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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola Politécnica

EEA 338 - Resistência dos Materiais

Resumo 1 – Revisão da Primeira parte do curso

Professor: Gilberto B. Ellwanger

Aluno: Wagner C. Wüthrich

DRE: 116178139

Novembro
2022
Sumário
I. Introdução 3
II. Entendendo Forças Cortantes e Momento Fletor 4
III. Entendendo Tensões em Vigas 10
IV. Conclusão 20
I. Introdução

Este resumo tem base nos conceitos trabalhados durante a primeira parte da
disciplina. Estes conceitos estão apresentados em quatro tópicos:

“Entendendo Forças Cortantes e Momento Fletor” e “Entendendo Tensões em


Vigas”. São tópicos correspondentes a dois vídeos que abordam estes respectivos
conceitos.

Dentre as informações dispostas nestes vídeos, é importante considerar a equação


de alongamento relativo, com unidade adimensional,

𝐿−𝐿0 (1)
ϵ= 𝐿0
.

A Lei de Hooke, que considera a tensão normal como o módulo da elasticidade


pelo alongamento relativo, responsável pelo gráfico tensão-deformação de inclinação E,

σ = 𝐸 × ϵ. (2)
II. Entendendo Forças Cortantes e Momento Fletor

A definição do que é a força cortante e o momento fletor realmente representam


tem origem das forças internas que ocorrem devido a aplicação de uma força externa
para manter o equilíbrio do corpo.

Essas forças internas têm duas componentes, as cortantes orientadas no sentido


vertical do corpo e as normais orientadas pelo eixo longitudinal do corpo, como
demonstra a figura 1a e 1b.

Figura 1a: Força Interna Cortante. Figura 1b: Força Interna Normal.

As forças internas normais da figura 1b demonstra o comportamento de


compressão na parte superior e tração na parte inferior, que são iguais em magnitude,
originando um momento, chamado de momento fletor.

As forças internas presentes na seção do corpo podem então ser representadas,


portanto, com duas resultantes como a figura a seguir.
Figura 2: Forças Internas de uma seção.

Estas forças são dependentes da carga sobre o corpo e o apoio em que ele está.

A carga sobre vigas pode ser representada das mais diversas maneiras de acordo
com o desejado. Podendo ser uma única ou combinação entre força pontual, distribuída
ou momento centrado.

As vigas podem ter diversos tipos de apoios: Suporte pontual, que permite apenas
a rotação. Suporte deslizante, que permite movimento em um eixo e rotação. Suporte
completamente fixado, que não permite movimento algum. Cada suporte possui as
reações correspondentes a suas restrições.

Figura 3a: Diversos Apoios de Vigas Figura 3b: Diversas Cargas sobre Vigas
Para o cálculo das forças internas neste caso, é necessário o uso das equações de
equilíbrio e que a viga esteja sobre regime isostático. Ou seja, o número de equações de
equilíbrio devem ser iguais ao número de reações.

Calculada às forças de reação será possível determinar as tensões cisalhantes e


momentos fletores da viga em cada região da viga.

A convenção de sinais abordada neste caso é: Positiva para carga apontando para
baixo. A força cortante à esquerda apontando para baixo corresponde a valores
positivos, enquanto à direita deverá apontar para cima para ser considerada também
positiva. O sinal para o momento fletor considera a compressão da parte inferior com
tração da parte superior da viga como negativa e a compressão da parte superior com
tração da parte inferior como positiva.

As figuras a seguir exemplificam a convenção:

Figura 4a: Convenção de Sinal Positivo Figura 4b: Convenção de Sinal Momento
Os Diagramas de esforço cortante e de momento fletor podem ser construídos
analisando as reações e carga sobre a viga como o demonstrado na figura a seguir:

Figura 5: Diagrama de Esforços Internos

O procedimento para a obtenção dos diagramas da Figura 5 inicia-se a partir das


reações e carga aplicada.

A força cortante se manterá constante no primeiro segmento e positiva devido à


orientação para cima à direita, enquanto o momento fletor segue como a distância deste
trecho multiplicada pelo valor final da cortante e positiva pelo momento gerado da
reação com a carga comprimir a parte superior da viga.

O início do segundo trecho demonstra o efeito da carga na seção analisada,


causando uma força de corte negativa, que se mantém constante pela ausência de outro
carregamento enquanto o momento fletor se comporta levemente abaixo do inicial, mais
uma vez seguindo o comportamento da força de corte que desta vez segue como -3 por
2 metros, o que causa um momento fletor oposto ao inicial.

No terceiro trecho o evento se repete, mas possibilitando a noção de que os


cálculos realizados pelo outro extremo da figura resultam em valores iguais devido à
natureza dos cálculos das reações de equilíbrio. A cortante é negativa, mas o momento
fletor positivo devido ao sentido do momento gerado pela força de reação e a carga
aplicada.
O diagrama dos esforços internos têm uma maior utilidade e fica melhor
entendido utilizando a ideia diferencial dado uma carga contínua aplicada sobre a viga
como demonstrado na ilustração a seguir:

Figura 6: Representação Diferencial

Considerando a carga W variando ao longo da viga podemos assumir um valor w


em um intervalo dx que produzirá uma força cortante dV que por sua vez será capaz de
produzir um momento fletor dM. podemos realizar a operação

Dois exemplos demonstram a utilização dos diagramas de esforços internos e o


comportamento derivativo entre as funções de carga e reação, corte e momentos.

Figura 7a: Diagrama Esforço Interno Carga Figura 7b: Diagrama Esforço Interno Carga
Simples e Carga Contínua. Contínua e Momento Aplicado.
Podemos ainda prever o comportamento de deformação da viga a partir do
diagrama de momentos fletores apresentado na figura 7b, melhor demonstrado a seguir:

Figura 8: Deformação da Viga


III. Entendendo Tensões em Vigas

Com a uma carga aplicada sobre a viga um curvamento ocorre causando estresse
na estrutura interna que pode ser representada pela força cortante agindo verticalmente e
o momento fletor originado das forças normais como descrito anteriormente. A Figura 2
demonstra a representação destas forças internas no geral, contudo existem casos
particulares a serem analisados dado a importância de projetar as vigas para
determinadas cargas.

O caso de flexão pura, no qual a força cortante em certa região da viga é nulo,
possui seu momento fletor constante neste intervalo como demonstrado a seguir:

Figura 9a: Flexão Pura em toda viga. Figura 9b: Região de Flexão Pura.
Com a flexão pura as fibras da viga se comportam comprimindo uma região
enquanto traciona a outra. Existe uma região entre a zona de compressão e zona de
tração chamada de superfície neutra que passa pelo centróide da viga.

Figura 10: Superfície Neutra Vista da Zona de Compressão.

Essa superfície neutra pode ser chamada de eixo neutro na vista plana e ajuda a
analisar o comportamento das fibras da viga. Utilizando um outro eixo para comparação
e distanciadas entre si a uma distância “y”, aplicando uma flexão pura na viga pode ser
visto as fibras flexionando em um arco de círculo perfeito centrado em “O". Enquanto
no eixo neutro o tamanho se mantém, o trecho referido tem alterações.

Figura 11: Flexão sobre seção Circular de raio R.


Considerando um raio R até o eixo neutro e uma abertura de ângulo θ, como
demonstrado na Figura 11, pode ser calculado o comprimento de arco dos eixos da
figura.

𝐴𝐵 = 𝑅 · θ (3)

𝐶𝐷 = (𝑅 + 𝑦) · θ (4)

Utilizando o conceito de deformação da equação (1) apresentada no tópico


introdutório e as equações anteriores podemos dizer que a deformação entre as duas
regiões é:

ϵ =
(𝐶𝐷−𝐴𝐵)
=
𝑦 (5)
𝐴𝐵 𝑅

Considerando a elasticidade da viga podemos ainda usar a Lei de Hook da


equação (2) e definir a tensão de acordo com a flexão seguindo a função de
tensão-deformação e obter em função do raio de curvatura R.

