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INSTRUTOR
Ivan Leonardi. Mestre em Ciências e Tecnologia Ambiental na área de concentração em
Avaliação de Bacias Hidrográficas pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
UTFPR (2018); Especialista em Georreferenciamento de Imóveis Rurais (2016); Geógrafo
pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) com ênfase em Geociências (2014);
Aperfeiçoamento profissional na área de Topografia (2013). Experiência há mais de 6
anos em Geoprocessamento, atuando na área de estudos ambientais, elaboração de
mapas temáticos para materiais didáticos e instrutor de cursos online e presenciais.
Além disso, possui certificação internacional ESRI ArcGIS Desktop Associate 19-001.

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SUMÁRIO
INSTRUTOR ................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 6
SIMBOLOS UTILIZADOS ................................................................................................................ 7
CAPÍTULO 1: SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG) ................................................... 8
O que é um SIG? ........................................................................................................................ 9
Qual a estrutura de um SIG? ................................................................................................... 10
Qual a diferença entre SIG, CAD e CAE? ................................................................................. 11
Por dentro do projeto OSGeo e do QGIS ................................................................................ 13
EXERCÍCIO 1B: FUNCIONALIDADES BÁSICAS DO QGIS ............................................................ 16
Passo 1 – Introdução ao QGIS ............................................................................................. 16
Passo 2 – Explorando as propriedades dos dados .............................................................. 21
Passo 3 – Acessar a caixa de ferramentas de processamento ............................................ 24
Passo 4 – Ferramentas de consultas rápidas ...................................................................... 25
CAPÍTULO 2: TIPOS DE DADOS ................................................................................................... 29
Tipos de dados espaciais e como eles são coletados .............................................................. 30
Vetorial .................................................................................................................................... 30
Matricial .................................................................................................................................. 30
Fontes de dados espaciais ....................................................................................................... 31
Digitalização ............................................................................................................................ 32
Fotogrametria ......................................................................................................................... 32
GPS .......................................................................................................................................... 33
O que é Geopackage e Geodatabase? .................................................................................... 34
EXERCÍCIO 2: EXPLORANDO DADOS VETORIAIS E RASTER...................................................... 35
Passo 1 - Dados vetoriais x matriciais ................................................................................. 35
Passo 2 – Operações simples de simbologia ....................................................................... 37
Passo 3 – Rotulagem simples .............................................................................................. 40
CAPÍTULO 3: SELEÇÃO ESPACIAL ................................................................................................ 43
Seleção Espacial ...................................................................................................................... 44
Tipos de Seleção ...................................................................................................................... 44
Aplicações................................................................................................................................ 45
EXERCÍCIO 3: FERRAMENTAS DE SELEÇÃO .............................................................................. 46
Passo 1 – Seleção Simples ................................................................................................... 46

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Passo 2 – Ferramentas Básicas de Seleção ......................................................................... 48
Passo 3 – Seleção por atributos .......................................................................................... 51
Passo 4 – Seleção por localização ....................................................................................... 56
Passo 5 – Exportar seleção de interesse ............................................................................. 63
CAPÍTULO 4: CARTOGRAFIA NO QGIS ........................................................................................ 65
A Forma da Terra..................................................................................................................... 66
Sistema de Coordenadas Geográficas ..................................................................................... 68
Modelos de elipsoide e Datum ............................................................................................... 69
Projeções Cartográficas e Sistema UTM ................................................................................. 71
EXERCÍCIO 4: SISTEMAS DE REFERÊNCIA E COORDENADAS ................................................... 77
Passo 1 – Analisar diferentes definições cartográficas ....................................................... 77
Passo 2 – Reprojetar camada .............................................................................................. 78
CAPÍTULO 5: SIMBOLOGIA E ANÁLISE DE MAPAS ..................................................................... 83
Métodos de representação cartográfica................................................................................. 84
Nominal ................................................................................................................................... 85
Ordinal ..................................................................................................................................... 86
Intervalar ................................................................................................................................. 87
Proporcional ............................................................................................................................ 88
Métodos de classificação quantitativa .................................................................................... 90
Material Complementar: Padrões de Exatidão Cartográfica .................................................. 92
EXERCÍCIO 5: TRABALHAR COM SIMBOLOGIA NO QGIS ......................................................... 93
Passo 1 – Simbologia e Caracterização Geral da Área de Estudo ....................................... 93
Passo 2 – Organizar a estrutura das camadas em grupos................................................... 97
Passo 3 – Caracterização Ambiental ................................................................................. 101
Passo 4 – Análise Socioeconômica dos Municípios ........................................................... 104
Passo 5 – Análises Comparativas ...................................................................................... 108
CAPÍTULO 6: INTRODUÇÃO À CARTOGRAFIA TEMÁTICA ........................................................ 118
Elementos de um mapa temático ......................................................................................... 119
Elementos Textuais ............................................................................................................... 119
Título ................................................................................................................................. 119
Subtítulo ............................................................................................................................ 119
Informações do mapa ........................................................................................................... 120
Legenda ............................................................................................................................. 120
Orientação (Indicação do Norte e Malha de Coordenadas) ............................................. 121
Malha de Coordenadas ..................................................................................................... 122

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Tipos de Escalas ................................................................................................................. 122
Elementos de Localização ................................................................................................. 123
Órgão ou Autor do Mapa .................................................................................................. 123
Fonte dos Dados e Anotações ........................................................................................... 124
Data ................................................................................................................................... 125
Interpretação de um mapa temático .................................................................................... 125
Leitura de um mapa .............................................................................................................. 126
Material Complementar: Convenções Cartográficas ............................................................ 126
EXERCÍCIO 6: ELABORANDO UM MAPA TEMÁTICO NO QGIS ............................................... 127
Passo 1 – Abrir projeto ...................................................................................................... 127
Passo 2 – Criar um layout de impressão ........................................................................... 129
Passo 3 – Iniciar a construção do layout ........................................................................... 133
Passo 4 – Inserir mapa de localização ............................................................................... 137
Passo 5 – Inserir Legenda .................................................................................................. 140
Passo 6 – Inserir Título e Norte ......................................................................................... 142
Passo 7 – Inserir Barra de Escala e Grade de Coordenadas .............................................. 144
Passo 8 – Inserir Logo e Textos Adicionais ........................................................................ 148
Passo 9 – Inserir borda e exportar em PDF ....................................................................... 150

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INTRODUÇÃO

Seja bem-vindo(a) ao curso de QGIS básico para Mapeamento Temático! Esse


treinamento irá ensinar toda a base para iniciar projetos no software livre, a partir da
versão 3.6.x.

Você aprenderá as ferramentas básicas do software, como trabalhar com banco de


dados geográficos, como dominar os sistemas de coordenadas e de referência, as
melhores práticas para elaboração de mapas temáticos e os métodos de seleção
espacial.

Objetivos do curso

Ao término desse treinamento, você estará apto a:

• Manipular dados espaciais

• Realizar consultas espaciais

• Realizar transformação de sistemas de coordenadas e sistemas de referência

• Criar, compartilhar e interpretar mapas temáticos

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SIMBOLOS UTILIZADOS
Início de passos

Desafio

Dica

Exercícios

Material Complementar

Parabéns

Fique ligado

Quiz

Reforço

Registre sua ideia

Tira dúvidas

Você sabia?

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CAPÍTULO 1: SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG)

Antes de iniciarmos nossos trabalhos com o QGIS, precisamos entender como funciona
um Sistema de informação Geográfica (SIG ou GIS). Nesse capítulo, você aprenderá o que
é um SIG, qual a sua estrutura, e as principais diferenças entre SIG, CAD e CAE. Além disso,
compreenderá o Projeto OSGeo e as funcionalidades básicas do QGIS.

Objetivos do capítulo:

• Aprender o que é SIG e suas aplicações

• Compreender o projeto OSGeo e a estrutura básica do QGIS

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O que é um SIG?
O SIG é um termo oriundo do inglês GIS (Geographic Information System). Os
Sistemas de Informação Geográfica, de acordo com TEIXEIRA (1995) se tratam de um
conjunto de programas, equipamentos, metodologias, dados e pessoas (usuário),
perfeitamente integrados de forma a tornar possível a coleta, o armazenamento, o
processamento e a análise de dados georreferenciados, bem como a produção de
informação derivada de sua aplicação.
Os SIGs vêm crescendo em todo o mundo, visto que sua interface possibilita um
melhor gerenciamento de informações, o que consequentemente melhora os processos
de tomada de decisão em áreas de grande complexidade, como planejamento municipal,
estadual e federal, redes de utilidade pública, proteção ambiental, etc.
Um bom exemplo disso vem muito antes do advento da computação. Em Londres,
no ano de 1854, a cidade estava sofrendo com uma grave epidemia de cólera (na época
ainda não se conheciam as suas formas de contaminação). Diante desse cenário, o doutor
John Snow teve uma ideia: colocar no mapa da cidade a localização dos doentes de cólera
e dos poços de água.

Mapa de Londres – John Snow (1854)

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A espacialização dos dados permitiu que Snow percebesse que a maioria dos
casos estavam concentradas em torno do poça da Broad Street e ordenou que este fosse
lacrado, fato que contribuiu radicalmente para a redução dos casos da doença.
O estudo de Snow ficou para a história como um dos primeiros exemplos que
ilustram o poder de análise espacial dos Sistemas de Informação Geográfica.

Qual a estrutura de um SIG?


O grande diferencial de um Sistema de Informação Geográfica é a sua capacidade
de estabelecer relações espaciais entre elementos gráficos. O mesmo se trata do sistema
mais adequado para análise espacial dos dados geográficos.
Se dá o nome de Topologia para essa capacidade. Basicamente, a Topologia é o
estudo genérico dos lugares geométricos, com suas propriedades e relações. Tal
estrutura, além de descrever a localização e a geometria das entidades de um mapa,
também define relações de conectividade, contiguidade e pertinência.

De acordo com ROCHA (s.d.) a conectividade permite que arcos estejam ligados a
outro por nós. A adjacência permite que arcos possuam direção e lados como esquerda
e direita. A direção é importante para modelagem de fluxos, em que atributos de
orientação como de nó e para nó são armazenados. Para definir a topologia de um mapa,
os Sistemas de Informações Geográficas utilizam uma estrutura de base de dados
especial.
Em um SIG, todas as entidades de um mapa estão relacionadas a um mesmo
sistema de coordenadas. Além dos dados geométricos e espaciais, os Sistemas de
Informação Geográfica possuem atributos alfanuméricos. Os atributos alfanuméricos são
associados com os elementos gráficos, fornecendo informações descritivas sobre eles.
Os dados alfanuméricos e os dados gráficos são armazenados, geralmente, em bases
separadas. ROCHA (s.d.).

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Abaixo imagem que ilustra a associação dos mais diversos tipos de elementos
citada acima.

Qual a diferença entre SIG, CAD e CAE?


Talvez você já deve ter se deparado com as siglas (SIG, CAD, CAE), mas o que
significa cada uma delas?
A seguir veremos o conceito de cada uma:
SIG: O SIG se trata de um conjunto de programas, equipamentos, metodologias, dados e
pessoas (usuário), perfeitamente integrados, de forma a tornar possível a coleta, o
armazenamento, o processamento e a análise de dados georreferenciados, bem como a
produção de informação derivada de sua aplicação.
O grande diferencial de um SIG para os outros sistemas é a capacidade de tratar
as relações espaciais entre objetos geográficos.
De acordo com Câmara (s.d.) uma característica básica e geral num SIG é sua
capacidade de tratar as relações espaciais entre os objetos geográficos. Denota-se por
topologia a estrutura de relacionamentos espaciais (vizinhança, proximidade,
pertinência) que podem se estabelecer entre objetos geográficos. Armazenar a topologia
de um mapa é uma das características básicas que fazem um SIG se distinguir de um
sistema CAD.

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Fonte: SPRING
CAD: Conceito muitas vezes associado exclusivamente ao software AutoCAD, vem, do
inglês Computer aided design, que significa em português, Desenho assistido por
computador, e abrange qualquer tipo de software que permite a elaboração de projetos
e desenhos técnicos em ambiente computacional, podendo ser aplicado nas mais
diversas áreas, seja a engenharia, arquitetura, etc.
A evolução da tecnologia CAD se deu, primordialmente, com o advento da
informática, que ao longo das últimas décadas sofreu, e sofre até hoje, inúmeras
transformações.
Ainda nos anos 60, o programador estadunidense Ivan Sutherland desenvolveu
como tese de seu doutorado no MIT (Massachusetts Institute of Technology) o editor
gráfico Sketchpad, considerado um marco na informática moderna. Foi o primeiro editor
gráfico capaz de criar e manipular objetos. As tecnologias relacionadas a softwares de
desenho computacional foram se desenvolvendo e, a partir dos anos 70, eles passaram a
ser desenvolvidos de forma comercial. Alguns deles já faziam desenhos em três
dimensões, a exemplo do software CATIA (Computer Aided Three Dimensional
Interactive Application), desenvolvido pela empresa de aviação francesa Dessault.

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O Sketchpad – Fonte: Business Week
No início dos anos 80, com o lançamento dos primeiros computadores pessoais
pela empresa IBM, em 1982, a Autodesk lançou o primeiro software de CAD para PC. Nos
anos 90 foi lançado pela Solidworks o sistema SolidWorks 95 3D CAD, na época o único
software que operava usando o sistema operacional Windows NT, visto que os outros
softwares CAD ainda usavam o sistema UNIX.
Desde então, inúmeras transformações ocorreram nos softwares CAD. Hoje, no
mercado, existem diversas soluções sólidas para desenhos assistidos por computador,
que fornecem recursos avançados, como modelagem tridimensional, programação,
cálculos avançados, etc.

