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AD1 Eletromagnetismo e Óptica - 2018.

1
Data de entrega: 20/03/2018
enviar para - moriconi@gmail.com
UFF-UFRJ

1. Considere uma esfera sólida, feita de um material condutor perfeito. Inicialmente esta esfera
está descarregada. Faz-se uma cavidade de forma arbitrária em seu interior. Dentro desta
cavidade há uma carga pontual q.

(a) Qual é o valor total da carga induzida na superfı́cie da cavidade? Qual é a distribuição
de carga na superfı́cie da esfera? O campo elétrico no exterior da esfera depende da
forma da cavidade?
(b) Uma carga total Q é adicionada à essa esfera. Resolva o primeiro item nesse caso.
(c) Após adicionarmos a carga total Q, aterramos o sistema. Descreva o que acontece.

2. Considere uma esfera sólida, de raio R, e densidade de carga elétrica dada por ρ(r) = ρ0 r/R.
Usando as simetrias deste problema e a lei de Gauss, calcule o campo elétrico em todo o
espaço. Verifique as equações de Maxwell neste caso [Note que você deve ser cuidadoso com
a região dentro e fora da esfera.]

3. No interior de uma esfera de raio R, centrada na origem, temos um campo eletrostático dado
~ 1 = E0 (Ayx̂ + 3xŷ + 2z ẑ). [Não se preocupe com as unidades fı́sicas.]
por : E

(a) Usando a equação de Maxwell apropriada, encontre A.


(b) Sabendo que a carga total no interior da esfera é dada por Q0 , encontre E0 .

4. Considere duas cascas cilı́ndricas infinitas com o mesmo eixo, que está ao longo do eixo z. A
casca interna possui raio a e a externa raio b. A casca interna transporta uma corrente total
I1 ao longo do eixo z, no sentido positivo, ditribuı́da uniformemente pela sua superfı́cie. e a
casca externa transporta uma corrente I2 ao longo do eixo z, no sentido negativo, ditribuı́da
uniformemente pela sua superfı́cie.

(a) Usando as simetrias deste problema e a lei de Ampère em sua forma integral, calcule o
campo magnético em todo o espaço.
(b) Verifique as equações de Maxwell para o campo que você encontrou no item anterior,
isto é, calcule a divergência e rotacional do campo magnético nas três regiões, dentro
da casca interna, entre as duas cascas e fora das duas cascas. Além disso verifique as
condições de contorno nas superfı́cies das cascas.
AD1 Eletromagnetismo e Óptica
CEDERJ 2017.1 - UFF - UFRJ
Data de Entrega: 25/03/2016 (entrega por email, para moriconi@gmail.com).

1. Quatro cargas indênticas se encontram presas aos vértices de um tetraedro regular de lado a.
(a) Calcule a energia eletrostática total armazenada nesse sistema. Considere o potencial
elétrico como sendo zero no infinito.
(b) Uma das cargas é liberada. Calcule a velocidade dela quando se encontrar muito distante
das outras 3 cargas.
2. Três cargas, q/2, q/2 e −q, se encontram presas aos vértices de um triângulo equilátero de
lado a.
(a) Calcule o momento de dipolo elétrico deste sistema. Esse resultado depende da origem
do sistema de coordenadas utilizado?
(b) Calcule o campo elétrico aproximado a uma distância muito grande do sistema.

