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AUTOR: MENDONÇA, DOGLASSE E.

& MACIE, EDIGAR L, Engenheiros

Fundamentos de Electrotecnia

1a Edição, só para estudantes da ESTEC-UP


2018

Doglasse Ernesto Mendonça, Engº


Apresentação

Esta apostila de Electrotecnia é a primeira versão para apoiar ao conhecimento


teórico adquirido em sala de aulas dos estudantes da ESTEC-Escola Superior
Técnica da Universidade Pedagógica do Curso de Engenharia Electrónica. É
mais uma ferramenta aliada à preocupação do Estado com a qualidade do
ensino profissional.

Elaborado a partir de conteúdo preparado por professores Engº Doglasse


Mendonca e Engº Edigar Macie.
Disponível em formato de pen-drive, esta apostila ganhará agilidade na
actualização do seu conteúdo, sempre que se fizer necessário, o que
possibilitara o estudante consultar informações actualizadas em consonância as
novas tecnologias.

Neste quadro os presentes apontamentos destina-se a servir como livro-texto


tendendo o objectivo de proporcionar as questões teórico-práticas básicas, para
análise de diversos circuitos eléctricos.

Doglasse Ernesto Mendonça, Engº


A electrotecnia tem desempenhado um papel de grande importância para todos
os ramos da ciência, técnica e são inúmeras as suas aplicações em todos
sectores da vida moderna.

A sua diversidade é tão grande, que actualmente, quase todas as áreas são
altamente especializadas. A electrónica está presente em quase tudo no nosso
dia-a-dia, desde o nosso televisor, ao mais sofisticado sistema de controlo,
todos estes dispositivos não eram possíveis sem o desenvolvimento da
electrónica

O Sistema Internacional de Unidades


Engenheiros comparam resultados teóricos com resultados experimentais e
comparam projectos de engenharia concorrentes usando medidas quantitativas.
A engenharia moderna é uma profissão multidisciplinar na qual equipes de
engenheiros trabalham juntos em projectos e so podem comunicar seus
resultados de modo significativo se todos usarem as mesmas unidades de
medida. A tabela 1, apresenta a tabela das principais grandezes electricas e os
seus símbolos.

Unidades, Definições e Notas

Tabela 1. O SI de unidades
Grandeza Nome Símbolo Símbolo da Grandeza
Corrente Ampere A I
Carga Coulomb C Q
Tensão Volt V U, E
Resistência Ohm Ώ R
Capacidade Farad F C
Indutância Henry H L
Energia Joule ou Watt/t J=W
Potência Watt W P
Frequência Hertz Hz F
Condutividade Siems S G

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Em muitos casos, estas e outras unidades são muito grandes ou muito pequenas,
para evitar tédio de escrever cifras com um grande número de zeros, e pratica
comum usar factores de multiplicação.
Unidades Prefixo Símbolo
fundamental
1012 Terra T
109 Giga G
103 Mega M
10-3 Mili m
10-6 micro μ
10-9 nano n
10-12 pico p

Conceitos Básicos de Eletricidade

A compreensão dos fenómenos eléctricos supõe um conhecimento básico da


estrutura da matéria.
Toda matéria, qualquer que seja o estado físico, é formada por partículas
denominadas moléculas. As moléculas são constituídas por combinações e
tipos diferentes de partículas extremamente pequenas, que são os átomos.
Quando determinada matéria é composta de átomos iguais é denominada de
elemento químico. É o caso, por exemplo do oxigênio, hidrogênio, ferro, etc.,
que são alguns dos elementos que existem na natureza. A molécula da água,
como sabemos, é uma combinação de dois átomos de hidrogênio e um de
oxigênio.

Os átomos são constituídos por partículas extraordinariamente pequenas, das


quais as mais directamente relacionadas com fenómenos eléctricos básicos são
as seguintes:
 protons, que possuem carga eléctrica positiva;
 electrons, possuem carga negativa;
 neutrons, que são electricamente neutros.

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A estrutura do átomo tem certa semelhança com a do sistema solar. O núcleo,
em sua analogia com o sol, é formado por prótons e nêutrons, e em torno deste
núcleo giram, com grande velocidade, electrons planetários. Tais electrons são
numericamente iguais aos protons, e este número influi nas características do
elemento químico.
Os electrons que giram segundo orbitas mais exteriores, são atraídos pelo
núcleo com uma forca de atracao menor do que a exercida sobre os electrons
das orbitas mais próximas do núcleo. Como os electrons mais exteriores podem
ser retirados de suas órbitas com certa facildade, são denominados electrons
livres.