σ=
𝐸𝑦 (6)
𝑅

O comportamento do momento fletor M está relacionado desta forma a tensão, e


como a análise da Figura 1b pode nos demonstrar, a soma vetorial dos componentes
infinitesimais agindo como tensões normais na superfície de corte, é capaz de ser

representada com uma integral 𝑀 = ∫ σ𝑦𝑑𝐴 e utilizando a equação 6 chegamos em:


𝐴

𝐸
(7)
𝑀= 𝑅
∫ 𝑦²𝑑𝐴,
𝐴

𝑀=
𝐸𝐼
, (8)
𝑅

I é definido como momento de inércia de segunda ordem, e nos fornece


σ=
𝑀𝑦
. (9)
𝐼

A análise desta equação diz que conforme a distância “y” do eixo neutro aumenta,
a tensão flexora aumenta linearmente e o aumento do momento de inércia é capaz de
reduzir a tensão flexora. Isso demonstra que podemos analisar 𝑆 = 𝐼/𝑦𝑚𝑎𝑥 como um

módulo de seção que nos ajuda a determinar o ponto de máxima tensão na viga,
ocorrendo o mais distante do eixo neutro possível.

O uso de vigas em “I” é amplo devido ao seu valor de momento de inércia


elevado. No centróide a tensão normal é nula, e conforme a viga em I se aproxima de
uma viga em T, diminuindo sua base, temos que o eixo neutro se desloca acompanhando
o centróide e o comportamento da viga se altera proporcionalmente de acordo com a
tensão flexora.

Figura 12: Viga em “I” em transição para “T”.

Na maioria dos casos, não haverá flexão pura e teremos também uma força
cortante agindo na seção transversal da viga, contudo esta normalmente não afeta de
maneira significativa a tensão flexora da viga, assim podemos considerar a fórmula de
tensão flexora para flexão pura para casos mais gerais.

A força cortante, adotada pela letra “V”, é resultante da tensão cisalhante que
ocorre na seção transversal da viga, chamada denotada por “τ”. Para manter o equilíbrio
da viga, a tensão cisalhante possui também componentes horizontais ao longo da viga
como demonstra a imagem com seccionamentos da viga.

Figura 13a: Tensões cisalhantes. Figura 13b: Tensões Cisalhantes pela Viga

Podemos analisar a viga como sendo feita de diversas camadas como a


demonstrada pela Figura 13b. Quando uma carga é aplicada há uma tendência de
deslizamento entre as camadas que poderia ser restringido com a aplicação de uma
“suficientemente forte cola” entre elas como demonstrado a seguir:

Figura 14: Comportamento Segmentar da Viga (à esquerda sem cola, à direita com cola).

A tensão horizontal responsável por esta ação “colante” necessita ser maior do
que a força cisalhante aplicada para manter este comportamento conjunto, contudo se
aplicado um momento puro, não haverá estas forças cisalhantes não promovendo
tendência de deslizamento entre os segmentos. Esse comportamento descreve a razão
pela qual há rompimento em suportes de madeira quando aplicada cargas em suas
pontas e geralmente ocorrem próximos do eixo neutro da viga.
Figura 15: Viga de madeira sofrendo rompimento

A tensão cisalhante pode ser ser determinada de maneira média e aproximada


como τ = 𝑉/𝐴, sendo “A” a área média da seção e “V” a força cisalhante, porém como
nas regiões extremas da viga a tensão cisalhante vertical é zero e ainda que ela não pode
nos fornecer a tensão cisalhante máxima usamos para tal feito uma forma mais completa
para tensão cisalhante:

τ(𝑥, 𝑦) =
𝑉(𝑥)𝑄(𝑦) (10)
𝐼𝑏(𝑦)

Este utiliza a noção descrita na figura 13. Consideramos para a seção “I” como o
momento de inércia de segunda ordem constante, “b(y)” sendo o tamanho variável
ortogonal ao eixo y e a seção de corte, “Q(y)” o momento de inércia de primeira ordem
que segue o comportamento da posição desejada na seção e “V(x)” a força cortante
agindo de acordo com a posição do seccionamento da viga ao longo do eixo x.

Q(y) define a região que desejamos encontrar a tensão cisalhante no corte da viga.
Figura 16a: Corte da Viga Figura 16b: Tensão Cisalhante a uma
distância “y” do eixo neutro.

