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1. Potência
De acordo com o exposto no curso de Circuitos I, as fórmulas para a potência dissipada
(por um elemento) e para a lei a lei de Ohm (em um resistor) são expressas empregando-
se a convenção passiva.
Seja um elemento como aquele da Fig. 1, em que a tensão e a corrente são dadas por
funções ( ) e ( ). Assumimos que a tensão e a corrente estão na convenção passiva,
i.e., a polaridade de ( ) (ao se passar do (+) para o (-)) coincide com o sentido de
circulação de ( ). A potência instantânea dissipada pelo elemento é definida por
( ) ( )( ) ( )
Fig. 1. Elemento básico ideal, para o qual as tensões e correntes variam com o tempo.
( ) ( )( ) ( )
( ) ( ) ( )
Por outro lado, se a corrente tem um valor negativo, i.e., se ( ) , então segue de (1c)
que a tensão também será negativa, i.e., ( ) (porque a resistência é um número
positivo). A expressão para a potência dissipada (1a) implica novamente que ( ) ,
i.e., o resistor estará absorvendo energia do circuito.
Portanto, resistores sempre absorvem (dissipam) energia do circuito, i.e., resistores nunca
fornecem energia ao circuito. Fontes de tensão e de corrente podem fornecer energia ao
circuito. Além das fontes, outros elementos, como os capacitores e indutores – a serem
3
( ) ( ) ( )
(ver equação (1), Notas de Aula 01). Daí segue que a potência instantânea no capacitor
se torna
( ) ( ) ( ) ( )
i.e.,
( ( )) ( ( )) ( )
Fig. 3. Uma fonte de tensão (que varia continuamente de 0 a 20 V) é aplicada aos terminais de um capacitor
de 3 pF.
( ( )) ( ( )) ( )
Consideremos agora um indutor como aquele da Fig. 4. Aos seus terminais foi aplicada
uma tensão ( ), o que ocasiona a circulação de uma corrente ( ). Assumimos que a
tensão e a corrente obedecem à convenção passiva. Dados os instantes inicial e final
, demonstra-se que a energia armazenada no indutor pode ser calculada por
( ( )) ( ( )) ( )
3.1. Chaveamento
Um circuito de primeira ordem é caracterizado por um único elemento armazenador de
energia, i.e., contém um capacitor ou um indutor (mas não ambos simultaneamente).
Chaves são representadas no circuito por meio de linhas e/ou setas, e o seu respectivo
estado (aberto ou fechado) geralmente é evidente a partir da inspeção do circuito. A
mudança de estados (de aberto para fechado ou de fechado para aberto) se dá
instantaneamente, e no circuito geralmente é indicado o instante no qual a chave muda de
estado. Por exemplo, a Fig. 5 ilustra uma chave que inicialmente se encontrava fechada,
e que no instante foi aberta. A mudança de estados da chave acarreta uma
mudança na configuração (ou topologia) do circuito, i.e., uma mudança na maneira como
alguns elementos do circuito estão interconectados.
Fig. 6. Instantes de tempo relevantes para a descrição (aproximada) dos estados do circuito durante o
chaveamento.