Por dentro do projeto OSGeo e do QGIS

O ambiente de aprendizado do curso será o software livre QGIS, um sistema de


informações geográficas amplamente conhecido e utilizado pela comunidade das
geociências. Por ser um programa livre, seu código fonte pode ser modificado, melhorado
e, também, dispõe ao usuário liberdade para implementar novas ferramentas.

O QGIS é um projeto oficial da Open Source Geospatial Foundation (OSGeo).


Funciona em diversos sistemas operacionais e suporta inúmeros formatos de vetores,
rasters e bases de dados. O projeto OSGeo conta com diversas aplicações: Desktop, Web

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Mapping e Bibliotecas. A imagem abaixo mostra a estrutura do projeto OSGeo e suas
principais aplicações por categoria.

Nesse curso, é utilizado o QGIS 3.6.x, a versão mais recente até a produção desse
material. Um outro ambiente muito utilizado, inserido na plataforma QGIS no momento
de sua instalação, é o GRASS (Geographic Resources Analysis Support System). O GRASS
também é um projeto da OSGeo e conta com poderosas ferramentas/rotinas de
geoprocessamento para dados matriciais e vetoriais. Para baixar versão mais recente do
QGIS entre no link https://qgis.org/en/site/forusers/download.html

Você sabia? O QGIS já passou por diversas atualizações desde seu lançamento,
em 2002. Caso precise baixar alguma versão anterior, basta fazer o download da versão
de interesse no link https://qgis.org/downloads/.

Outra extensão integrada ao QGIS é o SAGA. Esse plug-in também apresenta


diversas ferramentas de tratamento de dados vetoriais e matriciais. Porém, o SAGA
diferencia do GRASS na maior quantidade de ferramentas, como a possibilidade de
realizar análises mais específicas, como análises hidrológicas e morfológicas.

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Dica: Caso haja intenções comerciais no uso do QGIS, é oferecido um suporte
para aplicações corporativas, no site
http://qgis.org/pt_BR/site/forusers/commercial_support.html.

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EXERCÍCIO 1: FUNCIONALIDADES BÁSICAS DO QGIS
Essa prática visará introduzir ao ambiente de um Sistemas de Informação
Geográfica (SIG), o QGIS. As funcionalidades básicas do QGIS permitem o usuário
visualizar, processar e manipular dados geográficos de diversas naturezas. Essas
ferramentas são fundamentais na melhora do manejo do dado geográfico, a fim de
efetuar uma adequada análise.

O primeiro passo será a introdução ao novo painel de execução de dados


geográficos do QGIS 3.6.x que facilita a gestão e organização das múltiplas fontes de
execução de dados. Com os dados ativos, será explorado recursos de organização de
visibilidade das camadas do projeto.

Além disso, a partir do QGIS 3.4 foi criada a concepção de perfil do usuário. O
perfil consiste em separar, por autoria, os diferentes projetos realizados no ambiente. O
endereço de gravação do projeto continua sendo na estrutura de pastas do Windows, no
entanto somente o usuário, autor do projeto, poderá praticar o projeto em questão.

Passo 1 – Introdução ao QGIS

1) Abra o QGIS Desktop no local de instalação do software;

2) O sistema abre a interface do programa. Para iniciar qualquer projeto, vamos


aprender a abrir os dados que estão contidos na pasta da prática 01;

3) Há dois tipos de dados na prática 01, dados vetoriais e dados matriciais (raster).
No entanto, há duas formas de abrir os dois tipos de dados;

4) O QGIS 3.4 apresenta o painel de execução de dados geográficos que unifica a


execução de variados formatos de arquivo geográfico e o acesso a servidores

remotos. Para isso, clique em Camada > Adicionar Camada Vetorial ;

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5) Adicione o dado vetorial Brasil_Estadual.shp, como mostra a figura abaixo;

Dica: Somente clicando em Adicionar, o sistema já executa a importação da


informação, sem precisar sair do painel. Dessa forma, não há o retrabalho de acessar o

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recurso de execução de dados novamente para abrir uma nova informação. Veja abaixo
a figura que ilustra a lista de recursos dentro do painel.

6) Feche a janela de importação de camadas e volte para a visualização geral do


QGIS;

Você sabia? A aba camadas ao lado esquerdo funciona como uma tabela de
conteúdo. Contém todos os mapas adicionados ao projeto e permite acessar
propriedades, tabelas de atributos, editar dentre outras ações.

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O esquema abaixo mostra a divisão da interface do QGIS.

1. Barra Principal de Menus: Localização dos principais comandos do software;

2. Barras de Ferramentas: Barras de ferramentas dinâmicas para acesso rápido as


funcionalidades do software;

3. Área de Controle: Local de gerenciamento das camadas;

4. Janela de ferramentas auxiliares: Ferramentas de apoio para visualização e acesso


a diferentes ambientes como edição e tabelas;

5. Área de Visualização do Mapa: Local onde são visualizadas as camadas


geográficas;

6. Barra de Status: Status das ações, coordenadas e escala.

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Dica: O instrutor irá lhe apresentar e mostrar outras formas de acessar, gerenciar
e visualizar dados espaciais.

Você Sabia? A interface do QGIS é bem similar ao módulo do ArcMap no ArcGIS.


A interface é dividida em duas janelas principais: a Área de Controle à esquerda e a
Visualização do Mapa à direita. Diversas barras de ferramentas são ativadas na interface
padrão do software. As barras de ferramentas não têm nenhuma posição "fixa" e você
pode movê-las, horizontal ou verticalmente, e ajustá-las da forma que desejar.

7) Inicie o uso do QGIS com as ferramentas de visualização das camadas na barra de


ferramentas de navegação.

8) Siga as dicas da figura abaixo, e teste estes comandos no seu mapa.

Ferramenta para mover as camadas

Centraliza as feições geográficas selecionadas

Zoom de ampliação

Zoom de Redução

Zoom para resolução espacial do pixel

Zoom para extensão total

Zoom para seleção

Zoom para extensão total de uma camada

Zoom anterior

Zoom posterior

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Dica: Para enquadrar seu dado nos limites de visualização, clique com o botão
direito na camada Brasil_estadual > Aproximar para a camada;

Dica: Clicando com o botão direito sobre a camada, o recurso de duplicar cria
uma réplica virtual da sua camada, sem armazenar em pasta.

Dica: Para remover ou renomear a camada, não alterando o nome original da


camada, clique com o botão direito na camada e clique em Renomear Camada ou
Remover.

Passo 2 – Explorando as propriedades dos dados

Vamos analisar as opções de conhecimento, tematização e exploração da camada.

1) Partindo do passo anterior, clique com o botão direito na camada


Municipios_PR.shp e acesse a opção Propriedades;

2) Na janela de Propriedades há inúmeras opções de manipulação, por atributo, de


sua camada, etc;

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3) A primeira aba é referente a todas as informações de aquisição, identificação,
extensão, acesso e atributos do dado geográfico em questão. É uma novidade da
nova versão, facilitando um conhecimento mais profundo a respeito das
informações geográficas;

4) As abas Fonte, Simbologia e Rótulos são, respectivamente, correspondentes a:


referência espacial do dado e local de gravação; aplicação de técnicas para
mapeamento temático ou classificação de feições; e usar rótulos de toponímia
(nomeação de feição) no dado de interesse;

5) As abas 3D View, Source Fields, Uniões e Metadados indicam recursos,


respectivamente voltados para: Visualização e Renderização 3D da camada; Fonte
e características da camada; a indexação, a partir de um atributo em comum, de

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duas tabelas de atributos relacionados ao mesmo local; exibir a informação
inerente aos processos de concepção do dado, o chamado “dado sobre o dado”;

6) A respeito do Metadado, a partir da versão 3.4, o QGIS facilitou os processos de


cadastro de informações a respeito do levantamento do dado geográfico e sua
posterior gravação;

Dica: Metadados são basicamente dados sobre outros dados. Um item de um


metadado pode dizer do que se trata aquele dado, geralmente uma informação inteligível
por um computador. Os metadados facilitam o entendimento dos relacionamentos e a
utilidade das informações dos dados.

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Passo 3 – Acessar a caixa de ferramentas de processamento
A caixa de ferramentas de processamento é o local onde fica armazenada todas as
rotinas de geoprocessamento disponível no QGIS. Vamos utilizar diversas ferramentas no
decorrer desse treinamento, como o buffer, recorte, união, entre outras.

1) No canto superior do QGIS, vá na aba Processar > Caixa de Ferramentas;

Dica: Caso você goste de atalhos, poderá pressionar as teclas Ctrl + Alt + T para
abrir a caixa.

2) Perceba que as rotinas de geoprocessamento estão separadas por categorias


(análises vetoriais e raster). Para facilitar a busca por ferramentas, o usuário
também pode utilizar a aba Buscar...

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3) Note que os plugins SAGA e GRASS também se encontram no mesmo painel de
ferramentas, reduzindo a distância entre as aplicações (App) e os plugins;

Dica: A caixa de ferramentas também pode ser, brevemente, acessada pelo ícone

Passo 4 – Ferramentas de consultas rápidas


Agora, vamos conhecer as ferramentas de consultas rápidas dentro do projeto.

As ferramentas de resumo estatístico , identificar feições e medição


são úteis para fazer consultas rápidas e simples.

1) Com os dados abertos da prática anterior, vamos explorar algumas dessas


funcionalidades. Primeiramente, vamos analisar as informações que temos
armazenadas nesse shapefile. Para isso, clique com o botão direito sobre a
camada Brasil_estadual > Abrir tabela de atributos;

Dica: A tabela de atributos é muito similar a uma tabela do Excel ou LibreOffice.


Ela composta por linhas (representando cada feição geométrica do mapa) e colunas (com
informações qualitativas e quantitativas).

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Analisando a tabela de atributos, é possível concluir que há 27 linhas, ou seja, 27 feições
geométricas desenhadas. Essas feições representam as Unidades Federativas (UF) do
Brasil. Note que para cada UF há também as informações qualitativas (Nome e região) e
quantitativas (população de 2010).

2) Feche a tabela de atributos.

3) Clique na ferramenta resumo estatístico . Ao clicar, abrirá uma janela no seu


QGIS. Essa ferramenta permite realizar estatísticas simples com base nas colunas
da tabela de atributos (soma, média, moda, mediana, etc).

Dica: Realize algumas análises selecionando as diferentes colunas do shapefile


Brasil_estadual.

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4) Feche a janela de estatísticas e clique na ferramenta de identificar feições .

5) Agora, clique sobre qualquer estado do shapefile Brasil_estadual

6) Perceba que é aberto um pop-up com as informações contidas na tabela de


atributos. Analise os resultados.

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7) Uma outra ferramenta importante é a de medição. Representado por uma régua,

na parte superior do menu suspenso . Essa esta ferramenta é capaz de


medir perímetros, distâncias e áreas;

Dica: Você pode clicar e realizar medições diversas através dessa


funcionalidade. Lembre-se que para calcular valores de áreas, o seu dado deve estar
em coordenadas projetadas. Vamos falar mais sobre isso nos próximos capítulos.

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CAPÍTULO 2: TIPOS DE DADOS

O dado geográfico tem suas próprias características para armazenamento das


informações georreferenciadas. Nesse capítulo você aprenderá quais são os tipos de
dados comumente utilizados em SIG e como visualizá-los na interface do software QGIS.
Além disso, verá as principais fontes de dados geoespaciais.

Objetivos do capítulo:

• Entender os diferentes tipos de dados SIG

• Visualizar dados vetoriais e matriciais no QGIS

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Tipos de dados espaciais e como eles são coletados

Os meios de coleta dos dados espaciais é uma das atividades mais importantes de
todo o processo de um Sistema de Informação Geográfica. Determinados tipos de dados,
devido aos seus elevados custos de obtenção, seriam impensáveis de serem obtidos por
indivíduos isolados, sem o apoio de instituições que financiassem tais custos.
Em outros casos, tais dados não estão disponíveis, o que obriga sua geração por
processos alternativos, como a digitalização. Em alguns casos, na ausência de
determinado tipo de dado, opta-se por substituí-lo de modo a se atingir resultados
satisfatórios, logicamente com menor precisão.
Entre os tipos, existem basicamente duas formas distintas de representação dos
dados espaciais, no caso Vetorial (Vector) e Matricial (Raster).

Vetorial

Tendo os mapas como abstrações gráficas, onde linhas, pontos e polígonos, são
usados para representar localizações de objetos no mundo real. Todas essas feições
apresentam com conjunto de pares de coordenadas (X,Y) ou (Lat/Long), onde os pontos
são representados apenas por um par, e linhas e polígonos por uma sequência de pares
de coordenadas, sendo que nas áreas o último par coincide exatamente com o primeiro.

Matricial

O formato matricial ou raster consiste em uma matriz de células, as quais estão


associados valores que permitem reconhecer os objetos sob a forma de imagem digital,
cada uma das células denominadas pixel, atreladas a um par de coordenadas (linha,
coluna).
Os valores dos pixels representam a medição de alguma grandeza física,
correspondente a um fragmento do mundo real. A imagem abaixo ilustrativa as
estruturas matriciais e vetoriais.

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Agora, veja na tabela abaixo as vantagens e desvantagens em se trabalhar com
dados vetoriais e matriciais.

Fonte: ROCHA (s.d.)

Fontes de dados espaciais

Atualmente, existem diversos métodos para aquisição de informação espacial.


Vão desde tablets e smartphones até equipamentos mais sofisticados, como Drones, GPS
Geodésico, etc. Abaixo veremos algumas formas de aquisição de dados para SIG.

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Digitalização

A digitalização é um dos processos mais utilizados para aquisição de dados já


existentes. Como os custos para geração costumam ser significativos, deve-se aproveitar
ao máximo possível os dados analógicos, convertendo-os para a forma digital através de
digitalização manual ou automática.
Abaixo exemplo de digitalização de mapas, com auxílio de uma mesa
digitalizadora, equipamento muito usual antigamente, mas que com o passar dos anos
ficou obsoleto.

