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Engenharia Elétrica

Sistemas de Proteção Elétrica


Aula 03B – Relés de Proteção –
Tipos

Prof. Dr. Gleison Elias da Silva


Indice
 Zonas de proteção
 Exemplos de disjuntores do SEP
 Circuito básico de proteção
 Classificação de elementos do SEP – C37.2-2008
 Relés Eletromecânicos, Eletrônicos e Digitais
 Relés de sobrecorrente indução e digital
 Relés de tensão
 Relés diferenciais
 Relés de distância
 Relés de frequência
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Objetivos de aprendizagem
 Revisar zonas de proteção  Conhecer o princípio de
 Conhecer alguns tipos de funcionamento dos principais
relés de proteção: corrente,
disjuntores utilizados nos
tensão, diferencial, distância e
sistemas de proteção frequência.
 Estudar o circuito básico de
proteção e seus
componentes
 Apresentar a norma C37.2-
2008 – IEEE
 Estudar as três principais
categorias de relés de
proteção

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Zonas de proteção
 Como visto, o SEP é dividido em zonas de proteção definidas
pelo equipamento e pelos disjuntores disponíveis.
 Além das cinco zonas de proteção citadas anteriormente,
podemos considerar uma sexta zona, como abaixo:
 (1) Geradores e unidades gerador-transformador;

 (2) Transformadores;

 (3) Barramentos;

 (4) Linhas (transmissão, subtransmissão e distribuição);

 (5) Equipamentos de utilização (motores, cargas estáticas


ou outras);
 (6) Bancos de capacitores ou reatores (quando protegidos
separadamente).
BLACKBURN, J. Lewis Blackburn and DOMIN, Thomas J. Protective Relaying: Principles and Applications, 4th ed.
New York: CRC Press, 2014, 695 p. ISBN-13: 978-1439888117 4
Zonas de proteção
 Embora os fundamentos da proteção sejam bastante
semelhantes, cada uma dessas seis categorias possui relés de
proteção, projetados especificamente para proteção primária,
que são baseados nas características do equipamento que está
sendo protegido.

Identificação das zonas de proteção de um SEP

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Zonas de proteção
 A proteção de cada zona normalmente inclui relés que podem
fornecer backup para os relés que protegem os equipamentos
adjacentes.
 A proteção em cada zona deve se sobrepor à da zona
adjacente; caso contrário, ocorreria um vazio de proteção
primária entre as zonas de proteção.

Sobreposição das zonas de


proteção de um SEP

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Zonas de proteção
 Essa sobreposição é usual nos SEP e é, geralmente, realizada
pela localização dos Transformadores de Corrente (TC), as
principais fontes de informações do sistema de potência para
os relés.
Transformadores de Corrente

Posicionamento dos TC em
sobreposição de zonas de proteção

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Zonas de proteção
 Por exemplo, falhas entre os dois TC resultam em ambos os
relés da zona X e da zona Y operando e ambos disparando o
disjuntor associado.
 Para o caso (a), esta falha provavelmente envolve o próprio
disjuntor e, portanto, não pode ser eliminada até que os
disjuntores remotos em cada extremidade sejam abertos.

Disjuntor (52) do tipo tanque morto (Dead tank circuit breaker)

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Disjuntores – Tipo tanque morto
 Disjuntor do tipo tanque morto (Dead tank circuit
breaker): a unidade de comutação está localizada dentro de
um recipiente metálico que é mantido ao potencial de terra.
 Como os condutores
de entrada/saída são
conduzidos através
de buchas isoladas,
é possível colocar
TC sobre elas (com
um arranjo de
tanque vivo isso não
é possível).
Disjuntores do tipo tanque morto – GE

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Zonas de proteção
 Considere o caso (a) e o seguinte diagrama unifilar:
 O relé A: relé de barra que atua sobre o disjuntor 52 (local)
e os demais disjuntores da barra.
 O relé B: relé de linha que atua sobre o disjuntor 52 (local)
e o disjuntor remoto.

