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RESUMO - Objetivou-se determinar a necessidade de água e o coeficiente de cultura para as diferentes fases
fenológicas do milho (Zea mays L) e do feijão-caupi (Vigna unguiculata (L) Walp) em sistemas de plantio ex-
clusivo e consorciado sob as condições climáticas do Semiárido brasileiro. O experimento foi conduzido no
município de Petrolina, PE. Foram monitorados o rendimento de matéria seca total da parte aérea e a radiação
fotossinteticamente ativa interceptada para ambas as culturas. Além disso, obteve-se a evapotranspiração da
cultura (ETc) por meio do método do balanço de água no solo. Com estes dados e a evapotranspiração de refe-
rência foi obtido o coeficiente de cultura (Kc), os quais foram utilizados, posteriormente, para ajustar modelos
em função dos graus dias acumulados. Com os resultados, constatou-se que o requerimento hídrico do milho e
feijão-caupi no sistema de plantio consorciado foi maior que no sistema exclusivo. Os valores de Kc no consór-
cio foram de 0,90, 1,30, 1,20 e 0,72 para o milho, e 0,86; 1,30, 1,21 e 0,91 para o feijão-caupi, respectivamente,
para as fases vegetativa, floração, enchimento de grãos e maturação. No sistema exclusivo esses valores foram
de, 0,86, 1,23, 0,97 e 0,52 para o milho e de 0,68; 1,02, 1,06 e 0,63 para o feijão-caupi, nesta ordem. As varia-
ções dos valores de Kc para ambos os sistemas e culturas estiveram associadas ao incremento de biomassa e a
interceptação da radiação. O modelo Gaussiano ajustado descreveu adequadamente a relação entre os valores
de Kc e dos graus dias acumulados.
WATER REQUIREMENT AND CROP COEFFICIENT OF MAIZE AND COWPEA IN SOLE AND
INTERCROPPING SYSTEMS
ABSTRACT – In order to determine the water requirement and crop coefficient for the different phenological
stages on corn plants (Zea mays L.) and cowpea plants (Vigna unguiculata (L.) Walp) in intercropping and sole
cropping systems under the climatic conditions of the Brazilian semiarid. The experiment was conducted in the
city of Petrolina, PE. Shoots total dry mass and photosynthetically active radiation intercepted for both crops
were monitored. Furthermore, it was obtained the evapotranspiration (ETc) by the soil water balance method.
With these data and reference evapotranspiration it was obtained crop coefficient (Kc), which were subsequent-
ly used to adjust models as a function of accumulated degree days. With the results, it was found the water re-
quirements from maize and cowpea intercropped system were greater than the sole system. Kc in the inter-
cropped system was 0.90, 1.30, 1.20 and 0.72 for maize and 0.86, 1.30, 1.21 and 0.91 for cowpea, respectively,
for the vegetative, flowering, grain filling and ripening stages. In the sole system, these values were, 0.86, 1.23,
0.97 and 0.52 for maize and 0.68, 1.02, 1.06 and 0.63 for cowpea in those phases mentioned. The variations of
the Kc values for both systems and cultures have been associated to the increase of biomass and light intercep-
tion. The Gaussian model adjusted properly described the relationship between Kc and accumulated degree
days.
Keywords: Crop coefficient. Water demand. Soil water balance. Irrigation. Intercropping.
________________________
*Autor para correspondência
1
Recebido para publicação em 04/03/2014; aceito em 22/05/2015.
Resultado de projeto de pesquisa financiado pela MDA/EMBRAPA
2
Unidade Acadêmica de Serra Talhada - UAST/UFRPE, Caixa Postal 063, CEP 56900-000, Serra Talhada, PE;
sanddrabastos@yahoo.com.br, thieres_freire@yahoo.com.br.
3
Embrapa Semiárido, BR 428, km 152, Caixa Postal 23, CEP 56302-970, Petrolina, PE; magna.moura@embrapa.br.
4
Universidade Federal de Viçosa - UFV/DEA, CEP 36570-000, Viçosa, MG; g.sediyama@ufv.br.
