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Trabalho da disciplina Eletricidade do curso de especialização em

Engenharia de Automação e Eletrônica Industrial

LEIS DE KIRCHOFF, THEVENIN E NORTON se percorre o laço definirá de que potencial se parte, algo
Alex Lopes Silva que impactará no sinal da tensão. Aqui define-se o sentido
Introdução como horário, mas se o sentido escolhido fosse o anti-
A análise de circuitos elétricos é uma parte fundamental horário, o resultado deveria ser o mesmo: a soma das
da engenharia elétrica, permitindo-nos compreender o tensões deve ser 0.
comportamento dos componentes e das correntes elétricas
em um sistema. Nesse contexto, as Leis de Kirchhoff, Aplicando LKT a uma malha
juntamente com os teoremas de Thevenin e Norton, são Na Figura 2, temos um circuito fechado de um único laço
ferramentas essenciais para a análise de circuitos. Neste com cinco elementos, as diferenças de potencial de cada
texto, vamos explorar esses conceitos e sua aplicação na um estão definidas de v1 a v5.
análise de circuitos paralelos e série.

Leis de Kirchhoff
As Leis de Kirchhoff constituem-se em uma das principais
ferramentas utilizadas para a análise de circuitos elétricos
e se dividem em duas: Lei de Kirchhoff para as tensões
(LKT) e Lei de Kirchhoff para as Correntes (LKC). A Figura 2 - Lei das malhas em um laço com sentido horário
principal diferença entre as duas leis é que a lei de
Kirchhoff para corrente se baseia na lei da conservação da Aplicando a lei das malhas na Figura 2, encontramos:
carga, enquanto a lei de Kirchhoff para tensão se baseia no
princípio da conservação da energia.

Lei de Kirchhoff para Corrente (LKC) ou Lei dos Nós Partindo de v1 no sentido horário, temos:
A primeira lei de Kirchhoff define que: a soma algébrica • v1, v4: positivo, pois estamos indo do potencial
das correntes que entram e saem de uma região, chamada negativo para o positivo;
nó, é igual a zero. • v2, v3, v5: negativo, pois estamos indo do
Também é comum ver a seguinte definição: a soma das potencial positivo para o negativo.
correntes que entram em um nó deve ser igual à soma das Note que adotando o sentido anti-horário, Figura 3, o
correntes que saem do nó. resultado é o mesmo.
É válido enfatizar que o nó é a junção de dois ou mais
caminhos pelo qual a corrente percorre o circuito elétrico.
Na Figura 1, tem-se o nó do circuito destacado para uma
melhor compreensão do conceito.

Figura 3 - Lei das malhas em um laço com sentido anti-


horário.
Aplicando a lei das malhas, encontramos:

Figura 1 - Nó de um circuito em destaque Partindo de v1 no sentido anti-horário, temos:


Observa-se que a corrente que entra se divide em duas, • v1, v4: negativo, pois estamos indo do potencial
cada uma seguindo para um caminho do circuito. Embora positivo para o negativo;
isso ocorra, não significa que o valor de iT será dividido • v2, v3, v5: positivo, pois estamos indo do
em duas partes iguais, apenas que a soma de i1 e i2 deve potencial negativo para o positivo.
ser igual a iT.
Aplicando LKT a duas ou mais malhas
Lei de Kirchhoff para Tensão (LKT) ou Lei das Malhas Com mais de uma malha é preciso realizar o mesmo
A lei de Kirchhoff para tensão é uma das mais procedimento, mas em cada uma das malhas diferentes.
importantes, por não se aplicar apenas a circuitos de Observe na Figura 4 que ao dividir o circuito em 3 malhas
corrente contínua, mas também de corrente alternada; foi preciso considerar o elemento de tensão v2 na malha 1
digitais; dentre outros. Conhecida como a segunda lei de e 2, isso é importante para não errar nos cálculos das
Kirchhoff, ela estabelece que: a soma algébrica de todas as tensões ou correntes.
tensões em torno de um caminho fechado, também
chamado de laço ou malha, é zero. Para aplicar a lei das
malhas é preciso fazer algumas considerações.
Primeiramente, a polaridade será responsável pelo sinal da
tensão. Então, adotaremos que ao percorrer o laço a
partir do potencial negativo para o positivo teremos
o sinal positivo, do contrário negativo. Vale salientar que
é possível assumir outra convenção.

