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PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

a
b
c

3i0

i0 N1

PROTEÇÃO DE TRANFORMADORES DE POTÊNCIA E Circuito


REATORES EquivalenteSHUNT
i0 N1 de Sequência Zero
i0

i0
i0
i0
j.X0

N1.i0 = N1.i0 3i0

Edição 1 - 2003

Direitos Reservados: Autor: Total de Páginas


Virtus Consultoria e Serviços S/C Ltda. Paulo Koiti Maezono
100
SOBRE O AUTOR

Eng. Paulo Koiti Maezono

Formação

Graduado em engenharia elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1969. Mestre
em Engenharia em 1978, pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá, com os créditos obtidos em 1974
através do Power Technology Course do P.T.I – em Schenectady, USA. Estágio em Sistemas Digitais de
Supervisão, Controle e Proteção em 1997, na Toshiba Co. e EPDC – Electric Power Development Co. de
Tokyo – Japão.

Engenharia Elétrica

Foi empregado da CESP – Companhia Energética de São Paulo no período de 1970 a 1997, com
atividades de operação e manutenção nas áreas de Proteção de Sistemas Elétricos, Supervisão e
Automação de Subestações, Supervisão e Controle de Centros de Operação e Medição de Controle e
Faturamento. Participou de atividades de grupos de trabalho do ex GCOI, na área de proteção, com ênfase
em análise de perturbações e metodologias estatísticas de avaliação de desempenho.

Atualmente é consultor e sócio gerente da Virtus Consultoria e Serviços S/C Ltda. em São Paulo – SP. A
Virtus tem como clientes empresas concessionárias no Brasil e na Colômbia, empresas projetistas na área
de Transmissão de Energia, fabricantes e fornecedores de sistemas de proteção, controle e supervisão,
Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, CEDIS – Instituto Presbiteriano Mackenzie.

Área Acadêmica

Foi professor na Escola de Engenharia e na Faculdade de Tecnologia da Universidade Presbiteriana


Mackenzie no período de 1972 a 1987. É colaborador na área de educação continuada da mesma
universidade, de 1972 até a presente data.

É colaborador do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da EPUSP – Escola


Politécnica da Universidade de São Paulo, desde 1999 até o presente, com participação no atendimento a
projetos especiais da Aneel, Eletrobrás e Concessionárias de Serviços de Eletricidade.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução e índice 2 de 100


INDICE

1. INTRODUÇÃO A TRANSFORMADORES .........................................................................................................5


1.1 IMPEDÂNCIA PERCENTUAL .......................................................................................................................5
1.2 POLARIDADE..................................................................................................................................................9
1.3 CONEXÃO TRIÂNGULO – ESTRELA DE TRANSFORMADOR TRIFÁSICO OU DE BANCO DE
TRANSFORMADORES..............................................................................................................................................10
2. FUNÇÕES DE PROTEÇÃO.................................................................................................................................13
2.1 FUNÇÃO DIFERENCIAL..............................................................................................................................14
2.1.1 Finalidade e Enfoque ..................................................................................................................................14
2.1.2 Princípios e Requisitos da Proteção Diferencial ........................................................................................14
2.1.3 Tipos Básicos de Função Diferencial .........................................................................................................15
2.1.4 Proteção de Transformador (87T) – Conexões e Polaridades....................................................................18
2.1.5 Corrente de Magnetização Transitória e a Proteção Diferencial de Transformador.................................23
2.1.6 Sobrefluxo no núcleo do transformador devido a sobretensão ...................................................................25
2.1.7 Configurações de Barras e Alternativas de uso de TC’s.............................................................................26
2.1.8 Diretrizes de Ajustes para Proteção Diferencial de Transformador ..........................................................29
2.1.9 Proteção de Reator “Shunt” - Conexões ....................................................................................................31
2.1.10 Diretrizes de Ajustes para proteção diferencial de Reator “Shunt” ......................................................34
2.2 FUNÇÃO TERRA RESTRITA .......................................................................................................................35
2.2.1 Finalidade e Enfoque ..................................................................................................................................35
2.2.2 Conexões e Polaridades ..............................................................................................................................35
2.2.3 Princípios Utilizados...................................................................................................................................38
2.2.4 Diretrizes de Ajustes para Proteção Terra Restrita....................................................................................39
2.3 FUNÇÃO DE CORRENTE DE FUGA PARA TANQUE ISOLADO ............................................................40
2.3.1 Finalidade e Enfoque ..................................................................................................................................40
2.3.2 Conexões .....................................................................................................................................................41
2.4 FUNÇÃO DE SOBRECORRENTE ................................................................................................................42
2.4.1 Finalidade e Enfoque ..................................................................................................................................42
2.4.2 Relés de Sobrecorrente e Características ...................................................................................................42
2.4.3 Funções de Sobrecorrente em Relés Digitais..............................................................................................44
2.4.4 Conexão dos TC’s – Proteção Convencional..............................................................................................46
2.4.5 Conexão dos TC’s – Proteção Digital ........................................................................................................47
2.4.6 TC de Neutro – Corrente de Terra no Neutro.............................................................................................48
2.4.7 Condições de Atuação para a Função de Sobrecorrente............................................................................49
2.4.8 Sensibilidade das Funções de Sobrecorrente de Fase e de Terra...............................................................50
2.4.9 Diretrizes de Ajustes para Transformadores de Potência em Derivação ..................................................50
2.4.10 Diretrizes de Ajustes para Reatores Shunt.............................................................................................56
2.5 FUNÇÃO DE SEQUÊNCIA NEGATIVA ......................................................................................................59
2.5.1 Objetivo.......................................................................................................................................................59
2.5.2 Utilização para Transformador ..................................................................................................................59
2.5.3 Diretrizes de Ajustes para a Função...........................................................................................................60
2.6 FUNÇÃO DE SOBRECARGA TÉRMICA ....................................................................................................60
2.6.1 Relés Térmicos de Tecnologia Eletromecânica ..........................................................................................61
2.6.2 Modernas Proteções Digitais......................................................................................................................62
2.6.3 Exemplo: Proteções Siemens ......................................................................................................................62
2.7 FUNÇÃO “COLD LOAD PICKUP”...............................................................................................................66
3. FILOSOFIA DE PROTEÇÃO..............................................................................................................................68
3.1 ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL ...................................................................68
3.1.1 Proteção Ampla...........................................................................................................................................68

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução e índice 3 de 100


3.1.2 Proteção Curta............................................................................................................................................68
3.2 ESQUEMAS COM RELÉS CONVENCIONAIS ELETROMECÂNICOS OU ESTÁTICOS .......................68
3.2.1 Para Transformadores em Geral ................................................................................................................68
3.2.2 Para Sistemas de Extra Alta Tensão ...........................................................................................................69
3.2.3 Para Reatores Shunt ...................................................................................................................................69
3.3 ESQUEMAS COM RELÉS DIGITAIS...........................................................................................................70
3.3.1 Para Transformadores em Geral ................................................................................................................70
3.3.2 Para Sistemas de Extra Alta Tensão ...........................................................................................................71
3.3.3 Funções e Facilidades Adicionais em Relés Digitais..................................................................................72
3.3.4 Para Reatores Shunt ...................................................................................................................................72
4. EXEMPLO DE AJUSTES E SELELTIVIDADE PARA TRANSFORMADOR EM DERIVAÇÃO ............73
4.1 DADOS DO TRANSFORMADOR E DA SUBESTAÇÃO............................................................................73
4.2 DADOS DA PROTEÇÃO ...............................................................................................................................74
4.3 CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO..............................................................................................................75
4.3.1 Valores de Impedâncias do Sistema que Alimenta a Subestação................................................................75
4.3.2 Cálculo da Impedância (Reatância) do Transformador .............................................................................75
4.3.3 Cálculo do Curto Circuito Fase-Terra no Lado 13,8 kV do Transformador ..............................................76
4.3.4 Cálculo do Curto Circuito Trifásico no Lado 13,8 kV do Transformador..................................................79
4.4 CONFIGURAÇÃO DAS FUNÇÕES - RELÉ 7UT612 ...................................................................................80
4.5 DADOS DO SISTEMA - RELÉ 7UT612 ........................................................................................................82
4.6 FUNÇÃO DIFERENCIAL – RELÉ 7UT612 ..................................................................................................83
4.6.1 Taps de Corrente.........................................................................................................................................83
4.6.2 Parametrização da Função Diferencial......................................................................................................83
4.6.3 Corrente Diferencial (Operação) Mínima – Pickup (I-DIFF>) .................................................................84
4.6.4 Slope 1.........................................................................................................................................................84
4.6.5 Slope 2.........................................................................................................................................................85
4.6.6 Add-on Stabilization....................................................................................................................................86
4.6.7 Pickup de Corrente sem Restrição (I-DIFF>>) .........................................................................................86
4.6.8 Bloqueio por Harmônicas ...........................................................................................................................86
4.7 FUNÇÃO REF DO ENROLAMENTO ESTRELA DA BT (RELÉ 7UT612) ..................................................87
4.8 SOBRECORRENTE DE FASE E TERRA DO LADO BT (RELÉ 7UT612) ...................................................87
4.8.1 Sobrecorrente de Fase 50/51F ....................................................................................................................87
4.8.2 Sobrecorrente de Terra 50/51N ..................................................................................................................90
4.9 SOBRECORRENTE DE TERRA DO LADO NEUTRO DA BT (RELÉ 7UT612)..........................................92
4.10 SEQUENCIA NEGATIVA DO LADO BT (RELÉ 7UT612) ...........................................................................94
4.11 CONFIGURAÇÃO DAS FUNÇÕES - RELÉ 7SJ61 ......................................................................................95
4.12 DADOS DO SISTEMA - RELÉ 7SJ612..........................................................................................................96
4.13 SOBRECORRENTE DE FASE E DE TERRA DO LADO AT (RELÉ 7SJ61).................................................97
4.13.1 Sobrecorrente de Fase 50/51F................................................................................................................97
4.13.2 Sobrecorrente de Terra 50/51N ..............................................................................................................99
4.14 SEQUÊNCIA NEGATIVA DO LADO AT (RELÉ 7SJ61) ............................................................................100

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1. INTRODUÇÃO A TRANSFORMADORES

1.1 IMPEDÂNCIA PERCENTUAL

A impedância de um transformador de potência (> 5000 kVA) pode ser representada apenas
por uma reatância indutiva, desprezando as perdas e desprezando o ramo de magnetização.
Do modelo abaixo:

R1 j X1 R2 j X2
I1 I2

iexc+I1 iperda imag

V1 Rp j Xm e1 e2
V2

N1:N2
Ideal

Figura 1.1 – Modelo Matemático de Transformador

São desprezadas:

R1 = que representa as perdas por calor no enrolamento 1


R2 = que representa as perdas por calor no enrolamento 2
Rp = que representa as perdas por calor no núcleo

E considerada Xm = ∞ (corrente de magnetização desprezível).

São levadas em consideração as reatâncias:

j.X1 = que representa o fluxo disperso no enrolamento primário


j.X2 = que representa o fluxo disperso no enrolamento secundário

Pode-se ter então uma representação Simplificada:

j (X1+[N1/N2]2.X2)

N1:N2
Ideal

Figura 1.2 – Circuito Equivalente Simplificado, visto do Lado Primário

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução a Transformadores 5 de 100


Ou, visto do outro lado:

j (X2+[N2/N1]2.X1)

N1:N2
Ideal

Figura 1.3 – Circuito Equivalente Simplificado, visto do Lado Secundário

Ensaio de curto-circuito

As reatâncias indicadas anteriormente podem ser medidas através do ensaio de curto-


circuito como o mostrado na figura a seguir.

Icc2
Icc1

CURTO-
TRAFO TRIFÁSICO CIRCUITO

FONTE
TRIFÁSICA

Figura 1.4 – Ensaio de curto-circuito em transformador trifásico

Neste ensaio, aplica-se uma tensão Vcc1 para que se tenha corrente nominal do
transformador, isto é:

Icc1 = Inom 1 e Icc2 = Inom 2

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução a Transformadores 6 de 100


j (X1+[N1/N2]2.X2)

Icc1 Icc2 Curto-


Vcc1
circuito

N1:N2
Ideal

Figura 1.5 – Ensaio de curto-circuito pelo lado primário

Vcc1
2
Xcc1 = [X1 + (N1/N2) .X2] =
3 ohms (visto do lado 1)
Inom1

Caso o ensaio de curto-circuito seja feito pelo outro lado do Transformador, teríamos:

j (X2+[N2/N1] 2.X1 )

Curto- Icc1 Icc2


circuito Vcc2

N1:N2
Ideal

Figura 1.6 – Ensaio de curto-circuito pelo lado secundário

Vcc 2
2
Xcc2 = [X2 + (N2/N1) .X1] =
3 ohms (visto do lado 2)
Inom 2

Valor Percentual da Reatância

Nota-se que os valores Xcc1 e Xcc2 são valores em ohms, numericamente diferentes.
Ambos representam a impedância de dispersão total do transformador, referidos a lados
diferentes.

Para se evitar dois valores, a impedância do transformador é indicada em valor


PERCENTUAL (%). Este valor (%) é único para o transformador de dois enrolamentos,
independente do lado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução a Transformadores 7 de 100


Todo valor percentual tem como referência uma BASE. Neste caso, esta base dever ter a
dimensão de impedância (ohms). Para um transformador, toma-se como BASE seus
valores nominais. Assim,
2
Zbase = kVnominal / MVAnominal (ohms)

2
Zbase(lado1) = kV1 /MVAnominal = [ (Vnom1 / 3 ) / Inom1]
2
Zbase(lado2) = kV2 /MVAnominal = [ (Vnom2 / 3 ) / Inom2]

E os valores Xcc1 e Xcc2 podem ser calculados, agora, com relação às respectivas bases:

Xcc1 (%) = [ Xcc1 (ohms) / Zbase1 ] x 100 %

Xcc2 (%) = [ Xcc2 (ohms) / Zbase2 ] x 100 %

Pode-se provar que:

Xcc1 (%) = Xcc2 (%) valor percentual da impedância do transformador.

Xcc1(%) =
Xcc1(ohms ) x100
=
Xcc1x100
=
(N 2 / N1) xXcc1x100
2
=
Zbase1 Vnom1 3 2 Vnom1 3
( N 2 / N1) x
Inom1 Inom1

Xcc 2 x100 Xcc 2 x100


= = = Xcc 2(%)
( N 2 / N1).Vnom1 Vnom2 / Inom2. 3
( N1 / N 2). 3.Inom1

Diagrama de Impedância do Transformador em p.u.

Finalmente, como Xcc1 (%) = Xcc2 (%), pode-se representar um transformador de dois
enrolamentos através da sua impedância percentual (ou p.u. = % / 100):

j X (% ou pu)

Figura 1.7 – Circuito Equivalente de Transformador de Potência de Dois Enrolamentos

O modelo vale para transformadores de potência.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução a Transformadores 8 de 100


Para transformadores de menor potência (transformadores industriais e de distribuição),
não se pode desprezar o valor da resistência. Então, o modelo será:

R (pu ou %) j X (pu ou %)

Figura 1.8 – Circuito Equivalente de Transformador de Distribuição de Dois Enrolamentos

1.2 POLARIDADE

É a marcação (uma marca ou uma identificação padronizada) que mostra a referência


(modo de enrolar) daquele enrolamento. Por exemplo:

H1 Y1

Y2
H2

Figura 1.9 – Exemplos de identificação de polaridades

Considerando uma condição de carga, se a corrente em um dado instante entra pela


polaridade do enrolamento do lado da fonte, nesse mesmo instante a corrente do
enrolamento do lado da carga estará saindo pela polaridade. É a tradução prática do
conceito visto de compensação de ampères - espiras.

Quando num transformador, não se conhece (ou se deseja confirmar) as polaridades dos
enrolamentos, se faz o teste da polaridade:

Transformador
sob ensaio

V1 V2

Figura 1.10 – Esquema básico de teste de polaridade

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução a Transformadores 9 de 100


Na figura acima, o voltímetro pode indicar o resultado de V1 + V2 ou o resultado de V1 – V2,
e assim pode-se determinar as polaridades:

Transformador Transformador
sob ensaio sob ensaio

V1 V2 V1 V2

Polaridade Polaridade
“aditiva” “subtrativa”

Figura 1.11 – Resultados possíveis do teste de polaridade

1.3 CONEXÃO TRIÂNGULO – ESTRELA DE TRANSFORMADOR TRIFÁSICO OU DE BANCO


DE TRANSFORMADORES

Exemplo com defasamento de + 30 graus, com o lado estrela adiantado com relação ao
lado delta (conexão Dy11 ou Yd1). Fisicamente as fases são conectadas conforme a figura
a seguir.

b
A

c
B

a
C

Esquematicamente:

A
a = (A - C)
B
b = (B - A)
C
c = (C - B)

Figura 1.12 – Conexão estrela - triângulo

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução a Transformadores 10 de 100


Com base nas conexões físicas mostradas, pode-se compor o diagrama vetorial das
tensões de linha de ambos os lados:

+30o

c
B

Figura 1.13 – Vetores de tensões de linha para conexão estrela - triângulo

O mesmo transformador, com outras indicações de fases no lado triângulo, mantendo as


indicações no lado estrela, permitiria outras possibilidades de defasamento, conforme
mostra a tabela e figura a seguir:

Alternativa Defasamento (Lado Estrela com relação ao Lado Delta


1 (a-c) + 30 graus
2 + 150 graus
3 - 90 graus

Alternativa

3 2 1

b c a A

c a b B

a b c C

Figura 1.14 – Alternativas de identificação do lado delta

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução a Transformadores 11 de 100


Mudando a conexão para – 30 graus, ao invés dos + 30 graus mostrados, haveria três
outras possibilidades de defasamento, como mostrado a seguir:

Alternativa invertendo o Delta Defasamento (Lado Estrela com relação ao Lado Delta
1 - 30 graus
2 - 150 graus
3 + 90 graus

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução a Transformadores 12 de 100


2. FUNÇÕES DE PROTEÇÃO

Transformadores de potência e reatores shunt possuem as chamadas proteções intrínsecas,


que vêm configuradas de fábrica. A configuração pode variar com o fabricante e a potência,
mas em geral incluem:

Transformadores de Potência

• Relés Buchholz para cada tanque.


• Imagem térmica para cada tanque.
• Termômetros para cada enrolamento.
• Termômetros de óleo para cada tanque.
• Nível de óleo para cada tanque de expansão.
• Sensor de ruptura da membrana / bolsa de cada tanque de expansão

Comutadores de Transformadores

• Termômetros de óleo.
• Sensores de pressão.

Reatores Shunt

• Relés Buchholz para cada tanque.


• Termômetros de óleo para cada tanque.
• Nível de óleo para cada tanque de expansão.
• Sensor de ruptura da membrana / bolsa de cada tanque de expansão

Não é objetivo deste curso a apresentação dessas proteções intrínsecas.

Por outro lado, existem as chamadas proteções por relés. Utilizam-se proteções que podem
ser configuradas conforme filosofia e esquema de proteção desejada. As funções de proteção
relacionadas com a proteção de transformadores e reatores estão mostradas nos itens
seguintes.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 13 de 100


2.1 FUNÇÃO DIFERENCIAL

2.1.1 Finalidade e Enfoque

Uma proteção diferencial ou uma função diferencial tem a finalidade de detectar curto-
circuito na sua área de supervisão, área essa que fica entre os TC’s que adquirem as
correntes medidas pela proteção, e prover imediato desligamento do equipamento
protegido quando da atuação.

Essa proteção é inerentemente seletiva, isto é, a seletividade é obtida pela própria


concepção e não através de temporizações ou graduações de corrente. Assim sendo, seu
tempo de atuação pode e deve ser o menor possível, sem temporização intencional.

A proteção diferencial não tem a finalidade de detectar faltas internas insipientes, do tipo
“arcing faults”, que podem ocorrer no transformador. Essas faltas são detectadas por
algumas das proteções intrínsecas do equipamento, mas em geral são detectadas por
técnicas de manutenção preditiva (análise periódica de óleo mineral isolante).

