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Engenharia Elétrica

Sistemas de Proteção Elétrica


Aula 02B – Transformadores (continuação)

Prof. Dr. Gleison Elias da Silva


Indice
 Por que os transformadores são importantes à vida moderna?
 Tipos e construção de transformadores
 O transformador ideal
 Teoria de operação de transformadores monofásicos reais
 O circuito equivalente de um transformador
 O sistema de medições por unidade
 Regulação de tensão e eficiência de um transformador
 Derivações de um transformador e regulação de tensão
 O autotransformador
 Transformadores trifásicos
 Transformação trifásica usando dois transformadores
 Especificações nominais de um transformador e problemas
relacionados.
2
Objetivos de aprendizagem
 Compreender a finalidade de  Ser capaz de explicar como as
um transformador em um perdas no cobre, o fluxo de
sistema de potência. dispersão, a histerese e as
 Conhecer as relações de correntes parasitas são
tensão, corrente e impedância modeladas nos circuitos
nos enrolamentos de um equivalentes de transformador.
transformador ideal.  Usar um circuito equivalente
 Compreender como os de transformador para
transformadores reais encontrar as transformações de
aproximam-se do tensão e corrente em um
funcionamento de um transformador.
transformador ideal.  Ser capaz de calcular as perdas
e a eficiência de um
transformador.

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Objetivos de aprendizagem
 Ser capaz de deduzir o circuito  Compreender os
equivalente de um transformadores trifásicos,
transformador a partir de incluindo casos especiais em
medidas. que apenas dois
 Compreender o sistema por transformadores são usados.
unidade de medidas.  Compreender as especificações
 Ser capaz de calcular a nominais de um transformador.
regulação de tensão de um  Compreender os
transformador. transformadores de
 Compreender o instrumentação –
autotransformador. transformadores de potencial e
transformadores de corrente.

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Transformador ideal
Transformador ideal
 Não há fluxo de dispersão.
 Não há perdas no núcleo
(histerese e parasita).
 Relutância do núcleo é zero
ou desprezível.
 Mesmo fator de potência.
 O produto 𝑉𝑃 ∗ 𝐼𝑃 = 𝑉𝑆 ∗ 𝐼𝑆 .
 O ângulo ∠𝑉𝑃 = ∠𝑉𝑆 .
 A fem autoinduzida no enrolamento do primário é igual a
tensão do gerador 𝑒𝑃 = 𝑉𝑃 e a tensão induzida no enrolamento
do secundário é igual a tensão de saída 𝑒𝑆 = 𝑉𝑆 .
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Transformador real
Transformador real
 Apresenta fluxo de dispersão.
 Existem perdas no núcleo (histerese e parasita).
 Relutância do núcleo não é desprezível.
 O produto 𝑉𝑃 ∗ 𝐼𝑃 > 𝑉𝑆 ∗ 𝐼𝑆 , a potência de entrada fornece a
potência de saída + a potências de perdas do trafo.
 O ângulo ∠𝑉𝑃 ≠ ∠𝑉𝑆 , devido às indutâncias reativas em série.
 A fem autoinduzida no enrolamento do primário é menor que a
tensão do gerador 𝑒𝑃 < 𝑉𝑃 e a tensão induzida no enrolamento
do secundário é maior que a tensão de saída 𝑒𝑆 > 𝑉𝑆 , devido
às perdas nos enrolamentos.

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Transformador real – Teoria
Teoria de operação de transformadores monofásicos reais
 Considere a Figura, a seguir, que mostra um transformador
com duas bobinas de fio enroladas em torno de um núcleo.
 O enrolamento primário do transformador está conectado a
uma fonte de potência CA e o secundário está em circuito
aberto.

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Transformador real – Teoria
 A fundamentação do funcionamento do transformador pode ser
obtida a partir da lei de Faraday em termos do fluxo
concatenado, vista em aula anterior:
𝑑𝜆
𝑒𝑖𝑛𝑑 = (25)
𝑑𝑡
 O fluxo concatenado 𝜆 é a soma do fluxo que passa através de
cada espira da bobina adicionado ao de todas as demais espiras
da bobina:
𝑁

𝜆 = ෍ 𝜙𝑖 (26)
𝑖=1

 A unidade de fluxo concatenado é o weber-espira (Wb.e).


