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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO

TRANSFORMADOR TRIFÁSICO

AUTOTRANSFORMADORES

MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS


TRANSFORMADOR MONOFÁSICO

01- O Transformador

Os transformadores monofásicos são equipamentos destinados a alterar o nível


de tensão de uma rede elétrica. São empregados nos sistemas de energia elétrica que
vai da geração até o consumo, intercalados em vários pontos para modificar os níveis
de tensão e de corrente.
Uma das finalidades do transformador também é de transferir a potência elétrica
do centro de geração até o consumo.

São classificados em dois grupos como sendo:

Distribuição: Quando empregados para alterar o nível de tensão em linhas de


transmissão.

Potência: Quando empregados para alterar o nível de tensão e aplicá-la diretamente


ao consumo.

02- Partes de um Transformador

Os transformadores são construídos de duas partes, que também poderão ser


chamadas de circuitos. São elas: O núcleo e os enrolamentos.

2.1- O Núcleo É o elemento constituído de ferro de alta condutibilidade magnética e


tem como função principal conduzir o fluxo magnético até as bobinas ou enrolamentos.
Sua construção é de ser totalmente laminado para reduzir as perdas causadas pelas
correntes parasitas.
É também chamado de circuito magnético pelo fato de ser o condutor do fluxo
magnético.
Os núcleos poderão ser envolvidos ou envolventes.

Envolvido Envolvente

Envolvido – Quando as bobinas estão distribuídas e colocadas sobre os caminhos


externos.

Envolvente – Quando as bobinas são colocadas no caminho central ou interno.

2.2- Os Enrolamentos Os enrolamentos são compostos pelas bobinas primárias e


secundária e formam o circuito elétrico do transformador.
A bobina primária é a que recebe tensão da rede e que cria o campo magnético de
intensidade e polaridade variável.
A bobina secundária, quando é cortada pelo fluxo magnético que circula pelo núcleo,
é induzida nela a força eletro motriz (E).
O valor da força eletro motriz depende do número de espiras da bobina.
A bitola do condutor vai depender da intensidade de corrente que circula pela bobina. A
intensidade de corrente vai depender da potência da carga que a bobina secundária
alimenta.

03- Transformador abaixador e elevador

3.1 – Transformador abaixador É aquele que reduz o nível de tensão na saída da


bobina secundária, ou seja, a tensão no primário é maior do que no secundário.

Observe que o número de espiras no secundário é menor do que no primário.

3.2 – Transformador elevador É aquele que eleva o nível de tensão na saída da


bobina secundária, ou seja, a tensão de saída é maior do que a tensão de entrada.

Observe que o número de espiras na bobina secundária é maior do que o número de


espiras na bobina primária.

Obs.: Independente se o transformador é abaixador ou elevador, a bobina que recebe


tensão da rede, sempre será chamada de bobina primária.

04- Princípio de Funcionamento

Quando aplica uma tensão alternada (V1) no primário do transformador, faz


circular uma corrente na bobina. Esta corrente cria um fluxo magnético variável cujo
valor depende do valor da tensão aplicada e do número de espiras da bobina.
O fluxo magnético criado circula pelo circuito magnético (núcleo) e ao cortar as espiras
da bobina secundária induz nela uma força eletro motriz E2
O valor da força eletro motriz E2 depende da tensão primária e do número de espiras
da bobina secundária.
V1 – Tensão aplicada a bobina primária
Фm – Fluxo magnético que circula pelo núcleo de ferro (circuito magnético)
E2 – Força eletro motriz induzida na bobina secundária
io – Corrente a vazio

07- Relação de transformação

A relação de transformação é estudada considerando um transformador ideal e


está relacionada com a tensão primária e secundária do trafo.

Como o trafo é ideal, o valor V1 = E1 e E2 = V2.

A força eletro motriz induzida na bobina primária é dada por:

E1 = 4,44 x f1 x N1 x Фm

A força eletro motriz induzida na bobina secundária é dada por:

E2 = 4,44 x f2 x N2 x Фm

Fazendo a relação entre a tensão primária e secundária temos:

E1 V1 4,44 × f1 × N1 × φm
= =
E 2 V2 4,44 × f 2 × N 2 × φm
Simplificando os termos iguais, a relação fica:
E1 V1 N
= =
E 2 V2 N 2

Chamando de “a” a relação de transformação, temos:

E1 V N
a=; a= 1; a= 1
E2 V2 N2
Como o transformador serve para transferir potência do primário para o secundário,
podemos dizer que:
P1 = P2

Se P1 = V1 x I1 ;

e P2 = V2 x I2 ;

logo V1 x i1 = V2 x i2

V1 i 2
=
V2 i1

V1 i2
Se = a log o =a
V2 i1

Observe que a relação da corrente é o inverso das demais grandezas, isto porque um
trafo, o lado de AT tem baixa corrente e o lado de BT tem alta corrente.

13- Polaridade das bobinas do trafo

A polaridade de um transformador representa o sentido dos enrolamentos de


alta e baixa tensão.
Os trafos poderão apresentar polaridade subtrativa ou aditiva.
Para determinar a polaridade dos enrolamentos, os mesmos serão marcados
com H1 e H2 o enrolamento de alta tensão e X1 e X2 o enrolamento de BT.
Neste caso a marcação dos enrolamentos com H e X, nada tem haver com trafo
abaixados ou elevados e bobina primária e secundária.

Polaridade subtrativa

A polaridade é subtrativa no trafo quando os enrolamentos de AT e BT


apresentam o mesmo sentido.
A marcação dos terminais de H1 e H2 não é aleatória. Para marcar H1 e H2
devemos proceder a seguinte forma: o observador se posiciona no lado de BT olhando
para o lado de AT; o terminal que fica a sua esquerda é o terminal H1 e o da direita H2.
Os terminais X1 e X2 são determinados a partir dos vários métodos que serão
mostrados posteriormente.

Se estendermos o modelo de trafo acima, temos.

Considerações:

01 – E1 é a força eletro motriz induzida na bobina de AT.

02 – E2 é a força eletro motriz induzida na bobina de BT.

03 – V' é o valor da soma das forças eletro motrizes E1 e E2

V' = E1 - E2

Como E2 está em sentido contrário de E1, recebe o sinal negativo.

04 – V é o valor da tensão induzida na bobina de A.T.; Portanto

E1 = V1

05 – Quando o valor de V for maior que V’, o trafo apresenta polaridade subtrativa.

Polaridade aditiva

A polaridade é aditiva nos transformadores quando os enrolamentos apresentam


os sentidos contrários.
A marcação de H1 e H2 respeita o mesmo processo aplicado anteriormente.

Estendendo o trafo temos:

Considerações

01 – O valor de E1 e E2 está no mesmo sentido, portanto:

V' = E1 + E2

02 – V é o valor da tensão aplicada na bobina de AT;

03 – O valor de V é menor do que V ‘, portanto o trafo apresenta polaridade aditiva.

Obs.: A polaridade das bobinas do trafo deverá ser observada quando se realizar a
ligação de trafos em paralelo ou quando se agrupar trafos monofásicos para construir
trafos trifásicos.

17- Rendimento de um trafo

O rendimento de um transformador é toda a potência que ele retira da rede e a


transforma em trabalho na carga.
Rendimento é o aproveitamento do trafo. Para aumentar o rendimento do trafo
temos que reduzir as perdas no ferro e as perdas joule. (Pfe e Pj).
Mostramos abaixo o fluxo das potências num transformador.
A potência absorvida pelo primário do trafo deverá suprir as perdas internas e a
potência na carga, portanto P1 vale:

P1 = Pi + P2

A potência de perdas internas é composta pelas perdas joule e perdas no ferro,


portanto,

Pi = Pfe + Pj
As perdas no ferro Pfe são constantes porque dependem da tensão e da
freqüência que alimentam o trafo e se determinam no ensaio a vazio.
As perdas joule dependem do valor da corrente de carga. Como a carga pode
variar, estas perdas também variam. Estas perdas se determinam no ensaio de curto
circuito.

A potência P1 é portanto:

P1 = P2 + Pfe + Pj

A potência P2 é a potência entregue pelo secundário a carga. O rendimento é


sempre expresso pela relação existente entre a potência de saída e a potência de
entrada, portanto:

P2
η% = × 100 ou
P1
P2
η% = × 100
P2 + Pj + Pf e

O rendimento de um trafo é sempre expresso pelo percentual de potência ativa P, que


é transformado em trabalho. O rendimento também depende da quantidade de carga
aplicada ao trafo.
A potência P1 pode ser medida com um wattímetro ou calculada por:

P1 = V1 x i1 x cos ϕ 1

A potência P2, também pode ser medida por wattímetro ou calculada por:

P2 = V2 x i2 x cos ϕ 2
18 - Regulação de um trafo

A regulação de um trafo representa o percentual de queda de tensão que


aparece no secundário. Num transformador com carga, a tensão V2 deve ser mantida
constante, portanto deve ser a referência na equação.

A regulação é expressa por:

E 2 − V2
R% = × 100
V2

V2 – Tensão aplicada na carga e constante.

E2 – Força eletro motriz induzida na bobina secundária e medida com o secundário


aberto.

No transformador a queda aparece em:

Para manter a tensão V2 constante nos terminais da carga, devemos variar a


tensão V1 no primário do trafo. Para ser considerado bom, o trafo deve apresentar
regulação no máximo de 6%.