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irrigação diferenciadas com base nos valores da eva- Para determinação dos valores da fração da
potranspiração de referência (ETo), como segue: radiação fotossinteticamente ativa interceptada
L125 = 125% x ETo, L100 = 100% x ETo, L75 = (fRFA), foram instalados quatro sensores quânticos
75% x ETo, L50 = 50% x ETo e L0 = 0% x ETo, lineares (LI-191SA Line Quantum Sensor Li-cor,
aplicadas após os primeiros 40 dias de ciclo. No perí- Nebraska, USA), sendo um localizado acima das
odo antecedente, a lâmina aplicada correspondeu a culturas (RFAT), e os outros três dispostos de manei-
100%.ETo. ra perpendicular a fileiras, abaixo do dossel da vege-
Adotou-se o delineamento experimental intei- tação (RFAB).
ramente casualizado, em esquema de três repetições, Para obtenção da biomassa seca acumulada,
com espaçamento de 0,5 x 0,5 m, com duas plantas foram amostradas, ao acaso três plantas de milho aos
por cova, para o caso do feijão-caupi no sistema ex- 8, 19, 26, 33, 40, 54, 63, 68, 78, 88, 97 e 109 dias
clusivo (80.000 plantas ha-1); e 1,0 x 0,5 m entre após a semeadura (DAS) e de feijão-caupi aos 7, 18,
plantas de feijão-caupi, com duas plantas por cova 25, 32, 39, 53, 62, 67 e 76 (DAS), em cada um dos
(40.000 plantas ha-1) e 1,0 x 0,2 m entre plantas de sistemas de plantio. As plantas foram colocadas em
milho em ambos os sistemas de plantio (50.000 plan- sacos de papel e levadas à estufa com ventilação
tas ha-1). Nos sistemas de cultivo exclusivos, a parce- forçada à temperatura de 70°C, onde permaneceram
la experimental foi composta por quatro fileiras de por um período de 72 h. Após este período, as amos-
16 m de comprimento. Por outro lado, no sistema tras foram pesadas, utilizando-se uma balança com
consorciado, a parcela foi formada pela associação precisão de 0,001 g (Modelo MARK 210A, Bel En-
de uma fileira de feijão-caupi e uma fileira de milho, gineering, Monza-MI, Itália), até se obter peso cons-
ambas com 16 m de comprimento, o que resultou em tante e, consequentemente, ter-se a matéria seca das
seis fileiras para cada parcela experimental. plantas. A fenologia das culturas foi observada por
Utilizou-se o sistema de irrigação por goteja- meio de visitas diárias a área experimental, quando
mento com linhas laterais de 17 mm de diâmetro foram identificadas as datas de ocorrência dos even-
externo, gotejadores na linha tipo autocompensantes tos fenológicos e delimitadas a duração dos subperío-
e autolimpantes, espaçados de 0,5m, com uma vazão dos de crescimento e desenvolvimento, adotando-se
média de 1,8 L h-1 e um coeficiente de uniformidade o método proposto por Fernandéz et al. (1982) para a
igual a 95,03%. A lâmina de irrigação foi obtida com cultura do feijão-caupi e por Fancelli e Dourado Ne-
base na evapotranspiração de referência (ETo), com to (2000) para o milho. Sendo delimitados os seguin-
turno de rega a cada dois dias. tes subperíodos e durações para ambas as culturas:
Tabela 1. Delimitação das fases fenológicas para o milho e feijão-caupi sob as condições climáticas do Semiárido brasilei-
ro.
