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CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA

Professor: Eduardo Pinto de Andrade


TRANSFORMADORES

1.0 CONCEITOS BÁSICOS DE ELETROMAGNETISMO

A eletricidade é a forma de energia cujo controle e conversão em outras formas de energia é o mais
confiável. Em especial a conversão eletromecânica da energia é amplamente utilizada no mundo
moderno.

A Conversão eletromecânica relaciona as forças elétricas e magnéticas às mecânicas aplicadas à


matéria em movimento. Como resultado desta interação entre energias podemos converter emergia
elétrica em mecânica e vice-versa.

1.1 CAMPO ELÉTRICO EM UM CONDUTOR

Quando uma corrente elétrica circula por um condutor irá surgir ao seu redor um campo magnético
perpendicular ao condutor e proporcional à intensidade de corrente.

1.2 REGRA DA MÃO DIREITA

Colocando o polegar direito no sentido da corrente e abraçando o condutor com os dedos teremos o
sentido das linhas de força que o envolvem.

1.3 CAMPO EM DOIS CONDUTORES PARALELOS

Quando em dois condutores circula uma corrente no mesmo sentido haverá atração entre os
condutores, se as correntes estão em sentido contrário, haverá repulsão.

1.4 SOLENÓIDES

Uma solenóide é um conjunto de condutores formando um anel (espiras).

1.5 GRANDEZAS MAGNÉTICAS

Circuito magnético:
É o caminho percorrido pelas linhas de campo.

Amperes espiras (NI):


É o produto do número de espiras do condutor pela intensidade de corrente que o percorre. Por
exemplo, 5A com 100 espiras = 500 amperes-espiras; 10A com 50 espiras = 500 amperes-espiras.

Força magnetomotriz (fmm):


É a força que tende a impelir o fluxo através do circuito magnético. É similar a fem do circuito
elétrico.

É diretamente proporcional ao número de amperes-espiras:


fmm = 0,4πNI = 1,257NI

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Fluxo Magnético (φ):
É o número total de linhas magnéticas que passam por um determinado circuito (equivalente à
corrente elétrica). É medido em linha de fluxo ou maxwells.

Indução magnética ou Densidade de Fluxo (B):


É a relação entre o fluxo magnético e a área perpendicular ao mesmo cortada pelas linhas de fluxo.
B=φ/A :: φ=Fluxo magnético
A=Área da seção perpendicular ao fluxo

Permeabilidade (µ):
É a relação entre o fluxo que passa por um material e o fluxo que passaria pelo vácuo se mantidas as
mesmas dimensões e fmm.

Por exemplo, em uma solenóide com núcleo de ferro o fluxo magnético é de 4000 linhas ou
maxwells. Quando removido o núcleo o fluxo passa para 20 linhas. A permeabilidade do ferro,
portanto é de
µ = 4000/20 = 200

Relutância (R):
É a oposição à passagem do fluxo magnético, corresponde à resistência do circuito elétrico.
Ela é diretamente proporcional ao comprimento do trajeto das linhas de fluxo e inversamente
proporcional à área e à permeabilidade do mesmo.

R = l / A.µ :: l = comprimento do trajeto das linhas;


A = área da seção perpendicular;
µ = permeabilidade.

Permeância (P):
É o oposto da relutância. P = 1/R

Lei do circuito magnético:


Similar à corrente elétrica o fluxo é diretamente proporcional a fmm e inversamente proporcional à
relutância:
φ = fmm / R ou se aplicarmos as fórmulas acima teremos
φ = (0,4πNI ) / (l/Aµ) = 0,4.π.NI.A.µ / l

Portanto quanto maior for o número de espiras, a corrente elétrica, a área do circuito e sua
permeabilidade, maior o fluxo magnético, que se reduzirá com o comprimento do circuito.

Histerese:

É provocada pela inércia do material do núcleo em inverter o campo magnético.

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1.6 LEI DE FARADAY

“O valor de uma tensão produzida em uma espira de fio é proporcional à razão de variação das
linhas de força que passam através daquela espira”

Emed = φ/t x 10-8 V onde:


E méd = Tensão média gerada;
φ = Número de linhas de força que atravessam a espira;
t = tempo no qual as linhas são atravessadas.

1.7 FATORES QUE AFETAM UMA FEM INDUZIDA

A equação acima considera que o condutor se movimenta perpendicularmente ao campo magnético


e que o mesmo não varia com o tempo. Em uma situação mais real teremos:

E = Blv senθ x 10-8 onde:


E = Tensão gerada (V);
B = Densidade de fluxo em Gauss (linhas por cm2);
l = Comprimento do trecho do condutor imerso no campo (cm);
v = Velocidade relativa entre o condutor e o campo (cm/s);
θ = Ângulo formado entre B e v tendo B como referência.