Além disso, deve-se definir em qual sentido percorrer o


laço: horário ou anti-horário. Isso porque, o sentido que Figura 4 - Lei das malhas em um circuito de 3 malhas.

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Pelo fato de os terminais da fonte estarem paralelos aos tensão VTh (tensão de Thévenin) em série com um resistor
resistores, a tensão sobre cada um deles será igual à tensão RTh (resistência de Thévenin).
da fonte. Para entender como qualquer circuito linear pode ser
A Lei de Kirchhoff das Correntes (ou Lei dos Nós) e a Lei simplificado para uma tensão de Thévenin em série com
de Kirchhoff das Tensões (ou Lei das Malhas) são um resistor de Thévenin, suponha que os dois circuitos
fundamentais para a análise de circuitos complexos, abaixo são equivalentes.
permitindo-nos determinar correntes, tensões e potências
em diferentes pontos do circuito.

Teoremas de Thevenin e Norton


O teorema de Thévenin, assim como o teorema de Norton,
sã0 aplicáveis apenas em circuitos lineares, dessa forma, Figura 5 - (a) circuito original; (b) circuito equivalente de
será primeiramente abordado o conceito de linearidade em Thévenin.
circuitos, para depois esclarecer como os teoremas de Para assumir isso, primeiramente é preciso saber que dois
Thèvenin e Norton funcionam. circuitos são considerados equivalentes se possuem a
mesma relação tensão-corrente em seus terminais. Então,
tornando os terminais a-b, da Figura 5b, em um circuito
Circuitos Lineares
aberto (ou seja, eliminando a carga), nenhuma corrente
A linearidade de um componente descreve que há uma
fluirá no circuito.
relação diretamente proporcional entre a entrada e saída.
Logo, a tensão Voc (tensão de circuito aberto) nos
Essa propriedade é uma combinação das propriedades de
terminais a-b da Figura 6a tem valor igual à fonte de tensão
homogeneidade e da aditividade. Apesar da linearidade
VTh. Devido à equivalência dos circuitos, a tensão de
funcionar para vários elementos de circuitos, destacamos
circuito aberto da Figura 6b também é VTh. Portanto,
sua aplicabilidade aos resistores.
VTh nada mais é do que a tensão de circuito aberto nos
Começando com a homogeneidade, essa propriedade dita
terminais, como mostra a Figura 6.
que: se a entrada (ou excitação) for multiplicada por uma
constante qualquer, então a saída (ou resposta) também
deve ser multiplicada pela mesma constante. Nos
resistores essa relação entrada-saída é visualizada através
da lei de Ohm.

Logo, se a corrente for aumentada por uma constante k,


então a tensão aumenta igualmente um valor k:
Figura 6 - a) determinação da tensão de circuito aberto
Já a aditividade dita que a saída para uma soma de entradas
no circuito de Thévenin; b) equivalência dos circuitos
deve ser a soma das saídas a cada entrada aplicada
mostra que Voc também é igual a VTh no circuito original.
separadamente. Usando a relação tensão-corrente de um
resistor, temos:
Ainda com os terminais em circuito aberto (carga
removida), todas as fontes independentes são desligadas
para definir o RTh. Com isso, pode-se observar que a
Então aplicar (i1+ i2) resulta em: resistência de entrada (ou equivalente) do circuito inativo,
mostrado na Figura 7a, é igual a RTh, o mesmo vale para o
Portanto, conclui-se que um resistor é um componente circuito equivalente na Figura 7b. Portanto,
linear por satisfazer tanto as propriedades de RTh simplesmente é a resistência de entrada nos terminais
homogeneidade quanto de aditividade. Nesse sentido, quando as fontes independentes estão desligadas.
normalmente, um circuito é linear quando formado por
elementos lineares e fontes lineares dependentes e
independentes.

