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Curso de Eletrodinâmica Clássica I - 2020.

1 Departamento de Fı́sica - UFMA 1

Aula 02

Eletrostática no Vácuo (2) - Opcional na Graduação


Ref: Jackson §1.7-1.11

Objetivo:

• Estudar as propriedades gerais da solução das equações de Laplace e Poisson


para a Eletrostática.
• Método da Função de Green e as condições de contorno de Dirichlet e Neu-
mann.

Equações de Laplace e Poisson

O campo eletrostático é completamente especificado pelas equações:

1
∇·E= ρ(x) e ∇×E=0 (1)
ϵ0

Usando a definição de Potencial Escalar E = −∇Φ(x) na equação (1) podemos obter a


equação de Poisson:

1
∇2 Φ = − ρ(x) Equação de Poisson (2)
ϵ0

Se ρ(x) = 0 em toda região de interesse, resulta:

∇2 Φ = 0 Equação de Laplace (3)

Considerando a expressão geral para o potencial escalar [Eq.(14) da Aula 01] temos:

1 1
Φ(x) = ρ(x′ ) d3 x′ (4)
4πϵ0 V |x − x′ |
Tomando o Laplaciano em x em ambos os lados, resulta:
∫ ( )
1 ′ 1
∇ Φ(x) =
2
ρ(x )∇ 2
d3 x′ (5)
4πϵ0 V |x − x |

Mas, em qualquer sistemas de coordenadas é possı́vel mostrar que(*)


( )
1
∇ 2
|x̸=x′ = 0 (6)
|x − x′ |
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ou seja o integrando é singular em x = x′ .

(*) Por exemplo, em coordenadas esféricas


( )
1 ∂ 2 ∂ 1 ∂ 1
∇ f (r) = 2
2
r f (r) se f (r) = → r2 = −1 ∴ ∇2 f (r) = 0!
r ∂r ∂r r ∂r r

Para contornar a singularidade e resolver a integral (5) considerar Φ(x) = lima→0 Φ(x)a ,
onde ∫
1 1
Φ(x)a = ρ(x′ ) √ d3 x′ (7)
4πϵ0 V (x − x ) + a
′ 2 2

Portanto,
∫ ( )
1 1
∇2 Φ(x)a = ρ(x′ )∇2 √ d3 x′
4πϵ0 V (x − x′ )2 + a2
∫ [ ]
1 ′ 3a2
= − ρ(x ) d3 x′ (8)
4πϵ0 V ((x − x′ )2 + a2 )5/2
Obs:
• O integrando de (8) não tem singularidades em qualquer ponto, exceto quando
a = 0.
• No limite a → 0 o integrando anula-se em todos os pontos, exceto quando x = x′ .
Procedimento para realizar a integração:
1. Separar e região de integração em duas
porções separadas por uma esfera de 6
raio R centrada no ponto x.
2. Supor que a << R << l onde l é o >Ÿ[ U  
tamanho caracterı́stico da região de in- [ [U
3
tegração.
3. Considerar que ρ(x′ ) ≃ constante na [U [
região limitada pela esfera de raio R.
2
9
Logo, separando as regiões tal que V =
V ′ +R onde R é a região limitada pela esfera
temos,
∫ [ ] ∫ ∫
′ 3a2 3 ′ ′ 3 ′
ρ(x ) dx = ρ(x ) [...] d x + ρ(x′ ) [...] d3 x′ (9)
((x − x′ )2 + a2 )5/2 ′ R
V
|V {z }
=0, quando a→0

onde o primeiro termo dolado direito anula-se no limite a → 0. Na região de integração


do segundo termo R podemos expandir ρ(x′ ) em série de Taylor em torno de x′ = x, isto
é:
1
ρ(x′ ) = ρ(x) + (x′ − x) · ∇ρ(x′ ) |x′ =x + (x′ − x)2 ∇2 ρ(x′ ) |x′ =x +... (10)
2!
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Substituindo (10) em (8) e usando (9) resulta:



1 3a2
∇ Φ(x)a =
2
[ρ(x) + (x′ − x) · ∇ρ(x′ ) |x′ =x +
4πϵ0 R ((x − x′ )2 + a2 )5/2
1
+ (x′ − x)2 ∇2 ρ(x′ ) |x′ =x +...]d3 x′ (11)
2!
Integrando em coordenadas esféricas coma a origem do sistema de coordenadas no centro
da esfera R isto é, x = 0, resulta:
[ ]
1 a2
∇ Φ(x)a = − ρ(x) 1 + O( 2 ) + (∇2 ρ)O(a2 , a2 log a) + ...
2
(12)
ϵ0 R

Logo, no limite a → 0 resulta:

1
∇2 Φ = − ρ(x) Equação de Poisson
ϵ0

Comentário: Sabemos que


( )
1
∇ 2
= 0 quando |x′ − x| ̸= 0 (13)
|x − x|

e que ∫ ( )
1
∇ 2
= −4π (14)
Todo espaço |x − x|

Logo, usando a definição da função δ-Dirac podemos escrever:

( )
1
∇ 2
= −4πδ(x′ − x) (15)
|x − x|

O Método da Função de Green1

Como será visto nas próximas aulas, o cálculo do campo elétrico ou do potencial com-
preende solucionar as equações de Laplace ou Poisson dadas as condições de fronteira (ou
de contorno). Dar as condições de fronteira significa especificar o valor do potencial ou
seu do seu gradiente sobre as superfı́cies (fronteiras) que limitam o volume de interesse
onde se quer calcular o campo. Quando tais fronteiras possuem propriedades de simetria
que possibilitam escolher um sistema de coordenadas especı́fico no a equação diferencial
é separável, isto é, quando a solução é um o produto de funções exclusivas de cada coor-
denada, em geral é possı́vel obter uma solução geral dada por uma expansão em um série
infinita de autofunções. Em algumas situações tais séries podem convergir lentamente
1
Ver, por exemplo, Cap. 7, F. W. Byron Jr. e R. W. Fuller, Mathematics of Classical and Quantum
Physics, Vol. II, Addison-Wesley, (1970); Cap. 7, P. M. Morse e H. Feshbach, Methods of Theoretical
Physics, Part I, McGraw-Hill (1953).
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dificultando a obtenção do campo nas vizinhanças de arestas, cantos etc.

Por outro lado, quando o problema eletrostático (cálculo do campo ou potencial) está
restrito a regiões finitas do espaço (como ou sem cargas em seu interior), cujas condições de
contorno ou fronteira estão bem definidas mas não possuem propriedades de simetria tri-
viais, obter as soluções da equações (2) e (3), em geral é um trabalho bastante complicado.

O método da Função de Green possibilita obter uma forma fechada para a solução,
porém envolvendo uma integral das próprias soluções sobre as fronteiras. O método é
fisicamente bastante intuitivo e pode ser aplicado em diversos fenômenos:
1. Para obter o campo causado por uma distri-
buição espacial de fontes ρ(x) (cargas, fon-
tes calor, etc) calcula-se o efeito causado >Ÿ[ U  
por uma porção elementar infinitesimal da
distribuição e soma-se as contribuições de
cada porção, baseado no princı́pio da super- 3RQWRGH
2EVHUYDomR

posição. Se GV (x, x ) é o valor do campo
9
no ponto de observação x causado por uma )RQWHV
[U [

fonte pontual unitária em x , o campo total
em x causado pela distribuição será a inte- 2
5HJLmRGH,QWHUHVVH
gral do produto GV ρ sobre todo o volume
ocupado pela distribuição ρ. A função GV é
dita Função de Green.
2. Para considerar o efeito das condições con-
torno deve-se acrescentar suas contribuições.
O cálculo é semelhante. Calcula-se o valor do
campo no ponto x, GS (x, x′ ), considerando a
condição de contorno é nula em todos os pon-
tos exceto em certo ponto x′ sobre a fronteira
_[ " [ _
U
onde o valor ψ(x′ ) tem um comportamento 3RQWRGH
2EVHUYDomR
tipo função-δ de Dirac, isto é, a integral so- EŸ[ U  

bre a uma pequena vizinhança em torno do


[U [
ponto x′ dá um valor unitário. O campo to-
tal produzido pela condição de contorno será 2
5HJLmRGH,QWHUHVVH
a integral do produto GS ψ sobre toda a fron-
teira. A função GS é, também, dita Função
de Green.