8
Transformador real – Teoria
 O fluxo concatenado total através de uma bobina não é
simplesmente 𝑁. 𝜙, porque o fluxo que passa através de cada
espira de uma bobina, dependendo da posição da espira dentro
da bobina.
 Entretanto, é possível definir um fluxo médio por espira em
uma bobina:
𝜆

𝜙= (27)
𝑁
 e a lei de Faraday poderá ser escrita como:
𝑑𝜙ത
𝑒𝑖𝑛𝑑 = 𝑁. (28)
𝑑𝑡

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Transformador real – Relação de V
A relação de tensão em um transformador
 A lei de Faraday explica o que acontecerá quando a tensão da
fonte 𝑣𝑃 𝑡 for aplicada diretamente à bobina do enrolamento
primário do transformador.
 Se isolarmos o fluxo médio 𝜙 ത presente no enrolamento
primário do transformador na Equação (28), ignorando a
resistência do enrolamento, obtemos o fluxo médio no
primário:
1
𝜙ത𝑃 = . න 𝑣𝑃 𝑡 𝑑𝑡 (29)
𝑁

10
Transformador real – Relação de V
 A Equação (29) diz que o fluxo médio no enrolamento é
proporcional à integral da tensão aplicada ao enrolamento e
que a constante de proporcionalidade é o recíproco do número
de espiras do enrolamento primário 1ൗ𝑁𝑃.
 Nem todo o fluxo produzido
na bobina primária passa
também através da bobina
secundária, pois, como vimos,
mesmo tendo o núcleo uma
permeabilidade magnética
muito mais elevada do que a
do ar, uma parte do fluxo é
dispersa pelo ar.

11
Transformador real – Relação de V
 Portanto, podemos dizer que o fluxo médio total no primário:
𝜙ത𝑃 = 𝜙𝑀 + 𝜙𝐷𝑃 (30)
𝜙ത𝑃 : fluxo médio total primário.
𝜙𝑀 : componente do fluxo que concatena mutuamente (M) as bobinas primária
e secundária;
𝜙𝐷𝑃 : fluxo de dispersão primário (DP).
 Pelo mesmo motivo, podemos dizer que o fluxo médio total
no secundário:
𝜙ത𝑆 = 𝜙𝑀 + 𝜙𝐷𝑆 (31)
𝜙ത𝑃 : fluxo médio total secundário.
𝜙𝐷𝑆 : fluxo de dispersão secundário (DS).

12
Transformador real – Relação de V
 Com a divisão do fluxo primário médio em componentes de
fluxos mútuo e de dispersão, a tensão na bobina primária,
pode ser dada pela lei de Faraday:
𝑑𝜙ത𝑃
𝑣𝑃 𝑡 = 𝑁𝑃 . (32)
𝑑𝑡
𝑑𝜙𝑀 𝑑𝜙𝐷𝑃 (33)
𝑣𝑃 𝑡 = 𝑁𝑃 . + 𝑁𝑃 .
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑣𝑃 𝑡 = 𝑒𝑃 𝑡 + 𝑒𝐷𝑃 𝑡 (34)

13
Transformador real – Relação de V
 A tensão na bobina secundária do transformador também
pode ser expressa em termos da lei de Faraday como:
𝑑 𝜙ത𝑆
𝑣𝑆 𝑡 = 𝑁𝑆 . (35)
𝑑𝑡
𝑑𝜙𝑀 𝑑𝜙𝐷𝑆 (36)
𝑣𝑆 𝑡 = 𝑁𝑆 . + 𝑁𝑆 .
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑣𝑆 𝑡 = 𝑒𝑆 𝑡 + 𝑒𝐷𝑆 𝑡 (37)

14
Transformador real – Relação de V
 A tensão primária devido ao fluxo mútuo é dada por:
𝑑𝜙𝑀
𝑒𝑃 𝑡 = 𝑁𝑃 . (38)
𝑑𝑡
 A tensão secundária devido ao fluxo mútuo é dada por:
𝑑𝜙𝑀
𝑒𝑆 𝑡 = 𝑁𝑆 . (39)
𝑑𝑡
 Observe dessas duas relações que:
𝑒𝑃 𝑡 𝑑𝜙𝑀 𝑒𝑆 𝑡 (40)
= =
𝑁𝑃 𝑑𝑡 𝑁𝑆
 Portanto:
𝑒𝑃 𝑡 𝑁𝑃
= =𝑎 (41)
𝑒𝑆 𝑡 𝑁𝑆
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Transformador real – Relação de V
 O significado da Equação (41) é que a razão entre a tensão
primária e a tensão secundária, ambas causadas pelo fluxo
mútuo, é igual à relação de espiras do transformador.
 Como em um transformador bem projetado, temos que:
𝜙𝑀 ≫ 𝜙𝐷𝑃 e 𝜙𝑀 ≫ 𝜙𝐷𝑆
 Então a razão entre a tensão total do primário de um
transformador e a tensão total no secundário de um
transformador é aproximadamente:
𝑣𝑃 𝑡 𝑁𝑃
≈ =𝑎 (42)
𝑣𝑆 𝑡 𝑁𝑆

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Transformador real – Relação de I
A corrente de magnetização em um transformador real
 Quando uma fonte de energia elétrica
CA é conectada a um transformador,
como mostrado na Figura, uma corrente
flui no circuito primário, mesmo quando
o circuito secundário está em circuito
aberto.

