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Unidade II
5 GERAÇÃO DE TENSÃO ALTERNADA
Segundo a teoria básica do eletromagnetismo, uma espira (condutor enrolado de forma apropriada)
em movimento dentro de um campo magnético produz uma corrente elétrica que circula no condutor
da espira. Esse fenômeno pode ser utilizado para gerar tensões alternadas, montando‑se o aparato
mostrado a seguir.
Polos magnéticos
Fluxo magnético
N
S
Anéis captadores
Condutor giratório
É obvio que esse é um gerador simplificado, para fins acadêmicos. Uma única espira produziria
uma tensão muito pequena, com aplicação bastante limitada. Na prática, os grandes geradores são
construídos com muitas espiras, de forma a aumentar a tensão de saída de forma apropriada. Em geral,
também não se usam imãs permanentes e, sim, eletroímãs para gerar os campos magnéticos. Se o
sistema for projetado adequadamente, uma tensão alternada praticamente perfeita pode ser gerada.
68
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Saiba mais
O termo sinal senoidal é usado para expressar os sinais cuja função no tempo é um seno ou um
cosseno. No estudo de circuitos elétricos em regime de corrente alternada (CA), também chamada
tensão alternada, podem ser adotadas tanto a função seno como a função cosseno. Em nosso curso
adotaremos a função cosseno.
v(t) = Vm cos(ωt + θv )
Onde:
• θv é a defasagem;
• t é o tempo em segundos.
vm
π π 3π 2π ωt (rad/s)
2 2
69
Unidade II
Observação
Saiba mais
Como visto anteriormente, a corrente contínua não muda de sentido, e, portanto, o consumo de
potência em um resistor pode ser calculado facilmente com as equações mostradas a seguir.
P = VI
P = RI2
V2
P=
R
Nos sinais senoidais ou cossenoidais as correntes mudam constantemente de sentido, portanto, não
se pode igualar simplesmente uma determinada corrente contínua a uma corrente alternada. Por isso,
na maioria das aplicações, usa‑se o valor eficaz (ou RMS) para tensões e correntes alternadas.
é chamado de tensão eficaz e corrente eficaz. Ou seja, corrente alternada eficaz é a corrente alternada
equivalente à corrente contínua em quantidade capaz de transferir a mesma potência a uma carga.
Os sistemas de potências são medidos tanto em corrente eficaz como em tensão eficaz (dessa forma,
os valores medidos em um multímetro são valores eficazes tanto para corrente quanto para tensão).
Quando se fala em valor eficaz, normalmente se pensa na sigla RMS, do inglês root mean square, “valor
médio quadrático” (isto é, um cálculo médio estatístico de um valor variável, que pode ser usado para
definir também o valor eficaz).
T
1 2
T ∫0
Arms = A dt
Onde:
• T é o período.
A0
Arms =
2
Ou seja, o valor eficaz da tensão ou da corrente senoidal é o seu valor de pico dividido pela raiz
quadrada de dois. Assim, uma tensão senoidal com valor eficaz de 127 V tem um valor de pico de 179,61 V.
Lembrete
O sinais de CA, como visto, podem ser representados no domínio do tempo, por meio de funções
trigonométricas associadas às funções seno ou cosseno, no entanto, operações matemáticas envolvendo
essas funções podem ser muito trabalhosas em seu desenvolvimento.
71
Unidade II
Tais operações de cálculo envolvendo CA podem ser simplificadas com o uso de operadores
conhecidos como fasores. Fasores são, na realidade, vetores que giram em uma determinada velocidade
em um círculo trigonométrico, dando origem às funções senoidais. Por isso, toda função senoidal pode
ser representada por um fasor.
A representação fasorial é simples, apesar de se basear na teoria dos números complexos. Observa‑se
também que o tamanho do fasor é exatamente igual ao máximo atingido pela função (ou seja, sua
amplitude). A representação algébrica da notação fasorial, como dito, está fundamentada na teoria
dos números complexos, porém pode‑se fazer uma simplificação da teoria, utilizando a análise vetorial
com um pouco de trigonometria para entender as operações com fasores. Para isso, podem‑se definir
dois eixos (ver figura a seguir), um real (eixo horizontal) e um imaginário (eixo vertical). Esses dois eixos
formam o que se chama matematicamente de plano complexo (ou plano imaginário).
Eixo imaginário
Plano complexo
Eixo real
A representação de um fasor no plano complexo é muito simples: basta transladar o fasor do círculo
trigonométrico para o plano complexo, observando a fase inicial do fasor, conforme mostrado na sequência.
Eixo imaginário
|A|
b
θ
Eixo real
a
No plano complexo, o fasor pode ser representado por um número complexo A, que possui uma
parte real a e uma parte imaginária b. Pode‑se também representá‑lo por seu módulo (tamanho do
fasor) e seu ângulo (fase do fasor). Essas duas formas de representação dão origem às formas retangular
72
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
e polar de se representar um número complexo, discriminadas a seguir. Como, na maioria dos casos,
a análise de circuitos em regime CA ocorre numa determinada frequência, ela pode ser suprimida na
representação dos sinais senoidais. Vale destacar que a representação mais utilizada é a forma polar.
A = A ∠θ
A forma anterior representa o gráfico da figura anterior apenas com o seu valor eficaz e fase. Por convenção,
o módulo de A, que representa o valor da tensão ou corrente, em nosso curso, sempre será dado em RMS.
Observação
A representação do fasor dada está na forma polar, mas ele também pode ser representado,
dependendo da conveniência, na forma retangular, como feito a seguir.
A = a + jb
Onde:
• j é o número imaginário.
Para fazer a transformação de uma forma para a outra, podemos usar as relações mencionadas a
seguir, partindo da fórmula:
a + jb = Arms ∠θ
Arms = a2 + b2
b
θ = tan−1
a
73
Unidade II
a = Arms cos(θ)
b = Arms sen(θ)
Exemplo de aplicação
A = 5 − j7
| A |= 52 + 72 = 8,6023
−7
θ = tan−1( ) = −54,462
5
ou
θ = 125,537
É importante destacar que existem dois ângulos com a mesma tangente, o que torna necessária uma
análise, com base nos sinais da parte real e imaginária, para determinar em qual quadrante se encontra
o fasor. Como, nesse caso, a parte real é positiva e a parte imaginária é negativa, o fasor está no
4º quadrante, portanto o ângulo θ é igual à –54,462°. Assim, a resposta final é:
A =| A | ∠θ = 8.6023∠ − 54,462
A = 9∠54,462
a = 9cos(54,462) = 5,23
b = 9sen(54,462) = 7,32
A = a + jb = 5,23 + j7,32
74
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
A = a + jb
C = d + je
A + C = (a+ d) + j(b+ e)
A = a + jb
C = d + je
A − C = (a− d) + j(b − e)
A = a∠b
C = d∠e
A.C = a.d ∠b + e
A = a∠b
C = d∠e
A a
= ∠b − e
C d
75
Unidade II
Lembrete
Conforme vimos, a resistência elétrica era a única grandeza que oferecia alguma dificuldade
à passagem da corrente elétrica. No estudo da corrente alternada, aparecem outros efeitos além
do resistivo, efeitos que afetam a passagem de corrente em um circuito. Por exemplo, circuitos
contendo indutores (bobinas), capacitores ou uma associação desses com resistores. Para
circuitos desse tipo, quando excitados por fontes senoidais, existem relações mais complexas
que permitem determinar as correntes e tensões. Assim, a razão entre tensão e corrente para
circuitos excitados por fontes senoidais recebe o nome de impedância. Estudaremos agora os
efeitos da excitação senoidal nos componentes de circuito.
7.1 Capacitância
Um capacitor é um elemento passivo projetado para armazenar energia em seu campo elétrico. Os
capacitores são amplamente usados em todos os ramos da eletrônica e da eletricidade. A figura a seguir
mostra um capacitor típico.
Dielétrico
Placas de metal
A B
76
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Verifica‑se que um capacitor consiste em duas placas condutoras separadas por um material isolante (ou
dielétrico). Na maioria das aplicações práticas, as placas podem ser de papel alumínio, enquanto o dielétrico
pode ser ar, cerâmica, papel ou mica. O capacitor mostrado na figura, no entanto, tem pouca aplicação
prática, principalmente em razão de seu tamanho e da baixa capacitância (capacidade de armazenamento).
Na prática, as placas e o dielétrico são enrolados em forma espiral, como mostrado a seguir.
Dielétrico
A B
Placa A
Placa B
Conforme apresentado, o capacitor é usado para armazenar a carga elétrica. A quantidade de carga
armazenada, representada por q, é diretamente proporcional à tensão aplicada v, conforme explicita a
fórmula a seguir.
q = Cv
Onde:
A unidade de capacitância é o farad (F), em homenagem ao físico inglês Michael Faraday. A capacitância
pode ser definida como a quantidade de carga nas placas de um capacitor em consequência de uma
diferença de potencial aplicada entre as duas placas, medida em farads (F). Considera‑se que 1 farad
equivale a 1 coulomb/v.
εA
C=
d
77
Unidade II
Onde:
Os capacitores são comercialmente disponíveis em diferentes valores e tipos. De forma geral, eles
têm valores em picofarad (pF), nanofarads (nF) ou microfarad (μF) e são especificados pelo tipo do
material dielétrico de que são feitos, além do tipo (fixo ou variável). O esquema a seguir mostra os
símbolos para capacitores fixos e variáveis.
C C
Existem capacitores fixos, como os de poliéster, que são leves, estáveis e cuja mudança de
capacitância com a temperatura é previsível. Além de poliéster, outros materiais dielétricos, como
a mica e o poliestireno, podem ser usados. Os capacitores de filme são enrolados e alojados em
filmes de metal ou plástico. Os capacitores eletrolíticos apresentam capacitância bastante elevada.
Os capacitores são usados também para bloquear corrente contínua, permitir a passagem de
corrente alternada, alterar a fase de uma tensão/corrente alternada, realizar armazenamento de
energia, servir como auxiliar na partida de motores e eliminar ruídos quando utilizados em filtros
adequadamente projetados.
78
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Como visto, a capacitância (C) de um capacitor tem como unidade o farad (F) e pode ser definida
segundo a fórmula a seguir.
Q
C=
V
Onde:
Q = CV
dQ d(Cv )
=
dt dt
dQ dv
=C
dt dt
dv
i(t) = C
dt
A equação obtida de i(t) mostra que só há passagem de corrente elétrica pelo capacitor se a tensão
variar no tempo, ou seja, não há corrente elétrica no capacitor se a tensão for contínua e constante. Isso
pode ser comprovado pela derivada da tensão em relação ao tempo.
Na primeira parte do curso foram analisadas diversas associações de resistores tendo como objetivo
obter um componente com valor diferente ou mesmo para realizar uma redução do circuito; essa técnica
pode ser utilizada também para capacitores. O objetivo é substituir alguns capacitores interligados por
um único capacitor equivalente (Ceq).
79
Unidade II
i1 i2 i3 iN
+
C1 C2 C3 CN v
i -
i = i1 + i2 + i3 + ... + iN
Sabendo que:
dv
i=C
dt
Temos:
dv dv dv dv
i = C1 + C2 + C3 + ... + CN
dt dt dt dt
N dv dv
i = ∑ CL = Ceq
L =1 dt dt
Ceq = C1 + C2 + C3 + ... + CN
Vale destacar que capacitores associados em paralelo se comportam da mesma forma que resistores
em série.
80
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
+ v1 - + v2 - + v3 - + vN -
v
Com base no esquema mostrado, podemos perceber que a corrente é a mesma em qualquer parte
do circuito. Aplicando a lei de Kirchhoff das tensões no circuito mostrado, temos:
v = v1 + v2 + v 3 + ... + vN
Mas:
q q q q
v1 = , v 2 = , v 3 = , vN =
C1 C2 C3 CN
1 1 1 1
= q + + ,...
C1 C2 C3 CN
q 1
Ceq = =
v 1 + 1 + 1 ,... 1
C1 C2 C3 CN
1 C1C2
Ceq = =
1 1 C1 + C2
+
C1 C2
81
Unidade II
Observação
v = Vmcos(ωt + θv).
i
Sabe-se que:
v C
i = C dv
dt
d(Vm cos(ωt + θv )
i=C = ωCVm ( −sen(ωt + θv )) = ωCVm cos(ωt + θv + 90 )
dt
82
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Mas:
Vm∠θ v = V
1∠90 = j
De onde:
I = jωCV
A impedância do capacitor (Zc), de acordo coma lei de Ohm, pode ser calculada como:
V 1 1 1
Zc = = = −j = ∠ − 90
I jωC ωC ω C
1
Xc =
ωC
7.2 Indutância
Um indutor é um elemento passivo cuja principal função é armazenar energia em seu campo magnético.