Teorema de Thevenin
De modo geral, dado um circuito linear o teorema de
Thévenin auxilia quando:
• O circuito possui complexidade, dificultando a
análise pelas leis dos nós ou das malhas;
• Um determinado elemento do circuito é variável Figura 7 - a) determinação da resistência de entrada no
(esse componente, geralmente, é chamado circuito de Thévenin; b) equivalência dos circuitos mostra
carga) enquanto outros elementos são fixos. que Rent também é igual a RTh no circuito original.
Para avaliar o comportamento do sistema cada
vez que o elemento variável é alterado, substituir Procedimento do teorema de Thévenin
a parte fixa por um circuito equivalente é mais Entendido que o VTh é a tensão de circuito aberto nos
vantajoso. terminais observados e que o RTh é a resistência de entrada
Assim, o teorema afirma que: vista entre os terminais observados, há uma série de passos
Um circuito linear de dois terminais pode ser substituído que o levarão ao valor adequado de cada parâmetro do
por um circuito equivalente formado por uma fonte de circuito equivalente.
O procedimento é o seguinte:

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1. Remover a parte do circuito em que se objetiva Por causa disso, muitas vezes a transformação de fontes é
obter o equivalente de Thévenin; chamada transformação Thévenin-Norton.
2. Calcular RTh
1. Desligando as fontes independentes Procedimento do teorema de Norton
(fontes de tensão são substituídas por Sabendo que IN é a corrente de curto-circuito através dos
curto circuito e fontes de corrente por terminais e RN é a resistência equivalente nos terminais
circuitos abertos); quando as fontes independentes forem desligadas, há uma
2. Determinar a resistência equivalente série de passos que o levarão ao valor adequado de cada
entre os dois terminais escolhidos. parâmetro do circuito equivalente.
3. Calcular VTh O procedimento é o seguinte:
1. Voltar a considerar os valores das • Remova a parte do circuito em que se objetiva
fontes de tensão e de corrente; obter o equivalente de Norton;
2. Determinar a tensão entre os dois • Para calcular RN, realiza-se o mesmo
terminais escolhidos, lembrando que a procedimento de RTh:
diferença de potencial deve ser
• Desliga-se as fontes independentes
calculada com o circuito aberto entre
(fontes de tensão são substituídas por
os terminais.
curto circuito e fontes de corrente por
circuitos abertos);
Teorema de Norton
O teorema de Norton permite que o circuito mostrado na • Determine a resistência equivalente
Figura 8a, seja substituído pelo circuito da Figura 8b. entre os dois terminais escolhidos.
• Calcule IN:
• Volte a considerar os valores das
fontes de tensão e de corrente;
• Determine a corrente entre os dois
terminais escolhidos em curto-
circuito.
Como pode ser visto no texto acima, o teorema de
Thevenin é um princípio utilizado para simplificar a
análise de circuitos complexos. Ele afirma que qualquer
circuito linear pode ser representado por um circuito
Figura 8 - (a) Circuito original (b) Circuito equivalente equivalente contendo uma única fonte de tensão e uma
de Norton. resistência em série. Essa representação é conhecida como
circuito de Thevenin. O circuito de Thevenin é obtido
Para realizar a conversão é necessário obter os valores encontrando-se a tensão de circuito aberto (a tensão entre
de IN e RN. O RN é determinado da mesma forma que dois pontos quando não há carga) e a resistência de
obtemos a RTh, ou seja, a resistência equivalente do Thevenin (a resistência vista pelos terminais do circuito
circuito inativo é igual à RN. Outro detalhe importante é quando todas as fontes independentes são desligadas).
que através da transformação de fontes conclui-se que as Já o teorema de Norton é semelhante ao teorema de
resistências de Thévenin e de Norton são iguais. Thevenin, mas utiliza uma fonte de corrente em vez de
uma fonte de tensão. Ele afirma que qualquer circuito
linear pode ser representado por um circuito equivalente
Já para determinar a corrente de Norton IN, precisamos contendo uma única fonte de corrente e uma resistência em
curto-circuitar os terminais a e b dos dois circuitos paralelo. Essa representação é conhecida como circuito de
mostrados na Figura 8. A corrente de curto-circuito na Norton. Assim como o circuito de Thevenin, o circuito de
Figura 9b é IN, para a equivalência de circuito ser Norton é obtido encontrando-se a corrente de curto-
verdadeira esta corrente deve ser igual à corrente de curto- circuito (a corrente entre os terminais do circuito quando a
circuito (ICC) entre os terminais a e b da Figura 9a. tensão é zero) e a resistência de Norton (a resistência vista
pelos terminais do circuito quando todas as fontes
independentes são desligadas). Os circuitos equivalentes
de Thevenin e Norton simplificam a análise de circuitos
complexos, permitindo-nos calcular correntes e tensões
sem a necessidade de realizar análises detalhadas de todo
o circuito.