Sistema de proteção com dois TC em lados opostos do disjuntor (52)

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Zonas de proteção
 No caso (a) e uma falta 𝐹1 : Ambos os relés (A e B) atuam.
 O relé A: relé de barra atua sobre o disjuntor 52 (local) e
os demais disjuntores da barra corretamente.
 O relé B: relé de linha atua sobre o disjuntor 52 (local) e o
disjuntor remoto de modo desnecessário, porém inevitável.
A falta 𝐹1 foi isolada pelo relé A

Sistema de proteção com dois TC em lados opostos do disjuntor (52)

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Zonas de proteção
 No caso (a) e uma falta 𝐹2 : Ambos os relés (A e B) atuam.
 O relé B: relé de linha atua sobre o disjuntor 52 (local) e o
disjuntor remoto corretamente
 O relé A: relé de barra atua sobre o disjuntor 52 (local) e
os demais disjuntores da barra de modo desnecessário,
porém inevitável. A falta 𝐹2 foi isolada pelo relé B

Sistema de proteção com dois TC em lados opostos do disjuntor (52)

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Zonas de proteção
 Para o caso (b), apenas os relés da zona Y abririam o disjuntor
para eliminar as falhas entre os dois TC da fonte de falha à
esquerda. Os relés na fonte remota direita também devem ser
abertos para essas falhas.
 A operação dos relés da zona X não é necessária, mas não
pode ser impedida.

Disjuntor do tipo tanque vivo (Live tank circuit breaker)

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Disjuntores – Tipo tanque vivo
 Disjuntor do tipo tanque vivo (Live tank circuit breaker): a
unidade de comutação está localizada em uma bucha isolante
que está viva na tensão da linha (ou alguma tensão acima do
terra).
 Os disjuntores de
tanque vivo são
mais baratos que os
de tanque morto e
requerem menos
espaço.
 Necessitam de TC
separados do
disjuntor. Disjuntores do tipo tanque vivo – GE

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Zonas de proteção
 No caso (b) e uma falta 𝐹1 :
 Somente o relé A atua, isolando a falta corretamente.

Sistema de proteção com dois TC em um mesmo lado do disjuntor (52)

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Zonas de proteção
 No caso (b) e uma falta 𝐹2 :
 Somente o relé B atua, isolando a falta corretamente.

Sistema de proteção com dois TC em um mesmo lado do disjuntor (52)

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Zonas de proteção
 No caso (b) e uma falta 𝐹3 : Ambos os relés A e B atuam.
 O relé B: atua sobre o disjuntor 52 (local) e o disjuntor
remoto corretamente.
 O relé A: atua sobre o disjuntor 52 (local) e os demais
disjuntores da barra de modo desnecessário, porém
inevitável.

Sistema de proteção com dois TC em um mesmo lado do disjuntor (52)

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Zonas de proteção
 No caso (b) e uma falta 𝐹4 : Ambos os relés A e B atuam.
 Somente o relé A atua sobre o disjuntor 52 (local) e os
demais disjuntores da barra.
 Porém não há a atuação sobre o disjuntor remoto da linha
de transmissão, que continuará alimentando a falta (curto-
circuito). Isso é chamado de blind spot (ponto cego).

Sistema de proteção com dois TC em um mesmo lado do disjuntor (52)

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Zonas de proteção
 Considere o seguinte SEP mostrado no diagrama unifilar.
 Vamos adicionar as zonas de proteção primárias e secundárias.

Fonte: MASON, 1956

SEP com duas subestações ligadas por linha de transmissão


MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 5-7
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Zonas de proteção
 As zonas de proteção primárias das barras estão
representadas pelas linhas tracejadas vermelhas.

Fonte: MASON, 1956

Zonas de proteção primária dos barramentos


MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 5-7
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Zonas de proteção
 As zonas de proteção primárias das linhas de transmissão
estão representadas pelas linhas tracejadas roxas.

Fonte: MASON, 1956

Zonas de proteção primária das linhas de transmissão


MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 5-7
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Zonas de proteção
 Finalmente são inseridas as zonas de proteção secundárias
remotas abertas, representadas pelas setas amarelas.

Fonte: MASON, 1956

Zonas de proteção de retaguarda do SEP


MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 5-7
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Zonas de proteção
 No caso de uma falta 𝐹𝐹𝐸 entre os disjuntores E e F, como
visto, terá a atuação de ambos os disjuntores da zona primária
roxa.
 No caso da recusa do disjuntor E, por exemplo, os disjuntores
A e B deverão atuar como retaguarda para isolar a falta.
Fonte: MASON, 1956

Zonas de proteção de retaguarda do SEP


MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 5-7
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Zonas de proteção
 No caso de uma falta 𝐹𝐷𝐸 no barramento K, como visto, terá a
atuação de todos os disjuntores (C, D e E) da zona primária
vermelha.
 No caso da recusa de qualquer um dos disjuntores da zona
primária, os disjuntores A, B e F deverão atuar como
retaguarda para isolar a falta.

