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Lei de Coulomb

Considere 2 cargas Q1 e Q2 separadas por uma distância R. A força que


age entre essas duas cargas é dada por

𝑄1 𝑄2
𝐹=𝑘
𝑅2
onde k é a constante de proporcionalidade.
As unidades são dadas no sistema internacional:
• Q1 e Q2 são em coulombs (C)
• a distância R é em metros (m)
• a força em newtons (N)

A constante k é dada por

1
𝑘=
4𝜋𝜖0

𝜖0 é chamada de permissividade do espaço livre (em farads por metro,


F/m) e tem o valor de
−12
10−9
𝜖0 = 8,854. 10 ≅ 𝐹/𝑚
36𝜋

Substituindo esse valor em k temos que


1
𝑘= ≅ 9. 109 𝐹/𝑚
4𝜋𝜖0

A Lei de Coulomb estabelece que a força F entre duas cargas pontuais Q1 e Q2

1. Ocorre ao longo da linha que une as cargas;


2. É diretamente proporcional ao produto das cargas Q1 e Q2;
3. É inversamente proporcional ao quadrado da distância R entre elas.

Se as duas cargas pontuais Q1 e Q2 estão localizadas em pontos cujos


vetores posição são, respectivamente, r1 e r2, então a força F12 sobre a carga
Q2 devido a carga Q1, mostrada na Figura 1, é dada por
𝑄1 𝑄2
𝐹12 = 𝒂
4𝜋𝜖0 𝑅 2 𝑅12
𝑹12 = 𝒓2 − 𝒓1
𝑅 = |𝑹12 |
𝑹12
𝒂𝑅12 =
𝑅
𝒂𝑅12 é o vetor unitário (versor) na direção 𝑹12 .

A Figura 1 mostra a interação de forças entre as cargas 1 e 2.

Figura 1: Força entre as cargas.


Observe:
F12: Força que a carga 1 exerce sobre a carga 2
F21: Força que a carga 2 exerce sobre a carga 1

Importante notar que


1. 𝐹12 = −𝐹21
2. Cargas de mesmo sinal se repelem, enquanto cargas de sinal contrário
se atraem, conforme ilustrado na Figura 2.
3. A distância R entre os corpos carregados Q1 e Q2 deve ser bem maior
que as dimensões lineares dos corpos, isto é, Q1 e Q2 devem ser cargas
pontuais.
4. Q1 e Q2 devem ser estáticas (cargas em repouso).
5. Os sinais de Q1 e Q2 devem ser levados em consideração na equação
da lei de Coulomb.
Em geral as cargas são dadas em µC ou mC porque 1 C, que é
equivalente a 6.1018 elétrons, é uma unidade muito grande de cargas já
que a carga de um elétron vale e = 1,6.10-19 C.

Figura 2: Cargas de sinais iguais se repelem (a e b). Cargas de sinais contrários se atraem (c).

Exemplo 1: considere uma carga Q1 = 3.10-4 C na posição r1(1,2,3) e uma


carga Q2 = -10-4 C na posição r2(2,0,5), no vácuo. Determine a força exercida
em Q2 devido a Q1.

Sol:
Cálculo do vetor unitário 𝒂𝑅12

𝑹12 = 𝒓2 − 𝒓1= (2,0,5) - (1,2,3) = (2-1)ax + (0-2)ay + (5-3)az


𝑹12 = 𝑎𝑥 − 2𝑎𝑦 + 2𝑎𝑧
Ou
𝑹12 = (1; −2; 2)