3. Uma esfera de raio R possui uma polarização uniforme P~ = P ẑ.


(a) Calcule a densidade de carga elétrica superficial e volumétrica dessa esfera.
(b) Calcule o pontencial elétrico fora da esfera e mostre que é equivalente ao potencial de
um dipolo elétrico centrado na origem.
4. Duas esferas condutoras de raios a e b, estão muito afastadas uma da outra. A carga total
em cada uma delas é qa e qb , respectivamente. Elas são conectadas por um fio condutor, de
tal forma que a carga irá se redistribuir entre elas. Encontre a carga total em cada uma delas
nessa situação.
5. A densidade de carga de uma esfera de raio R é dada por ρ(r) = ρ0 (r/R)2 , em coordenadas
esféricas, para 0 < r < R.
(a) Calcule o campo elétrico nesta região.
(b) Caclule a carga total contida em uma esfera de raio R, de de duas maneiras diferentes.
[dica: fluxo e integral volumétrica.]
6. Considere uma casca esférica de raio a. Os polos norte e sul desta esfera, dois pontos antı́podos,
estão conectados por um fio condutor interno à casca, de comprimento 2a, ou seja, um seg-
mento de reta que une os dois polos. Suponha que uma corrente I é conduzida por esse fio,
de um polo ao outro, e que uma corrente superficial K ~ conduz a corrente pela superfı́cie da
esfera. Essa corrente é tal que ela só depende do ângulo θ, ou seja, possui simetria azimutal.
(a) Usando as simetrias do sistema, descreva o campo magnético em todo o espaço.
~
(b) Calcule a corrente superficial K(θ) para esse sistema.
(c) Usando a lei de Ampère em sua forma integral, encontre o campo magnético em todo
espaço.
(d) Verifique que essa solução satisfaz as equações de Maxwell e as condições de contorno
apropriadas.
Gabarito da AD1 Eletromagnetismo e Óptica
CEDERJ 2015.2 - UFF - UFRJ

1. Oito cargas indênticas se encontram presas aos vértices de um cubo da lado a.


(a) Calcule a energia eletrostática total armazenada nesse sistema. Considere o potencial
elétrico como sendo zero no infinito.
(b) Uma das cargas é liberada. Calcule a velocidade dela quando se encontrar muito distante
das outras 7 cargas.
Solução:
q 2 2 2
(a) V = 12 × 4πǫ 0a
+ 12 × 4πǫq a√2 + 4 × 4πǫq a√3 O primeiro termo é a contribuição das cargas
0 0
separadas por uma aresta, o segundo por uma diagonal em uma face e o terceiro por
diagonal interna ao cubo.
(b) Após a liberação de uma carga, que se afastará indefinidamente, o sistema remanescente
q2 2 2
terá uma energia potencial armazenada dada por: V ′ = 9× 4πǫ 0a
+9× 4πǫq a√2 +3× 4πǫq a√3
0 0
Usando a conservação de energia:
!
mv 2 mv 2 q2 3 1
V = + V ′ −→ = 3+ √ + √ (1)
2 2 4πǫ0 a 2 3
e portanto: v !
u2 q2 3 1
u
v=t × 3+ √ + √ (2)
m 4πǫ0 a 2 3
2. Uma esfera de raio R e carga q, está envolta por uma casca metálica grossa esférica de raio
interno a e raio externo b. Essa casca não possui carga lı́quida (ela está descarregada).
(a) Calcule as densidades de carga superficiais σ em R, a e b.
(b) Encontre o pontencial no centro da esfera, tomando o potencial no infinito como zero.
(c) Suponha que a superfı́cie externa é aterrada (um fio condutor a conecta à terra, por
exemplo), fazendo com que seu potencial se anule. Como isso muda as respostas dos
itens anteriores?
Solução:
(a) Para a esfera de raio R, σR = q/4πR2 . Como o campo elétrico em um condutor é nulo,
a densidade de carga em a deve ser tal que anulará o campo elétrico da esfera de raio R,
ou seja, sua carga total deve ser −q, assim, σa = −q/4πa2 . Finalmente, como a carga
total do condutor é nula, na superfı́cie externa teremos σb = q/4πb2 .
(b) Para uma casca esférica de raio R e carga Q, o potencial em seu centro será φ = Q/4πRǫ0 ,
mesmo que a distribuição de carga não seja uniforme. Isso se dee ao fato de todos
elementos de área estarem à mesma distância do centro da casca, que é o raio dela, e,
portanto, contribuem com dφ = σdA/4πRǫ0 .
Usando esse resultado e o princı́pio da superposição, chegamos à:
Q Q Q
φ(0) = − + . (3)
4πǫ0 R 4πǫ0 a 4πǫ0 b
(c) Como o campo elétrico é nulo em um condutor perfeito, a distribuição de carga na casca
de raio a continuará sendo a mesma. Já na superfı́cie de raio b a carga deverá ser tal que
o potencial ali se anule. Como o potencial devido às cargas nas sueprfı́cies de raio R e
raio a se anulam, a carga total na casca de raio b será nula.
3. A densidade de carga é dada por ρ(r) = ρ0 (r/R)2 , em coordenadas esféricas, para 0 < r < R.
(a) Calcule o campo elétrico nesta região.
(b) Caclule a carga total contida em uma esfera de raio R, de de duas maneiras diferentes.
[dica: fluxo e integral volumétrica.]
Solução:

(a) O campo elétrico pode ser calculado pela lei de Gauss. Devido à simetria esférica, o
~ r) = E(r)r̂. Assim:
campo elétrico é da forma E(~
Q(r)
E(r) × 4πr2 = (4)
ǫ0
Podemos calcular Q(r) diretamente:
r5
2
r
Z Z 
2
Q(r) = ρ(r)dV = ρ0 4πr dr = 4πρ0 2 . (5)
R 5R
~ r) = ρ0 r3 /(ǫ0 5R2 )r̂.
Finalmente, E(~
(b) As duas maneiras de calcular são: diretamente, como fizemos no item anteriro, ou a
partir da lei de Gauss.

4. Considere duas cascas cilı́ndricas infinitas com o mesmo eixo, que está ao longo do eixo z. A
casca interna possui raio a e a externa raio b. A casca interna transporta uma corrente total
I1 ao longo do eixo z, no sentido positivo, ditribuı́da uniformemente pela sua superfı́cie. e a
casca externa transporta uma corrente I2 ao longo do eixo z, no sentido negativo, ditribuı́da
uniformemente pela sua superfı́cie.
(a) Usando as simetrias deste problema e a lei de Ampère em sua forma integral, calcule o
campo magnético em todo o espaço.
(b) Verifique as equações de Maxwell para o campo que você encontrou no item anterior,
isto é, calcule a divergência e rotacional do campo magnético nas três regiões, dentro
da casca interna, entre as duas cascas e fora das duas cascas. Além disso verifique as
condições de contorno nas superfı́cies das cascas. Solução:
i. Pela simetria do problema, sabemos que o campo magnético, em coordenadas cilı́ndricas,
~ r) = B(s)φ̂. Tomando como amperianas cı́rculos em um plano per-
será dado por B(~
pendicular ao eixo das cascas cilı́ndricas, obtemos:
~ = 0,
B para r < a
~ = µ0 I1 φ̂,
B para a < r < b
r
~ = µ0 I1 − I2 φ̂,
B para r < a
r
(6)
ii. Como sabemos que nabla · B ~ = 0 e ∇×B~ = 0 para o campo de um fio, segue
diretamente que será válido para a superposição de campos desse tipo. (mas é um
exercı́cio de cálculo útil conferir).
AD1 Eletromagnetismo e Óptica - 2011.1
UFF-UFRJ

1. Um capacitor é formado por duas cascas cilı́ndricas coaxiais, de raios a e b > a. A casca
interna possui uma densidade de carga por unidade de comprimento homogênea +λ, e a casca
externa possui uma densidade de carga por unidade de comprimento homogênea −λ. Calcule
a capacitância por unidade de comprimento, C, deste sistema, de duas maneiras diferentes.

(a) Usando a lei de Gauss e simetrias do problema, calcule o campo elétrico e a diferença de
potencial entre as cascas, e daı́, obtenha C.
(b) Calcule a energia eletrostática por unidade de comprimento (usando o campo elétrico
que você obteve no item anterior) e, usando a relação entre capacitância e energia ar-
mazenada, obtenha C.

2. Considere uma esfera sólida de raio R e densidade variável dada por ρ(r) = ρ0 r/R. Usando a
lei de Gauss e simetrias do sistema, calcule o campo elétrico em todo o espaço (dentro e fora
da esfera). Qual o valor da carga pontual que deverı́amos colocar no centro desta esfera para
que o campo se anulasse para r > R?

3. Um cubo de lado a centrado na origem, possui uma polarização P~ = k~r. Calcule as densidades
de carga ligada. Mostre que a carga ligada total é nula.

4. Considere uma distribuição de corrente, em coordenadas cilı́ndricas, dada por J~ = J0 ẑ, para
0 < r < R e 0 para r > R. Esta distribuição corresponde a uma corrente uniforme ao longo
do eixo z de um cilindro de raio R.

(a) Aplicando a lei de Ampère, calcule o campo magnético em todo o espaço.


(b) Verifique que o campo magnético que você calculou no item anterior satisfaz às equações
de Maxwell para o campo magnético.

