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CURSO DE TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS 1

Módulo V

Aula 01 – Bombas

Profº José Aparecido de Almeida


CURSO DE TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS 2

SUMÁRIO:

1. Bombas
2. Classificação
3. Bombas Centrífugas
3.1. Funcionamento

4. Bombas Volumétricas ou Deslocamento Positivo


4.1. Bombas Alternativas
4.2. Bombas rotativas.
5. Selagem da Bomba
5.1. Gaxeta
5.2. Selo Mecânico
5.3. Câmara de Vedação e Caixa de Enchimento
5.4. Termos Hidráulicos mais Usados em Bombeamento

6. Referências Bibliográficas

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1. Bombas
É uma máquina hidráulica cuja função é aumentar a energia (pressão e/ou velocidade) de um fluido
de forma a que seja possível movimentá-lo de um ponto mais baixo para outro mais alto.
Existem diversos tipos de bombas, por exemplo: as bombas tipo Parafuso de Arquimedes, as
bombas centrífugas e as bombas de deslocamento positivo.
As bombas podem ser acionadas por motor elétrico, motor de explosão ou turbina a vapor, por
energia eólica como no moinho de vento ou mesmo manualmente.
As bombas hidráulicas possuem função inversa das turbinas, pois através de um motor (manual ou
elétrico, ou eólico, etc.), transformam a energia mecânica em energia potencial , enquanto as
turbinas hidráulicas transformam a energia potencial de uma queda hidráulica em energia mecânica,
a qual pode ser convertida posteriormente em energia elétrica através de um gerador.

2. Classificação
Puras ou
radiais
Bombas As bombas podem ser classificadas pela sua
Dinâmicas ou
centrífugas Tipo Francis aplicação ou pela forma com que a energia é cedida
ao fluído. Normalmente, existe uma relação estreita
entre a aplicação e a característica da bomba que,
turbobombas Bombas de fluxo misto
por sua vez, está intimamente ligada à forma de
cessão de energia ao fluido.
Bombas de fluxo axial

Bombas periféricas ou
regenerativas

Pistão
Bombas Êmbolo O modo pelo qual é feita a transformação do
Alternativas trabalho em energia hidráulica e o recurso para
Volumétricas cedê-la ao líquido aumentando a sua pressão e ou
ou Diafragma
sua velocidade permitem que elas se classifiquem
em: bombas de deslocamento positivo, turbobombas
Deslocamento Engrenagens e bombas especiais. Dentre as classificações de
Positivo Bombas turbobombas e de deslocamento positivo podemos
Lóbulos enumerar algumas das mais importantes subdivisões
rotativas
destas bombas, como mostra a tabela ao lado.
Parafusos

Palhetas
Deslizantes

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3. Bombas Centrífugas
Nas Bombas Centrífugas, ou Turbobombas, a movimentação do fluído ocorre pela ação de forças
que se desenvolvem na massa do mesmo, em conseqüência da rotação de um eixo no qual é
acoplado um disco (rotor, impulsor) dotado de pás (palhetas, hélice), o qual recebe o fluído pelo seu
centro e o expulsa pela periferia, pela ação da força centrífuga, daí o seu nome mais usual.
Em função da direção do movimento do fluído dentro do rotor, estas bombas dividem-se em:

¾ Centrífugas Radiais (puras): A movimentação do fluído dá-se do centro para a periferia do


rotor, no sentido perpendicular ao eixo de rotação;

¾ Centrífugas de Fluxo Misto (hélico-centrífugas): O movimento do fluído ocorre na direção


inclinada (diagonal) ao eixo de rotação;

¾ Centrífugas de Fluxo Axial (helicoidais): O movimento do fluído ocorre paralelo ao eixo de


rotação;

3.1. Funcionamento:
A Bomba Centrífuga tem como base de funcionamento a criação de duas zonas de pressão
diferenciadas, uma de baixa pressão (sucção) e outra de alta pressão (recalque).
Para que ocorra a formação destas duas zonas distintas de pressão, é necessário existir no
interior da bomba a transformação da energia mecânica (de potência), que é fornecida pela
máquina motriz (motor ou turbina), primeiramente em energia cinética, a qual irá deslocar o
fluído, e posteriormente, em maior escala, em energia de pressão, a qual irá adicionar “carga”
ao fluído para que ele vença as alturas de deslocamento.