Para encontrar a tensão cisalhante na região pontilhada da figura 16b a uma


distância “y” do eixo neutro precisamos calcular o momento de primeira ordem, que
pode ser definido como a área da região acima do eixo(área azul) multiplicado pela
distância do eixo central até o centróide da área azul.


𝑄 = 𝑏( 2 − 𝑦) · (𝑦 + (
ℎ/2−𝑦
) (11)
2

Estas equações permitem aferir o ponto de máxima tensão cisalhante ao longo da


viga.
Figura 17: Ponto de Máxima Tensão Cisalhante

A figura 17 descreve o comportamento visto na figura 15 utilizando as


equações para a tensão cisalhante e o momento de inércia de primeira e segunda ordem.
Se analisarmos a região do eixo neutro, 𝑦 = 0 o que resulta em uma tensão cisalhante
máxima.

Considerando a figura 17 a equação assume que as tensões cisalhantes estão


alinhadas com o eixo y e fornece uma tensão cisalhante média quando analisado o
comportamento da espessura da viga sob a área perpendicular ao eixo z.

Figura 18: Tensão Cisalhante Média


Para uma seção circular não pode ser utilizada esta equação para se obter a
distribuição de tensão cisalhante de acordo com a posição y, porém podemos usá-la para
estimar as tensões cisalhantes no eixo neutro porque as tensões cisalhantes estão
4𝑉
alinhadas com o eixo y. Portanto podemos assumir τ𝑚𝑎𝑥 = 3𝐴
para seções circulares
3𝑉
enquanto τ𝑚𝑎𝑥 = 2𝐴
pode ser assumido para seções retangulares.

Figura 19: Seção Circular.


A equação também pode ser usada para vigas em outras formas, como a em
“I”, porém possui mais fatores complicantes. Dado que a tensão cisalhante nas
superfícies da mesa superior e inferior são zero e de regiões muito cumpridas, as tensões
cisalhantes verticais nas mesas da viga são muito pequenas, enquanto na alma da viga é
onde se concentra a maior parte da tensão cisalhante. As mesas portanto carregam o
maior momento fletor e a alma a maior tensão cisalhante.

Figura 20: Distribuição da Tensão Cisalhante na seção da viga em “I”.


O comportamento visto na figura 20, no qual a alma é responsável pela maior
parte da tensão cisalhante de maneira bem distribuída ao longo da altura da viga ocorre
devido a contribuição significativa das mesas da viga ao determinar o primeiro
momento de inércia, mas eles não carregam muita força cortantes e como a alma é fina,
também é distribuída igualmente ao longo de seu comprimento. Esse comportamento
faz com que possamos calcular a tensão cisalhante de maneira aproximada na alma de
forma aceitável como τ𝑎𝑙𝑚𝑎 ≃ 𝑉/𝐴𝑎𝑙𝑚𝑎 .

Análises mais detalhadas ainda demonstram que as mesas da viga em “I”


possuem tensões cisalhantes, mas agindo principalmente na direção horizontal. Essas
tensões em ambos os lados das mesas se cancelam, resultando apenas na tensão
cisalhante vertical percorrendo a alma.

Figura 21: Comportamento de Tensões Cisalhantes na Viga em I


IV. Conclusão

O estudo de vigas e seus esforços internos nos conduz a partir de uma simples
carga e resultantes(devido aos apoios da viga) para o comportamento mais complexo e
funcional de seus estados. O estudo isostático desempenha uma função importante na
análise de estruturas mecânicas e se vê mais completo com o uso dos diagramas de
esforços internos e de sua distribuição pela viga.

O formato da viga é de extrema importância nesta análise, demonstrando a


importância da escolha do modelo ideal a ser utilizado para suportar a carga ou força
desejada. A relação entre as partes que compõem a viga fazem parte da análise e não
podem ser desprezadas, tendo como guia muitas vezes a região de máxima tensão assim
como a maneira que a tensão cisalhante se distribui pela seção, ditando o
comportamento dos esforços solicitantes sob o esforço externo.

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