Imagem: Geodata

Fotogrametria

Ferramenta utilizada na geração de dados cartográficos, a Fotogrametria foi,


durante muitos anos, a única forma de mapeamento para grandes áreas. Com a evolução
da informática e das técnicas de PDI (Processamento Digital de Imagens), surgiu a
Fotogrametria Digital.
De acordo com ROCHA (s.d. p. 3), inicialmente considerado como um ramo da
fotogrametria, o Sensoriamento Remoto emergiu com a capacidade impressionante de
geração de dados. Sistemas orbitais com sensores de alta resolução, imageando
periodicamente a Terra, combinados com o processamento de imagens, oferecem

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diversas possibilidades de extração de informações e análises temporais. Abaixo dado
oriundo da Fotogrametria.

Imagem: Arcgiexpo

GPS

O GPS (Global Position System ou Sistema de Posicionamento Global), apesar de


ter sido criado para finalidades militares, revelou-se um sistema extremamente preciso e
rápido para posicionamento e mapeamento, apoiando também a Fotogrametria e o
Sensoriamento Remoto.

Imagem: Pixabay

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O que é Geopackage e Geodatabase?

No Brasil, o shapefile (extensão *.shp) é o formato de arquivo contendo dados


geoespaciais em forma de vetor mais utilizado em SIG. Ele foi desenvolvido e
regulamentado pela ESRI como uma especificação aberta para interoperabilidade por
dados entre os softwares. Entretanto, com o avanço da tecnologia de coleta e volume de
armazenamento de dados geoespaciais, os softwares de SIG precisaram evoluir.
Hoje, a boa prática para armazenar as informações espaciais é numa estrutura
banco de dados, pois possibilita inúmeras funcionalidades que o shapefile e outros
arquivos de pasta (KML, DWG, GPX, etc.) não possuem. Uma das principais vantagens é
a possibilidade de realizar o relacionamento entre as feições, trabalhar com regras
topológicas, criar e armazenar campos binários na tabela de atributos, entre diversas
outras.
Nesse contexto, existem dois principais formatos de banco de dados espacial: o
Geodatabase e o Geopackage. O Geodatabase (extensão *.gdb) é um banco de dados
relacional desenvolvido pela ESRI. Dentro do banco, é possível armazenar dados vetoriais,
matriciais e tabulares. Já o Geopackage (extensão *.gpkg), desenvolvido pelo Consórcio
Geoespacial Aberto (OGC em inglês), assemelha-se muito ao Geodatabase e possui
praticamente as mesmas funcionalidades, porém sua estrutura é baseada num banco de
dados SQLite e é totalmente aberto.

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EXERCÍCIO 2: EXPLORANDO DADOS VETORIAIS E RASTER

Nesse exercício, você aprenderá na prática a diferença entre um dado vetorial e


matricial. Vamos explorar melhor alguns dados e reforçar as funções básicas do software
QGIS que aprendemos no exercício anterior.

Passo 1 - Dados vetoriais x matriciais

1) Com o QGIS aberto, com base nos conhecimentos adquiridos no capítulo anterior, abra
os dados vetoriais presentes na pasta da prática 02. Abra os seguintes dados vetoriais:
Hidrografia.shp, Microbacia.shp e Nascentes.shp;

2) Perceba que cada shapefile é composto por: um ponto (dado de nascentes), linha (dado
de hidrografia) e polígono (área da microbacia);

A exibição dos dados vetoriais abertos deve estar similar a figura abaixo:

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Dica: Perceba que, devido ao uso das primitivas geométricas (ponto, linha e
polígono) este dado apresenta um perfil posicional mais preciso. Pontos são utilizados
para representar, por exemplo, a localização de crimes ou ocorrências de doenças. Linhas
tem aplicação na representação de redes de esgoto, traçado de rios e semelhantes.
Polígonos podem representar desde lotes de uma quadra até continentes.

3) Agora, vamos abrir o dado matricial presente na pasta da prática. Para isso, clique em
Camada > Adicionar Camada > Raster...

Dica: O dado raster consiste em um Modelo Digital de Terreno (MDT) da área


desta mesma sub-bacia. O MDT é definido como uma superfície computacional e
matricial representativa das variações altimétricas em um determinado terreno.

4) Com o MDT aberto, clique com o Botão direito > Propriedades. Na aba Simbologia, altere
o tipo de contraste para Estender para MinMax, a fim de melhorar a de visualização das
informações;

5) Clique em Ok para aplicar as alterações. Seu raster deve estar similar a imagem abaixo.

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Dica: Na área de camadas (a direita) arraste as layers para organizar os
elementos. Dessa forma, você conseguirá visualizar todas as informações. Descole-os na
seguinte ordem:

Passo 2 – Operações simples de simbologia

Esse passo tem como objetivo a manipulação dos componentes de visualização


de ambos os tipos de dados (vetor e raster). Classificar visualmente um dado geográfico
é de extrema importância em diversas finalidades. Nesse momento, vamos aprender

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como alterar a simbologia de forma simples. Nos próximos capítulos estudaremos outros
métodos.

1) A primeira forma de classificação visual é a utilização de simbologia única.

2) Vamos iniciar com a camada de Nascentes.shp. Para isso, clique com o botão direto na
camada > Propriedades. Vá até a aba Simbologia e marque a opção Marcador simples na
parte superior da janela.

3) Utilize como marcador um ponto, tamanho 1,5 na cor azul;

4) Clique em Ok para visualizar as alterações;

5) Repita o procedimento para o shapefile de hidrografia. Utilize a configuração de linha


simples, com cor azul e espessura de linha 0,5 milímetro;

6) Para o dado de sub-bacias, representado por um polígono, clique em Preenchimento


Simples, altere o estilo do preenchimento para sem pincel, selecione a cor do traço
vermelha, com espessura de borda de 0,5 milímetro e clique em Ok;

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7) Por fim, para o dado matricial, vá em propriedades, na aba Simbologia, na opção tipo de
renderização escolha Banda simples falsa-cor e configure:

a. Gradiente de cores: Selecione a rampa de cor YlOrRd;

b. Modo: Intervalo igual, com 20 classes;

8) Clique em Ok e observe como a simbologia pode auxiliar na organização das camadas de


dados no seu projeto. Neste pequeno exemplo, todos os dados referentes a sub-bacia do
Córrego horizonte se encontram integrados e visualizados.

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9) Salve o projeto na sua pasta do curso, clicando em Projeto > Salvar como...

Passo 3 – Rotulagem simples

Outro recurso comum utilizado na exibição dos dados geográficos são os rótulos.
A ferramenta de rotular do QGIS permite o usuário visualizar os nomes das feições
simultaneamente à sua simbologia. Para a confecção de mapas temáticos, este recurso é
amplamente utilizado.

1) Em um projeto novo (clique em Projeto > Novo), adicione a camada vetorial


Municipios_PR.shp ao projeto;

2) Abra sua tabela de atributos (botão direito > Abrir tabela de atributos) e veja que a coluna
MUNICIPIO apresenta informações qualitativas, informando o nome do bairro
correspondente a cada polígono;

3) Agora, vamos rotular a coluna referente ao nome do bairro. Para isso, clique com o botão
direito na camada Municipios_PR e vá em Propriedades;

4) Vá até a aba Rótulos e selecione a opção Rótulos simples. Configure a janela da seguinte
forma:

• Rotular com: MUNICIPIO

• Fonte: Times new roman

• Estilo: Normal

• Tamanho: 10

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5) Clique em Ok e veja o resultado.

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Agora, cada polígono está textualmente representado pela sua geometria.

Dica: Este foi apenas um exemplo de como rotular um arquivo vetorial com
informações qualitativas. Na aba de rotulagem, você pode alterar o tipo de fonte,
tamanho, cor, transparência, entre outros. Exploraremos com mais detalhes estes
recursos no decorrer dos próximos capítulos desse curso.

42
CAPÍTULO 3: SELEÇÃO ESPACIAL

Esta prática tem como objetivo mostrar as formas de seleção em dados vetoriais,
apresentados dentro de um Sistema de Informação Geográfica (SIG). O QGIS 3.6.x
apresenta algumas ferramentas que ajudam no processo de seleção de objetos
geográficos específicos.

A operação de seleção permite aplicar ferramentas em um subconjunto de feições que


atendam a determinadas condições. As seleções podem ser feitas manualmente, por
meio de características geográficas ou por meio de atributos alfanuméricos.

A seleção espacial é amplamente implementada no ambiente SIG, sendo um aliado


importante no entendimento e interpretação das informações contidas tanto na tabela
de atributos quanto através do relacionamento espacial.

Objetivos do capítulo:

• Aprender as diversas formas de seleção espacial

• Exportar seleção de interesse

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Seleção Espacial

Quais são os municípios brasileiros que apresentam uma população menor que 10 mil
habitantes? Quais supermercados estão dentro do seu bairro? Quais linhas de metrô
atendem melhor a minha residência? Todas essas perguntas podem ser respondidas
através de seleção espacial.

Quando estamos trabalhando com informações geográficas, são raras as vezes em que
temos um volume pequeno de dados para analisar. Sendo assim, para conseguirmos ter
respostas mais rápidas em nossas análises e uma interpretação melhor de nossos dados,
podemos contar com o auxílio da seleção espacial.

Seleção espacial é escolher e separar dados espaciais que atendem a um ou alguns


critérios. A seleção espacial de feições é utilizada para identificar ou trabalhar com um
subconjunto de feições em um mapa. Há diversos modos para selecionar feições. Você
pode selecionar feições com o ponteiro do mouse clicando nelas uma de cada vez ou
arrastando uma caixa ao redor delas no mapa. Você também pode selecionar feições
baseadas em sua posição em relação a outras
feições ou baseado em seus atributos.

Para localizar feições que atendem aos critérios de atributos específicos, você cria uma
expressão de consulta. Uma expressão de consulta é uma declaração lógica consistindo
de três partes: um nome de campo (atributo), um operador e um valor de atributo. Após
as feições serem selecionadas, você pode trabalhar com elas. Por exemplo, você pode
ampliá-las ou executar outra operação GIS nelas. Um conjunto selecionado é temporário,
mas ele pode ser salvo como uma camada separada ou exportada para uma classe de
feição.

Tipos de Seleção

• Seleção Simples: através de simples cliques do mouse na feição indicada, podemos


selecionar a feição geográfica de interesse.
• Seleção por atributos/expressão: possibilita a seleção de feições geográficas pelos seus
atributos associados na tabela alfanumérica. A seleção é executada através de expressões
lógicas. Essa seleção pode ocorrer através de recursos
apoiados a matemática Booleana e a linguagem SQL.

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• Seleção por localização: seleciona as feições geográficas a partir de critérios espaciais
de relacionamento e distância. Essas ferramentas de seleção e consulta, por utilizar
relações espaciais entre os objetos geográficos, caracterizam o SIG.

Aplicações

Abaixo seguem alguns exemplos do que você pode fazer com um conjunto selecionado
de feições.

• Analisar visualmente a distribuição geográfica das feições selecionadas no mapa;


• Resumir ou calcular valores de atributos somente para as feições selecionadas;
• Identificar uma área dentro de uma distância em particular ao redor das feições
selecionadas;
• Editar as feições selecionadas;
• Gerar um relatório contendo atributos das feições selecionadas;
• Salvar as feições selecionadas como uma nova camada de mapa que você pode exibir
e simbolizar independentemente;
• Exportar as feições selecionadas para uma nova classe de feição para utilizar em outros
documentos de mapa, compartilhar com outros ou utilizar como entrada para outras
operações GIS.

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EXERCÍCIO 3: FERRAMENTAS DE SELEÇÃO

Passo 1 – Seleção Simples

Através de simples cliques do mouse na feição indicada, podemos selecionar a


feição geográfica de interesse.

1) Em um projeto novo, adicione ao projeto o dado vetorial Limite_Bairros. O arquivo


vetorial se encontra na pasta da Pratica03, dentro de um banco de dados
Geopackage;

Dica: Este dado é referente a informações levantadas no censo de 2010,


apontando informações populacionais, por setor censitário, da quantidade total de
população, quantidade de homens e mulheres.

2) Clique na ferramenta de seleção , no menu suspenso, e clique sobre


qualquer feição da camada;

3) Após a operação, abra a tabela de atributos da camada Limites_Bairro. Na parte


inferior da janela, escolha a opção de só exibir as feições selecionadas;

4) A Figura abaixo mostra o resultado da escolha manual de uma única feição.

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5) Uma novidade nessa nova versão do QGIS é o recurso de seleção por valores.

Clique no ícone , Selecionar feição por valor e analise a janela que se abre.
6) No campo NM_BAIRRO, escreva “Centro”;
7) Ao lado direto de onde você digitou, altere o método de “Contiver” para “Igual a
(=)” ;
8) Clique em Selecionar Feições abaixo na janela;

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Dica: Para selecionar uma feição, indique o campo que queira usar como Filtro de
atributos e escreva o registro que queira encontrar.

Para desfazer a seleção efetuada, clique na opção Desfazer seleção na parte


superior da tabela de atributos.

Passo 2 – Ferramentas Básicas de Seleção

Agora, vamos abordar as ferramentas básicas de seleção. Essas ferramentas aproximam


o usuário do software do ponto de vista interativo. Será mostrada a ferramenta de
aproximação de Zoom somente às feições selecionadas, a ferramenta de inversão de
seleção, dentre outras.

1) Partindo do passo anterior, com o mesma camada de bairros, vamos aplicar as


ferramentas de seleção;

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2) Conforme aprendeu no passo anterior, selecione manualmente qualquer
feição da camada e abra sua tabela de atributos

3) Na parte inferior, há uma lista de ações de organização das feições selecionadas.