1.8 LEI DE LENZ

“A ação eletrodinâmica de uma corrente induzida opõe-se igualmente à ação mecânica que a
induziu” É a lei de causa e efeito

2.0 TRANSFORMADOR COM NÚCLEO DE AR

Dados:
V1 = Tensão de suprimento aplicada ao primário (Volts);
r1 = Resistência do circuito primário (ohms);
L1 = Indutância do circuito primário (henries);
XL1 = Reatância indutiva do primário (ohms);
Z1 = Impedância do circuito primário (ohms);
I1 = Corrente fornecida pela fonte ao primário (amperes);
E1 = Tensão induzida no enrolamento primário por todo o fluxo que concatena a bobina 1
(volts);
E2 = Tensão induzida no enrolamento secundário por todo o fluxo que concatena a bobina 2
(volts);
I2 = Corrente fornecida pelo secundário à carga (amperes);
r2 = Resistência do circuito secundário sem a carga (ohms);
V2 = Tensão de induzida no secundário (Volts);
L2 = Indutância do circuito secundário (henries);
XL2 = Reatância indutiva do secundário (ohms);
Z2 = impedância do circuito secundário (ohms);
φ1 = Fluxo disperso que concatena apenas o primário (maxwells);
φ2 = Fluxo disperso que concatena apenas o secundário (maxwells);
φ1 = Fluxo mútuo, compartilhando pelas bobinas 1 e 2 (maxwells);
M = Indutância mutua entre as duas bobinas produzida pelo fluxo mútuo (henries);
k = Coeficiente de acoplamento.

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Quando aplicamos uma tensão alternada V1 no primário, passa a circular I1, que por sua vez irá
induzir um campo magnético ( φ1 + φm ) neste enrolamento. Este fluxo irá induzir no primário uma
tensão E1 contrária a V1.

Se aproximarmos outra bobina (secundário) da primeira, parte do fluxo produzido pelo primário irá
envolver o secundário (φm ), induzindo uma tensão E2 também contrária ao efeito que a esta
criando, portanto de mesma polaridade que E1.

Ao ligar uma carga no secundário, surgirá uma corrente I2, contrária a I1. O sentido desta corrente
pode ser confirmado pela regra da mão direita.

Coeficiente de acoplamento:

O coeficiente de acoplamento é a relação entre o fluxo que concatena as duas bobinas e o total:

k = φm / (φm + φ1) = M / √(L1 . L2)

Com o núcleo de ar o fluxo concatenado entre as duas bobinas φm é muito menor que o fluxo
emitido pelo primário φ1, portanto teremos um baixo acoplamento, consequentemente as tensões
induzidas no secundário serão consideravelmente menores que as do primário. O produto V1I1 será
muito superior ao V2I2, logo a potência transferida do primário ao secundário também será pequena.

Este transformador é usado em sistemas de RF e em circuitos eletrônicos.

3.0 TRANSFORMADOR IDEAL

Se colocarmos um núcleo de material com melhor permeabilidade entre as bobinas 1 e 2, estaremos


concentrando as linhas de força entre estas bobinas, portanto os fluxos φ1 e φ2 serão muito
pequenos em relação a φm, fazendo com que k tenda a unidade. Teremos então M = √(L1 . L2)

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Analisaremos então as seguintes situações:

O circuito secundário aberto. O fluxo φm irá criar E1 e E2. Uma corrente para magnetização (perdas)
irá surgir no primário. Como E1 se opõe a V1, esta corrente será pequena.

A corrente de magnetização Im dependerá da relutância do circuito magnético Rm e do valor de


pico do fluxo magnetizante φpm, e do número de espiras do primário (N1).
Ipm = φpm(Rm/N1)

Im estará atrasado 90º em relação a V1 (tensão primária). φm por sua vez, produz E1 e E2 90º
atrasados. teremos então que E1 em oposição a V1.

Se inserirmos no secundário uma carga surgirá uma corrente I2 em atraso (indutiva) θ2 em relação a
E2.

Os Amperes-espiras do secundário (N2 . I2) irão produzir um fluxo desmagnetizante que reduzirá
φm, consequentemente as tensões induzidas E1 e E2. Como E1 se opões a V1, sua redução implica
no surgimento de uma corrente I’1 que irá circular no primário de forma que I’1 . N1 = I2 . N2
restabelecendo φm.

I’1 irá se atrasar de V1 de um ângulo θ’1 = θ2 de forma a seu fluxo se opor ao provocado por I2 e
reestabelecer o fluxo.