5. Um fio muito longo conduz uma corrente I. Em um mesmo plano que este fio, se encontra um
circuito quadrado de lado a, com dois lados paralelos ao fio, e com o centro a uma distância
b > a/2 do fio. Calcule a força magnética que o fio exerce no circuito quadrado.
GabaritodaAD1 Eletromagnetismo e Óptica - 2011.1
UFF-UFRJ

1. Um capacitor é formado por duas cascas cilı́ndricas coaxiais, de raios a e b > a. A casca
interna possui uma densidade de carga por unidade de comprimento homogênea +λ, e a casca
externa possui uma densidade de carga por unidade de comprimento homogênea −λ. Calcule
a capacitância por unidade de comprimento, C, deste sistema, de duas maneiras diferentes.

(a) Usando a lei de Gauss e simetrias do problema, calcule o campo elétrico e a diferença de
potencial entre as cascas, e daı́, obtenha C.
(b) Calcule a energia eletrostática por unidade de comprimento (usando o campo elétrico
que você obteve no item anterior) e, usando a relação entre capacitância e energia ar-
mazenada, obtenha C.

Solução

(a) O campo elétrico é radial, devid à simetria do problema, e só pode depender da coorde-
nada s (estamos usando coordenadas cilı́ndricas s, φ e z). Assim o campo é dado por
E~ = E(s)ŝ. Aplicando a lei de Gauss a uma superfı́cie cilı́ndrica de raio a < r < b e
altura h, temos
λ λa
E(r)2πrh = 2πah ⇒ E(r) = (1)
0 0 r
~
Na região entre os dois cilindros, o campo elétrico é E(s) = λ0 as ŝ. A diferença de potencial
R
~
é, portanto, φ(b) − φ(a) = − ab E(s) · ŝds = λ0 a ln(b/a). A capacitância por unidade de
comprimento será
Q/h −λ2πah 2π0
C= = −λ = (2)
V 0
a ln(b/a) ln(b/a)

(b) A energia eletrostática armazenadano campo elétrico é:


0 Z 2
U= E dV. (3)
2
No nosso caso obtemos
0 Q2 Z 1 Q 1 1
 
U= dV = − (4)
2 16π 2 20 r4 8π0 a b
onde a integral no volume é feita na região entre as duas cascas. Como a energia de um
capacitor é U = Q2 /(2C), obtemos a capcitância

ab
C = 4π0 . (5)
b−a

2. Considere uma esfera sólida de raio R e densidade variável dada por ρ(r) = ρ0 r/R. Usando a
lei de Gauss e simetrias do sistema, calcule o campo elétrico em todo o espaço (dentro e fora
da esfera). Qual o valor da carga pontual que deverı́amos colocar no centro desta esfera para
que o campo se anulasse para r > R?
Solução
Para essa distribuição de carga, o campo elétrico é radial e só depende da distância ao centro
~ r) = E(r)r̂. A carga contida em uma esfera de raio r é:
da esfera., ou seja, E(~
Z r
r r4
Q(r) = ρ0 4πr2 dr = ρ0 π . (6)
0 R R
Para r > R a carga total da esfera é Q(R) = ρ0 πR3 . Pela lei de Gauss, tempos para fora da
esfera:
Q(R) R3 R3
E(r) × 4πr2 = = ρ0 π =⇒ E(r) = ρ0 . (7)
0 30 12r2 0
Para um ponto no interior da esfera:

Q(r) r4
E(r) × 4πr2 = = ρ0 π . (8)
0 3R0

Uma carga pontual Q− = −ρ0 πR3 anularia o campo fora da esfera.

3. Um cubo de lado a centrado na origem, possui uma polarização P~ = k~r. Calcule as densidades
de carga ligada. Mostre que a carga ligada total é nula.
Solução
A densidade de carga ligada superficial é ρb = −∇ · P~ , que nesse caso dá ρb = −3k. A carga
ligada volumétrica total é −3k × a3 , onde a3 é o volume do cubo.
A densidade de carga superficial em uma das faces, por exemplo, a face cuja normal é x̂
é P~ · x̂ = ka/2, pois a coordenada x dessa face é a/2. A carga ligada nas seis faces será
6 × a2 × ka/2 = 3ka3 .