Zonas de proteção de retaguarda do SEP


MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 5-7
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Zonas de proteção
 No caso de uma falta 𝐹𝐷𝐸 no barramento K, como visto, terá a
atuação de todos os disjuntores (C, D e E) da zona primária
vermelha.
 No caso, por exemplo, da recusa do disjuntor E da zona
primária, os disjuntores C e D atuarão e o disjuntor F irá atuar
como retaguarda para isolar a falta.

Zonas de proteção de retaguarda do SEP


MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 5-7
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Zonas de proteção – Exercício 1
 O diagrama unifilar parcial de um SEP, mostrado adiante,
possui três geradores em suas extremidade e proteção primária
e de retaguarda remota.

Fonte: MASON, 1956

Diagrama unifilar de um SEP

MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956.
1956 pp 12-13
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Zonas de proteção – Exercício 1
 Para cada um dos casos listados (a, b, c, d, e, f) considere a
ocorrência de um curto-circuito e que determinados disjuntores
foram abertos automaticamente, conforme indicado. Considere
também que o acionamento desses disjuntores foi correto
dentro das circunstâncias.

 1) Desenhe um esquema de zonas de proteção primária


superpostas junto aos disjuntores, as proteções de retaguarda e
a localização de cada curto-circuito.

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Zonas de proteção – Exercício 1
 2) Responda:
 Onde ocorreram as faltas (curto-circuito)?

 Ocorreu alguma falha de proteção, incluindo disjuntores?

 Em caso afirmativos, o que falhou? Assumir que somente


uma falha por vez.

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Zonas de proteção – Resolução
 Zonas primárias do barramento: linhas tracejadas roxas.
 Zonas primárias da linha: linhas tracejadas vermelhas.
 Zonas de retaguarda: setas amarelas.

Diagrama unifilar de um SEP


com as zonas de proteção
MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 12-13
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Zonas de proteção – Resolução
 No caso a) o curto-circuito deve ter ocorrido no barramento e
os disjuntores da zona principal (4, 5 e 6) deveriam ter atuado,
porém pode ter havido a recusa do disjuntor 6.
 A recusa do disjuntor 6 fez com que o disjuntor 8 atuasse para
isolar a falta, agindo como uma zona de proteção de
retaguarda.

Diagrama unifilar de um SEP


com as zonas de proteção
MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 12-13
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Zonas de proteção – Resolução
 No caso a) o curto-circuito também pode ter ocorrido na
sobreposição das zonas primárias da barra e da linha entre os
disjuntores 6 e 8, o que faria com que esses dois disjuntores
atuassem.
 Assim, com uma eventual recusa do disjuntor 6 o quadro de
atuação seria dos disjuntores 4, 5 e 8.

Diagrama unifilar de um SEP


com as zonas de proteção
MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 12-13
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Zonas de proteção – Resolução
 No caso b) o curto-circuito deve ter ocorrido no barramento e
os disjuntores da zona principal (4, 5 e 6) deveriam ter atuado,
porém houve a recusa de todos os disjuntores.
 A recusa dos disjuntores 4, 5 e 6 fez com que os disjuntores 3,
7 e 8 atuassem para isolar a falta, agindo como uma zona de
proteção de retaguarda.

Diagrama unifilar de um SEP


com as zonas de proteção
MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 12-13
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Zonas de proteção – Resolução
 No caso b) falhas simultâneas em três disjuntores é
extremamente rara, então o que pode ter ocorrido foi a falha no
relé de proteção do barramento (relé de barra) por defeito ou
por erro de parametrização.

Diagrama unifilar de um SEP


com as zonas de proteção
MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 12-13
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Zonas de proteção – Resolução
 No caso c) o curto-circuito deve ter ocorrido na sobreposição
das zonas primárias da barra e da linha localizado entre os
disjuntores 3 e 4.
 Essa falta em sobreposição de zonas faz com que todos os
disjuntores das duas zonas (barra e linha) atuem.

