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TEOREMA DE TOPONOGOV

Fontes:
Comparison Theorems in Riemannian Geometry J.-H. Eschenburg,
Aulas de Geometría Riemanniana, IMPA. (you tube)

Enunciado:
Seja M uma variedade riemanniana completa de curvatura K ≥ k ≥0 , e ~
M
com curvatura constante k .
Como se considerarão triangulos geodésicos que podem ser descritos a
partir de dois parámetros (por uma familia de geodésicas) de fato
estaremos trabalhando em dimensão 2, ainda que as variedades poderiam
ter dimensões maiores. De todas formas, a curvatura secional em
qualquer ponto e segundo quaisquer par de vetores em M sera maior ou
igual à do espaço de curvatura constante.
Sejam p , p 1 , p2 ∈ M , as geodésicas minimizantes γ 1 , γ 2 que ligam p
respectivamente com p1 , p2, e γ 0 uma geodésica ligando p1 com p2; e seus
correspondentes na variedade de curvatura constante, de modo que os
comprimetos de cada geodésica no espaço de curvatura constante sejam
iguais aos de sua correspondente na variedade M . Todas as geodésicas
são parametrizadas por comprimento de arco.
Definimos ρ ( q )=‖exp p−1 (q)‖ como a distância entre p e outro ponto medida
sobre a geodésica minimizante partindo de p que liga ambos. A norma do
vector ao que se aplicamos a exponencial desde p obtemos q .
Define – se ~ρ análogamente a ρ .
Nos cálculos envolvidos na prova, serão usadas fórmulas que valem entre
pontos conjugados de uma geodésica, e não teremos pontos conjugados
nos lados de ambos triangulos geodésicos (geodésicas minimizantes).
Eventualmente poderiamos ter no terceiro lado do triángulo em M .
Então agregaremos algumas restrições nas hipóteses.
π
Caso k > 0, todos os comprimentos serão menores que , o que nos
√k
asegura que não existirão pontos conjugados dentro das geodésicas no
espaço de curvatura constante. Isto resulta de aplicar o teorema de Rauch
ao comparar campos de Jacobi ao longo de uma geodésica com campos
de Jacobi com iguais condições iniciais na esfera de curvatura k , onde os
pontos conjugados estão a esa distancia. Se k 1> k 2 ⇒∨J 1∨≤∨J 2∨¿, e
aplicamos a desigualdade em ambos sentidos para curvaturas iguais.
Caso k =0, não tem pontos conjugados porque trata se de um espaço
euclidiano e as geodésicas são retas e são todas minimizantes.
Na variedade M , o fato de se tratar por hipotese os dois lados radiais que
partem de p de geodésicas minimizantes exclui a posibilidade de pontos
conjugados neles.
Seja γ a geodésica minimizante que liga p com γ 0 (t) , e sua correspondente
no espaço de curvatura constante. Sobre estas geodésicas mediremos as
distancias que são o objeto do teorema.
Sob tais hipóteses, vale que ρ(γ 0 ( t ))≥ ~ρ(~
γ 0 (t))

Como exemplo, seja M =S2 e um triangulo dado por dois meridianos e o


equador: Todas as geodesicas que unem o polo com o equador (incluindo
π
as que são lados do triangulo) medem o mesmo ( 2 ). Para um triangulo
plano cujos lados tem as mesmas medidas, os segmentos interiores serão
π
menores. Observar, ademais, que se o segmento no equador mede 3 , um
π
triángulo plano com esse ángulo ao vértice e lados 2 terá o lado oposto
π π
medindo também 2 > 3 . Isto é, para um mesmo ángulo e mesmo
comprimento das geodésicas, o terceiro lado será maior no espaço de
curvatura constante.
Prova:
Argumento: Pelo absurdo; constroi – se uma função real, que sob as
condições da hipótese e supondo que a tese é falsa, presenta um mínimo
relativo no qual a derivada segunda resultaría negativa.
A desigualdade é equivalente à obtida compondo em ambos membros
com uma mesma função monótona.
Definimos σ ≔ f o ρ onde a função f será construida convenientemente a
efetos do cálculo dos Hessianos usados mais na frente na prova.
Definimos a função δ=σ o γ 0−~ σ o ~γ 0 :[0 , L]→ R onde L é o comprimento da
geodésica γ 0 (igual a seu correspondente no espaço de curvatura
constante).
Por construção δ ( 0 )=δ ( L )=0 Lembrar que ambas são geodésicas
minimizantes pelo que coincidem no caso com os raios exponenciais. Se
provará que δ ≥ 0 em (0 , L)
Supondo pelo absurdo que é negativa em algum ponto do intervalo.
Observar que em tal caso, por anularse nos extremos apresenta ao menos
um mínimo relativo e absoluto para o intervalo.
Definimos em [−τ , L+ τ ] a função a 0 solução da equação
a 0 ´ ´ + k^ a0 =0 , a0 (−τ )=0

