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ELETROTÉCNICA

Rodrigo Rodrigues
S719e Souza, Diogo Braga da Costa.
Eletrotécnica [recurso eletrônico] / Diogo Braga da
Costa Souza, Rodrigo Rodrigues. – Porto Alegre :
SAGAH, 2017.

Editado como livro em 2017.


ISBN 978-85-9502-055-9
1. Eletrotécnica. 2. Engenharia elétrica. I. Rodrigues,
Rodrigo. II. Título.

CDU 621.3

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094

Livro_Eletrotecnica.indb II 06/03/2017 15:20:13


Teoremas de rede II
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar fontes de tensão e de corrente em circuitos CC.


 Aplicar os teoremas de Thévenin e de Norton em circuitos CC.
 Demonstrar meios de reduzir resistores em série e paralelo.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar os teoremas de rede, com destaque para
os teoremas de Thévenin e de Norton. O teorema de Thévenin prova-
velmente é o mais utilizado, sendo aplicado em circuitos de uma única
fonte ou em circuitos de múltiplas fontes. Já o teorema de Norton é usado
para simplificar uma rede em termos de correntes em vez de tensões.
Há vários teoremas para calcular os parâmetros de um circuito (tensão,
corrente, resistência, etc.) em redes complexas de circuitos CC. A rede é
uma combinação de componentes interligados, como resistências, de
modo a produzir um resultado final distinto. No entanto, as redes normal-
mente precisam de outras ferramentas além daquelas empregadas na
análise de circuitos série e/ou paralelo. Com os teoremas da superposição
de Thévenin e de Norton, é possível reduzir, de forma simples, redes
complexas CC de resistores.

Teorema de Thévenin
O teorema de Thévenin é um método para transformar um circuito complexo
em um circuito simples equivalente. Com esse processo é possível determinar a
tensão em um componente do circuito, sem precisar calcular outros parâmetros.

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O Teorema de Thévenin tem dois aspectos importantes:


1. Permite determinar qualquer valor particular de tensão ou corrente em um circuito
linear com uma, duas ou mais fontes.
2. Permite que nos concentremos em uma parte específica do circuito, substituindo
o restante dele por outro equivalente.

Se considerarmos dois pontos quaisquer da rede, qualquer rede linear


de fontes de tensão e resistências pode ser substituída por uma resistência
equivalente RTh em série com uma fonte equivalente VTh. Veja na Figura 1a a
rede linear original com os terminais a e b; na Figura 1b você pode ver as suas
conexões com uma rede externa ou carga; e, na Figura 1c, está o equivalente de
Thévenin RTh e VTh, que pode ser substituído na rede linear nos terminais a e b.

Figura 1. O circuito equivalente de Thévenin com V Th em série com RTh.


Fonte: Gussow (2009, p. 172).

Segundo Gussow (2009), a polaridade de VTh é escolhida de modo a pro-


duzir uma corrente de a para b no mesmo sentido que na rede original. RTh
é a resistência de Thévenin “vista” pelos terminais a e b da rede, com cada
fonte de tensão substituída por um curto-circuito. VTh é a tensão Thévenin
que apareceria através dos terminais a e b com as fontes de tensão inclusas
e sem carga conectada por meio de a e b. Por isso, VTh também é chamada
tensão de circuito aberto.

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Calcule o equivalente de Thévenin para o circuito nos terminais a e b do circuito do


item a da imagem a seguir:

Equivalente de Thévenin sem carga.


Fonte: Gussow (2009, p. 172).

Passo 1: calcule RTh e substitua a fonte de 10 V por um curto-circuito (item b). R1 e


R2 estão em paralelo.

Passo 2: calcule VTh. VTh é a tensão através dos terminais a e b, que tem o mesmo
valor da queda de tensão na resistência R2.
Então,

Veja o equivalente de Thévenin no item c.

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Equivalente de Thévenin com carga.


Fonte: Gussow (2009, p. 172).

Acrescente um resistor de carga RL de 3,6 Ω ao circuito do item a. Em seguida, calcule


a corrente IL e a tensão VL na carga. Veja o novo circuito no item a e o equivalente de
Thévenin desse circuito no item b.

Veja como o equivalente de Thévenin simplificou o cálculo para a rede de duas malhas.
Além disso, se a carga RL fosse modificada, não seria necessário recalcular toda a rede.

Teorema de Norton
O teorema de Norton é utilizado na simplificação de circuitos, tal como o
de Thévenin, mas difere deste porque se destina à medida da corrente em
determinado ramo do circuito.
Escolhidos dois pontos de um circuito elétrico qualquer, os efeitos do
circuito sobre esses dois pontos (em vazio, sem carga) podem ser representa-
dos por um gerador de corrente, com uma resistência em paralelo, chamado
gerador equivalente de Norton.