Para expressar este funcionamento, existem três partes fundamentais na bomba (figura 1):
¾ Corpo (carcaça), que envolve o rotor, acondiciona o fluído, e direciona o mesmo para a
tubulação de recalque (figuras 1, 2 e 3);
¾ Rotor (impelidor, impulsor), constitui-se de um disco provido de pás (palhetas) que
impulsionam o fluído (figuras 4, 5 e 6);
¾ Eixo de acionamento (Figura 1), que transmite a força motriz ao qual está acoplado o rotor,
causando o movimento rotativo do mesmo.

Antes do funcionamento, é necessário que a carcaça da bomba e a tubulação de sucção (*),


estejam totalmente preenchidas com o fluído a ser bombeado.
Ao iniciar-se o processo de rotação, o rotor cede energia cinética à massa do fluído, deslocando
suas partículas para a extremidade periférica do rotor. Isto ocorre pela ação da força centrífuga.
Com isso, inicia-se a formação das duas zonas de pressão (baixa e alta) necessárias para
desenvolver o processo:
¾ Com o deslocamento da massa inicial do fluído do centro do rotor (figura 1) para sua
extremidade, formar-se-á um vazio (vácuo), sendo este, o ponto de menor pressão da
bomba. Obviamente, novas e sucessivas massas do fluído provenientes da captação
ocuparão este espaço, pela ação da pressão atmosférica ou outra força qualquer;
¾ Paralelamente, a massa do fluído que é arrastada para a periferia do rotor, agora comprimida
entre as pás e as faces internas do mesmo, recebe uma crescente energia de pressão,
derivada da energia potencial e da energia cinética, anteriormente fornecidas ao sistema. O

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crescente alargamento da área de escoamento (Teorema de Bernoulli), assim como as


características construtivas do interior da carcaça da bomba (voluta ou difusores) (figuras 2
e 3) ocasionam a alta pressão na descarga da bomba, elevando o fluído a altura desejada.

(*) Nas bombas auto-aspirantes, é necessário preencher apenas o caracol (corpo) da mesma.
No entanto, resumidamente, podemos dizer que o funcionamento de uma bomba centrífuga
contempla o principio universal da conservação de energia, que diz: “A energia potencial
transforma-se em energia cinética, e vice-versa”. Parte da energia potencial transmitida à
bomba não é aproveitada pela mesma, pois, devido ao atrito, acaba transformando-se em
calor. Em vista disto, o rendimento hidráulico das bombas pode variar em seu melhor ponto
de trabalho (ponto ótimo) de 20% a 90%, dependendo do tipo de bomba, do acabamento
interno e do fluído bombeado pela mesma.

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4. Bombas Volumétricas ou Deslocamento Positivo


Nas Bombas Volumétricas, ou de Deslocamento Positivo, a movimentação do fluído é causada
diretamente pela ação do órgão de impulsão da bomba que obriga o fluído a executar o mesmo
movimento a que está sujeito este impulsor (êmbolo, engrenagens, lóbulos, palhetas). Dá-se o nome
de volumétrica porque o fluído, de forma sucessiva, ocupa e desocupa espaços no interior da
bomba, com volumes conhecidos, sendo que o movimento geral deste fluído dá-se na mesma
direção das forças a ele transmitidas, por isso a chamamos de deslocamento positivo. As Bombas
Volumétricas dividem-se em:

¾ Êmbolo ou Alternativas (pistão, diafragma, membrana);

¾ Rotativas (engrenagens, lóbulos, palhetas, helicoidais, fusos, parafusos, peristálticas).

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4.1. Bombas Alternativas

¾ Bomba de embolo
Seu princípio de funcionamento é idêntico ao das alternativas de pistão. A principal
diferença entre elas está no aspecto construtivo do órgão que atua no líquido. Por serem
recomendadas para serviços de pressões mais elevadas, exigem que o órgão de
movimentação do líquido seja mais resistente, adotando-se assim, o êmbolo, sem modificar
o projeto da máquina. Com isso, essas bombas podem ter dimensões pequenas.