Onde k^ > k >0 , τ > 0, tais que se verifique a compatibilidade dos intervalos
para a comparação. Lembrando ademais que a restrição para o
comprimento dos intervalos no espaço de curvatura constante se cumple
π π
automáticamente. Teremos L< ^ −τ < k
√k √
Esta equação deixa livre um parámetro na solução, que permite pôr a
restrição de que seja menor que o mínimo de δ=σ −~σ (no ponto em que
este mínimo se verifica).
Pode verificar – se que a solução é do tipo −sen( √k^ ( t +τ ) ) , que fica negativa
no intervalo aberto considerado.
Como a 0 ( 0 )< 0 , a0 ( L )< 0 e supondo que δ <0 em algum conjunto do intervalo,
existe λ> 0 tal que λ a0 ( t 0 ) =δ ( t 0 ) para algum t 0 ϵ(0 , L) e ademais δ (t )−a ( t ) >0
em uma vizinhanza furada de t 0 , onde
a ( t ) ≔ λ a0 (t)

Para analisar a diferença entre a σ e sua correspondente no espaço de


curvatura constante ~σ=f o ~ρ necessitamos ver seus comportamentos a
partir do cálculo do gradiente e do Hessiano .
Na restrição de que γ 0 ( t 0 ) não está no cut locus de p, as funções são
diferenciaveis (porque no cut locus a função ρ não é necessariamente
diferenciável).
Logo, ( δ−a ) ( t 0 ) =0 , ( δ−a ) ´ ( t 0 )=0 , ( δ−a ) ´ ´ ( t 0 ) > 0 , por se tratar de um mínimo
relativo. (I)
Para calcular as derivadas segundas necesitamos calcular os Hessianos.
∇ σ=(f ´ o ρ)∇ ρ

Hess ( σ )=( f ´ ´ ¿¿ o ρ)dρ ×dρ+(f ´ ¿ ¿ o ρ) Hess (ρ)¿ ¿

Decompomos o espaço tangente segundo o ∇ ρ e seu complemento


ortogonal, assim

[ ]
Hess ( σ )= (f ´ ´ ¿¿ o ρ)¿ 0 0¿ +(f ´ ¿ ¿ o ρ)
¿ [ 0A ] ¿
0
0

Pela forma em que foi definido, ρ é a distância ao ponto p medida ao


longo da curva γ . Logo seu gradiente coincide com o vetor γ ´ . È ortogonal
à esfera geodésica que é conjunto de nível de essa função distância.
Calculamos Hess( ρ) segundo a decomposição do espaço tangente em o
espaço dado pelo ∇ ρ e seu complemento ortogonal.
Segundo o gradiente, é o mesmo que a derivada covariante de uma
geodésica, isto é, nula.
A variação da distancia segundo o ortogonal do gradiente é um campo de
Jacobi.
Podemos ver a familia de geodésicas que ligam p , γ 0 (t) como γ (s , t) onde o
∂γ
campo de Jacobi J= ∂ s representa a variação da familia segundo o
parámetro.
Segundo o complemento ortogonal, fica a derivada de um campo de
Jacobi, isto é uma matriz A de dimensão n – 1 x n – 1 , que no espaço de

curvatura constante vale s Id (segunda forma fundamental das esferas

geodésicas), verificándose que A ≤ s Id , onde s é solução do sistema dado
por s ´ ´ +ks=0 , s ( 0 )=0 , s ´ ( 0 )=1 . A partir da equaçao de Ricatti associada,
obtemos a desigualdade entre ambas matrices.
Então definiremos f tal que f ' =s . Como s é positiva, f é monótona.
Lembrando a restrição do dominio estabelecida no espaço de curvatura
constante.
Como f ´ ´ o ρ=s ´ (lembrar que a geodésica é parametrizada por
comprimento de arco), e f ´ o ρ=s, resulta que