A corrente total do primário I1 será a soma vetorial entre I’1 e Im.

Com relação ao fator de potência é importante notar:


• O fator de potência sob carga é maior que à vazio;
• O fator de potência do primário é diferente do secundário.

Da igualdade entre os fluxos desmagnetizante do secundário e a componente primária temos:


I’1 . N1 = I2 . N2 ou:

I2 = N1 = ∝ que é a relação de espiras primárias para as secundárias ou relação de


I’1 N2 transformação

Em um transformador ideal, não existem perdas, portanto a corrente de magnetização é nula e I1 =


I’1.

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As tensões induzidas são dadas por:

E1 = N1. dφm/dt ; E2 = N2. dφm/dt como a variação do fluxo primário é a mesma que a do
secundário, teremos:

∝ = I2 = N1 = E1 = V1 .
I1 N2 E2 V2

V1 . I1 = V2 . I2

Disto temos que a potência do transformador ideal no primário é a mesma no secundário. Portanto o
transformador transfere a energia.

Com relação à tensão temos que :


E = 4,44 f N φpm

E2/N2 = kf(BmA) onde: Bm é a máxima densidade de fluxo permissível;


A é a área do núcleo do transformador.

Esta equação indica que não podemos utilizar o transformador em freqüência diferente da que ele
foi projetado a menos que também mudemos a tensão de trabalho.

Exemplo:
Um transformador monofásico de 44 kVA, 2200 - 220V, 60Hz, possui uma fem induzida de
2,5V/espira. Supondo que o transformador é ideal, calcule:
a) O número de espiras do enrolamento de alta, Na;
b) O número de espiras do enrolamento de baixa, Nb;
c) Corrente nominal para o enrolamento de alta, Ia;
d) Corrente nominal para o enrolamento de baixa, Ib;
e) Relação de transformação funcionando como elevador;
f) Relação de transformação funcionando como abaixador;

Resposta:
a- Na = Ea/(volt/espiras) = 2200 / 2.5 = 880 espiras;
b- Nb = Eb/ (volts/espiras) = 220 / 2,5 = 88 espiras;

c- Ia = S / V = 44000 / 2200 = 20A;


d- Ib = S / V = 44000 / 220 = 200A;

e- ∝ = N1/N2 = Nb/Na = 88 /880 = 0,10


f- ∝ = N1/N2 = Na/Nb = 880 /88 = 10

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4.0 IMPEDÂNCIA REFLETIDA

No transformador a impedância da carga é ZL = V2 / I2 que é igual a impedância do secundário Z2.

No primário Z1 = V1 / I1, se substituirmos V1= ∝ V2 e I1 = I2/∝, teremos Z1 = ∝2 V2/I2

Z1 = ∝2 Z2 ou Z1 / Z2 = (N1 / N2)2

5.0 TRANSFORMADOR REAL

No transformador real, teremos novamente os fluxos dispersos no primário e secundário, que irão
provocar uma reatância Xl1 e Xl2.

Podemos isolar a impedância interna do transformador no primário e secundário:


Z1 = r1 + jXL1 e Z2 = r2 + jXL2 .

Com isto E1 = V1 – I1Z1 e V2 = E2 – I2Z2 logo no transformador real V1 > E1 e V2 < E2.

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6.0 CIRCUITOS EQUIVALENTES

Com base no visto sobre impedância refletida, podemos resumir o transformador em um circuito
equivalente:

No circuito:
Rm = resistência referente às perdas no ferro (histerese e correntes parasitas);
Xm = impedância referente ao transformador aberto;
Re1 = Resistência equivalente refletida ao primário;
Xe1 = Reatância equivalente refletida ao primário;
Ze1 = Impedância equivalente refletida ao primário;

Se I’1 é muito maior que Im, (transformador carregado) podemos desprezar Im.

I1 = V1 / (Ze1 + ZL)

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Teremos os diagramas de fasores:

7.0 REGULAÇÃO DE TENSÃO

Regulação de tensão é a relação entre a tensão induzida no secundário e a tensão secundária no


transformador com carga.

R% = {(E2 – V2 ) / E2 } x 100

onde:
E2 = (V2 cos θ2 + I2 Re 2) + j (V2 sen θ2 +/- I2 Xe 2)

Re2 = R2 + R1/ ∝2

Xe2 = XL2 + XL1/ ∝2

Ze2 = Re2 + j Xe2

A regulação de tensão é calculada com base nas impedâncias do secundário.