¾ Bomba de pistão
O projeto da bomba de pistão garante uma grande variedade de aplicação em hidrogenação
e processos de separação na indústria de gorduras, indústria de fibras, papel, processos das
indústrias químicas e petroquímicas, como também para aplicação de hidrojateamento.

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¾ Bomba de diafragma
As bombas de diafragma são geralmente aplicadas para processo injeção e dosagem, onde
se faz necessário a precisão da dosagem.
Estas bombas são desenhadas para atender as mais diversas características dos produtos e
sistemas de dosagem podendo ser fornecidos de forma modular, que permite a dosagem
precisa e mistura de diversos produtos e a forma simples que atende a dosagem e controle
de apenas um produto.

4.2. Bombas rotativas.

¾ Bombas de Engrenagens
A bomba de engrenagem tem a característica de bombeamento contínuo, uniforme e sem
pulsação e a capacidade de bombeamento de fluidos com viscosidades elevadas.
Aplicada para bombeamento de líquidos tais como: acetona, asfalto, chocolate, colas,
corantes, detergentes, gasolina, glicerina, glicose, gordura, isocianato, óleo térmico,
petróleo, produtos químicos, querosene, resinas, e etc.

Bomba de engrenagens externas Engrenagens internas

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¾ Bombas de lóbulos
Têm o princípio de funcionamento similar ao das bombas de engrenagens. Podem ter dois,
três ou até quatro lóbulos, conforme o tipo. Por ter um rendimento maior, as bombas de três
lóbulos são as mais comuns. São usadas no bombeamento de produtos químicos, líquidos
lubrificantes ou não-lubrificantes de todas as viscosidades.

¾ Palhetas
Muito usadas para alimentação de caldeiras e para sistema óleodinâmicos de acionamento
de média ou baixa pressão. São auto-aspirantes e podem ser empregadas também como
bombas de vácuo. São compostas de um cilindro (rotor) cujo eixo de rotação é excêntrico ao
eixo da carcaça. O rotor possui ranhuras radiais onde se alojam palhetas rígidas com
movimento livre nessa direção. Devido à excentricidade do cilindro em relação à carcaça,
essas câmaras apresentam uma redução de volume no sentido de escoamento, pois as
palhetas são forçadas a se acomodarem sob o efeito da força centrífuga e limitadas, na sua
projeção para fora do rotor, pelo contorno da carcaça. Podem ser de descarga constante
(mais comuns) e de descarga variável.

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¾ Parafusos / Helicoidais
Constam de um, dois ou três "parafusos" helicoidais que têm movimentos sincronizados
através de engrenagens. Esse movimento se realiza em caixa de óleo ou graxa para
lubrificação. Por este motivo, são silenciosas e sem pulsação. O fluido é admitido pelas
extremidades e, devido ao movimento de rotação e aos filetes dos parafusos, que não têm
contato entre si, é empurrado para a parte central onde é descarregado. Essas bombas são
muito utilizadas para o transporte de produtos de viscosidade elevada.

¾ Peristálticas
Aplicação da bomba peristáltica: dosadores de substâncias químicas que não podem entrar
em contato com metais ou lubrificantes usados nas bombas.
O tubo flexível é amassado progressivamente pelo rolete, a pressão aumenta e empurra o
fluido no tubo.

¾ Anfíbias
Motor e bomba formam um único corpo. Montada com motor elétrico assíncrono, tipo
submerso de gaiola de esquilo em curto circuito, com bobinado do tipo molhado.
Motor montado internamente na câmara de bombeio da bomba. Isto permite uma excelente
refrigeração e elimina totalmente os problemas com cavitação ou NPSh.

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5. Selagem da Bomba
O fluído que passa pela folga entre a carcaça e o rotor, migrando para a parte traseira do rotor,
tentará escapar aproveitando a rotação do eixo que liga o rotor ao motor elétrico. Para evitar a saída
do fluído é feita a selagem da bomba. A selagem pode ser feita por gaxetas ou por selo mecânico.