2.1.2 Princípios e Requisitos da Proteção Diferencial

Como o próprio nome indica, seu princípio de funcionamento baseia-se na comparação


entre grandezas (ou composição de grandezas) que entram no circuito protegido e
grandezas de mesma natureza que saem do circuito protegido.

Equipamento, Máquina, Barra


ou Circuito Protegido
Grandezas ou Grandezas ou
composição de composição de
grandezas que grandezas que SAEM
ENTRAM

Função
DIFERENCIAL

Comparação das Grandezas segundo


critério estabelecido pelo princípio de
medição

Dentro de uma mesma SE: Entre Subestações:

- Cabos de cobre - OPLAT


- Fibra óptica - Microondas (rádio)
- Fibra óptica / dielétrico
- Fio Piloto
- OPGW

Figura 2.01 – Princípio da Proteção Diferencial

No caso de se apurar diferença entre grandezas comparadas, descontando-se os aspectos


esperados das condições de contorno como erros de TC´s, defasamentos angulares e
diferenças de potencial entre os lados comparados, pode-se concluir quanto à existência
de anormalidade no componente protegido.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 14 de 100


A função DIFERENCIAL é utilizada na proteção de transformadores, equipamentos de
compensação reativa, máquinas rotativas, sistemas de barramentos, cabos e linhas de
transmissão.

Requisitos de uma Proteção Diferencial

Os seguintes são os requisitos básicos de qualquer proteção diferencial:

• Deve considerar os efeitos de erros de precisão nos TC’s e TC’s auxiliares utilizados
para conexão da proteção.
• Deve manter a estabilidade (não atuar) para curto-circuito externo à área protegida,
mesmo com saturação de TC.
• Deve manter a estabilidade para correntes de magnetização transitória (energização)
quanto aplica a transformadores de potência.
• Deve ter rápida atuação para curto-circuito interno, mesmo para aquelas faltas de
baixa corrente.

2.1.3 Tipos Básicos de Função Diferencial

Dois tipos de proteção diferencial são, geralmente, utilizados para proteção de


transformadores de potência e reatores em derivação, para sistemas elétricos de potência:

Diferencial Percentual

O chamado princípio “diferencial percentual” tem a finalidade de permitir uma proteção


sensível para curtos-circuitos internos à área protegida, apresentando, ao mesmo tempo,
uma boa estabilidade para curtos-circuitos externos, mesmo com erros de transformação
nos TC’s (em condição de curto pode chegar a 10% cada TC para correntes elevadas) e
até com certo grau de saturação de TC. O princípio está ilustrado na figura a seguir:

Equipamento ou
Área Protegida
Carga ou
Curto Externo

IA IB Re strição = I A + I B

r r I A + IB
ou =
o 2
ID

Operação = ∑ (I A + IB )

Figura 2.02 – Diferencial Percentual

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 15 de 100


Por exemplo num relé eletromecânico, as correntes |IA| + |IB| nas bobinas de restrição (r)
tendem a RESTRINGIR a atuação do relé. A corrente diferencial (IA + IB) pela bobina de
operação (o) tende a OPERAR o relé e é ajustado num valor percentual com relação à
restrição.

Para um curto externo, com grande corrente diferencial, a restrição também seria grande,
com o valor percentual da corrente diferencial não atingindo o valor de atuação. Para um
curto interno, a restrição continuaria grande, mas percentualmente a corrente diferencial
seria grande, e a proteção atuaria.

Esse princípio que era tradicionalmente implementado para as proteções eletromecânicas


e estáticas, continua sendo implementado também para as proteções de tecnologia digital.

IOPER = IDIFER
Área de I A + IB Área de
Operação Operação

Área de
Área de
Restrição
ID MÍNIMA ID MÍNIMA Restrição

IRESTR
| I A | + | IB |

Tecnologia Convencional Tecnologia Digital

Figura 2.03 – Característica da Proteção Diferencial Percentual

Num relé digital, compara-se através de algoritmos, a soma dos módulos da corrente
como grandeza de restrição e o módulo da soma das correntes como grandeza diferencial.
Muitas implementações podem ser feitas através dos algoritmos e filtragens, buscando
sempre a estabilidade para curtos externos e sensibilidade para curtos internos ao
equipamento protegido. Numa proteção digital também é possível alterar a inclinação da
característica percentual para correntes maiores, permitindo maior sensibilidade para
correntes menores (menos erro nos TC’s).

As proteções das séries 7UT51 e 7UT61 têm funções baseadas no princípio percentual.

Diferencial de Alta Impedância

A chamada proteção de “alta impedância” é indicada para barras e equipamentos com


TC’s onde não há transformação de tensão. É aplicada onde há possibilidade de saturação
completa de TC e se deseja, mesmo assim, estabilidade da proteção diferencial para curto-
circuito externo à área protegida.

Seu princípio de funcionamento se baseia nas seguintes premissas:

• Quando um TC está totalmente saturado, o seu circuito secundário pode ser


representado por um valor resistivo, sem imposição de corrente pelo seu lado primário.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 16 de 100


• A corrente diferencial resultante da situação percorre o circuito diferencial e também o
circuito secundário desse TC saturado.

Nessas condições, haveria uma divisão de corrente, em circuitos resistivos. A figura a


seguir ilustra o mencionado:
EXEMPLO 1

CURTO
EXTERNO

Divisor de
corrente

ID

∆V R Ajustável

Secundário
de TC
totalmente
Saturado

R do
secundário
do TC

EXEMPLO 2

R Ajustável
∆V
ID

Secundário
de TC
totalmente
Saturado

R do
secundário
do TC

Figura 2.04 – Princípio da Proteção de Alta Impedância

Instala-se uma resistência ajustável no circuito diferencial, de modo que a tensão através
desse circuito diferencial (resistência + relé) tenha um determinado valor para um TC
totalmente saturado como mostrado na figura.

Se a proteção for ajustada para operar com valor > ∆V, então ela será estável para curto
externo, mesmo com um TC totalmente saturado. Para ajuste dessa proteção há
necessidade de se conhecer:

• Valor das resistências dos cabos secundários dos TC’s até a proteção (adota-se a
maior resistência).
• Valor da resistência do secundário do TC (valor de fábrica).

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 17 de 100


Para curto interno à área protegida, a possibilidade de saturação de TC é pequena. Então
haverá grande corrente diferencial e a tensão será sempre maior que o ∆V ajustado.

O circuito diferencial é mostrado na figura a seguir:

RAJUSTÁVEL RLIMITADORA
Não Linear

Relé R

Figura 2.05 – Circuito Diferencial de Alta Impedância

A finalidade da resistência não linear, em paralelo com o circuito diferencial, é proteger o


circuito quando de elevadas tensões (∆V) para curtos internos ao circuito protegido,
limitando a tensão através do circuito. Nem sempre é necessária.

Esse tipo de proteção é muito utilizado para proteção de barras e também de reatores ou
para proteção de enrolamentos (restrita a terra).

A proteção 7UT612 permite a utilização desse princípio de alta impedância através de uma
entrada de corrente (I8), função essa que pode ser utilizada concomitantemente com a
função diferencial percentual.

2.1.4 Proteção de Transformador (87T) – Conexões e Polaridades

Para a proteção de transformadores de potência utiliza-se, basicamente, a proteção


diferencial percentual (para transformadores ≥ 5.000 kVA).

É o caso específico onde se comparam correntes medidas em níveis de tensão diferentes


e com defasamentos introduzidos pelo tipo de conexão do transformador protegido.
Portanto as correntes devem ser devidamente condicionadas antes da medição da
diferença entre as correntes de um lado e do outro.

Os seguintes aspectos devem ser considerados:

a) As correntes primárias em ambos os lados do transformador são inversamente


proporcionais aos respectivos níveis de tensão.
b) Uma conexão estrela - triângulo introduz defasamento (geralmente) de + 30º ou – 30º
entre as tensões do lado primário e do lado secundário.

Utiliza-se TC’s acrescidos ou não de TC’s auxiliares com relações de transformação


diferentes e escolhidas de tal modo que compensem a relação de transformação do
transformador.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 18 de 100


Utilizam-se conexões de TC’s ou de TC’s auxiliares que compensem o defasamento
introduzido pelo tipo de conexão do transformador protegido.

Área Protegida

A área protegida é determinada pelos TC’s que alimentam a proteção diferencial:

• Proteção Diferencial Ampla – alimentada por TC’s de pedestal externos ao


transformador.

A área de proteção engloba o transformador em si, chaves seccionadoras e conexões


externas até os TC’s.

• Proteção Diferencial Curta – alimentada por TC’s das buchas do transformador


protegido.

A área de proteção engloba apenas o transformador em si.

Estabilidade para Carga e para Curto-circuito Trifásico Externo

A figura a seguir mostra um exemplo de conexão de proteção diferencial para um


transformador de potência Delta / Estrela Aterrada, que leva em consideração o
mencionado, analisado para o caso de carga normal ou curto-circuito trifásico externo.

Tranformador de Potência
TC's Lado A TC's Lado B
- 30o
a 0o
A = (a-c) a

B = (b-a) b b

C = (c-b) c c

Carga Normal
ou
c b a TC's Auxiliares
Curto-Circuito
Trifásico Corrige
Externo Defasamento e
acerta o módulo
c b a
Proteção
Estável

C = (c-b) C = (c-b)
B = (b-a) Proteção B = (b-a)
A = (a-c) Diferencial A = (a-c)

Figura 2.06 – Correção de Modulo e de Ângulo antes da medição pela Proteção Diferencial

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 19 de 100


Para condição de carga normal ou curto circuito trifásico externo, as correntes que entram
e saem da proteção diferencial (em cada fase) necessitam ser iguais entre si, em módulo e
ângulo.

Os TC’s auxiliares corrigem o defasamento angular da corrente do lado B. Tanto os TC’s


principais como os TC’s auxiliares têm relações de transformação escolhidas de tal modo
que o relé compara correntes iguais em condição normal de operação.

Nestas condições o relé é estável para carga e para curto-circuito trifásico externo à zona
de proteção. Note que a zona de proteção da proteção diferencial é delimitada pelos TC’s
principais. Qualquer curto-circuito dentro da zona de proteção implicará em atuação da
proteção diferencial.

Confirma-se que a proteção diferencial é inerentemente seletiva, uma vez que a


seletividade depende apenas da localização da falta, se dentro ou fora da área de proteção
diferencial.

Caso de Relés Digitais

Os relés de proteção de transformadores de tecnologia digital possuem função diferencial


(87T), que realizam, para cada entrada de corrente, a emulação dos TC’s auxiliares, o que
permite adequar as conexões (estrela – delta ou estrela – estrela) e corrigir as relações de
transformação. Isto é feito digitalmente, não havendo mais necessidade de dispositivos
físicos. A vantagem é a grande flexibilidade, precisão (evita erros que podiam chegar a
10%) e economia.

A figura a seguir mostra um exemplo de conexão para o relé 7UT612 para transformador
Delta / Estrela Aterrada:

Figura 2.07 Exemplo de Conexão para relé 7UT612 para transformador delta / estrela aterrada

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 20 de 100


Observa-se que os TC’s estão conectados em estrela aterrada e não há TC’s auxiliares. A
parametrização da proteção permite que sejam informados todos os dados da conexão
para que a proteção efetue, digitalmente, todas as adequações conforme conceito já
mostrado.

As proteções das séries 7UT51 e 7UT61 têm, adicionalmente, circuito de estabilização


para caso de saturação de TC’s para curtos-circuitos externos, denominados “Add-on
Stabilization”. Através de detectores de saturação de TC’s, essas proteções alteram
dinamicamente a característica percentual no período em que há saturação, permitindo
estabilidade para curtos externos mesmo com TC saturado.

Estabilidade para Curto-circuito Fase-Terra Externo

A figura a seguir mostra o mesmo transformador, com as mesmas conexões, analisado


para o caso de um curto circuito fase-terra externo. Sendo a falta externa à área protegida,
a proteção deve permanecer estável.

Tranformador de Potência
TC's Lado A TC's Lado B

a
a

b b

c c

c b a
Curto-Circuito
Fase-Terra
Externo

Proteção c b a
Estável

Proteção
Diferencial

Figura 2.08 – TC’s Auxiliares reproduzem no lado secundário o


defasamento do transformador protegido

Observa-se que os TC’s auxiliares estão com polaridades e conexões exatamente


iguais aos do Transformador de Potência protegido. Isso permite que, quando de um
curto circuito fase-terra externo, a proteção diferencial tenha correntes iguais, em módulo e
ângulo, sendo comparadas.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 21 de 100


Bloqueio para Corrente de Seqüência Zero

O uso de TC’s auxiliares no lado secundário com polaridades e conexões exatamente


iguais ao do transformador de potência protegido permite a estabilidade para qualquer tipo
de curto-circuito externo.

Essa providência pode ter um outro tipo de compreensão, quando se analisa a situação
de um curto circuito fase-terra, externo, em termos de componentes simétricas.

O mesmo caso anterior pode ser representado através de componentes simétricas como
mostra a figura seguinte:

Não tem - -
Tem Seq. 0
Seq. Zero a Zero
+ a +

+ + 0

- b b
-

- 0 + -

+ c c

+ 0

0 +
+
0

-
-
+

Tem Seq.
0
+

Zero
+
-

b a
-

Não tem Não tem


c b a
Seq. Zero Seq. Zero

- -
+ +

Proteção
Diferencial
- -

+ +

Figura 2.09 – A Conexão Delta dos TC’s Auxiliares Bloqueia a Seqüência Zero

Observa-se em termos de componentes simétricos que, da mesma maneira que ocorre


para o transformador de potência, a conexão Delta nos TC’s auxiliares é um circuito
aberto para a componente de corrente de seqüência zero.

No transformador de potência não há corrente de seqüência Zero do lado externo ao delta.


Assim, as correntes que chegam na proteção diferencial através dos TC’s do lado A não
possuem componente de seqüência zero.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 22 de 100


Portanto, deve haver um Delta nos TC’s do lado B do transformador, seja nos TC’s
principais ou nos TC’s auxiliares (como na figura), para que não chegue corrente de
seqüência zero na proteção diferencial pelo lado B – caso contrário, não haveria
estabilidade para a proteção diferencial para curtos à terra externos ao transformador.

Regra Prática:

• No lado Delta do Transformador de Potência, os TC’s devem ser conectados em


estrela aterrada.
• No lado Estrela Aterrada do Transformador de Potência: Tem que haver uma conexão
Delta no circuito dos TC’s.

Regra Prática:

• Seja através dos TC’s principais ou através dos TC’s auxiliares, deve-se representar no
circuito dos TC’s (lado secundário – cablagem) a mesma conexão com as mesmas
polaridades do Transformador de Potência protegido (lado primário – potência).

Proteções Digitais

Para relés de tecnologia digital, todo esse bloqueio é feito digitalmente, de modo que
grandezas equivalentes de ambos os lados sejam comparadas na função diferencial.
Como já mencionado, basta que sejam informados todos os dados da instalação para que
a proteção faça a necessária adequação.

2.1.5 Corrente de Magnetização Transitória e a Proteção Diferencial de Transformador

É um fenômeno transitório para acomodação do campo magnético no núcleo do


transformador, da condição estável “antes” para a condição estável “depois”. Surgem altas
correntes de magnetização quando da energização, com intensidades diferentes nas três
fases.

Há elevada corrente de magnetização transitória (“inrush”) no lado da energização, sem


respectiva corrente nos demais enrolamentos.

Duas causas devem ser consideradas para o fenômeno do “inrush”:

• O aparecimento da componente DC devido a chaveamento de circuito indutivo.


• A existência de fluxo remanente no núcleo do transformador.

Se a fase for fechada quando teoricamente a corrente está passando por zero, não há
deslocamento DC para esta fase, sendo que a forma de onda da corrente de magnetização
segue seu curso normal. Se, entretanto, o fechamento da fase é fora deste instante,
ocorrerá deslocamento da corrente no eixo vertical para acomodar a situação. Isto é,
aparece componente DC. E o deslocamento do eixo da corrente pode levar a saturação
do núcleo

Adicionalmente, o núcleo do transformador possui um Fluxo Residual que é o fluxo que


permanece (“imantado”) quando a corrente de magnetização vai a zero, quando da

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 23 de 100


desenergização. Quando da nova energização, ocorre também acomodação da densidade
de fluxo B, partindo do fluxo residual.

Então, o aparecimento da componente DC associado à acomodação do fluxo devido ao


fluxo residual faz com que haja intensa corrente de magnetização transitória, cuja forma de
onda típica é mostrada na figura a seguir.

Figura 2.10 – Característica da corrente de magnetização transitória

Para a proteção diferencial de tecnologia digital, principalmente a componente de 2ª.


harmônica pode ser detectada e medida, sendo utilizadas tanto para bloqueio da função
diferencial (“bloqueio por harmônicas”) ou para reforço no circuito de restrição da proteção
diferencial percentual (“restrição por harmônicas”), dependendo do modelo ou fabricante
do relé. A corrente de segunda harmônica varia entre 50 e 70% da corrente
fundamental nos primeiros 1 a 7 ciclos após a energização, com sua intensidade
diminuindo ao longo do tempo juntamente com a intensidade da fundamental. Também a
componente de 4ª. harmônica pode ser utilizada para tanto, o que depende de cada
fabricante / modelo de relé digital.
Numa Proteção Diferencial

Uma proteção diferencial de transformador de potência deve, portanto:

• Não atuar para a corrente de magnetização transitória, cujo valor de pico pode
ultrapassar 8 x I nominal.
• Manter a sensibilidade para detectar curto-circuito mesmo durante a energização do
transformador.

Para atendimento desses requisitos, a proteção ou a função deve possuir circuitos ou


algoritmos adequados.

Relés eletromecânicos ou estáticos

Nesses relés, os circuitos são implementados para que houvesse filtragem da corrente
medida, no sentido de separar, na medida do possível e no limite da tecnologia existente, a
corrente fundamental (60 Hz) das correntes de frequência elevada. As correntes filtradas
de frequência elevada eram aproveitadas para restringirem a atuação da proteção
diferencial percentual, reforçando o circuito de restrição do principio percentual. A corrente
fundamental era levada ao circuito de operação (diferencial).

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 24 de 100


Relés de tecnologia digital

Nos modernos relés digitais, a tecnologia de filtragem, tanto das harmônicas como da
componente DC, já é bastante desenvolvida. Geralmente as componentes de 2ª. e 4ª.
harmônicas são utilizadas para restringir ou bloquear a atuação da função diferencial nos
ciclos iniciais da magnetização transitória.

Restrição por harmônica: a corrente harmônica, filtrada, pode ser parametrizada para
contribuir para a restrição, reforçando a corrente mostrada no eixo horizontal da figura 2.03
anterior (princípio percentual).

Bloqueio por harmônica: a corrente harmônica, filtrada é detectada a partir de certo valor
ajustado. Na detecção, a proteção pode ser parametrizada para bloquear a atuação da
proteção diferencial percentual naquela fase. Há opção também para “bloqueio cruzado”,
isto é, a detecção de harmônica em uma fase pode ser utilizada para bloquear todas as
fases, durante a existência dessa harmônica acima do limite ajustado.

As proteções 7UT51 e 7UT61 possuem filtros de harmônicas para detecção de 2ª.


harmônica para o processo de bloqueio, havendo condição também de se efetuar
“bloqueio cruzado” se assim desejado.

2.1.6 Sobrefluxo no núcleo do transformador devido a sobretensão

Quando, por motivos operacionais, um transformador de potência é submetido a uma


sobretensão, haverá saturação do seu núcleo e a corrente de magnetização (elevada) terá
primordialmente correntes de 3ª. e 5ª. Harmônicas.

