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A eletricidade é a forma de energia cujo controle e conversão em outras formas de energia é o mais
confiável. Em especial a conversão eletromecânica da energia é amplamente utilizada no mundo
moderno.
Quando uma corrente elétrica circula por um condutor irá surgir ao seu redor um campo magnético
perpendicular ao condutor e proporcional à intensidade de corrente.
Colocando o polegar direito no sentido da corrente e abraçando o condutor com os dedos teremos o
sentido das linhas de força que o envolvem.
Quando em dois condutores circula uma corrente no mesmo sentido haverá atração entre os
condutores, se as correntes estão em sentido contrário, haverá repulsão.
1.4 SOLENÓIDES
Circuito magnético:
É o caminho percorrido pelas linhas de campo.
Permeabilidade (µ):
É a relação entre o fluxo que passa por um material e o fluxo que passaria pelo vácuo se mantidas as
mesmas dimensões e fmm.
Por exemplo, em uma solenóide com núcleo de ferro o fluxo magnético é de 4000 linhas ou
maxwells. Quando removido o núcleo o fluxo passa para 20 linhas. A permeabilidade do ferro,
portanto é de
µ = 4000/20 = 200
Relutância (R):
É a oposição à passagem do fluxo magnético, corresponde à resistência do circuito elétrico.
Ela é diretamente proporcional ao comprimento do trajeto das linhas de fluxo e inversamente
proporcional à área e à permeabilidade do mesmo.
Permeância (P):
É o oposto da relutância. P = 1/R
Portanto quanto maior for o número de espiras, a corrente elétrica, a área do circuito e sua
permeabilidade, maior o fluxo magnético, que se reduzirá com o comprimento do circuito.
Histerese:
“O valor de uma tensão produzida em uma espira de fio é proporcional à razão de variação das
linhas de força que passam através daquela espira”
“A ação eletrodinâmica de uma corrente induzida opõe-se igualmente à ação mecânica que a
induziu” É a lei de causa e efeito
Dados:
V1 = Tensão de suprimento aplicada ao primário (Volts);
r1 = Resistência do circuito primário (ohms);
L1 = Indutância do circuito primário (henries);
XL1 = Reatância indutiva do primário (ohms);
Z1 = Impedância do circuito primário (ohms);
I1 = Corrente fornecida pela fonte ao primário (amperes);
E1 = Tensão induzida no enrolamento primário por todo o fluxo que concatena a bobina 1
(volts);
E2 = Tensão induzida no enrolamento secundário por todo o fluxo que concatena a bobina 2
(volts);
I2 = Corrente fornecida pelo secundário à carga (amperes);
r2 = Resistência do circuito secundário sem a carga (ohms);
V2 = Tensão de induzida no secundário (Volts);
L2 = Indutância do circuito secundário (henries);
XL2 = Reatância indutiva do secundário (ohms);
Z2 = impedância do circuito secundário (ohms);
φ1 = Fluxo disperso que concatena apenas o primário (maxwells);
φ2 = Fluxo disperso que concatena apenas o secundário (maxwells);
φ1 = Fluxo mútuo, compartilhando pelas bobinas 1 e 2 (maxwells);
M = Indutância mutua entre as duas bobinas produzida pelo fluxo mútuo (henries);
k = Coeficiente de acoplamento.
Se aproximarmos outra bobina (secundário) da primeira, parte do fluxo produzido pelo primário irá
envolver o secundário (φm ), induzindo uma tensão E2 também contrária ao efeito que a esta
criando, portanto de mesma polaridade que E1.
Ao ligar uma carga no secundário, surgirá uma corrente I2, contrária a I1. O sentido desta corrente
pode ser confirmado pela regra da mão direita.
Coeficiente de acoplamento:
O coeficiente de acoplamento é a relação entre o fluxo que concatena as duas bobinas e o total:
Com o núcleo de ar o fluxo concatenado entre as duas bobinas φm é muito menor que o fluxo
emitido pelo primário φ1, portanto teremos um baixo acoplamento, consequentemente as tensões
induzidas no secundário serão consideravelmente menores que as do primário. O produto V1I1 será
muito superior ao V2I2, logo a potência transferida do primário ao secundário também será pequena.
O circuito secundário aberto. O fluxo φm irá criar E1 e E2. Uma corrente para magnetização (perdas)
irá surgir no primário. Como E1 se opõe a V1, esta corrente será pequena.
Im estará atrasado 90º em relação a V1 (tensão primária). φm por sua vez, produz E1 e E2 90º
atrasados. teremos então que E1 em oposição a V1.
