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Universidade Federal de Catalão

Curso de Engenharia de Minas

Resistência dos Materiais 1

Torção em Tubos de Paredes Finas

Alunos: Laiane Caixeta, Karlos Eduardo e Poliana Felipe

Professor: Davidson De Oliveira Franca Junior

Turma: FEA0207
SUMÁRIO

1.0 - Introdução 3
2.0 - Fluxo de Cisalhamento 3
3.0 - Tensão de Cisalhamento 4
4.0 - Aplicação em exercícios 7
5.0 - Considerações Finais 9
6.0 - Referências Bibliográficas 10

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Lista de Figuras

Figura 1 - Ilustração de como se comporta o torque. 3


Figura 2 - Forças de cisalhamento nas laterais. 4
Figura 3 - Área atuante da tensão de cisalhamento. 5
Figura 4 - Ponto 0 dentro de uma cavidade 5
Figura 5 - Triângulo “dA” 6
Figura 6 - Problema 5.100/101 7
Figura 7 - Problema 5.106 8

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1.0 - Introdução

A engenharia possui diversas aplicações para o uso da torção, um exemplo que


utilizado no dia a dia é nos carros, pois temos um sistema de eixos de transmissão que
propaga a força do motor para todas as rodas do carro para que entre em movimento, também
temos nos cálculos para a construção civil. O relatório a seguir explica com mais detalhes
como esta tensão comporta-se em materiais que possuem paredes finas.
Um dos elementos presentes nesta tensão é o torque, que ocorre por um momento
quando o elemento tende a torcer em torno do próprio eixo longitudinal, acionado através de
uma força. Este causa uma pequena torção ao longo do seu comprimento que gera uma
deformações em seu corpo, conforme mostra a figura 1. Deste modo, quando aplicado o
torque em um elemento é gerado o fenômeno da torção.

Figura 1- Ilustração de como se comporta o torque.

Fonte: Resistência dos materiais - R. C. Hibbeler - 7a edição, 2010.

2.0 - Fluxo de Cisalhamento

Conforme dito, a torção tem aplicação em tubos de paredes finas, que possuem um
formato não circular e são vazados, tendo espessuras variadas “t” em suas paredes. O Fluxo
de cisalhamento presente neste tubos age de maneira um pouco diferente, neste caso o objeto
que sofre torção acaba criando duas tensões de cisalhamentos, sendo uma em cada
extremidade do seu comprimento em relação ao torque. As forças de cisalhamento indicada
por “τa” e “τb” mostradas na figura 2, considerando as laterais de espessuras constantes “t”,
as forças “F” que agem sobre elas, são explicadas pelas equações 1 e 2.
𝑑𝐹𝑎 = τ𝑎(𝑡𝑎 𝑑𝑥 ) (Eq. 1)

𝑑𝐹𝑏 = τ𝑎(𝑡𝑏 𝑑𝑥 ) (Eq. 2)

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Vale mencionar que mesmo tendo as espessuras diferentes as tensões de cisalhamento
podem ser comparadas, uma vez que ambas agem nas laterais longitudinais do objeto em
questão. O equilíbrio de força exige que essas cargas sejam de valor igual, para que
mantenha-se o momento de inércia sendo nulo, pois deste modo as somatórias de força nas
direções opostas são iguais, de modo temos que “τ” expressa a tensão de cisalhamento e o “t”
a espessura variada da parede, mostrado na equação 3:
τ𝑎. 𝑡𝑎 = τ𝑏. 𝑡𝑏 (Eq. 3)

Figura 2- Forças de cisalhamento nas laterais.

Fonte: Resistência dos materiais - R. C. Hibbeler - 7a edição, 2010.

Esta descoberta mostra que o produto entre a tensão de cisalhamento longitudinal


média “τ𝑚é𝑑” e a espessura “𝑡” do tubo é constante por todo o seu comprimento transversal

da parede fina, portanto é formado um fluxo de cisalhamento “𝑞”, que pode ser descrito
conforme mostra a equação 4.
𝑞 = τ𝑚é𝑑𝑡 (Eq. 4)

Tendo em vista essa constância em relação a aplicação de forças e as equações


mostradas anteriormente é possível concluir que a maior tensão de cisalhamento medido vai
ocorrer na parte de menor espessura das paredes do tubo em estudo.

3.0 - Tensão de Cisalhamento

Uma outra tensão que atua nos tubos de paredes finas é a tensão de cisalhamento
média, esta tensão é executada na área sombreada da figura 3, mostrada abaixo. Podemos
relacionar esta tensão com o torque “𝑇”, tendo em vista que o torque gerado pela tensão de
cisalhamento em torno do ponto.

4
Figura 3- Área atuante da tensão de cisalhamento.

Fonte: Resistência dos materiais - R. C. Hibbeler - 7a edição, 2010.

Conforme foi dito anteriormente faremos uma relação entre o torque “T” aplicado em
um secção vazada e o fluxo de cisalhamento “q” que sua parede sofre. Selecionando um
pequeno elemento da seção da parede obtém-se de comprimento “ds” e tendo em mente a
área do elemento como 𝑑𝐴 = 𝑡 𝑑𝑠, teremos a intensidade da força de cisalhamento “dF”
que atua no elemento, expresso na equação 5.
𝑑𝐹 = 𝑇 𝑑𝐴
𝑑𝐹 = 𝑇(𝑡 𝑑𝑠)
𝑑𝐹 = (𝑇𝑡) 𝑑𝑠
𝑑𝐹 = 𝑞 𝑑𝑠 (Eq. 5)

Para o desenvolvimento da equação é necessário o momento “dM0” dessa força em


relação a um ponto 0, arbitrário dentro da cavidade do elemento, conforme ilustrado na figura
4.

Figura 4- Ponto 0 dentro de uma cavidade.

Fonte: Mecânica dos materiais - F. P. Beer - 5a edição, 2011.

Para obter este momento basta multiplicar a equação 5 pela distância perpendicular
(braço de alavanca), denominada “p” do ponto 0 até à linha de ação de “dF”, assim obtendo:

5
𝑑𝑀0 = 𝑝𝑑𝐹

𝑑𝑀0 = 𝑝(𝑞 𝑑𝑠)

𝑑𝑀0 = 𝑞(𝑝 𝑑𝑠) (Eq.6)

Todavia, é possível notar através de produto vetorial e através de cálculos que o


produto “p ds” é igual a duas vezes a área “dA” do triângulo colorido na figura 5, formando,
𝑑𝑀0 = 𝑞(𝑑𝐴𝑚) (Eq. 6.1)

Sendo “Am” a área média contida na linha de centro da espessura do tubo. Feito o
cálculo para a parte infinitesimal, resta integrar as partes para obter-se as medidas do torque T
completo na peça, resultando na seguinte equação 7, onde temos :

𝑇 = ∮ 𝑑𝑀0

𝑇 = ∮ 𝑞(𝑑𝐴𝑚) (Eq.7)

Figura 5- Triângulo “dA” .

Fonte: Mecânica dos materiais - F. P. Beer - 5a edição, 2011.

Devido a constância do fluxo de cisalhamento relatado anteriormente, temos que o


torque é igual ao fluxo de cisalhamento multiplicado por duas vezes a área média, conforme
dito na equação 4, só que ao dobro da área. Assim colocando a tensão de cisalhamento τ
𝑚é𝑑

em relação ao torque 𝑇 e retirado o fluxo, o acabaria ficando a espessura 𝑡 e a área média 𝐴 ,


𝑚

temos por fim a seguinte equação 8:

τ𝑚é𝑑 =
𝑇 (Eq. 8)
2𝑡𝐴 𝑚

6
O ângulo de torção de um elemento de parede fina de comprimento qualquer “L” é
dado pelos métodos de energia de modo expresso na seguinte equação 9.

𝑇𝐿 𝑑𝑠 (Eq.9)
θ= 2 .∮ 𝑡
4𝐴𝑚𝐺

Na equação acima (9) a integral se refere a toda área de seção transversal do tubo, “𝐺”
é o módulo de cisalhamento.

4.0 - Aplicação em exercícios

Para melhor entendimento, a seguir contém dois exercícios acompanhado juntamente


com a resolução dos mesmos, onde vai ser utilizado as equações mostradas anteriormente ao
longo deste relatório.

Exercício 1: Determine o torque “T” que pode ser aplicado ao tubo retangular se a
tensão de cisalhamento média não pode ultrapassar 84 MPa. Despreze as concentrações de
tensão nos cantos. As dimensões médias do tubo são mostradas na figura.

Figura 6 - Problema 5.100/101.

Fonte: Resistência dos materiais - R. C. Hibbeler - 7a edição, 2010.

Resolução: Neste exercício vamos usar as equações 6.1 e 8, temos:


𝑑𝑀0 = 𝑞(𝑑𝐴𝑚)

𝐴𝑚 = 0, 05. 0, 1
2
𝐴𝑚 = 0, 005 𝑚

Agora que achamos a área média basta utilizar a equação 8 para determinar o “T”.
𝑇
𝑇𝑚é𝑑 = 2𝑡𝐴 𝑚

7
6 𝑇
84 * 10 = 2*0,003*0,005

𝑇 = 2520 𝑁𝑚

Resposta: O resultado obtido do torque foi 2520 Nm.


Exercício 2: O tubo de aço tem seção transversal elíptica de dimensões médias
mostradas na figura e espessura constante de 𝑡 = 5𝑚𝑚. Se a tensão de cisalhamento
admissível for τ𝑎𝑑𝑚 = 56 𝑀𝑃𝑎 , determine a dimensão “b” necessária para resistir ao torque

mostrado. A área média para a elipse é 𝐴𝑚 = π𝑏(0, 5𝑏).

Figura 7 - Problema 5.106.

Fonte: Resistência dos materiais - R. C. Hibbeler - 7a edição, 2010.

Resolução: Neste exercício primeiramente deve-se fazer a somatória do torque.


Σ𝑇 = 0
− 𝑇 + 450 − 120 + 75 = 0
𝑇 = 405 𝑁𝑚
Agora te obtivemos o valor do torque, basta utilizar a equação 8 para calcularmos a
dimensão b. Lembrando de substituir o 𝐴𝑚 = π𝑏(0, 5𝑏).
𝑇
𝑇𝑚é𝑑 = 2𝑡𝐴 𝑚 𝑏=
𝑇
𝑡πτ
𝑇
𝑇𝑚é𝑑 = 2𝑡π𝑏(0,5𝑏) 𝑏=
405
5*π*56

𝑏 = 21, 46 𝑚𝑚

Resposta: O resultado obtido da dimensão “b” foi de 21,46 mm.

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5.0 - Considerações Finais

Portanto, nos tubos de paredes finais temos as tensões atuando de duas maneiras. A
primeira delas conforme foi abordado foi o fluxo de cisalhamento, que em suma é a torção
que converte-se em duas formando cisalhamento em cada extremidade. Já a segunda é a
tensão de cisalhamento média a qual representa a extensão onde esta tensão é executada. Vale
ressaltar que este tipo de tensão relaciona-se com o torque. Os tubos de parede fina tem
diversas aplicações, seja na construção civil ou na mecânica, são usados principalmente na
área de transportes.
De acordo com o presente trabalho a torção em tubos de paredes finas teve como
resultado a equação 8, onde o torque é igual ao fluxo de cisalhamento multiplicado por duas
vezes a área média. Destaca que mesmo tendo as espessuras dos tubos diferentes, as tensões
de cisalhamento podem ser comparadas, pois ambas agem nas laterais longitudinais do corpo.

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6.0 - Referências Bibliográficas

ARGENTA, A. L. D. P. Resistência dos materiais 1: Barras sob efeitos térmicos. [S. l.], 6
jul. 2022. Disponível em:
file:///C:/Users/Wesley/Desktop/Laiane/Faculdade/ReMa/Aulas/Aula_05_-_Solicitacao_axial
_-_Torcao.pdf. Acesso em: 12 ago. 2022.

ARGENTA, A. L. D. P. Resistência dos materiais 1: Torção: Eixos estaticamente


indeterminados. [S. l.], 6 jul. 2022. Disponível em:
file:///C:/Users/Wesley/Desktop/Laiane/Faculdade/ReMa/Aulas/Aula_06_-_Torcao.pdf.
Acesso em: 12 ago. 2022.

BEER, F. P., RUSSEL, E., Mecânica dos Materiais, 5ª Edição: Editora Artmed, 2011.

HIBBELER, R. C., Resistência dos Materiais, 7ª Edição: Editora Makron, 2010.

Silva Filho, Júlio Jerônimo Holtz; Velasco, Marta de Souza Lima; Sánchez Filho, Emil de
Souza. Reforço à Torção de Vigas de Concreto Armado com Compósitos de Fibras de
Carbono. Rio de Janeiro, 2007. 280p. Tese de Doutorado - Departamento de Engenharia
Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Disponível em:
http://livros01.livrosgratis.com.br/cp053686.pdf. Acesso em: 13 ago. 2022.

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