Os indutores têm inúmeras aplicações em sistemas eletrônicos e de energia elétrica, sendo usados em
fontes de alimentação, transformadores, rádios, TVs e motores elétricos, entre outras inúmeras aplicações.
Comprimento, l
Núcleo
Espiras
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Unidade II
Aplicando‑se uma corrente elétrica pelo indutor, há a formação de um campo magnético perpendicular
à seção do enrolamento, criando, assim, um fluxo magnético. Supondo‑se que esse fluxo varia no tempo,
surge, então, um força eletromotriz (tensão ou diferença de potencial) entre os terminais do indutor.
φ
L=
i
Onde:
Observação
dφ
v=
dt
Onde:
d(Li)
v=
dt
di
v =L
dt
84
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Onde:
Observando a equação anterior, percebemos que 1 henry corresponde a 1 volt‑segundo por ampere.
Assim, a indutância de um indutor depende da sua dimensão física e de sua construção.
Em outras palavras, pode‑se dizer que aparecerá uma tensão V nos terminais do indutor
sempre que houver uma variação da corrente i em função do tempo. Vale destacar que equações
montadas em função do tempo e relacionadas ao regime senoidal podem ser transformadas,
associando‑as ao domínio da frequência. Ou seja, pode‑se transformar essas equações para a
forma fasorial.
Várias fórmulas que permitem o cálculo da indutância de diversos tipos de indutores são obtidas
com base na teoria eletromagnética, podendo ser encontradas em manuais de engenharia elétrica. Para
um caso mais simples, como o do indutor (solenoide), temos:
N2µA
L=
l
Onde:
• N é o número de espiras;
Pela equação, pode‑se observar que a indutância é diretamente proporcional ao número de espiras
elevado ao quadrado. Dessa forma, a indutância pode ser aumentada: com o aumento do número de
espiras, com o uso de um material com maior permeabilidade como núcleo, com o aumento da seção
transversal ou, ainda, com a redução do comprimento da bobina.
85
Unidade II
Observação
Da equação da tensão no indutor, verifica‑se que, se não houver variação de corrente em função
do tempo, a tensão desenvolvida nos terminais do indutor é igual a zero. Assim, pode‑se afirmar que o
indutor ideal é um curto‑circuito para corrente contínua.
Ainda de acordo com essa equação, percebe‑se que uma mudança instantânea na corrente no
indutor requer uma tensão infinita, que não é possível fisicamente. Assim, um indutor opõe‑se a uma
mudança rápida da corrente que circula através dele.
É importante destacar também que, como o capacitor ideal, o indutor ideal não dissipa energia.
A energia armazenada no seu campo magnético pode ser recuperada mais tarde, segundo a
forma mais conveniente (dependendo do projeto). Assim, o indutor, pode‑se dizer, retira alguma
energia do circuito, armazenando‑a em seu campo magnético e devolvendo‑a ao circuito em
algum momento posterior.
Na prática, no entanto, não é possível obter um indutor ideal. Os indutores reais sempre apresentam
uma componente resistiva, em razão de o condutor não ser ideal e haver uma capacitância parasita,
inerente à proximidade das espiras. Assim, a presença dessa resistência no enrolamento transforma o
indutor em um elemento armazenador e dissipador de energia. A figura a seguir mostra um modelo que
poderia ser utilizado como indutor não ideal.
A L R B
Deve‑se destacar que a capacitância parasita entre as espiras tem uma grande importância quando
se utiliza o indutor em frequências elevadas. Para frequências mais baixas, em geral, a capacitância
parasita pode ser desprezada.
86
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Assim como os resistores e capacitores, é possível realizar inúmeras combinações de ligação entre os
indutores. Para descobrir a indutância equivalente de uma associação em série, por exemplo, considere
a figura a seguir.
i L1 L2 L3 LN
v1 v2 v3 vN
v
v = v1 + v2 + v 3 + ... + vN
Sabendo‑se que :
di
v =L
dt
Temos:
di di di di
v = L1 + L 2 + L 3 + ... + LN
dt dt dt dt
N di di
v = ∑ Lm = L eq
m=1 dt dt
L eq = (L1 + L 2 + L 3 + ... + LN )
87
Unidade II
i1 i2 i3 iN
v
L1 L2 L3 LN
Pode‑se observar no circuito apresentado que, ao injetar uma corrente i na associação, ela se divide
em várias correntes individuais através de cada indutor. Assim:
i = i1 + i2 + i3 + ... + iN
1 1 1 1
L1 ∫ L2 ∫ L3 ∫ LN ∫
i= v(t)dt + v(t)dt + v(t)dt + ... + v(t)dt
1 1 1 1
i = + + + ... + ∫ v(t)dt
L1 L 2 L 3 LN
1
i = ∫ v(t)dt
L eq
Onde:
1 1 1 1 1
L = L + L + L + ... + L
eq 1 2 3 N
Ou:
1
L eq =
1 1 1 1
+
L L L + + ... +
1 2 3 LN
88
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
1 L1L 2
L eq = =
1 1 L1 + L 2
L + L
1 2
Observação
Saiba mais
i = Im cos(ωt + θi )
89
Unidade II
L v
i(t)
Sabe‑se que:
di
v =L
dt
di
v =L = −ωLImsen(ωt + θi ) = ωLIm cos(ωt + θi + 90 )
dt
V
ZL = = jωL = ωL∠90
I
Onde:
A relação V/i que aparece nos desenvolvimentos anteriores é a própria lei de Ohm que, aplicada ao
regime senoidal, recebe a denominação de impedância. A impedância, portanto, tem como unidade o
ohm e as características de uma resistência.
Os módulos das impedâncias são chamados de reatância. Assim, o capacitor apresenta reatância
capacitiva (XC), e o indutor, reatância indutiva (XL). Em nosso curso, de forma a diferenciar a impedância
da resistência pura, adotaremos o símbolo a seguir para fazer referência a ela.
90
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Tanto a lei de Ohm como as leis de Kirchhoff são aplicáveis a impedâncias, correntes e tensões na
forma fasorial. Consequentemente, as impedâncias equivalentes para as diversas associações (série e
paralelo) obedecem às mesmas regras da resistência.
Exemplo de aplicação
L1
I 1mH
+
-
V1
C1
1 µF
Resolução
Para a resolução do exercício, o primeiro passo é transformar todos os valores para a forma fasorial.
Tensão da fonte:
127
Vrms = = 89,8026V
2
V = 89,8026∠60V
Impedância do resistor:
ZR = 1.000∠0 Ω = 1.000 Ω
91
Unidade II
Impedância do indutor:
Impedância do capacitor:
1 1
ZC = ∠ − 90 = ∠ − 90 = 2652.519∠ − 90 Ω
ωC 377.1.10 −6
ou
zc = - j2652.519 Ω
ZR
+
V1 ZL
-
ZC
A impedância equivalente identificada pela fonte é calculada por meio da fórmula da associação em
série adaptada à impedância.
Zeq = ZR + ZL +ZC
No exemplo, temos:
Zeq = 2834.4068∠‑69,34º Ω
92
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
V 89,8026∠60
I= = = 0,03168∠129,34A
Zeq 2834,4068∠ − 69,34
As tensões em cada componente podem ser facilmente achadas fazendo‑se os cálculos a seguir.
ZR
VR
+
V1 ZL
- VL
VC
ZC
Por fim, pode‑se aplicar a lei das tensões de Kirchhoff (LKT) para verificar os resultados.
V = VR + VL + VC = 89,802∠60ºV
O resistor ideal é um elemento não reativo sob o ponto de vista da CA. Ou seja, é um elemento
passivo que não altera a fase nem a frequência do sinal aplicado. Dessa forma, pode‑se usar a expressão
a seguir para o resistor.
93
Unidade II
ZR = R ∠ 0º Ω
Onde:
Observação
8.1 Introdução
Pode‑se analisar um circuito em regime senoidal aplicando‑se qualquer técnica estudada em regime
CC (ou seja, quaisquer métodos de redução do circuito já estudados, como análise de malhas, análise
nodal, teoremas de Thevenin e Norton e teorema da superposição). A principal diferença é que, na
análise de circuitos em CC, trabalha‑se apenas com números reais, enquanto em CA deve‑se trabalhar
com números complexos.
Esse método pode ser utilizado para circuitos com uma única fonte de tensão (ou corrente) tendo por
objetivo reduzir o circuito a apenas uma impedância equivalente e uma fonte de tensão (ou corrente).
A seguir, pode‑se calcular a corrente fornecida pela fonte e as demais correntes e tensões em todos os
elementos do circuito.
Exemplo de aplicação
94
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
R1 R2
10 Ω 12 Ω
L1 C1 L2
+ 1H 100 µF 10 H
V1
-
Sentido da
redução
Resolução
V1 89,80∠60
IR1 = = = 2,426∠109,81 A
ZEQ 23,88 − j28,27
ZEQ2
IL1 = 2,426∠109,81 ( ) = 0,2027∠‑44,035 A
ZEQ2 + ZL1
VL1 76,42∠45,96
IR2 = = = 2,60∠111,77 A
ZEQ2 12 ‑ j26,713
ZL 2 j3770
IC1 = IR2 ( ) = 2,60∠111,77( ) = 2,62∠111,77 A
ZL 2 + ZC1 j3770 ‑ j26,52
95
Unidade II
VC1 69,71∠21,77
IL 2 = = = 0,0184∠‑68,22 A
ZC1 ‑j26,52
Lembrete
A análise de malhas é realizada da mesma forma que a análise de circuitos CC. O sistema terá
um determinado número de equações, correspondentes ao número de malhas internas do circuito. As
incógnitas são as correntes de malhas, determinadas pela equação do tipo: Z . i = V.
Exemplo de aplicação
No circuito a seguir, calcule as correntes de malha usando a análise de malhas matricial. Dados:
V1 = 127 . cos(377t + 60), V2 = 144 . cos(377t) e V3 = 55 . cos(377t + 20).
R1 R2
10 Ω 12 Ω
I1 I2 C1
L1 100 µF
+ 1H
V1
-
+ +
- -
V2 V3
Resolução
São fornecidas tensões no domínio do tempo, no formato cossenoidal. Portanto, deve‑se transformar
as tensões para o formato fasorial.
127 144 55
V1rms = = 89,8026V, V2rms = = 101,823V, V3rms = = 38,890V
2 2 2
96
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
V1 = 89,8026∠60 V
V2 = 101,823∠0 V
V3 = 38,890∠20 V
ZR1 = R1 = 10Ω
ZR2 = R2 = 12Ω
ZL1 = jωL1 = j377Ω
1
ZC1 = ‑ j = − j 26,525Ω
ωC1
I1 = 1,82∠127,86 A
I2 = 1,84 ∠134,30 A
97
Unidade II
Lembrete
A análise nodal também é realizada de forma idêntica daquela em análise de circuitos CC. O sistema
terá um determinado número de equações que correspondem ao número de nós no circuito. As
incógnitas são as tensões dos nós, determinadas pela equação do tipo: Y.V=I.
Exemplo de aplicação
Usando a análise nodal matricial, calcule as tensões dos nós 1 e 2 do circuito a seguir. Dados:
I1 = 10 . cos(377t + 60) e I2 = 20 . cos(377t + 30).
R1 1 R2 2
10 Ω 12 Ω
L1
1H
C1
I1 100 µF
I2
Resolução
10 20
I1rms = = 7,0710A, I2rms = = 14,1421A
2 2
I1 = 7,0710∠60 A
I2 = 14,142∠30 A
98
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
ZR1 = R1 = 10Ω
ZR2 = R2 = 12Ω
ZL1 = jωL1 = j377Ω
1
ZC1 = ‑ j = − j 26,525Ω
ωC1
1 1
Y(1,1) = + = 0,183 ‑ j0,00265
ZR1 ZL1
1
Y(1,2) = − = −0,083
ZR2
1
Y(2,1) = − = −0,083
ZR2
1 1
Y(2,2) = + = 0,083 + j0,0377
ZR2 ZC1
V1 = 150,09 + j27,11V
V2 = 288,63 – j18,61V
Observação
A matriz Y obtida para a análise nodal é uma matriz muito especial. Muito
utilizada em sistemas de potência, ela nos dá uma fotografia do sistema.
99
Unidade II
Resumo
O termo sinal senoidal é usado para expressar os sinais cuja função no tempo
é um seno ou um cosseno. Nesse curso utilizaremos os sinais cossenoidais.
a + jb = Arms ∠θ
Arms = a2 + b2
b
θ = tan−1
a
a = Arms cos(θ)
b = Arms sen(θ)
100
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Vm cos(ω t + θv ) Vm∠θv
Im cos(ω t + θi ) Im∠θi
101
Unidade II
Exercícios
Sabendo que esses eram os dois únicos consumidores conectados ao transformador de distribuição
de energia, um engenheiro da concessionária foi enviado para fazer uma verificação. Ele instalou um
analisador de energia que registrou, simultaneamente, a tensão no ponto de conexão da residência
(Vres) do consumidor que fez a queixa e a corrente consumida pela oficina (Iof). Durante a medição,
todas as cargas da residência estavam desligadas.
Para explicar o que acontecia, o engenheiro desenhou o circuito equivalente da figura a seguir.
Informou que XL se referia ao comportamento do transformador de distribuição (reatância de dispersão).
Afirmou também que desconsiderou os cabos de conexão entre o transformador e os pontos de medição,
pois eram distâncias relativamente muito curtas.
XL
Vx Iof
Carga
+ equivalente
V Vres da oficina
-
Figura 78
A) 110 V
B) 220 V
C) 330 V
103
Unidade II
D) 127 V
E) 20 V
Justificativa geral
De acordo com o enunciado, o valor da tensão Vres com a corrente da oficina nula foi de 220 V (e
também com todas as cargas da residência desligadas). Logo, o valor de V é de 220 V.
Questão 2. (Enade 2014) Denominam‑se cargas os elementos de um circuito elétrico que se opõem à
passagem de corrente elétrica. Essencialmente, distinguem‑se três tipos de cargas: resistivas, capacitivas
e indutivas. As cargas resistivas dissipam energia, enquanto as puramente capacitivas ou puramente
indutivas são consideradas armazenadoras de energia.
L2
1F
+ L3
12 V 1H
–
L1
Figura 79
Se o circuito mostrado é alimentado por uma fonte de tensão contínua de 12 V e as lâmpadas são
de 12 V/6 W, observa‑se que, em regime permanente:
A) As três lâmpadas, L1, L2 e L3, ficarão apagadas, pois lâmpadas incandescentes só operam com
corrente alternada.
B) Somente L2 e L3 ficarão acesas, pois a corrente que passa em L2 é a soma das correntes em L3 e
no indutor.
C) As três lâmpadas, L1, L2 e L3, ficarão acesas, pois estão ligadas à fonte de alimentação.
Figura 5
ALEXANDER, C.; SADIKU, M. Fundamentals of Electric Circuits. Nova York: McGraw‑Hill, 2012. p. 29.
Figura 6
ALEXANDER, C.; SADIKU, M. Fundamentals of Electric Circuits. Nova York: McGraw‑Hill, 2012. p. 29.
Figura 26
ALEXANDER, C.; SADIKU, M. Fundamentals of Electric Circuits. Nova York: McGraw‑Hill, 2012. p. 50.
Figura 27
ALEXANDER, C.; SADIKU, M. Fundamentals of Electric Circuits. Nova York: McGraw‑Hill, 2012. p. 51.
Figura 29
ALEXANDER, C.; SADIKU, M. Fundamentals of Electric Circuits. Nova York: McGraw‑Hill, 2012. p. 54.
Figura 60
ALEXANDER, C.; SADIKU, M. Fundamentals of Electric Circuits. Nova York: McGraw‑Hill, 2012. p. 202.
REFERÊNCIAS
Textuais
ALEXANDER, C.; SADIKU, M. Fundamentos de circuitos elétricos. Porto Alegre: Bookman, 2005.
DORF, R. C.; SVOBODA, J. A. Introdução aos circuitos elétricos. São Paulo: LTC, 2016.
SCHERZ, P.; MONK, S. Practical Electronics for Inventors. Nova York: McGraw‑Hill, 2016.
THOMAS, R.; ROSA, A.; TOUSSAINT, G. Análise e projeto de circuitos elétricos lineares. Porto Alegre:
Artmed, 2009.
TROTTA, F. Matemática por assunto: sistemas lineares, matrizes e determinantes. São Paulo: Scipione, 1988.
Exercícios
106
107
108
109
110
111
112
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000