Se inserirmos no secundário uma carga surgirá uma corrente I2 em atraso (indutiva) θ2 em relação a
E2.
Os Amperes-espiras do secundário (N2 . I2) irão produzir um fluxo desmagnetizante que reduzirá
φm, consequentemente as tensões induzidas E1 e E2. Como E1 se opões a V1, sua redução implica
no surgimento de uma corrente I’1 que irá circular no primário de forma que I’1 . N1 = I2 . N2
restabelecendo φm.
I’1 irá se atrasar de V1 de um ângulo θ’1 = θ2 de forma a seu fluxo se opor ao provocado por I2 e
reestabelecer o fluxo.
E1 = N1. dφm/dt ; E2 = N2. dφm/dt como a variação do fluxo primário é a mesma que a do
secundário, teremos:
∝ = I2 = N1 = E1 = V1 .
I1 N2 E2 V2
V1 . I1 = V2 . I2
Disto temos que a potência do transformador ideal no primário é a mesma no secundário. Portanto o
transformador transfere a energia.
Esta equação indica que não podemos utilizar o transformador em freqüência diferente da que ele
foi projetado a menos que também mudemos a tensão de trabalho.
Exemplo:
Um transformador monofásico de 44 kVA, 2200 - 220V, 60Hz, possui uma fem induzida de
2,5V/espira. Supondo que o transformador é ideal, calcule:
a) O número de espiras do enrolamento de alta, Na;
b) O número de espiras do enrolamento de baixa, Nb;
c) Corrente nominal para o enrolamento de alta, Ia;
d) Corrente nominal para o enrolamento de baixa, Ib;
e) Relação de transformação funcionando como elevador;
f) Relação de transformação funcionando como abaixador;
Resposta:
a- Na = Ea/(volt/espiras) = 2200 / 2.5 = 880 espiras;
b- Nb = Eb/ (volts/espiras) = 220 / 2,5 = 88 espiras;
Z1 = ∝2 Z2 ou Z1 / Z2 = (N1 / N2)2
No transformador real, teremos novamente os fluxos dispersos no primário e secundário, que irão
provocar uma reatância Xl1 e Xl2.
Com isto E1 = V1 – I1Z1 e V2 = E2 – I2Z2 logo no transformador real V1 > E1 e V2 < E2.
Com base no visto sobre impedância refletida, podemos resumir o transformador em um circuito
equivalente:
No circuito:
Rm = resistência referente às perdas no ferro (histerese e correntes parasitas);
Xm = impedância referente ao transformador aberto;
Re1 = Resistência equivalente refletida ao primário;
Xe1 = Reatância equivalente refletida ao primário;
Ze1 = Impedância equivalente refletida ao primário;
Se I’1 é muito maior que Im, (transformador carregado) podemos desprezar Im.
I1 = V1 / (Ze1 + ZL)
R% = {(E2 – V2 ) / E2 } x 100
onde:
E2 = (V2 cos θ2 + I2 Re 2) + j (V2 sen θ2 +/- I2 Xe 2)
Re2 = R2 + R1/ ∝2
Embora o transformador estático não seja propriamente um dispositivo de conversão de energia, ele
é um componente indispensável em muitos sistemas de conversão de energia. Em nosso estudo
focalizaremos seus aspectos básicos, e não os pormenores construtivos e de projeto, que é matéria
específica das disciplinas e trabalhos especializados, tanto em máquinas elétricas (no caso de
transformadores de potência) como em medidas elétricas, controle e comunicações (nos casos de
transformadores de medida e de controle). Tem como funções:
CLASSIFICAÇÃO:
Transformadores de Potência:
⇒ Força
⇒ Distribuição
Transformadores de Instrumentacão:
⇒ Medição (TP's e TC's)
⇒ Proteção (TP' s e TC' s)
Transformadores de Baixa Potência:
⇒ Eletrônica
⇒ Comando
CONSTRUÇÃO E MONTAGEM:
Monofásicos
Para realização deste ensaio, o enrolamento de baixa tensão é curto-circuitado e aplicada uma
tensão reduzida no de alta tensão de forma a não exceder o valor da corrente nominal de BT.
O ensaio de curto circuito é executado com tensões menores que a nominal do transformador, como
as perdas magnéticas são proporcionais ao quadrado da tensão, as perdas relativas ao núcleo no
ensaio de curto circuito são desprezíveis. Logo podemos desprezar o ramo de magnetização no
circuito equivalente e encontrar os parâmetros dos circuitos:
Ze1 = V / I
Re1 = P / I2
Xe1 = √(Ze12 - Re12)
Este ensaio será realizado através da aplicação de tensão nominal no enrolamento de BT . É preciso
muito cuidado, pois surgirá a tensão nominal do enrolamento AT, que ficará aberto.
