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AULA 1
3
Como o caminho, o fluxo magnético é o mesmo para as duas bobinas,
então da equação (2) é possível escrever:
𝑑ϕ(t) 𝑉! (𝑡) 𝑉" (𝑡) (
=− =−
𝑑𝑡 𝑁! 𝑁" 3)
Ou ainda,
𝑉! (𝑡) 𝑁! (
=
𝑉" (𝑡) 𝑁" 4)
Ainda, tendo em vista o transformador ideal, não há perdas nos
enrolamentos nem no núcleo, portanto a potência fornecida pela fonte, S1, é a
mesma potência que será absorvida pela carga, S2. Em termos de valores
instantâneos:
𝑆! = 𝑆"
𝑉! (𝑡) ∙ 𝐼! (𝑡) = 𝑉" (𝑡) ∙ 𝐼" (𝑡) (
𝑉! (𝑡) 𝐼" (𝑡) 5)
=
𝑉" (𝑡) 𝐼! (𝑡)
Igualando a equação (4) à equação (5), resulta-se em:
𝑉! (𝑡) 𝑁! 𝐼" (𝑡) (
= =
𝑉" (𝑡) 𝑁" 𝐼! (𝑡) 6)
Escrevendo a equação (6) em função do valor eficaz de tensão e de
corrente, chega-se à relação de transformação k, dada por:
𝑉! 𝑁! 𝐼" (
𝑘= = =
𝑉" 𝑁" 𝐼! 7)
A equação (7) mostra que no transformador, a tensão é diretamente
proporcional ao número de espiras, e inversamente proporcional à corrente.
Vale ressaltar que esta relação de transformação só é válida para o
transformador ideal. A partir do instante em que as não idealidades dos
enrolamentos são inseridas no modelo, a relação de transformação muda,
podendo ser calculada de três maneiras diferentes como será visto a seguir.
No mundo real, não existem máquinas sem perdas. Consequentemente,
o mesmo princípio se aplica aos transformadores. Por ora, vamos trabalhar
somente com o núcleo do transformador sendo ideal. Nesse contexto, a Figura
2 apresenta um transformador com as não idealidades de seus enrolamentos
primário e secundário.
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Figura 2 – Transformador com as não idealidades dos enrolamentos
5
(
𝐸" = 𝑉" + 𝑍" 𝐼"
10)
E, consequentemente,
(
𝑉" = 𝐸" − 𝑍" 𝐼"
11)
Com base neste raciocínio, é possível explicar com clareza as relações
de transformação existentes em um transformador.
A primeira delas é a relação de transformação teórica. Fazendo uma
comparação direta entre os transformadores das Figuras 1 e 2, perceba que,
como o transformador da Figura 1 é ideal, então as tensões que ficam sobre os
enrolamentos são as tensões do primário e do secundário, em outras palavras
a tensão da fonte é igual à tensão aplicada ao enrolamento primário, e a tensão
sobre a carga é igual à tensão induzida no enrolamento secundário. No
transformador da Figura 2, isso não acontece, pois há uma queda de tensão
entre a tensão da fonte e a tensão aplicada ao enrolamento primário, e também
entre a tensão induzida no secundário e a tensão sobre a carga. Como relação
de transformação teórica é dada pela razão entre a tensão aplicada ao
enrolamento primário e a tensão induzida no secundário, para o transformador
da Figura 2 fica:
𝐸! 𝑁! (
𝑘# = =
𝐸" 𝑁" 12)
A segunda relação de transformação é a relação de transformação
prática dada pela razão entre a tensão aplicada pela fonte de alimentação e a
tensão aplicada à carga, ou seja:
𝑉! (
𝑘$ =
𝑉" 13)
Denomina-se relação de transformação prática porque em uma situação
real não há o acesso direto às tensões E1 e E2. O que é possível medir
diretamente em uma situação normal de funcionamento são as tensões V1 e
V2, por isso é chamada de relação de transformação prática.
Por fim, a relação de transformação de placa. Transformadores de
grande porte possuem uma placa de identificação com várias informações
relevantes para o seu funcionamento. Uma delas é a relação de transformação.
A relação de transformação de placa é dada por:
6
𝑉" ′ (
𝑘$%&'& =
𝑉" 14)
A definição da variável V2’ será explicada no estudo do circuito
equivalente do transformador.
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Figura 4 – Lâminas do tipo EI
9
Perceba que o procedimento requer mais atenção em relação ao
transformador de núcleo envolvente. No entanto, os transformadores de núcleo
envolvido são largamente utilizados em transformadores monofásicos de alta
potência e em transformadores trifásicos, principalmente pelo fato de se
conseguir reduzir o aquecimento nos enrolamentos. Um exemplo de
transformador de núcleo envolvido é mostrado na Figura 4.
10
Figura 5 – Lâmina do tipo UI
11
Figura 6 – Circuito equivalente do transformador a vazio, com as não
idealidades dos enrolamentos
12
Figura 7 – Diagrama fasorial do transformador a vazio
13
Figura 8 – Circuito equivalente do transformador real a vazio
14
Figura 9 – Diagrama fasorial do transformador real a vazio
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O tipo de carga mais comum é com característica indutiva, porém,
também pode ter característica capacitiva, ou resistiva. Para cada tipo de
carga, o transformador possui um diagrama fasorial diferente, já que ao alterar
a característica da carga, se altera a característica das correntes, o que
influenciará o restante do circuito. Como o tipo de carga mais comum é com
característica indutiva, o diagrama fasorial do transformador nesta situação é
mostrado na Figura 11, tomando como base o circuito da Figura 10.
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deu origem a ela. Note que ao se somar a tensão induzida no enrolamento
primário com as quedas de tensão das não idealidades dos enrolamentos,
chega-se ao valor da tensão aplicada pela fonte, V1, bem como a sua
representação no diagrama fasorial.
No lado secundário, a corrente I2 está 180º defasada em relação à
corrente I1’, lembrando que este defasamento é apenas para uma questão de
uma melhor representação do diagrama fasorial. A corrente I2 passará pelas
não idealidades do enrolamento secundário, e consequentemente resultará em
uma queda de tensão no enrolamento.
A queda de tensão sobre a resistência do enrolamento secundário r2
estará em fase com a tensão aplicada à carga V2. E a queda de tensão na
reatância do enrolamento secundário jx2 estará 90º adiantada em relação à
queda te tensão em r2. Como a carga é indutiva, a tensão sobre a carga V2,
deve estar adiantada em relação à corrente I2, e o ângulo θ2 formado entre elas
é o ângulo da carga, cujo cosseno é o fator de potência da carga. Somando a
tensão sobre a carga, com as quedas de tensão no enrolamento secundário,
chega-se ao vetor da tensão induzida no enrolamento secundário, E2.
Seguindo o mesmo raciocínio, podemos chegar ao diagrama fasorial do
transformador com carga resistiva, mostrado na Figura 12, e ao diagrama
fasorial do transformador com carga com característica capacitiva, mostrado na
Figura 13. Entretanto, deve-se ficar atento ao defasamento das correntes em
cada um dos casos.
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Figura 12 – Diagrama fasorial do transformador real a com carga resistiva
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características do circuito. Para isso se utiliza a relação de transformação k. Ao
serem referenciadas as grandezas do primário para o secundário, do circuito
equivalente da Figura 10, é obtido o circuito elétrico da Figura 14.
𝑗𝑥!" = 𝑘 ! ∙ 𝑗𝑥!
**** ***!
𝑉! ′ = 𝑘 ∙ 𝑉
(15)
****
𝐸 ***
! ′ = 𝑘 ∙ 𝐸!
*** 𝐼-!
𝐼! ′ =
𝑘
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corrente IHF. Dessa forma a corrente do núcleo do transformador, Io, pode ser
considerada desprezível. Neste caso, o circuito equivalente do transformador
fica como mostrado na Figura 15.
20
Figura 17 – Circuito equivalente do transformador simplificado referido ao
primário com isolação e desconsiderando a corrente de magnetização
21
determinação das perdas no núcleo do transformador, os parâmetros do núcleo
e o fator de potência a vazio. O esquema de ligação do ensaio a vazio é
mostrado na Figura 19.
22
Figura 20 – Circuito equivalente do transformador a vazio
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representada por Im, e a corrente responsável por suprir as perdas ôhmicas no
núcleo IHF. A corrente IO, juntamente com a corrente Im e a corrente IHF, podem
ser representadas fasorialmente, como mostrado na Figura 21.
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E,
𝑉! (
𝑥) =
𝐼) 21)
Uma alternativa para o cálculo dos componentes xm e rHF é utilizando o
valor das potências ativa e reativa absorvidas pelo transformador a vazio.