Assim como, a opção de aplicação de filtros a partir dos campos presentes na
tabela.

a. Mostrar Feições Visíveis ao Mapa: Exibe as feições visíveis na escala em


que seu dado está enquadrado;

b. Mostrar Feições Selecionadas: Exibe as feições previamente selecionadas


no projeto, opção utilizada no início da prática

c. Mostrar Feições novas e selecionadas: Exibe as feições previamente


selecionadas no projeto e as novas adicionadas;

d. Filtrar coluna: Permite o usuário realizar pesquisas por coluna. Utilizado


como há uma informação específica a ser adquirida;

e. Filtro avançado (Expressão): A partir de uma expressão, é possível realizar


seleção envolvendo dois ou mais campos na tabela de atributos do dado.
Essa ferramenta é capaz de atualizar campos também;

4) Use a ferramenta para apontar a feição selecionada ao enquadramento do


Zoom. O resultado você visualiza na imagem abaixo. Perceba que a função realiza
um zoom automático à seleção.

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5) Outra ferramenta muito útil é a inversão de seleção . Dependendo da
complexidade da consulta, essa funcionalidade é muito utilizada. Para isso, clique

em inversão de seleção e na sequência utilize a ferramenta para apontar


a feição selecionada. Analise o resultado.

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Passo 3 – Seleção por atributos

A ferramenta de seleção por atributos possibilita a seleção de feições geográficas pelos


seus atributos associados à tabela. A seleção é executada através de expressões lógicas
SQL. Vamos ver agora como utilizar em alguns exemplos:

1) Partindo do passo anterior, na mesma pasta, importe para o QGIS a camada


referente aos Setores_Censitarios de Curitiba;

2) Abra sua tabela de atributos e analise os campos e informações contidas na


camada;

3) Dentro da própria tabela, clique na opção selecionar por expressão . Abrirá


uma janela de aplicação de expressões;

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Desafio: Em uma situação hipotética, a prefeitura de Curitiba quer instalar novas
academias ao ar-livre para incentivar os idosos a praticar atividades físicas.

De acordo com a análise e os critérios da prefeitura, serão identificados os setores


censitários com população idosa acima de 150 habitantes.

4) Com isso, monte a seguinte expressão:

"Idosos_acima_65anos" >= '150'

Dica: Expanda a aba “Campo e Valores” e clique duas vezes


na coluna “Idosos_acima_65anos”.

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Dica: Perceba que a sua fórmula começa a criar forma. Agora, digite os
operadores matemáticos “>=” e o valor ‘150’.

5) Clique em selecionar feições

6) Aparentemente, nada aconteceu. Porém, feche a janela e na tabela de atributos,


clique na opção para mostrar somente as feições selecionadas;

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7) Analise a quantidade de feições. Ao total, foram identificados 21 setores
censitários de um total de 2395.

Desafio: Com base nos conhecimentos adquiridos no passo anterior, aplique


uma consulta para a identificação dos setores censitários que tem mais de 500 crianças.

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Dica: Para isso, vamos realizar os conectores booleanos, como o AND;

8) Abaixo mostra o resultado da seleção;

Dica: Na aba Operadores, estão disponíveis os principais conectores, como o


OR, IS e LIKE que são utilizados para unir conjunto de colunas e apontar uma feição com
atributo específico.

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Importante: Qualquer outra informação pode ser filtrada a partir da ferramenta
de seleção por expressão (atributos). O usuário deve se atentar com as minúcias lógicas
que acompanham o processo de execução da expressão. Há regras de espaço, de sintaxe
que, se não forem verificadas, comprometerá a análise.

Passo 4 – Seleção por localização

A ferramenta de seleção por localização seleciona as feições geográficas a partir de


critérios espaciais de relacionamento e distância. Essas ferramentas de seleção e
consulta, por utilizar relações espaciais entre os objetos geográficos, caracterizam o SIG.

Partindo do projeto do passo anterior, que exemplifica a análise geográfica para


a implantação de novas academias ao ar-livre, vamos estudar agora quais bairros
possuem academia ao ar-livre. Para isso, vamos utilizar a ferramenta de seleção por
localização.

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1) Limpe toda a seleção do passo anterior e na pasta da Pratica03, adicione a
camada Academia_ao_Ar_Livre ao projeto. Deixe ativa na área de camadas
somente as camadas Limites_Bairros e Academia_ao_Ar_Livre;

Desafio: Altere a simbologia das camadas para visualizar melhor os bairros e a


localização das academias. Fique à vontade para escolher a simbologia que mais lhe
agrada.

2) Agora, vamos determinar quais bairros são cortados pelos pontos de academia ao
ar-livre, no município do Curitiba (PR). Para isso, na área superior central do QGIS
vá em Vetor > Investigar > Selecionar por Localização:

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a. Selecionar feições de: Escolha a camada a ter as feições de Limites_bairros;

b. Onde as feições: interseccionam

c. Ao comparar com as feições do: Selecione a camada


Academia_ao_Ar_Livre

d. Modificar seleção atual por: Marque a opção Criar nova Seleção;

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3) Clique em Executar, feche a janela de seleção por localização e analise os
resultados. Perceba que agora, todos os bairros que interseccionam as academias
estão selecionados.

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Desafio: Quais bairros de Curitiba (PR) não possuem Academia ao Ar-Livre? Dica:
para responder essa pergunta, abra a tabela de atributos da camada Limite_bairros.

Agora, vamos realizar uma nova seleção por localização. Porém, dessa vez, queremos
saber o seguinte: quais bairros de Curitiba (PR) possuem Academias ao Ar-Livre e, além
disso, são cortados por ciclovias?

Para responder essa pergunta podemos utilizar a mesma ferramenta que aprendemos
no passo anterior (seleção por localização). Porém, faremos uma pequena alteração na
sua configuração.

Atenção: para continuar esse passo, certifique que os bairros que são cortados pelas
academias (passo anterior) estejam selecionados.

4) Adicione a camada Ciclovias presente na pasta da Pratica03 e selecione a


simbologia de seu agrado;

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5) Da mesma forma que realizamos no passo anterior, vá em Vetor > Investigar >
Selecionar por Localização:

a. Selecionar feições de: Escolha a camada a ter as feições de Limite_Bairros;

b. Onde as feições: interseccionam

c. Ao comparar com as feições do: Selecione a camada Ciclovias

d. Modificar seleção atual por: Marque a opção selecionar dentro da seleção


atual;

Dica: Note que, agora, estamos alterando o método de seleção. Iremos selecionar
geometrias que já estão dentro da seleção. Nesse caso, a partir dos municípios que já são
interseccionados pelas academias.

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6) Clique em Executar e feche a janela de seleção por localização. Analise os
resultados e perceba que agora os bairros que são cortados por academias e
ciclovias estão selecionados.

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Desafio: Quais bairros de Curitiba (PR) possuem Academia ao Ar-Livre e Ciclovias?
Dica: para responder essa pergunta, abra a tabela de atributos da camada Limite_bairros.
Você deve estar com 50 bairros selecionados.

Passo 5 – Exportar seleção de interesse

Nem sempre a seleção responde a perguntas do usuário. Por esse motivo, muitas vezes
é necessário exportar os dados e transformá-los em físicos. Este passo irá explicitar a
forma de extrair dados vetoriais a partir de seleções realizadas anteriormente.

1) Partindo do passo anterior, clique com o botão direito na camada Limite_Bairros,


ainda com as feições selecionadas, e vá em Exportar > Salvar Feições selecionadas
como...;

2) Na janela de exportação, configure da seguinte forma:

a. Formato: GeoPackage

b. Nome da camada: Salve como Bairros_Academia_Ciclovia

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3) Clique em Ok e perceba que agora você tem uma nova camada criada. Essa
camada representa somente os bairros selecionados ao longo do exercício.

Dica: É possível além de exportar a camada, exportar somente uma quantidade


de campos contidos no dado vetorial objeto de exportação. Isso permite filtrar as
informações contidas na tabela de atributo, exportando somente as informações que
interessam.

Pronto, agora você possui uma nova camada dentro do seu GeoPackage,
referente a seleção efetuada.

64
CAPÍTULO 4: CARTOGRAFIA NO QGIS

Em muitas situações cotidianas é necessária a definição de parâmetros cartográficos ou


reprojeção de arquivos para que haja um ajuste e posicionamento correto das camadas
geográficas. Entender o que é sistema de referência e sistema de coordenadas é essencial
para obtenção de melhores resultados com o software QGIS e qualquer trabalho que
envolve Sistemas de Informação Geográfica (SIG). Neste capítulo, vamos abordar os
conceitos básicos de cartografia, projeção de mapas e geodésia.

Objetivos do capítulo:

• Entender quais são os sistemas de coordenadas

• Entender o que é sistemas de referência

• Compreender o que é datum

• Reprojetar dados no QGIS

65
A Forma da Terra

Nos habituamos a ouvir que a Terra é redonda, quando vemos a Lua também
temos a impressão de que ela é redonda. Porém, existem melhores formas para o estudo
dos planetas. Como é impossível a obtenção de um modelo real do planeta, lançamos
mão de modelos matemáticos para a criação de mapas que representem o mais
fielmente possível a região de interesse.

De acordo com BRANDALIZE (s. d.) no estudo da forma e dimensão da Terra,


podem ser considerados quatro tipos de superfície ou modelo para a sua representação.
Sendo eles:

a) Modelo Real (Topográfica)

Modelo que permite a representação da Terra tal qual ela se apresenta na


realidade, sem as deformações que outros modelos apresentam.

b) Modelo Geoidal

Permite que a superfície terrestre seja representada por uma superfície fictícia
definida pelo prolongamento do nível médio dos mares (NMM) por sobre os continentes.
Este modelo, evidentemente, apresentará a superfície do terreno deformada em relação
à sua forma e posição reais.

c) Modelo Elipsoidal

É o modelo mais usual de todos, visto a sua facilidade de tratamento matemático,


nele a Terra é representada por uma superfície gerada a partir de um elipsoide de
revolução, com deformações relativamente maiores que o modelo geoidal.

Existem diversos modelos de elipsoide de revolução, os mais utilizados são o de


Bessel (1841), Clarke (1858), Helmet (1907), Hayford (1909) e o Internacional (1967). A
seguir imagem das superfícies apresentadas nos tópicos a,b,c.

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d) Modelo Esférico

Modelo bastante simples, que representa a Terra como uma esfera, sendo o
produto oriundo dessa representação o mais distante da realidade, sendo seu uso
indicado apenas de modo demonstrativo.

Uma imagem bastante popular, divulgada recentemente, pode ser vista abaixo,
na qual as "ondulações" no terreno são exageradas para explicitar que a Terra real não
se parece em nada com uma esfera:

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A forma da Terra aproxima-se muito de uma esfera achatada nos polos, o que faz
com que o diâmetro no Equador seja 43 quilômetros maior do que o diâmetro de polo a
polo. Os maiores desvios locais na superfície rochosa da Terra são o Monte Everest (8.848
metros acima do nível do mar) e a fossa das Marianas (10.911 metros abaixo do nível do
mar).

Sistema de Coordenadas Geográficas

O sistema de coordenadas geográficas utiliza-se de meridianos e paralelos como


base de referência. Meridianos são círculos máximos que cortam a Terra em duas partes
iguais, de polo a polo. Sendo assim todos os meridianos se cruzam entre si, em ambos os
polos. Paralelos são círculos que cruzam perpendicularmente os meridianos. Existe um
paralelo como círculo máximo que é o Equador, os outros vão diminuindo de tamanho a
proporção que se afastam do Equador, até se transformarem em pontos, que
representam os polos.

Meridianos Paralelos

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Os eixos de referência utilizados para o sistema de coordenadas geográficas
baseiam-se em duas linhas imaginárias sobre a superfície terrestre: o paralelo do Equador
e o meridiano que passa por Greenwich.

As coordenadas geográficas são definidas da seguinte maneira: Latitude () é o


ângulo formado entre a vertical do local e o plano do equador; Longitude () é o ângulo
formado entre o plano do meridiano local e o plano do meridiano de Greenwich, também
denominado meridiano de origem.

Latitude e Longitude

Modelos de elipsoide e Datum

Para fins práticos, aproxima-se a Terra de um elipsoide de revolução. Elipsoide de


revolução é um sólido gerado pela rotação de uma elipse em torno do eixo menor, eixo
x (eixo dos pólos).

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Estudos geodésicos apresentam valores diferentes para os elementos do
elipsoide, medidos nos vários pontos da Terra. Assim, cada região deve adotar como
referência o elipsoide mais indicado.

No Brasil adotou-se o elipsoide de Hayford, cujas dimensões foram consideradas


as mais convenientes para a América do Sul. Atualmente, no entanto, utiliza-se com mais
frequência o elipsoide da União Astronômica Internacional, homologado em 1967 pela
Associação Internacional de Geodésia, que passou a se chamar elipsoide de Referência.

O elipsoide Hayford, utiliza o Datum Córrego Alegre e o elipsoide de Referência,


ou seja, o da União Astronômica Internacional 1967, utiliza o Datum SAD69. A tabela a
seguir ilustra os parâmetros dos dois elipsoides.

ELIPSÓIDE RAIO EQUADOR R(M) RAIO POLAR R(M) ACHATAMENTO

União Astronômica
6.378.160,00 6.356.776,00 1/298,25
Internacional

Hayford 6.378.338,00 6.366.991,95 1/297

Para definir uma coordenada necessitamos primeiramente referenciá-la a um


Datum. O Datum é uma superfície de referência que consiste de 5 valores: a Latitude e a
Longitude de um ponto inicial, o azimute da linha que parte deste ponto e duas
constantes indispensáveis para a definição do elipsoide terrestre. Forma-se, assim, a base
para o cálculo dos levantamentos de controle horizontal onde é levada em conta a
curvatura da Terra. O Datum possui também uma constante altimétrica, à qual as
altitudes são referidas.

Ou seja, como Datum entende-se o ponto de origem, isto é, Datum horizontal


pode ser considerado como a origem das coordenadas geodésicas. O Datum vertical, por
sua vez, determina a origem das altitudes, ou seja, o nível de referência ao qual as
altitudes são referidas em geral.

