Você está na página 1de 12

SETOR DE AGRIMENSURA E CARTOGRAFIA

Disciplina: Cartografia Básica

Professor: Angelo Marcos Santos Oliveira

AULA 05

8 – Cartometria
1 ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS NA REPRESENTAÇÃO DE CARTAS

No Brasil, o Decreto n.º 89.817, de 20 de junho de 1984, estabelece as Instruções Reguladoras


das Normas Técnicas da Cartografia Nacional. Este decreto determina as normas a serem
observadas por todas as entidades públicas e privadas produtoras e usuárias de serviços
cartográficos, de natureza cartográfica e atividades correlatas (BRASIL, 1984).

Transcreve-se a seguir o Capítulo III do Decreto n.º 89.817, de 20 de junho de 1984 que define os
ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS DE UMA CARTA:

“Art. 12 - A folha de uma carta deve ser identificada pelo Índice de Nomenclatura e número do
mapa-índice da série respectiva, bem como por um título correspondente ao topônimo
representativo do acidente geográfico mais importante da área.

Art. 13 - Cada carta deve apresentar, no rodapé ou campos marginais, uma legenda com símbolos e
convenções cartográficas, de acordo com a norma respectiva.

§ Único - O rodapé e campos marginais devem conter as informações prescritas nas normas
relativas à carta em questão, apresentando, no mínimo, os elementos prescritos nestas Instruções.

Art. 14 - A escala numérica, bem como a escala gráfica da carta, devem ser apresentadas sempre,
acompanhadas de indicação da equidistância entre as curvas de nível e escala de declividade, de
acordo com a norma respectiva.

Art. 15 - Os referenciais planimétrico e altimétrico do sistema de projeção utilizado devem ser


citados, bem como as suas constantes, a convergência meridiana, a declinação magnética para o
ano de edição e sua variação anual, de acordo com a norma respectiva.

Art. 16 - O relevo deve ser apresentado por curvas de nível, ou hachuras, ou pontos cotados, ou em
curvas de nível com pontos cotados, segundo as normas relativas à carta em questão, admitindo-se,
quando for o caso, o relevo sombreado como elemento subsidiário.

Art. 17 - A quadriculação quilométrica ou sexagesimal, ou ambas, devem ser usadas, com


apresentação das coordenadas geodésicas dos quatro cantos da folha, de acordo com a norma
respectiva.

Art. 18 - O esquema de articulação das folhas adjacentes, bem como um diagrama da situação da
folha no Estado, na região ou no país, devem ser usados conforme a escala e de acordo com a
norma respectiva.

Art. 19 - É obrigatória a citação do ano de edição, bem como das datas de tomada de fotografias,
trabalhos de campo e restituição, ou compilação, citando-se os órgãos executores das diversas
fases.

§ Único - Nas cartas produzidas por compilação é obrigatória a citação da fonte e do órgão
produtor dos documentos de natureza cartográfica, utilizados em sua elaboração.

2
Art. 20 - Nas unidades de medida, deve ser adotado o Sistema Internacional de Unidades - SI, nos
termos da Legislação Metrológica Brasileira.

§ Único - Em casos especiais e para atender compromissos internacionais, admite-se o uso de


unidades de medida estrangeiras, devendo constar, neste caso, a unidade usada, em lugar bem
visível e destacado na carta.” (BRASIL, 1984)

A seguir é apresentada, como exemplo, a Carta Topográfica “BELO HORIZONTE”, na escala de


1:50.000, cujo índice de nomenclatura é SE-23-Z-C-VI-3:

3
IBGE (1988)

4
2 EXEMPLO DE MAPA ELABORADO PELO IBGE

Os mapas não são delimitados por linhas convencionais (recortes da representação da Terra
definidos por dois paralelos e dois meridianos segundo o Projeto CIM). Apresenta-se a seguir, como
exemplo, o Mapa Político do Brasil elaborado pelo IBGE, como referência, modelo para este tipo
de representação.

IBGE (2020)

5
3 LEITURA DE COORDENADAS

“Na leitura de coordenadas geodésicas ou planimétricas de um ponto, em uma carta ou mapa,


empregamos conhecimentos matemáticos elementares tais como conceito de segmentos
proporcionais e regra de três simples.

A leitura de coordenadas é uma tarefa que deve ser executada com cuidado e atenção.

A determinação de um ponto na carta, mediante as suas coordenadas planas E e N ou a sua


latitude e longitude (ϕ, λ) é um processo usado no sentido de situar um detalhe cartográfico, como
o cruzamento de estradas, a foz de um rio, a torre de uma igreja etc.

No caso de se ter os valores das coordenadas e quando se precisa marcá-lo na carta, é necessário
em primeiro lugar, verificar, de acordo com os valores das coordenadas em questão, quais os dois
pares do grid (UTM) ou transformadas dos paralelos e meridianos (geodésicas) que abrangem o
ponto a ser determinado.

Para fazermos as medições, escolhemos preferencialmente uma extensão em centímetros (ou


milímetros) que corresponda a um múltiplo do valor encontrado no intervalo entre os pares do grid
(metros) ou transformadas dos paralelos e meridianos (graus, minutos, segundos) e que exceda a
medida entre eles.” (IBGE, 1999)

3.1 Coordenadas Geodésicas

“Locar na escala 1:250.000 o ponto correspondente à Faz. Água da Prata, cujas coordenadas são:
Faz. (ϕ = 22º 50’ 42” S; λ = 53º 47’ 34” W. Gr.).

Os pares de paralelos em questão são os de 22º 45’ S e 23º 00' S e os pares de meridianos, 54º 00'
W e 53º 45’W.