Diagrama unifilar de um SEP


com as zonas de proteção
MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 12-13
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Zonas de proteção – Resolução
 No caso d) o curto-circuito também deve ter ocorrido na
sobreposição das zonas primárias da barra e da linha
localizado entre os disjuntores 3 e 4.
 Assim, com a recusa do disjuntor 3 o disjuntor 1 atuou para
isolar a falta, agindo como uma zona de proteção de
retaguarda.

Diagrama unifilar de um SEP


com as zonas de proteção
MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 12-13
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Zonas de proteção – Resolução
 No caso e) o curto-circuito deve ter ocorrido na sobreposição
das zonas primárias da barra e da linha localizado entre os
disjuntores 5 e 7.
 Assim, com a recusa do disjuntor 6 o disjuntor 8 atuou para
isolar a falta, agindo como uma zona de proteção de
retaguarda.

Diagrama unifilar de um SEP


com as zonas de proteção
MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 12-13
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Zonas de proteção – Resolução
 No caso f) o curto-circuito deve ter ocorrido no barramento e
os disjuntores 4, 5 e 6 da zona principal atuaram de modo
correto.

Diagrama unifilar de um SEP


com as zonas de proteção
MASON, C. Russell. The Art And Science of Protective Relaying, Chapman & Hall, 1956. pp 12-13
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Disjuntores
 Disjuntor (circuit breaker): No vídeo abaixo é possível a
observação da operação e de testes realizados com disjuntores
do SEP.
Fonte: Vanguard Instruments, 2016

Teste de disjuntor – Uma introdução a teoria e prática


Substation Circuit Breaker Testing by Vanguard Instruments
https://www.youtube.com/watch?v=dW2YYABJAac 38
Relés de proteção
 Como visto, os relés de proteção são os elementos mais
importantes do sistema de proteção, todavia, devemos
lembrar que ele não protege sozinho o sistema elétrico.
 A proteção está pautada na
operação conjunta do relé
com outros dispositivos que
desempenham papéis
específicos, em especial
disjuntores de potência e
transformadores de
instrumentação de corrente
(TC) e de potencial (TP). Diagrama de sistema de proteção
com relé modelo SEL-421

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Relés de proteção
 O relé é um dispositivo sensor que comanda a abertura do
disjuntor quando surgem condições anormais de
funcionamento no sistema protegido.

Fonte: FRAZÃO, 2019

Sistema de proteção de SEP com componentes básicos

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Relés de proteção
 Havendo uma anomalia, por exemplo, um curto-circuito, a
corrente de curto sensibiliza o relé.
 Este opera enviando um sinal para a abertura do disjuntor.
Com a abertura, o trecho defeituoso é desconectado do
sistema. O sistema continua a operar, porém, desfalcado do
trecho defeituoso.

 Assim, as funções primordiais dos relés são:


 Identificar os defeitos;

 Localizá-los o mais exato possível;

 Enviar um sinal para abertura de disjuntores, se for o caso;

 Alertar a quem opera o sistema.

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Relés de proteção
 Também vimos que os relés
devem analisar e avaliar uma
variedade grande de parâmetros
para estabelecer qual ação
corretiva é necessária:
 Corrente;

 Tensão;

 Potência;

 Impedância;

 Ângulo de fase;

 Frequência.
Sistema de identificação usado para dispositivos de
comutação, incluindo relés de proteção.
C37.2-2008 - IEEE Standard Electrical Power System Device Function Numbers, Acronyms, and Contact Designations
https://ieeexplore.ieee.org/document/4639522 42
Relés de proteção – Definições gerais
 As identificações (números) de dispositivos do SEP seguem
normatização, conforme IEEE Std C37.2-2008:
 #21 – Relé de Distância
(distance relay): relé
que opera quando a
admitância, a impedância
ou a reatância de um
circuito, aumenta ou
diminui fora de limites
pré-determinados.

Diagrama de um exemplo de um sistema de


relé de proteção de gerador síncrono
C37.2-2008 - IEEE Standard Electrical Power System Device Function Numbers, Acronyms, and Contact Designations
https://ieeexplore.ieee.org/document/4639522 43
Relés de proteção – Definições gerais
 #50 – Relé de sobre corrente instantâneo (instantaneous
overcurrent relay): relé que opera instantaneamente na
ocorrência de valor excessivo de corrente.

 #51 – Relé de sobre corrente temporizado de CA (AC


inverse time overcurrent relay): relé que opera quando a
corrente de entrada CA excede um valor pré-determinado,
no qual a corrente de entrada e o tempo de operação são
inversamente relacionados, numa porção importante da
faixa de atuação.

