02 cm. Encontre, aproximadamente, o máximo erro, se o
volume dessa caixa for calculado a partir dessas medidas.

Solução:
Seja V cm3 o volume da caixa cujas dimensões são x cm, y cm e z cm; temos a fórmula
para o cálculo desse volume dada por:

V=x·y·z

O valor exato do erro será encontrado a partir de ΔV (variação do volume).

ATENÇÃO
Note que existem várias formas de representar esse possível erro dentro dessa faixa de
valores e considerando que o erro pode ser para mais ou para menos. Em outras palavras, as
medidas podem estar variando de 9,98 a 10,02 cm, 11,98 a 12,02 cm e 14,98 a 15,02 cm.
Como estamos falando de erro máximo, vamos nos concentrar nos valores extremos dessas
faixas. Fiquem atentos ao que trataremos e daremos na sequência desse exemplo!

Como queremos uma expressão do erro máximo desse volume, vamos utilizar
dV como uma aproximação para ΔV, ou seja, dV ≈ ΔV.
Se

V=x·y·z

capítulo 3 • 102
Então
∂V ∂V ∂V
dV = ⋅ dx + ⋅ dy + ⋅z
∂x ∂y ∂z

E assim

dV = yz · dx + xz · dy + xy · z

Das informações dadas, |Δx| ≤ 0,02, |Δy| ≤ 0,02 e |Δz| ≤ 0,02. Para encontrar
o erro máximo no volume, tomamos o erro máximo nas medidas das três dimen-
sões. Assim, tomando dx = 0,02, dy = 0,02, dz = 0,02, x =10, y =12 e z =15, temos

dV = yz · dx + xz · dy + xy · z
dV = 12 · 15 · 0,02 + 10 · 15 · 0,02 + 10 · 12 · 0,02
dV = 180 · 0,02 + 150 · 0,02 + 120 · 0,02
dV = 3,6 + 3 + 2,4 ∴ dV = 9,0 cm3

Logo, ΔV ≈ dV = 9,0 cm3, é o erro máximo possível no cálculo do volume a


partir das medidas dadas.

ATIVIDADES
01. Determine o domínio e a imagem da função

x + y +1
f ( x, y ) =
x −1

02. Esboce o gráfico da função e de suas curvas de nível (mapa de contorno) da função

f(x, y) = 4x2 + y2

03. Seja a função definida por:

x2 + y2 , se x2 + y2 ≤ 1

f ( x, y ) = 
0, se x2 + y2 < 1

capítulo 3 • 103
Mostre que:
a) f é contínua nos pontos (x0, y0) ∈ R2 tais que x2 + y2 ≠ 1;
b) f é descontínua nos pontos (x0, y0) ∈ R2 tais que x2 + y2 = 1.

04. Calcule as derivadas parciais para as funções:


a) z = 3xy – x2 y2 +2x3 y2
b) z = sen (4x – 2y)
c) f(x, y, z) = x3 y + y2 z3 + z4

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Na Onda da Matemática. Playlist Cálculo II. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=D9BPlp2kJ2o&list=PLfryS2M1zbkb6EHeMT9BKvRusWAShRo1j>. Acesso em: 26 de maio
de 2018.
Pinto, Diomara e Morgado, M. Cândida Ferreira, Cálculo Diferencial e Integral de Funções de
Várias Variáveis, 2003, Editora UFRJ.
LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. Vol. 1, 2. ed. Harbra, São Paulo: 1994.
Stewart, James. Cálculo, Volume I e II/ James Stewart. – 5 ed. – Tradução Antonio Carlos Gilli
Martins. – São Paulo: Cengage Learning, 2008.

capítulo 3 • 104
4
Funções de várias
variáveis – Parte II
Funções de várias variáveis – Parte II
Estamos sempre evoluindo nas questões do conhecimento. Mas desde 1980,
até os dias atuais, é notável no nosso dia a dia que as tecnologias aplicadas à área
de ciências exatas (a informática, as engenharias e as áreas afins) surgem com uma
rapidez cada vez maior. Esse grande desenvolvimento exige que os usuários dessas
tecnologias se mantenham em constante atualização de seus estudos. Essa necessi-
dade de atualização pode ser o seu caso!
Portanto, o estudante, pertencente a uma dessa áreas, tem que procurar infor-
mações de todos os tipos, principalmente as que servem para o caminho de sua
formação acadêmica (universitária ou pós-graduação). A importância do apren-
dizado do cálculo, é que esse estudo nos conduz para a elaboração dos modelos
que possa explicar com certa precisão os fenômenos que ocorrem na vida real,
estudados nesses referidos cursos.
Essa parte do conteúdo de Cálculo Avançado visa o estudo e o entendi-
mento das derivadas parciais, do vetor gradiente, das derivadas direcionais e
suas aplicações.
Finalmente pretendemos que este trabalho venha contribuir para seu aprendi-
zado e, consequentemente, para sua formação acadêmica.

OBJETIVOS
•  Entender e aplicar a Regra da Cadeia para funções vetoriais de várias variáveis;
•  Entender e aplicar o conceito de Vetor Gradiente;
•  Entender e aplicar o conceito de Derivadas Direcionais.

Recordando o que foi visto no capítulo anterior, vimos que, na prática, para
determinarmos as Derivadas Parciais de uma função, utilizaremos as regras para as
derivadas que já conhecemos dos nossos estudos anteriores. Apenas adaptando o
nosso olhar da respectiva função, em relação a quem estamos derivando. Ou seja,
vamos olhar uma função de várias variáveis como sendo uma função na variável
que estamos derivando, sendo as demais variáveis consideradas constantes. E as
derivadas de valores constantes é igual a zero.
Introduziremos, agora, o conceito de regra da cadeia que está associado às
derivadas de funções compostas para as funções de várias variáveis.

capítulo 4 • 106
A Regra da Cadeia

Novamente, como em momentos anteriores, trabalharemos um tema que


é uma extensão do conceito que já trabalhamos para funções de uma variável.
Consideremos agora a regra da cadeia para uma função de duas variáveis reais,

z = f(x, y),

onde cada uma dessas funções também é função de duas variáveis reais,

x = F(r, s) e y = G(r, s).

•  Teorema: Se z é uma função diferencial de x e y, definida por:

z = f(x, y) com x = F(r, s), y = G(r, s)

Sendo que, as derivadas parciais


∂x ∂x ∂y ∂y
, , e
∂r ∂s ∂r ∂s

todas existem. Portanto, z é uma função de r e s, sendo que existem as deriva-


das parciais de z. Então,
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y ∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= ⋅ + ⋅ e = ⋅ + ⋅
∂r ∂x ∂r ∂y ∂r ∂s ∂x ∂s ∂y ∂s

Uma das formas de “lembrar” dessas expressões relativas a regra da cadeia,


pode ser utilizando o esquema de árvore.
z .
x
z x r
x(r, s) z .
x z z x z y
= . + .
x s r x r y r
z = f(x, y)
z. y z z .
x z .
y
= +
z ∂y ∂r s x s y s
y(r, s) z .
y
y s

capítulo 4 • 107
ATENÇÃO
Uma outra forma de denotar a regra da cadeia é como o produto interno (ou escalar) do
vetor gradiente de z pelas respectivas derivadas parciais em relação a r ou s.

∂z ∂ 
=∇z ( x ( r,s ) , y ( r,s ) ) ⋅  ( x ( r,s ) , y ( r,s ) ) 
∂r  ∂r 
∂z ∂ 
=∇z ( x ( r,s ) , y ( r,s ) ) ⋅  ( x ( r,s ) , y ( r,s ) ) 
∂s  ∂s 

EXEMPLO
•  Exemplo 1: Vamos ilustrar a aplicação desse teorema (regra da cadeia) calculando a De-
rivada Parcial da função z = f(u, v) = u2 + sen v, com u = x · e2y e v = x · y.

Solução:
Nesse caso, temos que calcular as Derivadas Parciais

∂z ∂z ∂u ∂z ∂v ∂z ∂z ∂u ∂z ∂v
= . + . e = . + .
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x ∂y ∂u ∂y ∂v ∂y

Lembrando que, ao calcular as Derivadas Parciais, devemos considerar as demais variá-


veis como constantes.

∂z ∂z ∂u 2 y , ∂v ∂u ∂v
= 2u, = cos v, = e = y, = 2 ⋅ x ⋅ e2 y e = x
∂u ∂v ∂x ∂x ∂y ∂y

Dessa forma,

∂z ∂z
= 2u ⋅ e2 y + cos v ⋅ y e = 2u ⋅ 2 ⋅ x ⋅ e2 y + cos v ⋅ x
∂x ∂y

Substituindo os valores de u = x · e2y e v = x · y, temos:

∂z ∂z
= 2x ⋅ e2 y ⋅ e2 y + cos ( x ⋅ y ) ⋅ y e = 2x ⋅ e2 y ⋅ 2 ⋅ x ⋅ e2 y + cos ( x ⋅ y ) ⋅ x
∂x ∂y
∂z ∂z
= 2x ⋅ e4 y + y ⋅ cos ( x ⋅ y ) e = 4x2 ⋅ e4 y + x ⋅ cos ( x ⋅ y )
∂x ∂y

capítulo 4 • 108
Você deve ter observado no caso anterior que todas as funções envolvidas são funções
de duas variáveis reais.

z = f(x, y) com x = F(r, s), y = G(r, s)

Entretanto, podemos ter situações com funções de duas variáveis reais e outras com
uma variável real.

ATENÇÃO
É importante ficar atento aos enunciados dessas questões para se ter a clareza das res-
pectivas definições das funções envolvidas para o cálculo das derivadas parciais.

