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Universidade Federal de Itajubá

Instituto de Engenharia Mecânica


EME438P- T06

Ensaio de Tração
Proposta do relatório: Projeto de barras de fixação.

QUESTÃO 1: Plote a curva Tensão - Deformação para o material ensaiado. Porque


a tensão cai após o limite de resistência na curva de engenharia?

A tensão é dada pela razão entre a força aplicada e a área da secção de um


corpo de prova. Essa área varia conforme ocorre a deformação do material. No
entanto, em curvas de engenharia ela é adotada como a área da secção inicial do
corpo de prova e portanto constante.
Após o limite de resistência, a tensão de engenharia cai devido a diminuição
da seção resistente ao se ultrapassar a tensão máxima. Com isso, a carga para
continuar a deformação também diminui até a ruptura final. Assim:
↓𝐹
↓𝞂 = 𝐴=𝑐𝑡𝑒
No caso de curvas verdadeiras, a tensão e deformação não dependem dos
valores iniciais da secção transversal e do comprimento do corpo de prova, mas sim
dos valores instantâneos. Assim, nessa situação, obtém-se uma curva crescente
mesmo após o limite de resistência.
↓𝐹
↑𝞂 = ↓𝐴

QUESTÃO 2: Porque há uma oscilação na tensão durante o escoamento? Isso tem


alguma relação com escorregamento da garra de fixação? Justifique.

Durante o escoamento, inicialmente observa-se a ocorrência do limite


superior, onde a tensão atinge um valor suficiente para superar as barreiras que
retém as discordâncias. A tensão então cai até o limite inferior. Durante este
processo, outras barreiras podem aprisionar as discordâncias, exigindo que a
tensão novamente venha a aumentar e assim sucessivamente. Dessa forma,
pode-se observar escoamento irregular ou valores de tensão praticamente
constante, dependendo se uma única banda foi formada ou se diversas bandas
foram desenvolvidas, caracterizando as oscilações na tensão.
Entretanto, um detalhe muito importante para a realização dos ensaios de
tração é o alinhamento do corpo de prova com as garras durante a montagem do
teste. Assim,caso o ajuste do mecanismo de fixação estiver desgastado ou com
pontas, poderá ocorrer o escorregamento do corpo e desalinhamento deste, que
provocará erros na confecção do diagrama. Os desvios causados pelo
desalinhamento também podem causar uma não uniformidade das tensões,
provocando o surgimento de tensões de flexão e diminuição dos valores lidos da
tensão de tração.
Portanto as oscilações na tensão durante o escoamento podem ser geradas
pela formação das bandas de Luders, assim como podem ter relação com
escorregamento da garra de fixação.

QUESTÃO 3: Obtenha as seguintes propriedades a partir do ensaio de tração:

a) Módulo de elasticidade E. O resultado está coerente com a literatura? Caso


negativo, justifique a razão da variação.

O módulo de elasticidade pode ser dado por:


𝛔
E=
𝛆
Assim, considerando o intervalo elástico do gráfico indicado pela parte
linear, tem-se:
313,9045962
E= 0,0015631
= 200,822 GPa
O resultado encontrado não está coerente com a literatura (207 GPa),
no entanto está muito próximo. Esse fato pode ocorrer devido a inúmeros
fatores como as condições em que foi realizado o ensaio, visto que a
temperatura influencia intensamente no módulo de elasticidade, assim como
a velocidade, por exemplo. Por outro lado pode ter ocorrido erro na
interpretação do gráfico e consequente erro no cálculo do módulo. Ademais,
erros no processo de ensaio, tais como mau alinhamento do corpo de prova,
também podem acarretar desvios no valor obtido, entre outros.

b) Tensão de escoamento

Para o cálculo da tensão de escoamento basta a princípio calcular os


valores pela fórmula:
𝐹
𝛔= 𝐴
Em seguida, com os valores de toda a variação de tensão no
processo, σ de escoamento corresponde a uma média aritmética das tensões
na zona de escoamento do material.
Desta forma, com os valores obtidos do teste com aço 1020 e
expressos no gráfico, na zona de escoamento obtém-se a média da seguinte
forma:
Σσ
σe = 𝑛
Onde:
n = Número de tensões na zona de escoamento
σ = Tensão na zona de escoamento
σe = Tensão de escoamento
Portanto:
9
133,0641 * 10
σe = 441