3. Pode-se mostrar que, fisicamente, o campo produzido por uma condição de contorno
sobre uma superfı́cie é equivalente ao campo produzido por uma certa distribuição
de fontes sobre a superfı́cie. Portanto, não será surpresa verificar, como veremos,
que GV = GS . Esse fato torna o método da função de Green particularmente útil.

Considerar o Teorema Divergente para um campo vetorial A(x) bem comportado em


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certa região do espaço.


∫ I
∇ · Ad x = 3
A · n̂ da Teorema Divergente (16)
V S

Considerar A(x) = ϕ(x)∇ψ(x) onde ϕ e ψ são duas funções escalares de (x). Substituindo
em (16) resulta: ∫ I
∇ · (ψ∇ϕ)d3 x = (ϕ∇ψ) · n̂da
V S
ou seja
∫ I
∂ϕ
(ψ∇ ϕ + ∇ψ · ∇ϕ)d x =
2 3
ψ da Primeira Identidade de Green (17)
V S ∂n

onde ∇ϕ · n̂ = ∂ϕ/∂n representa a derivada direcional na direção normal a S.


Intercambiando ψ ↔ ϕ na equação (17) resulta:
∫ I
∂ψ
(ϕ∇ ψ + ∇ϕ · ∇ψ)d x =
2 3
ϕ da (18)
V S ∂n

Subtraindo, lado a lado, as equações (17) e (18) resulta:


∫ I [ ]
( ) ∂ϕ ∂ψ
ψ∇ ϕ − ϕ∇ ψ d x =
2 2 3
ψ −ϕ da Segunda Identidade de Green (19)
V S ∂n ∂n

Escolher
1
ψ(x′ ) = → ∇2 ψ = −4πδ(x′ − x)
|x′ − x|
e
1
ϕ(x′ ) = Φ(x′ ) → ∇2 Φ(x′ ) = − ρ(x′ )
ϵ0
e substituir em (19), isto é:
∫ [ ] I [ ( ) ]
′ ′ 1 1 ′ 3 ′ ′ ∂ 1 1 ∂Φ
−4πΦ(x )δ(x − x) + ρ(x ) d x = Φ(x ) ′ − ′ da′
V ϵ 0 |x ′ − x|
S ∂n |x ′ − x| |x − x| ∂n ′

resulta:
∫ I [ ( )]
1 ρ(x′ ) 3 ′ 1 1 ∂Φ ∂ 1
Φ(x) = dx + − Φ(x′ ) ′ da′ se x ⊂ V
4πϵ0 V |x − x|
′ 4π S |x − x| ∂n
′ ′ ∂n |x − x|

(20)
e
∫ I [ ( ) ]
1 ρ(x′ ) 3 ′ 1 ∂′ 1 1 ∂Φ
dx = Φ(x ) ′ − ′ da′ se x*V
4πϵ0 V |x − x|
′ 4π S ∂n |x − x|
′ |x − x| ∂n ′

(21)
Obs:
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• x é o ponto de observação ou onde o potencial será calculado. Poderá estar no


interior ou no exterior do região de volume V e superfı́cie S.
• x é a variável de integração no interior da região V .
• Se S → ∞ e o campo elétrico decai mais rápido que |x′ − x|1 , a integral de superfı́cie
em (20) se anula e obtemos:

1 ρ(x′ ) 3 ′
Φ(x) = dx (22)
4πϵ0 V |x′ − x|
• Por outro lado se V é limitado e ρ(x′ ) = 0 no interior da região V então:
I [ ( )]
1 1 ∂Φ ′ ∂ 1
Φ(x) = ϵ0 − ϵ0 Φ(x ) ′ da′ (23)
4πϵ0 S |x′ − x| ∂n′ ∂n |x′ − x|
O primeiro termo em (23) equivale ao potencial de uma densidade de carga superfi-
cial σ = ϵ0 ∂Φ/∂n′ e o segundo ao potencial de uma densidade de dipolar D = −ϵ0 Φ.
Ou seja, o potencial em qualquer ponto pode ser obtido a partir do potencial espe-
cificado na superfı́cie e da sua derivada (condições de contorno)

Unicidade da Solução para condições de contorno de Diricheet e Neumann.