O Elipsóide é utilizado na definição do Datum por ser uma figura


matematicamente definida, cujas dimensões mais se aproximam do Geóide. Como vimos,
o Geóide coincide com o nível médio dos mares e que se estende por todos os
continentes sem interrupção (superfície equipotencial). Este representa a forma real da
terra, porém com definição extremamente complexa.

Na prática cada país utiliza o seu Datum, com origem local e o elipsóide mais
adequado as suas características.

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Para o Brasil, antigamente o Datum horizontal localizava-se em CÓRREGO ALEGRE
e, portanto, levava esta denominação; a partir de 1979 o Datum oficialmente utilizado no
Brasil passou a ser o Datum Sul Americano 1969 ou SAD69, localizado no ponto origem
CHUÁ no Triângulo Mineiro. A partir de 2005 o SIRGAS passou a ser o Datum oficial no
Brasil. O SIRGAS é praticamente idêntico ao WGS-84, sistema de origem do GPS. O Datum
vertical adotado é o IMBITUBA, localizado no estado de Santa Catarina.

Com o advento do GPS existe uma tendência para a adoção de um Datum de


âmbito mundial, o WGS 84.

Projeções Cartográficas e Sistema UTM

O globo geográfico é a representação que mais se aproxima da forma real da


Terra, embora saibamos que o nosso planeta não é uma esfera perfeita. Um globo é a
representação esferoidal da Terra, uma carta é a representação plana da mesma.

A maior dificuldade da cartografia é a transferência de tudo o que existe na


superfície curva da Terra, para uma superfície plana, que é o mapa. Esta transferência só
ocorre com algumas alterações e imperfeições.

Projeção do Globo Terrestre

Não há nenhuma projeção que elimine todos os tipos de deformação advindas da


transformação da esfera num plano, assim sendo, cabe-nos escolher as propriedades que
possam atender ao nosso objetivo, para construção da carta ideal, dentro do que é
proposto. Cada tipo de projeção possui características diferentes, vantagens e
desvantagens com relação a aspectos como escala, distância e outros. A maior parte das
projeções hoje existentes deriva de três tipos ou métodos originais, a saber: cônicas,
planas ou azimutais e cilíndricas.

A projeção cônica resulta da projeção do globo terrestre sobre um cone, que


posteriormente é planificado. As projeções cônicas podem ser tangentes ou secantes. Em
todas as projeções cônicas os meridianos são retas que convergem em um ponto (que
representa o vértice do cone), e todos os paralelos, circunferências concêntricas a esse

71
ponto. Esta projeção é usada principalmente para a representação de países ou regiões
de latitudes intermediárias, embora possa ser utilizado para outras latitudes.

Projeção Cônica

A projeção plana ou azimutal resulta da projeção da superfície terrestre sobre um


plano a partir de um determinado ponto da superfície terrestre. Este plano pode ser
tangente ou secante ao referido ponto.

Projeção Plana

A Projeção cilíndrica resulta da projeção dos paralelos e meridianos sobre um


cilindro envolvente, que é posteriormente desenvolvido (planificado). Neste tipo de
projeção, os meridianos bem como os paralelos são representados por retas
perpendiculares; a deformação é exagerada nas regiões de grandes latitudes.

72
Projeção Cilíndrica

Não se sabe ao certo o número de projeções existentes, mas uma delas é muito
importante no que diz respeito a cartografia produzida hoje no Brasil, a projeção UTM.

Na verdade, a conhecida UTM não é uma projeção, mas um sistema de projeção


Universal Transversa de Mercator. Surgiu em 1947, para determinar as coordenadas
retangulares nas cartas militares, em escalas grandes, de todo o mundo. A principal
vantagem do sistema UTM é a propriedade da conformidade. Os ângulos das figuras
representadas não se alteram, ou seja a forma das figuras representadas é mantida sem
alterações. Outra vantagem é a facilidade da interpretação das distâncias, devido ao fato
das coordenadas serem expressas em metros.

A projeção da superfície da Terra é efetuada através de cilindros transversos


secantes a superfície de referência, o elipsóide.

Cilindro Transverso Secante ao Globo Terrestre

Este sistema divide da Terra em 60 fusos de 6º de longitude, os quais têm início


no antemeridiano de Greenwich (180º), de oeste para leste, até o fechamento no ponto
de partida. Quanto à extensão de latitude, os fusos se originam no paralelo de 80º S até
o paralelo de 84º N.

73
Sistema UTM

Todos os meridianos do sistema são curvos, exceto os meridianos centrais e o


equador. No meridiano central, o fator de redução de escala (Ko) é 0,9996. A partir do
meridiano central o fator cresce para leste e para oeste até atingir o valor 1 nas linhas de
secância (aproximadamente 1º37’ (180 km) do meridiano central) e daí continua a
crescer até o valor 1,0010 nas bordas do fuso (3º do meridiano central).

Representação esquemática da variação de distorção nas proximidades do


Equador para qualquer fuso de 6º.

Esta figura mostra um corte do elipsóide e do cilindro de projeção, evidenciando


as reduções e ampliações sofridas pelas distâncias no fuso UTM.

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As medidas quilométricas, em cada fuso, têm início na interseção do Meridiano
Central com o Equador. As coordenadas de origem são 500.000 m, no meridiano central
e 10.000.000 m, no Equador (só no hemisfério sul para evitar coordenadas negativas).

A figura abaixo apresenta um exemplo de coordenadas planas para quatro pontos


localizados em diferentes quadrantes do fuso.

Coordenadas UTM

Como o quadriculado se apoia no meridiano central do fuso, os meridianos


(curvilíneos) se tornam cada vez mais oblíquos, à medida que se aproximam dos
meridianos laterais, temos então a convergência meridiana, que é o ângulo formado do
centro para os lados de cada fuso.

Para a representação da convergência meridiana, deve ser observada a figura


impressa na margem inferior da carta topográfica, a qual refere-se às três direções do

75
norte, o norte verdadeiro ou geográfico (NV), o norte da quadrícula (NQ) e o norte
magnético (NM), este indicado pela agulha imantada. Os ângulos formados, entre o norte
da quadrícula e o norte verdadeiro, representam a convergência meridiana. A declinação
magnética, é o ângulo variável entre o meridiano magnético e o meridiano verdadeiro.

Declinação magnética e Convergência Meridiana

A convergência meridiana é nula sobre a linha do equador e no meridiano central;


é máxima nos meridianos extremos do fuso.

76
EXERCÍCIO 4: SISTEMAS DE REFERÊNCIA E COORDENADAS

Passo 1 – Analisar diferentes definições cartográficas

Dica: Para cada tipo de extensão há um arquivo específico que armazena as


informações cartográficas, como por exemplo o shapefile tem o arquivo *.prj, enquanto
que um Geopakage armazena os parâmetros diretamente no banco de dados (SGBD).
Muitas vezes, por negligência, cópia errada, desconhecimento da estrutura ou problemas
no processamento, o arquivo perde essas referências cartográficas e é necessário
redefinir estes parâmetros para um correto manuseio dos dados e uma posterior
reprojeção (ajuste e posicionamento) das camadas.

1) Na área de controle do QGIS, adicione todas as camadas do diretório Pratica04,


referentes às informações censitárias do Estado do Espírito Santo para o ano de
2010, baixadas do IBGE.

Dica: Não se preocupe se, no seu mapa, aparecerem os polígonos grandes


referentes ao estado do Espírito Santo e, na direita, alguns micropolígonos, pois não são
erros topológicos ou problemas de projeção, são apenas algumas ilhas do litoral capixaba.

Dê um zoom no polígono maior para aumentá-lo e centralizá-lo na área de


visualização do mapa.

Você Sabia? Estas camadas são referentes aos limites político-administrativos do


estado do Espírito Santo e contém importantes informações socioeconômicas, dispostas
em diferentes camadas. Todas estas informações censitárias são de uso público e podem
ser baixadas no site do IBGE. Todos os links para os dados públicos, usados nesta apostila,
estão descritos na área de download de dados.

77
Dica: Veja abaixo o conteúdo de cada camada:

• 32MUE250GC_SIR: Camada representando a divisão dos municípios do estado

• 32MIE250GC_SIR: Camada representando a divisão das microrregiões do estado

• 32MEE250GC_SIR: Camada representando a divisão das mesorregiões do estado

• 32UFE250GC_SIR: Camada representando o limite do estado

2) Clique com o botão direito na camada 32MUE250GC_SIR > Propriedades >


Informação. Nesta guia você terá as informações cartográficas da Camada.

3) Após analisar as definições cartográficas, clique em Ok

Você Sabia? Em muitas situações são utilizados dados de outras áreas, que
utilizam um sistema de coordenadas diferentes do utilizado na sua empresa. É preciso
projetar os novos dados para corresponder espacialmente aos dados existentes, antes de
incorporá-los ao Banco de Dados principal. Muitas técnicas de análise espacial no QGIS,
principalmente ações de álgebra de mapas ou relacionamentos topológicos, exigem que
os dados em diferentes camadas tenham o mesmo sistema de coordenadas.

Passo 2 – Reprojetar camada

Neste passo, você reprojetará a camada de Municípios do Censo


(Geográfica/WGS84) para o sistema de coordenadas planas, UTM com Datum
SIRGAS2000. Esta ação pode ser importante, caso você queira unir seus dados com outras
camadas em níveis municipais ou estaduais.

78
4) Na área de controle do QGIS, deixe ativa apenas a camada 32MUE250GC_SIR
representando o Limite dos municípios do Estado do Espírito Santo. Em seguida,

dê um zoom na área dos municípios do Estado.

5) Passe o cursor sobre os dados e visualize as coordenadas geográficas em graus


decimais na parte inferior da tela.

Dica: Lembre-se que sua camada apresenta o Sistema de Coordenadas


Geográficas com Datum WGS 84. Você utilizará estas informações como referência
(ponto de partida) para a projeção do novo sistema.

6) Na área de controle do QGIS, clique com o botão direito na camada de municípios


do censo 32MUE250GC_SIR

7) Em seguida, escolha a opção Exportar > Salvar Feições Como...

8) Na janela que será aberta, escolha o formato shapefile;

9) Em nome do arquivo, clique no botão , navegue até seu diretório de trabalho


e salve a nova camada com nome de MUNIC_IBGE.SHP. Clique em Salvar

10) Logo após, clique no botão para selecionar o SRC. Na janela que será aberta,
digite 31984 na opção Filtro. Este número (Código EPSG) é referente ao Sistema
de Coordenadas UTM com Datum SIRGAS 2000 na Zona 24 Sul. (Figura abaixo).

79
Você Sabia? EPSG é um código desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Petrolífera
Européia – European Petroleum Survey Group (EPSG). O Grupo sistematizou todos os
Sistemas de Referência de Coordenadas (SRC) do planeta por códigos. Isso significa que
uma projeção de qualquer lugar do mundo pode ser identificada através do padrão EPSG.

11) Selecione o novo sistema e clique em Ok.

12) Ao retornar a janela para salvar e projetar a camada, desabilite também a opção
Adicionar arquivo salvo ao mapa

13) Verifique se suas configurações estão como na figura abaixo e clique em OK.

80
14) Clique em Ok quando avisado que a exportação da camada está completa.

15) Clique no botão Novo Projeto para limpar as camadas na área de controle do
QGIS.

16) Em seguida, adicione a camada criada anteriormente (MUNIC_IBGE.shp), clicando


em Camada > Adicionar Camada Vetorial

Dica: Perceba que sua camada está, agora, no sistema de coordenadas planas
UTM, mas com Datum SIRGAS2000 na respectiva zona. Sendo assim, você poderá
integrar, visualizar e analisar sua camada com outras do mesmo sistema, assim como
executar cálculos lineares e em área na unidade métrica.

81
Desafio: Após ter entendido o processo de mudança e projeção das informações
cartográficas da nova camada, projete novamente a camada para o sistema: UTM WGS
84 na Zona 24 Sul (EPSG: 32724). Em seguida, projete-a outra vez para Geográfica WGS
84 (EPSG: 4326).

Parabéns! Chegamos ao final de mais capítulo, no qual você aprendeu sobre


projeção de mapas no QGIS.

82
CAPÍTULO 5: SIMBOLOGIA E ANÁLISE DE MAPAS

Neste capítulo trabalharemos com uma série de mudanças nos símbolos das camadas,
assim como vamos entender os processos de classificação em dados qualitativos e
quantitativos. As simbologias e classificações permitem que análises primárias possam
ser executadas, deixando os resultados mais explicativos.

Objetivos do capítulo:

• Entender como o QGIS classifica dados qualitativos e quantitativos

• Classificar dados qualitativos

• Classificar dados quantitativos

83
Métodos de representação cartográfica
Sabemos que os fenômenos geográficos ocorrem na superfície terrestre das mais
diferentes formas. Podemos citar como exemplo a riqueza de detalhes que uma imagem
de satélite ou fotografia aérea mostra sobre o terreno. Mas, como representar essas
informações num mapa?

De acordo com Nogueira (2008), os mapas fazem uso deste entendimento e seus
respectivos símbolos para representar o mundo real e esta é a sua principal vantagem
sobre as imagens, já que ele apresenta um modelo da realidade. Logo, para o indivíduo
saber fazer mapas, é interessante entender a natureza das variáveis geográficas, bem
como saber usar uma abordagem sistemática para descrever as feições.

A exemplo de fenômenos materiais, como rios, rodovias, cidades, etc., ou


imateriais, como religiões, densidade populacional, etc. que têm espacialização
geográfica, podem ser mapeados. Porém, saber representá-los da maneira correta é uma
tarefa complicada e requer conhecimentos mais aprofundados sobre os mais variados
tipos de representação.