Análise de Circuitos Paralelos Utilizando as Leis de


Figura 9 - (a) Circuito original com curto circuito (b) Kirchhoff
Circuito equivalente de Norton com curto circuito Para ilustrar a aplicação das leis de Kirchhoff na análise de
Assim, temos que: circuitos paralelos, consideraremos um exemplo simples.
Suponha que temos três resistores R1, R2 e R3 conectados
Como temos que RN = RTh, pode-se observar que: em paralelo a uma fonte de tensão V. Nosso objetivo é
determinar a corrente total que flui pelo circuito e as
correntes individuais em cada resistor.
Isso mostra o quão relacionados estão os dois teoremas.
Identificação dos nós: Primeiramente, identificamos os
Além de ser basicamente, uma transformação de fontes.
nós do circuito. Nesse caso, temos apenas um nó, pois

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todos os resistores estão conectados diretamente à fonte de I3 = 12 / 8.


tensão V. Reescrevendo-se a equação da corrente total tem-se o
seguinte:
Aplicação da Lei dos Nós: A Lei dos Nós estabelece que I_total = 12/4 + 12/6 + 12/8
a soma das correntes que entram em um nó é igual à soma Com esses valores, podemos calcular a corrente total:
das correntes que saem desse nó. Como temos apenas um I_total = 6,5 A
nó, a corrente total que flui para esse nó é igual à soma das Análise:
correntes nos resistores. Vamos denotar as correntes em Nesse exemplo, determinamos as correntes individuais em
cada resistor como I1, I2 e I3, respectivamente. A corrente cada resistor: I1 = 3 A, I2 = 2 A e I3 = 1.5 A. Além disso,
total que flui para o nó é a soma dessas correntes: a corrente total que flui pelo circuito é de 6,5 A.
I_total = I1 + I2 + I3 Essa análise nos permite entender como a corrente se
distribui entre os resistores em um circuito paralelo. Nesse
Relação entre tensão e corrente: caso, a corrente é maior no resistor R1 (4 Ω) e menor no
Sabemos que a queda de tensão em um resistor é dada por resistor R3 (8 Ω). Isso ocorre porque a resistência
V_R = R * I, onde R é a resistência e I é a corrente que influencia a passagem de corrente, sendo que resistores de
passa pelo resistor. Aplicando essa relação aos resistores menor valor apresentam uma menor resistência à corrente
R1, R2 e R3, temos: elétrica.
V_R1 = R1 * I1, Consequentemente, tem-se potências elétricas dissipadas
V_R2 = R2 * I2, com valores proporcionais às correntes calculadas, pois a
V_R3 = R3 * I3. potência elétrica varia com o quadrado dos valores das
Isolando-se as correntes nas expressões acima e correntes elétricas:
considerando-se que V é a tensão da fonte uma vez que os P_R1 = R1 * I1²,
resistores estão todos em paralelo com ela, obtemos: P_R2 = R2 * I2²,
I1 = V_R1 / R1, P_R3 = R3 * I3².
I2 = V_R2 / R2, Substituindo-se os valores temos:
I3 = V_R3 / R3. P_R1 = 4 * 3²,
Reescrevendo-se a equação da corrente total tem-se o P_R2 = 6 * 2²,
seguinte: P_R3 = 8 * 1,5².
I_total = V_R1 / R1 + V_R2 / R2 + V_R3 / R3 Logo, as potências individuais são:
P_R1 = 36 W,
Resolução do sistema de equações: Agora, temos um P_R2 = 24 W,
sistema de equações com três incógnitas (I1, I2 e I3). P_R3 = 18 W.
Podemos resolver esse sistema utilizando métodos E a potência elétrica total dissipada pelo circuito é de:
algébricos ou numéricos, dependendo dos valores dos P_total = P_R1 + P_R2 + P_R3 = 78 W.
resistores e da fonte de tensão.
Uma vez que o sistema seja resolvido, obteremos as Para ilustrar a aplicação das leis de Kirchhoff na análise de
correntes I1, I2 e I3. A corrente total que flui pelo circuito, circuitos série, consideraremos um exemplo simples.
como mencionado anteriormente, é dada por I_total = I1 + Suponha que temos três resistores R1, R2 e R3 conectados
I2 + I3. em série a uma fonte de tensão V. Nosso objetivo é
Com esses resultados, podemos determinar todas as determinar a corrente total que flui pelo circuito e as
correntes no circuito paralelo e analisar como a corrente quedas de tensão individuais em cada resistor.
total é distribuída entre os resistores.
Vamos considerar um exemplo numérico para ilustrar a Análise de Circuitos Série Utilizando as Leis de
análise de um circuito paralelo utilizando as leis de Kirchhoff
Kirchhoff. Suponha que temos no circuito da Figura 2 os seguintes
Suponha que temos um circuito com três resistores em valores dos elementos:
paralelo: R1 = 4 Ω, R2 = 6 Ω e R3 = 8 Ω. A fonte de tensão V1 = Fonte de tensão 1 cujo valor é de 6 V
V aplicada ao circuito é de 12 V. V2 = Queda de tensão de um resistor cujo valor é de 4 Ω;
Identificação dos nós: V3 = Queda de tensão de um resistor cujo valor é de 6 Ω;
Nesse exemplo, temos apenas um nó, pois todos os V4 = Fonte de tensão 2 cujo valor é de 6 V;
resistores estão conectados diretamente à fonte de tensão V5 = Queda de tensão de um resistor cujo valor é de 8 Ω.
V.
Identificação das malhas: Nesse exemplo, temos apenas
Aplicação da Lei dos Nós: Aplicando a Lei dos Nós, uma malha, pois todos os componentes estão conectados
podemos escrever a corrente total que flui para o nó como de forma que só há um caminho para circulação de
I_total = I1 + I2 + I3. corrente por todo o circuito.

Determinação das relações de corrente: Aplicação da Lei das Malhas: Aplicando a Lei das
V_R1 = 4 * I1, Malhas, podemos escrever que a soma algébrica de todas
V_R2 = 6 * I2, as tensões na malhas é igual a zero. Sendo assim, conforme
V_R3 = 8 * I3. a expressão para a soma das tensões escrita anteriormente
Isolando-se as correntes nas expressões acima e que considerou sentido anti horário para atribuição dos
considerando-se que V é a tensão da fonte uma vez que os potenciais dos terminais dos componentes, e substituindo
resistores estão todos em paralelo com ela, obtemos: os valores dos componentes teremos o seguinte:
I1 = 12 / 4,
I2 = 12 / 6,

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Antes, será necessário determinar as relações de queda de A aplicação dos teoremas de Thevenin e Norton é de
tensão que ocorrem em cada componente, sabendo-se que extrema importância na análise de circuitos elétricos.
por estarem conectados em série, a corrente que percorre Esses teoremas permitem simplificar circuitos complexos
os resistores é a mesma e que também é a corrente total do em um modelo equivalente mais simples, facilitando a
circuito: análise e o cálculo de correntes e tensões.
V1 = 12 V, O Teorema de Thevenin nos permite substituir um circuito
V2 = V_R2 = 4 * Itotal, complexo por um circuito equivalente de apenas uma fonte
V3 = V_R3 = 6 * Itotal, de tensão em série com uma resistência de Thevenin. Isso
V4 = 12 V, simplifica a análise do circuito, pois reduz o número de
V5 = V_R5 = 8 * Itotal componentes a serem considerados. O circuito equivalente
Substituindo-se os valores na equação temos: de Thevenin mantém a mesma relação corrente-tensão do
12 + 12 = 4 * Itotal + 6 * Itotal + 8 * Itotal circuito original nos terminais de interesse. Essa
Efetuando-se as operações matemáticas mais simples e representação é especialmente útil quando estamos
colocando-se a corrente total do circuito em evidência interessados nas condições de carga em um circuito, já que
temos: podemos considerar apenas a resistência de Thevenin
24 = (4 + 6 + 8) * Itotal como carga.
Prosseguindo-se com a soma no interior dos parênteses Já o Teorema de Norton nos permite substituir um circuito
temos: complexo por um circuito equivalente de apenas uma fonte
24 = (18) * Itotal de corrente em paralelo com uma resistência de Norton.
Com a expressão acima já é possível obtermos o valor da Essa representação simplifica a análise do circuito,
corrente total que circula pelo circuito como segue: facilitando o cálculo de correntes em diferentes pontos do
Itotal = 24 / 18 = 1,33 A circuito. O circuito equivalente de Norton mantém a
De posse do valor da corrente total que circula pelos mesma relação tensão-corrente do circuito original nos
circuitos e os valores dos resistores, é possível calcular as terminais de interesse.
respectivas quedas de tensão: Ambos os teoremas são baseados nas leis de Kirchhoff,
V1 = 12 V, que estabelecem as relações entre correntes e tensões em
V2 = V_R2 = 4 * 1,33 = 5,32 V um circuito elétrico. A Lei de Kirchhoff das Correntes
V3 = V_R3 = 6 * 1,33 = 7,98 V (LKC) afirma que a soma das correntes que entram em um
V4 = 12 V, nó é igual à soma das correntes que saem desse nó. A Lei
V5 = V_R5 = 8 * 1,33 = 10,64 V de Kirchhoff das Tensões (LKT) afirma que a soma das
diferenças de potencial em um circuito fechado é igual a
Análise: Nesse exemplo, determinamos as quedas de zero.
tensão em cada um dos resistores e, além disso, a corrente Ao aplicar os teoremas de Thevenin e Norton, é importante
total que flui pelo circuito é de 1,33 A. lembrar que o circuito equivalente é válido apenas para os
Essa análise nos permite entender como a tensão das fontes terminais de interesse. Fora desses terminais, a
se distribui entre os resistores apresentando-se como representação pode não ser precisa. Portanto, é necessário
quedas de tensão em um circuito série. Nesse caso, a queda identificar claramente quais são os terminais relevantes
de tensão é maior no resistor R5 (8 Ω) e menor no resistor para a análise do circuito.
R1 (4 Ω). A análise de circuitos paralelos e série utilizando as leis de
De forma análoga ao exemplo do circuito em paralelo, é Kirchhoff também é essencial na resolução de problemas
possível calcular as potências dissipadas por cada resistor elétricos. A análise de circuitos paralelos nos permite
com os valores de resistência e corrente que circula por determinar as correntes que passam por cada ramo do
eles. Neste caso, como os resistores estão associados em circuito e a corrente total que flui para o nó de junção. Já a
série, a corrente elétrica que circula por eles é a mesma, análise de circuitos série nos permite determinar a queda
apresentando consequentemente, o mesmo valor: de tensão em cada componente do circuito e a tensão total
P_R2 = R2 * Itotal², aplicada ao circuito.
P_R3 = R3 * Itotal², Em resumo, os teoremas de Thevenin e Norton,
P_R5 = R5 * Itotal². juntamente com as leis de Kirchhoff, são ferramentas
Substituindo-se os valores temos: poderosas na análise e resolução de problemas em
P_R2 = 4 * 1,33², circuitos elétricos. Eles simplificam circuitos complexos,
P_R3 = 6 * 1,33², permitindo uma compreensão mais clara do
P_R5 = 8 * 1,33². comportamento elétrico e facilitando o cálculo de
Logo, as potências individuais são: correntes, tensões e potências. A aplicação desses
P_R2 = 7,08 W, conceitos é fundamental para engenheiros, técnicos e
P_R3 = 10,61 W, estudantes que trabalham com eletricidade e eletrônica.
P_R5 = 14,15 W.
E a potência elétrica total dissipada pelo circuito é de: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
P_total = P_R1 + P_R2 + P_R3 = 31,84 W.
https://embarcados.com.br/conheca-as-leis-de-kirchhoff/
Em resumo, os teoremas de Thevenin e Norton nos Acesso em: 05/06/2023.
permitem simplificar circuitos complexos para uma
representação mais simples, mantendo as mesmas ALEXANDER, Charles K.. Fundamentos de circuitos
características elétricas nos terminais de interesse. Isso elétricos. Porto Alegre: Amgh, 2013.
facilita a análise e o projeto de circuitos, tornando-os mais
compreensíveis e manipuláveis.
BOYLESTAD, Robert L.. Introdução à análise de
circuitos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.
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