Estádio de desenvolvimento Fase M ilho (dias) Feijão-caupi (dias)
Vegetativo I 40 30
Floração II 13 21
Enchimento de grãos III 20 12
M aturação IV 36 16
Total - 109 79
1 A umidade do solo foi determinada em tubos radiação e fluxo de calor no solo e precipitação. Os
de acesso instalados em cada sistema de plantio até a elementos meteorológicos foram medidos a cada 60
profundidade de 1 m, sendo as leituras efetuadas a segundos, e as médias armazenadas a cada 30 minu-
cada 0,1 m. As medidas foram realizadas diariamen- tos. Estes dados meteorológicos foram utilizados no
te, durante todo ciclo, por meio de uma sonda FDR cálculo da evapotranspiração de referência diária
modelo Diviner@2000 (Sentek Pty Ltd., Austrália). (ETo), de acordo com a metodologia de Penman-
Para o cálculo do balanço hídrico considerou- Monteith parametrizada no boletim 56 da FAO
se o somatório do armazenamento de água no solo (ALLEN et al., 1998):
nas camadas de 0 a 0,5 m, uma vez que nessa, estão
concentrados cerca de 80% do sistema radicular do 900
milho e do feijão-caupi (FERREIRA et al., 2008; 0,408 (R n G) γ u 2 (es ea )
t m 273
ALBUQUERQUE, 2010). ETo (1)
Δ γ(1 0,34u 2 )
O monitoramento das condições meteorológi-
cas durante o período de execução do experimento 1
foi realizado por meio de uma estação agrometeoro- em que, Rn - saldo de radiação sobre a superfície da
lógica automática localizada a 400 m da área experi- cultura de referência (MJ m-2 d-1); G - fluxo de calor
mental. A estação é composta de um datalogger mo- no solo (MJ m-2 d-1); γ - constante psicrométrica
delo CR10X (Campbell Scientific INC.), sensores de (kPa oC-1); tm - temperatura do ar (oC); u2 - velocidade
temperatura e umidade relativa do ar, velocidade e do vento (m s-1); (es-ea) - déficit de pressão vapor
direção do vento, radiação solar incidente, saldo de d’água (kPa); Δ - declividade da curva de pressão de
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saturação de vapor d’água (kPa oC-1). são apresentados na Figura 1. Na FASE I tanto para
A evapotranspiração da cultura (ETc) foi obti- o milho (40 DAS) quanto para o feijão-caupi (30
da pelo método simplificado do balanço de água no DAS) foi observada a ocorrência de temperaturas
solo, considerando o escoamento superficial como elevadas (Figura 1a), com tendência à redução ao
nulo devido ao relevo plano do local, o orvalho foi final do período experimental. No caso da umidade
desprezível, logo que o mesmo foi conduzido em relativa do ar (UR) no início do ciclo foram registra-
ambiente semiárido e os movimentos ascendentes e dos valores baixos (Figura 1a), entretanto, a partir de
descendentes no solo não foram admitidos, uma vez fevereiro, com o início da ocorrência de precipitação,
que não houve variação nos valores diários de umi- verificaram-se aumentos da nebulosidade na região.
dade do solo abaixo da camada do solo de 0,5 m. Devido a isto, observou-se uma tendência de redução
(FERREIRA et al., 2008; OLIVEIRA, 2010): Assim, da radiação solar (Figura 1b), contribuindo para a
a equação do balanço de água no solo assumida foi diminuição dos valores da evapotranspiração de refe-
1 ETc P I ΔARM (2) rencia (ETo), conforme pode ser verificado na Figura
1c. Houve maior variação na velocidade do vento no
em que, ETc - evapotranspiração da cultura (mm); P início do cultivo, ocorrendo redução até no final dos
- precipitação (mm); I - irrigação (mm); ΔARM - ciclos (Figura 1b). Embora alguns dias do ciclo das
variação do conteúdo de água no solo até a profundi- culturas tenham ocorrido no período chuvoso, obser-
dade de 0,5 m (mm). vou-se que os eventos de precipitação não ocorreram
O requerimento hídrico para ambas as cultu- durante a aplicação dos tratamentos (Figura 1c); sen-
ras e sistemas de plantio foi determinado integrando- do que a lâmina total precipitada durante o desenvol-
se os valores de ETc para todo o periodo monitorado, vimento das culturas foi em torno de 118,6 mm.
no caso de dias sem dados, estes valores foram extra- O requerimento hídrico e o coeficiente de
polados para todo o ciclo, utilizando-se o coeficiente cultura para o sistema de plantio do milho exclusivo,
de cultura médio para cada fase e os valores da eva- sistema de plantio do feijão exclusivo e para o con-
potranspiração de referência diária. sórcio milho e feijão-caupi foram definidos a partir
Considerando a evapotranspiração da cultura dos dados dos tratamentos de 100% x ETo, logo que
determinada pelo método simplificado do balanço apresentaram bons desempenhos produtivos. No sis-
hídrico no solo, o coeficiente de cultura (Kc) foi ob- tema de plantio exclusivo, as culturas do milho e do
tido para o milho e o feijão-caupi, nos sistemas de feijão-caupi receberam lâminas de água (P+I) (471,2
plantio exclusivo e consorciado. Para efeito do cálcu- e 448,7 mm, respectivamente) inferiores as recebidas
lo dos valores médios foram consideradas as fases no sistema de plantio consorciado (nesta mesma or-
fenológicas descritas na tabela 1. Para isso, foi consi- dem, 529,8 e 491,7 mm).