Entrando no tema que é objeto de estudo desse capítulo, vimos anteriormente às


formas de se representar os fenômenos geográficos através do SIG (pontos, linhas,
polígonos e matriz). O processo de construção de um mapa não é das tarefas mais fáceis,
pois cabe ao criador, através de processos cognitivos, construir mentalmente o mapa
pretendido, mas para isso é necessário ter claros alguns princípios:

• Como ordenar a informação a ser mapeada?

• Qual a exatidão necessária? Qual (ou quais) o método que irá ser utilizado para
fazer o mapeamento?

• Qual o nível de medida?

Desses, o nível de medida é um dos mais importantes, pois são eles que vão
permitir a comparação das propriedades dos objetos geográficos. Assim, ao fazer uma

84
representação cartográfica, seja ela qual for, é preciso escolher a metodologia correta a
ser utilizada.

Para ajudar nessa tarefa, de modo geral, existem quatro tipos de medidas:

• Nominal

• Ordinal

• Intervalar

• Proporcional

Nominal
Considerado como o nível mais básico de medida para descrever as propriedades
geográficas, a descrição nominal permite que se nomeiem feições, sem necessidade de
compará-las.

A descrição nominal serve para distinguir feições quando considerada a


abordagem qualitativa, a exemplo de quando dizemos que um objeto X é diferente de
um objeto Y. Vale lembrar que dessa forma separam-se os objetos, mas não há como
dizer que um é melhor do que o outro, nem é possível fazer comparações, pois se tratam
de coisas distintas.

Um exemplo de construção que podemos classificar como nominal são os mapas


de uso do solo. Na imagem a seguir temos um exemplo do mapa de uso do solo do
condado de Brant no Canadá.

85
Fonte: Condado de Brant – Canada (2011)

Ordinal

O nível de medida ordenado (também conhecido como hierarquizado) é utilizado


quando queremos fazer comparações refinadas, isso é, já com certo grau de precisão.
Utilizando um adjetivo como “agente filtrante”, geralmente ele é quem vai dar nome a
classe criada.

Em mapas desse tipo, costuma-se apresentar algumas informações de âmbito


geral, cuja finalidade é diferenciar os objetos de classe dentro de uma única classe, com
base em um sistema hierárquico.

Com esse tipo de medida, é possível fazer classificações, tanto quantitativas como
qualitativas. Apenas vale tomar cuidado na hora de representar estas informações, para
que não ajam confusões nas classes escolhidas.

No exemplo, temos um mapa de taxa de urbanização do Estado de São Paulo.


Repare nos intervalos das classes, bem como a coloração dos municípios no mapa.

86
Fonte: Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo (2010)

Intervalar
O nível de medidas intervalar serve para obter informações mais precisas sobre
os objetos geográficos, e pode ser considerado como um detalhamento do ordinal, pois
além de haver a hierarquização, a descrição adiciona informação numérica. Portanto,
considera uma unidade padrão de medida para expressar diferenças quantitativas.

De acordo com Nogueira (2008), a descrição intervalar é utilizada para os dados


quantitativos, nos quais a escala de valores é determinada pela área do conhecimento
diretamente relacionada ao dado, ou seja, as classes e os intervalos são preestabelecidos
pela disciplina envolvida.

Um exemplo que podemos citar são os mapas de chuvas, onde a quantidade de


chuvas é expressa em milímetros. Já os níveis de elevação do terreno são expressos em
intervalos de metros.

87
Nesse tipo de exemplo, apenas vale uma ressalva sobre a interpretação dos dados
presentes no mapa, pois algumas vezes a natureza deles não permite comparações
diretas. Podemos dar o exemplo de um mapa de temperatura, onde 30°C não significa
que seja duas vezes mais quente que 15°C, mas vale lembrar que isso se refere apenas à
leitura e interpretação do mapa.

No exemplo abaixo, temos um mapa de temperatura de Portugal, onde são


mostradas as médias de temperatura do ar em graus Celsius do mês de Janeiro de 2011.

Fonte: Instituto Português do Mar e da Atmosfera (2011)

Proporcional

De acordo com Nogueira (2008), o nível de medida proporcional (também


conhecida como de razão) faz o refinamento de uma descrição intervalar. Utiliza

88
magnitudes que são intrinsecamente sugestivas, expressando sequência única e ordena
elementos; portanto faz uma comparação direta entre variáveis espaciais.

Pode-se usar o valor zero como valor inicial ou não (zero indica ausência). O
número de classes, assim como o intervalo de classes, é subjetivo e dependerá do objeto
em questão e da decisão do cartógrafo. A maioria doa valores a serem mapeados são
relativos a: área, volume, extensão e peso.

Um exemplo para esse nível de medida são os mapas de densidade demográfica,


onde é feita a relação do número populacional pela área.

Fonte: Projeto Jimboê, Editora do Brasil (2010)

89
Métodos de classificação quantitativa

Existem alguns métodos de classificação de dados quantitativos no QGIS e eles


podem ser entendidos da seguinte forma:

• Quebras naturais (Natural Breaks – Jenks): As classes são baseadas em


agrupamentos naturais dos dados. O método identifica pontos de quebra entre
os valores com maior similaridade nos grupos de variáveis para, em seguida,
maximizar a diferença entre as classes. O método apresenta bons resultados no
mapeamento de valores que não possuem uma distribuição uniforme.

• Quantis (Quantile): Cada classe contém o mesmo número de feições. O método


é indicado para dados com distribuição linear.

• Desvio Padrão (Standard Deviation): Exibe como os dados estão distribuídos com
relação à média. Este método é indicado para dados que apresentam uma
distribuição normal.

• Intervalos Iguais (Equal Interval): Este método divide a faixa de valores em


subfaixas de valores com mesmo tamanho. É indicado para valores contínuos.

90
Exemplo de classificação dos setores censitários do Município de Osasco usando os
métodos: 1) Quebras naturais (Jenks), 2) Quantis, 3) Desvio Padrão e 4) Intervalos
Iguais.

Quando e como utilizar cada um desses métodos, depende da complexidade de


representação das informações. Vamos trabalhar com esses métodos no exercício a
seguir.

91
Material Complementar: Padrões de Exatidão Cartográfica

No Brasil, os padrões que estabelecem as normas técnicas da Cartografia Nacional


são definidos pelo decreto de Nº 89.817, de 20 de junho de 1984. Para saber mais acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/19801989/D89817.htm

Outro link interessante, e que pode servir para aprofundar sua análise, é o do prof.
José Augusto Sapienza Ramos, onde o mesmo comenta sobre os 30 anos do Padrão de
Exatidão Cartográfica no Brasil. Para acessar, entre no link abaixo do portal MundoGEO:
http://mundogeo.com/blog/2014/08/10/30-anos-do-padrao-de-exatidao-cartografica-
no-brasil/

92
EXERCÍCIO 5: TRABALHAR COM SIMBOLOGIA NO QGIS

Passo 1 – Simbologia e Caracterização Geral da Área de Estudo

Neste tópico você conhecerá os símbolos e a caracterização geral da área de estudo no


QGIS.

1) Na Área de Controle do QGIS, importe as camadas de Estados e Aeroportos


presentes na pasta da Prática 05.

2) Dê um duplo clique sobre a camada de Aeroportos

3) Na janela de Propriedades da Camada, que será aberta, certifique-se de estar na


guia Simbologia. Em seguida, clique em Marcador simples.

4) Logo abaixo, em Tipo da camada símbolo, altere para Marcador SGV.

5) Na área de símbolos, escolha o que se refere a um avião como na figura abaixo:

93
6) Altere a cor para preto e defina o valor 3 como tamanho (altura e largura)

7) Em seguida, clique em Ok e analise o resultado no mapa.

94
Dica: Perceba, no mapa, que houve uma mudança dos pontos para o símbolo de
aviões.

8) Na área de controle do QGIS, importe e ative a camada de Portos

9) Dê um duplo clique sobre a geometria de pontos na camada de Portos

10) Na janela Propriedades, que será aberta, certifique-se de estar na guia Simbologia.
Em seguida, clique em Marcador simples.

11) Logo abaixo, em Tipo da camada símbolo, altere para Marcador SGV.

12) Na área de símbolos, clique no que representa um navio.

13) Em tamanho, digite o valor 5 e, na opção de cor, clique no botão para mudar a cor
para azul. Suas configurações devem estar similares às da figura abaixo.

95
14) Clique em Ok na janela de Propriedades da camada para ver os resultados no
mapa (figura anterior).

15) Na área de controle do QGIS, importe e ative a camada de Estações Ferroviárias

Desafio: Usando os conhecimentos de simbologia aprendidos nos exercícios


anteriores, mude o símbolo da camada de Estações ferroviárias (escolha o ícone de seu
agrado) com cor vermelha e tamanho 3.

96
Passo 2 – Organizar a estrutura das camadas em grupos
Agora você organizará as camadas simbolizadas anteriormente em um grupo,
denominado Infraestrutura de Transporte.

1) Na área de controle do QGIS, selecione as camadas de Estações Ferroviárias,


Portos e Aeroportos. Em seguida, clique com o botão direito sobre a seleção das
camadas > Agrupar Selecionado

97
2) Clique com o botão direito no nome do grupo (group 1) e escolha Rename
Group. Em seguida, renomeie-o para Modais de Transporte

Desafio: Usando as técnicas aprendidas nos passos anteriores, crie um novo


grupo denominado Elementos de Transporte com as camadas de Rodovias, Hidrovias e
Ferrovias.

Dica: O primeiro passo é importar as camadas Rodovias, Hidrovias e Ferrovias


presentes na pasta da prática.

98
Dica: Após criado o novo grupo Elementos de Transporte, você classificará as
camadas de acordo com os atributos do banco de dados.

4) Clique com o botão direito na camada de Rodovias > Propriedades > Simbologia

5) Em seguida, na lista de tipo de classificação, escolha Categorizado.

6) Para a opção Coluna, escolha o campo PISTA.

7) Clique no botão Classificar para que apareçam as opções de


simbologia.

8) Na área de símbolos, clique em Modificar... e mude a espessura


do traço para 0,2.

9) Clique em Ok para retornar à janela de classificação principal.

10) Na opção gradiente de cores, escolha a paleta de cores Spectral

99
11) Na parte de baixo da janela, clique no botão Classificar
novamente para ver as classes de tipos de rodovias.

12) Perceba que uma das classes não apresenta classificação. Para corrigir isto na
legenda, dê um duplo clique abaixo de valor, na referida classe.

13) A área ficará em edição e você deve digitar: Via Não Classificada.

14) Em seguida, clique em OK.

Analise o resultado no mapa e perceba o perigo de nossas estradas, onde a grande


maioria das Rodovias é definida como simples.

100
Passo 3 – Caracterização Ambiental

Neste exercício você analisará e representará graficamente algumas informações das


características ambientais do país relacionadas à camada de dados das bacias
hidrográficas.

1) De início, desative, na área de controle do QGIS, os dois grupos criados


anteriormente representando o agrupamento das camadas de modais de
transportes e importe/deixe ative apenas a camada de BACIAS_HIDROG.

2) Em seguida, classifique a camada de bacias hidrográficas clicando com o botão


direito na camada > Propriedades > Simbologia.

3) Em seguida, na lista de tipo de classificação escolha categorizado.

4) Na opção Coluna, escolha o campo Bac_Hidrog com gradiente de cores de cores


aleatórias (Random colors).

5) Clique no botão Classificar

6) Caso a simbologia gere algum valor sem categoria, basta desabilitar.

101
7) Em seguida, clique em OK para ver o resultado da classificação no mapa. (figura
abaixo)

8) Para complementar a visualização das informações no mapa, você acrescentará


os rótulos para cada região. Para isto, selecione, na área de controle do QGIS, a
camada de Bacias Hidrográficas e em seguida abra as propriedades da camada.

9) Na janela que será aberta, clique em rótulos.

10) Como na figura abaixo, marque a opção Rótulos simples e selecione o campo
BAC_HIDROG. Defina como tamanho do texto o valor 8.

102
11) Clique em Ok.

Dica: Perceba que seu mapa deve estar classificado e rotulado como na figura
abaixo.

103
Passo 4 – Análise Socioeconômica dos Municípios

Agora você visualizará e analisará os municípios brasileiros comparando suas informações


de renda (PIB) e população.

1) Na área de controle do QGIS, importe/deixe ativa apenas a camada de Municípios

2) Clique com o botão direito na camada Municípios > Propriedades > Simbologia

3) Na lista suspensa de tipos, escolha a opção Graduado

4) Para Coluna, selecione o campo PIB

5) Em símbolo, clique no botão Modificar...

6) Defina a opção Preenchimento simples

7) Em cor do traço, altere para traço transparente.

104
8) Esta ação vai tirar a cor de borda do polígono, facilitando a visualização das classes.
Clique em Ok até voltar à janela de Simbologia.

9) Na opção de Gradiente de cores, defina a paleta de cores com degrade do amarelo


para o marrom (YlOrBr)

105
10) Deixe o número de classes como 10 e, na opção Modo, selecione o método de
quebras naturais (Natural Breaks - Jenks)

11) Clique no botão Classificar

12) Em seguida, clique em Ok para ver no mapa sua classificação. Para que você tenha
um maior entendimento com relação à quantidade de municípios em cada
intervalo de valores, clique com o botão direito (área de controle) no nome da
camada municípios e marque a opção mostrar contagem de feição.

106
13) Perceba que, para cada intervalo de classe, você terá a quantidade de elementos
(municípios) que estão associados.

Dica: Perceba que, agora, seus dados estão classificados em ordem crescente de
valor e associados a uma escala de cores, onde a cor mais clara representa o menor valor
e a cor mais escura o maior valor.

Desafio: Na área de controle, ative a camada de Estados e altere sua simbologia

para símbolo simples , estilo do preenchimento sem pincel

e cor do traço azul com largura 0,5.

Dica: Caso não a visualize, arraste a camada de Estados para cima de


"Municípios".

