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Resumo
Introdução
1.1 Engrenagens
Através das relações de marcha, define-se os fatores de utilização em que o veículo está
inserido, conforme demonstrada na tabela 3.
Tabela 3 - Fatores de torque e de utilização por marcha
Marcha Fator de torque Fator de utilização
1 0,55 0,15
2 0,70 0,20
3 0,65 0,20
4 0,60 0,25
5 0,60 0,20
Fonte: Autor.
1.2 Eixo
O primeiro passo para o dimensionamento do eixo é calcular o diâmetro de pré-projeto,
estabelecendo valor de rigidez torcional de acordo com a condição de trabalho em que o eixo
estará submetido, este valor será uma referêcia para o projeto dos demais elementos que irão
compor o eixo. A seguir a tabela 6 demonstra o valor de pré-projeto para o eixo em questão.
Como o objetivo do trabalho está na avaliação dos concentradores de tensão, sendo eles
os pontos críticos do projeto, a figura 3 apresenta o croqui específicos dessa geometria, como
também os tipos e raios de adoçamento.
A distância entre os apoios é de 334 mm, sendo esta utilizada no modelo teórico e no
modelo de elementos finitos. Ressalta-se que o eixo primário possui comprimento total acima
do valor entre os rolamentos 1 e 2, pois é nele que deverá ocorrer também a fixação do disco
de embreagem e consequente apoio no interior do volante do motor. É razoável, tendo em vista
as forças envolvidas em cada seção, desconsiderar esta parte do eixo.
A geometria utilizada para a análise por elementos finitos é mostrada pela figura 4.
Figura 4 - Eixo modelo de elementos finitos
Fonte: Autor.
𝑀𝑇 = √𝑀𝐻 2 + 𝑀𝑉 2
Sendo:
MT: Momento fletor total
MH: Momento fletor no plano horizontal
MV: Momento fletor no plano vertical
Uma ferramenta útil para avaliar a qualidade da malha do modelo, é através do gráfico
dos elementos apresentado no gráfico 2.
Observa-se claramente que os valores obtidos por elementos finitos está fiel ao modelo
matemático de equilíbrio de forças como também valida a condição de contorno utilizadas.
3.2 Tensão torcional
No modelo para validação torcional, foi imposto ao eixo o torque máximo do motor
(180 N.m), obtendo-se assim as tensões de VonMisses nos adoçamentos e no eixo ranhurado
conforme demonstrada na tabela 11.
Diante do exposto pode-se observar uma correlação satisfatória entre os valores teóricos
e os obtidos pelo software, sendo que o maior erro encontrado está localizado no adoçamento
do rolamento 1, devido à influencia na proximidade geométrica do apoio 1, ou seja, houve,
devido a condição de contorno, um pequeno acréscimo na rigidez desta área do modelo.
No que tange a avaliação das tensões axiais, tendo em vista sua influência no projeto,
na média de 2,3 MPa, os mesmos não terão efeitos significativos, sendo assim descartados das
análises posteriores.
Conforme visto no item 1.4, a ação dos momentos nos eixos horizontais e verticais são
combinadas e suas tensões são calculadas pelo método de flexão pura no estado plano
de tensões, ou seja elementos 2D. Vale ressaltar que para este método a tensão máxima
principal e a de VonMisses são iguais pois não há influencia do cisalhamento.
Tabela 14 - Comparação entre as tensões máxima principal de flexão teóricas e por elementos finitos
Tensão Máx. Principal
Erro
Concentradores de tensão (MPa)
Teórico Software MPa %
Adoçam. - Rolamento 1 7,900 10,458 -2,558 -32,374
Adoçam. 1 - Marcha-a-ré 14,171 11,503 2,668 18,827
Adoçam. 2 - Marcha-a-ré 28,972 25,357 3,615 12,477
Adoçam. 1 - 1° Marcha 53,115 57,487 -4,372 -8,231
Adoçam. 2 - 1° Marcha 61,255 66,226 -4,971 -8,115
Adoçam. 1 - 2° Marcha 56,855 51,226 5,629 9,901
Adoçam. 2 - 2° Marcha 55,259 52,368 2,891 5,232
Adoçam. 1 - Sincronizador 3°/4° 54,245 50,528 3,717 6,852
Eixo Ranhurado sinc. 3°/4° 21,304 16,268 5,036 23,638
Adoçam. 2 - Sincronizador 3°/4° 43,022 39,927 3,095 7,194
Adoçam. 1 - Sincronizador 5° 15,333 12,827 2,506 16,341
Eixo ranhurado sinc. 5° 4,916 3,170 1,746 35,520
Adoçam. 2 - Sinc. 5° / rol 2 6,147 3,921 2,226 36,213
Fonte: Autor.
Diante dos resultados obtidos, pode-se verificar que os valores de tensão máxima
principal possui um erro global médio de 9,50 % ou 1,63 Mpa, já utilizando VonMisses o erro
global médio representa 15,60% ou 4,05 MPa.
Para melhor visualização, efetua-se o circulo de Mohr no adoçamento 2 da 2° marcha
como mostra a figura 6.