•  Teorema: Se z é uma função diferencial de x e y, definida por z = f(x, y),


e x = F(t) e y = G(t), então z será uma função de uma só variável t, e assim, em
lugar da derivada parcial de z em relação a t, teremos a derivada ordinária de z em
relação a t, dada por:
dz ∂z dx ∂z dy
= ⋅ + ⋅
dt ∂x dt ∂y dt

Novamente vamos sugerir como uma das formas de “lembrar” dessa expressão
relativa a regra da cadeia, pode ser utilizando o esquema de árvore.
z . dx
x (t) dt dz z . dx z . dy
z = f(x, y) = +
z . dx dt x dt y dt
y (t) dt

ATENÇÃO
Uma outra forma de denotar a regra da cadeia é como o produto interno (ou escalar) do
vetor gradiente de z pela respectiva derivada em relação a t.

dz d 
=∇z ( x ( t ) , y ( t ) ) ⋅  ( x ( t ) , y ( t ) ) 
dt  dt 

capítulo 4 • 109
EXEMPLO
•  Exemplo 2: Vamos ilustrar a aplicação desse teorema (regra da cadeia) calculando a De-
rivada Parcial da função z = f(x, y) = x2 y + 2xy2, com x = 2t e y = t2.

Solução:
Nesse caso, temos que calcular a Derivada Parcial

dz ∂z dx ∂z dy
= ⋅ + ⋅
dt ∂x dt ∂y dt

Lembrando que, ao calcular as Derivadas Parciais, devemos considerar as demais variá-


veis como constantes.

∂z dx ∂z dy
= 2xy + 2y2 , = 2, = x2 + 4xy e = 2t
∂x dt ∂y dt

Dessa forma,

dz
= (2xy + 2y2 ) ⋅ 2 + ( x2 + 4xy ) ⋅ 2t
dt
dz
= 4 ⋅ y ⋅ ( x + y ) + 2 ⋅ x ⋅ ( x + 4y ) ⋅ t
dt

Substituindo os valores de x = 2t e y = t2, temos:

dz
= 4 ⋅ t 2 ⋅ ( 2t + t 2 ) + 2 ⋅ 2t ⋅ ( 2t + 4 t 2 ) ⋅ t
dt
dz
= 4 ⋅ t 3 ⋅ ( 2 + t ) + 8 ⋅ t 3 ⋅ (1+ 2t )
dt
dz dz dz
= 4 ⋅ t 3 ⋅ ( 2 + t ) + 2 ⋅ (1+ 2t )  ⇒ = 4 ⋅ t 3 ⋅ [2 + t + 2 + 4t ] ⇒ = 4 ⋅ t 3 ⋅ ( 5t + 4 )
dt dt dt

Uma outra forma para determinar essas derivadas é utilizando a ideia de função compos-
ta. Ao utilizar esse caminho, substituímos as funções deixando-as numa única função e cal-
culamos a derivada. Deixaremos essa opção como estudo adicional para o leitor (estudante).

capítulo 4 • 110
ATENÇÃO
Esses teoremas da Regra da Cadeia podem ser generalizados. Tal generalização não
será abordada nesse material, mas podem ser obtidas pesquisando nas referências.

Vetor Gradiente

Seja z = f(x, y) uma função de duas variáveis cujas derivadas parciais de z, dada
∂z ∂z
por , existam. Considere P0 = (x0, y0), um ponto no domínio de z contido
∂x ∂y
plano xy e z0 = f(x0, y0). Note que o gráfico de f é algebricamente representado por
(x, y, f(x, y)) tal que (x, y) ∈ Dom(f ) donde:
∂ ∂f
1.
∂x
( x, y, f ( x, y ) ) =  1,0, ∂x ( x, y ) 
 
∂  ∂f 
2.
∂y
( x, y, f ( x, y ) ) =  0,1, ( x, y ) 
∂y
 

Estes são vetores tangentes as curvas que cortam as superfícies, na primeira


equação paralelas ao eixo x e no segundo caso paralelas ao eixo y (figura 1.1).
Tomando o produto vetorial destes obtemos:
 ∂f   ∂f
 y   x


(
 0,1, ( x, y )  ×  1, 0, ( x, y )  = fx , f y , −1 = N
∂ ∂
)
A projeção deste vetor no plano xy, calculadas no ponto P0 ∈ R2 é o que cha-
mamos de Vetor Gradiente:
 ∂z ∂z 
∇f =  , 
 ∂x P0 ∂y P 
 0 

•  Definicão: Chamamos de operador diferencial ∇


 ∂ ∂  ∂  ∂ 
∇ =  ,  = ⋅ i + ⋅ j no 2
 ∂x ∂y  ∂x ∂y
 ∂ ∂ ∂  ∂  ∂  ∂ 
∇ =  , ,  = ⋅ i + ⋅ j + ⋅ k no 3
 ∂x ∂y ∂z  ∂x ∂y ∂z

capítulo 4 • 111
•  Definição: O vetor gradiente é obtido aplicando o operador diferencial ∇
num campo escalar f, ou seja, se f é uma função de n variáveis
 ∂f ∂f  ∂f  ∂f 
Para n = 2, ∇f =  ,  = ⋅ i + ⋅ j no 2
 ∂x ∂y  ∂x ∂y
 ∂f ∂f ∂f  ∂f  ∂f  ∂f 
Para n = 3, ∇f =  , ,  = ⋅ i + ⋅ j + ⋅ k no 3
 ∂x ∂y ∂z  ∂x ∂y ∂z

O gradiente, ∇f, é uma função que associa a cada ponto x ∈ A ⊂ Rn um único


vetor ∇f(x) ∈ Rn. Este tipo de função é chamado campo de vetores. Pois, para
cada ponto desejado do domínio, podemos representar o vetor gradiente unitário,
representando o Campo Vetorial.
– A taxa máxima de crescimento de f no ponto P0 ocorre na direção e no
sentido do gradiente. Analogamente, a taxa mínima de crescimento de f no
ponto P0 ocorre na direção contrária a do gradiente.
– Seja z = f(x, y), o Vetor Gradiente é ortogonal à reta tangente a uma
curva de nível pelo ponto P0 (x0, y0) do plano R2.
– O Vetor Gradiente aponta para onde z = f(x, y) tem maior velocidade.
– Seja w = f(x, y, z), o Vetor Gradiente será ortogonal ao plano tangente
a uma superfície de nível por um ponto P0 (x0, y0, z0) do espaço R3.

MULTIMÍDIA
Acesse o link: Gradiente - Interpretação Gráfica. Para observar e consolidar o entendi-
mento sobre o vetor gradiente.

EXEMPLO
•  Exemplo 3: Considere a função z = f(x, y) = ln ( x2 + y2). Determine a expressão do vetor
gradiente e o seu valor no ponto P0 (0, 1) ∈ R2.

capítulo 4 • 112
Solução:

 ∂f ∂f   1 1   2x 2y 
∇f =  ,  ⇒ ∇f =  2 ⋅ 2x, 2 ⋅ 2 y  ⇒ ∇f =  2 , 2 2
 ∂x ∂y  x +y x +y x +y x +y 
2 2 2

 2 ⋅ (0) 2. (1) 
∇f ( 0,1) =  ,  = ( 0, 2 ) ∴ ∇f ( 0,1) = ( 0, 2 )
 ( 0 )2 + (1)2 ( 0 )2 + (1)2 
 

•  Exemplo 4: Se f(x, y) = sen x + exy, determine o vetor gradiente de f e o seu valor em (0, 1).

Solução:
O gradiente é um vetor cujas respectivas componentes são as Derivadas Parciais

 ∂f ∂f  ∂f  ∂f 
∇f =  ,  = fx ( x, y ) , fy ( x, y ) = ⋅ i + ⋅ j
 ∂x ∂y  ∂x ∂y

Então,

∂f ∂f
= cos x + y ⋅ e xy e = x ⋅ e xy
∂x ∂y

Dessa forma,

∇f = (cos x + y · exy, x · exy)

Aplicando a expressão do gradiente em (0, 1), encontramos

∇f(0,1) = (cos (0) + (1) · e(0)(1), (0) · e(0)(1)) = (1 + 1, 0) = (2, 0)

Derivadas Direcionais

Seja z = f(x, y) uma função de duas variáveis reais. Como já vimos, as suas
∂f ∂f
Derivadas Parciais e definem, para cada direção x e y, respectivamente, as
∂x ∂y
propriedades (velocidade, densidade, temperatura, ...) bem como taxa de variação,
declividade etc., relacionada a função f, figura 4.1.

capítulo 4 • 113
z

y0 y
x0

∂f ∂f
Figura 4.1  –  Figura 1: Derivadas Parciais de z = f(x, y). Em verde e em vermelho .
∂x ∂y

Entretanto, em problemas mais aproximados o possível da realidade, o cálculo


apenas nessas direções não será suficiente e satisfatório.
E se quisermos avaliar essas informações na direção z, por exemplo?
Ou ainda, observe a figura 4.2, e perceba que podemos pensar de forma mais
ampla (genérica). Na verdade, podemos ter a necessidade de estimar um determi-
nado valor em qualquer uma das infinitas direções.
NOROESTE NORTE

2 NORDESTE

OESTE LESTE
–3 –2 –1 0 1 2 3

–1

–2
SUDOESTE

–3

SUL SUDESTE

Figura 4.2  –  x2 + y2 < 9, Região do Dom[T(x)], várias direções/sentidos.

capítulo 4 • 114
Suponha que precisamos calcular o comportamento de uma determinada pro-
priedade fora dos eixos x (Sul – Norte) ou y (Oeste – Leste). Imagine que preci-
samos calcular a Derivada Parcial na direção de um vetor na direção/sentido no-
roeste, ou seja, entre os eixos x (Oeste) e y (Norte). Em outras palavras, como fazer
para calcular propriedades desejadas na direção/sentido Noroeste? Ou Sudeste?
Ou, ainda, em outra direção qualquer?
Utilizaremos, portanto, as chamadas Derivadas Direcionais, ou seja, as
Derivadas para a direção/sentido desejada por um determinado problema.
A Derivada Direcional nos permitirá esse cálculo em qualquer direção.