Sabendo que resistência é responsável pelo consumo da potência ativa, e que
a reatância é responsável pelo consumo de potência reativa, a determinação
dos componentes do núcleo pode ser feita por:
𝑉!" (
𝑟*+ =
𝑃( 22)
E,
𝑉!" (
𝑥) =
𝑄( 23)
Analisando ainda o circuito da Figura 20, nota-se que o núcleo é
representado por rHF em paralelo com xm. Portanto, existe uma impedância
equivalente, representada por zφ que representa o núcleo como um todo. O
cálculo da impedância do núcleo pode ser feito por meio da associação
paralela de rHF com xm, dada por:
𝑟*+ ∙ 𝑗𝑥) (
𝑧, =
𝑟*+ + 𝑗𝑥) 24)
Na forma polar, a impedância do núcleo pode ser calculada com base na
equação:
𝑉! ∡0º (
𝑧, =
𝐼( ∡ − 𝜃( 25)
Já o ensaio a plena carga, também chamado de ensaio de curto-circuito,
ou ensaio de perdas no cobre, tem como principal objetivo determinar as
perdas nos enrolamentos do transformador e a impedância percentual do
transformador. O ensaio é realizado por meio da montagem do circuito
mostrado na Figura 22.
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Figura 22 – Esquema de ligação do ensaio a plena carga
26
Figura 23 – Circuito equivalente do transformador no ensaio a plena carga
• Classe A: 105 ºC
• Classe E: 120 ºC
• Classe B: 130 ºC
• Classe F: 155 ºC
• Classe H: 180 ºC
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Também é preciso determinar o valor da impedância dos enrolamentos
do transformador na temperatura em que o transformador foi ensaiado. O valor
dessa impedância, representada por Z1PC,ti, é dado por:
𝑉!$' (
𝑍!$',12 =
𝐼!$' 28)
Sabe-se que a reatância pode ser calculada com base valores de
impedância e de resistência. Assim, conhecendo os valores de resistência e
impedância dos enrolamentos na temperatura inicial, é possível determinar o
valor da reatância dos enrolamentos, indicada por X1PC, por meio da equação:
(
" "
𝑋!$' = G𝑍!$',12 − 𝑅!$',12
29)
Note que a reatância não possui o subíndice ti, pois a reatância indutiva
não depende da temperatura, mas somente da indutância dos enrolamentos e
da frequência da fonte de alimentação, conforme mostra a equação:
(
𝑋!$' = 2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑓 ∙ 𝐿
30)
Por outro lado, a resistência sofre alteração na medida em que ocorre a
circulação de corrente pelas bobinas do transformador. É possível conhecer o
valor da resistência do enrolamento do transformador na temperatura de
regime, conhecendo a sua classe de isolamento, por meio da equação:
234,5 + 𝑡3 (
𝑅!$',13 = 𝑅!$',12 ∙
234,5 + 𝑡2 31)
Nela, tf é a temperatura de trabalho do transformador, indicada pela
classe de isolamento.
Como a reatância do enrolamento não sofre alteração com a
temperatura, com o valor de X1PC e de R1PC,tf, é possível determinar a
impedância dos enrolamentos do transformador na temperatura de regime pela
equação:
(
" "
𝑍!$',13 = G𝑅!$' + 𝑋!$'
32)
Voltando a equação (26) que define a impedância percentual, e
substituindo V1PC pelo produto de Z1PC,ti e I1PC , obtido da equação (28) tem-se
que:
𝑍!$',12 ∙ 𝐼!$' (
𝑍(%) = ∙ 100
𝑉!-./ 33)
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Multiplicando o numerador e o denominador da equação (33) pela
tensão nominal, e sabendo que o valor da corrente medida pelo amperímetro
no ensaio a plena carga é o valor da corrente nominal do transformador do lado
energizado, obtém-se o valor definitivo da impedância percentual em função a
temperatura, que é dado por:
𝑍!$',12 ∙ 𝑆-./ (
𝑍(%) = " ∙ 100
𝑉!-./ 34)
Em que SNOM é a potência nominal do transformador, dada em VA, e
matematicamente dada por:
(
𝑆-./ = 𝑉!-./ ∙ 𝐼!-./ = 𝑉!-./ ∙ 𝐼!$'
35)
Note que, assim, a impedância percentual é escrita em função de
variáveis que não dependem da temperatura (V1NOM e SNOM). Entretanto, esta
impedância percentual é válida para a temperatura em que o ensaio foi
realizado. Portanto, para conhecermos o valor da impedância percentual do
transformador na temperatura de acordo com a classe de isolamento, basta
corrigir os termos dependentes da temperatura para a temperatura
correspondente. Assim, tem-se que:
𝑍!$',13 ∙ 𝑆-./ (
𝑍(%) = " ∙ 100
𝑉!-./ 36)
Outro dado importante que pode ser calculado por meio de dados e
cálculos do ensaio a plena carga é o ângulo interno do transformador.