8.0 TRANSFORMADORES – TIPOS E CONSTRUÇÃO

Embora o transformador estático não seja propriamente um dispositivo de conversão de energia, ele
é um componente indispensável em muitos sistemas de conversão de energia. Em nosso estudo
focalizaremos seus aspectos básicos, e não os pormenores construtivos e de projeto, que é matéria
específica das disciplinas e trabalhos especializados, tanto em máquinas elétricas (no caso de
transformadores de potência) como em medidas elétricas, controle e comunicações (nos casos de
transformadores de medida e de controle). Tem como funções:

 Isolar eletricamente dois circuitos;


 Ajustar a tensão de saída de um estágio do sistema à tensão de entrada do estágio seguinte;
 Ajustar a impedância do estágio seguinte à impedância do estágio anterior (casamento de
impedâncias ).

Essencialmente, um transformador é constituído por dois ou mais enrolamentos concatenados por


um campo magnético mútuo. Se um destes enrolamentos, o primário, for ligado a um gerador de
tensão alternada, será produzido um fluxo alternado, cuja amplitude dependerá da tensão e número
de espiras do primário. O fluxo mútuo concatenar-se-á com o outro enrolamento, o secundário, e
induzirá uma tensão cujo valor dependerá do número de espiras do secundário. Dimensionando
convenientemente os números de espiras do primário e secundário, pode-se obter teoricamente

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qualquer relação de tensões, ou relação de transformação, que se queira.

O funcionamento do transformador evidentemente exige apenas a existência de fluxo mútuo


alternado concatenando com os dois enrolamentos, e é simplesmente uma utilização do conceito de
indutância mútua.

CLASSIFICAÇÃO:

 Transformadores de Potência:
⇒ Força
⇒ Distribuição
 Transformadores de Instrumentacão:
⇒ Medição (TP's e TC's)
⇒ Proteção (TP' s e TC' s)
 Transformadores de Baixa Potência:
⇒ Eletrônica
⇒ Comando

Transformadores de Força são aqueles que energizados ou em operação trabalham ao longo do


tempo, próximo a condição de carga nominal. Isto acontece nas áreas de geração e transmissão.

Transformadores de Distribuição permanecem 24 horas por dia ligado ao sistema


independentemente de estarem com carga ou não. Este fato faz com que o rendimento máximo da
máquina para os transformadores de força aconteça próximo ao ponto nominal enquanto para os
transformadores de distribuição em tomo de 0,6 a 0,7 do ponto nominal de operação.

Transformadores de Força: Especiais para laboratórios de Ensaios:


- até 25 MVA 145KV - até 300 KV por unidade
- trifásico e monofásico - tensões superiores ligadas em cascata
- em óleo mineral ou silicone - com alta e baixa impedância

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Transformadores de Potencial e Corrente: Transformadores de Controle:
- para proteção e/ou medição - para sistema de baixa tensão
- em óleo mineral até 72 KV - alimentação de comando
- seco até 38 KV - sinalização - circuitos auxiliares
- instalação interna ou externa

Transformadores e Reatores Especiais: Reatores:


- para retificadores - de potência
- conversores estáticos - derivação ou série
- tração elétrica - em óleo mineral, silicone ou seco
- solda elétrica
- ignição de gás e óleo
- vibradores
- equipamentos hospitalares isolação de válvulas
- submersíveis

CONSTRUÇÃO E MONTAGEM:

Monofásicos

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Trifásicos

9.0 ENSAIO DE CURTO CIRCUITO

Para realização deste ensaio, o enrolamento de baixa tensão é curto-circuitado e aplicada uma
tensão reduzida no de alta tensão de forma a não exceder o valor da corrente nominal de BT.

O ensaio de curto circuito é executado com tensões menores que a nominal do transformador, como
as perdas magnéticas são proporcionais ao quadrado da tensão, as perdas relativas ao núcleo no
ensaio de curto circuito são desprezíveis. Logo podemos desprezar o ramo de magnetização no
circuito equivalente e encontrar os parâmetros dos circuitos:
Ze1 = V / I
Re1 = P / I2
Xe1 = √(Ze12 - Re12)

Os valores encontrados serão refletidos ao enrolamento AT do transformador.

10.0 ENSAIO A VAZIO

Este ensaio será realizado através da aplicação de tensão nominal no enrolamento de BT . É preciso
muito cuidado, pois surgirá a tensão nominal do enrolamento AT, que ficará aberto.

As perdas no núcleo são calculadas por:


Ph = Pca – I2 Rx
Ph = Perdas no núcleo;
Pca = Leitura do watimetro;
I = Corrente de magnetização (leitura do amperímetro)
Rx = Resistência do enrolamento ensaiado.
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Este ensaio será realizado através da aplicação de tensão nominal no enrolamento de BT . É preciso
muito cuidado, pois surgirá a tensão nominal do enrolamento AT, que ficará aberto.

As perdas no núcleo são calculadas por:


Ph = Pca – I2 Rx
Ph = Perdas no núcleo;
Pca = Leitura do watimetro;
I = Corrente de magnetização (leitura do amperímetro)
Rx = Resistência do enrolamento ensaiado.

Como a corrente que circulará neste ensaio é muito menor que a nominal, podemos desprezar as
perdas ômicas no enrolamento (I2 Rx), teremos então que a leitura do watímetro será o valor das
perdas a vazio.

11.0 RENDIMENTO

O rendimento de um transformador é definido como sendo a relação entre a Potência fornecida pelo
mesmo e a potência absorvida pela rede, ou seja:
η = Psaída / (Psaída + Pperdas) = (V2 I2 cos θ2) / {(V2 I2 cos θ2) + Ph + I22 Re2} onde:

η = Rendimento do transformador;
V2 = Tensão no secundário;
I2 = Corrente secundária;
cos θ2 = Fator de potência da carga;
Ph = Perdas no núcleo. Estas perdas são fixas para o transformador independente da carga;
Re2 = Resistência equivalente do transformador referida ao secundário.

Teremos rendimento máximo quando as perdas fixas e variáveis forem iguais:

I22 Re2 = Ph, logo o valor da corrente secundária quando ocorre o maior rendimento será
I2 = √(Ph/Re2).

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Exemplo:
Um transformador monofásico, 500 - 250V, 60Hz, 10kVA é testado a vazio e em curto-circuito
com os seguintes resultados:
Ensaio Potência medida (W) Tensão medida (V) Corrente medida (A)
Vazio 350,00 250,00 2,00
Curto-circuito 45,00 20,00 10,00

Determine:
a) A corrente nominal AT e BT;
b) A relação de transformação se for ligado como abaixador;
c) A resistência, impedância e reatância equivalentes do transformador;
d) Considerando desprezíveis as perdas ôhmicas no ensaio a vazio, quais as perdas no núcleo e as
perdas totais do transformador quando operando como abaixador, à carga nominal;
e) Qual o rendimento do transformador à carga nominal e fator de potência 0,8 indutivo.

a) A corrente nominal AT e BT;


Iat = 10000 / 500 = 20,00A;
Ibt = 10000 / 250 = 40,00A.

b) A relação de transformação se for ligado como abaixador;


∝ = V1 / V2 = 500 / 250 = 2

c) A resistência, impedância e reatância equivalentes do transformador;


Do ensaio de curto-circuito temos que
Z1 = V/I = 20 / 10 = 2 ohms;
R1= P/I2 = 45 / (10)2 = 0,45ohms;
X1 = √(Z2 – R2) = √(22 – 0,452) = 1,95 ohms
Logo Z1 = R1 + jX1 = 0,45 + j1,95 ohms
Z2 = Z1/∝2 = (0,45 + j1,95) / 22 => Z2 = 0,11 +j0,49 ohms

d) Considerando desprezíveis as perdas ôhmicas no ensaio a vazio, quais as perdas no núcleo e as


perdas totais do transformador quando operando como abaixador, à carga nominal;
P vazio = 350 W
P ôhmicas = R2 I22 = 0,11 x 402 = 176 W
Ptotais = 176 + 350 = 526 W

e) Qual o rendimento do transformador à carga nominal e fator de potência 0,8 indutivo:


Psaida = V2I2cosθ2 = 250 x 40 x 0,8 = 8000W
Rendimento = Psaida / Psaida + Perdas = 8000 / (8000 + 526) = 0,94 = 94%
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12.0 POLARIDADE DOS TRANSFORMADORES

Dependendo de como são feitos os enrolamentos, as tensões induzidas no primário e no secundário


podem ou não ter a mesma polaridade. É convencionado marcar com um ponto o lado do
enrolamento em que a tensão induzida é positiva. Também são convenções marcar os enrolamentos
de alta tensão com a letra H e de baixa com X., os lados positivos com números impar e os outros
com número par. Então um enrolamento marcado com a letra H1 é de alta tensão com polaridade
positiva.

BOBINAS EM SOMA

BOBINAS EM SOMA BOBINAS EM SOMA BOBINAS EM OPOSIÇÃO

Um transformador pode ser feito com vários enrolamentos e, dependendo da forma com que são
ligados poderemos obter várias tensões primárias e secundárias.

Se ligarmos as bobinas em série com suas polaridades se somando termos como resultante a soma
das tensões. Se as polaridades se opõem, as tensões se subtrairão.

Para ligar as bobinas em paralelo é recomendável que ambas tenham a mesma tensão nominal, pois
caso contrário, surgiriam correntes circulando entre os enrolamentos, provocando perdas ou até
mesmo danificando os enrolamentos.
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13.0 AUTOTRANSFORMADORES

Os transformadores possuem os enrolamentos primários e secundários sempre isolados entre si. Nos
Autotransformadores estes enrolamentos estão interligados, formando um único conjunto.

As tensões primárias e secundárias dependerão da forma de ligação e polaridade dos enrolamentos.

Uma forma comum de construção de autotransformadores é colocar um cursor sobre o enrolamento


e então derivar a tensão secundária deste ponto. Com isto teremos uma tensão variável no
secundário (variac).

Em um transformador a energia é transferida ao secundário é apenas transformada através do


circuito magnético. No autotransformador a potência é transferida através do circuito magnético e
através do próprio condutor.

Teremos então uma componente da potência condutiva e outra transformada.

S = V2 . I2 = V2 (I1+IC) = V2I1 + V2IC = V2I1 + (V2-V1)I1

No transformador abaixador I2 = I1 + Ic, logo I1 é totalmente conduzida do primário ao secundário.


A potência “conduzida” do primário ao secundário é V2.I1.

A potência transformada será (V1-V2). I1 = VP. I1

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No transformador elevador I1 = I2 + Ic, logo I2 é totalmente conduzida do primário ao secundário. A
potência “conduzida” do primário ao secundário é V1.I2.

A potência transformada será (V2-V1). I2 = VS . I2.

Exemplo:
Um transformador isolado de 10 kVA, 1200 - 120 V, é ligado como autotransformador elevador
com polaridade aditiva e primário de 1200V. Calcule:
a) A capacidade de corrente original do enrolamento de 120V;
b) A capacidade de corrente original do enrolamento de 1200V;
c) A nova potência nominal do autotransformador;
d) As correntes I1 e IC a partir do valor de I2;
e) Sobrecarga no enrolamento primário provocada por IC;
f) A potência transferida condutivamente do primário ao secundário;
g) A potência transformada do primário ao secundário;

Resposta:
a) I = S / V = 10000 / 120 = 83,33 A;
b) I = 10000 / 1200 = 8,33 A;

c) SNOVA = V x I = 1320 x 83,33 = 110 kVA

d) I1 V1 = I2 V2 :: I1= (I2 V2)/V1 = 110000/1200 = 91,67A;


I1 = I2 + IC :: IC = I1 – I2 = 91,67 – 83,33 = 8,34 A

e) A capacidade nominal do enrolamento primário é a capacidade nominal de IC, portanto a


sobrecarga será: IC / INOMINAL = 8,34 / 8,33 = 100,12%;

f) Pot conduzida = V1.I2 = 1200 x 83,33 = 100kVA;

g) Pot transformada = (V1-V2). I2 = (1320 – 1200) x 83,33 = 10kVA

14.0 RENDIMENTO DOS AUTOTRANSFORMADORES

Como o autotransformador possui apenas um enrolamento, o fluxo disperso será menor, além disto
parte da potência é transferida por condução (sem passar pelo circuito magnético) implicando em
perdas no núcleo bastante menores que em um transformador convencional. O único enrolamento
também acaba por provocar perdas variáveis menores.

O rendimento do autotransformador será muito maior que do transformador convencional (próximo


de 99%).

Quanto menor a relação de transformação maior o rendimento, pois maior quantidade de energia
será transferida através da condução (sem passar pelo circuito magnético).

Um autotransformador tem grande vantagem em relação ao transformador convencional no


rendimento e no custo, pois possuirá enrolamentos menores e menos ferro no núcleo.

Em contrapartida o transformador convencional tem a grande vantagem de isolar os circuitos


primário e secundário, barrando as altas freqüências (ruídos e harmônicos) e um outro ponto que é
fundamental na escolha do transformador convencional em detrimento ao autotransformador: Em
caso de abertura do enrolamento do transformador convencional (primário ou secundário)
imediatamente deixará de existir a tensão no secundário. No caso do autotransformador, se abrir o
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terminal comum dos enrolamentos irá surgir a tensão primária no secundário, em transformadores
de distribuição estaremos submetendo os circuitos secundários a uma alta tensão, podendo provocar
danos irreparáveis aos equipamentos e até mesmo a pessoas.

Do exposto temos que os autotransformadores são restritos ao uso em aplicações baixa tensão e
onde a relação de transformação é próxima à unidade.