•  Definição: A Derivada Direcional de f em (x0, y0) na direção e sentido do


vetor unitário u = <a, b>

f ( x 0 + ha , y 0 + hb ) − f ( x 0 , y 0 )
Du f ( x 0 , y 0 ) = lim
h →0 h

se esse limite existir.

ATENÇÃO
Apresentamos a definição da Derivada Direcional por seu limite, mas o calcularemos
diretamente com as regras de Derivadas e Derivadas Parciais que já estudamos.
Na definição do limite o importante é perceber que a aproximação ao ponto em que se
deseja calcular, ou seja, a aproximação ao ponto (x0, y0) está sendo feita na direção do vetor
u = <a,b> ao utilizar as aproximações x0 + ha e y0 + hb com h tendendo a zero.

•  Teorema: Se f é uma função diferenciável em x e y, então f tem Derivada



Direcional na direção e sentido de qualquer versor (vetor unitário) u = <a, b> e

Du f(x, y) = fx (x, y) · a + fy (x, y) · b

capítulo 4 • 115
ATENÇÃO
Numa apresentação alternativa do Teorema da Derivada Direcional, podemos escrever

Du f = fx ⋅ a + fy ⋅ b

Para exemplificar, vamos determinar a Derivada Direcional Du f(x, y) se

f(x, y) = x3 – 3xy + 4y2


 π
e u é o versor dado pelo ângulo θ = . Qual o valor de Du f(x, y) em (1, 2)?
6

y0 + b

u b sen( )

=
y0 6
cos( )

x0 x0 + a
π
Figura 4.3  –  Versor dado pelo ângulo θ = .
6

Iniciamos a solução, determinando as componentes do versor. Para isso, ob-


serve o gráfico ao lado.

Se o versor (vetor de módulo unitário), figura 1.3, u faz um ângulo θ com o
eixo x positivo, então podemos escrever

u = <cos θ, sen θ>

capítulo 4 • 116
Dessa forma,

Du f(x, y) = fx (x, y) · cos θ + fy (x, y) · sen θ

Além disso, as Derivadas Parciais da função f(x, y) = x3 – 3xy + 4y2 são:

fx (x, y) = 3x2 – 3y
fy (x, y) = –3x + 8y

Portanto,

π π
Du f ( x, y ) = ( 3x 2 − 3 y ) ⋅ cos   + ( −3x + 8 y ) ⋅ sen  
6 6
 3 1
D u f ( x, y ) = ( 3 x 2 − 3 y ) ⋅   + ( −3x + 8 y ) ⋅  
 2  2
1 1
( )
Du f ( x, y ) = ⋅ 3 3x 2 − 3 3 y − 3x + 8 y  ∴ Du f ( x, y ) = ⋅ 3 3x 2 − 3x + 8 − 3 3 ⋅ y 
2 2  

Note, no teorema anterior, que a Derivada Direcional pode ser reescrita como
o produto interno (ou escalar) de dois vetores.

Du f(x, y) = fx (x, y) · a+fy (x, y) · b


Du f(x, y) = <fx (x, y),fy (x, y)> · <a,b>

Du f(x, y) = <fx (x, y),fy (x, y)> · u

Já vimos que o vetor <fx (x, y), fy (x, y)> recebe um nome especial (gradiente
de f ) e destacamos, agora, suas principais notações: grad f e ∇f (lemos “del f ”).
Com a notação de vetor gradiente, podemos reescrever a notação de Derivada
Direcional com a notação de produto interno (ou escalar),

Du f(x, y) = ∇f(x, y) · u

Que expressa a Derivada Direcional na direção e sentido de u como a proje-

ção escalar do vetor gradiente sobre u .

capítulo 4 • 117
Uma apresentação mais elegante da Derivada Direcional, com a notação de produto
interno, é:

Du f = ∇f · u

EXEMPLO
•  Exemplo 5: Determine a Derivada Direcional da função f(x, y) = x2 y3 – 4y no ponto
  
(–2, 1) na direção do vetor v = 2 i + 5 j .

Solução:
Queremos calcular


Du f(2, –1) = ∇f(2, –1) · u

Faremos isso em três etapas: Calcularemos as Derivadas Parciais para determinar o



gradiente de f no ponto (–2, 1), verificar se o vetor v é um versor (caso negativo, vamos
determinar o respectivo versor) e aplicar na expressão que determina a Derivada Direcional.

1º Passo: Vamos calcular o grad f no ponto (–2,1)

fx ( x, y ) = 2xy 3 

 ∇f ( x, y ) = 2xy 3 , 3x2 y2 − 4
fy ( x, y ) = 3x2 y2 − 4 
 
∇f ( −21
, ) = 2 ( −2 )(1) , 3 ( −2 ) (1) − 4 ⇒ ∇f ( −21
, ) = −4, 8 = −4 ⋅ i + 8 ⋅ j
3 2 2



 Passo: É fácil observar que o vetor v não é um versor.Dessa forma, vamos calcular
 v
u =  que é o vetor unitário na mesma direção e sentido de v .
v
      
 v 2i + 5 j 2i + 5 j 2i + 5 j 2  5 
u=  = = = = i+ j
v 22 + 52 4 + 25 29 29 29
 2 29  5 29  2 29 5 29
u= i+ j= ,
29 29 29 29

capítulo 4 • 118
E, finalmente,
3º Passo: Aplicar na expressão que determina a Derivada Direcional.

Duf ( 2, −1) = ∇f ( 2, −1) ⋅ u
2 29 5 29 8 29 5 29 29
Duf ( 2, −1) = −4, 8 ⋅ , =− + = ( 40 − 8 ) ⋅
29 29 29 29 29
32 29
Duf ( 2, −1) =
29

•  Exemplo 6: A temperatura do ar em certa altitude é dada por:

f(x, y, z) = xy2 z3 + x2 yz3 + x2 y3 z

Um avião está localizado no ponto (–1, 2, 1). Percebendo um leve aquecimento do motor,
o piloto decide executar uma manobra para o resfriar, utilizando a temperatura do ar. Em que
direção deve voar para que o motor resfrie o mais rapidamente possível?

Solução:
De todas as direções possíveis, a direção do gradiente é aquela onde a função cresce
mais rapidamente. Logo, o avião deverá voar na direção contrária à do gradiente.
Vamos calcular as respectivas derivadas parciais nas direções x, y e z.

∂f
( x, y, z ) = y2z3 + 2xyz3 + 2xy3z = yz. ( yz2 + 2xz2 + 2xy2 ) = yz z2 ( y + 2x ) + 2xy2 
∂x
∂f
( x, y, z ) = 2xyz3 + x2z3 + 3x2 y2z = xz (2yz2 + xz2 + 3xy2 ) = xz z2 (2y + x ) + 3xy2 
∂y
∂f
( x, y, z ) = 3xy2z2 + 3x2 yz2 + x2 y3 = xy ( 3yz2 + 3xz2 + xy2 ) = xy 3z2 ( y + x ) + xy2 
∂z

O vetor gradiente da função f, é aquele em que suas componentes são as derivadas


parciais em relação a x, y e z.
Dessa forma,

∇f(x, y, z) = <yz[z2 (y + 2x) + 2xy2], xz[z2 (2y + x) + 3xy2], xy[3z2 (y + x) + xy2]>

capítulo 4 • 119
Que aplicado em (–1, 2, 1), nos dá:

∂f
, , ) = 2 ⋅1⋅ (1) (2 + 2 ⋅ ( −1) ) + 2 ⋅ ( −1) ⋅ ( 2 )  = 2 ⋅ 0 + ( −8 )  = −16
( −121 2 2
∂x  
∂f
, , ) = ( −1) ⋅ (1) (1) (2 ⋅ 2 + ( −1) ) + 3 ⋅ ( −1) ⋅ ( 2 )  = − 3 + ( −12 )  = 9
( −121 2 2
∂y  
∂f
, , ) = ( −1) ⋅ 2 ⋅ 3 ⋅ (1) (2 + ( −1) ) + ( −1) ⋅ ( 2 )  = ( −2 ) ⋅ 3 + ( −4 )  = 2
( −121 2 2
∂z  

E, portanto,

∇f(–1, 2, 1) = (–16, 9, 2).

Para obter o resfriamento do motor, o piloto deverá colocar o avião para voar na direção
de (16, –9, –2).

ATIVIDADES
Essa é uma sequência de exercício para ver se você compreendeu os temas apresenta-
dos no capítulo. É importante e fundamental que você tente resolver, buscando as informa-
ções apresentadas, antes de olhar as respostas. Vamos tentar?

01. Dada

u = ln x2 + y2

Com

x = r · es e y = r · e–s

Encontre as derivadas parciais de u em relação a r e a s.

du
02. Aplique a regra da cadeia para calcular , sabendo que:
dt
u ( x, y ) = x2 + y ( x − 1) , x ( t ) = cos t e y ( t ) = sent

du  π 
Determine o valor de  .
dt  2 

capítulo 4 • 120
03. Encontre a equação do plano tangente ao paraboloide elíptico

4x2 + y2 – 16z = 0

no ponto (2, 4, 2).

04. Considere a função

f(x, y) = x³ y²

  
Determine a expressão da derivada direcional de f na direção do vetor v = 4 i − 3 j ;
Determine o valor dessa Derivada Direcional no ponto P0 (–1, 2).