1. Um capacitor ou um indutor;
2. Resistores;
3.2. Continuidade
Seja a linha do tempo (reta real) como aquela da Fig. 6. Suponha que o instante de
chaveamento seja dado por (geralmente ). Assumimos que o circuito tenha
sido „montado‟, ou „ligado‟ na sua configuração original (ou configuração 1) num instante
muito anterior a (i.e., ). Isso significa que qualquer resposta transitória
ocorrida aí já terá desparecido (ou „morrido‟) no instante de chaveamento . Em outras
palavras, logo após uma „duração‟ , o circuito terá alcançado o regime DC (no qual
nada varia com o tempo). Podemos expressar isso de maneira mais exata ao dizer que
para instantes tais que , ou de modo equivalente, para (
), o circuito se encontra no regime DC. Portanto, temos
Quando reunimos os quadros (6), (7) e (8) num quadro único, emerge uma figura
interessante:
DC 1
( )
transitório 2
DC 2
Vimos na Seção 2, Notas de Aula 01 que “...a tensão ( ) nos terminais do capacitor
deve ser descrita por uma função contínua, i.e., uma função cujo gráfico não admita
variações abruptas.” A tensão ( ) no capacitor deve ser contínua para todo , em
particular para o instante de chaveamento . Matematicamente,
( ) ( ) ( )
i.e., os limites à esquerda e à direita de são iguais. Visto que os limites à esquerda e à
direita são iguais, podemos definir o valor da tensão em como um dos limites acima,
i.e.,
( ) ( ) ( ) ( )
De acordo com a Seção 3, Notas de Aula 01, “...a corrente ( ) nos terminais do indutor
deve ser descrita por uma função contínua, i.e., uma função cujo gráfico não admita
variações abruptas.” A corrente ( ) no indutor deve ser contínua para todo , em
particular para o instante de chaveamento . Matematicamente,
8
( ) ( ) ( )
i.e., os limites à esquerda e à direita de são iguais. Definimos então o valor da corrente
em como um dos limites acima, i.e.,
( ) ( ) ( ) ( )
Após definir as polaridades das tensões, a LKT aplicada no sentido horário ao circuito
equivalente da Fig. 7 se torna
( ) ( )
( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( )
( )
( ) ( )
( ) ( )
( ) ( )
( ) ( )
10
( )
( ) ( )
para . Visto que esta equação deve ser válida para todo (e o termo ( ) é
diferente de zero), segue que as quantidades entre parênteses devem ser iguais a zero:
( )
( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( )
( ) ( ( ) )
( ) ( )
Exemplo 2. No circuito da Fig. 8a, assuma que a chave estava na posição A durante um
longo período, e no instante houve o chaveamento para a posição B. Encontre a
tensão sobre o capacitor ( ) para .
(a)
(b)
(c)
(d)
Fig. 8. (a) Circuito original. (b) Configuração 1 (antes do chaveamento). (c) Configuração 1 (capacitor
substituído por um circuito aberto em DC). (d) Configuração 2 (após o chaveamento).
( )
( )
para .
12
( )
( ) ( )
Como a tensão é contínua (os dois limites são iguais), podemos definir a tensão em
como ( ) V.
( ) ( )
( )
para .
3.4. Observações
O método geral de análise para a resposta transitória apresentado aqui já engloba os dois
casos tratados nos livros-texto: Resposta natural e resposta ao degrau (forçada). Os livros
costumam apresentar primeiramente a resposta natural (sem fontes), na qual o capacitor
é „carregado‟ com uma dada tensão inicial e então conectado a um circuito resistivo (sem
fontes!) para que seja „descarregado‟. Como neste caso já conhecemos a tensão do
capacitor (no instante de chaveamento/conexão), podemos repetir a análise do Exemplo
2, porém começando diretamente no quarto passo.
A dinâmica dos circuitos RL é similar àquela dos circuitos RC, e será discutida
brevemente na próxima aula e nos exercícios.
Questionário 02
Maiores detalhes sobre o assunto tratado nestas notas de aula podem ser encontrados
nas Seções 7.2 e 7.3 do livro-texto. (A Seção 7.3 trata a resposta ao degrau de maneira
ligeiramente diferente: Ao invés de considerar um circuito equivalente com uma fonte de
tensão em série com um resistor , o livro considera o circuito equivalente com uma
fonte de corrente em paralelo com um resistor . As soluções são obviamente iguais,
basta fazer e ⁄ .) Recomendamos ao estudante que leia estas seções.
13
Exemplo 7.3;
Exemplo 7.3;
Questão 04 – No circuito da Fig. 11, assuma que a chave estava aberta durante um longo
período, e no instante ela é fechada. Encontre a tensão sobre o capacitor ( ) para
.
Observações:
- Resolver em uma folha de papel (a lápis ou à caneta), escanear (ou fotografar), e enviar
o arquivo .pdf;