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Transformadores

O transformador é um dispositivo que opera com base nos princípios da lei de Faraday,
utilizando-se corrente alternada. Com ele, é possível transformar tensões, correntes e também
impedâncias (elevar ou diminuir).

O transformador consiste de um circuito magnético e duas ou mais bobinas acopladas a


ele, podendo ou não ainda, existir um núcleo com materiais específicos, isso irá depender da
aplicação do transformador.

Lei de Faraday

A “sacada” do transformador está no princípio de que um campo magnético variável no


tempo produz um campo elétrico, ou uma força eletromotriz, que por sua vez, irá induzir
corrente elétrica através de condutores presentes nesse campo. Faraday formulou essa lei após
diversos experimentos, ele observou que quando movia um condutor em formato de laço (em
curto circuito) através de um campo magnético produzido por um imã, uma corrente era criada
no condutor.

Essa corrente que passa pelo condutor, acontece devido uma tensão induzida no
condutor, chamada de força eletromotriz induzida 𝑓. 𝑒. 𝑚, ela pode ser escrita como:
𝑑∅
𝑓. 𝑒. 𝑚 = − (1)
𝑑𝑡
Sendo ∅ o fluxo magnético que passa pelo condutor.

Como na maioria das vezes o condutor é configurado em forma de várias espiras, a força
eletromotriz 𝑒(𝑡) pode ser escrita da seguinte forma:
𝑑∅
𝑒(𝑡) = −𝑁 [𝑉] (2)
𝑑𝑡
Sendo N o número de espiras da bobina.

Lei de Lenz

De acordo com Lenz, “A direção da 𝑓. 𝑒. 𝑚. é tal que o fluxo gerado pela corrente
induzida se opõe à mudança no fluxo.” Essa frase vem em consequência da regra da mão direita
utilizada para determinar o sentido do fluxo magnético gerado. Resumindo, se o fluxo que
atravessa a bobina aumentar, a corrente gerada terá seu fluxo oposto ao primeiro. Já se o fluxo
que atravessa a bobina diminui, a corrente terá seu fluxo aumentado. Isso explica o sinal
negativo imposto nas equações anteriores aqui apresentadas.

Dado essa convenção de sinais na equação da 𝑓. 𝑒. 𝑚., se a equação apresenta o sinal


negativo, indica que a 𝑓. 𝑒. 𝑚. é uma fonte de tensão. Caso não apresente sinal negativo, a
𝑓. 𝑒. 𝑚 age como uma queda tensão, diminuindo a tensão inicial do transformador.
Aspectos Construtivos

Abaixo é apresentado um esquema de um transformador monofásico ideal, com núcleo


sem entreferros. A bobina com o condutor ligado a fonte, é chamado de enrolamento primário,
já o conectado a carga é chamado de enrolamento secundário.

Figura 1 - Transformador monofásico ideal (Fonte:Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2016)

O transformador ideal, apresentado na fig. 1 é aquele em que não há dispersão de fluxo,


o enrolamento entre suas bobinas é dito perfeito e não há perdas. Desta forma, o fluxo
magnético é o mesmo para ambos enrolamentos e dito isto, pode ser escrita uma relação de
espiras 𝑎, determinada a seguir:
𝑒 𝑁
= = 𝑎 (3)
𝑒 𝑁
A relação acima é a propriedade do transformador de transferir tensões entre diferentes
enrolamentos, através de uma constante 𝑎.

Considerações e dados de entrada para os cálculos

Os condutores utilizados são de cobre, as chapas são em formato E e I e o


material constitutivo é de aço silício laminado. Abaixo há uma imagem das lâminas com suas
respectivas dimensões:
Figura 2 - Dimensões das lâminas

Sendo B1 a largura do núcleo, B2 a largura da “janela” (que contém apenas ar), B3 a largura do
núcleo com formato I e B4 a largura ocupada pela bobina. Já os termos H1, H2 e H3 são
referentes às alturas: total do núcleo, “janela” e do núcleo com formato I.

Pela definição de potência elétrica, podemos escrever a corrente de saída do sistema:


𝑃
𝐼 = (4)
𝑉
Sendo I a corrente, P a potência e V a tensão, o sub índice representa se são termos de entrada
(1) ou saída (2).