Há relés digitais que possuem filtros de 5ª. Harmônica, com possibilidade de uso dessa
corrente para alarme ou bloqueio. Os relés 7UT51 e 7UT61 permitem optar entre a 3ª. e a
5ª. Harmônica.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 25 de 100


2.1.7 Configurações de Barras e Alternativas de uso de TC’s

As configurações mais freqüentes para proteção diferencial de transformadores são


mostradas nas figuras a seguir:

87T

Relé de 02 entradas de corrente

87T

Relé de 02 TC auxiliar externo ou


entradas de TC auxiliar “digital”
corrente incorporado

Figura 2.11 – Transformador de Dois Enrolamentos

Observe a conexão estrela aterrada para os TC’s do lado de Delta e conexão delta do lado
de estrela aterrada do Transformador de Potência. Para relés convencionais, a
necessidade ou não de TC’s auxiliares dependerá das relações de transformação dos TC’s
principais.

Para relés eletromecânicos esses TC’s auxiliares externos são sempre necessários. Para
relés digitais, essa função é feita digitalmente, com a vantagem de reduzir erro de relação
de transformação do dispositivo físico.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 26 de 100


87T

Relé de 03 entradas
de corrente

Figura 2.12 – Transformador de Três Enrolamentos

Observa-se que neste caso a proteção diferencial deve possuir três entradas de corrente.
A soma das três correntes é que permitirá a verificação de existência de corrente
diferencial (curto-circuito dentro da área de proteção). TC’s auxiliares não são indicados
para uma clareza conceitual maior para a figura.

O exemplo a seguir mostra um transformador Estrela / Triângulo alimentando um sistema


cujo aterramento é feito por transformador Zig-Zag. A proteção diferencial, neste caso,
engloba o transformador de aterramento:

0o 30o

Bloqueia Bloqueia
sequência Zero sequência Zero
TR Aterramento
Zig-Zag

0o
30o
87T
Relé de 02
Corrige Defasamento
entradas de 30o
corrente (TC Aux externo ou digital embutido
na proteção)

Figura 2.13 – Transformador Abaixador com TR de Aterramento do lado da BT.

O exemplo a seguir mostra um caso de uso de TC’s em paralelo para uma configuração de
barras do tipo “disjuntor e meio”:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 27 de 100


87T

Relé de 03 entradas
de corrente

Figura 2.14 – Transformador de Três Enrolamentos em configuração disjuntor e meio

Verifica-se neste caso que há soma de correntes do lado do esquema “disjuntor e meio”
através da conexão em paralelo dos lados secundários dos TC’s do vão. A conexão de TC’s
em paralelo para barras “disjuntor e meio” ou em “anel” é uma prática muito comum.

Por outro lado, quando a proteção diferencial possui mais entradas para corrente, pode-se
fazer como na figura a seguir:

87T

Relé de 04 entradas
de corrente

Figura 2.15 – Transformador de Três Enrolamentos com relé de 4 entradas de corrente.

Relés de proteção de transformadores, com função diferencial associadas a 04 entradas


de corrente começaram a surgir recentemente. Alguns usuários especificam entradas de
corrente separadas para os dois TC’s do lado do disjuntor e meio, pois preferem não usar
TC’s em paralelo.

Deve-se mencionar, entretanto, que a prática de conectar TC’s em paralelo pelo lado
secundário é uma prática difundida em todo o mundo. Não se tem registrado, na prática,
dificuldades quanto a este aspecto. Recomenda-se que os TC’s em paralelo tenham
características iguais ou semelhantes.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 28 de 100


2.1.8 Diretrizes de Ajustes para Proteção Diferencial de Transformador

Ajustes Básicos

Numa proteção diferencial percentual, os seguintes ajustes básicos devem ser


implementados pelo usuário:

• A corrente diferencial mínima de atuação.

o Trata-se da sensibilidade da proteção, para corrente diferencial, em ampères ou


múltiplo da corrente nominal da proteção.

o Devem ser levadas em consideração:

- Diferenças resultantes de relações de transformação de TC’s e TC’s


auxiliares, caso não compensados exatamente.
- Erros de precisão de TC’s em correntes normais de operação do
transformador (excitação).
- Diferença introduzida pelo comutador de taps do transformador, em sua
posição extrema de operação com relação ao tap médio.

o Geralmente se ajusta para um valor superior a 10% da corrente nominal do


transformador protegido, para relés digitais com fatores de correção digitais.

o Para proteções que utilizam TC’s auxiliares externos, este ajuste deve ser maior.

• A inclinação da característica percentual (“slope”).

o Trata-se do valor percentual da corrente diferencial em função da corrente de


restrição, acima do qual há operação do relé ou da função.

o Devem ser levadas em consideração:

- Para proteções eletromecânicas ou estáticas, considerar os erros de relação


de TC’s e TC’s auxiliares, equipamentos esses que nunca acomodam
exatamente as correntes comparadas.

- Erros de precisão de TC’s para altas correntes (que pode chegar a 10% ,
para cada conjunto de TC’s e TC’s auxiliares externos, dependendo da
especificação dos TC’s aplicados. Ver classe de precisão dos TC’s).

- Diferença introduzida pelo comutador de taps do transformador, na sua


posição extrema com relação ao tap central.

- Saturação de TC’s para condições extremas de corrente, o que depende das


características dos TC’s empregados e o nível de curto-circuito no local.
Assim sendo, nem sempre esse fator precisa ser levado em consideração, ou
eventualmente, pode ser ajustado para uma condição com pequena

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 29 de 100


saturação. Para relés digitais, há fórmulas na documentação técnica da
proteção que permitem estimar a possibilidade de saturação.

NOTA: As proteções 7UT51 e 7UT61 possuem circuitos detectores de


saturação que alteram dinamicamente a característica percentual, fazendo
com que haja estabilidade da proteção mesmo com saturação de TC.

o Para proteções eletromecânicas ou estáticas do passado, a inclinação


(percentual) ajustada é, geralmente, única para toda faixa de correntes superior à
corrente mínima diferencial. Em transformadores ou bancos de transformadores
ou autotransformadores de transmissão, um ajuste na faixa de 40 a 50% tem sido
satisfatório.

o Para modernos relés digitais, há possibilidade de ajuste percentual menor para


uma faixa inferior e um ajuste percentual maior para faixas de corrente
superiores. Para o slope 1 (faixa inferior), um ajuste entre 20 e 30% tem sido
executado. Para o slope 2 (faixa superior), um ajuste entre 30 e 50% tem sido
executado.

Aspectos a Considerar

o Relações de TC’s Auxiliares ou Fatores de Compensação

Proteções Eletromecânicas ou Estáticas


Para essas proteções podem existir TC’s auxiliares para acomodar as correntes
secundárias dos lados de AT e/ou BT (módulo e ângulo) no sentido de torná-las
aproximadamente iguais para o relé, na relação de transformação nominal (tap
central do comutador de taps). Mesmo assim podem subsistir erros percentuais
relativos entre essas correntes.

Relações: Escolher relações e conexões de TC’s auxiliares para que se tenha


correção de módulos e ângulos das correntes secundárias provenientes dos TC’s
principais, visando torná-los iguais (na medida do possível) para o relé.

Nota: Atentar para as conexões (delta – estrela ou estrela – delta ou estrela –


estrela) que dependem das conexões do transformador protegido.

Proteções Numéricas Digitais


Em algumas dessas proteções existem recursos que aplicam fatores de correção
(“TC’s digitais”) para a acomodação das correntes secundárias dos lados de AT
e/ou BT (módulo e ângulo) no sentido de torná-las iguais para o relé (mesma
base), na relação de transformação nominal (tap central do comutador de taps).
Geralmente, o erro percentual que subsiste é pequeno.

Outras efetuam automaticamente a correção de módulos e ângulos, uma vez


informados os dados da instalação (TC’s, conexões, relações, etc.). As proteções
7UT51 e 7UT61 se enquadram neste caso.

Relações: Escolher relações e conexões “digitais” (recurso que depende do


modelo da proteção) para que se tenha correção de módulos e ângulos das

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 30 de 100


correntes secundárias provenientes dos TC’s principais, visando torná-los iguais
para o relé.

o Erros introduzidos pelas relações escolhidas de TC’s + TC’s auxiliares (ou Fatores
de Correção) e pelo Comutador de Taps do transformador

Pode-se esperar um erro da ordem de 10% da corrente nominal do transformador.

o Erros de Precisão de TC’s

Considerar os seguintes critérios para estimativa de erro de precisão de TC’s de


proteção:

Para o Conjunto de TC’s de cada Lado do Transformador

Faixa de Sem TC’s Auxiliares (físicos) Com TC’s Auxiliares (físicos)


Corrente
Condição de
10% 20%
Curto-Circuito.
mesmo para 2 TC’s em paralelo mesmo para 2 TC’s em paralelo
Superior à 3 x I
no esquema disjuntor e meio no esquema disjuntor e meio
Nominal do TC
2% 4%
Em torno da
Nominal do TC mesmo para 2 TC’s em paralelo mesmo para 2 TC’s em paralelo
no esquema disjuntor e meio no esquema disjuntor e meio

Outros Ajustes

• Bloqueio ou Restrição para Corrente de Magnetização Transitória.

Trata-se do valor percentual de uma corrente harmônica (2ª. ou 4ª. ) que caracterize a
existência da magnetização transitória para a proteção. Nos relés 7UT a segunda
harmônica é utilizada no caso de transformadores.

• Bloqueio para Corrente de Magnetização por Sobrefluxo.

Trata-se do valor percentual de uma corrente harmônica (3ª. ou 5ª.) que caracterize a
existência de sobrefluxo no núcleo, com chance de atuação errônea da proteção.

• Alarme ou Trip para Condição de Sobre-Fluxo.

Trata-se do valor percentual de uma corrente harmônica (5ª.) ou valor de V/Hz (função
24), que caracterize a existência de sobrefluxo devido a sobretensão.

2.1.9 Proteção de Reator “Shunt” - Conexões

Para reator não há transformação de nível de tensão e a corrente que flui nos dois lados
do equipamento protegido é a mesma (lado da linha e lado do neutro). Assim sendo não

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 31 de 100


há dificuldades como aqueles mencionados para o caso de transformador, como a
adequação de defasamentos ou correção de módulos e bloqueio de seqüência zero.

Utiliza-se TC’s de mesma relação em ambos os lados, de preferência, com conexão


estrela aterrada. Conseqüentemente, não há, em geral, necessidade de TC’s auxiliares.

LT
Reator “Shunt”

87R

Relé de 02 entradas
de corrente

Figura 2.16– Proteção Diferencial de Reator Shunt com TC’s de ambos os lados.

O diagrama trifilar para o esquema acima está mostrado a seguir:

TC's Lado AT Reator Shunt TC's Lado Neutro

Carga Normal -
Proteção
Estável

87C 87B 87A

Figura 2.17– Esquema Trifilar para Proteção Diferencial de Reator Shunt com TC’s de ambos os lados.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 32 de 100


Para o esquema acima, com TC’s em cada fase do lado do neutro, pode-se utilizar:

- Proteção Diferencial Percentual


- Proteção Diferencial de Alta Impedância para cada fase.

Não há preocupação maior quanto à corrente de magnetização transitória pois ambos os


TC’s medem a mesma corrente em cada fase. Entretanto, usa-se geralmente relé com os
recursos que detectam harmônicas de ordem par quanto da energização do reator,
dependendo da configuração dos TC’s.

Também quanto à saturação de TC, não há possibilidade de saturação para curto-circuito


externo. Haveria possibilidade de saturação para curto na bucha de Alta Tensão do reator
ou no trecho entre o reator e o TC da alta tensão, com elevadas correntes. Mas, neste
caso, a possibilidade de haver, ainda corrente diferencial é grande (outro TC), ampla
possibilidade de atuação da proteção (curto interno).

Assim sendo, a escolha de proteção (percentual ou de alta impedância) passa ser mais
uma questão econômica que estritamente técnica.

Pode ocorrer caso onde, do lado do neutro, existe apenas TC de neutro, como mostrado
na figura a seguir:

LT
Reator “Shunt”

87R

Para faltas à terra

Figura 2.18– Proteção Diferencial de Reator Shunt com TC de neutro.

Esta proteção é específica para faltas à terra, no reator ou na área delimitada pelos TC’s.
Este esquema é muito utilizado, considerando que a probabilidade para faltas entre fases
(sem terra) é muito baixa. É a chamada proteção de terra restrita. O esquema trifilar
correspondente é mostrado na figura a seguir (uma das alternativas possíveis, mas
depende do tipo da proteção empregada – ver documentação da proteção):

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 33 de 100


TC's Lado AT Reator Shunt TC de Neutro

Curto Externo
-
Proteção
Estável

87R

Figura 2.19– Esquema Trifilar de Proteção Diferencial de Reator Shunt com TC de neutro.

2.1.10 Diretrizes de Ajustes para proteção diferencial de Reator “Shunt”

Corrente Diferencial Mínima

Há baixo erro em condição normal de operação. A corrente diferencial mínima de atuação


é ajustada bem sensível. No reator não há “tap changer”.

• Geralmente um ajuste da ordem de 10% da corrente nominal do TC, dependendo


também da corrente nominal do reator protegido, tem sido adequado para proteção
digital microprocessada.

Inclinação da Característica Percentual

Para condição de curto circuito (altas correntes), o erro de TC pode chegar até a 10% para
cada conjunto de TC’s ou TC’s auxiliares. Isso deve ser levado em consideração para a
inclinação da característica percentual.

• Para proteções eletromecânicas ou estáticas do passado, a inclinação (percentual)


ajustada é, geralmente, única para toda faixa de correntes superior à corrente mínima
diferencial. Em transformadores ou bancos de transformadores ou
autotransformadores de transmissão, um ajuste na faixa de 20 a 25% tem sido
satisfatório.

• Para modernos relés digitais, há possibilidade de ajuste percentual menor para uma
faixa inferior e um ajuste percentual maior para faixas de corrente superiores. Para o
slope 1 (faixa inferior), um ajuste entre 10 e 20% tem sido executado. Para o slope 2
(faixa superior), um ajuste entre 20 e 25% tem sido executado.

Entretanto, como o erro de TC (corrente alta para o TC) ocorre geralmente para curto-
circuito interno à área protegida, esse erro não traz grandes preocupações, havendo
grande flexibilidade para um ajuste mais sensível.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 34 de 100


2.2 FUNÇÃO TERRA RESTRITA

2.2.1 Finalidade e Enfoque

Uma proteção diferencial para detecção de curtos-circuitos à terra na área protegida, que
mede apenas as correntes residuais ou de neutro dos circuitos dos TC’s (correspondentes
às correntes de terra), referentes a um enrolamento (estrela aterrada) de transformador,
chama-se Proteção Diferencial Restrita de Terra (“REF – Restricted Earth Fault”).

É utilizado, geralmente, quando se deseja maior sensibilidade para curtos à terra no


enrolamento, como uma proteção adicional à proteção diferencial para todos os tipos de
curto-circuito

Modernas proteções diferenciais de tecnologia digital apresentam, quase sempre,


elementos REF para proteção de enrolamentos do tipo estrela-aterrada de
transformadores de potência, que podem ser utilizadas ou não a critério do usuário. Deve-
ser observar que o uso dessa função exige TC’s no lado do neutro do enrolamento estrela
aterrada, ou um TC no próprio neutro (aterramento). As proteções 7UT51 e 7UT61
apresentam entradas de corrente (I7) que permitem efetuar a função REF.

2.2.2 Conexões e Polaridades

Geralmente é aplicada a um enrolamento de transformador, desde que seja enrolamento


estrela – aterrada. A figura a seguir mostra um caso típico para um transformador triângulo
/ estrela:

Tranformador de Potência TC's Lado B

a
a

b b

c c

TC Neutro
87
REF

Figura 2.20– Proteção Terra Restrita (REF) típica – Tecnologia convencional

O esquema acima mostra um caso tradicional de relé eletromecânico ou estático. Para


relés digitais, podem existir as seguintes alternativas:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 35 de 100


Tranformador de Potência TC's Lado B

a
a

b b

c c

TC Neutro

REF

Figura 2.21– Proteção Terra Restrita (REF) – Conexão para relé digital 1

Em alguns relés, a somatória das correntes dos TC’s para se obter a corrente residual se
faz digitalmente, como na figura a seguir:

Tranformador de Potência TC's Lado B

a
a

b b

c c

TC Neutro

REF

Figura 2.22– Proteção Terra Restrita (REF) – Conexão para relé digital 2

Podem ser aplicadas a autotransformador, devendo-se tomar o cuidado de somar todas as


correntes de terra referentes ao conjunto de enrolamentos supervisionado (considerado
como um nó de Kirschoff). A figura a seguir ilustra o mencionado:

Auto-Tranformador

REF

Figura 2.23– Proteção Terra Restrita (REF) Convencional – Conexão para Autotransformador

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 36 de 100


Para um transformador com transformador de aterramento Zig-Zag, também pode-se
configurar uma proteção REF, englobando o Zig-Zag, como mostrado na figura a seguir:

i0

i0

i0

Secundário i0 i0 i0
TR Abaixador
- Triângulo

3i0

87N

3i0

c
TR Zig-Zag
de
Aterramento
a

c
3i0
i0

Figura 2.24– Proteção Terra Restrita (REF) – Envolvendo transformador de aterramento

Para as proteções Siemens 7UT51 e 7UT61, os seguintes esquemas de conexão para a


função REF, entre outras, podem ser feitas:

Figura 2.25– Proteção Terra Restrita (REF) para enrolamento estrela aterrada nos relés da série 7UT
(entrada I7)

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 37 de 100


Figura 2.26 – Proteção Terra Restrita (REF) para Autotransformador nos relés da série 7UT (entrada I7)

2.2.3 Princípios Utilizados

Dependendo do modelo e fabricante da proteção, diversos métodos existem para a


determinação da localização da falta, se dentro ou fora da área protegida.

Princípio de Alta Impedância

Neste método, a corrente diferencial resultante do circuito de terra é medida através de


uma proteção de alta impedância. As figuras 2.24 e 2.27 ilustram o mencionado, desde
que “REF” seja circuito de alta impedância.

Princípio Direcional associado a princípio percentual e supervisão de ângulo

Este princípio é implementado nas proteções 7UT51 e 7UT61 da Siemens. A corrente de


neutro, no fechamento da estrela, é medida como corrente de polarização (referência). A
determinação da localização da falta é feita através de composição de correntes, onde
basicamente se determina a direção de uma corrente composta através de um algoritmo
(determinação principalmente do ângulo entre essas correntes).
Associado a esse aspecto, para diminuir a possibilidade de falsa atuação por erro nos
TC’s, há restrição pela somatória dos módulos das correntes envolvidas. Assim, quanto
maior a somatória dessas correntes, maior a corrente de neutro necessária para atuação
(princípio percentual).
Ainda para garantir a correta atuação da proteção mesmo com saturação de TC, há
algoritmo específico para manter a sensibilidade da proteção para uma faixa ampla de
ângulo entre a corrente de polarização e a corrente direcional (quando há saturação de

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 38 de 100


TC’s, os ângulos das correntes comparadas podem ser diferentes de 0 graus para curto
interno ou 180 graus para curto externo).
Ainda pode haver caso onde há corrente apenas no neutro, não havendo corrente dos
TC’s de linha – trata-se do caso típico de curto-circuito no enrolamento, sem fonte
conectada nos terminais de linha do enrolamento protegido. Neste caso, há atuação direta
da proteção (seletividade inerente).

Figura 2.27– Proteção REF nos relés 7UT61. Característica de trip dependente do ângulo entre as
correntes de Neutro e Residual de TC’s. Curto externo 180 graus.

2.2.4 Diretrizes de Ajustes para Proteção Terra Restrita

Princípio de Alta Impedância

As diretrizes e critérios utilizados são aqueles válidos para a proteção de alta impedância
de qualquer componente do sistema (barra, reator, transformador). Isto é, considera-se um
TC totalmente saturado e se calcula a tensão através do conjunto (relé + resistência
ajustável).

Geralmente o relé do circuito de alta impedância é ajustado para atuar com valor igual ou
superior ao dobro da situação com um TC totalmente saturado.

