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Curso de Eletrônica de Potência

Prof. Irineu Alfredo Ronconi Junior

CONVERSORES CA-CA MONOFÁSICOS

Os conversores CA-CA (também nominado de controlador de tensão de corrente alternada, ou


regulador), são dispositivos que, a partir de uma fonte CA, fixa aplica à carga uma tensão
alternada de mesma frequência, de amplitude variável. Controla-se assim a potência entregue
a carga alterando o valor eficaz da tensão (URMS).

Obtém-se esse efeito através de chaves, que podem ser bidirecionais (TRIAC´s e SCR´s), no
caso de um controle por fase, ou através de chaves (interruptoras), com sequências de liga e
desliga, pelo chamado controle de ciclo integral.

Figura 1 - Controle de ciclo integral

O Controle de ciclo integral controla a potência da fonte para a carga alterando, de acordo
com a necessidade do circuito o ciclo de trabalho “d”.

Este, como já é sabido é dado pela relação: d = TLigado / (TLigado + TDesligado).

Sendo T = TLigado + TDesligado o período de chaveamento.

Este tipo de controle é aplicado para o ajuste de temperaturas em fornos. Não é aplicável para
cargas com constante de tempo pequenas.

O controle de potência se dá pela variação da tensão RMS sobre a carga, então:

1 𝑇
𝑈𝑅𝑀𝑆 = √ ∫0 (𝑈𝑀 . 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)2 )𝑑𝑡 eq. 01
𝑇

Por definição de valor médio de uma função, conforme a nossa tabela de derivadas e integrais.

Então, aplicando a definição para o caso em questão, teremos, para uma carga resistiva de
valor R:
2 2
𝑈𝑅𝑀𝑆. 𝑇𝑙𝑖𝑔𝑎𝑑𝑜 𝑈𝑅𝑀𝑆
𝑃𝑚𝑒𝑑 = = . 𝑑 eq. 02
𝑅.𝑇 𝑅
O valor RMS da tensão de saída será dado por:

𝑈𝑀 𝑇𝐿𝑖𝑔𝑎𝑑𝑜
𝑈𝑅𝑀𝑆 = √ = 𝑈𝑅𝑀𝑆(𝑒𝑛𝑡) . √𝑑 eq. 03
√2 𝑇

Como este tipo de conversor, mesmo tendo carga resistiva, terá por vezes a ausência da fonte
de corrente no circuito, então, haverá uma alteração no fator de potência, que neste caso
será dado por:

𝑇𝐿𝑖𝑔𝑎𝑑𝑜
𝐹𝑃 = √ = √𝑑 eq. 04
𝑇

O controle por fase poderá ser feito usando TRIAC´s ou SCR´s conforme a figura 2.

Figura 2 Circuitos para o controle de fase. Disparo em 30 e 210 graus.

As formas de onda correspondentes aos circuitos da figura 2 estão na figura 03 a seguir:

Figura 3 - Formas de onda de tensão e correntes para os circuitos da figura 2 (se equivalem)
Controle por fase e carga resistiva.

Figura 4 - Circuito de controle por fase resistivo (L curto circuitado).

As formas de onda de interesse para esse circuito (nas condições apresentadas na figura 4) são
mostradas na figura 5.

Figura 5 - Formas de onda para o Circuito da figura 4.

O período do sinal é de 2π, sendo o ângulo de disparo igual a α (neste caso igual a 30o.

A expressão matemática para o cálculo da tensão de saída RMS, pode ser calculada a partir da
equação 01 e terá como resultado a equação 05.

𝛼 𝑠𝑒𝑛(2𝛼)
𝑈𝑅𝑀𝑆(𝑠) = 𝑈𝑅𝑀𝑆(𝑒𝑛𝑡) . √1 − + eq. 05
𝜋 2𝜋
É interessante salientar que, para o cálculo de potência dissipada nos componentes , as
correntes a serem consideradas no TRIAC e no SCR, serão calculadas da seguinte forma:

𝐼𝑇𝑟𝑖𝑎𝑐(𝑟𝑚𝑠) = 𝐼𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 (𝑟𝑚𝑠) eq. 06

No SCR

𝐼 𝐼𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎(𝑟𝑚𝑠) eq. 07
𝑆𝐶𝑅(𝑟𝑚𝑠)=
√2

Pela análise das equações, em especial a 05, verifica-se que a potência variará com a variação
do ângulo α.