C37.2-2008 - IEEE Standard Electrical Power System Device Function Numbers, Acronyms, and Contact Designations
https://ieeexplore.ieee.org/document/4639522 44
Relés de proteção – Definições gerais
 #52 – Disjuntor de CA (AC circuit breaker): dispositivo
usado para fechar e interromper um circuito de energia AC
em condições normais ou para interromper este circuito
sob falha ou em condições de emergência.

 #59 – Relé de sobretensão (overvoltage relay): relé que


funciona quando o valor da tensão de entrada se elevar
acima de um valor pré-determinado.

 #81 – Relé de frequência (frequency relay): relé que


responde à frequência de uma variável elétrica, operando
quando a frequência ou sua taxa de variação excede ou é
menor que um valor predeterminado.

C37.2-2008 - IEEE Standard Electrical Power System Device Function Numbers, Acronyms, and Contact Designations
https://ieeexplore.ieee.org/document/4639522 45
Tipos construtivos de relés
 De maneira geral, os relés são classificados em três gerações,
quanto ao seu aspecto construtivo:
 Eletromecânicos (Electromechanical);

 Eletrônicos (Estatics or Solid State Relays)

 Digital numérico (Numeric digital).

Gerações dos
relés de proteção
Fonte: Abdelmoumene and Bentarzi, 2014

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Relés eletromecânicos
 Os pioneiros na proteção e, ainda hoje, possuem lugar de
destaque na proteção de sistemas elétricos;

 Movimentos mecânicos devido a campos elétricos e


magnéticos;

 Quanto ao funcionamento:

 Atração eletromagnética (electromagnetic attraction);


 Indução eletromagnética (electromagnetic induction).

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Relés eletromecânicos – Atração
 Atração eletromagnética (electromagnetic attraction): uma
estrutura em charneira, composta de um núcleo fixo e uma
armadura móvel à qual estão solidários o contato móvel e
uma mola, o que obriga o circuito magnético ficar aberto em
uma posição regulável.
Fonte: John Mulindi, 2021

48
Relés eletromecânicos – Atração
 O núcleo é percorrido por um fluxo proporcional à corrente do
circuito, circulando na bobina do relé, e isso faz com que seja
possível que o contato móvel feche um circuito operativo
auxiliar (fonte de corrente contínua, nesse caso).
Fonte: CAMINHA, 2019(1977)

Relé eletromecânico elementar de armadura

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Relés eletromecânicos – Atração
 O circuito operativo a alimenta um alarme (lâmpada) e/ou o
disparador do disjuntor colocado no circuito principal, sempre
que a força eletromagnética induzida for maior que a força
mecânica (Fe > Fm) produzida por órgãos antagonistas (mola,
gravidade) e órgãos auxiliares (contatos, amortecedores).
 A força eletromagnética sobre a armadura é dada por:
𝐾. 𝑁. 𝐼 2
𝐹𝑒 = 2 > 𝐹𝑚
𝑔
+ 𝑐 .𝐴
𝐴
𝐹𝑒 : Força eletromagnética induzida 𝑔: Entreferro (gap) entre a armadura
𝐾: Constante de Picou e o núcleo
𝑁: Número de voltas da bobina de 𝐴: Área efetiva da face núcleo
operação 𝑐: Relutância do circuito de
𝐼: Corrente da bobina ferromagnético

50
Relés eletromecânicos – Atração
 Modelos de relés eletromecânicos de atração (armadura) de
sobrecorrente instantânea do fabricante General Electric (GE)

PJC e CHC Instantaneous Overcurrent Relay – GE


PJC-Legacy: https://www.gegridsolutions.com/multilin/catalog/pjc.htm
CHC-Legacy: https://www.gegridsolutions.com/multilin/catalog/chc.htm 51
Relés eletromecânicos – Indução
 Indução eletromagnética (electromagnetic induction): esse
relé compreende um sistema eletroímã que opera em um
condutor móvel geralmente na forma de um disco ou copo
metálico.
Fonte: CAMINHA, 2019(1977)

Relé eletromecânico de indução

52
Relés eletromecânicos – Indução
 O conjugado (torque) é
produzido pela interação de dois
campos magnéticos alternados
que se deslocam mutuamente
tanto no espaço quanto na fase.