Princípio Direcional

Corrente Mínima de Neutro: existe sempre uma corrente mínima para a corrente de
polarização (corrente do neutro), para acomodar erros (desbalanços) em condição normal
de operação e erro de precisão de TC (que é baixo em corrente nominal). Este ajuste é
importante, pois a proteção permite disparo quando há corrente de polarização superior ao
ajustado, sem corrente residual composta nos TC’s de linha. O ajuste deve permitir
desbalanço normal esperado, porém com sensibilidade ainda para detectar curtos à terra

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 39 de 100


no enrolamento. Evidentemente, esse ajuste deverá ser sempre superior ao desbalanço
esperado, com margem de segurança.

NOTA 1: Desbalanços maiores ocorrem em transformadores em subestações de


distribuição, que suprem alimentadores da rede primária de distribuição. Dependendo da
instalação e configuração das cargas na rede de distribuição, o desbalanço pode chegar a
25% da corrente de carga do transformador. Entretanto, essa corrente deve ser medida
caso a caso, em condição de carga pesada no transformador.

NOTA 2: Desbalanço em transformador de interligação de sistemas de transmissão pode


ocorrer quando de problema no seu Comutador de “Taps”, com uma das fases
permanecendo tap diferente dos taps das duas outras fases do banco. Neste caso, pode
haver corrente de seqüência zero no neutro de enrolamento em estrela aterrada. O
desbalanço poderia chegar, por exemplo, a 15% da corrente de carga no banco para uma
posição deslocada de tap.

Elemento Direcional: Dependendo do fabricante e modelo da proteção, pode haver


alguns ajustes associados ao princípio de medição, principalmente no sentido de garantir
estabilidade para erro e saturação em TC’s – ver documentação da proteção.

Temporização: alguns modelos de relés permitem temporizar o disparo da proteção REF.


Geralmente se ajusta operação dessa função sem temporização intencional ou com tempo
muito baixo.

2.3 FUNÇÃO DE CORRENTE DE FUGA PARA TANQUE ISOLADO

2.3.1 Finalidade e Enfoque

Em algumas filosofias adotadas principalmente na Europa, não se utiliza proteção


diferencial e se utiliza uma proteção de Terra do tanque do transformador, isolado do
potencial da terra.

Tanque

Aterramento

64
Isolação
(51N)

Figura 2.28 – Proteção Terra para Tanque de Transformador

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 40 de 100


A finalidade da proteção é detectar curtos-circuitos à terra (carcaça) no transformador, em
sistema solidamente aterrado.

Parte-se do princípio que a probabilidade de ocorrência de curto-circuito sem terra (entre


fases, sem envolver o tanque) é baixa. Assim sendo, providencia-se proteção, como
mostrado na figura anterior, apenas para faltas à terra.

Uma vantagem é a economia de TC’s e relés de proteção (diferencial, por exemplo). Uma
desvantagem é a ausência de proteção local para faltas sem terra.

2.3.2 Conexões

Utiliza-se apenas 01 TC conectado conforme mostrado na figura anterior, na cordoalha de


aterramento do tanque isolado.

A proteção pode ser um simples relé de sobrecorrente. O relé 7UT612 permite o uso de
uma entrada de corrente (I8, a mesma utilizada para proteção de alta impedância) para
essa finalidade.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 41 de 100


2.4 FUNÇÃO DE SOBRECORRENTE

2.4.1 Finalidade e Enfoque

A função sobrecorrente, como o próprio nome diz, serve para detectar níveis de corrente
acima de limites estabelecidos e acionar providências para desconectar o componente
protegido. Assim, tal função serve para detectar condições de curto-circuito onde, quase
sempre, uma corrente de fase é sensivelmente maior do que a corrente de carga.

Há dois tipos de corrente a detectar:

− Correntes de fase superiores a correntes de carga, decorrentes de curtos-circuitos.


− Correntes de terra decorrentes de curtos-circuitos a terra.

Para correntes de fase, utiliza-se Função de Sobrecorrente de Fase (50/51F ou 50/51P).


Para correntes de terra, utiliza-se Função de Sobrecorrente de Terra (50/51N ou 50/51G ou
50/51E).

Para correntes de carga, não deve ocorrer atuação desta função. Isto é, a função de
sobrecorrente não é para detectar condição de sobrecarga em transformador.

Funções de Sobrecorrente podem ser individuais, em relés específicos, ou incorporadas


em outros conjuntos de proteção.

2.4.2 Relés de Sobrecorrente e Características

São dispositivos ligados no lado secundário dos transformadores de corrente, e portanto


são acionados por correntes proporcionais àquelas primárias (no circuito ou equipamento
protegido), concebidos e construídos para exercer a função sobrecorrente. Atuam sobre
disjuntores ou religadores que, por sua vez, isolam o circuito defeituoso.

Características de Tempo

Quanto às características tempo x corrente, estes relés podem ser classificados em relés
Instantâneos (Função 50) e relés Temporizados (Função 51). Os relés temporizados
podem ser classificados conforme sua característica tempo x corrente:

• Relés de Tempo Definido


• Relés de Tempo Inverso
− Normalmente Inverso
− Muito Inverso
− Extremamente Inverso

O relé instantâneo é assim denominado porque não introduz temporização intencional


quando se atinge o limite de corrente ajustado. A sua atuação é efetuada com
temporização inerente, que depende da tecnologia e da construção do relé.

Os relés temporizados apresentam características conforme mostradas a seguir:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 42 de 100


Tempo
Tempo
Normalmente
Definido
Inverso
t
Ajustado Inverso

Extremamente
Inverso

Ajuste de x IPickup Ajuste de x IPickup


Corrente Corrente

Figura 2.29 – Característica de Tempo para Funções de Sobrecorrente

No relé de tempo definido, para qualquer corrente de curto-circuito acima do valor de


ajuste, há atuação com um tempo definido (ajustável). Nos demais, existe a relação
inversa entre a corrente e o tempo.

Normalmente um relé de tempo inverso (ou muito inverso, ou extremamente inverso)


apresenta várias curvas, de mesma característica, escalonadas no tempo, sendo que uma
das quais pode ser escolhida quando do ajuste da proteção através da “Alavanca de
Tempo” (“Time Lever”) ou “Dial de Tempo”:
Tempo

Por exemplo,
para curva
“Normalmente
Inversa”:

Etc.

3 Time
Lever
2
1

1x x IPickup

Figura 2.30 – Ajuste do Tempo em Relé de Tempo Inverso

Função ou Elemento Instantâneo

Para relé de tempo inverso, pode-se ajustar também um valor para o chamado “elemento
instantâneo” (Relé ou Função 50). Isto é, a partir de um dado valor de corrente (expresso
em múltiplo da corrente nominal do relé), a proteção passa a atuar instantaneamente e não
mais de acordo com sua curva característica. A figura a seguir ilustra o mencionado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 43 de 100


Tempo
Time
Lever
3

x IPickup
Ajuste de Ajuste do
Corrente Elemento
Instantâneo

Figura 2.31 – Ajuste do Elemento Instantâneo

Para relés eletromecânicos e grande parte dos estáticos, todas estas características eram
definidas quando da especificação da proteção e procurava-se acomodar situações onde
se desejava estabelecer uma adequada coordenação entre proteções do Sistema Elétrico,
dependendo de cada aplicação e componente protegido. E quando de ajustes era
necessário utilizar as curvas desenhadas em papel logarítmico.

2.4.3 Funções de Sobrecorrente em Relés Digitais

As funções de sobrecorrente nos modernos relés digitais de tecnologia microprocessada


há uma flexibilidade bem maior. É possível escolher um tipo de curva (“inclinação”) dentre
muito normalizados (norma IEC ou IEEE / ANSI) e aplicando fórmula para determinação do
tempo de atuação.

A fórmula normalizada e aplicada para as funções de sobrecorrente em relés digitais é a


seguinte:

 
 
 K 
t = T . α
+ L
 I  
   − 1 
  IS  

T= Múltiplo de Tempo (equivalente ao “Time Lever” da proteção eletromecânica).


K= Coeficiente (vide tabela a seguir).
I = Corrente no Relé.
IS = Corrente de Atuação Ajustada para a Função.
α= Coeficiente (vide tabela a seguir).
L= Coeficiente (vide tabela a seguir).

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 44 de 100


Tipo de Curva Norma K α L

Standard Inverse 0,14 0,02 0


Very Inverse 13,5 1 0
IEC
Extremely Inverse 80 2 0
Long Inverse 120 1 0
Moderately Inverse IEEE / ANSI 0,0515 2 0,18
Very Inverse 19,61 2 0,491
Extremely Inverse 28,2 2 0,1215

Ou há a fórmula seguinte:

 
 
 K 
t = T . α
+ L
 I  
   − 1 
I
 S  

Tipo de Curva Norma K α L

Inverse 8,9341 2,0938 0,17966


Short Inverse 0,2663 1,2969 0,03393
Long Inverse 5,6143 1 2,18592
Moderately Inverse IEEE / ANSI 0,0103 0,02 0,0228
Very Inverse 3,922 2 0,0982
Extremely Inverse 5,64 2 0,02434
Definite Inverse 0,4797 1,5625 0,21359

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 45 de 100


Exemplo de Características da Norma IEC

Figura 2.32 – Curvas IEC de Característica Normalmente Inversa

2.4.4 Conexão dos TC’s – Proteção Convencional

A conexão da proteção aos Transformadores de Corrente para relés individuais é


mostrada na figura a seguir:
Disjuntor(es) IA
Fase A

TC
IB
Fase B

TC
IC
Fase C

TC

iA iB iC

50/51 50/51 50/51


A B C

Circuito
Residual
50/51
N

I Residual = IA + IB + IC

Figura 2.33 – Conexão de Relés de Sobrecorrente (3 de fase e 1 de terra)

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 46 de 100


Onde,
IA, IB e IC – Correntes primárias.

iA,iIB e iC – Correntes secundárias.

50/51 A, B e C - Elemento Instantâneo (50) / Elemento Temporizado (51) das Funções de


Sobrecorrente das fases A, B e C respectivamente.

50/51N – Elemento Instantâneo (50) / Elemento Temporizado (51) da Função de


Sobrecorrente de Terra.

TC - Transformador de Corrente.

A relação entre a corrente primária (I) e a corrente secundária (i) em cada fase
corresponde à relação de transformação do TC. Por exemplo, para um TC de 300/5
Ampères, a relação é de 60 para 1. A corrente secundária mais baixa que a primária.

Os relés são ajustados para a corrente secundária (i), levando-se em conta a corrente do
lado primário (I).

A simbologia 50 ou 51 corresponde à antiga norma ASA (Americana), atual IEEE / ANSI.

Para funções de fase, a sensibilidade da proteção é limitada pela carga no circuito


protegido. Para função de terra, a limitação é a relação de transformação dos TC’s
utilizados, isto é, quanto maior a relação de transformação, menor será a sensibilidade da
função.

2.4.5 Conexão dos TC’s – Proteção Digital

Numa proteção digital, a conexão é feita de modo semelhante, porém as funções das
fases A, B e C e a função de Terra são executadas digitalmente após a conversão A/D:
Disjuntor(es)
TC Fase A

TC
Fase B

TC Fase C

Circuito
Residual

I Residual = IA + IB + IC

Proteção Digital
Com Funções de
Sobrecorrente
50/51 Fases
50/51 Terra.

Figura 2.34 – Conexão de Proteção Digital de Sobrecorrente. Opção 1.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 47 de 100


Observa-se que há digitalização das correntes de fase e também do circuito residual. Uma
alternativa seria a digitalização apenas das correntes de fase (3) e a corrente residual seria
calculada, como mostra a figura a seguir.
Disjuntor(es)
TC Fase A

TC
Fase B

TC Fase C

Circuito
Residual

Proteção Digital

Funções 50/51 Fases e


50/51 Terra

Mede IA, IB e IC
Calcula I Residual

I Residual = IA + IB + IC

Figura 2.35 – Conexão de Proteção Digital de Sobrecorrente. Opção 2.

2.4.6 TC de Neutro – Corrente de Terra no Neutro

Um TC de neutro de neutro de equipamento mede diretamente a corrente de terra que


passa pelo neutro como mostra a figura a seguir.

Fase A

Relé de Neutro
com Função de
Sobrecorrente Fase B
50/51
TC
N

Fase C

I NEUTRO = IA + IB + IC

Figura 2.36 – Conexão de Proteção de Sobrecorrente de Neutro

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 48 de 100


2.4.7 Condições de Atuação para a Função de Sobrecorrente

Condição Normal de Operação

Em condição normal, as correntes das três fases são equilibradas entre si. Nessas
condições, não há corrente no circuito residual ou em neutro de equipamento. E também,
as correntes secundárias (i) devem estar aquém da sensibilidade mínima da proteção de
sobrecorrente (“Pick-up” mínimo ajustável) e os relés permanecem sem atuação.

Condição de Curto Circuito Trifásico

Neste caso as correntes IA, IB e IC, apesar de equilibradas entre si, são elevadas.
Geralmente muito maiores que na condição de carga normal. E as correntes secundárias
(i) atuam os relés instalados nas fases ou as funções de fase. Não há corrente no circuito
residual, portanto não há atuação do relé ou da função 50/51N.

Condição de Curto-Circuito Fase-Terra

Neste caso, haverá aparecimento de corrente elevada de curto circuito apenas em uma
fase. Por exemplo, (IA). Proporcionalmente a correspondente corrente secundária (ia) será
elevada. Devido ao desequilíbrio à terra, o retorno da corrente (ia) se dará pelo circuito
residual (in). Nestas condições, há condição de atuação das funções 50/51A e 50/51N,
dependendo dos seus ajustes.

Uma atuação da função 50/51N indica que houve desequilíbrio envolvendo terra (curto à
terra). Dai sua denominação “Relé de Terra”.

IA Fase A

TC

Fase B

TC

Fase C

TC

iA
Curto-circuito
da Fase A à
Terra
50/51 50/51 50/51
A B C

50/51
I Residual = IA + IB + IC N

Figura 2.37 – Condição de Curto-Circuito da Fase A à Terra

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 49 de 100


2.4.8 Sensibilidade das Funções de Sobrecorrente de Fase e de Terra

A função de sobrecorrente de fase não pode ser ajustada para correntes próximas à
corrente de carga máxima prevista no equipamento ou circuito protegido. Assim, sua
sensibilidade é limitada pela carga.

Por outro lado, como em condições normais de operação em um sistema trifásico


equilibrado não há corrente pelo circuito residual dos TC´s, a função de sobrecorrente de
terra pode ser ajustada bem sensível. Isto é, quando há corrente no circuito residual, isto
significa que há curto-circuito à terra. Normalmente ajustam-se esses relés de terra na
máxima sensibilidade. A seletividade se obtém ajustando adequadamente seu tempo de
atuação.

2.4.9 Diretrizes de Ajustes para Transformadores de Potência em Derivação

Sobrecorrente de fase do lado de Alta Tensão

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos entre fases nos alimentadores


supridos por este transformador e proteção de retaguarda para curtos-circuitos internos
quando da eventual falha da proteção diferencial. A proteção de sobrecorrente NÃO é para
detectar condição de sobrecarga no transformador.

Valor de “Pick-up”

Trata-se da corrente a partir da qual inicia-se a atuação, isto é, a contagem de


tempo. É expressa em Ampère ou em múltiplo da corrente nominal da proteção.

Seu valor deve ser igual ou superior a 50% acima da corrente nominal de carga do
Transformador protegido, com ventilação forçada. Isso é necessário para permitir
flexibilidade de operação do transformador, podendo muitas vezes operar com valor
superior à carga nominal. Trata-se de um critério empírico, amplamente utilizado
nas concessionárias de serviços de energia elétrica.

Característica de Tempo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI /


IEEE ou IEC ou ainda emulação de relés convencionais), sua inclinação e seu fator
de tempo (“dial de tempo”) com base na seguinte condição:

• A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,7 s para a maior
corrente de fase que pode ocorrer em condição de curto-circuito no lado da
Baixa Tensão do transformador, seja do tipo Trifásico ou Fase-Terra.

Esse tempo pode ser menor ou maior, dependendo do critério adotado


tradicionalmente pela empresa, porém nunca deve ser inferior a 0,5 s, para que
possa haver coordenação com a proteção das saídas dos circuitos alimentadores
que são supridos pelo transformador.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 50 de 100


transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Fase de relés eletromecânicos ou estáticos


convencionais

• Em geral não se utiliza ou se bloqueia o elemento instantâneo, para evitar


qualquer possibilidade de atuação para corrente de magnetização transitória.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Fase de relés digitais, com filtros que eliminam
harmônicas de ordem par e atenuam componente DC (deslocamento de eixo):

Essa função, nos relés digitais, é implementada através das funções de


sobrecorrente de tempo definido, com ajuste de tempo igual a zero.

Os relés digitais que possuem filtros ou recursos adequados para que tenham
menos sensibilidade para corrente de magnetização transitória, podem ter
elementos instantâneos ajustados. Seu ajuste de atuação (“Pick-up”), em múltiplo
da corrente nominal da proteção ou em Ampères, deve obedecer aos seguintes
critérios:

• Deve ser superior à maior corrente de fase que pode ocorrer em condição de
curto-circuito no lado da Baixa Tensão do transformador, seja do tipo Trifásico
ou Fase-Terra, com margem de segurança de pelo menos 100%.

• Deve ser superior a pelo menos 3 ou 4 x a corrente nominal do Transformador


protegido, para prevenir atuação para corrente de magnetização transitória,
mesmo que o relé seja digital.

• Deve ter sensibilidade para detectar curto-circuito no lado da AT do


transformador (bucha), com margem de segurança limitada pelo primeiro critério
acima.

Deve-se notar que a atuação instantânea dessa função de sobrecorrente não é


determinante ou obrigatória, uma vez que a proteção é de retaguarda. Seu bloqueio
tem sido uma diretriz bastante comum entre as concessionárias, o que pode estar
mudando com o advento das proteções digitais com algoritmos de filtragem de
harmônicas e de componente DC da corrente de magnetização transitória.

Sobrecorrente de terra do lado de Alta Tensão

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos à terra nos alimentadores


supridos por este transformador (estrela aterrada / estrela aterrada / terciário em triângulo
para circulação de seqüência zero) e proteção de retaguarda para curtos circuitos internos,
à terra, quando da eventual falha da proteção diferencial.

Se o transformador tem conexão triângulo no lado da AT, essa proteção tem a única e
exclusiva finalidade de servir como retaguarda para curtos-circuitos a terra nesse
enrolamento da AT, não detectando curtos no lado da BT.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 51 de 100


Valor de “Pick-up” para transformadores estrela aterrada / estrela aterrada / triângulo

• Seu valor deve ser baixo, porém superior a corrente residual (3xI0) estimada
para desbalanço normal no transformador em condição de carga máxima. Erro
de precisão nos TC’;s podem agravar esse desbalanço, porém de modo não
significativo.

Valor de “Pick-up” para transformadores com triângulo na AT

• Seu valor deve ser o mínimo possível (faixa de ajustes do relé). O valor mínimo
já contempla, em geral, margem para eventual erro de precisão de TC’s. Note
que, então, a sensibilidade estará limitada pela relação de transformação dos
TC’s.

Característica de Tempo para transformadores estrela aterrada / estrela aterrada /


triângulo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI /


IEEE ou IEC ou ainda emulação de relés convencionais), sua inclinação e seu fator
de tempo (“dial de tempo”) com base nas seguintes condições:

• A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,7 s para a maior
corrente de terra (3xI0) que pode ocorrer em condição de curto-circuito à terra
no lado da Baixa Tensão do transformador.

Esse tempo pode ser menor ou maior, dependendo do critério adotado


tradicionalmente pela empresa, porém nunca deve ser inferior a 0,5 s, para que
possa haver coordenação com a proteção das saídas dos circuitos alimentadores
que são supridos pelo transformador.

• A função deve operar com temporização igual ou superior a 1,5 segundos para
a maior contribuição de corrente de terra (3xI0) que pode ocorrer em condição
de curto-circuito no sistema de transmissão que alimenta o transformador (para
um ajuste conservador, calcular corrente de contribuição de terra para curto-
circuito fase-terra na barra de AT).

Essa temporização é necessária considerando que pode ocorrer curto a terra em


linha de transmissão de AT na região e, no caso de eventual falha de proteção de
linha, pode haver desconexão de vários transformadores da região que, apesar de
serem radiais, contribuem com corrente de terra, o que deve ser evitado.

Geralmente esse segundo critério se sobrepõe ao primeiro.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá dos critérios de tempo
mencionados, adotando o maior deles.

Característica de Tempo para transformadores com triângulo na AT

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 52 de 100


Para proteção digital pode-se utilizar característica de tempo definido, com
temporização mínima ou sem temporização. Não há necessidade de se utilizar
função de tempo inverso, pois não há necessidade de coordenação com o lado de
BT.

Lembrar que não haverá corrente de seqüência zero (terra) para qualquer tipo de
falta que ocorra no lado da BT.

Se o relé é eletromecânico, pode-se usar sua característica de tempo inverso com o


menor dial de tempo. Neste caso o elemento instantâneo pode ser ajustado para
uma corrente superior a erro máximo nos TC’s, porém bem inferior a curto-circuito a
terra (corrente de terra) na bucha de AT do transformador.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Terra do lado AT, de relés eletromecânicos ou


estáticos convencionais - para transformadores estrela aterrada / estrela aterrada /
triângulo.

• O elemento instantâneo deve ser bloqueado, para evitar qualquer possibilidade


de atuação para corrente residual proveniente da corrente de magnetização
transitória.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Terra do lado AT de relés digitais (com filtros que
eliminam harmônicas de ordem par e atenuam componente DC) - para transformadores
estrela aterrada / estrela aterrada / triângulo.

Essa função, nos relés digitais, é implementada através das funções de


sobrecorrente de tempo definido, com ajuste de tempo igual a zero.

Seu ajuste de atuação (“Pick-up”), em múltiplo da corrente nominal da proteção ou


em Ampères, deve obedecer aos seguintes critérios:

• Deve ser superior à maior corrente de terra que pode ocorrer em condição de
curto-circuito no lado da Baixa Tensão do transformador, com margem de
segurança de pelo menos 100%.

• Deve ser superior a pelo menos 4 x a corrente nominal do Transformador


protegido, para prevenir atuação para corrente de magnetização transitória.

• Deve ter sensibilidade para detectar curto-circuito a terra no lado da AT do


transformador (bucha), com margem de segurança limitada pelo primeiro critério
acima.

Deve-se notar que a atuação instantânea dessa função de sobrecorrente não é


determinante ou obrigatória, uma vez que a proteção é de retaguarda. Seu bloqueio
tem sido uma diretriz bastante comum entre as concessionárias, o que pode estar
mudando com o advento das proteções digitais com algoritmos de filtragem de
harmônicas e de componente DC da corrente de magnetização transitória.

Sobrecorrente de fase do lado de Baixa Tensão

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 53 de 100


Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos entre fases nos alimentadores
supridos por este transformador e proteção principal para curtos entre fases no barramento
de BT.

Valor de “Pick-up”

Seu valor deve ser igual ou superior a 50% acima da corrente nominal de carga do
Transformador protegido, com ventilação forçada. Isso é necessário para permitir
flexibilidade de operação do transformador, podendo muitas vezes operar com valor
superior à carga nominal. Trata-se de um critério empírico, amplamente utilizado
nas concessionárias de serviços de energia elétrica.

Característica de Tempo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI /


IEEE ou IEC ou ainda emulação de relés convencionais), sua inclinação e seu fator
de tempo (“dial de tempo”) com base na seguinte condição:

• A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,5 s para a maior
corrente de fase que pode ocorrer em condição de curto-circuito na própria
barra de Baixa Tensão, seja do tipo Trifásico ou Fase-Terra.

• Coordenação no tempo com correntes de curto-circuito no alimentador, para


falta próximo ao primeiro religador ou elo fusível após a saída do alimentador.
(escolha do tipo de inclinação, se muito inverso, inverso ou extremamente
inverso).

Esse tempo para curto na barra de BT pode ser maior, dependendo do critério
adotado tradicionalmente pela empresa, porém nunca deve ser inferior a 0,4 s.

NOTA 1: Deve-se estar ciente que, para um curto-circuito na barra de BT, a


proteção atuará com temporização igual ou maior que 0,5 s, considerando que a
prioridade é a seletividade com a proteção das saídas dos alimentadores.

NOTA 2: Esquemas de proteção podem ser desenvolvidos com relés digitais de


modo que essa limitação da NOTA 1 possa ser superada:

• Fazendo com que a proteção diferencial do transformador englobe a


barra de BT.

• Efetuando conexão (informações) entre os relés digitais das saídas


dos alimentadores e o relé do lado da BT do transformador. A
atuação do relé do alimentador bloqueando o relé da BT do
transformador. Não havendo bloqueio, o relé da BT do transformador
atuando com tempo inferior a 0,5 s.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada. A escolha da inclinação
dependerá do nível da corrente calculada e da relação de transformação do TC
utilizado e a coordenação no tempo com o primeiro religador ou elo fusível na rede
de distribuição. O fator de tempo dependerá do critério de tempo mencionado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 54 de 100


Função Instantânea de Sobrecorrente de Fase

O elemento instantâneo deve ser bloqueado, a menos que sua atuação esteja
condicionada a um esquema mencionado na NOTA 2 anterior.

Sobrecorrente de terra do lado de Baixa Tensão

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos à terra nos alimentadores


supridos por este transformador, faltas essas localizadas no trecho da rede até o último
religador ou elo fusível, e proteção principal para curtos à terra no barramento de BT.

Valor de “Pick-up”

Seu valor deve ser superior ao desbalanço em carga que pode ocorrer, para o
conjunto de alimentadores supridos pelo transformador protegido. Como já
mencionado, esse desbalanço pode chegar a 25% da carga no transformador,
dependendo da distribuição de carga na rede primária de distribuição.

Característica de Tempo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI /


IEEE ou IEC ou ainda emulação de relés convencionais), sua inclinação e seu fator
de tempo (“dial de tempo”) com base na seguinte condição:

• A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,5 s para a maior
corrente de terra que pode ocorrer em condição de curto-circuito na própria
barra de Baixa Tensão.

• Coordenação no tempo com correntes de curto-circuito a terra (3xI0) no


alimentador, para falta próximo ao primeiro religador ou elo fusível após a saída
do alimentador. (escolha do tipo de inclinação, se muito inverso, inverso ou
extremamente inverso).

Esse tempo para curto na barra de BT pode ser maior, dependendo do critério
adotado tradicionalmente pela empresa, porém nunca deve ser inferior a 0,4 s.

NOTA 1: Deve-se estar ciente que, para um curto-circuito na barra de BT, a


proteção atuará com temporização igual ou maior a 0,5 s, considerando que a
prioridade é a seletividade com a proteção das saídas dos alimentadores.

NOTA 2: Esquemas de proteção podem ser desenvolvidos com relés digitais de


modo que essa limitação da NOTA 1 possa ser superada:

• Fazendo com que a proteção diferencial do transformador englobe a


barra de BT, como mostrado na figura 2.18.

• Efetuando conexão (informações) entre os relés digitais das saídas


dos alimentadores e o relé do lado da BT do transformador. A
atuação do relé do alimentador bloqueando o relé da BT do

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 55 de 100


transformador. Não havendo bloqueio, o relé da BT do transformador
atuando com tempo inferior a 0,5 s.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada. A escolha da inclinação
dependerá do nível da corrente de terra calculada e da relação de transformação do
TC utilizado e a coordenação no tempo com o primeiro religador ou elo fusível na
rede de distribuição. O fator de tempo dependerá do critério de tempo mencionado.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Terra

O elemento instantâneo deve ser bloqueado, a menos que sua atuação esteja
condicionada a um esquema mencionado na NOTA 2 anterior.

2.4.10 Diretrizes de Ajustes para Reatores Shunt

Sobrecorrente de fase do lado da Linha

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos entre fases no reator, quando de


eventual falha da proteção diferencial.

Valor de “Pick-up”

Trata-se da corrente a partir da qual inicia-se a atuação, isto é, a contagem de


tempo. É expressa em Ampères ou em múltiplo da corrente nominal da proteção.

Seu valor deve estar entre 20 e 25% acima da corrente nominal do Reator
protegido, para acomodar eventuais sobretensões dinâmicas (60 Hz) que
aumentam a corrente do reator.

Característica de Tempo

Pode-se utilizar característica de tempo definido ou tempo inverso.

No caso de tempo inverso, deve-se escolher a característica (ANSI / IEEE ou IEC),


sua inclinação e seu fator de tempo (“dial de tempo”) com base na seguinte
condição:

• A função deve operar com temporização igual ou superior a 1,5 s para a maior
corrente de fase que pode ocorrer em condição de curto-circuito no lado da
Linha (fase-terra, externo)

Esse tempo pode ser menor (mínimo em torno de 0,8 s), dependendo do critério
adotado tradicionalmente pela empresa. Essa corrente é bem pequena uma vez
que a contribuição de fase para curto externo, de um reator shunt, resume-se a
corrente de seqüência zero. Geralmente o ajuste de tempo (fator de tempo) é
pequeno.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 56 de 100


transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado.

Função Instantânea

Seu ajuste de atuação (“Pick-up”), em múltiplo da corrente nominal da proteção ou


em Ampères, deve obedecer aos seguintes critérios:

• Deve ser superior a pelo menos 4 x a corrente nominal do Reator protegido,


para prevenir atuação para corrente de magnetização transitória (para relé
eletromecânico, adotar 6 x).

• Atendida a condição anterior, a função deve ser ajustada para detectar a


corrente de fase de contribuição do sistema elétrico, para curto circuito bifásico
(86,7% do curto trifásico) ou curto circuito fase-terra no terminal de AT do
reator, com margem de segurança.

Deve-se notar que a atuação instantânea dessa função de sobrecorrente não é


determinante ou obrigatória, uma vez que a proteção é de retaguarda.

Sobrecorrente de terra do lado da Linha

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos à terra no Reator, para eventual


falha de proteção diferencial.

Valor de “Pick-up”

• Seu valor deve ser o mínimo possível (faixa de ajustes do relé). O valor mínimo
já contempla, em geral, margem para eventual erro de precisão de TC’s. Note
que, então, a sensibilidade estará limitada pela relação de transformação dos
TC’s.

Característica de Tempo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI /


IEEE ou IEC), sua inclinação e seu fator de tempo (“dial de tempo”) com base nas
seguintes condições:

• A função deve operar com temporização igual ou superior a 1,5 s para a maior
corrente de terra (3xI0) de contribuição do reator, que pode ocorrer em condição
de curto-circuito à terra no lado da Linha (fase-terra, externo).

Esse tempo pode ser menor (nunca inferior a cerca de 0,8 s), dependendo do
critério adotado tradicionalmente pela empresa. Essa corrente pode ter um valor
razoável, dependendo do tipo de núcleo do reator shunt (se núcleo de três pernas
ou se banco de 3 monofásicos), uma vez que pode haver contribuição de (3 x I0)
para curto-circuito externo à terra.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 57 de 100


transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado

Função Instantânea

Seu ajuste de atuação (“Pick-up”), em múltiplo da corrente nominal da proteção ou


em Ampères, deve obedecer aos seguintes critérios:

• Deve ser superior a pelo menos 4 x a corrente nominal do Reator protegido,


para prevenir atuação para corrente de magnetização transitória, no caso de
relés digitais (para relé eletromecânico, adotar 6 x).

• Atendida a condição anterior, a função deve ser ajustada para detectar a


corrente de terra (3xI0) de contribuição do sistema elétrico, para curto circuito
fase-terra no terminal de AT do reator, com margem de segurança.

Deve-se notar que a atuação instantânea dessa função de sobrecorrente não é


determinante ou obrigatória, uma vez que a proteção é de retaguarda.

Sobrecorrente de terra do relé de neutro (caso exista TC no neutro)

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos à terra no Reator, para eventual


falha de proteção diferencial. Esta proteção tem maior sensibilidade que a proteção de
terra anterior, uma vez que se tem uma relação de transformação menor no TC de neutro.

Valor de “Pick-up”

• Seu valor deve ser o mínimo possível (faixa de ajustes do relé). O valor mínimo
já contempla, em geral, margem para eventual erro de precisão de TC’s. Note
que, então, a sensibilidade estará limitada pela relação de transformação dos
TC’s.

Característica de Tempo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI /


IEEE ou IEC), sua inclinação e seu fator de tempo (“dial de tempo”) com base nas
seguintes condições:

• A função deve operar com temporização igual ou superior a 1,5 s para a maior
corrente de terra (3xI0) que pode ocorrer em condição de curto-circuito à terra
no lado da Linha (fase-terra, externo).

Esse tempo pode ser menor (nunca inferior a 0,8 s), dependendo do critério
adotado tradicionalmente pela empresa.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 58 de 100


Função Instantânea

• Geralmente essa função para o relé do neutro é bloqueada (desativada ou não


ativada).

2.5 FUNÇÃO DE SEQUÊNCIA NEGATIVA

2.5.1 Objetivo

A função de tem a finalidade de detectar desbalanços no transformador ou no banco,


traduzido pelo aparecimento de componente de seqüência negativa na corrente. Isto é, o
surgimento da componente de seqüência negativa I2 significa que há desbalanço de
corrente através do circuito onde está aplicada a proteção e pode ser causada por:

• Uma fase aberta


• Duas fases abertas
• Carga desequilibrada (comum para circuitos primários de Distribuição)
• Curto-circuito fase-terra.
• Curto-circuito bifásico.
• Curto-circuito bifásico-terra.

Geralmente uma situação de desbalanço decorre de uma fase aberta devido a problema
em seccionadora ou disjuntor, ou ainda em conector. Eventualmente, a função de
seqüência negativa pode ser utilizada como função de retaguarda para faltas em linhas
adjacentes ao transformador, com a corrente de curto circuito da mesma ordem de
grandeza ou até menor que a corrente de carga.

Enfoque

Tanto uma fase aberta, como um curto circuito diferente do trifásico, produz componentes
de seqüência negativa na corrente medida. No caso da fase aberta, a intensidade dessa
componente depende da intensidade da carga através do transformador.

Há dificuldade para se estimar a porcentagem de corrente de seqüência negativa para a


função, bem como para o tempo para atuação, uma vez que tudo depende da carga no
momento e da ocorrência ou não de curto-circuito desequilibrado externo.

A função, aplicado em sistema (transformador) não radial, não deve atuar para eventual
desbalanço em circuito adjacente (por exemplo fase aberta), o que dificulta ainda mais o
estabelecimento do ajuste.

2.5.2 Utilização para Transformador

Num transformador, essa função poderá ser especificada ou ativada para utilização (em
relé digital) quando:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 59 de 100


• Há possibilidade razoável de condição de fase aberta (histórico do desempenho de
equipamentos de manobra na subestação ou do desempenho da instalação elétrica em
si).

• Há necessidade de proteção de retaguarda, localizada no transformador, quando de


possibilidade de curtos-circuitos em rede primária ou linha de transmissão adjacente ao
transformador, com característica especial (baixa corrente de curto, igual ou menor que
a corrente de carga, com dificuldade de detecção pela proteção de sobrecorrente).

As proteções 7UT51 e 7UT61 possuem função de carga desbalanceada (ou seqüência


negativa) que podem ser ativadas.

2.5.3 Diretrizes de Ajustes para a Função

Caso se deseje ativar e utilizar essa função para transformador, o seu tempo de atuação
pode ser igual ou superior a 4 [s], qualquer que seja a percentagem ajustada de seqüência
negativa. Assim, é desejável que se utilize função de tempo definido, mesmo que haja
disponível função de tempo inverso.

Assim, para transformador, é desejável se usar um estágio apenas, sensível, com


temporização elevada, mesmo que haja disponível um segundo estágio.

Isto é desejável para evitar qualquer interferência para condição de curto circuito no
desempenho da função. Deve-se observar que não há necessidade de rapidez para essa
função.

O valor percentual da corrente I2 (seqüência negativa) com relação à corrente I1


(seqüência positiva) poderá, neste caso, ser ajustado para um valor entre 10 e 40%.
Nunca superior a 50% da carga prevista, pois quando se perde uma fase, a corrente de
seqüência negativa é da ordem de 58% da corrente de fase.

O melhor procedimento é seguir as orientações do documento técnico da proteção.

2.6 FUNÇÃO DE SOBRECARGA TÉRMICA

Uma proteção de sobrecarga, seja de transformador, máquina rotativa ou de cabos ou linhas


tem a ver, sempre, com a temperatura que pode chegar o componente protegido em função
da corrente de carga.

Qualquer equipamento ou instalação não se aquece instantaneamente em função de carga


excessiva. Para um determinado degrau de corrente, para mais, a temperatura desse
componente variará exponencialmente em função da sua constante de tempo de
aquecimento.

A figura a seguir mostra o conceito de constante de tempo para o aquecimento de um corpo


homogêneo, para uma variação exponencial:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 60 de 100


Temperatura

θ2

Variação
63% da
total
variação total

θ1

tempo

τ = Constante de Tempo
Figura 2.38 – Definição de Constante de Tempo de Aquecimento

Uma proteção de sobrecarga (proteção térmica – Código 49) deve, portanto, emular as
condições de aquecimento do componente protegido em função da corrente através desse
componente.

2.6.1 Relés Térmicos de Tecnologia Eletromecânica

No passado, procurou-se construir relés térmicos com tecnologia eletromecânica que,


através de dissipadores térmicos (alumínio), tentavam simular a constante de tempo do
equipamento protegido. Mas esses dispositivos nunca conseguiram prover uma boa
proteção para sobrecarga. Eram viáveis apenas para alguns tipos de motores. A figura a
seguir mostra o esquema de um relé térmico com tecnologia eletromecânica:

I carga

Equipamento

i i

Relé Térmico)

+ Vcc

i Trip por Trip por


corrente elemento térmico

Figura 2.39 – Esquema de Relé Térmico com Tecnologia Eletromecânica

Para transformadores de potência não se utilizavam esses tipos de relés eletromecânicos


por absoluta falta de compatibilidade quanto às características térmicas. Assim para

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 61 de 100


transformadores, por muitos anos, confiou-se nos dispositivos intrínsecos como a Imagem
Térmica e os termômetros de óleo e de enrolamento.

2.6.2 Modernas Proteções Digitais

A tecnologia digital tornou possível, através de algoritmos específicos, a emulação de


constantes de tempo de aquecimento e demais parâmetros associados ao aquecimento de
transformadores, máquinas girantes, cabos e linhas.

Assim, modernos relés possuem a função 49 de “Sobrecarga Térmica” para ser


devidamente aplicada na detecção de aquecimentos provocados por sobrecargas, o que
passa a ser uma opção de utilização não existente num passado recente. Um dos tipos
baseia-se na modelagem de uma réplica térmica com base na corrente de carga. O calor
gerado, por exemplo, em cabo ou transformador é função do tipo I2.R.t, isto é, proporcional
à corrente ao quadrado. O quadrado da corrente é integrado no tempo, para modelagem.

A grande dificuldade no uso dessa função está na determinação da constante de tempo e


demais parâmetros (relacionados a normas) do componente protegido.

Um segundo tipo baseia-se no cálculo da temperatura do enrolamento no ponto mais


quente “hot spot”.

Assim, os diversos fabricantes nos seus diversos relés de proteção digitais apresentam
possibilidade de modelagem térmica do equipamento ou instalação a proteger contra
temperaturas elevadas causadas por sobrecarga.

2.6.3 Exemplo: Proteções Siemens

Proteção 7UT612 - essa proteção tem função de sobrecarga térmica, oferecendo duas
opções de detecção da sobrecarga:

• Cálculo da sobrecarga usando “réplica térmica”, de acordo com a Norma IEC 60255-8.
• Cálculo da temperatura de enrolamento (“ponto quente” ou “hot spot”) e determinação
do efeito no envelhecimento da isolação, de acordo com a Norma IEC 60354.

Um dos dois métodos pode ser selecionado. O primeiro método é caracterizado por ter
maior facilidade na parametrização.