O acúmulo de electrons em um corpo caracteriza a sua carga eléctrica. Apesar


de o número de electrons livres constituir uma pequena parte do número de
electrons presentes na matéria, eles são, todavia numerosos. O movimento
desses electrons livres se realiza com uma velocidade na ordem de 300.000
km/s e denomina de “corrente eléctrica”.
Em certas substâncias, a atracção que o núcleo exerce sobre os electrons é
pequena; estes electrons tem maior facilidade de se libertar e deslocar. E o que
ocorre nos metais como a prata, o cobre, alumínio etc., denominados, por isso,
conductores eléctricos. Quando ao contrario, os electrons externos se acham
submetidos a forças interiores de atracão que dificultam consideravelmente sua
libertação, as substâncias em que isso ocorre são denominadas isolantes
eléctricos. É o caso do vidro, cerâmica, plástico, etc., pode se dizer que um
conductor eléctrico é um material que oferece pequena resistência a passagem

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dos electrons, e um isolante eléctrico é o que oferece resistência elevada à
corrente eléctrica.

Alguns conceitos da Teoria dos Circuitos Elétricos

Definições
Carga Eléctrica – existe quando um corpo tem excesso ou falta de electrões. A
sua unidade é coulomb. [C]

Um Circuito Eléctrico é uma interligação entre fontes de energia e conversores


de energia (consumidores), através dos quais uma corrente eléctrica pode
circular.
A representação gráfica do circuito eléctrico é denominada esquema eléctrico
do circuito ou simplesmente esquema eleático.

Representação gráfica:

Nota: As linhas do esquema eléctrico do circuito não possuem nenhuma


resistência.

A fonte eléctrica representa-se por E e Ri

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Fontes de tensão e Fontes de corrente

Segundo Nilsson e Riedel:


Uma fonte elétrica é um dispositivo capaz de converter energia não elétrica em
energia elétrica e vice-versa.
Segundo Svodoba e Dorf (2011):
Uma fonte elétrica é um dispositivo gerador de corrente e tensão capaz de
fornecer energia ao circuito.

Fontes de Tensão Ideal


Fonte de tensão ideal: mantém uma tensão prescrita nos terminais
independentemente da corrente que flui nos mesmos.

Valor da tensão
Polaridade
fornecida

Fontes de Corrente Ideal


Fonte de corrente ideal: mantém uma corrente prescrita nos terminais
independentemente da tensão nos mesmos

J
Sentido da corrente
Valor da Corrente
fornecida

Fontes Independentes e Dependentes


Fonte independente: estabelece uma tensão ou corrente em um circuito sem
depender de tensões ou correntes existentes em outras partes do circuito.
Fonte dependente: estabelece uma tensão ou corrente cujo valor depende de
uma tensão ou corrente em outro ponto do circuito.
Fontes Dependentes (controladas)
Tanto a fonte de corrente quanto a de tensão dependentes podem ser
controladas por uma tensão ou corrente em outro ponto do circuito.
Fonte de Tensão controlada por tensão;

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Fonte de Tensão controlada por corrente;
Fonte de Corrente controlada por corrente;
Fonte de Corrente controlada por tensão.

Fontes Ideais Dependentes

Simbologia para fontes ideais dependentes:

(a) Fonte de Tensão controlada por tensão.


(b) Fonte de Tensão controlada por corrente.
(c) Fonte de Corrente controlada por tensão.
(d) Fonte de Corrente controlada por corrente.

FORÇA ELECTROMOTRIZ
Caracteriza a capacidade de uma fonte de provocar a corrente eléctrica num
circuito fechado.
f.e.m designa-se por meio de uma circunferência com uma seta a indicar o
sentido positivo da mesma f.e.m
O sentido positivo da f.e.m é o sentido do aumento do potencial no interior
desta fonte.

As figuras a) e b) b) C) significam força


eletromotriz f.e.m. gerais e a fig. C) apresenta uma
bateria, um gerador electroquímico.