TRANSFORMADOR TRIFÁSICO

01- O Transformador

Os transformadores trifásicos, assim como os monofásicos, são destinados a


alterar o nível de tensão de uma rede elétrica e de transferir a potência elétrica do
centro de geração até o consumo.
Os sistemas elétricos trifásicos possibilitam a geração de energia em
quantidades maiores e que facilmente poderão ser transmitidos e distribuídos com o
auxílio de transformadores trifásicos.
O principio de funcionamento do trafo trifásico é o mesmo já visto em trafo
monofásico, portanto, poderá ele ser construído a partir do agrupamento de três trafos
monofásicos, associados conforme a necessidade de atendimento para a alimentação
das cargas.
Os trafos trifásicos que serão abordados a seguir são os de distribuição e de
transmissão.
02- Banco de 3 trafos monofásico

Um transformador trifásico pode ser construído a partir do agrupamento de 3


transformadores monofásicos, exatamente iguais. São considerados transformadores
iguais àqueles que possuem a mesma relação de tensão, a mesma impedância interna,
a mesma polaridade, a mesma potência, o mesmo número de espiras e a mesma
seção dos condutores.
A potência trifásica é, portanto dada pela soma das potências monofásicas.
O banco de trafos monofásicos constitui então um trafo trifásico, assim sendo:

Os enrolamentos primários e os secundários poderão ser Agrupados triângulo


ou em estrela, que veremos a seguir.

As vantagens do trafo trifásico, construído a partir de 3 trafos monofásicos, é


que, se queimar uma das fases, facilmente poderá ser substituída e permite alterar as
conexões primárias e secundárias com facilidade.

A desvantagem é que ocupa muito espaço físico e o núcleo de ferro poderia ser
aproveitado melhor.

03- Trafo trifásico com núcleo de ferro envolvido

Os trafos trifásicos com núcleo de ferro envolvido são os mais empregados por
apresentarem mais eficiência elétrica, reduzem a quantidade de ferro magnético e o
fluxo está mais concentrado, apresentando menos dispersão magnética.
As bobinas primárias e secundárias de cada fase estão alocadas no mesmo
ramo do núcleo, podendo estar uma ao lado da outra ou sobrepostas.
Quando a bobina primária está sobreposta à secundária, haverá um melhor
aproveitamento na indução do fluxo magnético, provocando menos fluxo disperso,
consequentemente menos reatância de dispersão (Xe).
Observe que neste caso, o fluxo criado pela fase A, circula pelo ramo da fase B
e da fase C, e assim sucessivamente o da fase B, circula pelo ramo da fase A e C e o
da fase C, pelo ramo da fase B e A.
Obs.: Os três enrolamentos de fase deverão possuir as mesmas características
construtivas para produzirem as 3 tensões de linha iguais e as 3 tensões de fase
iguais, tanto no primário como no secundário.

05- Marcação dos terminais das 3 fases


A marcação dos terminais das 3 fases do trafo trifásico deverá respeitar a
polaridade de cada fase, tanto da bobina primária como da bobina secundária.
Os terminais do lado de AT serão marcados com a letra H e os terminais de BT,
com a letra X, independente se o trafo é abaixador ou elevador.
Considerando que a polaridade de cada bobina já foi determinada, teremos:

Observe que os inícios de cada fase recebem os índices 1, 2 e 3, na ordem


crescente das fases, e os fins correspondentes, os índices 4, 5 e 6. Neste caso deverá
ser respeitada a seqüência de fase com seus ângulos correspondentes.
Ao agrupar, as bobinas primárias e secundárias de um trafo, aparecerão as
grandezas de linha e de fase.

Analisaremos o agrupamento em triângulo.

Neste caso:
a Vl = Vf
Il
a Il = If × 3 ou If =
3
Na ligação em triângulo as 3 tensões de linha, assim como as 3 tensões de fase,
deverão ser exatamente iguais, enquanto as correntes dependem se as cargas são
balanceadas ou não.

Analisando o agrupamento em estrela.

Na ligação em estrela as 3 tensões de linha, assim como as 3 tensões de fase,


deverão ser exatamente iguais, enquanto as correntes dependem se as cargas são
balanceadas ou não.
Considerações:

01 – A tensão de linha (Vl) é a tensão que existe entre dois condutores fase.
02 – A corrente de linha (Il) é a corrente que circula no condutor fase ou na linha.
03 – A tensão de fase (Vf) é a tensão aplicada sobre o enrolamento de fase do trafo.
Quando se trata da ligação em estrela, a Vf é obtida entre o condutor fase e o
centro estrela do agrupamento.
04 – A corrente de fase (if) é a corrente que circula dentro do enrolamento de uma fase,
independente do tipo de ligação.
05 – A potência trifásica é dada pela soma das potências das 3 fases.
06 – O agrupamento em estrela das bobinas permite a obtenção do condutor neutro,
possibilitando a conexão com a terra.