05. Usando a lei do gás ideal

PV = k · T

Com k = 10, encontre a taxa de variação da temperatura no instante em que o volume


do gás é 120 cm3 e o gás está sob uma pressão de 8 din/cm2, se o volume cresce à taxa
de 2 cm3 e a pressão decresce à taxa de 0,1 din/cm2 por segundo. Apresente a conclusão
correspondente ao resultado.
Tentou fazer? Espero que sim!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Na Onda da Matemática. Playlist Cálculo II. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=D9BPlp2kJ2o&list=PLfryS2M1zbkb6EHeMT9BKvRusWAShRo1j>. Acesso em: 26 de maio
de 2018.
Pinto, Diomara e Morgado, M. Cândida Ferreira, Cálculo Diferencial e Integral de Funções de
Várias Variáveis, 2003, Editora UFRJ.
LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. Vol. 1, 2. ed. Harbra, São Paulo: 1994.
Stewart, James. Cálculo, Volume I e II/ James Stewart. – 5 ed. – Tradução Antonio Carlos Gilli
Martins. – São Paulo: Cengage Learning, 2008.

capítulo 4 • 121
capítulo 4 • 122
5
Máximos e mínimos
de funções de
várias variáveis
Máximos e mínimos de funções de várias
variáveis

Chegamos ao último capítulo de nosso livro. Se você caminhou até aqui é si-
nal de que já aprendeu muitas coisas sobre o cálculo diferencial de várias variáveis,
parabéns!!!
Nesse capítulo veremos uma extensão do cálculo de máximos e mínimos, ago-
ra trabalhando com funções de várias variáveis reais. Para efeito de cálculo, pro-
priamente dito, a parte operacional das contas, não teremos grandes novidades,
pois você utilizará da base já adquirida na sua caminhada até esse ponto. Por se
tratar de funções de várias variáveis, podemos notar que nem sempre será fácil a
visualização dos seus respectivos gráficos, por isso, saber os pontos de máximo
e mínimo dessas funções poderá ser de grande utilidade em problemas que en-
volvam temas das Engenharias e Ciências em geral. Além disso, vamos tratar do
método dos multiplicadores de Lagrange, que nos permite tratar problemas nos
quais temos restrições que condicionam os resultados.
Vamos juntos!

OBJETIVOS
•  Utilizar o cálculo dos valores de máximo e mínimo de uma função real de várias variáveis
para facilitar a compreensão do comportamento da função;
•  Máximos e Mínimos com Restrições - Multiplicadores de Lagrange;
•  Resolver problemas envolvendo máximos e mínimos com restrições.

Cálculo de máximos e mínimos de funções de várias variáveis

Esse capítulo trata da ampliação da teoria e aplicação da derivada de uma


função de uma variável, principalmente em relação aos valores extremos e os pro-
blemas que envolvem máximos e mínimos relativos. Esses conceitos e aplicações,
para as funções de várias variáveis são análogas ao caso de uma variável real, em-
bora apresente algumas complicações por estarmos trabalhando com uma função
mais complexa.

capítulo 5 • 124
•  Definição: Uma função de duas variáveis reais tem um máximo local em (a,
b) se f(a, b) ≥ f(x, y) quando (x, y) está próximo de (a, b).

ATENÇÃO
Isso significa que f(a, b) ≥ f(x, y) para todo ponto (x, y) em algum disco com centro (a, b).

Portanto, o número f(a, b) é chamado valor máximo local.


Analogamente,

•  Definição: Uma função de duas variáveis reais tem um mínimo local em (a,
b) se f(a, b) ≤ f(x, y) quando (x, y) está próximo de (a, b).

ATENÇÃO
Isso significa que f(a, b) ≤ f(x, y) para todo ponto (x, y) em algum disco com centro (a, b).

Portanto, o número f(a, b) é chamado valor mínimo local.


Se as inequações da definição anterior valerem para todos os pontos (x, y) do
domínio de f tem um máximo absoluto (ou mínimo absoluto) em (a, b).

•  Teorema (valor extremo para funções de duas variáveis): Seja B um disco


fechado no plano xy, e seja uma função de duas variáveis que é contínua em B.
I. Então, existe pelo menos um valor um ponto (x, y) ∈ B, onde f(x, y)
tem um valor máximo absoluto.
Ou seja, f(x, y) ≥ f(x0, y0)para todos os valores (x0, y0) ∈ B
II. Então, existe pelo menos um valor um ponto (x, y) ∈ B, onde f(x, y)
tem um valor mínimo absoluto.
Ou seja, f(x, y) ≤ f(x0, y0)para todos os valores (x0, y0) ∈ B

capítulo 5 • 125
•  Teorema: Se f(x, y) existe em todos os pontos de um disco aberto B((x0, y0); r)
e se f(x, y) tem um extremo relativo em (x0, y0); então, se as derivadas parciais de
primeira ordem, fx (x0, y0) e fy (x0, y0), existem

fx (x0, y0) = fy (x0, y0) = 0

Pontos críticos

•  Definição: Dada uma função f(x, y), um ponto (x0, y0) é dito ponto crítico
(ou ponto estacionário) de f(x, y) se fx (x0, y0) = 0 e fy (x0, y0) = 0, ou se uma das
derivadas parciais não existir.

ATENÇÃO
Em outras palavras, este teorema diz que se f(x, y) tem um máximo ou mínimo local em
(x0, y0), então (x0, y0) é um ponto crítico de f(x, y).

Resgatando o que já aprendemos, no cálculo de uma única variável, nem to-


dos os pontos críticos correspondem a um máximo ou mínimo. Num ponto crí-
tico, a função pode ter um máximo local ou um mínimo local, ou ainda nenhum
dos dois. Ou seja, como nas funções de uma variável, os extremos (máximos e
mínimos) ocorrem numa(s) destas situações (pontos críticos):
– Primeiras derivadas parciais nulas;
– Primeiras derivadas parciais não definidas;
– Fronteira do domínio de definição da função.

EXEMPLO
•  Exemplo 1: Dada a função de duas variáveis reais definida por:

f(x, y) = 6x – 4y – x2 – 2y2

Determine se f(x,y) tem algum extremo relativo.

capítulo 5 • 126
Recordando ...
•  Se a função f tem um valor máximo relativo ou um mínimo relativo em c ∈ Dom(f),
então dizemos que f tem um extremo relativo em c.
•  Se c é um número no domínio da função f e se f’ (c) = 0 ou f’ (c) não existe, então c é
chamado de número (ou ponto) crítico de f.
As definições 1 e 2 nos indicam que a condição necessária para que uma função f tenha
um extremo relativo em um número c é que c seja um número (ou ponto) crítico de f.

Solução:
É fácil observar que Dom [f(x, y)] = R2 e que f(x, y) é contínua em todo o domínio. Além
disso, as suas derivadas parciais de primeira ordem

fx (x, y) = 6 – 2x e fy (x, y) = –4 – 4y

Existem em todo (x, y) em R2.


Tomando

fx (x, y) = 0 e fy (x, y) = 0
6 – 2x = 0 e –4 – 4y = 0
2x = 6 e 4y = –4
x = 3 e y = –1

Com isso, podemos supor que o par (x, y) = (3, –1) é um candidato a extremo relativo de

f(x, y) = 6x – 4y – x2 – 2y2

Mas, como avaliar se é um ponto de máximo ou mínimo?


Primeiro, observe que o valor de f(x, y) em (x, y) = (3, –1) é igual a 11, ou seja, z = 11.
Então, f(x, y) é um paraboloide tendo um eixo vertical com vértice em (3, –1, 11) e concavi-
dade para baixo.
Dessa forma, podemos concluir que essa função tem um máximo local em (3, –1), pois
f(3, –1) ≥ f(x, y) quando (x, y) está próximo de (3, –1). Fato que podemos confirmar obser-
vando a figura 5.1.

capítulo 5 • 127
Figura 5.1  –  Gráfico da função f(x, y) = 6x – 4y – x2 – 2y2.

Entretanto, cuidado!
Não basta que as derivadas parciais de primeira ordem sejam iguais a zero. Observe o
comportamento da função

f(x, y) = x2 – y2

É fácil observar que Dom [f(x, y)]= R2 e que f(x, y) é contínua em todo o domínio. Além
disso, as suas derivadas parciais de primeira ordem

fx (x, y) = 2x e fy (x, y) = –2y

Existem em todo (x, y) em R2.


Tomando

fx (x, y) = 0 e fy (x, y) = 0
2x = 0 e –2y = 0
x=0ey=0

Com isso, podemos supor que o par (x, y) = (0, 0) é um extremo relativo de

f(x, y) = x2 – y2

capítulo 5 • 128
Mas, como avaliar se é um ponto de máximo ou mínimo? E se não for?
Analisando as derivadas parciais, nos indicará um ponto de mínimo da direção x (fx) e um
ponto de máximo na direção y (fy), no ponto (x, y) = (0, 0). Se o ponto é um valor de mínimo
relativo numa direção e máximo relativo noutra direção, dizemos que é um ponto de sela.
Podemos visualizar esse fato com o auxílio do esboço do gráfico, figura 5.2. Nele, destacado
em amarelo, podemos observar o comportamento em cada uma das direções, x e y.

MULTIMÍDIA
A anulação das derivadas parciais primeiras de uma função de duas variáveis não é uma
condição suficiente para que a função tenha um extremo relativo nesse ponto. Tal situação
ocorre em um ponto chamado ponto de sela. O gráfico apresentado na Figura 2, pode ser
mais explorado na animação apresentada em Ponto de sela.

Figura 5.2  –  Gráfico da função f(x, y) = x2 – y2. Disponível em: <https://www.geogebra.


org/m/awKKyrD5>. Acesso em: 19/05/18 às 13:28.

Máximo, mínimo ou ponto de sela?

Vimos na seção anterior que um ponto crítico pode ser um ponto de mínimo,
máximo ou de sela. A verificação, se um ponto crítico é máximo ou mínimo (ou
ponto de sela) envolve o estudo:

capítulo 5 • 129
– do valor da função e dos sinais das primeiras derivadas nas proximida-
des do ponto crítico; ou
– dos sinais das segundas derivadas no ponto.

Nas funções de duas variáveis, não temos pontos de inflexão, como em fun-
ções de uma variável. Mas, como vimos anteriormente, podemos ter um ponto
de sela.

•  Definição (Ponto de Sela): Dizemos que um ponto (x, y) de uma função de


duas variáveis reais é um Ponto de Sela, quando, numa direção a função atinge um
máximo num ponto e em outra direção, um mínimo no mesmo ponto. Ou seja,
um ponto estacionário (x0, y0) de uma função diferenciável f(x, y) é um Ponto de
Sela se qualquer bola aberta B de centro (x0, y0) contém os pontos (x1, y1) e (x2, y2)
tais que f(x1, y1) < f(x0, y0) < (x2, y2).