Nota:

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Na electrotecnia é prevista a utilização de letras maiúsculas para grandezas
invariáveis com o tempo e letras minúsculas variáveis com o tempo;

Na electrotecnia é prevista a representação dos consumidores, isto é,


conversores de energia eléctrica em outros tipos de energia, por meio de
uma resistência

CORRENTE ELÉCTRICA

É o movimento ordenado das partículas carregadas num determinado sentido e


espaço. Para a característica quantitativa da corrente eléctrica utiliza-se a noção
de intensidade da corrente, designada através de letras I ou i. A intensidade da
corrente está definida como a quantidade de carga eléctrica que passa através da
secção transversal do condutor durante uma unidade de tempo.

I = dq/dt, I = Q/t, I A, 1ª = 1C/1S

Onde: I é corrente eléctrica;

Q é a quantidade de carga;
t é o tempo;

Na electrotecnia considera-se que a corrente passa do pólo positivo de uma


pilha por exemplo até ao pólo negativo através de um circuito fechado.

Nota: Na realidade o fluxo dos portadores de carga eléctrica (electrões nos


metais) flúem ao contrário, do pólo negativo até ao positivo, isto é, o sentido
positivo de uma corrente é de um pólo com potencial alto ao outro com
potencial baixo ou menor.

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POTENCIAL E TENSÃO

Quando entre dois pontos de um condutor, existe uma diferenca de


concentrações de eléctrons, isto é de carga eléctrica, diz se que existe um
potencial eléctrico, ou uma tensão eléctrica entre estes dois pontos.
Consideremos uma pilha comum. A acao química obriga as cargas positivas a
se reunirem no terminal positivo e os eléctrons ou cargas negativas a se
reunirem no terminal negativo. Desta forma cria-se uma pequena diferença de
potencial energético (d.d.p.) entre estes terminais, que estabelecerá um
deslocamento dos eléctrons entre o terminal negativo e positivo. Esse
deslocamento deve-se à acção de uma força chamada força electromotriz
(f.e.m).

O potencial em qualquer ponto de um campo eléctrico é definido como o


trabalho realizado pelas forças do campo para transportarem uma carga positiva
unitária de um dado ponto para o outro onde o potencial é zero.

Uma carga eléctrica desloca-se quando existe um campo eléctrico


Uma carga eléctrica positiva desloca-se do potencial alto para o baixo num
campo eléctrico.
Considerando um condutor pelo qual passa a corrente podemos determinar a
tensão entre terminais deste condutor como o trabalho necessário para mover
uma carga de um terminal para o outro.

O potencial em 1 é maior do que em 2, como indica o sentido da corrente.

U12=W/Q, U V(Volt), U é tensão (ddp) 1V=1J/1C


φ é potencial
Onde: J é joule

C é coulomb

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A RESISTÊNCIA ELÉCTRICA
Resistência eléctrica é a capacidade dos materiais de impedir (dificultar) o
fluxo de corrente, ou mais especificamente, o fluxo de cargas elétricas.

Existe uma força de atracão entre os eléctrons e os respectivos núcleos


atómicos e que resiste à liberação dos eléctrons para o estabelecimento de
corrente eléctrica. A essa oposição damos o nome de resistência eléctrica, que
possui como unidade ohm.
1𝑉
1𝛺 =
1𝐴
O elemento de circuitos elétricos utilizado para modelar esse comportamento é
o resistor, e a resistência é a sua característica eléctrica.
Os resistores são componentes que têm por finalidade oferecer uma oposição à
passagem de corrente eléctrica, através de seu material.
EX: lâmpada, chuveiro eléctrico, ferro de passar roupa, alguns tipos de
aquecedor eléctrico, etc.

Há dois símbolos gráficos para a resistência:


a) Americano e inglês (um rectângulo)
R

b) Europeu e japonês uma linha quebrada (ou “zig-zag”):

Os resistores usados nos circuitos electrónicos são de vários tipos e tamanhos.


• Seus dois parâmetros eléctricos importantes são a resistência e a potência.

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• Resistores que irão dissipar muita potência eléctrica são de maior tamanho, e
vice-versa.
A unidade usada para medir a resistência é o ohm, cujo símbolo é Ω.