Hess ( σ )=
[ s0´ sA0 ] ≤ s ´ Id =Hess(~σ )
Obs., se k =0, então s=t , s ´ =1. E o Hessiano fica a identidade. Lembrando
que é expressado na base dada pelo vetor tangente à geodesica e seu
complemento ortogonal.
Mas s ´=f ´ ´=−kf +C (porque f ´ ´ ´ =s ´ ´=−ks=−kf ´ logo ao integrar fica
f ´ ´ =−kf + C ).

e f o ρ=σ fica Hess ( σ ) ≤(−kσ +C) Id e


Hess ( σ̆ )=(−k σ̆ + C ) Id
~
σ ´ ´ ( t 0 ) =⟨ Hess ( ~
σ ) γ ´ ( t 0) , γ ´ ( t 0 ) ⟩ =−k ~
σ +C , lembrar que γ é parametrizada por
comprimento de arco pelo que sua derivada tem norma 1. Análogamente
fica acotado pelo mesmo número o valor de σ em M . Então
( δ−a ) ´ ´ ( t 0 ) =δ ´ ´ ( t 0 )−a ´ ´ ( t 0 ) ≤−kδ ( t 0 ) + k^ a ( t 0 ) =−kδ ( t 0 ) + k^ δ ( t 0 )=( k^ −k )δ ( t 0 )

Onde por hipótese o primeiro fator é positivo e o segundo estamos


supondo por absurdo que é negativo. Mas em tal caso, a derivada segunda
é negativa, contradizendo que se trate de um mínimo e que em tal caso
devia ser positiva.
Caso que γ 0 (t) seja um cut point de p , considerar β uma geodésica
minimizante ligando p e γ 0 (t) .
Sejam ε > 0 , β (ε ) próximo de p , e ρ ε ( q ) ≔d ( p , β ( ε ) ) + d (β ( ε ) ,q )≥ ρ(q) , onde a
igualdade se verifica quando qϵβ .
Esta função suporte é diferenciável em γ 0 ( t 0 ), que não é cut point de β ( ε )
porque β ( ε ) não está no cut locus de γ 0 ( t 0 ) e isto porque a geodésica é
minimizante entre γ 0 ( t 0 ) e p.
Pela monotonía de f vale que f o ρε é função suporte de f o ρ e σ ε é função
suporte de σ . E ambas coincidem em t 0.
Assim, δ ε ≥ δ , δ ε −a ≥ δ−a e coincidem em t 0 , onde ambas têm um mínimo.
Os cálculos ficam ( δ−a ) ´ ´ ( t 0 ) ≤ ( k^ −k ) δ ( t 0 ) +θ ( ε ) <0 pelos argumentos do caso
anterior, e que a diferença é um infinitésimo que tende para zero com ε .
Com o que se obtem o mesmo absurdo que no caso anterior.

Corolario I.
Nas condições da hipótese, os ángulos opostos ao ponto p , são menores
ou iguais no espaço de curvatura constante.
A prova, pelo absurdo, considera o comprimento de geodésicas unindo p
com os diferentes pontos do lado oposto. Ao calcular estes comprimentos
supondo que a tese não se cumpre, se contradiz o resultado do teorema
de Toponogov.
Seja β t a geodésica minimizante que liga p com γ 0 (t) , α o ángulo em p0, e
seus correspondentes no espaço de curvatura constante.
Como β 0=γ 1 , supondo que γ 0 (t) não é cut locus de ρ , pode se expressar o
comprimento de β t por meio de um desenvolvimento de Taylor,
d 2
L ( β t )= ρ ( p 0 ) +t ¿ (L ( β t ))+ o(t )
dt t =0

O termo de primeiro grau, segundo a fórmula da primeira variação da


d
energia, vale dt ¿t =0 L ( β t )=−¿ γ 0 ´ ( 0 ) , β 0 ´ ( 0 ) >¿ O qual pode ser interpretado
visualmente como que quando menor o ángulo com que parte a
geodésica, menor sera a medida de geodésica radial desde o vértice até o
ponto de encontro.
E análogamente no espaço de curvatura constante.
Os termos independentes são iguais em M e ~
M , ficando
~
L ( β t )−L ( β t )=t ¿ .

Se assumimos que ~α > α então próximos ao vértice teriamos geodésicas


radiais mais compridas na variedade de curvatura constante k ≤ K , contra o
provado no teorema. Porque ângulo maior significa produto interno
menor então a expressão é negativa.
No caso de γ 0 (t) ser locus de ρ , o procedimento é similar ao feito na
demostração do teorema.
Observação: caso as tres geodésicas sejam minimizantes, os tres angulos
são maiores que seus correspondentes no espaço de curvatura constante.
É suficiente intercambiar o vértice que se toma como referencia.