CURIOSIDADE
O nome se dá pela semelhança com uma sela de cavalo: máximo na direção das pernas
do cavaleiro (transversal ao cavalo) e mínimo na direção longitudinal (dorso) do cavalo. Reve-
ja a figura 5.2 e a respectiva animação sugerida no Box Multimídia da seção anterior.

•  Teorema (Teste da Derivada Segunda): Se f(x, y) é uma função de duas va-


riáveis tal que f e suas derivadas parciais primeiras e segundas sejam contínuas em
um disco aberto B((x0, y0); r). Além disso, suponhamos que fx (x0, y0) = fy (x0, 0) = 0.
Então,
I. f tem um valor mínimo relativo em (x0, y0) se
fxx (x0, y0) · fyy (x0, y0) – fxy2 (x0, y0) > 0 e fxx (x0, y0) > 0

II. f tem um valor máximo relativo em (x0, y0) se


fxx (x0, y0) · fyy (x0, y0) – fxy2 (x0, y0) > 0 e fxx (x0, y0) < 0

III. f não é um extremo relativo em (x0, y0) se


fxx (x0, y0) · fyy (x0, y0) – fxy2 (x0, y0) < 0

capítulo 5 • 130
III. Não podemos chegar a nenhuma conclusão se
fxx (x0, y0) · fyy (x0, y0) – fxy2 (x0, y0) = 0

EXEMPLO
•  Exemplo 2: Dada a função de duas variáveis reais definida por:

f(x, y) = 2x4 + y2 – x2 – 2y

Determine, se existirem, os extremos relativos de f(x, y).

Solução:
É fácil observar que Dom [f(x, y)] = R2 e que f(x, y) é contínua em todo o domínio. Além
disso, as suas derivadas parciais de primeira ordem

fx (x, y) = 8x3 – 2x e fy (x, y) = 2y – 2

Existem em todo (x, y) em R2.


Tomando

fx (x, y) = 0 e fy (x, y) = 0
8x3 – 2x = 0 e 2y – 2 = 0
4x3 – x = 0 e y – 1 = 0
x · (4x2 – 1) = 0 e y = 1

Já temos o valor do y, basta determinar o(s) valor(es) do x

x = 0 ou 4x2 − 1 = 0
1 1 1
4 x2 = 1 ⇒ x2 = ⇒x=± ⇒x=±
4 4 2
1 1
Com isso, ou seja, sabendo os valores de x (x = – , x = 0 e x = ) e que y = 1, pode-
2 2
 1  1 
mos supor que os pontos  − ,1 , ( 0, 1) e  ,1 são possíveis extremos relativos de
 2  2 

f(x, y) = 2x4 + y2 – x2 – 2y

capítulo 5 • 131
Mas, como avaliar se é um ponto de máximo, mínimo ou sela? Ou ainda, saber se não é
um extremo relativo? Será que podemos afirmar algo sobre esses pontos?
Para conseguir essas respostas, basta aplicar, nesses pontos, o teste da derivada segun-
da para funções de duas variáveis.
Partindo das Derivadas primeiras

fx (x, y) = 8x3 – 2x e fy (x, y) = 2y – 2

Vamos determinar

fxx, fxy, fyx e fyy


fxx = 24x2 – 2, fxy = fyx = 0 e fyy = 2

Pelo Teorema da Derivada Segunda, sabemos que, para ser um valor de máximo ou
mínimo, devemos ter:

fxx (x0, y0) · fyy (x0, y0) – fxy2 (x0, y0) > 0

 1  1 
Aplicando nos pontos  − ,1 , ( 0, 1) e  ,1 , temos:
 1  2
1   2 
Para  − ,1 , ( 0, 1) e  ,1
 2  2 

 1   1   1 
fxx  − ,1 ⋅ fyy  − ,1 − fxy2  − ,1 > 0
 2   2   2 
  1
2   1 
24 ⋅  −  − 2  〈2 − ( 0 ) = 24 ⋅ − 2  ⋅ 2 − 0 = ( 6 − 2 ) ⋅ 2 = 4 ⋅ 2 = 8 > 0
2

  2    4 

E se fxx (x0, y0) > 0 f terá um valor de mínimo relativo em (x0, y0)
E se fxx (x0, y0) < 0 f terá um valor de máximo relativo em (x0, y0)

 1    1  
2
1 
fxx  − ,1 = 24  −  − 2  = 24. − 2  = ( 6 − 2 ) = 4 > 0
 2    2    4 

 1  1 
Portanto,  − ,1 , é( 0um
, 1) ponto
e  ,1onde
 f tem um valor de mínimo relativo.
 2  2 
Para (0, 1)
fxx (0,1) · fyy (0, 1) – fxy2 (0, 1) > 0
[24 · (0)2 – 2] · 2 – (0)2 = [24 · 0 – 2] · 2 – 0 = (0 – 2) · 2 = (–2) · 2 = –4 < 0

capítulo 5 • 132
O resultado de fxx (0, 1) · fyy (0, 1) – fxy2 (0, 1) = –4 que é menor do que zero.
Portanto, (0, 1) não é um extremo relativo.

 1  1 
 − ,1 , ( 0Para
, 1) e  ,1 ,
 2  2 
1  1  1 
fxx  ,1 ⋅ fyy  ,1 − fxy2  ,1 > 0
2  2  2 
  1 2   1 
24.   − 2  ⋅ 2 − ( 0 ) = 24 ⋅ − 2  ⋅ 2 − 0 = ( 6 − 2 ) ⋅ 2 = 4 ⋅ 2 = 8 > 0
2

  2    4 

1  1  1 
Como fxx  ,1 ⋅ fyy  ,1 − fxy2  ,1 > 0 , se fxx (x0, y0) > 0, f terá um valor de mínimo
2
  2
  2 
relativo em (x0, y0) e se fxx (x0, y0) < 0, f terá um valor de máximo relativo em (x0, y0).

 1    1  
2
1 
fxx  ,1 = 24   − 2  = 24 ⋅ − 2  = ( 6 − 2 ) = 4 > 0
 2    2    4 

 1  1 
Portanto,  − ,1 , é( 0um
, 1) ponto
e  ,1onde
 f tem um valor de mínimo relativo.
 2  2 
Para saber qual o valor mínimo da função em cada ponto, basta substituir os valores dos
respectivos pontos na função f(x, y) = 2x4 + y2 – x2 – 2y.
 1  1 
Para  − ,1 , ( 0, 1) e  ,1
 2  2 
4 2
 1   1 2  1
f  − ,1 = 2  −  + (1) −  −  − 2 ⋅ (1)
 2   2   2
 1   1 1 1 1 1 2 8 1− 2 − 8 9
f  − ,1 = 2 ⋅   + 1− − 2 = − − 1 = − − = =−
 2   16  4 8 4 8 8 8 8 8
 1  9
f  − ,1 = −
 2  8

 1  1 
 − ,1 , ( 0Para
, 1) e  ,1 ,
 2  2 
4 2
1   1 2  1
f  ,1 = 2   + (1) −   − 2 ⋅ (1)
2
  2
  2
1  9
f  ,1 = −
2  8

A aplicação do Teorema da Derivada Segunda pode ser facilitada com o conceito de


matriz Hessiana que passamos a descrever neste momento.

capítulo 5 • 133
ATENÇÃO
Não existe o conceito de ponto de inflexão para função de duas variáveis da forma com
que aprendemos para as funções de uma variável. Entretanto, podemos dizer que o conceito
de Ponto de Sela, visto para funções de duas variáveis reais, é análogo a noção de ponto de
inflexão para funções de uma variável real.

•  Definição: A matriz quadrada n x n com as derivadas de segunda or-


dem de uma função de n variáveis é chamada Matriz Hessiana e denotada por
H(x1, x2, ..., xn).
Portanto,

 D11 D12  D1 j  D1n 


 
 D21 D22  D2 j  D2 n 
   …  
H ( x1 , x 2 ,…, x n ) = 
D Di 2  D1 j  D1n 
 i1 
… …   
 
Dn1 Dn2  Dnj  Dnn 

Onde Dij é a derivada parcial de segunda ordem em relação as variáveis da


função. Por exemplo, a linha Di1 Di2 … Dij …Din representa as derivadas de se-
gunda ordem em relação a variável i com as derivadas de segunda ordem relativa
as demais variáveis 1 ≤ j ≤ n.
Para ficar mais claro, vamos a um exemplo!

EXEMPLO
•  Exemplo 3: Determine a matriz Hessiana da função f(x, y) = 2 – x2 + y3 no ponto (1, 1).

Solução:
Observe, no enunciado, que é dada uma função de duas variáveis reais. Dessa forma,
teremos uma matriz hessiana de ordem 2.
O primeiro passo será determinar as respectivas derivadas parciais até a ordem D22.

capítulo 5 • 134
  ∂2
  D11 = 2 f ( x, y ) = −2y
 ∂ f ( x, y ) = −2xy + y 3  ∂x
 ∂x D = ∂
 f ( x, y ) = −2x + 3y2
  12 ∂y∂x
f ( x, y ) = 2 x y+y x
2 3

  ∂
D21 = ∂x∂y f ( x, y ) = −2x + 3y
2
∂ 
 f ( x , y ) = − x 2 + 3y 2 x 
 ∂y  D = ∂ f ( x, y ) = 6xy
2

  22
∂y2
 

O segundo passo será determinar a matriz das derivadas.