Um resistor ideal é um componente com uma resistência eléctrica que


permanece constante independentemente da tensão ou corrente eléctrica que
circular pelo dispositivo.
Os resistores podem ser fixos ou variáveis. Neste caso são chamados de
potenciómetros ou reóstatos. O valor nominal é alterado ao girar um eixo ou
deslizar uma alavanca.

Resistência Elétrica (Lei de Ohm)

Georg Simon Ohm (1789-1954)


Físico e matemático alemão

Georg Ohm definiu a constante R como:


Av L
i R
L A
Sendo:
 - é a resistividade do material conductor (𝛺 × 𝑚).
L – comprimento do condutor (𝑚)
A – área da secção transversal.

Portanto, a Lei de Ohm que relaciona corrente e tensão em um resistor é dada


por:

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v  iR (Lei de Ohm
Onde:
v = tensão em volts (V)
i = corrente em ampéres (A)
R = resistência em ohms (Ω)

A lei de Ohm é aplicável, sob esta forma simples, para:


a) Circuitos de corrente contínua contendo apenas uma f.e.m.;
b) Condutores ou resistências de corrente contínua;
c) Qualquer circuito contendo apenas resistências

O inverso da resistência electrica é a condutância (G), medida em siemens (S).


Sendo assim esta lei pode ser pode ser alternativamente escrita em termos da
condutância, nesta forma a lei de Ohm fica:
𝐼 =𝐺∙𝑉

siemens S 
1
G
R

Resistor ideal
O modelo de resistor normalmente utilizado na análise de circuitos é uma
representação matemática simplificada dos dispositivos físicos.
A resistência do resistor ideal é constante e seu valor não varia ao longo do
tempo.
Um resistor operando na região linear pode ser modelado pela Lei de Ohm.

Resistência em um conductor

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A resistência eléctrica dos condutores depende dos seguintes parâmetros: comprimento
do fio (l), área de sua seção transversal (A), temperatura e material de que é feito
(fiura). Ohm estudou a inflência deles na resistência com experimentos em que variava
um parâmetro de cada vez, mantendo os demais constantes

Influência do material: resistividade


O cientista alemão analisou vários materiais, medindo a resistência de um condutor de
1 m de comprimento, 1 mm2 de seção transversal e temperatura ambiente fia em torno
de 20 °C.
O valor da resistência de um condutor nessas condições, medida para diversos
materiais (tabela), é uma constante denominada resistividade eléctrica (símbolo: ρ;
leia-se “rô”). A resistividade é uma propriedade de cada material.

Cálculo da resistência
L
R
A
Onde:
𝑚𝑚2
 - é a resistividade do conductor (𝛺 × 𝑚 = 106 𝛺 𝑚
).

L – comprimento do condutor (𝑚)


A – área da secção transversal.
A unidade da resistividade é Ωm

Conclusão:
Uma substância será tanto melhor condutora de electricidade quanto menor for
o valor da sua resistividade.

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Tabela 2: Valores aproximados da resistividade param diversos materiais

Influência da temperatura sobre a resistência eléctrica


A resistência eléctrica da maioria dos materiais varia com a temperatura.
E neste caso a resistência pode ser calculado usando a seguinte equação:
𝑅1 = 𝑅𝑟𝑒𝑓 [1 + 𝛼(𝑇1 − 𝑇𝑟𝑒𝑓 )]
Onde:  é o coeficiente de temperatura da resistência.
1
 0
C
Rref - Resistência de referência.

Tref - Temperatura de referência

Todo material condutor que obedeça a lei de Ohm é chamado “ohmico” ou


“linear” porque a diferença de potencial através desta varia linearmente com a
corrente.

POTÊNCIA ELECTRICA
A potência é definida como o trabalho efectuado na unidade de tempo. Assim
como a potência hidráulica é dada pelo produto do desnível energético pela

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vazão, a potência eléctrica, para um circuito puramente resistivo, é obtida pelo
produto da tensão U pela intensidade da corrente I.
𝑃 =𝑈×𝐼
A unidade de potência é o watt (W), sendo 1 kW = 1000W
Pela lei de Ohm podemos escrever:
𝑃 = 𝑅 × 𝐼2

ENERGIA e TRABALHO
A energia consumida, ou trabalho eléctrico T efectuado, é dada pelo produto da
potência 𝑃 pelo tempo 𝑡, durante o qual o fenómeno eléctrico ocorre.
𝑇 = 𝑃 × 𝑡 = 𝑤𝑎𝑡𝑡 × ℎ𝑜𝑟𝑎 (𝑊ℎ)
𝑈×𝐼×𝑡
𝑇= = 𝑞𝑢𝑖𝑙𝑜𝑤𝑎𝑡𝑡 × ℎ𝑜𝑟𝑎 (𝑘𝑊ℎ)
1000
O consumo de energia é medido em kWh pelos aparelhos das empresas
concessionárias e a tarifa é cobrada em termos de consumo, expresso na mesma
unidade.