As equações para o cálculo do potencial Φ são distinguidas de acordo com a presença


ou não de distribuições espaciais de fontes (cargas) na região de interesse V .:
1. Com a presença de fontes: ∇2 Φ = −4πρ → Equação de Poisson (Inomogênea).
2. Sem a presença de fontes: ∇2 Φ = 0 → Equação de Laplace (homogênea).
As condições de contorno também podem ser distinguidas conforme seu valor seja nulo
ou não sobre a superfı́cie da fronteira.
1. Se o valor do potencial Φ ou de seu gradiente ∂Φ/∂n for nulo em toda superfı́cie S
as condições de contorno são ditas homogêneas.
2. Se o valor do potencial ou seu gradiente for diferente de zero (não nulo em todos os
pontos) as condições de contorno são ditas inomogêneas. Neste caso, as condições de
contorno podem ser substituı́das por uma superfı́cie dipolar de cargas o que equivale
a considerar uma equação inomogênea.
Comentários:
• Soluções de equações homogêneas ou com condições de contorno homogêneas po-
dem ser multiplicadas por fator constante arbitrário e permanecemainda soluções.
Soluções de equações inomogêneas ou com condições de contorno inomogêneas não
podem ser modificadas desta forma.
• A Função de Green é portanto uma solução de uma equação homogênea em qualquer,
ponto exceto em um ponto especı́fico. Se o ponto está sobre a superfı́cie a condição
de contorno é inomogênea. Se está fora da superfı́cie, nas na região de interesse V
a equação é dita inomogênea.
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As condições de contorno são, também, distinguidas de acordo com sua natureza:

1. Problema de Dirichlet.
Especificar o Potencial Φ sobre a superfı́cie S. Por exemplo, na superfı́cie dos
condutores aterrados Φ = 0. (Condição de Cauchy)
2. Problema de Neumann.
Especificar o valor da derivada direcional normal do potencial sobre a superfı́cie.
Corresponde a especificar o valor do campo elétrico na superfı́cie ou da densidade
de carga superficial. Lembrar que: (E2 − E1 ) · n̂ = σ/ϵ0

Ambas as condições de contorno levam à uma solução


única e bem comportada para o potencial!

Prova:
Supor que existem duas soluções Φ1 e Φ2 que satisfazem à equação de Poisson para um
dos dois tipos de condições de contorno mencionadas. Logo, definindo U = Φ2 − Φ1 ,
então ∇2 U = 0 dentro do volume V . Fazer ϕ = ψ = U na primeira identidade de Green
(equação 17), isto é:

∫ = 0
z }| { I
∂U
(U ∇ U +∇U · ∇U )d x =
2 3
U da (24)
V S ∂n
ou 
∫ 

 U =0 sobre S (Dirichlet);
|∇U |2 d3 x = 0 (25)


V
 ∂U
= 0 sobre S (Neumann).
∂n

Logo, |∇U | = 0 em toda região V , isto é U = constante!

• Para a condição de contorno de Dirichlet U = 0 sobre S ∴ Φ1 = Φ2 .

• Para a condição de contorno de Neumann ∂U/∂n = 0 sobre S ∴ ϕ1 = ϕ2 + constante


que é indiferente para o cálculo do campo.

Comentários:

1. A solução também é única de as condições de contorno são mistas, istó é, U e ∂U/∂n
são especificados em partes distintas de S.

2. Se as duas condições forem especificadas para S (ou parte S) a solução pode não
existir exceto quando as duas condições produzam a mesma solução separadamente.

3. Se as superfı́cies são abertas a obtenção de uma solução única requer mais discussão2
Ver, por exemplo, §6.2 Morse & Feshbach, Methods of Theoretical Physics, Part I, pgs. 692-706; I.
2

Sommerfeld Partial Diferential Equations in Physics, Cap. II.


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Solução Formal do Problema: Método da Função de Green

Considerar a equação de Green, cuja solução é dita Função de Green,

∇2x′ G(x, x′ ) = −4πδ(x − x′ ) (26)


Obs: o operador diferencial Laplaciano opera sobre a variável x′ .