Fonte: CAMINHA, 2019(1977)

Conjugado desenvolvido no disco do relé

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Relés eletromecânicos – Indução
 Existem três tipos de relés de indução baseados nas estruturas
e usados ​para obter a diferença de fase e, portanto, o torque de
operação em relés de indução:

 Estrutura tipo polo sombreado (Shaded pole type


structure)

 Estrutura tipo medidor de watt-hora (Watt-Hour meter


type structure)

 Estrutura tipo copo de indução (Induction cup type


structure)

54
Relés eletromecânicos – Indução
Estrutura tipo polo sombreado
 O disco é feito de alumínio.

 A metade de cada polo do eletroímã é cercada por uma faixa


de cobre é chamada de anel de sombreamento.
 A bobina é energizada pela corrente que flui em uma bobina
simples enrolada em uma estrutura magnética contendo um
entreferro.

Estrutura tipo polo sombreado

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Relés eletromecânicos – Indução
Estrutura tipo polo sombreado
 O disco é livre para girar em um entreferro.

 A parte sombreada do polo produz um fluxo que é deslocado


no espaço e no tempo em função do fluxo produzido por uma
parte não sombreada do polo.
 Esses dois fluxos alternados cortam o disco e produzem
correntes parasitas.
 Os torques são produzidos pela interação de cada fluxo com a
corrente parasita produzida pelo outro fluxo.
 O torque resultante faz com que o disco gire.

56
Relés eletromecânicos – Indução
Estrutura tipo medidor de watt-hora
 Essa estrutura recebe
esse nome pelo fato de
ser utilizada em
medidores de watt-hora.

57
Relés eletromecânicos – Indução
Estrutura tipo medidor de watt-hora
 Consiste em um eletroímã em forma de E (superior) que possui
dois enrolamentos; as bobinas primária e secundária, enquanto
a bobina secundária é conectada a um eletroímã em forma de
U (inferior).
 Há um disco entre os dois eletroímãs é livre para girar.

 Cada um dos circuitos magnéticos produz um dos dois fluxos


necessários para acionar o rotor, que também é um disco.

58
Relés eletromecânicos – Indução
Estrutura tipo copo de indução
 Esses tipos de relés funcionam com o mesmo princípio do
motor de indução.
 O relé possui dois, quatro
ou mais eletroímãs
energizados pelas bobinas
do relé.
 Um núcleo de ferro
estacionário é colocado
entre esses eletroímãs para
diminuir o entreferro sem
aumentar a inércia.

59
Relés eletromecânicos – Indução
Estrutura tipo copo de indução
 O rotor é um copo cilíndrico metálico oco que é livre para
girar no espaço entre os eletroímãs e o núcleo de ferro
estacionário
 O campo rotativo é produzido por dois pares de bobinas
enroladas em quatro polos.
 O campo rotativo induz correntes no copo fazendo com que ele
gire na mesma direção.

60
Relés eletromecânicos – Indução
 Modelos de relés eletromecânicos de indução de sobrecorrente
temporizada e de tensão com tempo de atraso do fabricante
General Electric (GE)

IFC Time-overcurrent Relay e IAV Time Delay Voltage Relay – GE


IFC-Legacy: https://www.gegridsolutions.com/multilin/catalog/ifc.htm
IAV-Legacy: https://www.gegridsolutions.com/multilin/catalog/iav.htm 61
Relés eletromecânicos
Vantagens Desvantagens
Tempo de vida limitado, devido às partes
Simples, robusto e compacto
móveis
Gera ruído devido às suas partes
O custo é relativamente baixo
mecânicas
É lento por causa das partes mecânicas
Alta velocidade de operação quando comparado aos relés baseados
em semicondutores
Pode ser usado para sistemas AC e
DC
Pode suportar altas tensões
Fornece isolamento físico entre a
carga e o circuito de controle

62
Relés eletromecânicos
Fonte: Siemens, 2022

Painel de proteção de subestação – Relés de proteção

63
Relés eletrônicos
 Sugiram no meado da década de 60 devido a necessidade de
melhora no desempenho dos sistemas de proteção uma vez que
os sistemas de potência têm crescido em termos de
complexidade e tamanho;
 Denominados relés de estado sólido ou estáticos;
 Consistem em circuitos transistorizados que desempenham
funções lógicas e de temporização.