06- Agrupamento das fases do trafo 3Ф

Os agrupamentos mais comuns e mais usados, em triângulo (∆) ou em estrela (Y)


são:
∆/∆; Y/Y; ∆/Y e Y/∆.

6.1- Agrupamento triângulo/triângulo (∆/∆)


É o agrupamento mais econômico para altas potências e baixas tensões.

Vantagens:

a) A corrente de fase é 3 vezes menor do que a corrente de linha;


b) Se faltar uma das fases, o trafo pode ainda alimentar com 58% da potência a carga
ligada.

Desvantagens:

a) Se faltar uma fase, as demais deixam de fornecer 1/3 de sua potência, o que implica
em sobrecarga nas fases em funcionamento;
b) Não é possível aterrar o primário, o secundário e nem a carga;
c) É um trafo antieconômico para tensões elevadas, devido o custo de construção;
d) As correntes de linha são elevadas.

6.2- Agrupamento estrela/estrela (Y/Y)


É o agrupamento empregado em trafos que alimentam baixas potências em altas
tensões.

Vantagens:
a) É econômico para potências pequenas;
b) Permite aterrar o primário, secundário e a carga;
c) Mantém o equilíbrio das tensões mesmo quando as cargas são desequilibradas;
d) A corrente de desequilíbrio flui para a terra;
e) Na falta de uma fase, as demais fases podem fornecer uma potência monofásica
equivalente a 58% da potência trifásica.

Desvantagens:
a) Se o neutro não for aterrado, haverá desequilibro das tensões;
b) Para correntes de linha elevadas, a construção dos enrolamentos de fase se torna
antieconômico
6.3 – Agrupamento triângulo/estrela (∆/Y)
É o agrupamento mais adequado para transformadores elevadores e de alta potência.

Vantagens:
a) O neutro no secundário pode ser aterrado;
b) As tensões em cada fase são equilibradas;
c) O trafo poderá alimentar cargas equilibradas e desequilibradas.
Desvantagens:
a) A falta de uma fase torna o trafo inoperante.

6.4 – Agrupamento estrela/triângulo (Y/∆)


Este agrupamento é propício para trafos abaixadores e de alta potência.

Vantagens:
a) O neutro do primário pode ser aterrado;
b) Mantém as tensões no secundário em equilíbrio, mesmo com carga equilibrada ou
desequilibrada.

Desvantagens:
a) Não possui neutro para aterrar a carga;
b) A falta de fase torna o trafo inoperante.
Considerações:
01 – Os trafos empregados em redes primárias de distribuição possuem a alta tensão
ligada em triângulo e a baixa tensão ligada em estrela;
02 – Os trafos que alimentam cargas de alta potência, e são exclusivos para isso, é
importante que o secundário seja ligado em triângulo, desde que a carga não
exija ligação para a terra.

07- Relação de tensão

A relação de tensão, representada pela letra “a”, é dada em função das


grandezas de fase, portanto:
V N I E
a = f1 = f1 = f 2 = f1
Vf 2 N f 2 I f 1 E f 2
Onde

Vf1 – é a tensão de fase no primário


Vf2 – é a tensão de fase no secundário

Para determinar a relação de tensão, temos que conhecer o tipo de


agrupamento que foi feito no trafo.
Tomamos como exemplo o trafo 3Ф agrupado em ∆/Υ.

Neste caso no lado de AT, primário, a Vl é igual a tensão de fase Vf.


No lado de baixa tensão, a Vl é 3 vezes maior do que a tensão de fase Vf.
A relação de tensão é portanto:
V
a = f1
Vf 2
O procedimento prático para determinar o “a” é semelhante ao já visto em trafos
monofásicos.

09- Polaridade do trafo trifásico

A polaridade do trafo trifásico é obtida a partir dos agrupamentos das bobinas


primárias e secundárias. Como os terminais de AT são expressos por H1, H2 e H3, e os
de BT por X1, X2 e X3, estes aparecem como bornes de saída do trafo.
Vejamos o agrupamento ∆/Y, como exemplo:
Considerando os terminais fora da caixa, a placa de bornes fica:

O Xo representa o centro estrela do agrupamento, portanto o condutor neutro e o que


pode ser conectado a terra.

Obs.: A polaridade dos transformadores trifásicos é sempre subtrativa.