QUEDA DE TENSÃO

i
a b
U ab   a   b  a   b  I .R
Uab  b   a  I .R
U ab  R.I

O produto 𝐼. 𝑅 chama-se queda de tensão.


Quando uma corrente passa por uma resistência, diminui-se o potencia num
valor igual a tensão nos terminais da resistência.
Queda de tensão é a tensão entre terminais duma resistência ou ramo não em
varios ramos onde existem vários elementos do circuito.
*Quando um contorno é aberto, não circula a corrente nesse contorno.
O sentido positivo da queda de tensão coincide com o sentido da corrente que
passa pela resistência onde aconteceu a queda de tensão.

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Tensão num ramo

a b

 a  b  E U ab  E
 b   a  E  I .R , I 
R R

Quando E tem sentido contrário ao sentido da corrente.

a b

a  b  E U ab  E
 b   a  E  I .R , I  
R R

AS LEIS DE KIRCHHOFF
Todos os circuitos obedecem às duas leis de Kirchhoff.

Primeira lei de Kirchhoff (lei de correntes ou lei de nós)


Esta lei é experimental por isso só formulamos:
Princípio de utilização
As correntes que entram na derivação são positivas e as que saem são
negativas.

Formulação a)
 A soma algébrica das correntes que flúem para a derivação de um
circuito é igual a zero;
I1  I 2  I 3  I 4  I 5  0

Formulação b)
 A corrente total que entra em qualquer derivação de um circuito é igual
à corrente total que deixa esta derivação.
I1  I 4  I 2  I 3  I 5

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A 1ª lei de kirchhoff diz que não pode haver acumulação de carga eléctrica em
qualquer derivação dum circuito.

I4
I2
I1
I5
I3

Segunda lei de Kirchhoff


Formulação a)
 A soma algébrica das quedas de tensão à volta de um circuito fechado
(malha) é igual à soma algébrica das f.e.m’s à volta do mesmo circuito.
Formulação b)
 A soma algébrica das tensões (não quedas de tensão) à volta de qualquer
circuito fechado é igual a zero.

Nota: Para utilizar a segunda formulação é necessário transformar as f.e.m’s em


tensões.

E V

Para utilizar a 2ª lei de kirchhoff é necessário escolher um circuito fechado ou


uma malha, depois indicar os sentidos das correntes através de cada ramo e
depois escolher sentido de passagem pela malha escolhida.

ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES

Em muitos casos práticos, tem-se a necessidade de uma resistência maior do


que a fornecida por um único resistor. Em outros casos, um resistor não suporta

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a intensidade da corrente que deve atravessá-lo. Nessas situações, utilizam-se
vários resistores associados entre si.

Os resistores podem ser associados em série, em paralelo ou numa combinação


de ambas, a associação mista.

Resistor equivalente – É o resistor que produz o mesmo efeito que a associação,


ou seja, submetido à mesma ddp da associação, deixa passar corrente de mesma
intensidade.

ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE
Um circuito eléctrico com resistores, um seguido do outro, de modo a oferecer
um único caminho para a passagem da corrente.

𝑅𝑒𝑞 é o resistor equivalente da associação.

Características da associação em série:

a) A intensidade da corrente i é a mesma em todos os resistores, pois eles estão


ligados um após o outro.

b) A tensão U na associação é igual à soma das tensões em cada resistor:


𝑈 = 𝑈1 + 𝑈2 + 𝑈3

Aplicando-se a 1.ª lei de Ohm a cada um dos resistores, podemos calcular a


resistência do resistor equivalente da associação, da seguinte forma:
U = U1 + U2 + U3 ,
Req . I = R1 . I + R2 . I + R3 . I
Req. I = I ( R1 + R2 + R3 )
R = R1 + R2 + R3

Quanto maior o Rt, menor sera a corrente.


exemplo duma associação em serie.