Curva de magnetização de um
típico núcleo de transformador

17
Transformador real – Relação de I
 Essa é a corrente consiste em duas componentes:
 1. A corrente de magnetização 𝑖𝑀 , que é a corrente
necessária para produzir o fluxo no núcleo do
transformador;
 2. A corrente de perdas no núcleo 𝑖ℎ e 𝑖𝑝 , que é a

corrente responsável pelas perdas por histerese e por


corrente parasita no núcleo.

18
Transformador real – Relação de I
 Dada a curva de
magnetização de um
típico núcleo de
transformador, mostra
à direita, e se o fluxo
magnético no núcleo
do transformador for
conhecido, a
magnitude da
corrente de
magnetização poderá
ser encontrada
diretamente da Figura. Corrente de magnetização causada pelo fluxo no
núcleo do transformador.

19
Transformador real – Relação de I
 1. A corrente de magnetização no
transformador não é senoidal. As
componentes de frequência mais
elevadas da corrente de
magnetização são devido à
saturação magnética do núcleo do
transformador.
 2. Uma vez que o fluxo de pico
tenha atingido o ponto de saturação
do núcleo, um pequeno aumento
no fluxo de pico exigirá um
aumento muito grande na
corrente de magnetização de pico.

20
Transformador real – Relação de I
 3. A componente fundamental da
corrente de magnetização está
atrasada em relação à tensão
aplicada em 90°.
 4. As componentes de frequências
mais elevadas da corrente de
magnetização podem ser bem
grandes quando comparadas com
a componente fundamental.
 Em geral, quanto mais um
transformador for colocado em
saturação, maiores se tornarão as
componentes harmônicas.

21
Transformador real – Relação de I
 Como visto, a outra componente da corrente sem carga, ou a
vazio, do transformador é a corrente requerida para fornecer
potência para a histerese e as perdas por corrente parasita no
núcleo.
 Essa é a corrente de perdas no núcleo.

 Assumindo que o fluxo no núcleo é senoidal. Como as


correntes parasitas no núcleo são proporcionais a 𝑑𝜙ൗ𝑑𝑡, as
correntes parasitas são máximas quando o fluxo no núcleo está
passando por zero.
 Portanto, a corrente de perdas no núcleo é máxima quando o
fluxo passa por zero.

22
Transformador real – Relação de I
 Sobre a corrente de perdas no núcleo, observe que:
 1. A corrente de perdas no núcleo não é linear devido
aos efeitos não lineares da histerese.
 2. A componente fundamental da corrente de perdas no
núcleo está em fase com a tensão aplicada ao núcleo.

Corrente de perdas no núcleo em


um transformador.

23
Transformador real – Relação de I
 A corrente total sem carga no núcleo é denominada corrente
de excitação e é simplesmente a soma da corrente de
magnetização e da corrente de perdas no núcleo:
𝑖𝑒𝑥𝑐 = 𝑖𝑀 + 𝑖ℎ+𝑝 (43)

Em um transformador de
potência bem projetado, a
corrente de excitação é muito
menor do que a corrente a
plena carga do transformador.

Corrente de excitação total em um


transformador.

24
Transformador real – Relação de I
 Agora, suponha que uma carga seja conectada ao secundário
do transformador.
 Como visto, o significado físico da convenção do ponto é que
uma corrente entrando pelo terminal com ponto de um
enrolamento produz uma força magnetomotriz positiva.

25
Transformador real – Relação de I
 Na situação mostrada na Figura ao lado, a corrente primária
produz uma força magnetomotriz positiva F𝑃 = 𝑁𝑃 . 𝑖𝑃 e a
corrente secundária produz uma força magnetomotriz
negativa F𝑆 = −𝑁𝑆 . 𝑖𝑆 .
 Portanto, a força magnetomotriz líquida no núcleo deve ser:
F𝑙𝑖𝑞 = 𝑁𝑃 . 𝑖𝑃 − 𝑁𝑆 . 𝑖𝑆 (44)
 Essa força magnetomotriz líquida deve produzir o fluxo
líquido no núcleo, de modo que a força magnetomotriz líquida
deve ser igual a:
F𝑙𝑖𝑞 = 𝑁𝑃 . 𝑖𝑃 − 𝑁𝑆 . 𝑖𝑆 = 𝜙. R (45)

26
Transformador real – Relação de I
 Como a relutância de um núcleo de transformador bem
projetado mantém-se pequena (aproximadamente zero) até
que o núcleo esteja saturado, a relação entre as correntes
primária e secundária é aproximadamente:
F𝑙𝑖𝑞 = 𝑁𝑃 . 𝑖𝑃 − 𝑁𝑆 . 𝑖𝑆 ≈ 0 (46)
 Portanto:
𝑁𝑃 . 𝑖𝑃 ≈ 𝑁𝑆 . 𝑖𝑆 (47)
 Ou seja:
𝑖𝑃 𝑁𝑆 1
≈ = (48)
𝑖𝑆 𝑁𝑃 𝑎

27
Transformador Real  Ideal
 As condições são requeridas para converter um transformador
real no transformador ideal são:
 1. O núcleo não deve
apresentar histerese nem
correntes parasitas.
 2. A curva de magnetização
deve ter a forma mostrada na
Figura. Observe que, para
um núcleo não saturado, a
força magnetomotriz líquida
deve ser zero, assim:
𝑁𝑃 . 𝑖𝑃 = 𝑁𝑆 . 𝑖𝑆 . Curva de magnetização de um
transformador ideal.

28
Transformador Real  Ideal
 3. O fluxo de dispersão no núcleo deve ser zero,
implicando que todo o fluxo no núcleo enlaça (concatena)
ambos os enrolamentos.
 4. A resistência dos enrolamentos do transformador deve
ser zero.
 Embora essas condições nunca sejam preenchidas exatamente,
os transformadores de potência bem projetados podem chegar
bem próximo delas.

29
O circuito equivalente
 Qualquer modelo exato do comportamento de um
transformador deve ser capaz de levar em consideração as
perdas que ocorrem nos transformadores reais, sendo as
principais:

 1. Fluxo de dispersão.

 2. Perdas no cobre.

 3. Perdas por corrente parasita.

 4. Perdas por histerese.

30
O circuito equivalente
 Vamos começar adicionando um transformador ideal.

31
Fluxo de dispersão
 1. Fluxo de dispersão: os fluxos 𝜙𝐷𝑃 e 𝜙𝐷𝑆 que escapam do
núcleo e passam através de apenas um dos enrolamentos do
transformador são fluxos de dispersão. Esses fluxos que se
dispersaram produzem uma indutância de dispersão nas
bobinas primária e secundária e devem ser considerados.
 Como visto, o fluxo de dispersão no enrolamento primário
𝜙𝐷𝑃 produz uma tensão 𝑒𝐷𝑃 dada por:
𝑑𝜙𝐷𝑃
𝑒𝐷𝑃 𝑡 = 𝑁𝑃 . (49)
𝑑𝑡
 No enrolamento no secundário:
𝑑𝜙𝐷𝑆
𝑒𝐷𝑆 𝑡 = 𝑁𝑆 . (50)
𝑑𝑡

32
Fluxo de dispersão
 Como a maior parte do caminho do fluxo de dispersão ocorre
através do ar, e como o ar tem uma relutância constante muito
maior do que a relutância do núcleo, temos que o fluxo 𝜙𝐷𝑃 é
diretamente proporcional à corrente do circuito primário 𝑖𝑃 e o
fluxo 𝜙𝐷𝑆 é diretamente proporcional à corrente do circuito
secundário 𝑖𝑆 :
𝜙𝐷𝑃 = P. 𝑁𝑃 . 𝑖𝑃 (51)
𝜙𝐷𝑆 = P. 𝑁𝑆 . 𝑖𝑆 (52)
P : permeância do caminho de fluxo.
𝑁𝑃 : número de espiras na bobina primária.
𝑁𝑆 : número de espiras na bobina secundária.