5.1. Gaxeta
É o método mais antigo para controlar este tipo de vazamento. Construído com fio trançados de
fibras, a gaxeta se caracteriza por ser um elemento macio, flexível e resiliente (elástico), com
boa resistência mecânica, tanto nas aplicações estáticas (hastes de válvulas), como nas
dinâmicas (bombas e eixo rotativos).
Na carcaça da bomba é feita uma caixa para o alojamento das gaxetas. A gaxeta tem uma seção
quadrada e é comercializada em rolos. Deve-se procurar gaxetas nas medidas corretas em
relação à folga entre o eixo e a caixa de engaxetamento. É conveniente que a gaxeta seja de
medida ligeiramente inferior à folga, pois ao apertar o prensa-gaxetas, ou preme-gaxetas, esta se
ajustará perfeitamente.
As gaxetas podem trabalhar com todos os tipos de fluídos, tais como água, vapor, ácidos,
cáusticos, óleos, solventes, gases, gasolinas, etc., em amplas faixas de pressões e temperaturas.
As gaxetas utilizadas para vedações de eixos de bombas e hastes de válvulas são as gaxetas
impregnadas e lubrificadas.
Após fazer o equipamento funcionar deve-se apertar os parafusos ligeiramente até diminuir o
vazamento. Um leve vazamento é essencial, pois evita o superaquecimento.

Tipos de Gaxetas
Isentas de amianto:
a) vegetais: algodão, rami, linho e cânhamo
b) PTFE: (Politetrafluoretileno de carbono)
c) Kevlar*: Fibra aramídica
d) fibra de vidro: fiber-glass
e) hidráulicas: patente em amianto e borracha ou patente algodão e borracha
f) carbono: grafite

Amianto:
a) brancas
b) lubrificadas
c) grafitadas

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5.2. Selo Mecânico


O selo mecânico é um vedador de pressão que utiliza princípios hidráulicos para reter fluidos. A
vedação exercida pelo selo mecânico se processa em dois momentos: a vedação principal e a
secundária.
A vedação principal é feita num plano perpendicular ao eixo por meio do contato deslizante
entre as faces altamente polidas de duas peças, geralmente chamadas de sede e anel de selagem.
A selagem por gaxetas tem um custo de instalação relativamente baixo. A sede é estacionária e
fica conectada numa parte sobreposta. O anel de selagem é fixado ao eixo e gira com ele.
Para que as faces do anel de selagem e da sede permaneçam sempre em contato e pressionadas,
utilizam-se molas helicoidais conectadas ao anel de selagem.
A vedação secundária, aplicada à sede e ao anel de selagem, pode ser feita por meio de vários
anéis com perfis diferentes, tais como: junta, anel o'ring, anel "V", cunha, fole etc.
Os selos mecânicos são utilizados com vantagens em relação às gaxetas, pois não permitem
vazamentos e podem trabalhar sob grandes velocidades e em temperaturas e pressões elevadas,
sem apresentarem desgastes consideráveis. Eles permitem a vedação de produtos tóxicos e
inflamáveis.

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Vantagens do selo mecânico


¾ Reduz o atrito entre o eixo da bomba e o elemento de vedação reduzindo,
consequentemente, a perda de potência.
¾ Elimina o desgaste prematuro do eixo e da bucha.
¾ A vazão ou fuga do produto em operação é mínima ou imperceptível.
¾ Permite operar fluidos tóxicos, corrosivos ou inflamáveis com segurança.
¾ Tem capacidade de absorver o jogo e a deflexão normais do eixo rotativo.
¾ O selo mecânico é usado em equipamentos de grande importância como bombas de
transporte em refinarias de petróleo; bombas de lama bruta nos tratamentos de água e
esgoto; bombas de submersão em construções; bombas de fábricas de bebidas; em usinas
termoelétricas e nucleares.