Analise os resultados no mapa.

107
Passo 5 – Análises Comparativas

Em seguida você irá sobrepor simbologias e fazer um comparativo entre o PIB e a


quantidade populacional na região entre São Paulo e Rio de Janeiro. Para isto, você irá
transformar a geometria da camada de municípios de polígonos para pontos,
representando os centróides (centro de massa de cada polígono) dos municípios.

1) No menu principal, clique em Vetor > Geometrias > Centróides...

108
2) Na janela de conversão de polígonos em pontos representados pelos centroides,
defina como camada de entrada Municípios

3) Em seguida, na aba centroides, clique em .... > Salvar no arquivo.

4) Navegue até sua pasta de trabalho e salve sua nova camada com nome de
Munic_Cent.shp.

5) Clique em Ok

6) Se questionado sobre inserir a nova camada na área de controle (TOC), clique em


Sim.

109
Dica: Perceba que a nova camada de centróides foi adicionada à área de Controle.
Agora, vamos explorar os atributos do banco de dados usando ferramentas de resumos
estatísticos.

7) Na barra de ferramentas clique em Mostrar Resumo Estatístico .

8) Na janela que será aberta, defina como camada de entrada Centroides e como
campo de resumo estatístico (target field) escolha população

Dica: Aguarde alguns instantes para que sejam calculadas as estatísticas do


campo e analise o descritivo dos resultado. Perceba que os valores de mínimo e máximo
têm uma variação de 0 a próximo de 10 milhões de habitantes e, como pode ser visto, a
média de população dos municípios brasileiros é de 32.599 habitantes.

110
Agora você simbolizará seus dados usando símbolos graduados, em seguida adequar a
escala de valores e, ao final, excluir da classificação valores muito baixos.

9) Clique com o botão direito na camada Centroides > Propriedades > Simbologia

10) Escolha como tipo de classificação a opção Graduado

11) Para a opção Coluna, escolha o campo POPULACAO

111
12) Defina o número de classes para 10, na paleta de cores Blues.

13) Para método de classificação (modo), escolha o método de Jenks

14) Em seguida, clique no botão Classifique e veja que, agora, seus valores estão
definidos em 10 classes com uma escala de cores.

15) Para dar maior ênfase aos municípios com maiores valores de população,
selecione as três primeiras classes, clique com o botão direito e escolha Mudar
Tamanho....

112
16) Na nova janela que será aberta, altere o valor do tamanho do símbolo para 1 e
clique em Ok

17) Selecione as próximas 3 classes e altere o tamanho para 2.

18) Da mesma forma, selecione as próximas 3 classes e altere o tamanho para 3.

19) Por fim, altere a última classe para o tamanho de 5.

20) Em seguida, clique em OK na janela de Propriedades da camada e observe o


resultado no mapa.

113
Dica: Perceba que, agora, você possui duas informações representadas por
simbologias diferenciadas, dispostas no mapa referentes ao valor de PIB e População por
municípios.

Em seguida, como desafio, você analisará o contexto destas informações com a Rodovia
Presidente Dutra (trecho da BR-116), que interliga as duas principais cidades do país (São
Paulo e Rio de Janeiro).

114
21) Na Área de Controle, ative a camada de Rodovias

22) Dê um zoom no seu mapa para que possa ver o trecho entre os municípios
de São Paulo e Rio de Janeiro. Fique próximo de uma escala 1: 1.500.000, para
visualizar melhor o resultado da análise.

23) Clique com o botão direito no nome da camada de Rodovias e escolha Filter...

115
24) Na janela de consultas ao banco de dados, construa a seguinte expressão na área
de consulta do SQL: "RODOVIA" = 'BR-116'

116
25) Clique em Testar para verificar se a expressão está correta.

26) Clique em Ok para realizar a filtragem.

Você Sabia? Perceba que o trajeto ao longo da Rodovia BR-116, no trajeto entre
São Paulo e Rio de Janeiro (Dutra) é marcado por uma linha de desenvolvimento dos
municípios. Historicamente, estes municípios foram beneficiados por um forte
crescimento devido à proximidade da via e capacidade de escoamento rápido da
produção entre as principais cidades do país e portos da região.

27) Para finalizar, salve o projeto (Projeto > Salvar como) na pasta do exercício com o
nome SIMBOLOGIA. Vamos utilizar esse mesmo projeto futuramente para
elaboração de layout.

117
CAPÍTULO 6: INTRODUÇÃO À CARTOGRAFIA TEMÁTICA

A construção do Layout de impressão será o último passo no processo de criação e


configuração de elementos no mapa, como classificações, rótulos, símbolos, seleções e
análises. O QGIS torna muito simples e interativa, a construção do layout pela facilidade
de acesso as ferramentas e didática em sua utilização.

Objetivos do capítulo:

• Introduzir os principais elementos cartográficos

• Como funciona o ambiente de layout de mapas do QGIS

• Melhores práticas para representação cartográfica

118
Elaborar um mapa não é uma tarefa simples e o autor deve sempre tomar muito
cuidado. Afinal, um mapa deve ser claro e objetivo para que o leitor possa extrair as
informações que estão sendo mapeadas/representadas. Nesse tópico, veremos os
elementos essenciais para a construção de um mapa e os padrões adotados por órgãos
governamentais.

Elementos de um mapa temático

Veremos agora quais elementos que devem conter um mapa temático.


Lembrando que estas não são regras rígidas, mas sim padronizações. Você deve sempre
levar em conta o objetivo do seu mapa, quem será o leitor, qual será o meio onde ele
será apresentado (impresso, tela de computador, etc.), entre outros fatores que vão
influenciar no seu entendimento.

Elementos Textuais

Título

Todo mapa temático aborda um tema, que deve ser identificado claramente no
título. Além de dizer o que se trata, o título deve contemplar onde se dão os
acontecimentos. Para a escolha do título de um mapa, algumas dicas que damos são as
seguintes:

• Procure fazer para si mesmo as seguintes perguntas Onde? e O quê?

• Deve ficar preferencialmente na parte superior da folha.

• Quando escolher a fonte e tamanho das letras, procure utilizá-las em caixa


alta (aqui não se trata de uma regra, mas sim por uma questão estética) ou
negrito, ou até mesmo a combinação das duas.

Subtítulo

Se for necessário, deve ser apresentado preferencialmente em letras minúsculas,


abaixo do título. A seguir, vemos um exemplo de como aplicar os títulos e subtítulos. O
mapa foi elaborado pelo Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo.

119
Rede Hidrográfica do Estado de São Paulo: (Fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico
do Estado de São Paulo)

Informações do mapa

Neste item veremos sobre os principais elementos de um mapa temático.


Inevitavelmente, um mapa deve contar com a presença deles.

Legenda

Podemos dizer que a legenda se trata do elemento mais importante no mapa,


pois explica do que se tratam as variáveis apresentadas no desenho. Tudo que está em
um mapa e que não seja auto-explicativo deverá constar na legenda. Os símbolos do
mapa devem aparecer exatamente iguais na legenda, com mesmo tamanho, forma e cor.

Geralmente, a legenda é posicionada na lateral ou na parte inferior da folha que


contém o mapa.

120
Orientação (Indicação do Norte e Malha de Coordenadas)

Posicionado geralmente nos cantos superiores do mapa, a seta do Norte


serve para indicar a posição geográfica do desenho, e sua posição está inevitavelmente
associada a uma malha de coordenadas.

Apesar do que muitos pensam a indicação da seta de Norte não é uma regra, pois
varia de mapa para mapa. Esta orientação é dispensada quando a área a ser mapeada é
muito familiar para os usuários, geralmente em mapas políticos.

121
Exemplo de aplicação da indicação do Norte. (Fonte: USGS)

Malha de Coordenadas

Para qualquer elemento do mapa, mas em especial para a malha de coordenadas


(Geográficas ou Métricas), cuidado com os excessos! Sempre fique atento para o
espaçamento utilizado entre as linhas da malha, pois quando for muito curto os mapas
ficam praticamente ilegíveis.

Tipos de Escalas

Neste subtópico, iremos relembrar sobre alguns conceitos relacionados a Escalas.


Caso julgue desnecessário - e já domine completamente o assunto - fique à vontade para
ler o próximo subtópico do texto.

Escala é uma relação matemática entre a distância medida sobre um mapa e sua
medida real na superfície terrestre. A NBR 8196 (Emprego de escalas em desenho
técnico: procedimentos) define escala como sendo a relação da dimensão linear de um
elemento e/ou um objeto apresentado no desenho original para a dimensão real do
mesmo e/ou do próprio objeto.

As escalas podem ser de redução (1:n), ampliação (n:1), naturais (1:1), ou gráficas,
podendo ser ditas grandes quando o denominador for pequeno (Ex: 1:200), e pequenas
quando o denominador for grande (Ex: 1:200.000). Atendo-nos às aplicações das escalas
nos mapas, elas podem ser representadas de maneira gráfica e/ou numérica (indicado
textualmente no mapa). Nas imagens a seguir, vemos alguns exemplos de suas aplicações
nos mapas.

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Exemplos de aplicação da Escala em mapas. (Fonte: IBGE)

A escala gráfica é utilizada para facilitar a leitura dos mapas, onde uma linha
graduada dividida em partes iguais, onde cada uma dessas partes representa a unidade
de comprimento escolhida para o terreno.

Elementos de Localização

Algumas vezes, será conveniente incluir retângulos sobre o seu mapa, tanto para
mostrar áreas ampliadas como áreas maiores, para detalhar uma área geográfica
específica ou dar uma visão mais abrangente, o que auxilia o usuário no entendimento
do mapa. Outras vezes também será importante incluir gráficos e tabelas, sempre
levando-se em conta o balanço visual.

Exemplos de elementos complementares nos mapas. (Fonte: IBGE)

Órgão ou Autor do Mapa

Se houver necessidade, vale a pena colocar o logo da instituição ou empresa que


confeccionou o documento cartográfico. As recomendações são para que se coloque na
parte superior, ou inferior do mapa, como no exemplo que mostramos a seguir.

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Exemplo de identificação do autor do mapa (Fonte: IBGE)

Já para o nome do autor, ou do grupo que elaborou o mapa, preferencialmente


colocar na parte inferior.

Fonte dos Dados e Anotações

Assim como um texto científico, ou que de alguma forma será publicado e


divulgado em um canal de comunicação, se o mapa fizer uso de referências externas que
não são oriundos do autor (pessoa que está confeccionando o mapa), elas devem ser
citadas.

Em mapas o mais usual é referenciar as bases cartográficas que serviram para


confecção, ou que foram utilizadas de base para uma adaptação feita para o autor (Ex:
Adaptado por Fulano, Fonte: IBGE). Já as anotações são muito usuais quando se deseja
detalhar um determinado elemento presente no mapa

No mapa, a melhor forma de posicionar essas informações (Fontes e Anotações),


é na parte inferior da folha, contendo a origem dos dados mapeados, da forma mais
completa possível, para que facilite pesquisas futuras e ajude na compreensão do mapa.
A seguir vemos uma produção do IBGE onde a fonte foi apresentada no canto inferior
esquerdo da folha.

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Exemplo de inclusão de referências e fontes nos mapas (Fonte: IBGE)

Data

Mais um recurso interessante, quando necessário, é inserir a data de confecção


do mapa na parte inferior e, quando for muito relevante, também deve constar no título
a data da informação que serviu de base para a construção do mapa.

Exemplo de inclusão de data em um mapa. (Fonte: IBGE)

Interpretação de um mapa temático

Pelo fato de um mapa ser uma imagem e não um texto (apesar de conter
elementos textuais) devemos buscar explicações a partir do que enxergamos. Tal como

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falar para uma criança pequena, um mapa deve ser confeccionado de maneira clara e
direta, por mais complexas que sejam as informações que nele estejam presentes.

De acordo com Martinelli (2003) o propósito da ação de se produzir um mapa é


atingido quando se consegue revelar o conteúdo da informação, proporcionando um
encaminhamento crítico do discurso científico com base no que foi descoberto, e não
apenas servir de mera ilustração junto aos textos geográficos.

Leitura de um mapa

Talvez no início seja um pouco difícil fazer a leitura correta de um mapa, mas não
se preocupe, pois com o tempo você adquire destreza e a interpretação passa a ser
automática. Vale lembrar que os mapas são uma representação da realidade e para
vincular alguns detalhes apresentados é necessário exercitar a imaginação.

De acordo com SEED-PR (2010), todo bom mapa deve possuir algumas
características para assegurarem a leitura e a interpretação corretas das informações
nele contidas. As principais características são: área geográfica, coordenadas, escala,
legenda, título, indicação do norte e a fonte de onde foi extraído o mapa.

Ler mapas significa dominar a linguagem cartográfica. Esse é um processo que


envolve algumas etapas, estas que envolvem uma metodologia básica.

A leitura começa pela observação do título. Qual o espaço representado, seus


limites e demais informações. Identificado o tema, é preciso interpretar a legenda,
relacionar os significados. A última e não menos importante etapa, é em relação à escala
indicada, esta observação serve para futuros cálculos das distâncias ou dos fenômenos
representados no mapa.

Material Complementar: Convenções Cartográficas

Para auxiliar em suas produções cartográficas, bem como ajudar na interpretação


dos diversos tipos de mapas que você vai se deparar, sugerimos a leitura dos manuais T
34-700 parte 1 e T 34-700 parte 2, produzidos pelo Exército Brasileiro. Caso tenha
interesse, os manuais estão disponíveis no site
http://www.geoportal.eb.mil.br/index.php/inde2?id=141

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EXERCÍCIO 6: ELABORANDO UM MAPA TEMÁTICO NO QGIS

Nesse exercício, vamos elaborar um Layout de mapa através do QGIS. Para


construção, utilizaremos as mesmas camadas do exercício anterior e mais algumas
informações em escala global.