33
Fluxo de dispersão
 Substituindo as Equações (51 e 52) nas Equações (49 e 50),
temos como resultado:
𝑑 P. 𝑁𝑃 . 𝑖𝑃 𝑑𝑖𝑃
𝑒𝐷𝑃 𝑡 = 𝑁𝑃 . = 𝑁𝑃 . P.
2 (53)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
 No secundário:
𝑑 P. 𝑁𝑆 . 𝑖𝑆 𝑑𝑖𝑆
𝑒𝐷𝑆 𝑡 = 𝑁𝑆 . = 𝑁𝑆 . P.
2 (54)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
 As constantes dessas equações podem ser reunidas, como:
𝐿𝑃 = 𝑁𝑃2 . P (55)
 E:
𝐿𝑆 = 𝑁𝑆2 . P (56)

34
Fluxo de dispersão
 A tensão causada pelo fluxo de dispersão no primário:
𝑑𝑖𝑃
𝑒𝐷𝑃 𝑡 = 𝐿𝑃 . (57)
𝑑𝑡
 A tensão causada pelo fluxo de dispersão no secundário:
𝑑𝑖𝑆
𝑒𝐷𝑆 𝑡 = 𝐿𝑆 . (58)
𝑑𝑡

𝐿𝑃 : é a indutância de dispersão da bobina primária.


𝐿𝑆 : é a indutância de dispersão da bobina secundária.

35
Fluxo de dispersão
 Portanto, o fluxo de dispersão será modelado por um
indutor primário e outro secundário.

36
Perdas no cobre
 2. Perdas no cobre: as perdas no cobre são as perdas devido
ao aquecimento resistivo nos enrolamentos primário e
secundário do transformador. Elas são proporcionais ao
quadrado da corrente nos enrolamentos 𝑅. 𝐼 2 .
 São modeladas colocando uma resistência 𝑅𝑃 no circuito
primário e uma resistência 𝑅𝑆 no circuito secundário.

37
Perdas no núcleo – Corrente parasita
 3. Perdas por corrente parasita, perdas Foucault ou perdas
por corrente de indução (eddy current loss): são perdas
devidas ao aquecimento resistivo no núcleo do transformador.
 Como visto na Aula 01C, a quantidade de energia perdida
devido às correntes parasitas depende do tamanho dos
vórtices de corrente e da resistividade do material dentro do
qual circulam as correntes.

38
Perdas no núcleo – Corrente parasita
 As perdas por correntes parasitas podem ser calculadas por:
𝑃𝐹 = 𝐾𝑒 . 𝑉. 𝑓 2 . 𝐵𝑚 2 . 𝑒 2 (59)

𝑃𝐹 : Perdas por corrente Foucault em [W]. Onde:


𝐾𝑒 : coeficiente de corrente parasita, cujo 𝜋2
valor depende da natureza do material do 𝐾𝑒 = (60)
6. 𝜌
nícleo, 𝜌: resistividade elétrica [Ω.m].
𝑉: volume de material magnético em [m3]
𝑓: frequência de variação do fluxo
magnético em [Hz]
𝐵𝑚 : valor máximo da densidade de fluxo
em [Wb/m2] ou [T]
𝑒: espessura da laminação [m] 𝑒

39
Perdas no núcleo – Corrente parasita
 Para reduzir as perdas por corrente
parasita em um transformador ou
máquina elétrica uma das alternativas é
reduzir a amplitude do loop das correntes
induzidas diminuindo-se a espessura das
lâminas.
 Além disso, as lâminas são isoladas uma
das outras por meio da aplicação de um
verniz isolante, o que limita os caminhos
das correntes parasitas em um percurso
muito pequeno.

40
Perdas no núcleo – Corrente parasita
 Outra alternativa para reduzir as perdas por correntes parasitas
é aumentar a resistividade do material do núcleo, pela
adição de um pouco de silício ao aço do núcleo.
 Em vez de utilizar
fórmulas para a
determinação de perdas do
núcleo, prefere-se a
utilização de curvas obtidas
de ensaios experimentais,
geralmente fornecidas
pelos fabricantes de chapa
de aço.
Chapa de aço-silício

41
Perdas no núcleo – Corrente parasita
 Nas Figuras a e b são mostradas as curvas com as
características das perdas para chapa de aço de Grão Não
Orientado (GNO) e de Grão Orientado (GO),
respectivamente.
𝜌 = 7,65 g/cm3 𝜌 = 7,65 g/cm3

Curvas com as perdas típicas em núcleos de aços siliciosos de densidade 𝝆


(ArcelorMittal Inox Brasil)
Note que as perdas maiores ocorrem nos aços GNO.
42
Perdas no núcleo – Histerese
 4. Perdas por histerese: as perdas por histerese estão
associadas à alteração da configuração dos domínios
magnéticos no núcleo durante cada semiciclo.
 Como visto no
Anexo A.1 da Aula
01B, a área interna
do laço de histerese
representa as
perdas por
unidade de volume
do material por
ciclo de
magnetização.