Como a corrente que circulará neste ensaio é muito menor que a nominal, podemos desprezar as
perdas ômicas no enrolamento (I2 Rx), teremos então que a leitura do watímetro será o valor das
perdas a vazio.
11.0 RENDIMENTO
O rendimento de um transformador é definido como sendo a relação entre a Potência fornecida pelo
mesmo e a potência absorvida pela rede, ou seja:
η = Psaída / (Psaída + Pperdas) = (V2 I2 cos θ2) / {(V2 I2 cos θ2) + Ph + I22 Re2} onde:
η = Rendimento do transformador;
V2 = Tensão no secundário;
I2 = Corrente secundária;
cos θ2 = Fator de potência da carga;
Ph = Perdas no núcleo. Estas perdas são fixas para o transformador independente da carga;
Re2 = Resistência equivalente do transformador referida ao secundário.
I22 Re2 = Ph, logo o valor da corrente secundária quando ocorre o maior rendimento será
I2 = √(Ph/Re2).
Determine:
a) A corrente nominal AT e BT;
b) A relação de transformação se for ligado como abaixador;
c) A resistência, impedância e reatância equivalentes do transformador;
d) Considerando desprezíveis as perdas ôhmicas no ensaio a vazio, quais as perdas no núcleo e as
perdas totais do transformador quando operando como abaixador, à carga nominal;
e) Qual o rendimento do transformador à carga nominal e fator de potência 0,8 indutivo.
BOBINAS EM SOMA
Um transformador pode ser feito com vários enrolamentos e, dependendo da forma com que são
ligados poderemos obter várias tensões primárias e secundárias.
Se ligarmos as bobinas em série com suas polaridades se somando termos como resultante a soma
das tensões. Se as polaridades se opõem, as tensões se subtrairão.
Para ligar as bobinas em paralelo é recomendável que ambas tenham a mesma tensão nominal, pois
caso contrário, surgiriam correntes circulando entre os enrolamentos, provocando perdas ou até
mesmo danificando os enrolamentos.
EPA - Conversão - Transformadores – Pág.: 15/24
13.0 AUTOTRANSFORMADORES
Os transformadores possuem os enrolamentos primários e secundários sempre isolados entre si. Nos
Autotransformadores estes enrolamentos estão interligados, formando um único conjunto.
Exemplo:
Um transformador isolado de 10 kVA, 1200 - 120 V, é ligado como autotransformador elevador
com polaridade aditiva e primário de 1200V. Calcule:
a) A capacidade de corrente original do enrolamento de 120V;
b) A capacidade de corrente original do enrolamento de 1200V;
c) A nova potência nominal do autotransformador;
d) As correntes I1 e IC a partir do valor de I2;
e) Sobrecarga no enrolamento primário provocada por IC;
f) A potência transferida condutivamente do primário ao secundário;
g) A potência transformada do primário ao secundário;
Resposta:
a) I = S / V = 10000 / 120 = 83,33 A;
b) I = 10000 / 1200 = 8,33 A;
Como o autotransformador possui apenas um enrolamento, o fluxo disperso será menor, além disto
parte da potência é transferida por condução (sem passar pelo circuito magnético) implicando em
perdas no núcleo bastante menores que em um transformador convencional. O único enrolamento
também acaba por provocar perdas variáveis menores.
Quanto menor a relação de transformação maior o rendimento, pois maior quantidade de energia
será transferida através da condução (sem passar pelo circuito magnético).
Do exposto temos que os autotransformadores são restritos ao uso em aplicações baixa tensão e
onde a relação de transformação é próxima à unidade.
Em um sistema de energia trifásico as tensões estão defasadas entre sí de 120º. Quando somamos
vetorialmente as tensões de fase, obteremos tensões de linha 30º atrasadas:
Três transformadores monofásicos podem ser ligados para formar um banco trifásico em qualquer
dos quatro modos mostrados abaixo. Em todas as quatro, os enrolamentos à esquerda são os
primários, aqueles à direita são os secundários, e cada enrolamento primário tem como secundário
aquele desenhado paralelo a ele.
EPA - Conversão - Transformadores – Pág.: 18/24
Também estão mostradas as tensões e as correntes resultantes da aplicação ao primário de tensões
de linha V e correntes de linha I, quando a relação entre espiras de primário e secundário N1/N2 vale
a, considerando-se transformadores ideais. Deve-se notar que, para tensões de linha e potência
aparente total fixas, a potência aparente nominal de cada transformador é um terço da potência
aparente nominal do banco, independentemente das ligações usadas, mas que os valores nominais
de tensão e corrente dos transformadores individuais dependem das ligações.
A ligação Y-D. é comum ente usada para transformar uma alta tensão em uma média ou baixa. Uma
das razões é que assim existe um neutro para aterrar o lado de alta tensão, um procedimento que,
pode-se mostrar desejável na maioria dos casos. Inversamente, a ligação D-Y é comumente usada
para transformar uma baixa ou média tensão em uma alta tensão. Em distribuição secundária este
fato é invertido, uma vez que é necessário a existência da tensão fase-neutro em baixa tensão, são
utilizados transformadores D-Y.
A ligação D-D tem a vantagem de que um transformador pode ser removido para reparo ou
manutenção enquanto os dois restantes continuam a funcionar como um banco trifásico com,
entretanto, a potência nominal reduzida a 58% do valor para o banco original; isto é conhecido
como a ligação delta aberto, ou V.
Se invertermos a polaridade de ligação de um dos enrolamentos a resultante não será mais zero e
conseqüentemente teremos um curto-circuito ao efetuar a ligação. Uma prática usual para evitar isto
é antes de conectar o terceiro condutor, medir a tensão entre os dois pontos: se surgir um potencial
elevado significa que uma das bobinas está com a polaridade invertida.
Exemplo:
Um transformador trifásico com relação de transformação de ∝ = 2,5 ligado em Estrela-Delta, é
suprido por um sistema com as seguintes tensões:
Vab = 220 /0º V; Vbc = 220 /120º V; Vca = 220 /240º V.
Desenhe os diagramas de fasores dos enrolamentos primários e secundários indicando os valores de
módulo e ângulo das tensões nos enrolamentos e nas linhas de entrada e saída.
Além dos cuidados acima, nos transformadores trifásicos é preciso verificar o ângulo de fase das
tensões secundárias, pois caso as polaridades estejam invertidas, teremos um curto circuito. Os tipos
de ligação que podem ser paraleladas sem causar dano são:
Y – Y com Y – Y;
D – D com D – D;
D – Y com D – Y;
Y – D com Y – D;
Espectro harmônico da
curva distorcida da figura
anterior
Nos transformadores trifásicos, as correntes de magnetização estão defasadas de 120º uma da outra,
porém as terceiras harmônicas (6º, 9º, etc) estão em fase. Se o primário estiver ligado em Delta,
estas correntes se anulam. Caso contrário, irão gerar tensões secundárias de terceira ordem, levando
para a carga distorções indesejáveis.
Para solucionar este problema podemos ligar ambos enrolamentos em Delta, ou aterrar o ponto
comum dos enrolamentos da Estrela, fazendo com que as correntes sejam desviadas para terra.
A presença de harmônicos na linha de suprimento dos transformadores irá provocar queda em seu
rendimento e conseqüente perda de capacidade.
O Neutro tem importância fundamental para desvio das correntes de 3ª harmônica para a terra,
facilita a obtenção de duas tensões de trabalho e auxilia no equilíbrio das cargas ligadas em Estrela.
O Neutro é facilmente obtido em enrolamentos com ligação Estrela, porém para os com ligação
Delta, é necessário que um dos enrolamentos possua um tap central ligado à terra.
O nível da corrente de curto circuito nas instalações é uma informação muito importante para a
especificação das capacidades dos barramentos, disjuntores e demais equipamentos.
Como visto o transformador pode ser representado por uma impedância em série com o circuito
onde está inserido. É comum fazermos uma aproximação considerando o primário do transformador
como uma fonte infinita, neste caso, o nível da corrente de curto circuito de um transformador será
o valor da tensão nominal dividido por esta impedância.
Em transformadores trifásicos: S = 3 V L I L = 3 VF I F
Exemplo:
Calcule as correntes primárias e secundárias de um transformador monofásico de 44 kVA, 2200 -
220V, 60Hz.
Resposta:
I1 = S / V = 44000 / 2200 = 20A;
I2 = S / V = 44000 / 220 = 200A;
Exemplo:
Calcule as correntes primárias e secundárias de um transformador trifásico de 44 kVA, 2200 -
220V, 60Hz.
Resposta:
I1 = S 3 V L = 40000 3 × 2200 = 11,55 A
I2 = S 3 V L = 40000 3 × 220 =115,47 A