Esse teorema pode ser usado ou com circuitos de uma única fonte ou com circuitos
de múltiplas fontes. Em certos casos, a análise da divisão das correntes pode ser mais
fácil do que a análise da tensão (PETRUZELLA, 2013).

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No caso da análise de correntes, este teorema serve para reduzir uma rede a
um circuito simples em paralelo com uma fonte de corrente. Essa fonte fornece
uma corrente de linha total que pode ser subdividida nos ramos paralelos. Se
a corrente I (Figura 2) for uma fonte de 4 A, ela fornecerá 4 A, independen-
temente do que estiver conectado aos terminais de saída a e b. Se não houver
carga conectada entre a e b, os 4 A fluem na resistência shunt (derivação) R.

Figura 2. Uma fonte I com R em paralelo.


Fonte: Gussow (2009, p. 172).

Quando uma resistência de carga R L é conectada aos terminais a e b, a


corrente de 4 A se divide de acordo com a regra da divisão de corrente para
ramos em paralelo. O símbolo para a fonte de corrente é um círculo com uma
seta no seu interior (Figura 2), indicando o sentido da corrente. Este sentido
deve ser o mesmo que o da corrente produzida pela polaridade da fonte de
tensão correspondente. Lembre-se de que uma fonte produz um fluxo de
corrente que sai do terminal positivo.
Conforme Gussow (2009), o teorema de Norton considera que qualquer rede
conectada aos terminais a e b (Figura 3-1) pode ser substituída por uma única
fonte de corrente I N em paralelo com uma única resistência R N (Figura 3-2).
I N é igual à corrente de curto-circuito entre os terminais ab (a corrente que a
rede produziria através de a e b com um curto-circuito entre dois terminais).
R N é a resistência nos terminais a e b, olhando por trás a partir dos terminais
abertos ab. O valor desse resistor único é o mesmo para os dois circuitos
equivalentes, Norton e Thévenin.

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Figura 3. (a) equivalente de Norton e (b) única fonte de corrente IN em paralelo com uma
única resistência RN.
Fonte: Gussow (2009, p. 174).

1. Calcule a corrente IL no circuito da Figura 3a usando o teorema de Norton. (A solução


desse circuito também foi obtida no Exemplo anterior pelo teorema de Thévenin.)
Passo 1: Calcule IN. Faça um curto-circuito entre os terminais ab (Figura 3b). Um
curto-circuito por meio de ab coloca RL e R2, que estão em paralelo, em curto-circuito.
Então, fica no circuito uma única resistência R1 em série com a fonte V.

Passo 2: Calcule RN abrindo os terminais ab e substituindo V por um curto-circuito


(item c). Com R1 e R2 em paralelo, temos:

Observe que RN é igual a RTh.

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O equivalente de Norton está representado no item d. A seta na fonte de corrente


mostra o sentido da corrente convencional do terminal a para o terminal b, como no
circuito original.
Passo 3: calcule IL e reconecte RL aos terminais ab (item e). A fonte de corrente ainda
libera 2,5 A, mas agora a corrente se subdivide entre os dois ramos, RN e RL.

Este valor é igual ao da corrente de carga calculado no exemplo anterior. VL também


pode ser calculado, uma vez que ILRL = VL, ou seja, (1 A) (3,6 Ω) = 3,6 V.

Então, vemos que o circuito equivalente de Thévenin (Figura 4a) cor-


responde ao circuito equivalente de Norton (Figura 4b). Desse modo, uma
fonte de tensão qualquer com uma resistência em série (Figura 4a) pode ser
transformada em uma fonte de corrente equivalente com a mesma resistência
em paralelo (Figura 4b). Divida a fonte genérica V pela sua resistência em
série R para calcular o valor de I para a fonte de corrente equivalente com a
mesma resistência R shunt (derivação); ou seja,

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Figura 4. Circuitos equivalentes.


Fonte: Gussow (2009, p. 175).

Note que o procedimento para calcular a resistência de Thévenin é idêntico ao


procedimento para calcular a resistência de Norton: remover todas as fontes de
alimentação e determinar a resistência entre os pontos abertos de conexão da carga.

Circuitos série-paralelo
Muitos circuitos são formados por associações de circuitos série e paralelo. Essa
associação de circuitos leva o nome de circuitos série-paralelo. Veja na Figura
5 um exemplo de circuito série-paralelo em que dois resistores em paralelo, R 2
e R3, estão conectados em série com o resistor R1 e a fonte de tensão V. Em um
circuito desse tipo, a corrente IT se divide após passar por R1, sendo que uma
parte passa por R2, e a outra parte passa por R3. Posteriormente, as frações da
corrente se encontram na junção dos dois resistores, e a corrente volta para o
terminal negativo da fonte de tensão e, da fonte de tensão, para o terminal positivo.

