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Valor Eficaz

Acredito que foi uma necessidade de “representar” os sinais periódicos de tensão ou corrente
(no qual se incluem os circuitos CA, alimentados por fontes senoidais) por um “único valor fixo
ou constante”. E para determinar qual seria esse valor constante, realizou-se uma comparação
com os circuitos CC, no qual os sinais de tensão ou corrente já são constantes.

Quando compararam um circuito CA alimentado por uma fonte senoidal de tensão de valor de
pico 100V alimentando um resistor R, com um outro circuito CC de fonte de tensão de 100V,
alimentando um resistor R idêntico ao anterior, verificou-se que a potência consumida (ou
dissipada) em ambos resistores foram distintas. A potência dissipada no resistor do circuito
CC foi maior.

Portanto, para determinar o valor constante que representaria a fonte de tensão CA,
considerou-se como critério, que as potências dissipadas nos resistores R de ambos os
sistemas deveria ser a mesma. Dessa forma, se o sistema CA tivesse um valor constante de
fonte de tensão, ele deveria se comportar de forma idêntica a um sistema CC, quando ambos
alimentam uma mesma carga resistiva R.

Como a potência dissipada no resistor do circuito CC foi maior, foi necessário ajustar o valor
da sua fonte de tensão CC, que nesse caso teve que ser reduzida, para que essa potência
dissipada se igualasse àquela dissipada no circuito CA. Quando os valores de ambas as
potências foram iguais, chegou-se a um valor ajustado para a fonte de tensão CC. Esse valor
de tensão, por sua vez, seria exatamente o valor constante que representaria a fonte de tensão
do circuito CA. Portanto, por definição, o valor eficaz de uma fonte periódica CA
fornece a uma carga resistiva a mesma potência que uma fonte CC de mesmo valor.

Matematicamente, para mostrar que a potência liberada à carga resistiva por uma fonte CC é
a igual à potência liberada a essa mesma carga por uma fonte CA, deve-se determinar a
potência em ambos os casos e igualar uma à outra. Dessa forma, será possível determinar o
valor eficaz de tensão (ou de corrente) da fonte CA.

A potência absorvida pelo resistor no circuito CA é a potência média (ou valor médio da
potência), que é obtida por:

1 𝑇 1 𝑇 1 𝑇 𝑣 2 (𝑡)
𝑃𝐶𝐴 = ∫ 𝑝(𝑡) 𝑑𝑡 = ∫ 𝑅 𝑖 2 (𝑡) 𝑑𝑡 = ∫ 𝑑𝑡 (1)
𝑇 0 𝑇 0 𝑇 0 𝑅

onde 𝑇 é o período da tensão ou corrente senoidal. A equação (1) representa o cálculo do


valor médio de qualquer função periódica no domínio do tempo.

Por outro lado, a potência absorvida pelo resistor no circuito CC, é dada pela equação a seguir.
É importante ressaltar que os seus valores de tensão ou corrente já estão expressos em função
dos valores eficazes, ou seja, os valores ajustados de tensão ou corrente no circuito CC para
que a potência dissipada no mesmo seja igual à potência dissipada no circuito CA. Logo:
2
𝑉𝑒𝑓
2
𝑃𝐶𝐶 = 𝑅𝐼𝑒𝑓 = (2)
𝑅

Então, igualando as equações (1) e (2) e isolando 𝐼𝑒𝑓 , obtemos:

1 𝑇 2
𝐼𝑒𝑓 = √ ∫ 𝑖 (𝑡) 𝑑𝑡 (3)
𝑇 0

De maneira semelhante, também podemos obter 𝑉𝑒𝑓 :


1 𝑇 2
𝑉𝑒𝑓 = √ ∫ 𝑣 (𝑡) 𝑑𝑡 (4)
𝑇 0

Ao analisar a equação (3), percebe-se que o valor eficaz da corrente corresponde à “raiz do
valor médio quadrático” (root-mean-square) da corrente, ou simplesmente valor RMS. Ou seja,
elevamos a corrente ao quadrado, determinamos o seu valor médio e, em seguida, aplicamos
a raiz quadrada. A mesma análise é válida para a tensão eficaz da equação (4). Logo, também
podemos escrever:

𝐼𝑒𝑓 = 𝐼𝑅𝑀𝑆 e 𝑉𝑒𝑓 = 𝑉𝑅𝑀𝑆

No caso específico dos sistemas alimentados por fontes senoidais, a corrente senoidal 𝑖(𝑡) =
𝐼𝑚 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡 , tem o seu valor eficaz ou RMS obtido por:

𝐼𝑚
𝐼𝑅𝑀𝑆 =
√2

No caso da tensão senoidal 𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡, o seu valor RMS é dado por:

𝑉𝑚
𝑉𝑅𝑀𝑆 =
√2

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