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Conversão de Energia
a
Prof Dra. Stefani Freitas
MÓDULO II
Transformadores
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FITZGERALD, A. Máquinas Elétricas. São Paulo: Mc-Graw-Hill do Brasil.
KOSOW, I. W. Máquinas elétricas e transformadores. São Paulo: Globo, 5ª edição, 1998.
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O transformador opera segundo o princípio da indução mútua entre duas (ou mais)
bobinas ou circuito indutivamente acoplados. Um transformador teórico de núcleo a ar, no
qual dois circuitos são acoplados por indução magnética, é visto na figura 2.1. Observe que
os circuitos não são ligados fisicamente (não há conexão condutiva entre eles).
O circuito ligado à fonte de tensão alternativa, V1, é chamado primário (circuito 1). O
primário recebe sua energia de uma fonte alternativa. Dependendo do grau de acoplamento
magnético entre dois circuitos, Eq. 2.1, esta energia é transferida do circuito 1 ao circuito 2.
Se os dois circuitos são frouxamente acoplados, como no caso do transformador a núcleo de
ar, mostrado na figura 2.1, somente uma pequena quantidade de energia é transferida doo
primário (circuito 1) para o secundário (circuito 2). Se as duas bobinas ou circuitos estão
enrolados sobre um núcleo comum de ferro, eles estão fortemente acoplados. Neste caso,
quase toda a energia recebida da fonte, pelo primário, é transferida por ação
transformadora ao secundário.
Figura 2.1 – transformador de núcleo de ar, indutivamente acoplado, com os símbolos definidos.
Fonte: KOSOW (1982).
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(2.1)
√
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(a) (b)
(c)
Figura 2.3 – Relações fasoriais no transformador ideal: (a) relações primárias a vazio; (b) relações
secundárias, transformador carregado; (c) relações primárias, transformador carregado.
Fonte: KOSOW (1982).
5. , por sua vez, requer 90° para produzir as tensões induzidas primária e
secundária, E1 e E2. Estas tensões induzidas estão em fase uma com a outra, por
serem ambas produzidas por . Note que E1, na figura 2.3 (a) opõe-se a V1 (lei de
Lenz). Sem carga, a figura 2.3 (a) representa todas as relações de corrente e tensão
num transformador ideal.
6. Imagine uma carga em atraso (indutiva) ligada aos terminais do secundário do
transformado idela da figura 2.2. Tal carga produz uma corrente I2 atrasada em
relação a E2 de um ângulo , como se vê na figura 2.3 (b).
7. Os ampère-espiras secundários, N2I2, como mostra a figura 2.2, tendem a prooduzir
um fluxo desmagnetizante que reduz o fluxo mútuo , e as tensões indizidas E2 e
E1, instantaneamente.
8. A redução de E1 produz uma componente primária da corrente de carga, I1’ que
circula no primário, tal que I1’N1 = I2N2, restabelecendo em seu valor original.
Note-se que, na figura 2.3(b), I1’ se atrasa em relação a V1 de , enquanto I2 se
atrasa em relação a E2 de , tais que . Esta última igualdade é necessária a
fim de que os ampère-espiras primários restaurados N1I1’ sejam iguais e opostos aos
ampère-espiras secundários desmagnetizantes N2I2.
9. O efeito da componente primária da corrente de carga I1’ é visto na figura 2 3 (c),
onde a corrente primária I1 é a soma fasorial de Im e I1’ Dois pontos devem ser
notados no que diz respeito às relações do fator de potência no circuito primário da
figura:
a) O ângulo de fase do primário diminui de seu valor original sem carga de 90° a seu
valor com carga, e
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Os passos citados revelam a maneira pela qual o circuito primário responde à carga no
circuito secundário.
(2.ba)
ou
(2.2b)
Sendo:
é a relação das espiras primárias para as secundárias ou a relação de transformação;
é a componente de carga da corrente primária;
é a corrente secundária ou de carga;
e são os números de espiras do primário e secundário, respectivamente.
O significado da relação de transformação, , na eq. 2.2b, é que ela é fixa (não
constante) para qualquer transformador dado (já construído) dependendo de sua
aplicação. Consequentemente, a componente de carga da corrente primária pode ser
calculada para qualquer valor da corrente secundária de carga.
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Exercício 1. O lado de alta tensão de um transformador tem 500 espiras, enquanto o de
baixa tensão tem 100 espiras. Quando ligado como abaixador, a corrente de carga é de 12 A.
Calcule:
a) A relação de transformação .
b) A componente de carga da corrente primária.
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Exercício 2. Calcule a relação de transformação do transformador do exercício 1, quando
usado como transformador elevador.