derada a relação entre os valores de ETc e ETo, con- Observa-se que, em ambos os casos a FASE I
forme Allen et al. (1998): foi caracterizada por um baixo acúmulo de fitomassa
ETc e interceptação da radiação (~ 30%, 15% e 30% para
1 Kc (3) o milho, feijão-caupi e consorcio, nesta ordem)
ETo (Figuras 2 e 3). Posteriormente, na FASE II com o
em que, Kc - coeficiente de cultura (adimensional). incremento da fitomassa seca total acumulada, sendo
Com os valores determinados de Kc, foi pos- maior parte desta destinada às folhas houve uma ten-
sível ajustar o modelo de Gaussiano com três parâ- dência de acréscimo da radiação fotossinteticamente
metros em função dos graus-dia acumulados (GDA), ativa interceptada, com um valor médio de 60% para
obtida por meio da realização de uma regressão não o milho e o feijão-caupi. Comportamento também
linear utilizando o software SigmaPlot®11 (Systat observado por Silva et al. (2012) em estudo realizado
Software Inc.). O GDA foi determinado consideran- para a cana-de-açúcar. No caso do sistema consorcia-
do a ocorrência dos eventos fenológicos e os dados do, a presença de plantas com arquiteturas diferentes
de temperatura do ar obtidos na estação agrometeo- promoveu um incremento da fRFA, que atingiu valo-
rológica automática. Este procedimento foi realizado res médios na segunda fase iguais a 80%. Na tercei-
para cada uma das culturas, adotando-se a temperatu- ra fase, tanto o milho quanto o consórcio apresenta-
ra base de 10°C, tanto para o milho como para o fei- ram maiores níveis de interceptação da radiação, em
jão-caupi (LOZADA; ANGELOCCI, 1999). torno 70% e 95%, respectivamente. Com posterior
tendência à redução, em decorrência da abscisão das
folhas, que promoveu uma redução da área foliar e
RESULTADOS E DISCUSSÃO consequentemente da fRFA. O feijão-caupi em siste-
ma exclusivo na FASE III ainda continuou apresen-
Os dados dos elementos meteorológicos radi- tando incrementos da fRFA devido a uma maior ma-
ação solar global (Rg), temperatura do ar (tar), umi- nutenção da fitomassa das folhas nesta cultura, que
dade relativa do ar (UR), velocidade do vento (Vv), começou a apresentar uma perda destes órgãos ape-
precipitação e evapotranspiração de referência (ETo) nas no final da FASE IV.
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Figura 1. Dados meteorológicos médios diários ao longo do ciclo das culturas do milho (Zea mays) e do feijão-caupi
(Vigna unguiculata) nos sistemas de plantio exclusivo e consorciado, sob as condições climáticas do município de Petro-
lina – PE
Figura 2. Rendimento de matéria seca total da parte aérea do milho (Zea mays) (a) e feijão-caupi (Vigna unguiculata) (b)
Figura 2. Rendimento de matéria seca total da parte aérea do milho (Zea mays) (a) e feijão-caupi (Vigna unguiculata) (b) em
em sistemas de plantio exclusivo e consorciado, submetidas a diferentes lâminas de irrigação sob as condições climáticas
sistemas de plantio exclusivo e consorciado, submetidas a diferentes lâminas de irrigação sob as condições climáticas do
do município
município de de Petrolina
Petrolina - PE- PE
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1.0
Fração da radiação fotossinteticamente ativa
1.0 0.9 1.0
FASE III
FASE IV
FASE II
0.3 0.3
FASE I
0.3
0.2 0.2 0.2
FASE III
FASE IV
FASE II
FASE I
0.8 0.9
interceptada (fRFA, admensional)
0.7 0.8
0.6
0.7
0.5
0.6
0.4
0.5
0.3
0.2
0.4
0.1 0.3
0.0 0.2
FASE III
FASE IV
FASE II
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
FASE I
0.1
Dias após a semeadura (DAS)
0.0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Dias após a semeadura (DAS)
(DAS- 61,20) 2
fRFA = 0,9540 * exp{-0,5* [ ] }
20,83
R² = 0,91 (c)
1 Figura 3. Fração da radiação fotossinteticamente ativa interceptada pelo sistema exclusivo do milho (Zea mays) (a), fei-
jão-caupi (Vigna unguiculata) (b) e do sistema consorciado (d), sob as condições climáticas do município de Petrolina –
PE
O requerimento hídrico da cultura do milho se, que apenas durante a FASE I e IV, a ETc foi me-
durante o ciclo no sistema exclusivo (387,1 mm) foi nor do que a ETo (Figura 4a). Entre a FASE II e III,
12% inferior a necessidade de água do sistema con- essa tendência se inverteu, coincidindo com as fases
sorciado (439,4 mm) (Figura 4a). Tais valores são de florescimento e enchimento de grãos e com a mai-
inferiores aos obtidos por Suyker e Verma (2009), or interceptação de radiação, quando a ETc atingiu
que determinaram a evapotranspiração do milho em valores médios diários iguais a 5,3 mm dia -1 e 6,3
sistema exclusivo (683 mm) na região de Mead em mm dia -1 nos sistemas exclusivo e consorciado, res-
Nebraska. Tendência semelhante foi verificada para pectivamente, caracterizando-se o período de maior
o feijão-caupi, quando se observou que o requeri- demanda hídrica da cultura do milho, em ambos os
mento hídrico do sistema exclusivo (322,6 mm) foi sistemas de plantio.
21% inferior ao do sistema consorciado (408,4 mm) No início do ciclo do feijão-caupi, a evapo-
(Figura 4b). Vários são os estudos que citam que a transpiração de cultura foi relativamente baixa, igual
demanda de água em um sistema consorciado tende a a 4,23 mm dia-1 para o feijão-caupi em sistema ex-
ser superior em relação ao sistema exclusivo clusivo e 5,35 mm dia-1 quando o consorciado. Com
(ANDRADE JÚNIOR et al., 2008; OLIVEIRA, o crescimento da cultura, o incremento da área foliar
2010). e o surgimento dos órgãos reprodutivos da cultura,
Para o milho, em ambos os sistemas de plan- houve um aumento da interceptação da radiação e da
tio, a ETc foi inferior a evapotranspiração de referên- demanda hídrica, que alcançou valores máximos na
cia (ETo) acumulada (450,6 mm). Quando se anali- fase de enchimento de grãos, com uma evapotranspi-
saram a ETc e a ETo ao longo do tempo, percebeu- ração média diária igual a 5,2 mm dia -1 e
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6,4 mm dia -1 para os respectivos sistemas de planti- ar e o consumo de água da cultura foi reduzido para
os, na ordem em que foram citados. Posteriormente, 2,5 mm dia -1 e 3,6 mm dia -1 para os sistemas exclu-
por ocasião da FASE IV foi observada a abscisão das sivo e consorciado, respectivamente.
folhas, com isso, houve uma diminuição da área foli-
500
ETc Milho(Exclusivo) 450,6
439,4
ETc Milho (Consorciado)
400 ETo 387,0
236,0
212,4
203,0
200
0
FASE I FASE II FASE III FASE IV CICLO
Fase fenológica
FASE I - Vegetativa FASE II - Floração
500
ETc Feijão-caupi (Exclusivo)
ETc Feijão-caupi (Consorciado)
408,4
400 ETo 395,9
Reuqerimento hídrico (mm)
322,6
300
200 180,5
155,2
122,7 126,9
103,6 101,6
100 76,5
61,9 58,4
49,7 54,6
34,4
0
FASE I FASE II FASE III FASE IV CICLO
Fase fenológica
FASE I - Vegetativa FASE II - Floração
Figura 4. Requerimento
1 de água do milho (Zea mays) e feijão-caupi (Vigna unguiculata), relativo à cada fase de desen-
volvimento e para todo o ciclo, sob sistemas de plantio exclusivo e consorciado), sob as condições climáticas do municí-
pio de Petrolina – PE
Os resultados encontrados para o feijão-caupi, e PC são apresentados na Tabela 2. Constatou-se
no presente estudo, foram superiores aos observados que, para a cultura do milho em sistema consorciado,
por Bastos et al. (2008a) que, em trabalho realizado o Kc médio da Fase I foi de 0,90. Na Fase II, o au-
no Vale do Gurgéia - PI, encontraram a evapotrans- mento do crescimento (Figura 1) resultou em um
piração acumulada para o sistema exclusivo de 288,5 incremento da evapotranspiração e consequentemen-
mm, sendo o estádio reprodutivo, o de maior consu- te do Kc (1,3), que permaneceram elevados na FASE
mo de água, com uma média de 5,4 mm dia -1. Toda- III (Tabela 2), caracterizando-se por apresentar a
via, foram inferiores aos obtidos por Lima et al. maior demanda de água ao longo do ciclo. Esta ten-
(2006) que, realizando o balanço hídrico para a cul- dência tem sido observada para o Kc do milho em
tura do feijão-caupi nas condições climáticas de diferentes regiões (ALLEN et al., 1998; BEZERRA;
Areia-PB, obtiveram um valor de evapotranspiração OLIVEIRA, 1999; CARVALHO et al., 2006; BAS-
acumulada durante todo o ciclo da ordem de 383 TOS et al., 2008b). Na Fase IV, modificações fisio-
mm. lógicas como amarelamento e senescência das folhas
Os valores de Kc para cada fase fenológica promoverão diminuição nos valores de Kc para 0,72.