5.3. Câmara de Vedação e Caixa de Enchimento


Os termos câmara de lacre e caixa de enchimento, referem-se ambos a uma câmara, acoplada
ou separada da carcaça da bomba, que forma a região entre o eixo e a carcaça onde o meio de
vedação é instalado. Quando o lacre é feito por meio de um selo mecânico, a câmara
normalmente é chamada câmara de selo. Quando o lacre é obtido por empacotamento, a
câmara é chamada caixa de recheio.
Tanto a câmara de selo como a caixa de recheio, tem a função primária de proteger a bomba
contra vazamentos no ponto onde o eixo atravessa a carcaça da bomba sob pressão. Quando a
pressão no fundo da câmara é abaixo da atmosférica, previne vazamento de ar na bomba.
Quando a pressão é acima da atmosférica, as câmaras previnem o vazamento de líquido para
fora da bomba.
As Câmaras de vedação e caixas de enchimento também podem ser disponíveis com arranjos
de resfriamento ou aquecimento para controle da temperatura. A figura abaixo descreve uma
câmara de selagem montada externamente, e suas diversas partes.

Glândula: A glândula é uma parte muito importante da câmara de selo ou da caixa de recheio.
Ela dá o empacotamento ou o ajuste desejado do selo mecânico na manga do eixo. Pode ser
ajustada facilmente na direção axial. A glândula consiste do selo, refrigeração, dreno, e portas
da conexão do suspiro conforme os códigos de padronização.

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6. Referências Bibliográficas

Sites consultados:

http://disciplinas.dcea.fct.unl.pt/hidraulica
http://www.bomax.com.br/bomax/web
http://www.escoladavida.eng.br
http://www.fazfacil.com.br
http://www.fei.edu.br
http://www.feq.unicamp.br
http://www.hidrovector.com.br
http://www.higra.com.br
http://www.juntalit.com.br
http://www.netzsch.com.br
http://www.omel.com.br
http://www.shs.eesc.sc.usp.br
http://www.tetralon.com.br
http://www.urisan.tche.br

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Módulo V

Aula 02
Bombas – Perdas de Carga

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SUMÁRIO:

1. Termos hidráulicos mais usados em bombeamento

2. Curvas características das bombas centrífugas

3. Método básico para seleção de uma bomba centrífuga (para altura de sucção inferior a 8 mca)

4. Referências Bibliográficas

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1. Termos hidráulicos mais usados em bombeamento

¾ ALTURA DE SUCÇÃO (AS) - Desnível geométrico (altura em metros), entre o nível


dinâmico da captação e o bocal de sucção da bomba.
OBS.: Em bombas centrífugas normais, instaladas ao nível do mar e com fluído bombeado
a temperatura ambiente, esta altura não pode exceder 8 metros de coluna de água (8 mca).

¾ ALTURA DE RECALQUE (AR) - Desnível geométrico (altura em metros), entre o bocal


de sucção da bomba e o ponto de maior elevação do fluído até o destino final da instalação
(reservatório, etc.).

¾ ALTURA MANOMÉTRICA TOTAL (AMT) - Altura total exigida pelo sistema, a qual a
bomba deverá ceder energia suficiente ao fluído para vencê-la. Levam-se em consideração
os desníveis geométricos de sucção e recalque e as perdas de carga por atrito em conexões
e tubulações.
AMT = Altura Sucção + Altura Recalque + Perdas de Carga Totais
(Tubulações/Conexões e Acessórios)
Unidades mais comuns: mca, Kgf/cm² , Lbs/Pol²
Onde: 1 Kgf/cm² = 10 mca = 14,22 Lbs/Pol²

¾ PERDA DE CARGA NAS TUBULAÇÕES - Atrito exercido na parede interna do tubo


quando da passagem do fluído pelo seu interior. É mensurada obtendo-se através de
coeficientes, um valor percentual sobre o comprimento total da tubulação, em função do
diâmetro interno da tubulação e da vazão desejada.

¾ PERDA DE CARGA LOCALIZADA NAS CONEXÕES - Atrito exercido na parede


interna das conexões, registros, válvulas, dentre outros, quando da passagem do fluído. É
mensurada obtendo-se, através de coeficientes, um comprimento equivalente em metros de
tubulação, definido em função do diâmetro nominal e do material da conexão.

¾ COMPRIMENTO DA TUBULAÇÃO DE SUCÇÃO - Extensão linear em metros de tubo


utilizados na instalação, desde o injetor ou válvula de pé até o bocal de entrada da bomba.

¾ COMPRIMENTO DA TUBULAÇÃO DE RECALQUE - Extensão linear em metros de


tubo utilizados na instalação, desde a saída da bomba até o ponto final da instalação.