4 Fadiga
Antes de iniciar a análise por fadiga deve-se estabelecer a vida requerida do projeto.
Para veículos de passeio o valor definido foi de 100.00 kilômetros o que representa - levando
em consideração os fatores de utilização e as relações de transmissão - uma vida de 3,2 x 108
ciclos para o eixo primário.
Definida a vida requerida, os valores de tensão de ruptura e de escoamento do material,
definidas no item 1 deste artigo, obtêm-se o valor limite de fadiga real (SNreal) por meio da
multiplicação dos fatores de correção como mostra a tabela 15.
Comparando a vida requerida para o eixo primário e do teste do material, conclui-se que
o projeto deve estar na região de vida infinita, ou seja, nenhuma das tensões devem estar acima
de 102,14 MPa.
Para o cálculo teórico quanto por elementos finitos, foi atribuído para o fator de
concentração dinâmico (Kf) o valor de 0,7586 para a 1° e 2° marcha e 0,549 para as demais,
esta última devido à aplicação de torque no eixo ranhurado. Estes valores terão efeito somente
para a tensão de flexão alternada.
Ao contrário do item 3 no qual se fez necessário avaliar todos os pontos críticos, na
avaliação por fadiga concentrar-se-á na região onde ocorrerá a falha. A tabela 16 e 17 demonstra
para a região crítica de cada marcha, sua respectiva tensão constante e alternada.
A tensão utilizada nas marchas 1 e 2 foram as máximas principais, pois na região crítica
a tensão torcional não se apresenta e o efeito discutido no item 3.4 é contornado. Já nas marchas
3, 4 e 5 a influência da tensão torcional se torna evidente na região crítica, sendo assim
necessária a consideração sas tensões de VonMisses, no qual adiciona o critério de falha
estática.
4.2 Biaxialidade
Na análise do eixo a tensão torcional varia a cada marcha engatada, assim, seu fluxo se
origina das engrenagem - no caso das marchas 1 e 2 - e no eixo ranhurado - marchas 3, 4 e 5 -
até o motor representada pelo apoio 1.
Pode-se avaliar qualitativamente o estado de tensão em que o modelo está sendo
submetido através da ferramenta biaxiality indication no qual reproduz graficamente as áreas
por meio de fatores de biaxialidade. O fator -1 representa o cisalhamento puro, o valor 0 indica
o estado uniaxial e o valor +1 para estado biaxial de tensão. Os indicadores de cada marcha são
demonstrados na figura 8.
Marcha 1 Marcha 2
Marcha 3 Marcha 4
Marcha 5
Figura 8 - Indicador de biaxialidade em cada marcha
Fonte: Autor.
𝜎𝑎 𝜎𝑚 1
+ =
𝑆𝑛 𝜎𝑟 𝑛𝑔
Sendo:
σa : tensão alternada
Sn : limite de resistência a fadiga
σm : tensão média
σr : tensão de ruptura do material
ng : coeficiente de segurança de Goodman
Os erro percentual ficou abaixo de 7%, destaca-se porém o erro de 16,1% aplicado a
marcha 2, devido aos efeitos de biaxialidade na região. Neste caso porém, não se observa falha
no processo de cálculo por elementos finitos mas sim no dimensionamento do eixo.
Pode-se visualizar que entre as rodas dentadas 1 e 2 é necessária a aplicação de um eixo
cônico para que a variação de inércia e do fluxo de tensão sejam suavizados, conforme
demonstrado na região em destaque da figura 9.
Considerações Finais
Visto que na indústria tem-se a preocupação em reduzir custos, alguns itens do projeto
podem ser modificados, como por exemplo a utilização em todos os eixos do sistema
transmissão, rolamentos cônicos de rolos, simplificando o fornecimento e a padronização de
componentes.
Este artigo abordou o projeto do eixo em um único ciclo de dimensionamento, mantendo
uma postura conservadora diante a determinação de coeficientes, condições de uso, processos
industriais e normalização de componentes, garantindo assim a sua aplicabilidade.
Através da ferramenta computacional, criou-se as condições para entender o processo
de solução por elementos finitos, o papel do refinamento de malha e a importância das
condições de contorno para a reprodução de modo eficiente, os efeitos físicos envolvidos.
O grande diferencial do método de elementos finitos está na obtenção das tensões em
todo o modelo, ao passo que no cálculo teórico se faz necessária a aplicação de tabelas,
interpolações e fórmulas para encontrar os fatores de concentração de tensão uma região por
vez.
Conclui-se que o método de elementos finitos se apresentou como uma ferramenta
confiável e muito precisa na obtenção de resultados, principalmente no que se refere às tensões,
destaca-se também a variedade de ferramentas disponibilizadas para visualização e análise de
resultados, o que facilita o entendimento fisico do problema.
Devemos ter sempre em mente que a eficácia dos resultados está inteiramente ligada ao
conhecimento do engenheiro e do projetista dos calculos analíticos e do método de elemetos
finitos. De nada irá adiantar dispor de ferramentas com alto grau tecnológico se não conhecer
os conceitos fundamentais por detrás dela.
Referências
Bibliografia Consultada