10- Potência de um trafo 3Ф

Por se tratar de um equipamento alimentado em corrente alternada, a potência


expressa em sua placa é sempre em VA. A unidade bastante usada, por serem trafos
de alta potência é o KVA.
Como os trafos podem alimentar vários tipos de carga, R, Rl ou Rc, a potência em
Watts, transformada em trabalho no secundário e a fornecida pelo primário são
expressas por:
P2 = 3 × Vl × I l × cos ϕ 2
P1 = 3 × Vl × I l × cos ϕ1
As perdas no ferro existem em cada fase e são determinadas por:
2
(
Pfe = i p × R p × 3 )(x3 por ser o trafo trifásico)

As perdas joule existem em cada enrolamento de fase e são determinadas por:


(
2
)
Pj = i f × R e × 3

A potência P1 é portanto:
P1 = 3 × Vl1 × I l1 × cos ϕ1 + Pj + Pfe

A Potência reativa Q é dada por:


Q1 = 3 × Vl1 × I l1 × Senϕ1
Q 2 = 3 × Vl 2 × I l 2 × senϕ 2

A potência aparente é expressa por:


S1 = 3 × Vl1 × I l1 ou
2 2 2
S1 = P1 + Q1

Analisando o triângulo das potências

As potências podem ser expressas por:


2 2 2
S1 = P1 + Q1
Ou
P1 = S1 × cos ϕ1
Q1 = S1 × senϕ1
O ângulo ϕ1 representa o ângulo do fator de potência no primário do trafo quando o
mesmo alimenta uma carga no secundário.
Os diagramas fazorais do trafo 3Ф funcionando com carga R, Rl e Rc têm o mesmo
tratamento dado no trafo 1Ф.
11- Agrupamento de trafos 3Ф em paralelo

Agrupam-se transformadores em paralelo com a finalidade de aumentar a


capacidade de fornecimento de potência ao sistema e aumentar a confiabilidade do
mesmo. Só é possível agrupar transformadores em paralelo quando algumas
condições forem satisfeitas:

01 – Mesma tensão nominal


Os valores das tensões secundárias deverão ser iguais, caso contrário se
estabelece uma corrente elétrica entre os secundários, mesmo sem carga. Esta
corrente aumenta a medida que a diferença de tensões aumentar.

02- Mesma relação de tensão


Os trafos deverão apresentar as mesmas tensões primárias e as mesmas tensões
secundárias. Isso satisfeito, a relação de tensão será a mesma.

03 – Mesma tensão de curto circuito


Para trafos de mesma potência, as tensões de curto circuito deverão ser iguais e
determinam as quedas de tensões no secundário.
Se as quedas de tensões forem diferentes, se estabelece uma corrente entre os
secundários. Para trafos de potências diferentes, as tensões de curto circuito serão
diferentes. Os trafos de maior potência possuem tensão de curto menor, portanto
menor impedância interna.
A distribuição de potência é inversamente proporcional a impedância interna, ou
seja, o trafo de maior impedância contribui com menos potência para a carga,
sobrecarregando o trafo de menor impedância.

04 – Mesmo deslocamento angular


Para que esta condição seja satisfeita, as conexões internas no primário e
secundário deverão ser iguais. Se os trafos apresentarem deslocamentos diferentes,
provocarão correntes diferentes circulando entre os secundários.

Mostramos a seguir dois trafos 3Ф em paralelo.


AUTOTRANSFORMADOR

01- O autotransformador

São equipamentos destinados a alterar o nível de tensão elétrica e também


servem para transferir potência do curto de geração até o centro consumidor.
São construídos de apenas um enrolamento que funciona como primário e
secundário.
Os autotransformadores podem funcionar como abaixadores ou elevadores.

ABAIXADOR ELEVADOR
V1 > V2 V1 < V2
N1 > N2 N1 < N2

Os autotransformadores não são usados como elementos isoladores de circuitos


elétricos.

02- Princípio de funcionamento


O princípio de funcionamento é semelhante a do transformador monofásico.
Quando se aplica uma tensão na bobina primária esta faz surgir uma corrente io,
composta pelos componentes im e ip.

A corrente de magnetização im produz um fluxo que circula pelo núcleo de ferro


induzindo as forças eletro motrizes E1 e E2, proporcionais ao número de espiras N1 e
N2, semelhantes ao trafo e expressa pela relação de tensão”a”.

O fluxo por sua vez ao circular pelo núcleo de ferro faz surgir as correntes
parasitas, ou correntes de perdas, que circulam pelas lâminas consumindo as perdas
no ferro.
O circuito equivalente é semelhante ao do trafo
03- Funcionamento a vazio
Os autotrafos funcionando a vazio são semelhantes aos trafos. Apresentam fator de
potência muito baixo e consumo elevado de potência reativa.

04- Funcionamento com carga


Os autotrafos com carga possuem no enrolamento comum as duas tensões e um valor
de corrente muito pequeno. São construídos por condutores de pequena seção.