Esquemático simplificado de um relé de estado sólido

64
Relés eletrônicos
 Modelos de relés eletrônicos de estado sólido (SSR, Solid-
State Relay) de sobrecarga da Toshiba e o relé de sobrecorrente
temporizada da Basler Electric.

SSR de sobrecarga de motor modelo SSR de sobrecorrente temporizada


RC820 – Toshiba modelo B1-51 – Basler Electric
RC820: https://www.global.toshiba/ww/products-solutions/industrial/switchgear/product/electronics-component/solid-state-motor-protection-relay-rc820.html
B1-51: https://www.basler.com/Product/BE1-51-BE1-51-27C-BE1-51-27R-Time-Overcurrent-Relay 65
Relés eletrônicos
Vantagens Desvantagens
Velocidades de comutação mais altas Não são tão robustos
Carga consideravelmente menor para O custo é relativamente mais alto do que
transformadores de instrumentos os eletroeletrônicos
Manutenção menor em relação aos
Dissipam mais calor
eletromecânicos
Eles são altamente suscetíveis a
Tempo de vida mais elevado, devido correntes de surto e danos quando
à ausência de partes móveis usados ​em níveis de sinal acima de sua
classificação
Não há peças mecânicas e, portanto, A isolação eletro-óptica entre a carga e o
é silencioso circuito de controle possui limites
Maior resistência à vibração ou
choque

66
Relés eletrônicos
Estágios de saída
 Retificador controlado por
silício (SCR) para CC
 Transistor de efeito de campo
semicondutor de óxido
metálico (MOSFET) ou
transistor Darlington para CC
 Transistor bipolar de porta
isolada (IGBT) para CC
 Tiristor back-to-back chamado
TRIAC, triodo para corrente
alternada

67
Relés digitais
 O uso de computadores e microprocessadores digitais para
fins de relés de proteção vem atraindo a atenção da pesquisa
desde o final da década de 1960, mas os primeiros relés
microprocessados ​oferecidos como dispositivos comerciais
foram apenas em 1979.
 Nos estágios iniciais do relé digital (computadorizado), os
custos eram de 10 a 20 vezes maiores do que o custo dos relés
convencionais.
 Atualmente, devido à quantidade de funções, confiabilidade,
velocidade, escalabilidade, comunicação, custo competitivo,
entre outros, os relés digitais estão dominando o cenário dos
sistemas de proteção.

68
Relés digitais
 Os relés digitais são relés eletrônicos gerenciados por
microprocessadores específicos a este fim, onde sinais de
entrada das grandezas e parâmetros digitados são controlados
por um software que processa a lógica da proteção através de
algoritmos. Fonte: PAHADKE e THORP, 2009

Subsistemas de um relé digital


(computadorizado)
PHADKE, Arun G. and THORP, James S. Computer relaying for power systems. – 2nd ed. Chichester: Wiley, 2009. ISBN-13: 978-0-470-05713-1
69
Relés digitais
 O relé digital pode simular um relé ou todos os relés
existentes num só equipamento, produzindo ainda outras
funções, tais como, medições de suas grandezas de entradas
e/ou associadas, sendo conhecido como relé multifunção.

70
Relés digitais
 Modelos de relés digitais de proteção de sobrecorrente e de
alimentadores (feeder) da Siemens.

Relé de proteção de sobrecorrente e de alimentadores


Reyrolle 7SR511 e 7SR5431 – Siemens
7SR511: https://new.siemens.com/br/pt/produtos/energia/protecao-sistemas-eletricos/sobrecorrente-alimentador/overcurrent-and-feeder-protection-reyrolle-7sr51.html
7SR54: https://new.siemens.com/br/pt/produtos/energia/protecao-sistemas-eletricos/reyrolle-7sr54.html 71
Relés digitais
 Modelos de relés digitais de proteção de fuga a terra de
alimentadores (feeder) da ABB.

Relé de proteção de fuga a terra de alimentadores


REF615 – ABB
REF615: https://new.abb.com/products/pt/REPREF615/repref615
72
Relés digitais
 Modelos de relés digitais de proteção de barramentos e de
geradores e motores da Siemens.