Mais uma vez, como a corrente não é senoidal, o fator de potência será menor do que um (1),
mesmo que a carga seja resistiva.

O fator de potência, para qualquer situação é definido como:


𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎
𝐹𝑃 = eq. 08
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒

Então:
𝑃 𝑈 2 𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎(𝑟𝑚𝑠) ÷𝑅 𝑈𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎(𝑟𝑚𝑠)
𝐹𝑃 = = = eq. 09
𝑈𝑟𝑚𝑠(𝑒𝑛𝑡) 𝑥𝐼𝑟𝑚𝑠(𝑒𝑛𝑡) 𝑈𝑒𝑛𝑡(𝑟𝑚𝑠) 𝑥(𝑈𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎(𝑟𝑚𝑠) ÷𝑅) 𝑈𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎(𝑟𝑚𝑠)

Ao substituirmos na equação 05, teremos:

𝛼 𝑠𝑒𝑛(2𝛼)
𝐹𝑃 = √1 − + eq. 10
𝜋 2𝜋

Podemos observar que o fator de potência, neste caso será igual a 1, somente quando α = 0. A
medida em que α aumenta o FP diminui.

Resolva os exercícios (anexos).

Conversor CA – CA com carga reativa RL

Considere o circuito da figura 04, agora com a chave aberta, incluindo o indutor de 10mH.

Figura 6 - Conversor CA-CA com carga reativa RL


As formas de onda de interesse são mostradas na figura 07.

Figura 7 - Formas de onda em um conversor CA - CA com carga RL. Disparo em 30 graus

O SCR2 é acionado em α e o SCR1 em α + π . Quando o SCR2 ligar, o mesmo coloca a tensão de


entrada à carga, fazendo com que Uentrada = Usaída.

A corrente de saída isaida inicia em α, porém não se extingue em π, mas continua até o ângulo β.

O ângulo β é conhecido como ângulo de extinção. Assim a carga conduz durante o intervalo
definido por γ conhecido por ângulo de condução. Esse ângulo tem extensão γ = β – α, isso
significa que durante um pequeno intervalo de tempo (no caso) haverá corrente reversa na
carga (β – π). A tensão de saída na carga será igual a tensão de entrada, sempre que os SCR´s
estiverem em condução.

O valor RMS da corrente de saída (carga) será dado pela expressão 11.

𝑈𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎(𝑟𝑚𝑠) 𝛼 1 6
𝐼𝑠𝑎í𝑑𝑎(𝑟𝑚𝑠) = √{4 (1 − ) (𝑐𝑜𝑠 2 𝛼 + ) + 𝑠𝑒𝑛𝛼. 𝑐𝑜𝑠𝛼} eq. 11
𝑅 𝜋 2 𝜋

Válida para π/2 ≤ α ≤ π

Exercícios em anexo.

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

O controle de potência por fase, normalmente com uso de triac´s é utilizado nas duchas
eletrônicas (fig. 08).
Figura 8 - Típica ducha eletrônica

O circuito de controle, é feito por uma rede RC com diac para excitar o gate do TRIAC. A
resistência R é variada, utilizando-se um potenciômetro.

Figura 9 - Vista interna. Esquema elétrico de controle. Peça avulsa do controle


O ajuste da temperatura se dá pelo potenciômetro (4), que com um capacitor interno ajusta o
ângulo de disparo de um triac que está colocado acima da válvula (1). Este terá em série, no
lugar de M1 a resistência de aquecimento do chuveiro (3).

Os conversores CA -CA, monofásicos, são utilizados para dimmers (controle de iluminação).

Algumas furadeiras, também fazem o “controle de velocidade”, utilizando motores universais


e de controle de potência de um conversor CA-CA.

Figura 10 - Furadeira com "velocidade variável".

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