O segundo método exige conhecimentos sobre o objeto protegido (no caso, o


transformador) e suas características térmicas. Exige também a entrada de medição de
temperatura do meio refrigerante (óleo no ponto mais elevado, através de transdutor
analógico – digital).

NOTA: A proteção 7UT512 tem apenas a opção de “réplica térmica”.

Método da “Réplica Térmica” (Proteções das séries 7UT e 7SJ6)

A réplica térmica pode ser designada para qualquer dos lados do transformador. O cálculo
da elevação da temperatura em função da elevação da corrente é baseado num modelo de

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 62 de 100


“corpo simples” (com uma única constante de tempo de aquecimento), com a seguinte
equação diferencial:

2
dθ 1 1  I 

+ .θ = .
dt τ th τ th  k .I Nobj 

Θ = Elevação de temperatura válida referida à elevação final de temperatura para a
corrente máxima de fase permitida k.INobj.

τth = Constante de tempo térmica (AJUSTÁVEL).


k = Fator k a qual estabelece a máxima corrente continuamente permitida para o objeto
protegido (AJUSTÁVEL).

I = Valor eficaz da corrente de fase.

INobj. = IN = Corrente Nominal de fase (CONSIDERA-SE IN DO RELÉ, com demais valores


calculados proporcionalmente).

Imax = k.INobj. = Corrente Máxima continuamente permitida para o objeto protegido.

A solução dessa equação sob condições de regime é uma função exponencial cuja
assíntota mostra a temperatura final que será atingida Θend.

A característica de atuação da função é:

2 2
 I   I pre 
  − 
 k .I n   k .I n  minutos. Válido para
t = τ th . ln 2
I / (k.IN) ≤ 8
 I 
  − 1
 k .I n 

Ipre = corrente de pré sobrecarga. I = corrente atual.

A característica de atuação da função, sem considerar a corrente prévia é:

2
 I 
 
 k .I n 
t = τ th . ln 2
minutos. Válido para I / (k.IN) ≤ 8
 I 
  − 1
 k .I n 

Pode ser ajustado uma temperatura de alarme (Θalarm AJUSTÁVEL EM % COM RELAÇÃO
A Θend) menor do que o limite de temperatura de desligamento (caso seja essa a filosofia
do usuário). No caso da filosofia estabelecer “somente alarme”, esse alarme será emitido
quando da temperatura final ajustada.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 63 de 100


A temperatura é calculada para cada fase. Isso garante um valor eficaz verdadeiro,
incluindo o efeito das harmônicas.

Para transformador de potência, a corrente máxima permitida dependerá da potência do


enrolamento que está sendo supervisionado. Para transformador com comutador de taps, o
enrolamento do lado não regulado deve ser usado.

A proteção também inclui um alarme de corrente excessiva Ialarm (AJUSTÁVEL) que pode
ser considerado como um pré alarme para uma sobrecarga térmica em potencial.

Método do Cálculo da Temperatura do “Ponto Quente” e seus efeitos no


envelhecimento da isolação.

A Norma IEC 60354 estabelece o cálculo de duas quantidades relevantes relativas à


sobrecarga térmica: o “envelhecimento relativo da isolação” e a “temperatura do
enrolamento no ponto mais quente” (“hot spot”). Para tanto, estabelece como entrada de
dado de medição direta da temperatura do óleo em torno do enrolamento no ponto mais
quente, que pode ser considerado como a “temperatura do óleo no ponto mais alto”.

Assim, a proteção Siemens, quanto de uso desta função, exige entrada de medição de
temperatura, que pode ser feita através da chamada “Thermobox”. Esse dispositivo tem a
capacidade de adquirir temperaturas de até 6 pontos distintos do óleo do transformador e
até dois dispositivos podem ser conectados ao relé 7UT612.

O cálculo do “envelhecimento relativo” é feito ciclicamente e o resultado é somado ao valor


correspondente ao “envelhecimento total” que é cumulativo.

Métodos de Resfriamento do Transformador

Segundo norma IEC e fabricantes europeus, o método de resfriamento do transformador


pode ser de dois tipos básicos:

• AN (Air Natural): por circulação natural de ar.

• AF (Air Forced): por ventilação forçada.

Se meio líquido é utilizado para o resfriamento combinado com os dois métodos anteriores,
tem-se:

• ON (Oil Natural): circulação natural de óleo.

• OF (Oil Forced): circulação forçada de óleo, com o uso de bombas.

• OD (Oil Directed): circulação forçada de óleo, direcionada a pontos mais quentes.

Por exemplo, o método ONAF tem circulação natural de óleo (sem bombas de óleo) e
ventilação forçada de ar (ventiladores).

Cálculo do “Ponto mais quente – Hot Spot”.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 64 de 100


Considera-se o ponto mais quente do enrolamento, o ponto do enrolamento dentro da
isolação, que fica na primeira espira da parte superior. Evidentemente, o cálculo da
temperatura desse ponto depende:

• Da temperatura do óleo do ponto mais alto (que circunda o ponto mais quente) – que
depende do tipo de resfriamento utilizado.

• Da corrente de carga no transformador que causa a elevação da temperatura.

Através desses dados e dados de ajuste, o relé calcula:

Para métodos ON e OF:

Θh = Θo + Hgr. kY

Θh = temperatura do “hot spot”

Θo = temperatura do óleo no ponto mais alto, “top-oil” (via Thermobox)

Hgr = gradiente do “hot spot” para “top-oil”.

k = fator de carga ( I / IN ), medido.

Y = expoente do enrolamento.

Para método de resfriamento OD, a fórmula é a mesma para k ≤ 1 e outra para k > 1.

Exemplos de parâmetros:

Transforma Transformadores de Potência


dores de Médios e Grandes
Distribuição
Método de Resfriamento ONAN ON.. OF.. OD..
Expoente do Enrolamento (Y) 1,6 1,8 1,8 2.0
Gradiente “Hot-spot” para “Top-oil” 23 26 22 29

Cálculo do “Envelhecimento Relativo” (Taxa de Envelhecimento)

Segundo a norma IEC, a vida útil de uma isolação de celulose refere-se a uma temperatura
de 98 oC ou 208,4 oF no ambiente que está imerso. A experiência tem mostrado que uma
elevação de 6 x significa metade da vida útil. Para uma temperatura que é diferente do
valor básico de 98 oC, a taxa de envelhecimento V é dada por:

Envelhecimento _ a _ θ h (θ h −98 )
V = o
= 2 6
Envelhecimento _ a _ 98 C

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 65 de 100


O valor médio da taxa de envelhecimento relativo (L) é dado pelo cálculo do valor médio
num certo período de tempo, por exemplo, de T1 a T2:

T2
1
T1 − T2 T∫!
L= V .dt

Com carga nominal constante, a taxa L é igual a 1. Para valores maiores que 1, a
aceleração do envelhecimento se aplica. Por exemplo, se L = 2 somente meia vida útil é
esperada ao invés da vida útil sob condições nominais.

Ainda de acordo com a norma IEC, a faixa de envelhecimento é definida entre 80 oC e 140
o
C. É essa a faixa onde se calcula o envelhecimento pela função de sobrecarga térmica
(“hot spos”) da proteção 7UT612. Temperaturas abaixo do limite inferior não estendem a
taxa de envelhecimento calculada e temperaturas acima do limite superior não reduzem a
taxa de envelhecimento calculada.

O método aqui descrito só se aplica a envelhecimento da isolação do enrolamento e não


pode ser aplicado a outros tipos de causas de falhas.

Ajustes

Pickup Temperatura “Hot Spot” – Estágio 1 (por ex. 98 oC).


Pickup Temperatura “Hot Spot” – Estágio 2 (por ex. 108 oC).
Pickup Taxa de envelhecimento – Estágio 1 (por ex. 1,000)
Pickup Taxa de envelhecimento – Estágio 2 (por ex. 2,000)
Método de resfriamento (por ex. ON).
Expoente Y
Gradiente Hgr.

2.7 FUNÇÃO “COLD LOAD PICKUP”

A função não faz parte da proteção de Transformador. Entretanto é aqui descrita, de modo
sucinto, uma vez que se relaciona com a proteção de alimentadores de distribuição
alimentados por transformadores de potência em derivação.

Quando um circuito alimentador de Distribuição fica desligado por um período de tempo


(ordem de grandeza de minutos), a chamada diversidade das cargas intermitentes é perdida.
Na reenergização do circuito, a “carga fria” pode ser maior que o carregamento normal desse
mesmo circuito. Há um tempo até que a carga se “normalize”, sendo esse período transitório
denominado “cold load inrush”.

A função “cold load” faz com que, dinamicamente, se altere o valor de ajuste de partida (“pick-
up”) da proteção de sobrecorrente do alimentador, diminuindo sua sensibilidade para esse
período de tempo após o fechamento do disjuntor, após desligamento.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 66 de 100


t

Característica
ajustada de
corrente -
tempo inverso

x In
Ajuste Normal Ajuste de “pick-up”
de “pick-up” com o “cold load” ativo

Figura 2.40 – Característica dinâmica da função “cold load”

Dependendo do modelo do relé ou do fabricante, há opções para detecção da situação de


fechamento com “cold load”. Em geral usa-se o estado do disjuntor através de contato auxiliar
e verifica-se o tempo em que ele permanece aberto.

Por exemplo, pode-se ajustar o esquema para:

Ativação após 30 minutos aberto.


Permanece ativo durante 5 minutos após fechamento.
Não ativação para religamento automático.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Funções de Proteção 67 de 100


3. FILOSOFIA DE PROTEÇÃO

3.1 ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL

3.1.1 Proteção Ampla

Quando a proteção diferencial utiliza TC’s de pedestal externos, junto aos disjuntores,
abrangendo não apenas o transformador ou reator protegido, como também as conexões e
demais instalações como pára-raios e eventuais TP’s que ficam entre os TC’s.

Em termos de proteção é o esquema de preferência, pois tem uma área de proteção


ampla.

3.1.2 Proteção Curta

Quando a proteção diferencial utiliza TC’s de BUCHA do equipamento protegido. Tem a


vantagem de não necessitar TC’s externos (eventual economia, principalmente para
reatores shunt).

Em termos de proteção tem a desvantagem de incluir, na sua área de proteção, somente o


equipamento em si (transformador ou reator).

3.2 ESQUEMAS COM RELÉS CONVENCIONAIS ELETROMECÂNICOS OU ESTÁTICOS

3.2.1 Para Transformadores em Geral

Transformadores em Derivação

O esquema básico deve ser constituído de:

• Proteção diferencial para as três fases, tipo percentual, ampla ou curta.


• Proteção de sobrecorrente de fase no lado da AT.
• Proteção de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da AT.
• Proteção de sobrecorrente de fase do lado da BT (opcional)
• Proteção de sobrecorrente de terra do lado da BT (no TC de neutro, caso exista ou no
circuito residual dos TC’s).

Transformadores de Interligação

O esquema básico deve ser constituído de:

• Proteção diferencial para as três fases, tipo percentual, ampla.


• Proteção de sobrecorrente de fase no lado da AT.
• Proteção de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da AT.
• Proteção de sobrecorrente de fase do lado da MT.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Esquemas de Proteção 68 de 100


• Proteção de sobrecorrente de terra do lado da MT (circuito residual dos TC’s) no lado
da MT.
• Proteção de sobrecorrente de fase no lado da BT – Terciário, caso exista acessível.
• Proteção de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da BT –
Terciário, caso exista acessível
• Proteção de Sobretensão Residual, para secundário dos TP’s do lado terciário em delta
aberto, para detecção de curto circuito fase-terra em sistema isolado, caso exista
acessível com TP’s.

3.2.2 Para Sistemas de Extra Alta Tensão

Adicionalmente ao esquema básico anterior para Transformadores ou


Autotransformadores (Bancos) de Interligação de Sistemas, dependendo da filosofia da
empresa usuária e da importância e potência do banco de transformadores protegido,
pode-se utilizar:

• Proteção Diferencial para as três fases, curta, tipo percentual, como segunda proteção
diferencial (proteção alternada).
• Ou, ao invés de uma segunda proteção diferencial completa, uma proteção diferencial
restrita de terra (REF) para cada enrolamento em estrela aterrada (AT e MT).

3.2.3 Para Reatores Shunt

O esquema básico deve ser constituído de:

• Proteção diferencial para as três fases, ampla ou curta. Tipo alta impedância ou
percentual, caso haja TC’s nas três fases no lado do neutro (aterramento).
• Ou proteção diferencial restrita a terra, tipo alta impedância ou direcional, caso haja TC
apenas no aterramento do lado do neutro.
• Proteção de sobrecorrente de fase no lado da AT.
• Proteção de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da AT.
• Proteção de sobrecorrente de terra do lado da BT (No TC de neutro, caso exista. Ou no
circuito residual dos TC’s do lado do neutro, caso também existam).

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Esquemas de Proteção 69 de 100


3.3 ESQUEMAS COM RELÉS DIGITAIS

3.3.1 Para Transformadores em Geral

Transformadores em Derivação

O esquema básico deve ser constituído de:

• Uma Proteção Multifuncional com, no mínimo, as seguintes funções de proteção:


- Função diferencial para as três fases, tipo percentual, ampla ou curta.
- Função de sobrecorrente de fase no lado da AT.
- Função de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da AT.
- Função de sobrecorrente de fase do lado da BT (opcional)
- Função de sobrecorrente de terra do lado da BT (alimentado pelo TC de neutro,
caso exista, ou pelo circuito residual dos TC’s).
- Função de seqüência negativa.

- NOTA: Função de falha de disjuntor para ser utilizada no lado AT depende do


esquema adotado para a Subestação. Eventualmente é desejável que seja incluída
na proteção multifuncional.

• Uma Proteção de Sobrecorrente, fisicamente distinta da primeira, com no mínimo:


- Função de sobrecorrente de fase do lado da AT
- Função de sobrecorrente de terra do lado da AT.

- NOTA: Função de falha de disjuntor para ser utilizada para o disjuntor do lado da
BT depende do esquema adotado na Subestação. Eventualmente é desejável que
seja incluída nesta proteção.

Transformadores de Interligação

O esquema básico deve ser constituído de:

• Uma Proteção Multifuncional com, no mínimo, as seguintes funções de proteção:


- Função diferencial para as três fases, tipo percentual, ampla (proteção primária).
- Função de sobrecorrente de fase no lado da AT.
- Função de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da AT.
- Função de sobrecorrente de fase do lado da MT.
- Função de sobrecorrente de terra do lado da MT (circuito residual dos TC’s) no lado
da MT.
- Função de Seqüência Negativa, para uso no lado AT ou no lado MT, ou em ambos.
- Duas funções de terra restrita (REF) para enrolamentos estrela aterrada, uma para
o lado da AT outra para o lado da MT.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Esquemas de Proteção 70 de 100


- NOTA: Função de falha de disjuntor para ser utilizada no lado AT depende do
esquema adotado para a Subestação. Eventualmente é desejável que seja incluída
na proteção multifuncional. Porém deve-se notar que em EAT (igual ou superior a
345 kV) no Brasil, se adota proteção de falha de disjuntor específica e não como
parte de uma proteção multifuncional.

• Uma Proteção de Sobrecorrente, fisicamente distinta, com no mínimo:


- Função de sobrecorrente de fase do lado da AT (pode ser MT, dependendo do
usuário).
- Função de sobrecorrente de terra do lado da AT (pode ser MT, dependendo do
usuário).

- NOTA: Função de falha de disjuntor para ser utilizada no lado MT depende do


esquema adotado para a Subestação. Eventualmente é desejável que seja incluída
na nesta proteção. Porém deve-se notar que em EAT (igual ou superior a 345 kV)
no Brasil, se adota proteção de falha de disjuntor específica e não como parte de
uma proteção multifuncional.

• Uma Proteção de Sobrecorrente, fisicamente distinta, caso exista terciário acessível,


com no mínimo:
- Função de sobrecorrente de fase do lado da BT (terciário).
- Função de sobrecorrente de terra do lado da BT (terciário).

• Uma Proteção Numérica de Tensão, com no mínimo:


- Função de Sobretensão Residual (59N), para uso com TP’s do lado terciário
(secundário em delta aberto), caso exista acessível com TP’s.

• Proteção Numérica de Tensão, para uso com TP’s do lado da AT ou da MT, para
sobretensões trifásicas (59). Isto porém depende da filosofia adotada na subestação do
usuário.

3.3.2 Para Sistemas de Extra Alta Tensão

Adicionalmente ao esquema básico anterior para Transformadores ou


Autotransformadores (Bancos) de Interligação de Sistemas, dependendo da filosofia da
empresa usuária, do sistema interligado e da importância e potência do banco de
transformadores protegido, pode-se opcionalmente utilizar:

• Proteção Diferencial para as três fases, curta, tipo percentual, como segunda proteção
diferencial (alternada), geralmente como parte de uma segunda proteção
multifuncional.

Nota: Se a proteção primária possuir REF (duas entradas), não haveria, em princípio,
necessidade dessa função na proteção alternada. Ou vice-versa.

Nota: Eventualmente, dependendo da configuração do sistema interligado no qual o


Banco protegido esteja inserido, poderá haver necessidade de funções direcionais de
sobrecorrente de fase e de terra na Proteção Multifuncional principal.

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3.3.3 Funções e Facilidades Adicionais em Relés Digitais

A tecnologia digital proporciona, nas proteções digitais, funcionalidades adicionais de


proteção, supervisão e controle que podem e devem ser aproveitadas. Nesse sentido, é
comum existirem, adicionalmente, as seguintes funções:

• Função de sobrecarga térmica.


• Função de frequência.

3.3.4 Para Reatores Shunt

• Uma Proteção Multifuncional com, no mínimo, as seguintes funções de proteção:


- Função diferencial para as três fases, tipo percentual ou de alta impedância, ampla
ou curta.
- Função de sobrecorrente de fase no lado da AT.
- Função de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da AT.
- Função de sobrecorrente de terra do lado do neutro (do TC do neutro ou circuito
residual dos TC’s do lado do neutro, caso existam).
- Função de Seqüência Negativa, para uso no lado AT.

• Uma Proteção de Sobrecorrente, fisicamente distinta, com no mínimo:


- Função de sobrecorrente de terra do lado do neutro do reator.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Esquemas de Proteção 72 de 100


4. EXEMPLO DE AJUSTES E SELELTIVIDADE PARA TRANSFORMADOR EM DERIVAÇÃO

4.1 DADOS DO TRANSFORMADOR E DA SUBESTAÇÃO

PCC Trifásico = 1.348 MVA


PCC Fase-Terra = 755 MVA
88 kV

7SJ61 (V4.4)

250/5 A
50/ 50/ 46
51F 51N

88 / 13,8 kV
15/20 MVA 7UT612
X = 14,5%

REF 87
I7
400/5 A

50/
51G

50/ 50/
1200/5 A 46
51F 51N

13,8 kV

79 79

600/5 A 50/ 50/ 600/5 A 50/ 50/


51F 51N 51F 51N

Figura 4.01 – Subestação do tipo Distribuição com Transformador em Derivação

Transformador: 88 / 13,8 kV – 15/20 MVA X = 14,5% a 88/13,8 kV

Conexão: Delta (88 kV) / Estrela Aterrada (13,8 kV) – Dy11

Potência de C. Circuito Trifásico no 88 kV: 1.348 MVA (da Concessionária)

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 73 de 100


Seletividade
Potência de C. Circuito Fase-Terra no 88 kV: 755 MVA (da Concessionária)

TC’s de Bucha do Transformador – Lado 88 kV: 250/5 A

TC’s de Pedestal do Lado Geral da BT – 13,8 kV: 1.200 / 5 A

TC do Neutro (Bucha) do lado 13, 8 kV: 400/5 A

4.2 DADOS DA PROTEÇÃO

Proteção Multifuncional: 7UT612 (In = 5A) para duas entradas de corrente.