6
σe = 301, 7326 * 10 Pa
σe = 301, 7326MPa
c) Tensão máxima de engenharia
Ao tratar a tensão máxima de engenharia é possível identificá-la pelo
gráfico representativo de tensão versus deformação. A tensão máxima de
engenharia se configura como a maior tensão que o corpo de prova suporta
durante sua tração, geralmente na fase plástica, sob os parâmetros “de
engenharia”. Para identificá-la basta o cálculo da tensão na maior força
aplicada sob o material com a equação:
𝐹
𝛔= 𝐴൦
No corpo de prova testado obtiveram-se os seguintes dados:

14318𝑁
σ= −5
4,1382 * 10

6
σ = 345, 9958 * 10 Pa
σ = 345, 9958 MPa

d) Tensão máxima real


Define-se a tensão real (σR) como:
Se o valor de σ é tomado constante, sobre uma determinada seção
transversal, isto é, se a força é uniformemente distribuída sobre a área da
seção. Desta forma, a tensão máxima real é este valor sob a maior força
empregada, e suportada pelo corpo de prova conforme expresso abaixo.
𝐹
𝛔= 𝐴൦
𝑙−𝑙൦
ε = 𝑙൦

𝛔R = 𝛔 *(1 + ε)
Sob os valores obtidos anteriormente com relação a tensão máxima de
engenharia basta:
−3 −3
6 (62,352*10 )−(50*10 )
𝛔R = (345, 9958 * 10 ) * (1 +(
50*10
−3 )

)
𝛔R = 431, 4706 * 106Pa
𝛔R = 431, 4706 MPa

e) Tensão de ruptura
Dentre as tensões já apresentadas, a tensão de ruptura se apresenta
como a tensão máxima que o material suporta logo antes de romper. No
gráfico tensão versus deformação apresentado, esta pode ser encontrada na
extremidade direita logo após uma queda, claramente visível no exemplo
abaixo:
Devido a um “delay”, ou seja, atraso na percepção da máquina na qual
o teste foi realizado, o perfil do gráfico obtido destoa conforme no fim
apresenta um decaimento maior, assim a tensão de ruptura obtida não se
encontra na extremidade desta linha e sim na tensão anterior a queda:

Portanto, para se obter a tensão de ruptura do material testado basta


aplicar as equações abaixo nesta região.
𝐹
𝛔= 𝐴൦
9294,8
𝛔r = −5
4,1382 * 10
𝛔r = 224, 6097 * 106Pa
𝛔r = 224, 6097 MPa
QUESTÃO 4: Esse material ensaiado pode ser utilizado na viga que sustenta a
estrutura do “Dinner in the sky”? Por quê? Faça o seu parecer de engenheiro(a).

Com base no ensaio realizado no material, os dados obtidos e as exigências


necessárias para a troca dos cabos por barras de aço 1020, a princípio pode-se
considerar esta troca conforme:
𝑃 𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎 = Σ (𝑚 * 𝑎)
𝑃 𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎 = 6800 * 9, 81 + 30 * 75 * 9, 81
𝑃 𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎 = 88, 7805 𝑘𝑁
A carga total solicitada com todos os assentos ocupados equivale a 88,7805 kN.
Ademais, a tensão máxima suportável, em zona elástica, para o corpo de prova de
aço 1020 quando se trata de uma força de tração se apresentou próxima a 300 MPa
(sem a interferência do fator de segurança). Assim, a grosso modo avaliativo
pode-se adotar o material na confecção das barras (de diâmetro a determinar) visto
𝐹
que σ = 𝐴
com F equivalente ao peso total da estrutura distribuído entre as 4

possíveis barras (22,1951 kN em cada barra) são valores que, sob áreas de vigas
convencionais no mercado não configuram uma tensão superior a de 300 MPa,
como também não excedentes a uma inferior já aplicados os fatores de segurança.
Portanto, vista a resistência a tração deste material, as dimensões de barras
disponíveis no mercado e a força que será possivelmente aplicada sob esta
estrutura, é notável que a substituição dos cabos pelas barras de aço é possível sob
uma confortável confiabilidade.

