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DE CIRCUITOS
ELÉTRICOS
Introdução
Os circuitos RC, RL e RLC são constituídos, respectivamente, de um resistor
associado a um capacitor, de um resistor associado a um indutor e de
um resistor associado a um indutor e a um capacitor. Se houver mais de
um resistor, capacitor e/ou indutor nesses circuitos, estes devem estar
conectados entre si, de modo que se possa realizar suas respectivas
combinações por associação em série ou em paralelo, substituindo-os
por um resistor, capacitor e/ou indutor equivalente. Quando há uma
fonte excitando o circuito, a forma como se dá a associação desta com
os demais elementos do circuito faz com o que o circuito possa ser clas-
sificado como série ou paralelo. Embora os circuitos RC, RL e RLC sejam
as topologias mais básicas que podem ser formadas pela associação de
resistores, capacitores e indutores, eles são muito importantes e presentes
em muitas aplicações reais com excitação em corrente alternada (CA),
devido às suas características de seleção de frequências.
Tanto no domínio do tempo como no domínio da frequência, os
circuitos RC, RL e RLC podem ser analisados pelas leis de Kirchhoff da
tensão (LKT) e da corrente (LKC). Na análise no domínio do tempo, são
obtidas equações diferenciais em relação ao tempo, sendo suas soluções
compostas de um termo transiente e outro estacionário, quando na apli-
cação repentina de uma fonte CA. Na análise no domínio da frequência,
são obtidas equações que são funções da frequência de excitação do
circuito. Essas características se devem às relações entre tensão e corrente
impostas pelo capacitor ou indutor, dependendo do tipo de circuito.
2 Circuitos
(1)
que é uma equação diferencial de primeira ordem para a resposta v(t). Por
isso, o circuito RC é classificado como circuito de primeira ordem.
A solução da equação diferencial de primeira ordem não será detalhada
aqui; para os casos em que seus coeficientes são constantes, suas possíveis
soluções são conhecidas. No caso de um circuito RC cujos elementos não variam
com as grandezas elétricas, a equação diferencial obtida para sua resposta é
justamente uma equação diferencial ordinária com coeficientes constantes,
segundo Nilsson e Riedel (2008). Assim, chamando-se a resposta natural de
vN (t) e a resposta forçada de vF (t), as formas de ambas são dadas nas Equações
(2) e (3), segundo Thomas, Rosa e Toussaint (2011).
(2)
(3)
(4)
(5)
Circuitos 5
para t ≥ t0 (6)
A resposta forçada da Equação (6) também pode ser escrita de outra forma,
como dado na Equação (7):
, para t ≥ t0 (7)
(8)
(9)
,
para t ≥ t0 (10)
(11)
O conceito de constante de tempo também é importante para o circuito
RC quando ele é excitado por uma fonte senoidal CA: após cinco constantes
de tempo, a contribuição da componente da resposta natural na resposta
6 Circuitos
(12)
Sendo e .
(13)
(14)
Como H( jω) é uma grandeza complexa, ela possui um módulo, |H( jω)|, e
um ângulo, θ( jω). Estes são dados pelas Equações (15) e (16):
(15)
(16)
(17)
(18)
cujo módulo, |H( jω)|, e o ângulo, θ( jω), são dados pelas Equações (19) e (20):
8 Circuitos
(19)
(20)
que também é uma equação diferencial de primeira ordem para i(t). Você
pode observar que essa equação possui o mesmo formato que a obtida para a
tensão v(t) no circuito RC: assim, sua solução é análoga. Resolvendo-a como
10 Circuitos
feito antes para a tensão v(t) do circuito RC, a resposta natural de iN (t) e a
resposta forçada de iF (t) são dadas nas Equações (21) e (22):
, para t ≥ t0 (21)
, para t ≥ t0 (22)
(23)
Já o valor de K é dado na Equação (24), sabendo-se da condição inicial
.
(24)
para t ≥ t0 (25)
(26)
Como para o circuito RC, para o circuito RL excitado por uma fonte se-
noidal CA, após cinco constantes de tempo, a contribuição da componente da
resposta natural na resposta completa praticamente se anula, e o circuito atinge
o regime permanente, tendo-se somente a resposta forçada na resposta em
regime permanente do circuito. A resposta completa do circuito RL também
é, portanto, a soma de uma resposta transitória com uma resposta estacionária.
A energia inicial armazenada no indutor tem sua origem em um carre-
gamento deste por uma fonte CC em instantes anteriores ao instante inicial
da análise, nos quais o resistor conectado ao indutor não influenciava nas
grandezas elétricas do circuito (porque o indutor, estando em paralelo com ele,
torna-se equivalente a um curto-circuito). Considera-se que o instante inicial da
análise é o instante em que a fonte CC que carregou o indutor é desconectada.
Circuitos 11
A aplicação de uma fonte senoidal por chaveamento pode ser representada matemati-
camente com a função degrau unitário, u(t), como é feito em alguns casos. No caso de
uma fonte aplicada no instante t0, o lado direito da equação dife-
rencial obtida é dado, na verdade, por .
Sendo e .
(27)
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(28)
cujo módulo, |H( jω)|, e o ângulo, θ( jω), são dados pelas Equações (29) e (30).
(29)
(30)
Observando-se a Equação (29), observa-se que, se o sinal de saída de um
circuito RL série for a tensão sobre o resistor, esse sinal é atenuado para altas
frequências do sinal de entrada. Nesse caso, tem-se também um filtro passa-
-baixas, pois são os sinais com as frequências de menor valor que passam
sem ser atenuados.