Trata-se de proteção diferencial e de sobrecorrente, com as funções:

• Função 87 trifásica, para transformador, com restrição / bloqueio por segunda. Bloqueio
para quinta harmônica. Duas inclinações.
• Função 50/51F de sobrecorrente de fase, com estabilização para “inrush”, para um dos
lados.
• Função 50/51N de sobrecorrente de terra, com estabilização para “inrush”, para um dos
lados.
• Função 50/51G de sobrecorrente de neutro, com estabilização para “inrush”, através da
entrada de corrente I7.
• Função REF (87G) de baixa impedância (direcional) através da entrada de corrente I7.

• Função REF (87G) de Alta Impedância através da entrada de corrente I8.

• Função BF de Falha de Disjuntor.

• Função 49 de sobrecarga térmica.

• Função 46 de carga desbalanceada (seqüência negativa)

Proteção de Sobrecorrente do lado da AT: 7SJ61

Trata-se de proteção de sobrecorrente com as funções básicas:

• Função 50/51F de sobrecorrente de fase, com estabilização para “inrush”.


• Função 50/51N de sobrecorrente de terra, com estabilização para “inrush”.
• Função 50/51G de sobrecorrente de terra, para TC de neutro.
• Função 49 de sobrecarga térmica.
• Função 46 de carga desbalanceada (seqüência negativa).
• Função 50BF de falha de disjuntor.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 74 de 100


Seletividade
4.3 CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO

4.3.1 Valores de Impedâncias do Sistema que Alimenta a Subestação

As potências de curto-circuito são obtidas da concessionária que alimenta a subestação.

MVACC3F = 1.348

1348 x1000
I CC 3 F = = 8844,2 A
3.88

Bases do Estudo: 100 MVABASE e 88 kVBASE

100000
I BASE = = 656,1 A BASE
3.88

i CC3F = 8944,2 / 656,1 = 13,48 pu Note que PCC3F / PBASE = iCC3F (por unidade)

Z1 = 1 / 13,48

Z1 = 0,07418 pu

Impedância de Seqüência Positiva do Sistema de Poténcia.

MVACCF-T = 755

755 x1000
I CCF −T = = 4953,5 A na fase em curto.
3.88

i CCF-T = 4953,5 / 656,1 = 7,55 pu = i1 + i2 + i0 = 3.i

i = 7,55 / 3 = 1 / (Z1 + Z2 + Z0)

Z1 + Z2 + Z0 = 2.Z1 + Z0 = 3 / 7,55 = 0,39735 pu

Z0 = 0,39735 – 2 x 0,07418

Z0 = 0,24899 pu

Impedância de Seqüência Zero do Sistema de Poténcia.

4.3.2 Cálculo da Impedância (Reatância) do Transformador

Impedância do transformador: 14,5% na base nominal do transformador.

kV 2 N 88 2
X = x0,145 = x0,145 = 56,144 Ohms visto do lado de 88 kV
MVAN 20

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 75 de 100


Seletividade
x = Valor Ôhmico / Zbase = p.u. na base do estudo.

kV 2 N MVABASE 88 2 100
x= x0,145 x 2
= x0,145 x 2 = 0,725 pu na base do estudo.
MVAN kV BASE 20 88

4.3.3 Cálculo do Curto Circuito Fase-Terra no Lado 13,8 kV do Transformador

I1A = 1/+30o.i1A
i1A

j 0,07418 j 0,725

I2A = 1/-30o.i2A
i2A

j 0,07418 j 0,725

I0A = 0 i0A

j 0,24899
j 0,725

Figura 4.02 – Diagrama de Impedâncias para Curto Circuito Fase-Terra

i = iA1 = IA2 = iA0 = 1 / j (2 x 0,07418 + 3 x 0,725) = 1 / j 2,32336 = - j 0,43041

Efetuando a composição das componentes simétricas como mostrado na figura a seguir,


tem-se:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 76 de 100


Seletividade
iA0 iA0 iA1 iA2
iB0 iA
iC0

iC1
iC1

iA1
iC0
iC = 0

iB1 iC2

iB2 iB2

iA2 iB0
iB = 0

iC2 iB1

Figura 4.03 – Componentes Simétricas no lado de BT, para Curto Circuito Fase-Terra

iA = 3 x (-j 0,43041) = -j 1,29123 pu

iB = 0

iC = 0

IBASE (13,8 kV) = 100.000 / (1,732 x 13,8) = 4.183,82 A

Então; iA = -j 1,29123 x 4.183,82 = -j 5.402 A

Corrente de terra = 3. I0 = 3 x (-j 0,43041) = -j 1,29123

ITERRA = -j 5.402 A

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 77 de 100


Seletividade
Correntes no Lado da AT para o curto-circuito no lado de BT

Conforme mostra o diagrama de impedâncias, no lado de AT não existe corrente de


seqüência zero (fora do triângulo). O transformador introduz um defasamento de, por
exemplo, + 30º para a seqüência positiva. Nessas condições, haverá defasamento de –
30º para seqüência negativa, conforme mostra a figura a seguir:

LADO 88 kV (FORA DO DELTA) LADO 13,8 kV (ESTRELA


ATERRADA)

iA0
iB0
iC0

I C1 I A1 iC1

iA1
+ 30 GRAUS

I B1
iB1

iB2
IB
2

iA2
- 30 GRAUS

IA
2

IC iC2
2

I C1 IA
1

IC IA

IC
2 I A2

Figura 4.04 – Componentes Simétricas no lado de AT, para Curto Circuito Fase-Terra no lado BT

Assim, no dado de AT (fora do delta) haverá corrente em duas fases (A e C), opostas entre
si, com valor:

I A = − I C = 3.0,43041 = 0,74547 pu

IBASE (88 kV) = 100.000 / (1,732 x 88) = 656,1 A

Então; IA = - IC = 0,74547 x 656,1 = 489 A

Evidentemente não há 3.I0 = Corrente de Terra no lado de AT para curto na BT.

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Seletividade
4.3.4 Cálculo do Curto Circuito Trifásico no Lado 13,8 kV do Transformador

Para este cálculo se utiliza o diagrama de seqüência positiva:

I1A = 1/+30o.i1A
i1A

j 0,07418 j 0,725

Figura 4.05 – Curto Circuito Trifásico no lado BT

i CC3F = 1 / j (0,07418 + 0,725) = 1 / j 0,79918 = - j 1,2513 pu

IBASE (13,8 kV) = 100.000 / (1,732 x 13,8) = 4.183,82 A

I CC3F = I Base x (-j 1,2513)

I CC3F = 5.235 A

No lado 88 kV, IBASE = 656,1 A

I CC3F = 656,1 x 1,2513

ICC3F = 821 A

Resumo de Curto Circuito

Curto-Circuito no Lado 88 kV Curto-Circuito no Lado 13,8 kV

Trifásico Bifásico Fase-Terra Trifásico Bifásico Fase-Terra


I fase I fase I fase I Terra I fase I fase I fase I terra
Corrente no
8844 A 7659 A 4953 A 4953 A 821 A 711 A 489 A 0
Lado 88 kV
Corrente no
Lado 13,8 --- --- --- --- 5235 A 4533 A 5402 A 5402 A
kV

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 79 de 100


Seletividade
4.4 CONFIGURAÇÃO DAS FUNÇÕES - RELÉ 7UT612

As funções a serem utilizadas devem ser parametrizadas na proteção, conforme se segue


(estão indicados apenas os itens de interesse para o exemplo):

Item Opções Ajuste Comentários


PROT. OBJECT 3 phase Transformer 3 phase O objeto protegido pela proteção
Transformer 7UT612
1 phase Transformer
Autotransformer
Generator / Motor
3 phase Busbar
1 phase Busbar
NUMBER OF SIDES 2 2 Quantidade de lados do objeto
protegido
I7-CT CONNECT. Not used Side 2 Conexão da entrada de corrente I7
para REF e 50/51G.
Side 1
Side 2
DIFF. PROT. Disabled Enabled Função 87 ativa
Enabled
REF PROT. Disabled Side 2 Função REF ativa no lado 2 (BT)
Side 1
Side 2
Coldload Pickup Disabled Disabled Função coldload desativada.
Enabled
DMT/IDMT Phase Disabled Side 2 Função 50/51F ativa no lado 2 (BT)
Side 1
Side 2
DMT/IDMT PH. CH Definite Time only Time Tipo de curva para a função
Overcurrent temporizada de sobrecorrente de
Time Overcurrent
Curve IEC fase.
Curve IEC
Time Overcurrent
Curve ANSI
User defined Pickup
Curve
User defined Pickup
and Reset Curve
DMT/IDMT 3.I0 Disabled Side 2 Função 50/51N ativa no lado 2 (BT)
Side 1
Side 2

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 80 de 100


Seletividade
DMT/IDMT 3.I0 CH Definite Time only Time Tipo de curva para a função
Time Overcurrent Overcurrent temporizada de sobrecorrente
Curve IEC Curve IEC de terra
Time Overcurrent
Curve ANSI
User defined Pickup
Curve
User defined Pickup
and Reset Curve
DMT/IDMT Earth Disabled unsensitive CT I7 Função 50/51G ativa no neutro
unsensitive CT I7 do lado 2 (BT) através da
entrada I7
DMT/IDMT E CH Definite Time only Time Tipo de curva para a função
Time Overcurrent Overcurrent temporizada de sobrecorrente
Curve IEC Curve IEC de neutro do lado BT.
Time Overcurrent
Curve ANSI
User defined Pickup
Curve
User defined Pickup
and Reset Curve
DMT 1PHASE Disabled Disabled Função monofásica de
corrente (sensível) desativada.
unsentive CT I7
sensitive CT I8
UNBALANCE LOAD Disabled Side 2 Seqüência Negativa, ativada
para o lado 2 (BT).
Side 1
Side 2
UNBAL. LOAD CHR. Definite Time only Definite Time Tipo de curva para a função de
Time Overcurrent only seqüência negativa.
Curve IEC
Time Overcurrent
Curve ANSI
Therm. Overload Disabled Disabled Função de Réplica Térmica
desativada.
Side 1
Side 2
BREAKER FAILURE Disabled Disabled Falha de Disjuntor, desativada
Side 1
Side 2
RTD-BOX INPUT Disabled Disabled Entrada de medição de
temperatura, desativada.
Port C

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 81 de 100


Seletividade
4.5 DADOS DO SISTEMA - RELÉ 7UT612

Os dados da instalação devem ser parametrizados na proteção, conforme se segue. A tabela


mostra apenas os itens de interesse para o presente exemplo.

Item Opções Ajuste Comentários


Rated Frequency 50 Hz 60 Hz
60 Hz
16 2/3 Hz
PHASE SEQ. L1 L2 L3 L1 L2 L3 Seqüência de fases
L1 L3 L2
TEMP. UNIT Degree Celsius Degree Celsius Unidade de medição para a
Degree Fahrenheit função 49

UN-PRI SIDE 1 0,4 … 800,0 kV 88,0 kV Tensão nominal do lado 1


STARPNT SIDE 1 Solid Earthed Solid Earthed Tipo de aterramento do sistema
Isolated elétrico de potência. Lado 1

CONNECTION S1 Y (Wye) D (Delta) Grupo de conexão do


D (Delta) transformador para o lado 1
Z (Zig-Zag)
UN-PRI SIDE 2 0,4 … 800,0 kV 13,8 kV Tensão nominal do lado 2
STARPNT SIDE 2 Solid Earthed Solid Earthed Tipo de aterramento do sistema
Isolated elétrico de potência. Lado 2
CONNECTION S2 Y (Wye) Y (Wye) Grupo de conexão do
D (Delta) transformador para o lado 2
Z (Zig-Zag)
VECTOR GRP S2 0… 11 11 Trafo Dy11 (lado 1 é referência)
SN TRANSFORMER 0,20 …. 5000,00 MVA 20,00 MVA Potência Nominal
STARPNT-> OBJ S1 YES YES Vide figuras 2.06 e 2.07
NO
IN-PRI CT S1 1 …. 100000 A 250 A TC do lado 1
IN-SEC CT S1 1A 5A Secundário do TC lado 1
5A
STARPNT-> OBJ S2 YES YES Vide figuras 2.06 e 2.07
NO
IN-PRI CT S2 1 …. 100000 A 1200 A TC do lado 2
IN-SEC CT S2 1A 5A Secundário do TC lado 2
5A
EARTH ELECTROD Terminal Q7 Terminal Q7 Borne onde o TC de neutro
Terminal Q8 (entrada de corrente I7) está
aterrado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 82 de 100


Seletividade
Item Opções Ajuste Comentários
IN-PRI CT I7 1 …. 100000 A 400 A TC do neutro do lado 2
IN-SEC CT I7 1A 5A Secundário do TC do neutro do
5A lado 2
0,1 A

4.6 FUNÇÃO DIFERENCIAL – RELÉ 7UT612

4.6.1 Taps de Corrente

TAP1 e TAP2

São os valores de corrente secundária, de medição, do relé, para carga nominal.

20000 5
TAP1 = x = 2,62 A (TC’s 250/5 em Estrela Aterrada)
3 x88 250
20000 5
TAP 2 = x = 3,49 A (TC’s 1200/5 em Estrela Aterrada)
3 x13,8 1200
O relé calcula automaticamente os valores de TAP (TAP1 para o Enrolamento 1 e TAP2
para o Enrolamento 2), com os dados do sistema e da instalação, conforme já
configurados.

O relé, internamente, adota “TC’s Auxiliares” , que corrigem módulos e ângulos para que o
os TAPs fiquem coerentes entre si.

4.6.2 Parametrização da Função Diferencial

Os seguintes parâmetros estabelecem o modo de operação da função diferencial:

Item Opções Ajuste Comentários


INRUSH 2. HARM. OFF ON A restrição (bloqueio) por
ON segunda harmônica é ativada.

RESTR. n.HARM. OFF OFF A restrição (bloqueio) pela


3. Harmonic harmônica n é desativada.
5. Harmonic
DIFFw.IE1-MEAS NO NO
YES
DIFFw.IE2-MEAS NO YES A corrente de terra medida pelo
YES TC do neutro do lado de BT é
utilizada na proteção diferencial
para aumentar a sensibilidade
para faltas à terra (função 87).

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 83 de 100


Seletividade
4.6.3 Corrente Diferencial (Operação) Mínima – Pickup (I-DIFF>)

Deve ser a mais sensível possível, porém permitindo erro de precisão de TC em corrente
baixa (até nominal) e corrente de excitação. No relé 7UT612 esse valor é ajustado como
múltiplo da corrente nominal do Objeto Protegido (no caso, o Transformador de Potência).

Essa corrente precisa ser superior a 10% da corrente nominal do Transformador, para que
se considere variação do comutador de taps. Assim,

I-DIFF> ≥ 0.1

Sobre esse valor deve-se considerar erros de precisão de TC’s (excitação) e erro próprio
do relé. Para a proteção 7UT612 a documentação sugere 0,2 como valor “default”, o que é
coerente.

I-DIFF> = 0.20

T I-DIFF> = 0.00 s

O ajuste T I-Diff> pode introduzir temporização intencional para a atuação da função


diferencial percentual. No caso, não se introduz essa temporização.

4.6.4 Slope 1

Deve-se considerar erros de precisão de TC’s para baixas correntes, correntes de


excitação de TC’s e variação do Comutador de Taps do Transformador.

Pode-se utilizar a seguinte expressão:

(1 − e) 2.e + a + e.a
SLOPE _ 1 ≥ (1 − e) − + eTC + e Re lé = + eTC + e Re lé
(1 + a ) 1+ a

e = erro de precisão de TC de um lado

a = erro devido a Comutador de Taps

eTC = erro devido à corrente de excitação de TC (em torno de 3%)

eRelé = erro devido a Relé (menor que 5%)

A fórmula leva em conta um erro +e de um lado e erro –e do outro, para corrente passante.

No caso de baixas correntes, o erro de precisão de TC é no máximo 2% (0,02). O


comutador de taps varia de 90 a 110% em torno do tap central. Considera-se erro de 10%
(0,10)

SLOPE 1 ≥ [(2 x 0,02 + 0,10 + 0,02x0,10) / (1 + 0,10)] + 0,03 + 0,05

SLOPE 1 ≥ 0,129 + 0,03 + 0,05 = 0,209

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 84 de 100


Seletividade
SLOPE 1 = 0,25

BASE POINT 1 = 0.00 I/InO

O ajuste Base Point 1 estabelece o ponto de origem da reta correspondente ao Slope 1.

4.6.5 Slope 2

A inclinação 2 já é para correntes maiores, incluindo a região onde pode ocorrer saturação
de TC. Considera-se erro de precisão de TC de 10% ao invés de 2%.

SLP2 ≥ [(2 x 0,10 + 0,10 + 0,10x0,10) / (1 + 0,10)] + 0,03 + 0,05

SLP2 ≥ 0,282 + 0,03 + 0,05 = 0,362

SLP2 = 40 %

BASE POINT 2 = 2.50 I/InO

O ajuste Base Point 2 estabelece o ponto de origem da reta correspondente ao Slope 1,


indicado no eixo horizontal (de restrição).

I-DIFF / InO

TRIPPING
BLOCKING
2

1 Add-on Stabilization

I-DIFF>

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

BASE POINT 1 BASE POINT 2 I Restr / InO


I-ADD ON STAB

Figura 4.06 – Característica Ajustada da Função Diferencial Percentual

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 85 de 100


Seletividade
4.6.6 Add-on Stabilization

Estabilização para saturação de TC. Ajusta-se para que a estabilização inicie para valores
altos de corrente de restrição:

I-ADD ON STAB = 6 x I / InO

T ADD ON-STAB = 15 ciclos

A temporização T ADD ON-STAB estabelece que a duração da estabilização é de 15


ciclos. Valor default.

Ver documentação técnica da proteção.

4.6.7 Pickup de Corrente sem Restrição (I-DIFF>>)

Esse elemento opera sem restrição, para o valor ajustado e não depende de restrição
percentual.

Recomenda um valor igual ou superior a 8 x I/InO. Esse cuidado deve-se à corrente de


magnetização transitória, cujo limite para transformadores de derivação pode ser
considerado em 8 x In do transformador.

I-DIFF>> = 9.0 x I/InO

T I-DIFF>> = 0.00 s

O ajuste T I-Diff>> pode introduzir temporização intencional para a atuação do elemento de


alta corrente. No caso, não se introduz essa temporização.

Esse elemento de alta corrente poderia ser bloqueado pelo ajuste ∞.

4.6.8 Bloqueio por Harmônicas

O bloqueio por 2ª. Harmônica para corrente de magnetização transitória será ajustado com
o valor sugerido na documentação técnica.

2. HARMONIC = 15%

CROSSB. 2. HARM = ∞

Não haverá bloqueio cruzado, isto é, haverá bloqueio apenas na fase com 2ª. Harmônica
superior a 15%.

Não haverá bloqueio por 5ª. Harmônica, conforme já parametrizado no item 4.6.2.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 86 de 100


Seletividade
4.7 FUNÇÃO REF DO ENROLAMENTO ESTRELA DA BT (Relé 7UT612)

Os seguintes parâmetros estabelecem a operação da função REF:

Item Opções Ajuste Comentários


REF. PROT. OFF ON Proteção REF ativada
ON
Block relay for trip
commands
I-REF> 0.05 … 2.00 I/IN 0.15 I/IN Pickup da corrente de
polarização.
T I-REF> 0.00 …. 60.00 e ∞ 0.00 s Sem temporização intencional
SLOPE 0.00 …. 0.95 0.00 Sem restrição percentual

Valor de pickup da corrente de Neutro (I-REF>):

Existe sempre uma corrente mínima para a corrente de polarização (corrente do neutro), para
acomodar erros (desbalanços) em condição normal de operação e erro de precisão de TC
(que é baixo em corrente nominal). Este ajuste é importante, pois a proteção permite disparo
quando há corrente de polarização superior ao ajustado, sem corrente residual composta nos
TC’s de linha. O ajuste deve permitir desbalanço normal esperado, porém com sensibilidade
ainda para detectar curtos à terra

4.8 SOBRECORRENTE DE FASE E TERRA DO LADO BT (Relé 7UT612)

4.8.1 Sobrecorrente de Fase 50/51F

Essa função já foi parametrizada para o TC do Lado 2 e com curva IEC. Os seguintes
devem, adicionalmente estabelecidos:

Item Opções Ajuste Comentários


PHASE O/C OFF ON Função 50/51F ativada
ON
InRushRest. Ph ON OFF Estabilização da função de
OFF sobrecorrente para Corrente de
Magnetização Transitória do
Transformador.
Não ativada pois a função está
aplicada para o lado 2 (BT).
MANUAL CLOSE I>> instantaneously I> Fechamento sobre Falta ativado,
I> instantaneously instantaneously ajustando-se o elemento I>.
Ip instantaneously
Inactive

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 87 de 100


Seletividade
20000
C arg aNo min al = = 836,8 A
3.13,8

ICARGA = (836,8 x 5 / 1200) = 3,486 A secundários.