Portanto, a matriz Hessiana será dada por:

D D12   −2y −2x + 3y2 


H ( x, y ) =  11 = 
D D  −2x + 3y
2 6xy 
 21 22 

Por fim, vamos aplicar no ponto (1, 1)

 −2 ⋅ (1) − 2 ⋅ (1) + 3〈(1)2 


H (11
, )= 
 −2 ⋅ (1) + 3 ⋅ (1)2 6 ⋅ (1) ⋅ (1) 
 
 −2 1
H (1,1) =  
 1 6

Esquemas dos sinais

•  Teorema: Seja f(x, y): D ⊂ R →R uma função de duas variáveis com de-
rivadas de segunda ordem contínuas numa bola aberta que contém um ponto
estacionário (a, b) de f(x, y). Dada a matriz Hessiana, H(x, y), correspondente a
função f(x, y)
∂ ∂
f ( x, y ) = −2 xy + y 3 e f ( x, y ) = − x 2 + 3 y 2 x
∂x ∂y

Denote o determinante da matriz Hessiana em (a; b) por Det(H), ou seja,

Det(H) = D11 · D22 – D12 D21

capítulo 5 • 135
Nesse caso, tem-se
•  Se Det(H) > 0 e D11 (a, b) > 0, f(x, y) tem um mínimo relativo em (a, b);
•  Se Det(H) > 0 e D11 (a, b) < 0, f(x, y) tem um máximo relativo em (a, b);
•  Se Det(H) < 0, (a, b) é um ponto de sela de f(x, y);
•  Se Det(H) = 0, nada se pode afirmar (pode ser um ponto de máximo, mí-
nimo ou sela).

ATENÇÃO
Como D12 = D21 é comum ver o determinante da matriz Hessiana,
Det(H) = D11 · D22 – D12 D21, expresso de outras formas, equivalentes a apresentada

Det(H) = D11 · D22 – (D12)2


Ou
Det(H) = D11 · D22 – (D21)2

Nos pontos críticos, onde as primeiras derivadas se anulam e as segundas de-


rivadas são definidas, vale a decisão pelo Hesseano.
Observe que em nosso exemplo 3, se a função f(x, y) = 2 – x2 y + y3 x estivesse
sendo avaliada no ponto (0, 0) teríamos um ponto crítico, pois as suas derivadas
parciais de primeira ordem
∂ ∂
f ( x, y ) = −2 xy + y 3 e f ( x, y ) = − x 2 + 3 y 2 x
∂x ∂y

Nesse ponto são nulas, ou seja,


∂ ∂
f ( 0, 0 ) = 0 e f ( 0, 0 ) = 0
∂x ∂y

Qual a interpretação dessa função nesse ponto? É um ponto de máximo, mí-


nimo ou sela?
Para responder precisamos utilizar o teorema da matriz Hessiana

D D12   −2 y −2 x + 3 y 2  0 0 
H ( x, y ) =  11 =  ⇒ H ( 0,, 0 ) = 0 0 
D21 D22   −2 x + 3 y 2 6 xy   

capítulo 5 • 136
Como Det(H) = 0, nada se pode afirmar sobre o comportamento da função
nesse ponto.

ATENÇÃO
Quando Hesseano > 0 , o sinal de D11 é o mesmo que de D22.

EXEMPLO
•  Exemplo 4: No nosso exemplo de uma função de duas variáveis reais, x e y (que indicam
a posição), que modela um problema que relaciona a temperatura T(x, y) = 16x2 + 16y2 – 2x
+ 5y – 32 para cada ponto (x, y) (ver capítulo 3 na seção Derivadas Parciais de funções a
duas, três e a n variáveis) na parte interior do disco, constituído de um determinado material
metálico, no plano XoY dado por D[T(x, y)] = { (x, y) / x² + y² < 9 },

Solução:
Os pontos críticos são:

∂ ∂
f ( x, y ) = 32x − 2 e f ( x, y ) = 32y + 5
∂x ∂y
∂ ∂
f ( x, y ) = 32x − 2 = 0 e f ( x, y ) = 32y + 5 = 0
∂x ∂y
2 1 5
32x − 2 = 0 e 32y + 5 = 0 ⇒ x = = e y=−
32 16 32

 1 5 
Então, no ponto ( x, y ) =  , −  as derivadas parciais de primeira ordem são iguais a
 16 32 
zero. Dessa forma, esse é um ponto crítico dessa função.

O que podemos saber desse ponto, sem que precisemos fazer o esboço do gráfico?
Podemos utilizar o teste da derivada de segunda ordem para saber se esse ponto de-
termina um valor de mínimo, máximo ou sela (esperamos que não seja um daqueles pontos
em que não podemos determinar seu comportamento). Para isso, vamos determinar a matriz
Hessiana dessa função:
O primeiro passo será determinar as respectivas derivadas parciais até a ordem D22.

capítulo 5 • 137
  ∂2
  D11 = 2 f ( x, y ) = 32
 ∂ f ( x, y ) = 32x − 2  ∂x
 ∂x D = ∂ f ( x, y ) = 0
  12 ∂y∂x

f ( x, y ) = x + y − x + y − 
16 2 16 2 2 5 32
  ∂
∂  D21 = ∂x∂y f ( x, y ) = 0

 f ( x, y ) = 32y + 5 
 ∂y D = ∂ f ( x, y ) = 32
2

  22
∂y2

O segundo passo será determinar a matriz das derivadas.


Portanto, a matriz Hessiana será dada por:

D D12  32 0 
H ( x, y ) =  11 = 
D
 21 D22   0 32 

 1 5 
Por fim, vamos aplicar no ponto  , − 
 16 32 

 1 5  32 0 
H  ,−  =  
 16 32   0 32 

O Det(H) = 32 · 32 – 0 = 1024, como o Det(H) ≠ 0 podemos aplicar o teste da derivada


de segunda ordem. Portanto, sendo o Det(H) = 1024 > 0 e D11 (a, b) = 32 > 0, a função f(x, y)
 1 5 
tem um mínimo relativo em  , −  que está de acordo com a figura 5.9 apresentada
 16 32 
no capítulo 3.

Máximos e mínimos com restrições - Multiplicadores de Lagrange

Os exemplos 3 e 4 são casos em que não existem restrições. São problemas


chamados de extremos livres. Entretanto, existem problemas de extremos con-
dicionados, nos quais existe uma ou mais restrições. Muitas das vezes é possível
resolver as restrições impostas pelo problema, entretanto, noutras tantas, essa res-
trição pode não ser resolvida.
Em problemas em que aparecem restrições (as que podem ou não serem resol-
vidas), podemos utilizar um método denominado multiplicadores de Lagrange.

capítulo 5 • 138
EXEMPLO
•  Exemplo 5: Determine as dimensões relativas de uma caixa retangular, sem tampa,
tendo um volume específico, se queremos utilizar a quantidade mínima de material em
sua confecção.

Solução:
Em primeiro lugar, vamos definir as variáveis, as constantes e as funções de nos-
so problema.
As dimensões da caixa serão expressas por x,y e z, com:
x: comprimento da base
y: largura da base
z: altura da caixa
E o volume específico da caixa será expresso pela constante V, sendo que:

V=x·y·z

Considere, ainda, que S=área da base+área lateral defina a quantidade de material a ser
utilizado na construção da caixa

S = f(x, y, z) = x · y + 2 · x · z+2 · y · z

Agora, considere a função

g(x, y, z) = xyz – V

Queremos minimizar a função f(x, y, z) sujeita a restrição

g(x, y, z) = 0

O segundo passo é formar uma função F(x, y, z, λ) relacionando as funções f(x, y, z) e


g(x, y, z)

F(x, y, z, λ) = f(x, y, z) + λ · g(x, y, z)


F(x, y, z, λ) = x · y + 2 · x · z + 2 · y · z + λ · (xyz – V)

capítulo 5 • 139
Agora vamos encontrar os pontos críticos de F(x, y, z, λ). Para isso, em nosso terceiro
passo, vamos calcular as derivadas parciais Fx, Fy, Fz e Fλ, igualando-as a zero.

Note que calcular as derivadas parciais Fx, Fy, Fz e Fλ pode ser rescrito como, calcular o
gradiente de F, pois

∇F ( x, y, z, λ ) = Fx ,Fy ,Fz ,Fλ

 
Dessa forma, calculando ∇F ( x, y, z,λ ) = 0 , temos:

Fx = y + 2z + λ · yz = 0 (1)
Fy = x + 2z + λ · xz = 0 (2)
Fz = 2x + 2y + λxy = 0 (3)
Fλ = xyz – V = 0 (4)

Fazendo (2) – (1), temos:

x – y + λxz – λyz = 0 ⇒ x – y + λz · (x – y) = 0 ⇒ (x – y) · (1 + yz) = 0


 x − y = 0⇒ y = x

Se (x – y) · (1 + yz) = 0, então  ou
 1
1 + yz = 0 ⇒ λ = −
 z

Substituindo o valor de λ em (2), temos:

 1
x + 2z +  −  ⋅ xz = 0 ⇒ x + 2z − x = 0 ⇒ 2z = 0 ⇒ z = 0
 z

Esse é um valor impossível para z, pois por se tratar da altura da caixa, z ∈ ]0, +∞[.
Substituindo y = x em (3), temos:

2x + 2(x) + λx(x) = 0 ⇒ 4x + λx2 = 0 ⇒ x(4 + λx) = 0


 x = 0 ( descartar essa resposta )

Se x(4 + λx) = 0, então  ou
 4
 4 + λx = 0 ⇒ λ = −
 x

capítulo 5 • 140
4
Substituindo λ = − em (2), temos:
x
 4 x
x + 2z +  −  ⋅ xz = 0 ⇒ x + 2z − 4z = 0 ⇒ x − 2z = 0 ⇒ z =
 x 2

Já sabemos que as medidas da base são iguais, ou seja, y = x e que a medida da altura
x
da caixa é a metade da medida do lado da base, ou seja, z = . Substituindo esses valores
2
em (4), obtemos:

x x3
xyz − V = 0 ⇒ x ( x )   − V = 0 ⇒ = V ⇒ x = 3 2V
2 2

Portanto, as medidas que minimizam as medidas da caixa em função do valor do volume


1 3
são x = y = 3 2 V e z = ⋅ 2V .
2

Problemas envolvendo Máximos e Mínimos com restrições

EXEMPLO
•  Exemplo 6: Encontre o volume máximo que uma caixa retangular pode ter, sujeita a res-
trição de que a área da superfície é 10 m .