¾ GOLPE DE ARÍETE - Impacto sobre todo o sistema hidráulico causado pelo retorno da
água existente na tubulação de recalque, quando da parada da bomba. Este impacto, quando
não amortecido por válvula(s) de retenção, danifica tubos, conexões e os componentes da
bomba.

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¾ NIVEL ESTÁTICO - Distância vertical em metros, entre a borda do reservatório de sucção


e o nível (lâmina) da água, antes do início do bombeamento.

¾ NIVEL DINÂMICO - Distância vertical em metros, entre a borda do reservatório de


sucção e o nível (lâmina) mínimo da água, durante o bombeamento da vazão desejada.

¾ SUBMERGÊNCIA - Distância vertical em metros, entre o nível dinâmico e o injetor


(Bombas Injetoras), a válvula de pé (Bombas Centrifugas Normais), ou filtro da sucção
(Bombas Submersas).

¾ ESCORVA DA BOMBA - Eliminação do ar existente no interior da bomba e da tubulação


de sucção. Esta operação consiste em preencher com o fluído a ser bombeado todo o
interior da bomba e da tubulação de sucção, antes do acionamento da mesma. Nas bombas
auto-aspirantes basta eliminar o ar do interior da mesma, pois, até 8 mca de sucção, a
bomba eliminará o ar da tubulação automaticamente.

¾ AUTOASPIRANTE - O mesmo que Auto-escorvante, isto é, bomba centrífuga que elimina


o ar da tubulação de sucção, não sendo necessário o uso de válvula de pé na sucção da
mesma, desde que, a altura de sucção não exceda 8 mca.

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¾ CAVITAÇÃO - Fenômeno físico que ocorre em bombas centrífugas no momento em que o


fluído succionado pela mesma tem sua pressão reduzida, atingindo valores iguais ou
inferiores a sua pressão de vapor (líquido - vapor). Com isso, formam-se bolhas que são
conduzidas pelo deslocamento do fluído até o rotor onde implodem ao atingirem
novamente pressões elevadas (vapor - líquido). Este fenômeno ocorre no interior da bomba
quando o NPSHd (sistema), é menor que o NPSHr (bomba). A cavitação causa ruídos,
danos e queda no desempenho hidráulico das bombas.

¾ NPSH - Sigla da expressão inglesa - Net Positive Suction Head (carga líquida positiva de
sucção) a qual divide-se em:
♦ NPSH disponível - Pressão absoluta por unidade de peso existente na sucção da bomba
(entrada do rotor), a qual deve ser superior a pressão de vapor do fluído bombeado, e cujo
valor depende das características do sistema e do fluído;

♦ NPSH requerido - Pressão absoluta mínima por unidade de peso, a qual deverá ser
superior a pressão de vapor do fluído bombeado na sucção da bomba (entrada de rotor)
para que não haja cavitação. Este valor depende das características da bomba e deve ser
fornecido pelo fabricante da mesma;
O NPSHdisp deve ser sempre maior que o NPSHreq (NPSHd > NPSHr + 0,6)

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¾ VÁLVULA DE PÉ OU DE FUNDO DE POÇO — Válvula de retenção colocada na


extremidade inferior da tubulação de sucção para impedir que a água succionada retorne à
fonte quando da parada do funcionamento da bomba, evitando que esta trabalhe a seco
(perda da escorva).

¾ CRIVO - Grade ou filtro de sucção, normalmente acoplado a válvula de pé, que impede a
entrada de partículas de diâmetro superior ao seu espaçamento.

¾ VÁLVULA DE RETENÇÃO - Válvula de sentido único colocada na tubulação de


recalque para evitar o golpe de aríete. Utilizar uma válvula de retenção a cada 20 mca de
AMT.

¾ PRESSÃO ATMOSFÉRICA - Peso da massa de ar que envolve a superfície da Terra até


uma altura de ± 80 Km e que age sobre todos os corpos. Ao nível do mar, a pressão
atmosférica é de 10,33 mca ou 1,033 Kgf/cm² (760 mm/Hg).

¾ REGISTRO - Dispositivo para controle da vazão de um sistema hidráulico.

¾ MANÔMETRO - Instrumento que mede a pressão relativa positiva do sistema.

