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Seguindo a missão da aeronave de decolar em espaço mínimo, com máximo de carga possível,
realizar uma volta de percurso e pousar no mesmo sentido da decolagem com condições para realizar
outro voo dispensando reparos, o projeto foi desenvolvido analisando a fase mais crítica, a condição
de decolagem.
As condições de projeto foram baseadas no local de São José dos Campos, onde serão realizadas
as principais missões da aeronave.
2 AERODINÂMICA 2D
2.1. SELEÇÃO DO PERFIL AERODINÂMICO DA ASA
Os critérios para escolha foram relativos à capacidade do perfil de gerar maior sustentação
possível com menor arrasto, analisando:
● Maior Clmáx ;
● Mínimo Cdmín ;
● Máximo αestol
De acordo com esses parâmetros, estudos e ensaios de voo dos outros anos, os perfis UFSCar
15, UFSCar 21, UFSCar DB-3, UFSCar DB-4 e CH10 foram escolhidos para análise.
Os perfis UFSCarDB foram projetados pela equipe a partir de combinações dos perfis Selig
1223 e Eppler 423 no software Profili 2.30, variando parâmetros geométricos.
Utilizou-se o software XFLR5 para obtenção do parâmetros para comparação dos perfis utilizando
Reynolds referente a condição de estol.
Tabela 1 : Características aerodinâmica dos perfis
Utilizando a metodologia TOPSIS (Technique for Order Preference by Similarity to Ideal Solution),
foram considerados e ponderados os critérios para análise de acordo com a missão da aeronave.
Priorizou-se utilizar um perfil com baixa relação t/c para menor arrasto e alto valor de Clα, com
experiência em anos anteriores a equipe selecionou o NACA 0012, com Clα= 0,105.
Figura 7: Clxα estabilizador vertical
3 CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS
● AR>4, pois altas razões de aspecto são desejáveis para maiores valores de CLα e CLmáx;
● 0,5 < λ < 1 para que a progressão de stall ocorra da raiz para a ponta da asa;
A geometria do projeto em questão foi obtida através do método de otmização adotado pela equipe
(MDO), que a partir dos dados dos perfis selecionados indicou a geometria das superfícies da aeronave.
Obteve-se uma geometria para asa eficiente, pois se aproxima da elíptica, e sua área foi limitada
devido a distância máxima que o estabilizador vertical deveria ficar em relação a asa.
A figura 8 apresenta a interface e os principais dados obtidos pelo método de otimização adotado.
Utilizou-se o método proposto por BARROS (2001), no qual o estol inicia-se na posição de
maior distância entre a corda de uma elipse de mesma área e envergadura e a corda da asa estudada.
Conforme a figura 9, o estol deve ter início mais próximo da raiz indicada com um “x” do que da ponta
da asa.
Devido a faixa de velocidade que a aeronave atua, a equipe considerou que o projeto de flaps
e dispositivo de ponta de asa não seriam efetivos para tal aplicação.
5 COEFICIENTES AERODINÂMICOS
Para simulação de elementos 3D, utilizou-se o software XFLR5, método dos painéis 3D, pois
considera a espessura da superfície e calcula distribuição do Cp no extradorso e intradorso da asa
obtendo uma análise abrangente.
5.1SUSTENTAÇÃO
5.1.1- CLmáx , CLalpha e alpha estol
Utilizando o método 1 do USAF DATCOM (HOAK, 1965) com o XFLR5 para obtenção ao longo da
envergadura, tal método consiste em 4 passos: determinar o C lmáx do perfil, obter o gráfico da
distribuição normalizada de CL ao longo da envergadura da asa (2y/b variando de 0 a 1), determinar do
ângulo de ataque no qual o Cl local=Clmáx (perfil) e calcular o CLwmáx por meio da integração ao longo da
envergadura.
Como critério de seleção de número mínimo de painéis para simulação no XFLR5, foi comparado
ponto a ponto com a simulação e definiu-se que a variação dos pontos não poderia ser superior a 1%,
sendo o número mais adequado de 8100 painéis.
Tabela 5 : Análise de convergência
Número de painéis Δ
2130 -
3880 5%
4830 5%
5950 0,56%
7672 0,45
8100 0,42
Os painéis foram dispostos de modo que nos pontos de mudança geometria obtivesse maior
número de painéis evitando erros de simulação.
Figura 14: Disposição dos painéis
Sendo αestol=21 º, não sendo desconsiderado pois diferencia muito do estol do perfil.