𝑅 = |𝑹12 | = √(12 ) + (−2)2 + (22 ) = 3


𝑹12 𝑎𝑥 − 2𝑎𝑦 + 2𝑎𝑧 (1; −2; 2)
𝒂𝑅12 = = =
𝑅 3 3

Daí
3. 10−4 . (−10−4 ) 𝑎𝑥 − 2𝑎𝑦 + 2𝑎𝑧
F12 = ( )
10−9 3
4𝜋 ( ).9
36𝜋

𝑎𝑥 − 2𝑎𝑦 + 2𝑎𝑧
𝑭12 = −30( )𝑁
3

A intensidade da força vale 30N. A direção e o sentido estão


especificados pelo vetor unitário. A força em Q2 também pode ser dada por
meio das 3 componentes

𝑭12 = −10𝑎𝑥 + 20𝑎𝑦 − 20𝑎𝑧, 𝑁


Campo Elétrico
O vetor intensidade de campo elétrico E é dado pela força por
unidade de carga imersa nesse campo elétrico, ou seja,

𝑭
𝑬=
𝑄

A intensidade de campo elétrico E está na mesma direção da


força F e é medido em newtons/coulomb ou em volts/metro.

Exercício: mostrar que N/C é equivalente a V/m usando transformação


de grandeza dimensionais.

A carga Q1 é a carga que está produzindo o campo elétrico.


Vamos considerar na lei de coulomb que a carga Q2 seja uma carga de
prova Qp, e no ponto onde ela está localizada, queremos determinar o
campo elétrico. Então da lei de Coulomb temos
𝑄1 𝑄𝑝
𝐹1𝑝 = 𝒂
4𝜋𝜖0 𝑅 2 𝑅1𝑝
Da definição de campo elétrico temos
𝐹1𝑝 𝑄1 𝑄𝑝
𝑬= = 𝒂
𝑄𝑝 𝑄𝑝 4𝜋𝜖0 𝑅 2 𝑅1𝑝
𝑄1
𝑬= 𝒂
4𝜋𝜖0 𝑅 2 𝑅1𝑝
A Figura 3 ilustra o campo elétrico. Os vetores e versores são calculados como
anteriormente.

Figura 3: ilustração campo elétrico produzido por uma carga Q. Se a carga for negativa, o vetor aponta para a carga Q.
Exemplo: Uma carga de -0,3 µC está localizada em A(25,-30,15) cm e uma
segunda carga de 0,5 µC está em B (-10,8,12)cm. Calcule o campo elétrico E
na origem.
Sol: Como temos 2 cargas, devemos calcular os campos devido as duas
cargas e fazer a soma (contribuição) de cada componente vetorial.
Campo devido à carga Q1:

𝑅1𝑝 = |√(−0,25)2 + (0,30)2 + (−0,15)2 | = 0,418𝑚


(0;0;0)−(0,250;−0,300;0,150)
𝒂𝑅1𝑝 = = −0,598 𝑎𝑥 + 0,718 𝑎𝑦 − 0,359 𝑎𝑧
0,418

−0,3. 10−6
𝑬𝟏 = (−0,598 𝑎𝑥 + 0,718 𝑎𝑦 − 0,359 𝑎𝑧)
4. 𝜋. 8,854. 10−12 . 0,4182
𝑬𝟏 = 9228ax − 11080ay + 5540az, V/m
Campo devido à carga Q2:

𝑅2𝑝 = |√(0,10)2 + (−0,08)2 + (−0,12)2 | = 0,175𝑚


(0;0;0)−(−0,10;0,08;0,12)
𝒂𝑅1𝑝 = = 0,571 𝑎𝑥 − 0,457 𝑎𝑦 − 0,686 𝑎𝑧
0,175

0,5. 10−6
𝑬𝟐 = (0,571 𝑎𝑥 − 0,457 𝑎𝑦 − 0,686 𝑎𝑧)
4. 𝜋. 8,854. 10−12 . 0,1762
𝑬𝟐 = 82838ax − 66300ay − 99522az, V/m
Fazendo a soma termo a termo temos:
𝑬 = 𝑬𝟏 + 𝑬𝟐
Que resulta no campo
𝑬 = 92,10ax − 77,38ay − 93,98az, kV/m

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