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Os exercícios 1 e 2 mostram que a relação de transformação, , é fixa para uma dada
aplicação, mas não constante. Quando usado como transformador abaixador, = 5, mas,
quando usado como transformador elevador, ,2. Desde que os termos elevador e
abaixador referem-se às tensões, bem como aos lados de alta tensão e baixa tensão, a
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(2.3)
e
(2.4)
Uma vez que a relação de variação do fluxo mútuo que concatena primário e
secundário é a mesma, , dividindo a eq. 2.3 pela eq. 2.4 teremos em função das tensões
ou
(2.5)
A equação 2.5 estabelece que as relações das tensões primárias para as secundárias são
proporcionais às relações dos números de espiras primárias para secundárias. Também se
verifica que a relação de transformação, , é a maior que a unidade para um transformador
abaixador, mas é mnor que a unidade para um transformador elevador.
Considerando as equações 2.2b e 2.5, tem-se:
(2.6)
Que pode ser transposta para conduzir à relação fundamental de potência entre o primário
e o secundário.
(2.7)
E, se a componente de carga da corrente primária, , é muito maior que a corrente de
magnetização, Im, pode-se escrever:
( é ) (2.8)
Para um transformador ideal, sem perdas, não tendo fluxos dispersos primários nem
secundários (reatâncias de dispersão nulas), podemos dizer que:
( ) (2.9)
A eq. 2.9 verifica a definição fundamental de um transformador como dispositivo que
transfere energia de um circuito para outro. Para um transformador ideal, os volt-ampères
drenados da fonte alternativa, V1I1 são iguais aos volt-ampères transferidos ao secundário e
entregues à carga V2I2, onde todos os termos foram definidos na seção 2.1. A eq. 2.9 também
estabelece um meio de especificar um transformador volt-ampères (VA) ou quilovolt-
ampères (kVA), onde V1 e I1 são os valores nominais da tensão e da corrente primária,
respectivamente, e V2 e I2 os valores nominais secundários da tensão e da corrente,
respectivamente.
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Exercício 3. Um transformador de 4,6 kVA, 2300/115 V, 60 Hz foi projetado para ter uma
fem induzida de 2,5 volts/espira. Imaginando-o um transformador ideal, calcule:
a) O número de espiras do enrolamento de alta.
b) O número de espiras do enrolamento de baixa.
c) A corrente nominal para o enrolamento de alta.
d) A corrente nominal para o enrolamento de baixa.
e) A relação de transformação funcionando como elevador.
f) A relação de transformador funcionando como abaixador.
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Como visto no exercício 3, a relação volts/espiras é a mesma para ambos os
enrolamentos, de alta e baixa tensões.
Pode-se mostrar que este valor é diretamente proporcional ao valor de pico do fluxo
mútuo, , e à frequência, conforme expressa a relação volts/ espira.
4,44 ( ) (2.10)
Sendo que:
Bm é a máxima densidade de fluxo permissível
A é a área do núcleo do transformador
O significado da eq. 2.10 não pode ser desconsiderado, por que estabelece o máximo
fluxo permissível ou a máxima densidade de fluxo permissível a uma dada frequência e a
uma dada tensão. Assim, os transformadores projetados para operação a uma dada
frequência não podem ser operados em outras frequência sem as correspondentes
alterações na tensão aplicada.
Nestas condições, para o caso de um transformador com dois enrolamentos,
considerando um mesmo k e mesmo , a alteração na tensão aplicada no transformador
por conta da modificação da frequência de operação pode ser calculada com a seguinte
relação: de ser feita do modo seguinte:
Sendo:
a tensão de projeto;
a tensão de operação;
a frequência de projeto;
a frequência de operação.
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Exercício 4. Um transformador de 600/20 V, 400 Hz, 3000/100 espiras deve ser utilizado a
partir de uma rede de 60 Hz. Mantendo a mesma densidade de fluxo permissível, calcule:
a) A máxima tensão que se pode aplicar nos enrolamentos de alta e baixa tensão.
b) A relação Volt/espira a 400 Hz e a 60 Hz na AT.
c) A capacidade em kVA no transformador a 60 Hz.
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Exercício 5. Um transformador de 1 kVA, 220/110 V, 400 Hz deve ser usado em 60 Hz.
Calcule:
a) A tensão que pode ser aplicada no lado de alta tensão e a máxima saída do lado de
baixa tensão.
b) Os kVA nominais do transformador sob as condições de frequência reduzida.
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2.3 IMPEDÂNCIA REFLETIDA, TRANSFORMAÇÃO DE IMPEDÂNCIA E TRANSFORMADORES
REAIS
(2.12)
Mas , como se viu na eq. 2.5, e , como mostra a eq. (2.6); então
(a)
(b)
(b)
Figura 2.4 – Impedância refletida ao secundário e ao primário: (a) Transformador real com carga; (b)
Impedância equivalente de saída e de entrada; (c) Impedância equivalente refletida.
Fonte: KOSOW (1982).