Abaixador
i c = i 2 − i1

Elevador
i c = i1 − i 2

05- Vantagens de um autotrafo


Os condutores são sempre de seção pequena, principalmente no enrolamento de
baixa tensão;
- Menor comprimento do condutor, pois possui apenas 1 enrolamento;
- Núcleo de menor dimensão;
- Tanque de menor dimensão;
- Os autotrafos apresentam melhor rendimento.

06- Desvantagens de um autotrafo


- A ligação elétrica entre o primário e o secundário;
- Não são usados para relação de transformação superior a 3:1;

7 - Auto trafo trifásico

Os autotransformadores trifásicos são construídos a partir de 3 enrolamentos


monofásicos, agrupados semelhantes a uma estrela ou triângulo.

Agrupamento em estrela
Este modelo permite o aterramento.

Agrupamento em triângulo

Este modelo não permite o aterramento.


MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO - MIT

01- O Motor Elétrico

O motor elétrico é uma máquina que recebe energia elétrica da rede e a


transforma em energia mecânica no rotor.
São chamadas de motores de indução por que seu princípio de funcionamento se
baseia na indução de um campo magnético na parte móvel do mesmo.
Os motores são classificados de síncronos e assíncronos. Neste capítulo estudaremos
os motores assíncronos.
Os motores assíncronos são aqueles que a rotação do rotor é menor do que a rotação
do campo girante.

02- Vantagens na utilização do MIT.


São máquinas elétricas que apresentam:
- Construção simples;
- pouca manutenção;
- custo reduzido;
- vida útil prolongada;
- facilidade de manobra;
- fabricado para frações de potência até centenas de H.P.

03- Desvantagens na utilização do MIT.

-para altas potências exige dispositivos de partida;


-alto custo na recuperação do motor

04- Partes Principais de um MIT.


O motor de indução trifásico se divide em duas partes principais; o estator e o rotor.
A carcaça, o terceiro elemento do motor, serve apenas para sustentar o estator e o
rotor, não tem função elétrica.
4.1- Estator – É a parte fixa do motor. É construído de material ferromagnético de alta
permeabilidade. O estator é construído por um pacote de lâminas, possuindo na parte
interna as ranhuras. Além de alojar as ranhuras tem a função de conduzir o campo
magnético criado pelos enrolamentos que estão alojados nas ranhuras;
4.2- Rotor – É a parte móvel do motor. Também construída de material ferromagnético
de alta permeabilidade.
O rotor tem a função de: transmitir a energia mecânica no eixo, alojar as ranhuras para
os enrolamentos rotóricos e compor o circuito magnético, facilitando a circulação do
campo magnético.
Os rotores são classificados em dois tipos:

Rotor tipo gaiola


O enrolamento desse tipo de rotor é construído injetando alumínio nas ranhuras
e as suas extremidades são fechadas com as aletas de ventilação, portanto, todas as
espiras das ranhuras são curto circuitadas. O rotor recebe este nome pelo formato que
as espiras formam, a de uma gaiola de esquilo.

Características
- construção simples e robusta;
- apresenta um índice de manutenção baixo;
- trabalham em ambientes corrosivos e de muita poeira;
- o rotor não tem contacto elétrico o que facilita seu funcionamento;
- motores de alta potência apresentam correntes de partida elevada, necessitando de
dispositivos de partida;
- motores instalados em áreas de difícil acesso.

Rotor tipo bobinado


Este tipo de rotor aloja nas ranhuras 3 enrolamentos de fase que são
normalmente conectados numa extremidade em estrela e na outra ligados a anéis fixos
no eixo. Estes enrolamentos são semelhantes aos de um trafo trifásico abaixador.
Este tipo de rotor é empregado em motores de alta potência e que partem normalmente
com carga mecânica no eixo.

Características
- construções mais complexas e de maior custo;
- necessita maior manutenção;
- tem controle da corrente de partida através de um reostato ligado aos anéis;
- o reostato permite um pequeno controle da rotação do rotor;
- motor que parte com carga mecânica acoplada ao eixo.
05 - Campo girante
O campo girante é formado pela aplicação de uma corrente alternada trifásica
num enrolamento também trifásico, defasado de 120º E entre suas fases. As 3 fases
que compõem a rede, criam os fluxos magnéticos em tempos diferentes, conforme o
defasamento entre elas, ou seja, de 120º E.

A criação alternada dos fluxos nas fases, produz o que chamamos de campo girante.
Na realidade estes fluxos crescem e diminuem em tempos diferentes.
No exemplo acima, mostramos o campo girante formado pelos enrolamentos que
criaram 2 polos, norte e sul.
O número de vezes que esses fluxos crescem e diminuem no tempo de 1 minuto,
determina a velocidade síncrona do campo girante, que pode ser calculada por:
120 × f
Ns =
P
Onde:
Ns - Velocidade do campo girante
120 - Constante magnética ligada a freqüência
f - Freqüência da rede de alimentação
P - Número de pólos criados por fase.

5.1 – Velocidade do campo girante


A velocidade do campo girante depende portanto da freqüência da rede de
alimentação e na razão inversa do número de pólos criados por fase. Considerando
que a freqüência da rede é uma grandeza constante, a velocidade do campo girante
depende do número de pólos.
Número de Polos Rotação Síncrona (RPM)
P/ 60Hz P/ 50Hz
2 3600 3000
4 1800 1500
6 1200 1200
8 900 750
12 600 500

Observe que, quanto maior o número de pólos criados pelas fases, menor é a rotação
síncrona.

06- Principio de funcionamento do MIT.


O princípio de funcionamento de um motor de indução trifásica baseia-se na
indução do fluxo magnético criado nas fases, nas espiras do enrolamento do rotor.

Demonstramos acima apenas o funcionamento de uma fase, visto que as


demais são iguais. Quando ligamos a rede os enrolamentos do estator, vai aparecer
um fluxo magnético que origina o campo girante. As linhas de força deste fluxo
magnético cortam as espiras do rotor, induzindo nelas uma força eletro motriz.
A força eletro motriz induzida faz circular neles uma corrente elétrica. A corrente
elétrica que circula pelas espiras do rotor cria uma força eletromagnética, que é a
responsável pelo sentido do giro do rotor e que também é responsável pelo torque no
rotor.
Como o fluxo criado pela corrente nas espiras do rotor se opõe ao fluxo induzido,
este tenta parar-lo, porém como ele é imposto pela rede e o rotor é livre, o fluxo do
rotor é obrigado a acompanhar o do campo girante, fazendo o rotor girar.
Quanto maior o fluxo induzido, maior será a força eletro motriz induzida, maior
será a corrente rotórica e, portanto maior será o torque no rotor, aumentando a
capacidade de movimentar a carga.
A indução no circuito do rotor é em função da variação do fluxo do campo girante
e que estabelece uma diferença na rotação do rotor em relação a rotação do campo
girante.
Para que sempre exista a indução no rotor, é necessário que as espiras do
mesmo estejam um pouco deslocadas em relação as espiras do enrolamento do
estator.
Por isso as ranhuras do rotor estão um pouco defasadas em relação as ranhuras
do estator.
A rotação estabelecida no rotor é menor do que a rotação no campo girante.

Nr < Ns
Onde:
Nr – rotação do rotor
Ns – rotação do campo girante.

07- Escorregamento
O escorregamento é a diferença percentual de rotação entre o campo girante e o rotor
em relação a rotação do campo girante.

Ns − Nr
S% = × 100
Ns
Onde
S - escorregamento
Ns - Velocidade do campo girante (RPM)
Nr - Velocidade do rotor (RPM)

Podemos assim determinar a rotação do rotor, a partir do valor do escorregamento.

Nr = (1 – S) x Ns

O escorregamento pode variar portanto, do valor zero (rotor a vazio) até 100%
(rotor parado). O escorregamento de um motor de indução não deve ser superior a 5%.
Se for maior do que 5%, a FEM induzida é muito grande, aumentando muito a corrente
rotórica.

09- Funcionamento do motor com carga

O único tipo de carga que podemos aplicar ao eixo do motor elétrico é a carga
mecânica. Quando o motor está a vazio, a velocidade do rotor é bem próxima a
velocidade do campo girante, a FEM induzida é pequena, a corrente nas espiras
rotóricas é pequena, a força eletromagnética é pequena e o torque é pequeno.
Quando aumentamos a carga, a velocidade do rotor diminui porque as forças
eletromagnéticas não vencem a força da carga.
Com a diminuição da rotação, aumenta a FEM induzida no rotor, aumentando a
corrente rotórica, aumentando a força eletromagnética e restabelecendo o torque no
rotor. Isso se chama de equilíbrio dinâmico no motor com carga.

10 - Torque no eixo do rotor

10.1- Torque de partida


É o esforço que o eixo faz para vencer sua própria inércia. Na partida o torque é
sempre elevado e depende do valor da corrente que circula nas espiras rotóricas.
O torque de partida é proporcional a resistência do rotor e pode ser expresso
por:
 R er × I2r 
p = 3 ×  

 Wr 
:onde
‫ = ح‬Torque de partida
Re = Resistência do rotor
Ir = Corrente no rotor
Wr = Velocidade angular no rotor
Para aumentar o torque de partida, temos que aumentar a resistência do rotor,
diminuindo a corrente. Se diminuir a corrente, diminuir a rotação e conseqüentemente
aumenta o torque. O torque aumenta com a diminuição da rotação.

10.2 - Torque durante a carga


Torque é o esforço mecânico desenvolvido pelo eixo do motor para movimentar
a carga mecânica aplicada. O torque depende portanto da força eletromagnética que
se origina nas espiras rotóricas, que por sua vez depende da corrente.
Quando aumentamos a carga, aumentamos o torque no eixo do motor,
reduzindo a velocidade do mesmo. O torque depende da velocidade angular do eixo.
Pm
‫= ح‬
Wr
:onde
‫ = ح‬Torque
Pm = Potência mecânica do eixo
Wr = Velocidade angular do eixo

A velocidade angular no eixo pode ser calculada por:


N × 2π
Wr = r
60

11- Funcionamento do motor a vazio

O motor funcionando a vazio consome da rede potência para suprir as perdas no


circuito magnético, ou seja, as perdas no ferro.
As perdas no ferro são em função das correntes de perdas ou parasitas que circulam
no ferro magnético. Como no motor existe o entreferro, a corrente a vazio é grande
(superior a 10%). O entreferro exige um aumento de fluxo para atravessá-lo, fazendo
crescer o fluxo disperso, aumentando a corrente io. O motor a vazio apresenta um
baixo fator de potência.

14- Fluxo de potência do motor


A potência elétrica que o motor absorve da rede depende da quantidade de
carga mecânica aplicada ao eixo. Uma parte da potência elétrica absorvida da rede é
consumida pelas perdas internas no motor e essas são compostas pelas perdas no
ferro, perdas no cobre ou Joule e perdas mecânicas (atrito dos mancais e ventilação).
A quantidade de perdas internas determina o rendimento do motor que ainda
depende da quantidade de carga mecânica aplicada ao eixo.
P1 – Potência elétrica solicitada da rede pelo motor.
P1 = Pi + Pm [Watts]

P1 = 3 × VL × i L × cos ϕ [Watts]
Pm – Potência mecânica entregue ao eixo também conhecida como potência útil (Pútil)
Pm = P1 − Pi [Watts]
1− S 
 × I 2 r [HP ]
2
Pm = 3 × R r 
 S 
Pm = Pm [W ]× (1 − S) [HP]

A corrente de linha do motor é igual nas 3 fases, pois o motor é considerado


uma carga balanceada para a rede.

15- Rendimento

O rendimento é o aproveitamento da potência absorvida da rede e transformada


em trabalho mecânico no eixo do motor. O rendimento do motor é expresso por:
P.saida P.útil
η% = × 100 = × 100
P.entrada P1
O rendimento não é igual a 100% devido as perdas existentes no motor
P.saida
η% =
P.saida + Pfe + Pj + Pmec

16- Partida dos motores de indução


Quando alimentamos um motor, instantaneamente se estabelece uma rotação
no campo girante e que encontra o rotor parado, provocando escorregamento igual a 1.
O rotor por sua inércia mecânica leva um certo tempo até atingir sua velocidade
normal. Neste primeiro momento, o motor para vencer esta inércia, produz uma
corrente de linha de elevado valor, podendo atingir de 6 a 10 vezes o valor da corrente
nominal.
Para motores de pequena potência, até 5 cv em baixa tensão e 10cv em alta
tensão, poderão ter a partida direta da rede.
Motores acima desta potência deverão possuir dispositivos de amenizem a
corrente de partida.
16.1- Partida com chave Υ / ∆
A partida do motor com chave estrela triângulo, este fica inicialmente ligado em
estrela, recebendo uma tensão reduzida em 3 vezes nos enrolamentos. Após a
partida, uma chave controladora, faz a conversão para triângulo, aplicando então a
tensão nominal da rede aos enrolamentos. Esta comutação se faz quando o motor
atingir no mínimo 90% da rotação nominal.

16.2- Partida com chave compensadora


Este método de partida utiliza um autotransformador para alimentar o motor na
partida. O motor permanece com a ligação pertinente a tensão da rede em todos os
momentos da partida.
A seleção da tensão de partida pode ser manual e através dos taps do autotrafo.
Todas as características até aqui estudadas se aplica também aos motores com
rotor bobinado. Este tipo de motor é empregado quando se necessita movimentar
cargas mecânicas de elevado valor (moinhos, etc.) e que devem partir com a carga
mecânica aplicada ao eixo.
Como são motores de alta potência, a partida se faz ligando aos terminais do
rotor um reostato.

Na partida o reostato esta totalmente inserido no rotor, aumentando a resistência


do rotor. Aumentando a resistência, teremos uma corrente i2 menor no rotor, portanto
também menor da linha de alimentação. Diminuindo a corrente no rotor, teremos a
diminuição da rotação do rotor, aumentando assim o torque de partida.

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