Já para o cálculo da corrente primária, é necessário primeiramente definir a potência


primária do sistema, que é a potência secundária acrescida de 10%, levando em consideração
as perdas na transformação (Martignoni, 1991; Aguiar, 1999):

𝑃 = 1,1𝑃 (5)
Assim como em (4), a corrente primária pode ser escrita como:
𝑃
𝐼 = (6)
𝑉
Onde os índices 1 referem-se aos termos de entrada.

Outro dado importante utilizado para os cálculos são as áreas geométricas do


transformador, que serão abordadas posteriormente:

𝑆 = 𝐵4𝐻2 (7)

𝑆 é a área correspondente a janela e L e H suas respectivas dimensões.


𝑆 = 2 𝐿1 𝐻3 (8)
𝑆 é a área de núcleo correspondente a lâmina I, é multiplicado por 2 na equação pois a lâmina
I tem a mesma dimensão da parte da lâmina E que não apresenta descontinuidade.

𝑆 = 4 𝐿3 𝐻2 (9)
𝑆 é a área restante do núcleo correspondente a lâmina E, o valor de 4 presente na equação é
devido a essa área se repetir 4 vezes no núcleo.

A área total do núcleo, é dada pela soma das áreas 𝑆 e 𝑆 :

𝑆 = 𝑆 + 𝑆 (10)
Calculada as áreas, conseguimos calcular o volume do transformador, multiplicando pela
espessura das lâminas:

𝑉 = 𝑆 𝐸 (11)

𝑉 = 𝑆 𝐸 (12)
𝑉 = 𝑉 + 𝑉 (13)

Sendo V os volumes e E a espessura das lâminas, os índices são referentes à janela, núcleo e o
total.

Por último, mas não menos importante, é necessário saber o número de espiras
empregado no sistema, utilizando a equação (Martignoni, 1991; Aguiar, 1999):

𝑉 10
𝑁 = (14)
4,44 𝐵 𝑆 𝑓
Sendo:

𝑁 o número de espiras;

𝐵 indução máxima no ferro;

𝑆 seção magnética;

𝑓 frequência.

Calculado os dados iniciais, é necessário calcular as perdas envolvidas no sistema, que


estão ligadas com a passagem do fluxo magnético no núcleo. As perdas são um fator de extrema
importância para a otimização de um sistema, buscando minimizá-las, melhorando assim a
eficiência energética. Elas podem ser separadas em dois tipos: perdas por correntes parasitas e
perdas por histerese.

Perdas por correntes parasitas: São perdas de energia ocasionadas por diversos fatores, assim
reduzindo a eficiência do sistema. Alguns dos fatores são relacionados a resistência elétrica,
atrito e calor. No caso do transformador, são mais ligadas ao calor. São calculadas através
(Aguiar, 1999; Godoy, 2010):

𝑃 = 2,2𝑓 𝐵 𝑑 10 [𝑊] (15)


sendo 𝑑 a espessura da chapa, dada em mm.

Perdas por histerese: São perdas relacionadas a materiais magnéticos quando expostos a
campos magnéticos variáveis. Quando é gerado um campo magnético em torno de um material
magnético, as regiões magnetizadas tendem a mudar de orientação com a mudança do campo
magnético, seguindo uma trajetória que é chamada de ciclo de histerese. Esse ciclo resulta em
fricção interna, assim produzindo calor, diminuindo a eficiência do sistema. Podendo ser
calculadas por (Aguiar, 1999; Godoy, 2010):
,
𝑃 =𝐾𝐵 𝑓 [𝑊] (16)

Onde 𝐾 é uma constante relacionada ao tipo de material utilizado no núcleo.

As perdas no núcleo, são a soma das duas perdas apresentadas anteriormente,

𝑃 = 𝑃 + 𝑃 [𝑊] (17)

Por último, calcula-se as perdas relacionadas ao condutor (Martignoni, 1991; Aguiar, Camacho,
2011),

𝑃 = 𝑅 𝐼 + 𝑅 𝐼 [𝑊] (18)
Sendo 𝑅 as resistências, dadas em Ohm.

“Transformadores. Teoria – Parte I”. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2016
disponível em
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1614721/mod_resource/content/2/Transfomadores
Teo1_2016PEA3311.pdf

“PROJETO DE TRANSFORMADOR MONOFÁSICO UTILIZANDO O ALGORITMO DE EVOLUÇÃO


DIFERENCIAL”. Malagoli, A. Juliana; Camacho, R. José e Ferreira, H. I. Jacson. Nov, 2014. CNIMAI
– Goiás. Disponível em http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-
1.amazonaws.com/mathematicalproceedings/cnmai2014/0051.pdf

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