Se o sinal de saída for dado por VL(s), tem-se a função de transferência,
H(s), dada na Equação (31):
(31)
(32)
cujo módulo, |H( jω)|, e o ângulo, θ( jω), são dados pelas Equações (33) e (34).
(33)
(34)
Observando-se a Equação (33), observa-se que, se o sinal de saída de
um circuito RL série for a tensão sobre o indutor, esse sinal é atenuado para
baixas frequências do sinal de entrada. Nesse caso, tem-se também um filtro
passa-altas, pois são os sinais com frequências de maior valor que passam
sem ser atenuados.
Circuitos 13
Figura 5. Circuitos RLC: a) série, sem fonte; b) série, com fonte; c) paralelo, sem fonte; d)
paralelo, com fonte.
14 Circuitos
Sendo .
Tem-se, então, a Equação (35),
(35)
, para t ≥ t0 (36)
, para t ≥ t0 (37)
, para t ≥ t0 (38)
(39)
(40)
Sendo e .
Quando s1 e s2 são reais e diferentes, a resposta para vC (t) é chamada de
superamortecida, e é válida a Equação (36). Quando s1 e s2 são reais e iguais, a
resposta para vC (t) é chamada de criticamente amortecida, e é válida a Equação
(37). Quando s1 e s2 formam um par complexo conjugado, a resposta para
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(41)
(42)
(43)
,
para t ≥ t0 (44)
, para t ≥ t0 (45)
(46)
,
para t ≥ t0 (47)
,
para t ≥ t0 (48)
,
para t ≥ t0 (49)
(50)
(51)
(52)
(53)
18 Circuitos
(54)
(55)
(56)
, para t ≥ t0 (57)
, para t ≥ t0 (58)
, para t ≥ t0(59)
Sendo que s1 e s2 são dados pelas mesmas Equações (39) e (40), sendo
e .
, para t ≥ t0 (60)
(61)
para t ≥ t0 (62)
para t ≥ t0 (63)
, para t ≥ t0 (64)
Como no caso do circuito RLC série, quando s1 e s2 são reais e diferentes,
a resposta para iL(t) é chamada de superamortecida, e é válida a Equação (62).
Quando s1 e s2 são reais e iguais, a resposta para iL(t) é chamada de critica-
mente amortecida, e é válida a Equação (63). Quando s1 e s2 formam um par
complexo conjugado, a resposta para iL(t) é chamada de subamortecida, e é
válida a Equação (64), na qual se faz faz e .
Assim, as Equações (62), (63) e (64) são os tipos possíveis de resposta completa
com uma excitação senoidal de um circuito RLC paralelo.
O valor das constantes A1 e A2 ou B1 e B2 são obtidos das condições ini-
ciais dadas, no instante t0, por e . Para o circuito
da Figura 5d, se a resposta for superamortecida, A1 e A2 são determinadas
resolvendo-se o sistema dado pelas condições iniciais explicitadas nas Equa-
ções (65) e (66):
20 Circuitos
(65)
(66)
(67)
(68)
(69)
(70)
Como obtido para os circuitos RC e RL, você pode observar que as três
formas de resposta completa de ambos os tipos de circuito RLC são análogas,
possuindo o mesmo formato. Do mesmo modo, as três formas de resposta
completa de ambos os tipos de circuito RLC são a soma de uma resposta
transitória com uma resposta estacionária. A componente respectiva à resposta
Circuitos 21
As fontes de tensão nos circuitos RC, RL e RLC série, bem como as fontes de corrente
nos circuitos RC, RL e RLC paralelo, podem ser os equivalentes de Thévenin e Norton,
respectivamente, de um circuito que vai ser conectado por chaveamento ao circuito
com o capacitor e/ou indutor. Nesses casos, o resistor dos circuitos RC, RL ou RLC, série
ou paralelo, será dado pelo resistor equivalente entre a resistência de Thévenin ou
Norton com o resistor que possa já existir no circuito com o capacitor e/ou indutor. Um
exemplo é o circuito RC série da figura abaixo: conecta-se ao resistor e ao capacitor o
equivalente de Thévenin da fonte.
Sendo ,
e .
(71)
(72)
cujo módulo, |H( jω)|, e o ângulo, θ( jω), são dados pelas Equações (73) e (74):
(73)
(74)
Circuitos 23
Você pode observar que a resposta no tempo para uma dada grandeza pode ser
obtida com o conhecimento do módulo e do ângulo da resposta em frequência
dessa grandeza. Em termos fasoriais, sendo o fasor do sinal de entrada Vi∠ϕ, o fasor
do sinal de saída Vo ∠ϕo será Vo ∠ϕo = |H(jω)|·Vi∠(ϕi + θ(jω)), por exemplo. Assim, no
tempo Vo(t) = |H(jω)|·Vi cos(ϕi + θ(jω)).
(75)
(76)
cujo módulo, |H( jω)|, e o ângulo, θ( jω), são dados pelas Equações (77)
e (78):
(77)
(78)
, e
. Há relações idênticas entre os parâmetros para os dois tipos
de circuitos, sendo: , e
.
Na Figura 7 a seguir, são mostrados os gráficos das respostas em frequência ideais de
cada tipo de filtro, nos quais são visualizadas as chamadas banda de passagem (faixa de
frequências onde não ocorre atenuação) e banda de atenuação (faixa de frequências
onde ocorre atenuação) dos sinais.
Circuitos 25
Resolução:
Quando a chave fecha, tem-se o circuito RLC abaixo:
26 Circuitos
.
Utilizando-se vc (t) como a resposta do circuito RLC série, sabendo que a tensão inicial
no capacitor e a corrente inicial no indutor são dadas por vC (t0) e iL (t0), respectivamente,
obtém-se, com t0 = 0 s: