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1. Dinâmica de circuitos RL
A técnica de análise é semelhante àquela empregada para a determinação dos
transitórios em circuitos RC. Se o circuito de primeira ordem contiver um indutor,
resistores, e fontes DC, após o fechamento da chave, procuramos primeiramente reduzir
a configuração 2 ao circuito equivalente RL da Fig. 1, formado unicamente pela fonte de
corrente , resistência equivalente , e indutância , conectados em paralelo.
Dada a linha do tempo (ver Fig. 6, Notas de Aula 02), a obtenção da resposta transitória
para circuitos RL pode ser adaptada do processo descrito na Seção 3.3, Notas de Aula 02
(assumindo que o chaveamento ocorra no instante ):
2
O segundo passo é o cálculo dos limites. Como a corrente no indutor deve ser contínua,
temos
( ) ( ) ( )
de acordo com a equação (1) das Notas de Aula 02. Definimos o valor da corrente em
como um dos limites acima, i.e.
( ) ( ) ( ) ( )
O quarto passo é a obtenção do circuito RL equivalente (Fig. 1), i.e., obtemos os valores
de e de .
( ) ( )
( ) ( ( ) )
( ) ( )
A obtenção da expressão geral (2) segue raciocínio análogo àquele empregado para o
cálculo de para o circuito RC. Após atribuir as polaridades (para as tensões) e o
sentido de circulação (para as correntes) como na Fig. 1, temos que a tensão e a
corrente no indutor são relacionadas como
( ) ( )
( )
( ) ( )
( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( )
( )
( ) ( )
( ) ( )
( ) ( )
( ) ( )
( )
( ) ( )
para . Visto que esta equação deve ser válida para todo (e o termo ( ) é
diferente de zero), segue que as quantidades entre parênteses devem ser iguais a zero:
( )
( )
( ) ( )
( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( )
( ) ( ( ) )
Exemplo 1. No circuito da Fig. 2a, assuma que a chave estava fechada por um longo
período, e que ela se abre no instante . Encontre a corrente no indutor ( ) para
.
( ) ( )
( )
( ) ( )
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
Fig. 2. (a) Circuito original. (b) Configuração 1 (antes do chaveamento). (c) Configuração 1 (indutor
substituído por um curto-circuito em DC). (d) Configuração 2 (após o chaveamento). (e) Circuito RL
equivalente.
composta pela fonte de 10 V em série com este resistor de pode ser substituída por
uma fonte de corrente de ⁄ , em paralelo com este mesmo resistor de
(transformação de fontes). Obtemos o circuito da Fig. 2e. Ao comparar esre circuito com
aquele da Fig. 1, observamos que ele já se encontra na forma de um circuito equivalente
RL. Segue que e . A constante de tempo é ⁄ ( ⁄ )⁄ ⁄
s.
( )
ampères, para .
2. Níveis DC
A tensão sobre o capacitor (em circuitos RC) e a corrente sobre o indutor (em
circuitos RL) após o chaveamento em são dadas pelas equações (16) (Notas de
Aula 02) e (2), respectivamente, repetidas abaixo:
( )
( ) ( ( ) )
( )
( )
( ) ( ( ) )
( ) ( ( ) )
( )
( ) ( ( ) )
( ) ( )
ver Seção 3.2 (Notas de Aula 02). Entretanto, vimos que antes do chaveamento, o circuito
se encontrava no regime DC (todas as tensões e correntes constantes no tempo). Em
particular, a tensão sobre o capacitor era constante. Suponhamos que este valor, igual ao
limite calculado acima, seja representado por , i.e.,
( ) ( )
7
(a) (b)
Fig. 3. (a) Transição suave entre os dois níveis DC e (tensão no capacitor), para . (b) Transição
suave entre e , para .
( ) (( ( ) ) ) ( )
visto que o termo governado pela exponencial se torna infinitamente pequeno. Observe
que o limite em (12) é dado pela constante (fonte de tensão DC no circuito RC
equivalente). Podemos detectar em (11) e (12) a presença de dois níveis DC. Um deles é
, que representa a tensão DC no capacitor antes do chaveamento. O segundo é , que
representa a tensão no capacitor bem depois do chaveamento. Lembre-se da linha do
tempo (Fig. 6, Notas de Aula 02). A tensão DC na configuração 1 (antes do chaveamento)
é portanto , e a tensão DC na configuração 2 (após o chaveamento) é . Tínhamos
definido a resposta transitória como a transição suave entre estes dois níveis DC, i.e.,
entre e . Portanto, a tensão no capacitor não varia abruptamente entre estes dois
níveis DC. A transição entre e é suave. Esta suavidade pode ser observada ao
traçarmos o gráfico de em (10). Se , temos um gráfico como aquele da Fig. 3a.
Por outro lado, se , temos um gráfico como aquele da Fig. 3b. Em ambos os casos,
a curva de tensão se aproxima do nível de forma suave. Obviamente, o responsável por
esta suavização é o termo exponencial em (10).
Observação: Dissemos na Seção 3.1 (Notas de Aula 02) que a resposta transitória
desaparece (ou ‘morre’) pouco depois do chaveamento. Com isso, queremos dizer que,
após um intervalo de tempo, a tensão no capacitor (em circuitos RC) se torna muito
próxima do segundo nível de tensão (de modo que, na prática, tomamos a tensão como
efetivamente igual a ). Seja a expressão geral para a tensão após o chaveamento
(9). Lembre-se de que em circuitos RC, a constante de tempo é dada por . Esta
grandeza é dada em segundos, e depende apenas dos parâmentos ( e ) do circuito
em questão. Vamos determinar a tensão após um intervalo , depois do
chaveamento, i.e., se o chaveamento se deu em , vamos calcular a tensão em
. De (9),
( )
( ) ( ( ) )
( ) ( )
( ) ( ( ) ) ( ( ) )
( ) ( ( ) ) ( ( ) ) ( ( ) )
ou seja,
| ( ) | |( ( ) )|
Por exemplo, suponhamos que a tensão no instante de chaveamento seja dada por
( ) , e que a tensão seja dada por . Da última expressão acima,
| ( ) | |( )|
Raciocínio análogo se aplica aos circuitos RL, para os quais a constante de tempo é dada
por ⁄ .
(a) (b)
Fig. 4. (a) Degrau em . (b) Degrau em . Em ambos os casos, a tensão de saída da fonte ( )
sofre variação abrupta de 0 a .
(a)
(b)
Fig. 5. (a) Uma fonte de tensão ( ) que passa de 0 a volts em (como na Fig. 4a) pode ser
modelada por uma chave originalmente ligada a um curto-circuito (potencial zero). Após a mudança de
estado, a chave se torna ligada a uma fonte DC de volts. (b) Uma fonte de corrente ( ) que passa de 0 a
ampères em pode ser modelada por uma chave originalmente ligada de tal modo a aplicar um curto-
circuito na fonte de corrente de (impedindo assim a circulação de corrente entre os terminais ‘a’ e ‘b’).
Após a mudança de estado, a fonte de corrente é ligada ao terminal ‘a’. No caso do degrau ocorrer no
instante (como na Fig. 4b), basta mudar o instante de chaveamento para nas duas figuras
acima.
10
abruptamente para outro nível DC. Uma tensão com esta forma pode ser descrita por uma
função degrau, como na Fig. 4a. Nesta figura, a tensão ( ) (entregue pela fonte) é igual
a 0 V para , e igual a para . O instante de transição pode ser diferente de
; por exemplo, para um instante de transição , o gráfico de ( ) tem a forma da
Fig. 4b.
Tais fontes são úteis na descrição de ‘ondas quadradas’ (uma sequência de pulsos),
muito empregadas em circuitos eletrônicos.
Exemplo 2. No circuito da Fig. 6a, assuma que a chave estava fechada por um longo
período, e que ela se abre no instante . Encontre a corrente ( ) (no resistor de )
e a tensão ( ) para todos os instantes de tempo . A tensão ( ) da fonte ‘em degrau’ é
descrita por um gráfico como aquele da Fig. 4a, para o qual temos (i.e., a
tensão ( ) passa de 0 a 30 V em ).
(Solução) Primeiramente, substituímos a fonte ‘em degrau’ pelo seu equivalente da Fig.
5a. O resultado pode ser visto no circuito da Fig. 6b, que contém duas chaves. As
mudanças de estado das duas chaves ocorrem no mesmo instante ( ), e são
indicadas no circuito por meio de setas. Vamos aplicar o método usual a este circuito.
( ) ( )
( ) ( )
( )
11
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
Fig. 6. (a) Circuito original. (b) Substituindo a fonte ‘em degrau’ pelo seu equivalente. (c) Configuração 1
(antes do chaveamento). (d) Configuração 2 (após o chaveamento). (e) Circuito RC equivalente.
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( ) ( )
Ao comparar este circuito com aquele da Fig. 7 (Notas de Aula 02), segue que e
⁄ . A constante de tempo é ( ⁄ )( ⁄ ) ⁄ s.
O quinto passo é a substituição destes valores na equação (16), Notas de Aula 02,
lembrando que e ( ) ( ) (do segundo passo):
( )
( ) ( ( ) )
( ⁄ )
( ) ( )
( ) ( )
( ) ( )
Para o cálculo de ( ), note que após o chaveamento, o circuito é aquele da Fig. 6d. A
corrente ( ) sobre o resistor de , da esquerda para a direita, pode ser calculada a
partir da LKT (sentido horário):
( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( )
( ) {
( ) {
13
( ) ( )
( )
( ) ( )
i.e., os limites à esquerda e à direita para são diferentes. Rigorosamente, não definimos
a corrente no instante de chaveamento .
Questionário 03
Maiores detalhes sobre o assunto tratado nestas notas de aula podem ser encontrados
nas Seções 7.1 e 7.3 do livro-texto. Recomendamos ao estudante que leia estas seções.
Exemplo 7.1;
Exemplo 7.5.
(Dica) A fonte ‘em degrau’ da Fig. 8 pode ser representada em termos de fontes DC e
chaves como na Fig. 9.
Observações:
- Resolver em uma folha de papel (a lápis ou à caneta), escanear (ou fotografar), e enviar
o arquivo .pdf;