43
Perdas no núcleo – Histerese
 Se as perdas na resistência da bobina não são significativas, a
potência instantânea entregue nos terminas da bobina é o
produto da corrente de magnetização da bobina 𝑖𝜙 pela
tensão induzida na bobina 𝑒𝑖𝑛𝑑 de 𝑁 espiras:
𝑑𝜙
𝑃 𝑡 = 𝑖𝜙 𝑡 . 𝑒𝑖𝑛𝑑 𝑡 = 𝑖𝜙 𝑡 . 𝑁. (61)
𝑑𝑡
 Como visto, pode-se determinar a intensidade de campo
magnético no núcleo 𝐻𝑛 pela relação entre o produto da
corrente de magnetização e número de espiras da bobina
pelo comprimento do caminho médio 𝑙𝑛 do núcleo:
𝑖𝜙 𝑡 . 𝑁
𝐻𝑛 𝑡 = (62)
𝑙𝑛

44
Perdas no núcleo – Histerese
 E o fluxo magnético no núcleo 𝜙:
𝜙 𝑡 = 𝐵𝑛 𝑡 . 𝐴𝑛 (63)
 Substituindo (62) e (63) em (61), tem-se:
𝑑𝜙 𝐻𝑛 𝑡 . 𝑙𝑛 𝑑𝐵𝑛 𝑡 (64)
𝑃 𝑡 = 𝑖𝜙 𝑡 . 𝑁. = . 𝑁. 𝐴𝑛
𝑑𝑡 𝑁 𝑑𝑡
𝑖𝜙 𝑡 𝑑𝜙
 Assim: 𝑑𝑡

𝑑𝐵𝑛 𝑡 (65)
𝑃 𝑡 = 𝑙𝑛 . 𝐴𝑛 . 𝐻𝑛 𝑡 .
𝑑𝑡
𝑉𝑛
𝑉𝑛 : volume do núcleo.

45
Perdas no núcleo – Histerese
 A energia transferida à bobina durante o intervalo de tempo
de 𝑡1 a 𝑡2 , na qual a densidade de fluxo magnético é variada de
−𝐵𝑟 a 𝐵1 , como mostrada na Figura a), a seguir, e pode ser
calculada como:
𝑡2 𝐵1
𝑊 𝑡 = න 𝑃 𝑡 𝑑𝑡 = 𝑉𝑛 . න 𝐻𝑛 𝑡 . 𝑑𝐵𝑛 𝑡 (66)
𝑡1 −𝐵𝑟

 Na sequência, quando a densidade é variada de 𝐵1 a 𝐵𝑟 , parte


da energia armazenada é devolvida à fonte e o restante é
dissipado no núcleo, como mostrado na Figura b), a seguir.

46
Perdas no núcleo – Histerese
 Na sequência, quando a densidade é variada de 𝐵1 a 𝐵𝑟 , parte
da energia armazenada é devolvida à fonte e o restante é
dissipado no núcleo, como mostrado na Figura b), a seguir.

Perdas por histerese

47
Perdas no núcleo – Histerese
 Consequentemente, em um ciclo da corrente, que corresponde
a um laço completo de histerese, a energia dissipada no núcleo
por unidade de volume é a área interna do laço de histerese,
como mostrado na Figura d).

48
Perdas no núcleo – Histerese
 Pode-se deduzir que a equação da perda por histerese é:
𝑃ℎ = 𝐾ℎ . 𝑉. 𝑓. 𝐵𝑚 𝑛 (67)

𝑃ℎ : Perdas por histerese [W].


𝐾ℎ ou 𝜂: coeficiente de histerese de
Steinmetz, cujo valor depende da
natureza do material do núcleo [J/m3].
𝑉: volume de material magnético em [m3]
𝑓: frequência de variação do fluxo
magnético em [Hz]
𝐵𝑚 : valor máximo da densidade de fluxo
em [Wb/m2] ou [T]
𝑛: expoente de Steinmetz, varia de 1,5 a
2,5, dependendo do material