Solução Geral:

1
G(x, x′ ) = + F (x, x′ ) onde ∇2x′ F (x, x′ ) ≡ 0 (27)
|x − x′ |

Na segunda identidade de Green, fazer ϕ(x′ ) = Φ(x′ ) e ψ(x′ ) = G(x, x′ ).


∫ I [ ]
3 ′ ∂G ∂Φ
(Φ ∇| {zG} −G∇ Φ)d x =
2 2
Φ ′ − G ′ da′
V ′ S ∂n ∂n
−4πδ(x−x )

∫ I [ ]
1 ′ ′ 1 3 ′ ∂Φ(x′ )


′ ∂G(x, x )
Φ(x) = ρ(x )G(x, x )d x + G(x, x ) − Φ(x ) da′ (28)
4πϵ0 V 4π S ∂n′ ∂n′

Como G(x, x ) é definida a menos de uma função solução da equação de Laplace
F (x, x′ ), é possivel impor condições a G para que o cálculo de Φ dependa apenas de um
tipo de condição de contorno:

1. Caso Dirichlet: GD (x, x′ ) = 0, x′ ∈ S. Neste caso:

∫ I [ ]
1 ′ ′ 1 3 ′ ′ ∂G(x, x′ )
Φ(x) = ρ(x )G(x, x ) d x − Φ(x ) da′ (29)
4πϵ0 V 4π S ∂n′

2. Caso Neumann: GN (x, x′ ) = 0, x′ ∈ S. Neste caso:

∫ I [ ]
1 ′ ′ 1 3 ′ ′∂Φ(x′ )
Φ(x) = ρ(x )G(x, x ) d x + G(x, x ) da′ (30)
4πϵ0 V 4π S ∂n′

Outra possibilidade:

∇2 G = −4πδ(x, x′ ) → ∇ · (∇G) = −4πδ(x, x′ )

Intergrar em todo volume (supondo x ∈ V ) e usar o Teorema Divergente,


∫ I I ∫
3 ′ ′ ∂G ′
∇ · (∇G) d x = (∇G) · n̂ da = ′
da = −4π δ(x − x′ ) d3 x′ = −4π (31)
V S S ∂n V
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Logo, é possı́vel tomar como condição de contorno em S que:


∂GN 4π
=− S é a área total de S (32)
∂n ′ S
Portanto, a solução fica:

∫ I [ ]
1 ′ ′ 13 ′ ′ ∂Φ(x′ )
Φ(x) = ρ(x )GN (x, x ) d x + GN (x, x ) da′ + ⟨Φ⟩S (33)
4πϵ0 V 4π S ∂n′

onde I
1
⟨Φ⟩S = Φ(x′ )d3 x′ Valor Médio de Φ sobre S. (34)
S S
Obs:

• O problema de Neumann é em geral dito ser um problema exterior, onde o volume


V é delimitado por duas superfı́cies: uma fechada e finita e outra no infinito!. Neste
caso, S → ∞ e ⟨Φ⟩S = 0.

Comentários:

1. Apesar das condições de Dirichlet e Neumann serem simples, a determinação de


G(x, x′ ) não é trivial por conta da forma geométrica da superfı́cie S. Os casos
solúveis são aqueles com superfı́cies com propriedades de simetria.

2. G(x, x′ ) = G(x′ , x)
Pode ser provada fazendo ϕ = G(x, x′ ) e ψ = G(x′ , x) no problema de Dirichlet.
Como G(x, x′ ) é o potencial no ponto x produzido por uma carga pontual unitária
localiza em x′ , a propriedade de simetria impõe que a posição da fonte pode ser
alternada com a do ponto de observação.

3. A função F (x, x′ )/4πϵ0 é a solução da equação de Laplace no interior de V sem


cargas. Representa o potencial causado pelas cargas externas à região V .

4. Pode ser vista como o potencial devido à distribuição de cargas externas à região
de interesse e responsável pelas condições de contorno homogêneas (potencial ou
gradiente nulo) na superfı́cie quando combinada com uma catga pontual unitária
em x′ . Como o potencial em x ∈ S depende de x′ , a distribuição externa de cargas
externas F (x, x′ ) deve depender também do parâmetro x′ .

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