I Pickup ≥ 1,5 x 3,486 = 5,23 A

Ajuste de corrente superior a 50% acima da carga nominal do transformador. A faixa de


ajustes desse elemento é 0,5-20 A.

Ip = 6.00 A

A maior corrente de fase no lado de 13,8 kV para curto-circuito na BT é 5.402 A para falta
fase-terra. O elemento deve atuar com 0,5 s ou mais para essa corrente.

5402 x 5 / 1200 = 22,51 A secundários.

22,51 / 6 = 3,75 x IPickup

Considerando a curva normalmente inversa da norma IEC, para 3,75 x IPickup deve-se ter
aproximadamente 0,5 s

 0,14 
0,5 = T  + 0 

 (3,75) 0 , 02
− 1 

T = 0,0956 ====>>> T = 0,10 (múltiplos de 0,01)

IEC CURVE = Normal Inverse

T Ip = 0.10

Assim, a curva do relé será:

 
 
0,10 x 0 ,14
t = 
 I 0 , 02

  6,0  − 1
   

Assim, para I = 22,51 A o tempo será de t = 0,52 s

TOC DROP-OUT = Instantaneous

Isto é, não haverá emulação de relé eletromecânico para reset.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 88 de 100


Seletividade
Elementos de Tempo Definido

Existem dois elementos, I> e I>> com as respectivas temporizações T I> e TI>>.

Vamos utilizar apenas o elemento I>, bloqueando o I>>.

Se fosse apenas pelo instantâneo (tempo definido com t = 0 s) nenhum dos dois
elementos seria ativado. Entretanto, como existe a função “Fechamento Manual Sobre
Falta” ativado, é necessário ajustar o I> , porém com temporização.

Assim, para curto-circuito à terra na barra 13,8 kV não haverá trip instantâneo pelo
elemento I>. Entretanto, se for quando de fechamento manual, a temporização é
cancelada.

Valor do curto-circuito Trifásico no lado 13,8 kV: 5235 A

Valor do curto-circuito Bifásico no lado 13,8 kV: 0,866 x 5235 = 4536 A

Valor da carga nominal: 837 A (1,5 x 837 = 1255 A)

Assim, I> deve ser superior a 1255 A e inferior a 4536 A.

Dando uma margem de 50% com relação a 4536 A, tem-se um valor de 4536 / 2 = 2268 A

Assim, Ipickup = (2268 / 1200) x 5 = 9,45 A. A faixa de ajustes de I> é de 0.50 a 175 A.

I> = 9.00 A

T I> = 4 s

Isto é, o elemento detectará corrente a partir 2268 A primários, mas só daria trip com 4 s.
Esse tempo elevado é justificado para que esse elemento não interfira na seletividade
com fusíveis e religadores da rede de distribuição.

I>> = ∞

Isto é, o segundo estágio de tempo definido é bloqueado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 89 de 100


Seletividade
4.8.2 Sobrecorrente de Terra 50/51N

Essa função já foi parametrizada para o TC do Lado 2 e com curva IEC. Os seguintes
devem, adicionalmente estabelecidos:

Item Opções Ajuste Comentários


3I0 O/C OFF ON Função 50/51N ativada
ON
InRushRest. 3I0 ON OFF Estabilização da função de
OFF sobrecorrente para Corrente de
Magnetização Transitória do
Transformador.
Não ativada pois a função está
aplicada para o lado 2 (BT).
3I0 MANUAL CLOSE 3I0>> instantaneously 3I0> Fechamento sobre Falta ativado,
3I0> instantaneously instantaneously ajustando-se o elemento 3I0>.
3I0p instantaneously
Inactive

ICARGA = (836,8 x 5 / 1200) = 3,486 A secundários.

I Pickup ≥ 0,30 x 3,486 = 1,046 A

Esse ajuste permite desbalanço natural de carga até 30% da potência do transformador, já
englobando erros de TC’s para baixa corrente.

3I0p = 1,0 A

A maior corrente de terra no lado de 13,8 kV para curto-circuito na BT é 5.402 A para falta
fase-terra. O elemento deve atuar com 0,5 s ou mais para essa corrente.

5402 x 5 / 1200 = 22,51 A secundários.

22,51 / 1 = 22,51 x IPickup

Considerando a curva normalmente inversa da norma IEC, para 22,51 x IPickup deve-se
ter aproximadamente 0,5 s

 0,14 
0,5 = T  + 0 

 (22,51 )0 , 02
− 1 

T = 0,2295 ====>>> T = 0,23 (múltiplos de 0,01)

IEC CURVE = Normal Inverse

T 3I0p = 0.23

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 90 de 100


Seletividade
Assim, a curva do relé será:

 
 
0, 23 x 0,14
t = 
  I  0, 02 
  1,0  − 1
  

Assim, para I Terra = 22,51 A o tempo será de t = 0,50 s

TOC DROP-OUT = Instantaneous

Isto é, não haverá emulação de relé eletromecânico para reset.

Elementos de Tempo Definido

Existem dois elementos, 3I0> e 3I0>> com as respectivas temporizações T 3I0> e T


3I0>>.

Vamos utilizar apenas o elemento 3I0>, bloqueando o 3I0>>.

Se fosse apenas pelo instantâneo (tempo definido com t = 0 s) nenhum dos dois
elementos seria ativado. Entretanto, como existe a função “Fechamento Manual Sobre
Falta” ativado, é necessário ajustar o 3I0> , porém com temporização.

Assim, para curto-circuito na barra 13,8 kV não haverá trip instantâneo pelo elemento
3I0>. Entretanto, se for quando de fechamento manual, a temporização é cancelada.

Valor do curto-circuito fase-terra no lado 13,8 kV: 5402 A

Dando uma margem de 50% com relação a 5402 A, tem-se um valor de 5402 / 2 = 2701 A

Assim, Ipickup = (2701 / 1200) x 5 = 11,25 A A faixa de ajustes de 3I0> é de 0.25 a 175
A

3I0> = 11.00 A

T 3I0> = 4 s

Isto é, o elemento detectará corrente de terra a partir 2640 A primários, mas só daria trip
com 4 s. Esse tempo elevado é justificado para que esse elemento não interfira na
seletividade com fusíveis e religadores da rede de distribuição.

3I0>> = ∞

Isto é, o segundo estágio de tempo definido é bloqueado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 91 de 100


Seletividade
4.9 SOBRECORRENTE DE TERRA DO LADO NEUTRO DA BT (Relé 7UT612)

Essa função já foi parametrizada para o TC do Neutro e com curva IEC. Os seguintes devem,
adicionalmente estabelecidos:

Item Opções Ajuste Comentários


EARTH O/C OFF ON Função 50/51G ativada
ON
InRushRest. Earth ON OFF Estabilização da função de
OFF sobrecorrente para Corrente de
Magnetização Transitória do
Transformador.
Não ativada pois a função está
aplicada para o lado 2 (BT).
IEMANUAL CLOSE 3I0>> instantaneously Inactive Fechamento sobre Falta
3I0> instantaneously desativada através dessa
função.
3I0p instantaneously
Inactive

A função já foi parametrizada para atuar com a entrada de corrente I7 e TC do neutro de


400/5 A. É a mesma entrada utilizada para a função REF, que também pode ser utilizada
para sobrecorrente de neutro, conforme mostra a figura a seguir:

Figura 4.07 – Sobrecorrente do Neutro e Função REF

ICARGA = (836,8 x 5 / 400) = 10,46 A secundários.

I Pickup ≥ 0,30 x 10,46 = 3,138 A

Esse ajuste permite desbalanço natural de carga até 30% da potência do transformador, já
englobando erros de TC’s para baixa corrente.

IEp = 3,0 A

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 92 de 100


Seletividade
É a mesma sensibilidade da função de terra conectada aos TC’s do lado de BT, mas esta
função engloba o enrolamento em estrela na sua área de proteção.

A maior corrente de terra no lado de 13,8 kV para curto-circuito na BT é 5.402 A para falta
fase-terra. O elemento deve atuar com 0,5 s ou mais para essa corrente.

5402 x 5 / 400 = 67,52 A secundários.

67,52 / 3 = 22,51 x IPickup

Considerando a curva normalmente inversa da norma IEC, para 22,51 x IPickup deve-se ter
aproximadamente 0,5 s

 0,14 
0,5 = T  + 0 
 (22,51) − 1
0 , 02

T = 0,2295 ====>>> T = 0,23 (múltiplos de 0,01)

IEC CURVE = Normal Inverse

T IEp = 0,23

Assim, a curva do relé será:

 
 
 0, 23 x 0,14 
t=
  I  0, 02 
  1,0  − 1
   

Assim, para I Terra = 67,52 A o tempo será de t = 0,50 s

TOC DROP-OUT = Instantaneous

Isto é, não haverá emulação de relé eletromecânico para reset.

Elementos de Tempo Definido

Existem dois elementos, IE> e IE>> com as respectivas temporizações T IE> e T IE>>.

Vamos desativar esses dois elementos.

IE> = ∞

IE>> = ∞

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 93 de 100


Seletividade
4.10 SEQUENCIA NEGATIVA DO LADO BT (Relé 7UT612)

Essa função já foi parametrizada para o lado 2 (BT) com características de tempo definido
somente.

Item Opções Ajuste Comentários


UNBALANCE LOAD OFF ON Função 46 ativada
ON

Elementos de Tempo Definido

Existem dois elementos, I2> e I2>> com as respectivas temporizações T I2> e T I2>>.

Vamos utilizar apenas o elemento I2>, bloqueando o I2>>.

Um critério de ajuste para essa função é considerar 1/3 da corrente de carga nominal do
transformador para a sensibilidade da corrente de seqüência negativa.

Assim: Ipickup = 3,486 / 3 = 1,16 A. A faixa de ajustes é de 0.50 a 15.00 A

I2> = 1.16 A

T I2> = 4 s

Isto é, o elemento detectará desbalanços e curtos-circuitos que não sejam trifásicos, mas
com uma temporização elevada para não interferir com a seletividade da proteção.

I2>> = ∞

Isto é, o segundo estágio de tempo definido é bloqueado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 94 de 100


Seletividade
4.11 CONFIGURAÇÃO DAS FUNÇÕES - RELÉ 7SJ61

As funções a serem utilizadas devem ser parametrizadas na proteção, conforme se segue


(estão indicados apenas os itens de interesse para o exemplo):

Item Opções Ajuste Comentários


Charac. Phase Disabled Time Função 50/51F ativa com curva
Overcurrent IEC.
Definite Time only
Curve IEC
Time Overcurrent
Curve IEC
Time Overcurrent
Curve ANSI
User defined Pickup
Curve
User defined Pickup
and Reset Curve
Charac. Ground Disabled Definite Função 50/51N ativa com tempo
Time Only definido.
Definite Time only
Time Overcurrent
Curve IEC
Time Overcurrent
Curve ANSI
User defined Pickup
Curve
User defined Pickup
and Reset Curve
Coldload Pickup Disabled Disabled Função coldload desativada.
Enabled
InrushRestraint Disabled Enabled Função de estabilização das
funções de sobrecorrente para
Enabled
Magnetização Transitória, Ativada.
Sens. Gnd Fault Disabled Disabled Função 50/51G desativada.
Definite Time Only
User Defined Pickup
Curve
46 Disabled Definite Tipo de curva para a função de
Definite Time only Time only seqüência negativa.
Time Overcurrent
Curve IEC
Time Overcurrent
Curve ANSI

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 95 de 100


Seletividade
49 Disabled Disabled Função de Réplica Térmica
desativada.
Without ambient
temperature
measurement
50BF Disabled Disabled Falha de Disjuntor, desativada
Enabled
RTD-BOX INPUT Disabled Disabled Entrada de medição de
temperatura, desativada.
Port C
Port D

4.12 DADOS DO SISTEMA - RELÉ 7SJ612

Os dados da instalação devem ser parametrizados na proteção, conforme se segue. A tabela


mostra apenas os itens de interesse para o presente exemplo.

Item Opções Ajuste Comentários


Rated Frequency 50 Hz 60 Hz
60 Hz
16 2/3 Hz
PHASE SEQ. ABC ABC Seqüência de fases
ACB
TEMP. UNIT Degree Celsius Degree Celsius Unidade de medição para a
Degree Fahrenheit função 49

CT Starpoint towards Line towards Line Lado de aterramento do TC em


towards Busbar estrela aterrada.

50N/51N/67N w. lgnd (measured) 3I0 Corrente residual calculada das


3I0 (calculated) 3 entradas de corrente. Não se
usa a 4ª. Entrada.
CT PRIMARY 10 …. 50000 A 250 A TC (primário)
CT SECONDARY 1A 5A Secundário do TC
5A

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 96 de 100


Seletividade
4.13 SOBRECORRENTE DE FASE E DE TERRA DO LADO AT (Relé 7SJ61)

Essa função já foi parametrizada com curva IEC. Os seguintes devem, adicionalmente
estabelecidos:

Item Opções Ajuste Comentários


FCT 50/51 OFF ON Função 50/51F ativada
ON
MANUAL CLOSE 50-2 instantaneously Inactive Fechamento sobre Falta para
50-1 instantaneously funções de fase, desativado.
51 instantaneously
Inactive
FCT 50/51N OFF ON Função 50/51N ativada
ON
MANUAL CLOSE 50N-2 instantaneously Inactive Fechamento sobre Falta para
50N-1 instantaneously funções de terra, desativado.
51N instantaneously
Inactive
INRUSH REST. ON ON Restrição da função de
OFF sobrecorrente para Corrente de
Magnetização Transitória do
Transformador.
Ativada.
nd
2 . HARMONIC. 10 …. 45% 15% Percentagem de 2ª. Harmônica
com relação `a fundamental,
para restrição por inrush.
CROSS BLOCK NO NO Bloqueio cruzado para restrição
YES por inrush. Desativado.

I Max 1.50 … 125.00 A Máxima corrente para restrição


por inrush.

Quando se detecta corrente de magnetização transitória, há a restrição das funções de


sobrecorrente, com exceção daqueles de alto ajuste (50-2 e 50N-2)

4.13.1 Sobrecorrente de Fase 50/51F

20000
C arg aNo min al = = 131,2 A
3.88

ICARGA = (131,2 x 5 / 250) = 2,62 A secundários.

I Pickup ≥ 1,5 x 2,62 = 3,93 A

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 97 de 100


Seletividade
Ajuste de corrente superior a 50% acima da carga nominal do transformador. A faixa de
ajustes desse elemento é 0.50 a 20.00 A.

51 PICKUP = 4.00 A

A maior corrente de fase no lado de 88 kV para curto-circuito no lado de 13,8 kV é 821 A


para falta trifásica. O elemento deve atuar com 0,7 s ou mais para essa corrente.

821 x 5 / 250 = 16,42 A secundários.

16,42 / 4 = 4,105 x IPickup

Considerando a curva normalmente inversa da norma IEC, para 4,105 x IPickup deve-se
ter aproximadamente 0,7 s

 
 
K
t = T . + L 
 
α 
  I Ipickup  − 1 
  

 0,14 
0,7 = T  + 0 
 (4,105) − 1 
0 , 02

TD = 0,14323 ====>>> T = 0,15 (múltiplos de 0,01)

51 IEC CURVE = Normal Inverse

51 TIME DIAL = 0.15

Assim, a curva do relé será:

 
 
 0,15 x 0 ,14 
t=
 I 0 , 02

  4,0  − 1
  

Assim, para I = 16,42 A o tempo será de t = 0,73 s

51 Drop-our = Instantaneous

Isto é, não há emulação de relé eletromecânico para reset.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 98 de 100


Seletividade
Elemento Instantâneo de Fase

O relé possui dois estágios de sobrecorrente de fase de tempo definido, que são 50-1 e 50-
2, cada um com o respectivo temporizador. Caso o tempo seja ajustado em 0 s, tem-se
elemento instantâneo. Vamos utilizar o elemento 50-2 e bloquear o outro. Usa-se 50-2 pois
esse elemento não é afetado pela restrição por “inrush”.

50-1 PICKUP = ∞

50-1 DELAY = ∞

50-2 active = Always

Ajuste de corrente para detectar a menor corrente de fase para curto circuito no lado 88
kV. A faixa de ajustes desse elemento é 0,5-175 A.

ICCF-T = (4953 x 5 / 250) = 99 A secundários.

A corrente nominal do transformador é 2,62 A secundários. Adotando margem bastante


conservadora de 20 x Icarga para corrente de magnetização transitória, tem-se:

20 x 2,62 = 52,2 A sec.

50-2 PICKUP = 60 A

50-2 DELAY = 0.00 s

Essa corrente é inferior a 99 A e superior a 52 A. Considerando que a proteção é digital, o


valor poderia ser ajustado ainda menor. Isso depende da filosofia de cada empresa
usuária.

4.13.2 Sobrecorrente de Terra 50/51N

A proteção de sobrecorrente de terra do lado da AT de Transformador em derivação, com


conexão DELTA é muito especial, pois não haverá, nunca, corrente de terra para curto-
circuito no lado da BT. Nem haverá contribuição de corrente de terra para curto circuito na
LT que alimenta a subestação.

Assim, a proteção de sobrecorrente de terra do lado da AT, nessas condições, é


inerentemente seletiva. Não há necessidade de função temporizada. O Elemento
Instantâneo pode e deve ser ajustado bem sensível, apenas considerando erros de
precisão de TC’s e correntes de excitação.

Esta função já foi parametrizada para “definite time only”.

Elemento Instantâneo

O relé possui dois estágios de sobrecorrente de fase de tempo definido, que são 50N-1 e
50N-2, cada um com o respectivo temporizador. Caso o tempo seja ajustado em 0 s, tem-

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 99 de 100


Seletividade
se elemento instantâneo. Vamos utilizar o elemento 50N-2 e bloquear o outro. Usa-se 50N-
2 pois esse elemento não é afetado pela restrição por “inrush”.

50N-1 PICKUP = ∞
50N-1 DELAY = ∞
50N-2 active = Always

Ajuste de corrente de terra bem sensível. A faixa de ajustes desse elemento é 0,25-175 A.

50N-2 PICKUP = 0,5 A

50N-2 DELAY = 0.00 S

A corrente ajustada é 10% da corrente nominal do TC. Suficiente para contemplar erros.

4.14 SEQUÊNCIA NEGATIVA DO LADO AT (Relé 7SJ61)

Essa função já foi parametrizada com características de tempo definido somente.

Item Opções Ajuste Comentários


FCT 46 OFF ON Função 46 ativada
ON

Elementos de Tempo Definido

Existem dois elementos, 46-1 e 46-2 com as respectivas temporizações. Vamos utilizar
apenas o elemento 46-1, bloqueando o 46-2.

Um critério de ajuste para essa função é considerar 1/3 da corrente de carga nominal do
transformador para a sensibilidade da corrente de seqüência negativa.

Assim: Ipickup = 2,62 / 3 = 0,87 A. A faixa de ajustes é de 0.50 a 15.00 A

46-1 PICKUP = 1.16 A

46-1 DELAY = 4 s

Isto é, o elemento detectará desbalanços e curtos-circuitos que não sejam trifásicos, mas
com uma temporização elevada para não interferir com a seletividade da proteção.

46-2 PICKUP = ∞

46-2 DELAY = ∞

Isto é, o segundo estágio de tempo definido é bloqueado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Exemplo de Ajustes e 100 de 100


Seletividade

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