49
Perdas no núcleo – Histerese
 Quanto menor a área da curva de histerese, menor será a perda.

50
Perdas no núcleo – Histerese
Materiais magnéticos macios
(Soft Magnetic Material)
 Baixa retentividade;
 Baixa coercividade;
 Pequena perda de histerese;
 Alta magnetização de saturação;
 Estes são adequados para magnetismos temporários;
 Exemplos: ferro macio para fazer eletroímãs, núcleos de
transformadores, motores, geradores, mu-metal (liga de Ni, Fe,
Cu e Cr ou Mo) para bobinas de áudio, blindagem magnética,
ferro silício (stalloy) para transformadores de pulso,
amplificadores magnéticos (mag amp).
Soft Magnetic Materials for Audio Transformers: History, Production, and Applications https://www.sowter.co.uk/pdf/GAVS.pdf
51
Perdas no núcleo – Histerese
Materiais magnéticos duros
(Hard Magnetic Material)
 Alta retentividade;
 Alta coercividade;
 Grande perda de histerese;
 Alta magnetização de saturação;
 Estes são adequados para magnetismos permanentes;
 Exemplos: aços, Alnico (ligas de Al, Ni e Co) e Ticonal (liga
de Fe, Ni, Al e Co), Ferritas duras (liga de Fe2O3 e Sr ou Ba ou
Mn ou Zn ou Ni), ligas de terras raras, como neodímio, ferro e
boro (Nd2Fe14B) e samário-cobalto (SmCo5) para fazer
diferentes tipos de ímãs permanentes e autofalantes.
Permanent magnets and hard magnetic materials https://iopscience.iop.org/article/10.1088/0022-3727/29/11/007/pdf
52
Perdas no núcleo
Como os efeitos da excitação no núcleo podem ser modelados?
 A corrente de magnetização 𝑖𝑀 é uma corrente proporcional
(na região não saturada) à tensão aplicada ao núcleo e está
atrasada em relação à tensão aplicada em 90°, de modo que ela
pode ser modelada por uma reatância 𝑋𝑀 conectada à fonte de
tensão do primário.

53
Perdas no núcleo
 A corrente de perdas no núcleo 𝑖ℎ+𝑝 é uma corrente
proporcional à tensão aplicada ao núcleo que está em fase com
a tensão aplicada. Desse modo, ela pode ser modelada por uma
resistência* 𝑅𝐶 conectada à fonte de tensão do primário.
 NOTA: Lembre-se de que, na realidade, ambas as correntes não são lineares, de
modo que a indutância 𝑋𝑀 e a resistência 𝑅𝐶 são, no máximo, aproximações dos
efeitos reais da excitação.

54
O circuito equivalente
 Resumindo:
 𝑅𝑃 e 𝑅𝑆 : são as resistências dos enrolamentos primário e secundário,
respectivamente;
 𝑋𝑃 = 𝜔. 𝐿𝑃 e 𝑋𝑆 = 𝜔. 𝐿𝑆 são as reatâncias devido às indutâncias de
dispersão do primário e do secundário, respectivamente;
 O ramo de excitação é modelado pela resistência 𝑅𝐶 (histerese e
parasitas) em paralelo com a reatância 𝑋𝑀 (corrente de magnetização).

55
O circuito equivalente aproximado
 Embora a Figura anterior mostre um modelo acurado de um
transformador, ele não é muito útil.
 Na prática, para analisar circuitos contendo transformadores,
normalmente, é necessário converter o circuito inteiro em um
circuito equivalente, com um único nível de tensão. (Tal
conversão foi realizada no Exemplo 02A.2 da aula anterior)
 Portanto, na solução de problemas, o circuito equivalente deve
ser referido a seu lado primário ou a seu lado secundário.

56
O circuito equivalente aproximado
 No modelo T referenciado ao primário multiplica-se os
elementos do secundário pelo quadrado da relação de
transformação.

(a) Referido ao lado primário


Modelo aproximado de transformador – Modelo T

57
O circuito equivalente aproximado
 No modelo T referenciado ao secundário divide-se os
elementos do primário pelo quadrado da relação de
transformação.

(b) Referido ao lado secundário


Modelo aproximado de transformador – Modelo T

58
O circuito equivalente aproximado
 No modelo L as resistências e as impedâncias dos
enrolamentos primário e secundário são somadas.

(a) Referido ao lado primário (b) Referido ao lado secundário


Modelos aproximados de transformador – Modelo L

59
O circuito equivalente aproximado
 Em algumas aplicações, o ramo de excitação pode ser
inteiramente desconsiderado sem causar grandes erros.