Para determinar CLMAX, foi utilizado a equação (1) (GUDMUNDSSON, 2014), realizando a integral ao
longo das seções da asa.
(1)
Sendo Cl(η) o coeficiente de sustentação em cada seção da asa e C(η) corda da determinada
seção, que para a obtenções desses valores as curvas foram interpoladas por um polinômio de 6º
grau, obtendo maior R² e CLWmáx= 1,936.
+
Figura 17 Interpolação das curvas de Cl(η) e C(η)
O software também forneceu a curva CLw x α, para obtenção do CLwalpha (figura 5):
Figura 5: Curva CLw x α
Foi utilizada a equação (3) para determinar a correção do afilamento (C1) para avaliar se a
razão de aspecto da asa se enquadra na definição de alto alongamento do DATCOM:
Equação 3
Em seguida, foi calculado o valor mínimo de AR para que o método possa ser utilizado,
equação (4):
Equação 4
Foi obtido então o parâmetro do bordo de ataque (Δy), que é calculado em função da
espessura de acordo com a série do perfil. Os dois próximos passos consistem na determinação da
máxima razão de sustentação (CLmáx/Clmáx) e do fator de correção do número de Mach (ΔCLmáx),
obtidos por meio de gráficos apresentados pela referência.
O próximo passo é a determinação do ângulo de ataque para CL=0, o αZL, considerando αZL = -
13º. A correção do valor do ângulo de estol também foi feita baseada em um gráfico apresentado pela
referência, considerado Δαestol=0°.
Para os valores de Clalpha e CLmáx, foi utilizado o método computacional e para o valor de
alpha estol, foi utilizado o método não computacional, por serem valores mais conservadores e
coerentes.
𝑆𝑅=𝑆−𝐶𝑟𝑤𝑓𝑢𝑠
Equação 4
Equação 5
Equação 6
CLα AR dε ε0 CL0
dα
0,067 4,84 0,5066 5,95 0,792
O ângulo de downwash para ângulo de ataque nulo da aeronave foi obtido pela
equação 9.
Equação 9
A derivada da região linear da curva de CLxα, foi definida pela equação 10.
Equação 10
O ângulo de ataque para sustentação nula da aeronave, foi obtido pela equação 11.
Equação 11
A faixa linear dos ângulos de ataque da curva de CLxα, dada pela equação 12.
Equação 12
Equação 13
Equação 14
Parâmetros Valores
CL0 0,794
α0L [°] -12,3
ηh 0,9
ε0h [°] 1,3
dε/dα 0,53077
CLα [1/º] 0,06443
αA* [°] 12,98
CLmáx 1,735
αCLmáx [°] 19,44
O termo CLih refere-se á incidência do estabilizador horizontal, dado pela equação 16 e CLδe ao
ângulo de deflexão do profundor dado pela equação 17.
Equação 16
Equação 17
O αδe é dado pela equação 18 e contem vários termos que foram obtidos de outras
equações e figuras apresentadas em Roskam (1985) e não foram repetidas.
Equação 18
Kb 1,0
(αδ)CL/ (αδ)Cl 1,15
CLih [1/rad] 2,59
(Clα)theory [1/rad] 6,79
Clδ/(Clδ)theory 0,55
(Clδ)theory [1/rad] 5,75
ih [rad] -0,07
5.2 ARRASTO
Foi utilizado o método proposto por Roskan(1985), para o cálculo dos principais componentes
do coeficiente aerodinâmico da aeronave, que pode ser obtido por meio da equação
Equação 19
O valor total do coeficiente de arrasto foi dividido em seus principais componentes sendo o
valor total o resultado da soma dos seguintes componentes descritos a seguir:
Sendo 𝐶𝐷0𝑤 o coeficiente de arrasto para CL=0 da aeronave completa e 𝐶𝐷𝐿𝑤 é o arrasto devido
a sustentação (arrasto induzido), é dado pela equação 21.
Equação 21
Os termos v e w não foram calculados, pois são multiplicados pelo ângulo de torção da asa εt,
que possui valor nulo. Para o coeficiente de Oswald(e), utilizou-se o trabalho realizado por
Nita(2012), considerando a influencia da fuselagem e arrasto para CL=0, apresentado pelas
equações 22, 23 e 24.
Equação 22
Equação 23
Para o termo f(λ), realizou-se uma interpolação de quarta ordem que descreve a curva f(λ)xλ com
precisão.