¾ VAZÃO – Quantidade de fluído que a bomba deverá fornecer ao sistema.


Unidades mais comuns: m3 /h, l/h, l/min, l/s
Onde: 1 m3 /h = 1000 l/h = 16.67 l/min = 0.278 l/s

¾ ROTAÇÃO - É caracterizada pela velocidade que a máquina de acionamento imprime à


bomba. No caso de motor elétrico, essa velocidade é função direta da freqüência ou
ciclagem da corrente e do número de pólos que possui o motor. De acordo com essa
velocidade, as bombas podem ser:
120. f
bomba de alta rotação 3.000 a 3.600 rpm rpm =
n
bomba de média rotação 1.500 a 1.800 rpm
bomba de baixa rotação 1.200 rpm ou menor

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¾ EFICIÊNCIA OU RENDIMENTO DA BOMBA - É a razão entre a potência útil e a


potência útil necessária (potência da bomba) a ser fornecida ao eixo da bomba, para realizar
aquele trabalho, uma vez que nem toda a energia cedida pelo motor é aproveitada pela
água, devido as perdas existentes na bomba.

¾ VELOCIDADE OU NÚMERO DE ROTAÇÕES POR MINUTO- Cada modelo de bomba


centrífuga é projetado para trabalhar uma determinada velocidade, que lhe é fornecida pelo
motor.

¾ VELOCIDADE DE ESCOAMENTO (V): Derivada da equação da continuidade, a


velocidade média de escoamento aplicada em condutos circulares é dado por:

onde:
V = Velocidade de escoamento, em m/s;
Q = Vazão, em m³/s;
¶ (Pi) = 3,1416, (constante);
D = Diâmetro interno do tubo, em metros;

Para uso prático, as velocidades de escoamento mais econômicas são:


Velocidade de Sucção ≤ 1,5 m/s (limite 2,0 m/s)
Velocidade de Recalque ≤ 2,5 m/s (limite 3,0 m/s)

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Esquema Típico de Instalação em uma Captação de Água

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2. Curvas características das bombas centrífugas


As bombas centrífugas são capazes de trabalhar com sensível variação de vazão, de pressão e de
rotação.
As curvas características destas máquinas permitem relacionar a vazão recalcada com a pressão
gerada, com a potência absorvida, com o rendimento e, às vezes, com a altura máxima de sucção.
De modo geral, as curvas têm o aspecto do apresentado:

De forma simples e direta, podemos dizer que a curva característica de uma bomba é a expressão
cartesiana de suas características de funcionamento, expressas por Vazão em m3/h, na abcissa e na
ordenada, Altura em mca; rendimento (η) em %; perdas internas (NPSHr) em mca;
e potência absorvida (BHP) em cv.

3. Método básico para seleção de uma bomba centrífuga (para altura de sucção inferior a 8 mca)
O dimensionamento de equipamentos para explotação de água é realizado após definidos os
parâmetros do poço a ser utilizado, como a sua vazão de produção ou a vazão que se pretende
utilizar, o seu nível estático, e nível dinâmico para a vazão pretendida. Outro fator necessário é a
execução de um pequeno projeto de instalação onde devem ser determinados os dados referentes a
distância do poço ao reservatório, o desnível (altura manométrica), os diâmetros de sucção e
recalque, os comprimentos dos trechos de tubulação e a definição das conexões necessárias (luvas,
curvas, registros, etc.). Essas informações permitem o cálculo da altura manométrica total, que,
conjuntamente com o valor da vazão de projeto, irá determinar o modelo da bomba a ser utilizada,
através de consulta ao "catálogo do fabricante", que informa também, a curva de rendimento da
bomba e a potência do motor exigida para o caso específico.