Relé de proteção de barramentos Relé de proteção de gerador/motor


SIPROTEC 7SS85 – Siemens SIPROTEC 7UM62 – Siemens
7SS85: https://new.siemens.com/global/en/products/energy/energy-automation-and-smart-grid/protection-relays-and-control/siprotec-5/busbar-protection/busbar-protection-siprotec-7ss85.html
7UM62: https://new.siemens.com/global/en/products/energy/energy-automation-and-smart-grid/protection-relays-and-control/siprotec-4/motor-and-generator-protection/motor-and-generator- 73
protection-siprotec-7um62.html
Relés digitais
 Modelos de relés digitais de proteção de tensão e de
transformadores da Schweitzer Engineering Laboratories.

Relé de proteção de distância e direcional Relé de proteção de transformadores


de alta velocidade modelo SEL-421 – SEL modelo SEL-787 – SEL
SEL-421: https://selinc.com/pt/products/421/
SEL-787: https://selinc.com/pt/products/787/ 74
Relés digitais
Vantagens Vantagens
Comunicação com sistema de
supervisão e aquisição de dados Flexibilidade: ajustes de parâmetros de
(SCADA, Supervisory Control And configuração de acordo com a topologia
Data Acquisition)
Comunicação com demais Alteração de ajustes em
dispositivos do sistema funcionamento e via software
Amplas faixas de ajustes e com
Armazenamento de dados de falha
elevada precisão (A/D/A de 24 bits)
Auto-checagem e confiabilidade:
Considerações de custo-benefício: o
pode ser programado para
avanço da microeletrônica e a
monitorar continuamente os
disseminação desta na aplicação têm
subsistemas de hardware e software,
orientado uma redução substancial nos
de modo a detectar possíveis falhas
custos dos circuitos digitais
na operação

75
Relés digitais
Vantagens Vantagens
O relé digital pode efetuar várias
funções, tais como:
• Proteção;
Mais versáteis e poderosos que os • Supervisão de rede;
relés eletromecânicos ou eletrônicos • Transmissão de sinais;
convencionais • Religamento dos disjuntores;
• Identificação do tipo de defeito;
• Oscilografia;
• Sincronização de tempo via GPS.

76
Bibliografia básica
 [1] CAMINHA, Amadeu Casal, Introdução à proteção dos sistemas elétricos,
São Paulo: Blucher; 1ª edição, 1977, 224 p. ISBN-13: 978-8521201366
 [2] MAMEDE FILHO, João e MAMEDE, Daniel Ribeiro, Proteção de
Sistemas Elétricos de Potência. Rio de Janeiro: LTC; 2ª edição, 2020, 572
páginas, ISBN-13: 978-8521637165
 [3] SILVA, Eliel Celestino da, Proteção de Sistemas Elétricos de Potência.
Rio de Janeiro: QualityMark; 1ª edição, 2014, 256 páginas, ISBN-13: 978-
8541401814

Estas transparências foram baseadas nos livros da bibliografia acima, em sítios (sites) da
internet e nas notas de aulas dos(as) professores(as) Mateus Duarte Teixeira da UFPR, Carlos
Medeiros da PUC-Goiás, Thales Lima Oliveira IF-GO e UFU

. 77
Bibliografia

ISBN-13: 978-8521201366 ISBN-13: 978-8521637165 ISBN-13: 978-8541401814

NOTA: Para a bibliografia complementar consulte o plano de ensino da disciplina

78
Bibliografia complementar
 [1] ARAÚJO, Carlos. Proteção de sistemas elétricos. Rio de Janeiro:
Interciência, 2011.
 [2] COURY, Denis Vinícius. Proteção Digital de Sistemas Elétricos de
Potência: Dos Relés Eletromecânicos aos Microprocessados Inteligentes. São
Carlos, SP: USP, Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.
 [3] SATO, Fujito; FREITAS, Walmir. Análise de curto-circuito e princípios
de proteção em sistemas de energia elétrica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
 [4] FRAZÃO, Rodrigo José Albuquerque. Proteção do Sistema Elétrico de
Potência. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. 200 p.
ISBN-13: 978-85-522-1435-9

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ATENÇÃO
Os autores das imagens e dos textos contidos nesta
apresentação podem requerer direitos autorais, assim
antes de reproduzi-las ou mesmo divulgá-las consulte o
autor deste conteúdo, a fim de solicitar a fonte do
material.
O uso deste material destina-se apenas à consulta no
processo de ensino e aprendizagem da disciplina supra
citada e, portanto, fica proibido o processo de
escaneamento, fotocópia, reprodução ou ainda,
postagem em sites acessível ao público ou protegido por
senha, no todo ou em parte.

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