Corolario II (Gromov) O número de geradores do grupo fundamental de


uma variedade completa com dimensão n de curvatura positiva é menor
ou igual que 3n.
Consideramos o recobrimento universal da variedade, e neste
recobrimento um triángulo dado por um ponto e por seus
correspondentes imagens por dois elementos do Deck. Os lados do
triangulo são geodésicas minimizantes em ~ M . E o triángulo plano
correspondente no plano tangente pelo ponto. Como o grupo age em
forma livre e propriamente discontinua, seus elementos possuim um
mínimo e podem ser ordenados em razão da distancia que cada um deles
define entre um ponto e sua imagem. Aplicando na composição que se
trata de isometrías, a distancia entre duas imagens do mesmo ponto é
maior que a distancia entre o ponto e cada uma de elas. Logo o ángulo
oposto ao lado dado pelas duas imagens (o vértice no ponto) é o ángulo
maior dos tres. Pelo teorema de Toponogov, deve ser maior que o ángulo
correspondente no triangulo plano de lados iguais, que é necessariamente
≥ π /3 (porque é o maior de tres ángulos que somam π ). (no caso, os tres
ángulos são maiores que no triangulo plano porque tomamos as tres
geodésicas minimizantes)
Isto significa que as imagens de um ponto no recobrimento universal pelos
π
diferentes geradores ficarão em angulos maiores de 3 umas de outras.
Daí, o numero de geradores não pode superar o numero de raios que na
esfera de dim n – 1 estejam separados dois a dois por esse ángulo.
Para fazer o cálculo procedemos assim:
Consideramos no espaço tangente os vetores unitarios correspondentes
ás derivadas na origem das geodésicas correspondentes a cada gerador do
deck.
π
Como o ángulo entre dois deles quaisquer é ≥ 3 a norma de sua diferença
é ≥ 1.
Em cada ponto da esfera correspondente a cada vetor pegar uma bola de
raio 1/2 Todas estas bolas são disjuntas e ficam contidas em uma bola de
raio 3/2. Como são disjuntas, a soma de seus volumes é menor que o
n n
( ))
( 1
(3)
volume da bola grande. Isto é N ×Vol B 2 <Vol( B 2 ), e escrevendo o
volume de uma bola em função do volume da esfera correspondente fica
n
3
( )
2 n
N< n
=3
1
( )
2

Segunda forma fundamental das esferas geodésicas.


Consideremos as geodésicas radiais γ ( s ) partindo de um ponto (em
particular, pode ser a origem de coordenadas) e parametrizadas por
comprimento de arco.
A distancia da origem ao ponto γ ( s )têm como gradiente γ ´ ( s ) e como
conjuntos de nível ortogonais ao gradiente as esferas de raio s. Estas
esferas são hipersuperficies de M , que têm o gradiente da distancia como
vetor normal. Chamemos de X =J (s) ao vetor tangente à esfera (e
ortogonal ao gradiente da distancia à origem) em γ ( s ).
J ( s )=d ex p0sw ( γ ´ ( 0 ) ) , wϵ T γ (s) S s é um campo de Jacobi ao longo da geodésica
que se anula na origem
Consideramos então uma familia de geodésicas radiais γ t (s), e derivando
∂ γ t (s )
segundo t , obtemos, emt=0 , ∇ ∂ t
∂s

Derivando primeiro para s e depois para t , a segunda forma fundamental


da esfera geodésica em J (s), e ao trocar a ordem de derivação de γ ( s ,t ) a
derivada do campo de Jacobi J (s).
Igualando ambas expressões, fica AJ=J ´ .
Como A é uma matriz que depende de s pode ser derivada obtendo
A ´ J + AJ ´=J ´ ´ , e como AJ=J ´ , A ´ J + A 2 J =J ´ ´
E como J é um campo de Jacobi ao longo de uma geodésica, cumple – se
que J ´ ´ + R ( γ ´ , J ) γ ´ =J ´ ´ + R γ ´ J =0 , daí A ´ J + A2 J + Rγ ´ J =0, então o resultado
independe do campo J . A equação de ricatti cuja solução no espaço de

curvatura constante é s Id onde s é a solução da equação de Jacobi.

A partir desta equação conseguimos comparar o operador em espaços de


curvaturas diferentes.

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