(c) sem ramo de excitação, referido (d) sem ramo de excitação, referido
ao lado primário ao lado secundário

Modelos aproximados de transformador – Modelo série

60
Normalização e dados de placa
 Há diversas normas que regulamentam
desde o próprio transformador até
acessórios, óleos utilizados, tipos de
ensaios.
 ABNT NBR 5440: Transformadores para
redes aéreas de distribuição – Requisitos
 ABNT NBR 5356-1 a NBR 5356-16:
Transformadores de potência - Partes 1 a 16
 ABNT NBR 16367-1 a NBR 16367-7:
Acessórios para transformadores e reatores
de sistemas de potência imersos em líquido
isolante

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Normalização e dados de placa
 Entre as informações fornecidas pela placa encontram-se:
 Nome e dados do fabricante;

 Número de série;

 Indicação das NBR;

 Potência [VA, kVA, MVA];

 Impedância equivalente [%];

 Tensões nominais AT e BT (V, kV);

 Tipo de óleo isolante e volume [l];

 Massa total [kg];

 Diagramas de ligações;

 Diagrama fasorial. Placa de identificação de um


transformador – WEG

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Transformador de potência trifásico
 Vimos que, um transformador
trifásico é constituído de pelo
menos três enrolamentos no
primário e três enrolamentos no
secundário, os quais podem ser
conectado em Estrela (Y) ou
Triângulo ou Delta (∆).

Primário Secundário
Y Y
Y ∆
∆ Y
∆ ∆

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Transformador de potência trifásico
 Os transformadores trifásicos podem ser construídos de duas
maneiras:
 Banco trifásico: composto
por 3 transformadores
monofásicos “idênticos”.
 Utilizados, geralmente,
quando a logística não
possibilita a entrega de um
transformador único.
 São cerca de 15% mais caros
que o mononuclear.

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Transformador de potência trifásico

Transformador de 30/37,5 MVA – WEG

NBI: Nível Básico de Impulso ou Nível Básico de Isolação


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Transformador de potência trifásico
 Núcleo trifásico: composto por um único núcleo mononuclear.
 Três núcleos monofásicos são agrupados em estrela, isto é,
cada coluna externa abriga tanto o enrolamento primário com o
secundário de uma fase.
 A coluna central é desprovida de enrolamentos.

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Transformador de potência trifásico
 Se os três enrolamentos primários possuem o
mesmo número de espiras N e são alimentados
por três tensões iguais e defasadas de 120° entre
si, também os fluxos nas três colunas externas
resultam iguais entre si e defasadas a 120° um
em relação ao outro.
 A resultante destes três fluxos é
nula: a coluna central não é
atravessada por fluxo magnético,
o que permite eliminá-la sem
que a distribuição dos fluxos nas
colunas remanescentes resulte
alterada.

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Transformador de potência trifásico
 No caso exposto, cada coluna é atravessada por um fluxo igual
e oposto à resultante dos outros dois fluxos; cada coluna,
portanto, funcionará como retorno dos fluxos das duas outras.
 Com a eliminação da coluna central e dada a
necessidade da construção laminada, o núcleo
trifásico pode ser feito segunda a disposição da
figura ao lado.
 Com esta disposição consegue-se a vantagem
de diminuir notavelmente o peso.
 As correntes magnetizantes relativas as três
colunas resultarão, portanto iguais entre si, isto
é, constituem um sistema trifásico e
equilibrado.
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Transformador de potência trifásico
 Nos transformadores trifásicos
normais, com o intuito de simplificar
a construção abandona-se a condição
de simetria, e dá-se ao núcleo a
forma indicada ao lado.
 As três colunas são assim colocadas no mesmo plano para
ligá-las entre si com uma simples travessa superior e
inferior.

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Transformador de potência trifásico
 As relutância das três colunas adquire valores
diferentes e as correntes magnetizantes
também serão diferentes entre si.

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Transformador de potência trifásico
 As relutância das três colunas adquire valores diferentes e as
correntes magnetizantes também serão diferentes entre si.

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Bibliografia básica
 [1] CHAPMAN, Stephen J., Fundamentos de máquinas elétricas; tradução:
Anatólio Laschuk. – 5ª. ed., Porto Alegre: AMGH, 2013. 684 p. ISBN-13:
978-85-8055-207-2
 [2] BIM, Edson, Máquinas Elétricas e Acionamento . – 3ª ed., Rio de
Janeiro: Elsevier, 2014.
 [3] ALEXANDER, Charles K. and SADIKU, Matthew N. O., Fundamentos
de circuitos elétricos; tradução: José Lucimar do Nascimento; revisão
técnica: Antônio Pertence Júnior. – 5. ed., Porto Alegre : AMGH, 2013.
 [4] DEL TORO, Vicent. Fundamentos de máquinas elétricas; tradução:
Onofre de Andrade Martins. – 1ª. ed., Rio de Janeiro: LTC, 1999. 550p.
ISBN-13: 978-85-2161-184-4

Estas transparências foram baseadas nos livros da bibliografia acima e em


sítios (sites) da internet.

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