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Para iluminar uma árvore de natal, por exemplo, usam-se lâmpadas de baixa
tensão associadas em série.

DIVISOR DE TENSÃO
Algumas vezes um conjunto de resistências ligadas em serie é chamado de
divisor de tensão, uma vez que podemos obter uma tensão nos terminais de
cada resistência, a qual é uma fracção de tensão total aplicada.
Na pratica o divisor de tensão é usado para diminuir a tensão, para ampliar os
limites de medição dos aparelhos de medição.

U
R1 U1  I .R1 , mas I  ; então :
E
U1 R1  R2
U R1 R2
U1  U e U2  U
R2
R1  R2 R1  R2
U2

ASSOCIAÇÃO EM PARALELO

Definição: Circuito com resistências em paralelo é um agrupamento das


mesmas quando a mesma tensão é aplicada aos terminais de cada resistência.

I1 I3
I2

U U2
R1 U1 R2 R3 U2

Particularidades:

 Há mais de um caminho para a corrente eléctrica;


 A corrente eléctrica se divide entre os componentes do circuito;

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 A corrente total que circula na associação é a somatória da corrente de
n
cada resistor; I i 1
i I

 O funcionamento de cada resistor é independente dos demais;


 A diferença de potencial (tensão eléctrica) é a mesma em todos os
resistores;

U1  U 2  U 3  U

 O resistor de menor resistência será aquele que dissipa maior potência.


U U U
I I  I1  I 2  I 3   
R1 R2 R3
U
I
Req
U
Req

U U U U
  
R1 R2 R3 Req
 1 1 1  U
U     
 R1 R2 R3  Req

DIVISOR DE CORRENTE

Quando duas ou mais resistencias sao ligadas em paralelo, como mostra a


figura, a corrente total é dividida entre as resistencias individuais. Sendo a
corrente em cada ramo uma fracção da corrente total.

I
I

I1 I2

U
Req

R1 U1 R2 U2

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1 1 1 R .R
  , Req  1 2
Req R1 R2 R1  R2
U  I1.R1  I 2. R2 ;U  I .Req
I1.R1  I .Req
R2 R1
I1  I , I2  I
R1  R2 R1  R2

ASSOCIAÇÃO MISTA

É aquela na qual encontramos, ao mesmo tempo, resistores associados em série


e em paralelo.
A determinação do resistor equivalente final é feita a partir da substituição de
cada uma das associações, em série ou em paralelo, que compõem o circuito
pela respectiva resistência equivalente.

Alguns conceitos da teoria dos circuitos eléctricos


Um ramo é uma parte do circuito eléctrico cujos elementos estão ligados em
série.
Um nó é um ponto de ligação dos ramos.
Contorno é qualquer caminho ao longo dos ramos dum circuito iniciando e
terminando no mesmo ponto.

It I5
R5

I3 I4

R1

U3
R3 U4 R4 R6

R2

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Exemplo o circuito acima temos:
r é o número de ramos;
N é o número de nós.
Neste caso:
N=2
r=4

Métodos de Calculo de Circuitos Complexos


1. Métodos de cálculo utilizando as leis de Kirchhoff
1a Lei de Kirchhoff
2a Lei de Kirchhoff
r – Número de ramos
𝑟𝑐 – Ramos com fonte de corrente
(𝑟 − 𝑟𝑐 ) – Número de incógnitas
𝑁- Número de nós
Algoritmo de Cálculo
1) Determinar o número de nós do circuito (N), o número total de ramos
(r) e número total de ramos (𝑟𝑐 ).
2) Marcar arbitrariamente os sentidos de corrente em todos ramos;
3) Constituir as equações pela 1a Lei de Kirchhoff, sendo o número das
equações igual a (N-1).

Nota: Se considerarmos todos os nós, as incógnitas repetem-se.


4) Determinar o número das equações pela 2a Lei de Kirchhoff, sendo o
número de equações igual à (𝑟 − 𝑟𝑐 ) − (𝑁 − 1)
5) Escolher as malhas necessárias e marcar nela os sentidos dos percursos
pelas malhas.

Nota:
a) Cada malha do sistema das malhas independentes deve conter no mínimo
um ramo qual nenhuma outra contem;
b) Qualquer malha escolhida não deve conter nenhuma fonte de corrente.
Constituir as equações necessárias pela 2a Lei de Kirchhoff

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6) Resolver o sistema de equações obtido
7) Se a corrente num ramo é negativa significa que na realidade o sentido
da corrente é oposto.
8) Fazer a prova das resoluções usando a equação de equilíbrio das
potências fornecidas e consumidas.

Trocas de Energia nos Circuitos Eléctricos (equilíbrio de potências)


Com base na Lei de conservação da energia, a energia que se dissipa nas
resistências de um circuito deve entrar no mesmo circuito através de fontes de
energia eléctrica.

Equação de Equilíbrio das potências dum circuito contendo F.E.M

Soma aritmética ∑𝑛𝑖=1 𝐼𝑖2 ∙ 𝑅𝑖 = ∑𝑚


𝑘=1 𝐸𝑘 ∙ 𝐼𝑘 Soma algébrica

Equação de Equilíbrio das potências dum circuito contendo F.E.M e Fonte


de Corrente
Soma aritmética ∑𝑛𝑖=1 𝐼𝑖2 ∙ 𝑅𝑖 = ∑𝑚 𝑙
𝑘=1 𝐸𝑘 ∙ 𝐼𝑘 + ∑𝑗=1 𝑈𝑎𝑏,𝑗 ∙ 𝐽𝑗 Soma algébrica

Método de SOBREPOSIÇÃO

A corrente em qualquer ramo de uma rede é a soma algébrica das correntes


devido à cada uma das fontes consideradas separadamente, removidas todas
outras fontes, mas deixando no circuito as resistências internas respectivas.
O teorema de Sobreposição é valido para todos circuitos lineares.
Nota: O método de sobreposição não pode ser utilizado para determinar
potências desenvolvidas nas resistências como soma das potências devido as
correntes parciais.

Método de Analise Nodal


Algoritmo de Cálculo
1. O potencial de um nó deve se igualar a zero.
2. Determinar o número das equações 𝑁𝑒𝑞 = (𝑁 − 1)
Nota: Quando alguns ramos contem a fonte de tensão ideal, o número das
equações necessárias determina-se pela fórmula: 𝑁𝑒𝑞 = (𝑁 − 1 − 𝑟)
Onde: 𝑟 – fontes de tensão ideal

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3. Constituir as equações de acordo com o método de análise nodal
Para cada nó de potencial incógnito, escreve-se uma equação que consiste:
Na parte esquerda – os produtos entre o potencial do nó em questão e a
condutância própria deste nó com sinal + e a soma dos produtos entre
potências dos nós vizinhos e condutâncias mútuas vizinhas (respectivas)
com sinal ( - ) menos.
Na parte direita – Soma algébrica dos produtos: 𝐸𝑘 ∙ 𝑔𝑘 ligadas com o
nó em questão e soma algébrica das correntes de fontes de corrente
ligadas com o mesmo nó.
4. Resolver o sistema das equações obtidos, i.e., determinar as potências
do nó do esquema.
5. Marcar arbitrariamente os sentidos das correntes em todos os ramos e
depois calcular.
6. Fazer a prova usando a equação de equilíbrio de potências

Método das malhas independentes

Algoritmo
Este método baseia-se na imaginação de que em cada malha do circuito flui a
sua própria corrente, neste caso constituem-se as equações relativamente a estas
correntes de malha (de acordo com a segunda lei de Kirchhoff).
Sabendo correntes de malha calculam-se as correntes nos ramos concretos
como a soma algébrica das correntes de malha que fluem no mesmo ramo.
Nota: Não é preciso constituir as equações pela primeira lei de Kirchhoff.
1. Determinar o número de equações necessárias isto é:
N eq  ( r  rc )  ( N  1)

2. Escolher as malhas e marcar os sentidos das correntes de malha.

Nota:
a. Qualquer malha escolhida não deve conter as fontes de corrente.
b. Para levar em conta as influências das fontes de corrente sobre a
distribuição dos potenciais

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e correntes num circuito eléctrico e preciso marcar também as
correntes de malha conhecidas , tantas quantas fontes de corrente
tem se no circuito a calcular.
Para isso devemos sempre tentar obter um ramo contendo uma fonte
de corrente como um ramo independente para que a corrente de
malha coincida com o sentido da fonte de corrente.
c. Uma malha com a corrente de malha conhecida deve conter só uma
fonte de corrente.
 Não escolher malha com nº de fonte de corrente maior que 1.

3. Constituir as equações pela 2aLei de Kirchhoff em relação a correntes


de malha incógnitas.
4. Resolver os sistema de equações obtido isto é determinar correntes de
malha incógnitas.
Nota: Se a corrente de malha é negativa significa que na realidade o
sentido desta corrente é o contrário.

5. Determinar as correntes nos ramos. Num ramo independente a corrente


no ramo é igual a corrente de malha respectiva. Num ramo comum a
corrente de ramo cria se pelas correntes de malhas parciais “Vizinhas”
i.é corrente num ramo determina-se como soma algébrica das correntes
de malha que passa através deste ramo.
6. Fazer a prova usando as equações de equilíbrio das potências.

Método de THÉVENIN (Método de um gerador equivalente)


O Teorema de Thévenin é um dos mais importantes conceitos de análise de
circuitos, por permitir uma grande simplificação, em circuitos mais
complicados: o circuito resultante simplificado pode ser analisado e entendido
com maior facilidade.
Teoria dos Bipolos
Redes de dois Terminais “Activas e Passivas”
Na teoria de circuitos eléctricos utilizam-se amplamente uma noção: Rede de
dois terminais ou Bipolos.

Doglasse Ernesto Mendonça, Engº


Em qualquer rede é sempre possível tirar um ramo e simbolizar o restante da
rede por uma caixa, como na fig.

Neste caso essa caixa constitui uma rede de dois terminais ou bipolo. Portanto,
uma rede de dois terminais é aquela que tem dois terminais acessíveis para
ligação de um ramo.
Uma rede de dois terminais contendo uma fonte de corrente ou tensão ou ambas
chama-se activa e é assinalada com a letra A, senão contiver nenhuma dessas
fontes chama-se Passiva e é assinalado com a letra P.
Agora sobre o método do gerador equivalente, algumas vezes chamado de
Teorema de Thévenin.
Vamos deduzir este teorema: em muitos casos nos problemas é necessário
determinar uma única corrente de ramo ou tensão de ramo no circuito.

Neste caso em relação a um ramo removido, a rede de 2 terminais que ficou


pode ser equiparado a um gerador cuja força electromotriz é igual a tensão que
aparece entre dois terminais quando o ramo é removido este aberto e cuja
resistência interna é igual a resistência medida entre dois terminais depois de
substituídos os fontes eléctricas pelas suas resistências internas.

U ab  E1
I ' .R  U ab   E1 I' 
R
I '  0 quando E1  U ab

I  I  I ''  0  I ''  I ''


E2
I  I ''  , como E1  E2  U ab,mv
R eq  R

U ab,mv
I  I '' 
R eq  R

Algoritmo de cálculo usando o método de Thévenin

Doglasse Ernesto Mendonça, Engº


1. Determinar a tensão U ab,mv que aparece entre os terminais a e b quando

o respectivo ramo é removido.


2. Determinar a resistência equivalente quando vista desses dois terminais.
Neste caso as fontes de tensão é necessário fazer curto circuitada mas
deixando no esquema as suas resistências internas. As fontes de
correntes devem ser desligadas as suas Ri tendem para infinito. Ri  
3. Calcular a corrente do ramo cuja resistência foi removida pela equação:
U ab ,mv
I
R eq  R

Bom trabalho

“Conhecimento não é aquilo que você sabe, mas o que você faz com aquilo que
você sabe”

Aldous Huxley

Referências Bibliográficas:

Nilsson, J.W. e Riedel, S.A., Circuitos Elétricos, 8ª Edição, Pearson Prentice


Hall, São Paulo, 2009.

Doglasse Ernesto Mendonça, Engº


Svodoba, J.A. and Dorf, R.C., Introduction to Electric Circuits, 9th edition,
Wiley, 2011.

ANÁLISE DE CIRCUITOS DE ENGENHARIA William H. Hayt, Jr. e Jack E.


Kemmerly McGraw-Hill

Doglasse Ernesto Mendonça, Engº

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