Solução:
Em primeiro lugar vamos definir as variáveis, as constantes e as funções de nos-
so problema.
As dimensões da caixa serão expressas por x,y e z, com:
x: comprimento da base
y: largura da base
z: altura da caixa

E o volume da caixa será expresso por:

V = f(x, y, z) = x · y · z

Considere, ainda, que S = 10 m2 defina a quantidade de material a ser utilizado na cons-


trução da caixa

capítulo 5 • 141
S = g(x, y, z) = 2 · x · y + 2 · x · z + 2 · y · z = 10

Agora, considere a função

g(x, y, z) = 2 · x · y + 2 · x · z + 2 · y · z –10

Queremos minimizar a função f(x, y, z) sujeita a restrição

g(x, y, z) = 10
2 · x · y + 2 · x · z + 2 · y · z – 10 = 0 ⇒ x · y + x · z + y · z = 5

Agora vamos calcular o gradiente das funções f(x, y, z) e g(x, y, z)

∇f(x, y, z) = <yz, xz, xy>


∇g(x, y, z) = <y + z,x + z,x + y>

Então devemos ter ∇f(x, y, z) = λ · ∇g(x, y, z) e x · y + x · z + y · z = 5

 yz
 =λ
y+z
 yz = λ ⋅ ( y + z ) 
  xz
 xz = λ ⋅ ( x + z )  =λ
 ⇒ x+z , comx ≠ 0, y ≠ 0 e z ≠ 0
 xy = λ ⋅ ( x + y )  xy
x ⋅ y + x ⋅ z + y ⋅ z = 5  =λ
 x+y
x ⋅ y + x ⋅ z + y ⋅ z = 5

Fazendo

yz xz y x
= ⇒ = ⇒ y ⋅ (x + z) = x ⋅ (y + z)
y+z x+z y+z x+z
xy + yz = xy + xz ⇒ yz = xz ⇒ x = y
xz xy z y
= ⇒ = ⇒ z ⋅ (x + y) = y ⋅ (x + z)
x+z x+y x+z x+y
xz + yz = xy + yz ⇒ xz = xy ⇒ y = z

capítulo 5 • 142
Portanto, temos x = y = z que substituindo em x · y + x · z + y · z = 5, nos dá

x·x+x·x+x·x=5
x2 + x2 + x2 = 5

5 5
3x2 = 5 ⇒ x2 = ⇒x=
3 3

Logo, a caixa (com tampa) com área da superfície é 10 m2 terá o formato de um cubo de
5
arestas medindo ⊕129
, m
3
O Volume será de:
3
 5 125
V =   = ≈ 2,15m3
 3  27

CURIOSIDADE
Suponha que M seja o valor máximo (ou mínimo) de f (x, y), sujeita à restrição g(x, y) = k
. O multiplicador de Lagrange λ é a taxa de variação de M em relação à k. Isto é:

dM
λ=
dk

Assim, λ é, aproximadamente, a variação em M resultante de um aumento de 1 unidade


em k.

ATIVIDADES
01. Seja f( x, y ) = x2 + y2 − 2x − 6 y + 14 , determine seu(s) extremo(s).

02. Localize todos os pontos máximos e mínimos relativos de sela da função f(x, y) = 3x2 +
2xy + y2.

03. Determine os valores extremais de f( x, y ) = y2 − x2 .

capítulo 5 • 143
04. Localize todos os pontos máximos e mínimos relativos de sela da função
f ( x, y ) = e − ( x ).
2 + y2 + 2 x

05. Determine os pontos de máximo e mínimo relativos e os pontos de sela da função f(x, y) =
x4 + y4 – 4xy + 1:

06. Quais as dimensões de uma caixa retangular sem tampa com volume 8 m3 e com a
menor área de superfície possível?

07. Determinar os pontos de máximos e mínimos da função

f (x, y,z) = x + y,

sujeita à restrição g(x, y, z) = x2 + y2 + z2 – 1.

08. Exercício 8: Determinar os pontos de máximos e mínimos da função

f (x, y, z) = x + y + z ,

sujeita à restrição g(x, y, z) = x2 + y2 = 2 e h(x, y, z) = x + z = 1.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Na Onda da Matemática. Playlist Cálculo II. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=D9BPlp2kJ2o&list=PLfryS2M1zbkb6EHeMT9BKvRusWAShRo1j>. Acesso em: 26 de maio
de 2018.
Pinto, Diomara e Morgado, M. Cândida Ferreira, Cálculo Diferencial e Integral de Funções de
Várias Variáveis, 2003, Editora UFRJ.
LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. Vol. 1, 2. ed. Harbra, São Paulo: 1994.
Stewart, James. Cálculo, Volume I e II/ James Stewart. – 5 ed. – Tradução Antonio Carlos Gilli
Martins. – São Paulo: Cengage Learning, 2008.
Máximos e mínimos de funções de várias variáveis. Disponível em: <http://www.pb.utfpr.edu.br/
daysebatistus/maximos_minimos_donizetti.pdf>. Acesso em: 09/07/2018.

capítulo 5 • 144
GABARITO
Capítulo 1

01.
 
Dom  r ( t )  = ]−3, 3[ , r (1) = 2 2 ,1

 t 2  2
v (t) = − ,− e v (1) =< − , −2 >
−t2 +9 t3 4

02.
  
lim r ( t ) = 1 , 2 , r ’ ( t ) = −sent, 2et e ∫r ( t ) dt = sen t, 2e t
t →0


r ( t ) é contínua em t = 0

03. Circunferência de raio 1 e sentido horário.

04.

 1
v ( t ) = cos t, −sent,
2
 1
v ( π ) = −1, 0,
2

 v (t) 5
T(t) =  = 2 ⋅ cos t, −2 ⋅ sent,1
v (t) 5
 5
T ( π) = −2, 01
,
5

a ( t ) = −sent, − cos t, 0

a ( π ) = 01, ,0

05. L = 2 ⋅ e ⋅ ( e3 − 1)

capítulo 5 • 145
Capítulo 2

01. O gabarito é o resultado de sua pesquisa e exploração do conteúdo apresentado.

Capítulo 3

01. Para a determinação do domínio, devemos considerar duas condições de existência


(ou restrições).

C · E · 1: x + y + 1 ≥ 0
C · E · 2: x – 1 ≠ 0

x + y +1
O resultado que determinará o domínio da função f ( x, y ) = será a interseção
x −1
dessas condições de existência, ou seja,

Dom[f(x, y)] = C · E · 1 ∩ C · E · 2
Dom[f(x, y)] = {(x, y) ∈ R2/ x + y + 1 ≥ 0 e x – 1 ≠ 0}

Que está representado na figura 5.3a.


Para fazer o esboço do gráfico, precisaremos utilizar:
•  Técnicas do traço da função (tentar visualizar o comportamento da função fixando o valor
de x e y, por exemplo: primeiro fazendo x = 0 e depois fazendo y = 0);
•  Curvas de nível e mapa de contorno;
•  Usando um software (solução adotada pelo autor e apresentada na 5.3b).

–4 –3 –2 –4 –1 0 1 2 3 4 5 6 7
–1

–2

–3

–4

–5

a) Região do domínio da função b) Gráfico da função utilizando o Geogebra.


x + y +1
Figura 5.3  –  Domínio e imagem da função f ( x, y ) = .
x −1

capítulo 5 • 146
02. Em primeiro lugar, observe que z ≥ 0, pois mesmo que x e y sejam ambos negativos, ao
elevar ao quadrado o resultado será positivo.
Dessa forma,

f(x, y) = 4x2 + y2 ≥ 0, então Im[f(x, y)] = {(x, y, z)/z ≥ 0}

Que pode ser observado na figura 5.4a.


Dessa forma, precisaremos utilizar k ≥ 0, para determinar as curvas de nível.
Divida o problema em duas condições:
•  k = 0, devemos fazer f(x, y) = 0
É fácil observar que a única condição para solução dessa equação é fazer x = y = 0, ou
seja, a solução é o ponto (0, 0, 0) no espaço, que corresponde ao ponto (0, 0) no plano.
•  k > 0, devemos fazer f(x, y) = k
Portanto,

4 x2 y2 x2 y2
4 x2 + y2 = k ⇒ + = 1⇒ + =1
k k k k
4

Que é uma elipse de eixo menor em x. Para esse exercício utilizei os valores k = 4, k = 3,
k = 2 e k = 1.
O gráfico correspondente está representado na Fig. 21b.

0
–3 –2 –1 0 1 2

–1

–2

a) Gráfico da função f(x, y) = 4x2 + y2 b) Mapa de Contorno.

Figura 5.4  –  Função - usando o Geogebra.

capítulo 5 • 147
03.
a) Considere os pontos (x0, y0) ∈ R2 tais que x02 + y02 ≠ 1
Se x02 + y02 < 1,

lim f ( x, y ) = x20 + y20 = f ( x0 , y 0 )


( x , y ) → ( x0 , y0 )

Se x02 + y02 > 1,

lim f ( x, y ) = 0 = f ( x 0 , y 0 )
( x , y ) → ( x0 , y0 )

Logo, f é contínua nos pontos (x0, y0) ∈ R2 tais que x02 + y02 ≠ 1.
Agora vamos considerar os pontos (x0, y0) ∈ R2 tais que x02 + y02 = 1

lim f ( x, y ) = lim f ( x, y ) = x20 + y20 = f ( x0 , y 0 ) e


( x , y ) → ( x0 , y0 ) ( x , y ) → ( x0 , y0 )
( x2 + y 2 < 1 )

lim f ( x, y ) = lim 0=0


( x , y ) → ( x0 , y0 ) ( x , y ) → ( x0 , y0 )
( x2 + y 2 > 1 )

Como os limites obtidos são diferentes, concluímos que lim f ( x, y ) não existe e,
( x , y ) → ( x0 , y0 )
portanto, a função f não é contínua nos pontos (x0, y0) ∈ R2 tais que x02 + y02 = 1.

04.
a) z = 3xy – x2 y2 + 2x3 y2

z = f(x, y)
fx = 3y – 2xy + 6x2 y2 e fy = 3x – 2x2 y + 4x3 y
2

b) z = sen (4x – 2y)

z = f(x, y)

Aplicando a regra da cadeia

∂ ∂
fx = cos ( 4x − 2y ) ⋅ (4x − 2y ) e fy = cos (4x − 2y ) ⋅ (4x − 2y )
∂x ∂y
fx = 4 ⋅ cos ( 4xx − 2y ) e fy = −2 ⋅ cos ( 4x − 2y )

capítulo 5 • 148
c) f(x, y, z) = x3 y + y2 z3 + z4

w = f(x, y, z)
f1 = 3x2 y, f2 = x3 – 2yz3 e f3 = 3y2 z + 4z3

Obs.: É importante que você busque, nas referências bibliográficas, outros exercícios
como os apresentados nessa obra. Essa busca poderá ser feita também em outras fontes,
pois as nossas referências são um indicativo de estudo, mas não esgotam todo o conteúdo.

Capítulo 4

01. Vamos aos poucos. Calcule as derivadas parciais:

∂u x ∂u y
= e =
∂x x2 + y2 ∂y x2 + y2
∂x ∂x ∂y ∂y
= es , = r ⋅ es , = e−s e = −r ⋅ e − s
∂r ∂s ∂r ∂s

Agora vamos calcular as respectivas derivadas parciais.

∂u ∂u ∂x ∂u ∂y x y
= ⋅ + ⋅ = ⋅ es + 2 ⋅ e−s
∂r ∂x ∂r ∂y ∂r x2 + y2 x + y2
∂u x ⋅ es + y ⋅ e − s
= e
∂r x2 + y2
∂u ∂u ∂x ∂u ∂y x y
= ⋅ + ⋅ = ⋅ res + 2 ⋅ ( −r ⋅ e − s )
∂s ∂x ∂s ∂y ∂s x2 + y2 x + y2
∂u r ⋅ ( x ⋅ es − y ⋅ e − s )
=
∂s x2 + y2

du
02. Aplique a regra da cadeia para calcular , sabendo que:
dt
u ( x, y ) = x2 + y ( x − 1) , x ( t ) = cos t e y ( t ) = sent
du ∂ dx ∂ dy du ∂ 2 dx ∂ dy
= (u ) ⋅ + (u ) ⋅ ⇒ =  x + y ( x − 1)  ⋅ +  x2 + y ( x − 1)  ⋅
dt ∂x dt ∂y dt dt ∂x  dt ∂y dt

Sabendo que,

∂ 2 ∂ 2 dx dy
 x + y ( x − 1)  = 2x + y,  x + y ( x − 1)  = x − 1, = −sent e = cos t
∂x  ∂y  dt dt

capítulo 5 • 149
Então,

du
= ( 2x + y ) ⋅ ( −sent ) + ( x − 1) ⋅ cos t
dt
du
= −2 ⋅ x ⋅ sent − y ⋅ sent + x ⋅ co os t − cos t
dt
du
= x ⋅ ( cos t − 2 ⋅ sent ) − y ⋅ sent − cos t
dt

Substituindo as expressões de x e y, em função de t, temos:

du
= cos t ⋅ ( cos t − 2 ⋅ sent ) − sent ⋅ sent − cos t
dt

E, finalmente,

du
( t ) = cos t ⋅ ( cos t − 2 ⋅ sent ) − 1 − sen2t
dt

π
Para t = , temos:
2
du  π   π   π  π   2 π
  = cos   ⋅  cos   − 2.sen    − 1 − sen  
dt  2   2   2  2   2
du  π   π  π   du  π 
  = 0 ⋅  cos   − 2 ⋅ sen    − 1 − (1) ∴
2
  = −1
dt  2   2
  2
   dt  2 

03. Encontre a equação do plano tangente ao paraboloide elíptico 4x2 + y2 – 16z = 0 no


ponto (2, 4, 2).
A equação do plano tangente é dada por:

fx (x0, y0, z0) · (x – x0) + fy (x0, y0, z0) · (y – y0) + fz (x0, y0, z0) · (z – z0) = 0

Podendo ser escrita na forma vetorial como:

∇f(x0, y0, z0) · (x – x0), (y – y0), (z – z0) = 0

capítulo 5 • 150
A equação simétrica da reta normal é dada por:

x − x0 y − y0 z − z0
= =
fx ( x0 , y 0 , z0 ) fy ( x0 , y 0 , z0 ) fz ( x0 , y 0 , z0 )

Dessa forma, basta encontrar as respectivas derivadas parciais e aplicar no ponto (2,4,2).

f(x, y, z) = 4x2 + y2 – 16z


fx (x, y, z) = 8x, fy (x, y, z) = 2y e fz (x, y, z) = –16

Que aplicados no ponto (2, 4, 2), nos dá:

fx (2, 4, 2) = 16, fy (2, 4, 2) = 8 e fz (2, 4, 2)= –16

Então as equações do plano tangente (α) e da reta normal (n) são:

α: 16 · (x – 2) + 8 · (y – 4) – 16 · (z – 2) = 0 ∴ 2 · (x – 2) + 1 · (y – 4) – 2· (z – 2) = 0

x −2 y −4 z −2
n : = =
2 1 −2

Obs.: As equações podem ser representadas de outras formas. A critério do leitor, a


atividade de reescrever essas equações fica a título de exercício extra.
Segue, na figura 5.5, um esboço gráfico dos resultados desse exercício, como ilustração.

Figura 5.5  –  Gráfico do paraboloide elíptico 4x2 + y2 – 16z = 0, com plano tangente e reta
normal no ponto (2, 4, 2).

capítulo 5 • 151
04. Considere a função f(x, y) = x³y²
  
a) Determine a expressão da derivada direcional de f na direção do vetor v = 4 i − 3 j ;

 v 4 3
∇f ( x, y ) = 3x2 y, 2x3 y e u =  = ,−
v 5 5
6 2
Duf ( x, y ) = x y( 2 y − x
5

b) Determine o valor dessa Derivada Direcional no ponto P0 (–1, 2).

6
Duf ( −12
, )= ( −1)2 ⋅ 2 ⋅ (2 ⋅ 2 − ( −1) ) = 12 ∴ Duf ( −12
, ) = 12
5

05. Vamos primeiro fazer as considerações sobre as variáveis.


t: tempo em segundos, a partir do momento em que o gás começou a crescer;
T: temperatura em graus, no instante t;
P: pressão em dinas por centímetros quadrados, no instante t;
V: volume do gás em centímetro cúbicos, no instante t.

Dina, a unidade de força no sistema cgs. A dina é a força que comunica à massa de um
grama a aceleração de um centímetro por segundo, por segundo

1 dina = 1 g · cm/s2 = 10–3 kg 10–2 m/s2 = 10–5 N.

Disponível em: <http://efisica.if.usp.br/mecanica/basico/forcas/unidades/>.

PV
PV = k ⋅ T ⇒ PV = 10 ⋅ T ⇒ T =
10

Conforme consta no enunciado da questão, num dado instante, temos:

dP dV
P = 8, V = 120, = −0,1 e =2
dt dt

du
Como queremos encontrar a taxa de variação da temperatura, queremos encontrar .
dt
dT ∂T dP ∂T dV
= ⋅ + ⋅
dt ∂P dt ∂V dt
dT V ∂ dP P ∂ dV
= ⋅ (P ) ⋅ + ⋅ ( V ) ⋅
dt 10 ∂P dt 10 ∂V dt
dT V dP P dV
= ⋅1⋅ + ⋅1⋅
dt 10 dt 10 dt
dT V dP P dV
= ⋅ + ⋅
dt 10 dt 10 dt
dT 1200 8 dT
= ⋅ ( −0,1) + ⋅2 ∴ = 0, 4
dt 10 capítulo 105
• 152
dt
dT ∂T dP ∂T dV
= ⋅ + ⋅
dt ∂P dt ∂V dt
dT V ∂ dP P ∂ dV
= ⋅ (P ) ⋅ + ⋅ ( V ) ⋅
dt 10 ∂P dt 10 ∂V dt
dT V dP P dV
= ⋅1⋅ + ⋅1⋅
dt 10 dt 10 dt
dT V dP P dV
= ⋅ + ⋅
dt 10 dt 10 dt
dT 1200 8 dT
= ⋅ ( −0,1) + ⋅2 ∴ = 0, 4
dt 10 10 dt

Conclusão: A temperatura cresce à taxa de 0,4 oC por segundo no dado instante.

Obs.: É importante que você busque, nas referências bibliográficas, outros exercícios
como os apresentados nessa obra. Essa busca poderá ser feita também em outras fontes,
pois as nossas referências são um indicativo de estudo, mas não esgotam todo o conteúdo.

Capítulo 5

01. O ponto P(1, 3, 4) é um ponto de mínimo relativo.

02. O ponto P(0, 0, 0) é um ponto de mínimo relativo.

03. O ponto P(0, 0, 0) é um ponto de sela.

04. O ponto P(–1, 0, e) é um ponto de máximo relativo.

05. Os pontos críticos são: (0, 0) que é um ponto de sela; (1, 1) e (–1, –1) que são pontos
de mínimos relativos.

8
06. y = x = 23 2 ≈ 2, 52m e z = ≈ 126
,
xy
 2 2 
07. O ponto de máximo será dado por PmÆx =  , , 0  e o ponto de mínimo será dado
 2 2 
 2 2 
por Pm n =  − , − , 0 .
 2 2 
 

( )
08. O ponto de máximo será dado por PmÆx = 0, 2 ,1 e o ponto de mínimo será dado por
( )
Pm n = 0, − 2 ,1 .

capítulo 5 • 153
ANOTAÇÕES

capítulo 5 • 154
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capítulo 5 • 158

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