Usamos uma régua graduada com extensão de 15 cm (150 mm) e medimos o intervalo entre os
paralelos e meridianos, com a finalidade de estabelecermos uma relação entre este intervalo, em
graus, minutos e segundos e a distância gráfica entre eles, em milímetros.

A medição deve ser feita fazendo coincidir o início da graduação da régua (zero) com o paralelo ou
meridiano de menor valor e a maior graduação escolhida (quinze), com o de maior valor.

1.º) Marcação de latitude:

- Intervalo entre os paralelos: 15’ = 900” 150 mm —— 900”


Verificar →
- Distância gráfica entre eles: 150 mm 1 mm —— x

Logo, x = 6”

Ou seja, a cada 1 mm correspondem 6”

6
- Latitude indicada na carta: 22º 45' S

- Latitude da Faz.: 22º 50’ 42” S

1 mm ——— 6”
Para a latitude desejada faltam: 5’ 42” = 342” →
x —— 342”

Logo, x = 57,0 mm

Posicionamos a régua e marcamos dois pontos afastados um do outro, com o valor encontrado (57
mm), ligando-os a seguir e traçando uma reta horizontal, ou marcamos um único ponto e, com um
esquadro, traçamos uma reta horizontal paralela ao paralelo de 22º 45' S.

2.º) Marcação da longitude:

- Intervalo entre os meridianos: 15’ = 900” 150 mm —— 900”


Verificar →
- Distância gráfica entre eles: 150 mm 1 mm —— x

Logo, x = 6”

Ou seja, a cada 1 mm correspondem 6”

- Longitude indicada na carta: 53º 45' W

- Longitude da Faz.: 53º 47’ 34” W

1 mm ——— 6”
Para a longitude desejada faltam: 2’ 34" = 154" →
x —— 154”

Logo, x = 25,7 mm

O procedimento é o mesmo que o adotado para a latitude, ou seja, posicionamos a régua e


marcamos o valor de 25,7 mm em dois pontos diferentes, ligando-os e traçando assim, uma reta
vertical, ou marcamos um único ponto e, com um esquadro, traçamos uma reta vertical paralela ao
meridiano. No cruzamento entre as duas retas traçadas estará o ponto desejado, determinado pelas
coordenadas dadas, ou seja, a Faz. Água da Prata.” (IBGE, 1999)

7
IBGE (1999)

8
3.2 Coordenadas Planimétricas na projeção cartográfica

O procedimento para marcação de um ponto de coordenadas planas conhecidas é o mesmo utilizado


para coordenadas geodésicas.

Ex: Locar o ponto P, em uma carta na escala 1:50.000, cujas coordenadas planimétricas na projeção
UTM são: P (N = 7.181.00 m; E = 754.700 m). [adaptado de IBGE (1999)]

1.º) Marcação da Coordenada N:

Para marcarmos a coordenada N, as linhas do grid em questão são as de valores 7.180.000 m e


7.182.000 m representados na carta por 7180 e 7182, respectivamente.

O intervalo entre as linhas do grid é de 2.000 m. Considerando que o grid da carta representa um
quadriculado de 4 cm × 4 cm, a cada 1 mm na régua corresponderão 50 m no terreno
(desconsiderando-se a deformação cartográfica).

Já temos na carta a linha do grid de valor 7.180.000 m (7180), precisamos portanto acrescentar 1.000
m para a coordenada dada.

1 mm ——— 50 m

x —— 1.000 m

Logo, x = 20,0 mm

Medimos 20 mm na carta, dentro do intervalo entre as linhas do grid, partindo da menor para a
maior coordenada, ou seja, 7180 para 7182 e marcamos um ponto, traçando a seguir uma reta
horizontal passando por este ponto.

2.º) Marcação da Coordenada E:

As linhas do grid em questão são as de valores 754.000 m e 756.000 m cujos valores na carta são
representados por 754 e 756 respectivamente.

Assim como no caso da coordenada N, encontraremos os mesmos valores de intervalo entre as


linhas do grid e a distância gráfica entre elas, portanto a relação é a mesma, ou seja, a cada 1 mm
correspondem 50 m.

Na carta já temos a linha do grid de valor 754.000 m ( 754), portanto, para a coordenada do ponto
precisamos acrescentar 700 m.

1 mm ——— 50 m

x —— 700 m

Logo, x = 14,0 mm

9
Medimos 14 mm na carta, dentro do intervalo entre as linhas do grid, partindo da menor para a
maior coordenada, ou seja, de 754 para 756 e marcamos um ponto, traçando a seguir uma reta
vertical passando por este ponto.

No cruzamento entre as duas retas traçadas estará localizado o ponto P desejado, determinado pelas
coordenadas dadas.

Adaptado de IBGE (1999b)

10
3.3 Altitude de um ponto na carta

IBGE (1999)

Altura do ponto P; HP = 500 m + PD (Δh)

Triângulos Semelhantes: Δ APD ≈ Δ ABC

Onde = Equidistância Vertical

[adaptado de IBGE (1999)]

11
3.4 Declividade

Declividade é a relação entre a diferença de altura entre dois pontos e a distância horizontal entre
esses pontos.

IBGE (1999)

dh = Diferença de altura BC (Equidistância vertical)

dH = Distância horizontal AC (distância entre os pontos)

Assim, declividade (D) é a relação:

A função tangente (tg) expressa o coeficiente angular de uma reta em relação ao eixo das abcissas

Para expressarmos a declividade em graus:

Para expressamos em percentual a declividade de uma inclinação, fazemos:

(IBGE, 1999)

12

Você também pode gostar