Passo 1 – Abrir projeto

1) Abra um projeto em branco no QGIS. Para isso, clique em Projeto > Novo

2) Agora, adicione na interface do QGIS os shapefiles Centroides, Municipios e


Estados. Note que são as mesmas informações do exercício anterior.

3) Após abrir as camadas, aplique um zoom total para ver todos os elementos e
organize-os igual a imagem abaixo.

Dica: Caso não esteja visualizando os pontos, organize a ordem das camadas na área de
camadas do QGIS.

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4) Vamos adicionar também outras camadas, para representar os oceanos e também
os países que fazem divisa com o Brasil. Para isso, adicione as camadas Oceanos e
Paises_Mundo para o projeto.

5) Organize as camadas da seguinte forma:

Dica: Sua área de visualização deve estar similar a figura abaixo.

6) No menu principal defina a escala 1:20.000.000 para deixar o mapa do Brasil

ampliado. Caso o mapa não fique centralizado use a ferramenta mover (Pan)
para deixá-lo na melhor posição.

7) Por fim, vamos definir a projeção cartográfica do mapa. Para isso, na área inferior
direita, clique em

8) Para melhor representação, utilizaremos a projeção esférica de Eckert III. Para


localizá-la, basta digitar o código EPSG 53013 na busca.

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9) Selecione a primeira opção que aparece e clique em Ok.

10) Para visualizar as alterações, clique em Ver Tudo . Note que, agora, seu
mapa está ajustado à projeção selecionada (Eckert III).

11) Após analisar, volte à última visualização para darmos sequência ao layout.

Passo 2 – Criar um layout de impressão

Dica: Inicialmente iremos criar um Layout de impressão, para iniciar a construção


do nosso mapa no QGIS.

1) Para iniciar o processo de criação de layout, vá ao menu principal e clique em


Projeto > Novo layout de Impressão.

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2) Na janela de criação do layout de impressão, insira o nome “Mapa do Brasil” e
clique em Ok.

Dica: Perceba que sua área de visualização mudou para uma página virtual de
layout de impressão, onde você poderá inserir os elementos do mapa. Você irá configurar
a página para adequar da melhor forma possível as camadas na área de layout.

Dica: Para cada ambiente do QGIS há uma barra de ferramentas. Veja na figura
abaixo as principais ferramentas disponíveis para a barra de layout.

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Salvar projeto

Novo layout

Duplicar layout

Gerenciador de layout

Carregar a partir de um modelo (template - *.gpt)

Salvar como um modelo de layout (*.gpt)

Adicionar páginas ao layout

Imprimir layout

Exportar no formato imagem (png, jpg, tiff, etc)

Exportar no formato vetorial SGV

Exportar como PDF

Exportar no formato de atlas

Configurar atlas

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Zoom mais no compositor

Zoom menos no compositor

Visualizar na escala real

Estender a visão geral do layout

Atualizar

Bloquear somente os itens selecionados

Desbloquear todos os itens

Agrupar itens

Desagrupar itens

Definir posicionamento do item (enviar pra frente, atrás, etc)

Alinhar itens a esquerda

Distribuir itens de forma equidistante

Redimensionamento de itens com base no item selecionado

Mover mapa

Aproximar

Ferramenta de seleção

Mover o conteúdo do item

Editar nós do item

Adicionar mapa ao compositor de layout

Adicionar mapa 3D ao compositor de layout

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Adicionar uma imagem ao compositor de layout

Adicionar um texto ao layout

Adicionar legenda

Adicionar escala de barra

Adicionar formas (retângulo, elipse e triângulos)

Adicionar uma seta

Adicionar item de nó (polígonos e linhas)

Adicionar texto HTML

Adicionar tabela de atributos

Passo 3 – Iniciar a construção do layout

1) Para iniciar a construção do nosso layout, o primeiro passo é configurar a página


de impressão. Para isto, clique com o botão direto na área de visualização
principal > Propriedades da página

2) Nas propriedades do item (canto direito) defina o tamanho do papel para A4 e,


como Orientação Paisagem. Clique em Ok para deixar sua página de impressão
com estas configurações.

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3) Antes de inserirmos os elementos cartográficos, primeiro precisamos configurar
as réguas. As réguas são importantes para um melhor alinhamentos dos objetos.
Para isso, clique com o botão direito na área de régua > Gerenciar Guias...

4) Note que nas propriedades do item (a direita) é habilitada duas opções de guias:
horizontal e vertical.

5) Vamos começar inserindo as guias horizontais. Logo abaixo de Guia horizontal,

clique em Adicionar novo Guia

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6) Para o valor da guia adicionada, digite o valor de 10 mm

7) Repita o procedimento aprendido e insira 4 novas guias:

a. Horizontal: 200mm

b. Vertical: 10mm, 210mm e 287mm

Dica: Suas guias devem estar igual a imagem abaixo. O mapa principal será
inserido na área maior (central). Já as convenções cartográficas serão inseridas no
retângulo menor (a direita).

8) Para começar a inserir os elementos no seu layout, você definirá a área de

visualização do mapa. Clique no botão e, na área de mapa, crie um


retângulo, arrastando o mouse para criar a área do mapa.

9) Caso seu mapa fique pequeno, em relação à área criada, vá em Propriedades do


Item e altere a escala de visualização para 1: 20.000.000, como na figura abaixo.

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10) Após configurar a escala, vamos garantir que não faremos mais nenhuma
alteração nessa visualização. Dessa forma, nas propriedades do item (Mapa 1),
habilite as caixas Travar camadas e Travar estilo para as camadas.

11) Clique em salvar

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12) Salve dentro da pasta da Pratica06 com o nome Mapa_do_Brasil.

Passo 4 – Inserir mapa de localização

Agora que já temos estruturado o layout, começaremos a inserir os elementos


cartográficos. O primeiro deles será o mapa de localização. Vamos identificar o Brasil num
shapefile de mundo.

1) Minimize a área de layout do QGIS e volte para a área de processamento do QGIS.


2) Em seguida, desabilite as camadas CENTROIDES, ESTADOS, MUNICIPIOS e
PAISES_MUNDO. Deixe ativa somente a camada de OCEANOS.
3) Agora, adicione a camada PAISES_MUNDO_LOCALIZACAO.shp que está
armazenada dentro da pasta da Pratica06.

4) Clique em Ver Tudo para exibir a visão geral do mundo.

5) Logo após, retorne a tela de Composição. Clique no botão (Adicionar novo


mapa) e abra um retângulo no canto superior direito da folha.

6) Perceba que será adicionada uma área de localização, na tela principal do QGIS,
representando os países do mundo.

Dica: Caso a caixa de mapa não esteja no local correto, use a ferramenta
para posicioná-la no melhor local. Caso os elementos do mapa não estejam centralizados,

use a ferramenta para ajustá-los.

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7) Na área de Propriedades do Item, defina a escala de visualização do mundo (Mapa
2) para 1: 450.000.000, como na figura abaixo.

8) Agora, também vamos garantir que não faremos mais nenhuma alteração nessa
visualização. Dessa forma, nas propriedades do item (Mapa 2), habilite as caixas
Travar camadas e Travar estilo para as camadas.

9) O último passo no mapa de localização será enquadrar nosso mapa principal


(Mapa 1). Para isso, selecione o Mapa 2 para abrir as propriedades do item.

10) Desça a barra de rolagem até encontrar a opção Enquadramentos. Clique para
expandir.

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11) Clique em Adicionar um novo panorama e aponte a moldura do mapa para
o Mapa 1. Dessa forma, estaremos trazendo a localização do mapa principal
(Mapa 1) para o mapa de localização (Mapa 2).

12) Em Estilo da moldura, clique no retângulo para abrir as opções de simbologia

13) Selecione a opção de outline red

14) Na mesma janela, clique em Linha simples e altere a largura do


traço para 0,5mm.

15) Clique em Salvar

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Passo 5 – Inserir Legenda

Nosso mapa começa a ganhar forma. Nesse próximo passo, vamos inserir a legenda.

1) Na área do compositor de impressão, clique no botão e depois faça um


retângulo dentro da área de layout, para adicionar a legenda do mapa. Arraste a
caixa para o canto direito do layout.
2) Como você deve notar, a legenda foi inserida com todas as camadas dos mapas.
Porém, não queremos representar todas as informações. Existem itens que são
autoexplicativo, como os oceanos e países. Além disso, vamos retirar as
informações dos centroides.

3) Na área de Propriedades do Item da legenda, defina as seguintes configurações


de ajuste:

• Itens da legenda: Clique no botão para exibir somente as


camadas ativas no layout

• Clique duas vezes sobre e altere para o nome para


“Estados do Brasil”. Repita o procedimento e altere o nome
“MUNICIPIO” para “População por Município”

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• Desabilite a opção “Atualização automática” .
Dessa forma, será permitido remover itens da legenda que não lhe
interessam.

• Pressionando Ctrl do seu teclado, clique sobre


PAISES_MUNDO_LOCALIZAÇÃO, CENTROIDES, OCEANOS e
PAISES_MUNDO para selecioná-los.

• Clique em remover item para que a camada seja removida da


legenda.

4) Posicione a legenda da melhor forma no canto direito. Na sequência, clique em

para salvar as alterações feitas até o momento.

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Passo 6 – Inserir Título e Norte

1) Você irá, agora, inserir um título para o mapa. Para isto, clique no botão de

Adicionar novo rótulo e em seguida clique dentro do layout sobre o mapa


do Brasil.

2) Na área de Propriedades do Item (janela à direita), insira o nome INFORMAÇÕES


DE POPULAÇÃO DO BRASIL.

3) Clique no botão Fonte e defina como Arial, estilo negrito e tamanho 14.

4) Por fim, coloque o alinhamento vertical e horizontal no centro

5) Selecione o elemento e posicione na área superior central do seu mapa.

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6) Na próxima etapa, vamos colocar uma seta de Norte ao desenho. Para isto, clique

no botão e em seguida faça um retângulo no canto central direito da área


do mapa do Brasil, logo abaixo a legenda.

7) Na área de Propriedades do Item, expanda a aba Procurar diretórios

8) Escolha o símbolo de seta de Norte do seu interesse.

Dica: Use a ferramenta para ajustar o tamanho e posição do símbolo à área


do mapa.

9) Clique em para salvar as alterações feitas até o momento.

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Passo 7 – Inserir Barra de Escala e Grade de Coordenadas

10) Em seguida, vamos inserir uma barra de escala gráfica ao mapa. Para isto, clique

no botão e em seguida no layout abaixo do mapa do Brasil. Na área de


Propriedades do Item, defina os parâmetros da escala como na figura abaixo.

Importante: Na área de Mapa, deixe selecionada a opção Mapa 1,


correspondente ao primeiro mapa inserido e à respectiva configuração da escala.

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Dica: Use a ferramenta para ajustar o tamanho e posição do símbolo à área
do mapa.

11) O próximo elemento a ser inserido será uma grade de coordenadas. Para isto,
clique no Mapa 1 para abrir as propriedades do item.

12) Em seguida, na área de Propriedades do Item (abaixo), clique na guia Grades


.

13) Clique em para adicionar uma nova grade.

14) Clique em

15) Defina as configurações de aparência e como na figura abaixo:

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• Tipo de grade: Sólida
• SRC: 53013
• Unidades de intervalo: Centímetro
• Intervalo: X6 e Y6
• Deslocamento: X2 e Y2
• Estilo da linha: Selecione uma cor azul claro
• Modo de mesclagem: Normal

16) Ainda nas configurações da grade, desça a barra de rolagem e habilite a opção

para mostrar as coordenadas (Draw coordinates) .

17) Faça as configurações como na figura:

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18) Posicione e organize os objetos na folha. Como sugestão, veja a figura abaixo:

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19) Clique em para salvar as alterações feitas até o momento.

Passo 8 – Inserir Logo e Textos Adicionais

1) Em seguida, inseriremos a logo (figura) do Instituto GEOeduc como referência da


empresa que está criando o mapa.

2) Clique no botão e em seguida clique no canto inferior direito da página de


layout para inserir a caixa da figura. Na área de Propriedades do Item, vá até a

opção fonte da imagem e clique no botão .

3) Na nova janela que será aberta, navegue até a pasta da Pratica06 e selecione a
figura do logo do Instituto GEOeduc.

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Desafio: Para complementar as informações do seu mapa, você deve inserir um

Texto com as informações cartográficas, escala de texto e o objetivo do projeto.

Dica: Clique em e nas propriedades do item digite:

“Projeção Esférica de Eckert III

Datum: WGS 84

Mapa Elaborado para Curso de EAD do Instituto GEOeduc

Escala: 1: 20 000 000”

4) Nos últimos passos, vamos inserir também os textos representando os oceanos.

Clique em inserir um texto e abra um retângulo na área que representa o


Oceano Atlântico. Em texto, digite “OCEANO ATLÂNTICO”.

5) Em aparência, altere a fonte para Arial, Negrito Itálico, tamanho 12. Para finalizar,
selecione a mesma cor azul que você selecionou nas grades de coordenadas.

Desafio: Duplique o elemento de texto “OCEANO ATLÂNTICO” (basta copiar e

colar). Altere seu texto para “OCEANO PACÍFICO” e posicione com a ferramenta .

Dica: Para melhor posicionar e alinhar os objetos, utilize as ferramentas de

alinhamento e distribuição de elementos . Seu mapa deve estar similar a


figura abaixo.

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Passo 9 – Inserir borda e exportar em PDF

1) Para finalizar, clique no botão e insira um retângulo na borda da página de


layout, simulando uma moldura de mapa.

2) Clique em para
altere sua simbologia.
3) Altere para fundo transparente, cor do traço preto e espessura da borda 0,5
(figura abaixo)

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Desafio: Duplique o elemento de borda e insira as margens no seu documento de
mapa.

4) Exporte seu mapa no formato PDF na sua pasta da Pratica06 e compartilhe


com seus colegas.

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