das culturas do milho e feijão-caupi nos sistemas PE
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Tabela 2. Valores médios dos coeficientes de cultura (Kc) do milho irrigado em sistema de plantio exclusivo nas
diferentes fases fenológicas, sob as condições de Semiárido brasileiro, Petrolina-PE, 2008
Fase Fenológica
M étodo I II III IV
Vegetativo Floração Enchimento de grãos M aturação
M ilho exclusivo 0,86 1,23 0,97 0,52
Feijão-caupi exclusivo 0,68 1,02 1,06 0,63
M ilho consorciado 0,90 1,30 1,20 0,72
Feijão-caupi consorciado 0,86 1,30 1,21 0,91
1 O valor médio do Kc do milho no sistema 0,68. Com posterior aumento, que coincidiu com a
exclusivo foi próximos aos do sistema consorciado fase de máximo crescimento da cultura, com Kc
apenas na FASE I, sendo observado nas demais FA- igual a 1,06, e, em seguida com a maturação obser-
SES valores mais elevados para o sistema consorcia- vou-se uma redução deste valor. Padrão semelhante
do. Bastos et al. (2008b), em trabalho realizado para foi observado para o feijão-caupi no sistema consor-
determinar o coeficiente de cultura para o milho ex- ciado, porém, com magnitudes superiores (Tabela 2).
clusivo irrigado por aspersão, por meio da utilização Os resultados obtidos para o sistema exclusivo são
de lisímetros, encontraram valores de Kc oscilando superiores aos reportados por Maschio et al. (2007),
entre 0,5-0,7; 1,1-1,3; 1,3-1,4 e 0,6 para as fases I, II, que em trabalho realizado para a cultura do feijão-
III e IV, respectivamente, sob as condições edafocli- caupi no município de Teresina - PI, encontraram
máticas dos Tabuleiros Litorâneos do Piauí. Bezerra valores iguais a 0,66; 0,82; 1,06 e 0,60, para as fases
e Oliveira (1999) utilizaram o método do balanço de vegetativa, floração, enchimento dos grãos e maturi-
água e um sistema de irrigação por gotejamento para dade fisiológica, respectivamente. Da mesma forma,
determinar o Kc do milho sob o sistema de plantio estes valores foram inferiores aos obtidos por Bastos
exclusivo, em Fortaleza - CE e encontraram valores et al. (2008a), os quais conduziram um experimento
de 0,73; 1,11; 0,95 e 0,64 para referidas fases.As com o feijão-caupi, em Alvorada do Gurgéia-PI, e
variações observadas nos valores de Kc, indicam a encontraram valores de Kc iguais a 0,80; 0,95; 1,25 e
necessidade de sua determinação local devido a sua 0,85 para as fases vegetativa, floração, enchimento
dependência em relação ao clima, solo e cultivar dos grãos e maturidade fisiológica, nesta ordem.
(FERREIRA et al., 2007). Para o milho, em sistema A partir dos valores médios de Kc foram ajus-
consorciado, Ferreira et al. (2007) encontraram valo- tados modelos em função dos graus dias acumula-
res de 0,90; 1,48 e 1,06 para as fases de semeadura- dos, sendo os seus coeficientes demonstrados na
pendoamento, pendoamento-espigamento e espiga- Tabela 3, podendo ser aplicados de uma maneira
mento-maturidade fisiológica, nessa ordem. simples e prática no manejo de irrigação das culturas
No caso do feijão-caupi, em sistema exclusi- (SILVA et al., 2012).
vo, verificou-se que o Kc no estádio inicial foi de
158 Revista Caatinga, Mossoró, v. 28, n. 4, p. 151 – 160, out. – dez., 2015
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