Matematicamente é dado por:
𝑋!$' (
𝜑 4 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 S T
𝑅!$',13 37)
E representa o ângulo formado entre a reatância dos enrolamentos e a
resistência deles na temperatura de regime do transformador. Esta é uma
grandeza importante no caso da operação de transformadores em paralelo.
Neste caso, os transformadores que serão ligados em paralelo devem ter o
mesmo ângulo interno.
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A regulação percentual também pode ser expressa em função da
impedância percentual e da carga, conforme mostra a equação:
(
𝑅𝑒𝑔(%) = 𝑍(%) ∙ cos (𝜑 4 − 𝜃" )
43)
Como essa equação faz o uso da impedância percentual para a
determinação da regulação percentual, e esta é calculada levando em conta o
valor de tensão nominal, ela só é válida quando a tensão aplicada pela fonte de
alimentação é a nominal, que está indicada na placa do transformador.
Perceba que a situação em que ocorre a maior regulação percentual é
quando o ângulo interno do transformador 𝜑′ e o ângulo da carga θ2 são iguais.
Quando isso ocorrer, a diferença entre estes dois ângulos será igual a zero, o
que resultara em:
(
𝑅𝑒𝑔(%) = 𝑍(%)
44)
A máxima regulação de tensão é igual ao valor da impedância
percentual do transformador.
Outro aspecto de funcionamento indispensável para o funcionamento do
transformador é o valor da sua corrente de curto-circuito.
Considerando o transformador em regime permanente, ou seja, na
temperatura de trabalho, a corrente de curto-circuito pode ser determinada pela
análise do circuito da Figura 24, substituindo R1PC,ti por R1PC,tf e fazendo a
substituição de tensão V1PC pela tensão nominal. Somando a resistência na
temperatura de trabalho com a reatância dos enrolamentos, obtém-se o valor
da impedância na temperatura final, Z1PC,tf. Assim, o circuito a ser analisado é o
mostrado na Figura 25, na qual ICC representa a corrente de curto-circuito. No
caso do circuito em questão, é aplicada tensão nominal ao enrolamento
primário e, como só há a impedância dos enrolamentos limitando a corrente,
neste caso, circulará a corrente de curto-circuito.
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Pela análise do circuito da Figura 25, pode-se escrever que:
𝑉!-./
𝐼'' = (45)
𝑍!$',13
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Por fim, vamos ver a definição matemática de um dos aspectos mais
importantes do transformador, o rendimento percentual. O rendimento
percentual de uma máquina é a relação entre a potência útil de saída pela
potência útil de entrada multiplicada por 100. No caso particular dos
transformadores, a potência útil de saída é a potência ativa da carga, e a
potência útil de entrada é a potência ativa que é repassada para a carga, mais
as potências de perdas no cobre e no ferro, ou seja, é a potência ativa que ele
absorve da fonte de alimentação. A potência de perdas no núcleo é
determinada no ensaio a vazio, e a potência de perdas no cobre no ensaio a
plena carga. Portanto, para a determinação do rendimento, são necessários
dados dos dois ensaios. Matematicamente, o rendimento percentual de um
transformador pode ser dado por:
𝑆-./ ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃" (
𝜂(%) = ∙ 100
𝑆-./ ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃" + 𝑃( + 𝑃!$',13 51)
Na equação (51), P1PC,tf corresponde a potência consumida pelos
enrolamentos quando o transformador já atingiu sua temperatura de trabalho,
definida pela classe de isolamento. Essa potência é calculada por:
"
(
𝑃!$',13 = 𝑅!$',13 ∙ 𝐼!$'
52)
Substituindo a equação (51) na equação (51) chega-se a:
𝑆-./ ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃" (
𝜂(%) = " ∙ 100
𝑆-./ ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃" + 𝑃( + 𝑅!$',13 ∙ 𝐼!$' 53)
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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