Figura 5. Um circuito série-paralelo.


Fonte: Gussow (2009, p. 174).

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Para calcular os valores de corrente, tensão e resistência em um circuito


série-paralelo, veja as regras que se aplicam aos circuitos em série para a parte
em série do circuito e as que se aplicam aos circuitos em paralelo para a parte em
paralelo do circuito. O cálculo de circuitos série-paralelo pode ser simplificado
se todos os grupos em série e em paralelo forem primeiramente reduzidos a re-
sistências equivalentes únicas, e se os circuitos forem redesenhados na sua forma
simplificada, chamada circuito equivalente. Não existem fórmulas gerais para
a solução de circuitos série-paralelo, porque esses circuitos podem ter infinitas
formas diferentes (GUSSOW, 2009).

1. Calcule a resistência total, a corrente total do circuito e as correntes nos ramos do


circuito dado abaixo:

Circuito original e equivalente.


Fonte: Gussow (2009, p. 176).

É mais conveniente resolver os circuitos associados por etapas.


Passo 1: calcule a resistência equivalente do ramo paralelo.

O circuito equivalente se reduz a um circuito série (item b).

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Circuito original e equivalente.


Fonte: Gussow (2009, p. 176).

Passo 2: calcule a resistência do circuito série equivalente.

O circuito equivalente se reduz a uma única fonte de tensão e a uma única resistência
(item c).
Passo 3: calcule IT. (IT é a corrente real que percorre o circuito série-paralelo original.)

Passo 4: calcule I2 e I3. A tensão em R2 e R3 é igual à tensão aplicada V menos a queda


de tensão em R1. Veja o item d.

Então,

ou, pela LKC,

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2. Calcule a resistência total RT (item a).


Passo 1: some as resistências em série em cada ramo (item b).

Circuito original e equivalentes


Fonte: Gussow (2009, p. 177).

Passo 2: calcule RT. Cada um dos resistores em paralelo tem 15 Ω. Veja o item c.

Então, primeiro identifique as partes do circuito que estão conectadas em série e


as que estão em paralelo. Em seguida, aplique seletivamente as regras válidas para
circuitos série e paralelo, conforme a necessidade, para determinar as grandezas
desconhecidas.

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1. O Teorema de Thévenin diz d) Uma fonte de tensão equivalente


que qualquer rede de fontes única (E Th) em série com uma
de tensão e resistores pode resistência equivalente única
ser substituída por: (RTh) e o resistor de carga (RL).
a) Uma fonte de corrente em e) Uma fonte de tensão equivalente
paralelo com uma rede resistiva única (ETh) em paralelo com uma
de um resistor equivalente RN resistência equivalente única
em paralelo com a carga RL. (RTh) e o resistor de carga (RL).
b) Uma fonte de tensão equivalente 3. Um circuito divisor de tensão é
única (ETh) em série com uma usado para alimentar uma carga
resistência equivalente única RL. Determine a corrente e tensão
(RTh) e o resistor de carga (RL). em RL para este circuito usando
c) Uma fonte de tensão equivalente Thévenin.
única em paralelo com uma a) E Th= 6 Volts
resistência equivalente RL. b) E Th= 9 Volts
d) Uma fonte de corrente c) E Th= 12 Volts
equivalente única em série d) E Th= 18 Volts
com uma resistência RL. e) E Th= 24 Volts
e) Nenhuma resposta anterior. 4. Usando o teorema de
2. Norton é um teorema que Thévenin, calcule a corrente e
representa uma fonte de corrente a tensão sobre RL, no seguinte
Norton IN em paralelo com: circuito de duas tensões.
a) Uma rede resistiva com uma
resistência equivalente de
Norton (RN) em paralelo com
a resistência de carga RL.
b) Uma rede resistiva com uma
resistência equivalente de
Norton (RN) em série com a
resistência de carga RL. a) VRL= 6 Volts
c) Uma rede resistiva com uma b) VRL= 9 Volts
resistência equivalente de c) VRL= 12 Volts
Norton (RN) em série/paralelo d) VRL= 15 Volts
com a resistência de carga RL. e) VRL= 18 Volts

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5. Utilize o teorema de Norton para a) VRL= 6 Volts


resolver o seguinte circuito. Calcule b) VRL= 9 Volts
a tensão da resistência de carga RL. c) VRL= 12 Volts.
d) VRL= 15 Volts
e) VRL=18 Volts

GUSSOW, M. Eletricidade básica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. (Coleção Schaum).
PETRUZELLA, F. D. Eletrotécnica II. Porto Alegre: AMGH, 2013. (Série Tekne).

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Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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