15.0 SISTEMA TRIFÁSICO

Em um sistema de energia trifásico as tensões estão defasadas entre sí de 120º. Quando somamos
vetorialmente as tensões de fase, obteremos tensões de linha 30º atrasadas:

16.0 TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

Três transformadores monofásicos podem ser ligados para formar um banco trifásico em qualquer
dos quatro modos mostrados abaixo. Em todas as quatro, os enrolamentos à esquerda são os
primários, aqueles à direita são os secundários, e cada enrolamento primário tem como secundário
aquele desenhado paralelo a ele.
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Também estão mostradas as tensões e as correntes resultantes da aplicação ao primário de tensões
de linha V e correntes de linha I, quando a relação entre espiras de primário e secundário N1/N2 vale
a, considerando-se transformadores ideais. Deve-se notar que, para tensões de linha e potência
aparente total fixas, a potência aparente nominal de cada transformador é um terço da potência
aparente nominal do banco, independentemente das ligações usadas, mas que os valores nominais
de tensão e corrente dos transformadores individuais dependem das ligações.

A ligação Y-D. é comum ente usada para transformar uma alta tensão em uma média ou baixa. Uma
das razões é que assim existe um neutro para aterrar o lado de alta tensão, um procedimento que,
pode-se mostrar desejável na maioria dos casos. Inversamente, a ligação D-Y é comumente usada
para transformar uma baixa ou média tensão em uma alta tensão. Em distribuição secundária este
fato é invertido, uma vez que é necessário a existência da tensão fase-neutro em baixa tensão, são
utilizados transformadores D-Y.

A ligação D-D tem a vantagem de que um transformador pode ser removido para reparo ou
manutenção enquanto os dois restantes continuam a funcionar como um banco trifásico com,
entretanto, a potência nominal reduzida a 58% do valor para o banco original; isto é conhecido
como a ligação delta aberto, ou V.

A ligação Y - Y é raramente utilizada, devido a dificuldades com fenômenos relativos a correntes


de excitação.

Em lugar de três transformadores monofásicos, um banco trifásico pode consistir de um


transformador trifásico tendo todos os 6 enrolamentos em um núcleo comum, e contido em um
tanque comum. As vantagens de transformadores trifásicos são que eles custam menos, pesam
menos, ocupam menos espaço e tem rendimento maior.

Os cálculos de circuitos envolvendo bancos de transformadores trifásicos em circuitos equilibrados


podem ser feitos considerando-se apenas um dos transformadores ou fases, pois as condições são
exatamente as mesmas nas outras duas fases exceto pelos deslocamentos de fases associados a um
sistema trifásico.

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É importante perceber que a relação de transformação é entre os enrolamentos primários e
secundários, ou seja entre as tensões de fase. As tensões de linha resultantes dependerão do tipo de
ligação escolhida.

Se invertermos a polaridade de ligação de um dos enrolamentos a resultante não será mais zero e
conseqüentemente teremos um curto-circuito ao efetuar a ligação. Uma prática usual para evitar isto
é antes de conectar o terceiro condutor, medir a tensão entre os dois pontos: se surgir um potencial
elevado significa que uma das bobinas está com a polaridade invertida.

Exemplo:
Um transformador trifásico com relação de transformação de ∝ = 2,5 ligado em Estrela-Delta, é
suprido por um sistema com as seguintes tensões:
Vab = 220 /0º V; Vbc = 220 /120º V; Vca = 220 /240º V.
Desenhe os diagramas de fasores dos enrolamentos primários e secundários indicando os valores de
módulo e ângulo das tensões nos enrolamentos e nas linhas de entrada e saída.

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TENSÃO DE LINHA DE ENTRADA DO PRIMÁRIO:
V1ab = 220 /0º V;
V1bc = 220 /120º V;
V1ca = 220 /240º V.

TENSÃO DE FASE DO PRIMÁRIO


V1a =V1ab/√3 /ang-30º = 220/1,73 /0-30º = 127 /-30º V;
V1b =V1bc/√3 /ang-30º = 127 /90º V;
V1c =V1ca/√3 /ang-30º = 127 /210º V;

TENSÃO DE FASE DO SECUNDÁRIO


V2a = V1a/α /ang = 127/2.5 /-30º = 50,80 /-30º V
V2b =V2b/α /ang = 50,80 /90º V;
V2c =V2c/α /ang = 50,80 /210º V;

TENSÃO DE LINHA DE SAÍDA DO SECUNDÁRIO


V2ab = V2a = 50,80 /-30º V
V2bc = V2b = 50,80 /90º V
V2ca = V2c = 50,80 /210º V

17.0 PARALELISMO DE TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

Como visto com os transformadores monofásicos, o paralelismo de transformadores trifásicos só


pode ser feito entre transformadores com mesma relação de transformação e impedância, caso
contrário, surgem correntes de circulação que podem provocar queima do enrolamento e certamente
causam redução no rendimento.