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CRITÉRIOS:
Para calcular-se com segurança a bomba centrífuga adequada a um determinado sistema de
abastecimento de água, são necessários alguns dados técnicos fundamentais do local da instalação e
das necessidades do projeto:
A. Altura de Sucção → AS, em metros;
B. Altura de Recalque → AR, em metros;
C. Distância em metros entre a captação, ou reservatório inferior, e o ponto de uso final, ou
reservatório superior, isto é, caminho a ser seguido pela tubulação, ou, se já estiver instalada, o
seu comprimento em metros lineares, e os tipos e quantidades de conexões e acessórios
existentes;
D. Diâmetro (Pol ou mm) e material (PVC ou metal), das tubulações de sucção e recalque, caso
já forem existentes;
E. Tipo de fonte de captação e vazão disponível na mesma, em m³/h;
F. Vazão requerida, em m³/h;
G. Capacidade máxima de energia disponível para o motor, em cv, e tipo de ligação
(monofásico ou trifásico ) quando tratar-se de motores elétricos;
H. Altitude do local em relação ao mar;
I. Temperatura máxima e tipo de água (rio, poço, chuva).

EXEMPLO: Baseados nestas informações podemos calcular a bomba necessária para a


seguinte situação:

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Dados da Instalação

* Altura de Recalque (desnível entre a bomba e o ponto mais alto da instalação) = AR = 25 m


* Altura de Sucção (desnível entre a bomba e a lâmina d'água) = AS = 0,5 m
* Conexões e acessórios no recalque : 1 registro de gaveta, 5 curvas 90º, 2 curvas de 45º, 1 redução
concêntrica, 1 válvula de retenção (vertical)
* Temperatura máxima da água = 40ºC
* Altitude do local = 450 m
* Tubulação utilizada em PVC
* Conexões e acessórios na sucção : 1 válvula de pé com crivo, 1 curva 90º, 1 redução excêntrica
* Vazão desejada = 4,0 m³/h
* Comprimento da tubulação de Recalque = 180 m (2 +2 + 24 +140 +4 +5 +2 +1)
* Comprimento da tubulação de Sucção = 5 m (4,5 + 0,5)

¾ Escolha do diâmetro de tubulação:


A escolha do diâmetro da tubulação de recalque é feita de acordo com a tabela de perda de carga
em tubos (Tabela 6). Normalmente para a tubulação de sucção, adota-se um diâmetro comercial
imediatamente superior ao recalque.
Diâmetro Recalque: 1 ¼” (40 mm)
Diâmetro Sucção: 1 ½” (50 mm)

¾ Cálculo da perda de carga (PC):

Para o recalque (diâmetro de 1.¼”):


Pela tabela 7 vemos os comprimentos equivalentes para as conexões em PVC:
1 registro gaveta = 0,40 m
1 válvula de retenção vertical = 4,00 m
5 curvas 90° = 5 x 0,70 = 3,50 m
2 curvas de 45º = 2 x 0,5 = 1 m
1 redução concêntrica = 0,15 m
Total = 9,05 m

PCr = (Comprimento linear da tubulação + Comprimento equivalente) x Fator de perda de carga


(Tabela 6 – Perda de carga em tubulações de PVC)
PCr = ( 180 +9,05 ) x 7% → PCr = 13,23 mca

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Para a sucção (diâmetro de 1.1/2”):


Pela tabela 7 vemos os comprimentos equivalentes para as conexões em PVC:
1 válvula de pé com crivo = 18,30 m
1 curva 90° = 1,20 m
1 redução = 0,40 m
Total: 19,90 m

PCs = (Comprimento linear da tubulação + Comprimento equivalente) x Fator de perda de carga


(Tabela 6 – Perda de carga em tubulações de PVC)
PCs = ( 5 + 19,90 ) x 2,5% → PCs = 0,62 mca

¾ Cálculo da altura manométrica total (AMT):


AMT = As + Ar + PCs + PCr
AMT = 0,5 + 25 + 0,62 + 13,23
AMT = 39,35 mca (aproximadamente 40 mca)

¾ Determinação do NPSHd:
NPSHd = Ho – Hv – As – PCs
Ho = 9,79 m (tabela 1) As = 0,50 m (dado)
Hv = 0,753 m (tabela 2) PCs = 0,62 mca (calculado)
NPSHd = 9,79 – 0,753 – 0,50 – 0,62 → NPSHd = 7,92 mca

¾ Escolha da Motobomba:
Escolhemos um fabricante, no caso Schneider.
AMT = 40 mca
Vazão = 4 m³/h

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4. Referências Bibliográficas

http://www.schneider.ind.br

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