QUESTÃO 5: Caso o material possa ser utilizado* na estrutura, garantindo


segurança estrutural, dimensione os componentes adequadamente. Justifique o
resultado obtido e o motivo da escolha do perfil. A massa total da estrutura a ser
erguida é de 6800 kg. O peso médio de cada ocupante é de 75 kg. Desconsidere os
efeitos de cargas dinâmicas no cálculo.

*Caso contrário, justifique o porquê da incompatibilidade.


Com base na constatação anterior, é possível a substituição dos cabos.
Portanto, basta calcular as dimensões das barras conforme os valores exigidos.
Para fazer a escolha entre barras maciças ou vazadas é importante fazer a
verificação se os dois tipos irão suportar o peso e qual terá o preço mais em conta.
Então, primeiramente, é necessário encontrar-se o peso aplicado nas barras e, na
sequência, qual a tensão ela deve suportar.
Tendo a massa da estrutura e a dos usuários, é possível calcular o peso total
que irá tracionar as quatro barras, utilizando a aceleração da gravidade com valor
de 9,81 m/s² e tomando como base quando o local está com a capacidade total, ou
seja, de 30 pessoas.
𝑃 = Σ (𝑚 * 𝑎)
𝑃 = 6800 * 9, 81 + 30 * 75 * 9, 81
𝑃 = 88, 7805 𝑘𝑁

Porém, deve-se levar em conta de que serão utilizadas 4 barras na estrutura,


então cada uma dessas barras deverá suportar ¼ do peso total de 88,7805 kN, que
corresponde portanto a 22,1951 kN. Para encontrar a tensão admissível que o aço
1020 terá que suportar, deve-se utilizar um fator de segurança, foi escolhido FS=5,
com a ajuda da literatura (BARBOSA, 2017), por se tratar de um ensaio no qual o
modelo se diferenciava da barra projetada, pelas condições do ambiente em
questão e a periculosidade do projeto. Tendo o Fator de Segurança, juntamente com
a tensão de ruptura (224,6097MPa), temos a tensão admissível:
σ
𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎
σ = 𝐹𝑆
𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙
6
224,6097 * 10
σ = 5
= 44, 922 𝑀𝑃𝑎
𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙

Com o valor da Tensão admissível e da força F = 22,195 kN que irá tracionar


as barras, é possível encontrar o diâmetro, considerando a barra cilíndrica e maciça:

𝐹
𝐴 = π * 𝑑²/4 = σ𝑎𝑑𝑚
22,1951*10³
π * 𝑑²/4 = 6
44,922*10
𝑑 = 25, 0815 𝑚𝑚
Chega-se à conclusão de que, caso a escolha das barras seja maciça elas
deverão ter um diâmetro de 25,0815 milímetros para suportar a estrutura e os
ocupantes do “Dinner in the sky”. Caso a escolha for por barras vazadas deve-se
fazer um cálculo similar, porém descontando o volume vazado. A exemplo disso,
caso adote-se uma barra vazada, na qual há um espaço interior de 15mm de
diâmetro, seria possível realizar o projeto, mas o valor do diâmetro exterior seria
divergente da maciça, como mostram os cálculos:
𝐹
𝐴 = π * (𝑑𝑒² − 𝑑𝑖²)/4 = σ𝑎𝑑𝑚
22,1951*10³
π * (𝑑𝑒² − 0, 015²)/4 = 6
44,922*10
𝑑𝑒 = 29, 2247 𝑚𝑚

Desta forma, no caso de barras vazadas com diâmetro interno de 15


milímetros, o diâmetro externo de cada barra deve ser de no mínimo 29,2247 mm,
este sendo um exemplo.
Este fenômeno ocorre devido a relação inversamente proporcional entre
tensão e área da força atuante, o que implica que sobre uma mesma força e tensão
a área deve ser a mesma e portanto, ao alterar a configuração da barra a área
retirada deve ser compensada com um diâmetro externo maior a fim de manter a
área solicitada. Este fato anteriormente descrito pode ser comprovado com a
obtenção das áreas correspondentes das duas barras (maciça e vazada) abaixo:

−3 2
𝐴𝑚𝑎𝑐𝑖ç𝑎 = π * (25, 0815 * 10 ) /4 = 494, 0796 𝑚𝑚²
−3 2 −3 2
𝐴𝑣𝑎𝑧𝑎𝑑𝑎 = π * ((29, 2247 * 10 ) − (15 * 10 ) )/4 = 494, 0807

Para o fim de escolha neste projeto, levando em conta as áreas


extremamentes semelhantes, suas dimensões disponíveis em mercado e o preço do
material, é importante a escolha do tipo de barra que seja mais econômica para o
projeto.

QUESTÃO 6: Pesquise no mercado (internet e/ou fornecedores) as barras que


atendem as dimensões calculadas na Questão 5 e faça uma estimativa dos custos
com materiais.
A princípio, em sites comerciais de especialistas em materiais de construção
obteve-se um parâmetro dimensional das barras conforme a figura:
Fonte: mercadolivre.com.br

A tabela obtida da fornecedora Multiart possibilita a


percepção dos tipos de barras maciças a serem utilizadas
no projeto, como no caso uma barra maciça de 25,4 mm ou
1 polegada se adequa ao diâmetro desejado. Todavia, a
obtenção de dados de barras vazadas de aço 1020 foi de
extrema dificuldade considerando os diâmetros internos e
externos necessários além de os fornecedores mais
confiáveis dos materiais se recusarem a fornecer preços
sem o compromisso de um orçamento. Desta forma, uma
pesquisa por sites mais populares foi feita.
Feita a pesquisa, a fim de encontrar uma barra mais
acessível de aço 1020, maciça e com diâmetro igual ou
superior a 25,0815 mm, foi encontrado no site Mercado Livre um valor aproximado
do material necessitado para o projeto, da marca SCDR para fim de norteamento.
Neste caso, a barra com 600 milímetros apresentada permite uma estimativa do
total gasto para a obtenção das quatro barras maciças para o projeto.

Fonte: mercadolivre.com.br

Levando em conta que a barra tem um comprimento de aproximadamente 2


metros, o custo total para compra do material pode ser calculado e seria próximo de
R$ 656,00 se solicitado uma confecção da barra sob os parâmetros e preço
apresentados pelo fornecedor.
Todavia, tratando-se da barra vazada, devido a escassez de informações não
foi possível obter um parâmetro de valores e, portanto a melhor barra a ser utilizada
sob estas condições é a maciça
Fonte: topview.com

REFERÊNCIAS
BARBOSA, Juarez. Confiabilidade e Risco - Coeficiente de segurança. Consultoria
Engenharia, 2017. Disponível em:
https://consultoriaengenharia.com.br/confiabilidade-e-risco/coeficiente-de-seguranca
/. Acesso em: 25 de set. de 2020.

ENSAIO de tração de materiais dúcteis. CIMM, [s. l.]. Disponível em:


https://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/6520. Acesso em: 22 set. 2020.

FREDEL, Dr. Ing. Márcio C.; ORTEGA, Dra. Patricia; BASTOS, Eng. Edson.
Propriedades mecânicas: Ensaios fundamentais. [S. l.]: CERMAT, v. 1. Disponível em:
http://cermat.ufsc.br/wp-content/uploads/2015/03/APOSTILA-DO-LABORATORIO-D
E-PROPRIEDADES-MEC-160315.pdf. Acesso em: 22 set. 2020.

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bChMIktLeu42N7AIVkoaRCh0fjAVAEAYYASABEgIdV_D_BwE. Acesso em: 28 de set.
de 2020.

Uma experiência gastronômica para poucos, a 50 metros do chão. Você teria


coragem? TopView, 11 de set. de 2018. Disponível em:
https://topview.com.br/estilo/dinner-in-the-sky-sp/. Acesso em: 29 de set. de 2020.
TREFILAÇÃO MULTIART - PERFIS ESPECIAIS. Disponível em:
http://multiart.ind.br/tabelas-tecnicas.php . Acesso em 25 de setembro de 2020.

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