Além dos cuidados acima, nos transformadores trifásicos é preciso verificar o ângulo de fase das
tensões secundárias, pois caso as polaridades estejam invertidas, teremos um curto circuito. Os tipos
de ligação que podem ser paraleladas sem causar dano são:
 Y – Y com Y – Y;
 D – D com D – D;
 D – Y com D – Y;
 Y – D com Y – D;

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As ligações Y – Y podem ser paraleladas com D – D desde que se modifique a relação de
transformação para obter a mesma tensão de linha secundária. As ligações Y – D só podem ser
paraleladas com D – Y se forem invertidas as polaridades das fases.

18.0 HARMÔNICOS EM TRANSFORMADORES

Antes de falarmos dos harmônicos em transformadores é preciso relembrar alguns conceitos


básicos:

 Fundamental – É a forma de onda de tensão ou corrente original , de freqüência mais baixa e de


onde todas as outras são múltiplas (60 Hz ).
 Harmônica - ou componente harmônica , são as outras formas de onda múltiplas da fundamental
. Geralmente , numa rede , elas têm a amplitude menor que a fundamental , mas seus efeitos são
destrutivos.
 Ordem harmônica - ou número harmônico , é a relação entre a componente e a fundamental.
n = f n / f 1 . Dizemos então que temos uma harmônica de terceira ordem, ou de sétima ordem ,
nona ordem , assim sucessivamente.
 Espectro - è um gráfico em forma de histograma que mostra a distribuição das amplitudes em
função de sua ordem harmônica.

Forma de onda distorcida e suas


componentes

Espectro harmônico da
curva distorcida da figura
anterior

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Outro espectro de Harmônica
Nos transformadores monofásicos a corrente de magnetização é distorcida devido à curva de
magnetização do núcleo, gerando uma componente de terceira harmônica. Como a corrente de
magnetização dos transformadores monofásicos é muito pequena em relação à corrente principal, a
distorção provocada pela sua terceira harmônica é menor ainda.

Nos transformadores trifásicos, as correntes de magnetização estão defasadas de 120º uma da outra,
porém as terceiras harmônicas (6º, 9º, etc) estão em fase. Se o primário estiver ligado em Delta,
estas correntes se anulam. Caso contrário, irão gerar tensões secundárias de terceira ordem, levando
para a carga distorções indesejáveis.

Para solucionar este problema podemos ligar ambos enrolamentos em Delta, ou aterrar o ponto
comum dos enrolamentos da Estrela, fazendo com que as correntes sejam desviadas para terra.

A presença de harmônicos na linha de suprimento dos transformadores irá provocar queda em seu
rendimento e conseqüente perda de capacidade.

19.0 OBTENÇÃO DO NEUTRO

O Neutro tem importância fundamental para desvio das correntes de 3ª harmônica para a terra,
facilita a obtenção de duas tensões de trabalho e auxilia no equilíbrio das cargas ligadas em Estrela.

O Neutro é facilmente obtido em enrolamentos com ligação Estrela, porém para os com ligação
Delta, é necessário que um dos enrolamentos possua um tap central ligado à terra.

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20.0 CURTO CIRCUITO

O nível da corrente de curto circuito nas instalações é uma informação muito importante para a
especificação das capacidades dos barramentos, disjuntores e demais equipamentos.

Como visto o transformador pode ser representado por uma impedância em série com o circuito
onde está inserido. É comum fazermos uma aproximação considerando o primário do transformador
como uma fonte infinita, neste caso, o nível da corrente de curto circuito de um transformador será
o valor da tensão nominal dividido por esta impedância.

Como normalmente a impedância dos transformadores é dada em percentual, a corrente de curto


circuito será a corrente nominal do secundário dividida pela impedância em PU.

21.0 CÁLCULO DA CORRENTE NOMINAL

Em transformadores monofásicos teremos: S = VF I F

Em transformadores trifásicos: S = 3 V L I L = 3 VF I F

Exemplo:
Calcule as correntes primárias e secundárias de um transformador monofásico de 44 kVA, 2200 -
220V, 60Hz.

Resposta:
I1 = S / V = 44000 / 2200 = 20A;
I2 = S / V = 44000 / 220 = 200A;

Exemplo:
Calcule as correntes primárias e secundárias de um transformador trifásico de 44 kVA, 2200 -
220V, 60Hz.

Resposta:
I1 = S 3 V L = 40000 3 × 2200 = 11,55 A
I2 = S 3 V L = 40000 3 × 220 =115,47 A

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