Equação 24
Parâmetro Valor
f(λ) para λ=0,44 0,0021
AR 4,84
etheo 0,9895
ke,F 0,9887
ke,D0 0,804
ke,M 1,0000
Fator de eficiência 0,7867
de Oswald - e
A figura 10 representa as componentes de arrasto da asa, obtendo o CDv e a curva CDxalpha
apresenta-se na figura11.
Figura 10: Componentes de arrasto da asa
Coeficiente Valor
CD0w 0,098
k 0,0005
k’ 0,0056
Equação 26
𝐶𝐷0𝑓𝑢𝑠 é encontrado pela equação 27, em que leva em consideração as dimensões da fuselagem,
o fator de interferência asa-fuselagem (Rwf), o coeficiente de atrito de placa plana lisa (Cffus), a área
molhada e o coeficiente de arrasto de base da fuselagem (CDbfus).
Equação 27
Dados de entrada constantes e principais resultados obtidos constam na tabela 9 e figura 12.
Tabela 13
Parâmetros Valores
Rwf 1,05
Cffus 0,0034
Swetfus 0,526
lf/df 6
n 0,9
cdc 1,3
CD0fus 0,0061
Figura 12: Arrasto por α da fuselagem
Além de ser realizado os ensaios no túnel de vento, foi utilizado também método teórico, que é feita a
soma dos coeficientes de todas superfícies (vertical e horizontal), como desenvolvido para a asa,
Roskan (1985), como determinado pela equação 29 utilizou-se também XFLR5 para obter o CDv da
empenagem horizontal
Equação 29
Os valores para obtenção doa eficiência de Oswald e do coeficiente de arrasto induzido, estão na
tabela 10.
Parâmetro Valor
f(λ) para λ=1 0,0096
AR 2
etheo 0,9811
ke,F 0,9632
ke,D0 0,804
ke,M 1,0
Fator de eficiência 0,759
de Oswald - e
Foi calculado o ângulo de downwash sobre a empenagem horizontal (𝛼ℎ), obtendo 𝛼ℎ pela equação
30. (ROSKAN, 1985)
Equação 30
Coeficiente Valor
CD0h 0,0051
kh 0,2786
kh’ 0,0037
CD0v 0,0051
Devido a simetria da empenagem vertical, foi considerado apenas CD0v=0,02, obtido nos ensaios
experimentais. Figura 14.
Figura14: CDv x alpha experimental
Considerando a área de asa como referência, a equação 29, pode ser escrita pela equação 32 e o
gráfico apresentado na figura 15. Foi utilizado os resultados experimentais do estabilizador horizontal
somados com CD0v, para fins de comparação e os resultados finais apresentados na figura 15.
Equação 32
Figura 15 : CDemp x alpha
Para o calculo de incremento de arrasto do perfil, utilizou-se o XFLR5, além de considerar a área
do profundor e de referência, equação 35.
Equação 35
A função de quarto grau da figura 16, foi utilizada para obter o incremento do coeficiente em
função do ângulo de ataque da aeronave, figura 18.
ΔCDs 0,0028
Cf 0,0008
t/c 0,035
Por fim, foi obtida a polar de arrasto da aeronave completa compensada, figura 18 e a variação de
valores (CL/CD)xα foi apresentada na figura 19.
Figura 18: Polar de arrasto da aeronave completa compensada para condição de cruzeiro
Figura 19 : Máxima eficiência aerodinâmica da aeronave em função do ângulo de ataque
5 . MOMENTO
(28)
(29)
A posição de referência ( X ref ) para o cálculo do momento da asa foi a mesma do cálculo do
momento do perfil ( X ref =0 e X ac=0 ,25 c ) .
Tabela 16: Dados para o cálculo de C M
C m0w d Cm C Lmáx c r [m]
c ma [m]
d CL
1. BIBLIOGRAFIA
ABBOT, I. H.; Von Doenhoff, A. E.; Theory of Wing Sections. New York: Dover Publications,
1949.
ANDERSON Jr., J. D.; Fundamentals of Aerodynamics. New York: Mc-Grall-Hill Inc, 1991.
GUDMUNDSSON S.; General Aviation Aircraft Design: Applied Methods and Procedures. 1ª Ed.
Waltham, MA: Elsevier Inc. 2014.
HOAK, D. E.; USAF Stability and Control DATCOM. Flight Control Division, Air Force Flight
Dynamics Laboratory, 1978.
HOERNER, S. F.; Fluid Dynamics Drag. Estados Unidos da América: Publicado pelo autor, 1965.
ROSKAM, J. Airplane Design. Ottawa: Roskam Aviation and Engineering Corporation, 1985.