Mas V2/ I2, é a impedância secundária Z2, como mostra a eq. 2.11. Então,
( ) (2.13)
A figura 2.4(c) mostra a impedância olhando-se para dentro dos terminais a partir da
fonte quando a impedância secundária foi refletida de volta ao primário. Admita-se agora
que o secundário está a circuito aberto, com forme a figura 2.4(c), e que a impedância do
enrolamento secundário é desprezível comparada à impedância da carga ZL, que é igual a
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Z2. A eq. 2.13 estabelece que a relação da impedância de entrada para a de saída é (igual a)
o quadrado da relação de transformação. Desde que , esta relação implica em que
os transformadores podem servir como dispositivos para o acoplamento de impedâncias,
de modo a prover a máxima transferência de potência de um circuito a outro. Um exemplo
comum é o caso de um transformador de saída, usado para acoplar a impedância da carga
do alto falante à impedância de saída de um amplificador de áudio.
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Exercício 6. O lado de alta tensão de um transformador abaixador tem 800 espiras e o lado
de baixa tensão tem 100 espiras. Uma tensão de 240 V é aplicada do lado de alta e uma
impedância de carga de 3 Ω é ligada do lado de baixa tensão Calcule:
a) A corrente e a tensão secundárias.
b) A corrente primária.
c) A impedância de entrada do primário a partir da relação entre a tensão e a corrente
primárias.
d) A impedância de entrada do primário por meio da eq. (2.13).
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Exercício 7. Um servo- amplificador CA tem uma impedância de sa da de 25 Ω e o servo-
motor CA, que ele deve acionar, tem uma impedância de 2,5 Ω Calcule:
a) A relação de transformação do transformador que faça o acoplamento da
impedância do servo- amplificador à do servo-motor.
b) O número de espiras do primário se o secundário tem 10 espiras.
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2.4 O TRANSFORMADOR REAL
Um transformador real, de núcleo de ferro, carregado é representado na figura 2.5(a).
Embora “hermeticamente” acoplado pelo núcleo de ferro, uma pequena porção do fluxo
disperso é produzida nos enrolamentos primário e secundário, e , respectivamente,
além do fluxo mútuo, , como mostra a figura 2.5(a).
O fluxo disperso primário produz uma reatância indutiva primária XL1. O fluxo
disperso secundário produz uma reatância indutiva secundária, XL2. Além disto, os
enrolamentos primário e secundário são constituídos de condutores de cobre, que têm
certa resistência. A resistência interna do enrolamento primário é r1 e a do secundário é r2.
As resistências e reatâncias dos enrolamentos do primário e secundário,
respectivamente, produzem quedas de tensão no interior do transformador, como
resultado das correntes primária e secundária. Embora estas quedas de tensão sejam
internas, é conveniente representá-las externamente como parâmetros puros em série com
um transformador ideal, como mostra a figura 2.5(b).
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4 44 (2.17)
̇ ̇ ( ̇) ̇ ( ) (2.18)
̇ ̇ ( ̇) ̇ ( ) (2.19)
Note-se, pela figura 2.5(b) e eq. 2.18, que a tensão aplicada ao primário, V1, é maior
que a fem induzida no enrolamento primário, E1. E também pela figura 2.5(b) e eq. 2.19, que
as fem induzida no enrolamento secundário, E2, é maior que a tensão nos terminais
secundário, V2. Assim, pode-se escrever:
e (2.20)
2 2
I1 r1 x1 I’2 α r2 α x2
Im
V1 Rm Xm α2.ZL
Im
V1 Rm Xm αV2 α2.ZL
I1 Re1 xe1
V1 α V2 α2.ZL
â á
â á
̇ ̇ ( ) ( )
( ) ( )
Sendo:
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Exercício 10. Para o transformador dado no exercício 8, calcule:
a) A resistência interna equivalente referida ao primário.
b) A reatância interna equivalente referida ao primário.
c) A impedância interna equivalente referida ao primário.
d) A impedância secundária equivalente a uma carga de , Ω (resistiva), referida ao
primário.
e) A corrente primária de carga se a fonte é de 2300 V.
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A aproximação da figura 2.6(c) despreza a componente de magnetização, Im, da corrente
primária, I1. Com efeito, isto significa que o ângulo de fase da carga secundária é refletido
diretamente para primário sem alteração. Se a componente de magnetização da corrente
primária é desprezada, obtém-se um diagrama fasorial equivalente simples para o
transformador carregado sob quaisquer condições de carga em atraso, em adianto ou fator
de potência (FP) unitário, como mostra a figura 2.7.
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Sendo:
= fem induzida no secundário do trafo.
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Lembrando que:
Figura 2.9 – Regulação da tensão secundária de transformadores – todas as tensões e correntes referidas ao
secundário – tensão secundária usada como fator de referência.
Fonte: KOSOW (1982).
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Exercício 11. Foram feitas medidas num transformador de 500kVA, 2300/230V e
encontraram-se os seguintes valores para reatância e resistência equivalente referidos ao
secundário (230V).
, 6
, 2
Calcule:
a) A fem induzida, E2 quando o transformador estiver entregando a corrente nominal
secundária a uma carga de FP unitário.
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