4. Considere uma distribuição de corrente, em coordenadas cilı́ndricas, dada por J~ = J0 ẑ, para
0 < r < R e 0 para r > R. Esta distribuição corresponde a uma corrente uniforme ao longo
do eixo z de um cilindro de raio R.

(a) Aplicando a lei de Ampère, calcule o campo magnético em todo o espaço.


(b) Verifique que o campo magnético que você calculou no item anterior satisfaz às equações
de Maxwell para o campo magnético.

solução

(a) Por simetria, sabemos que o campo magnético só poderá depender de s e deve apontar
na direção θ̂ (usando coordenadas cilı́ndricas s, φ e z. Pela lei de Ampère temos, para
r > R, considerando uma Amperiana circular de raio s:

~ µ0
B(s)2πs = µ0 J0 πR2 ⇒ B(s) = J0 R2 φ̂ (9)
2s
Para s < R temos
Z
µ0
B(s)2πs = µ0 J~0 · n̂dA = µ0 J0 πs2 ⇒ B(s)
~ = J0 sφ̂ (10)
2s
Aqui escrevemos o sı́mbolo da integral para lembrar que devemos calcular a corrente que
passa por dentro da amperiana apenas.
~ = 0 em todo o espaço e que ∇ × B
(b) Para este item basta verificar que ∇ · B ~ = µ0 J~ no
interior do cilindro.

5. Um fio muito longo conduz uma corrente I. Em um mesmo plano que este fio, se encontra
um circuito quadrado, que conduz uma corrente I 0 , de lado a, com dois lados paralelos ao fio,
e com o centro a uma distância b > a/2 do fio. Calcule a força magnética que o fio exerce no
circuito quadrado.
Solução O campo magnético do fio é B~ = µ0 I/(2πs)φ̂. As duas forças nos lados perpendic-
ulares ao fio se cancelam, por simetria. No lado paralelo mais próximo ao fio temos:

II 0 a
F+ = µ0 . (11)
2π(b − a/2)

Analogamente, para o outro lado, teremos

II 0 a
F− = −µ0 . (12)
2π(b + a/2)

A força total é:


II 0 a2
F+ + F− = 2µ0 . (13)
π(4b2 − a2 )
Exercı́cios complementares de Eletromagnetismo e Óptica - 2011.1
UFF-UFRJ

1. Considere uma esfera condutora de raio R, conectada a um fio que conduz uma corrente I.

(a) Calcule a carga da esfera como função do tempo.


Solução: Q(t) = 0t I(t0 )dt0 = It.
R

(b) Calcule os campos elétrico e magnético do sistema como função do tempo.

Solução: Devido à simetria do problema a distribuição de carga possui simetria esférica, e


assim o campo elétrico é radial. Pela lei de Gauss, E(r) × 4πr2 = Q(t)/0 , ou seja E ~ =
2
It/(4π0 r )r̂.
O campo magnético do sistema é nulo, pois qualquer plano que passa pelo fio e centro da
esfera é um plano de simetria da distribuição de corrente, e como o campo magnético tem que
ser perpendicular a esses planos ele teria que ser radial. Isso daria um fluxo magnético não
nulo em uma superfı́cie esférica ao redor da esfera inicial, contradizendo o fato de que não
existem cargas magnéticas. Nota: no enunciado original pedia-se o campo da esfera, mas o
correto é calcular o campo do sistema esfera-fio .

2. Um fio muito longo conduz uma corrente I(t), que varia lentamente com o tempo. Calcule o
capo elétrico em todo espaço.
Solução: Considerando uma amperiana ao redor do fio, temos,

~ = µ0 I(t)φ̂.
B(s) × 2πs = µ0 I =⇒ B (1)
2πs
3. Um solenóide infinito de raio a e n espiras por unidade de comprimento, conduz uma corrente
I(t) que varia lentamente com o tempo.

(a) Calcule o campo magnético em todo espaço.


Solução: Pelos argumentos de simetria que valem para o solenóide com corrente con-
stante, nesse caso temos: fora o campo magnético é nulo. No interior do solenóide é
~ = µ0 nI(t)ẑ.
B (2)

(b) Calcule o campo elétrico em todo espaço.


Solução: Para calcularmos o campo elétrico devmos notar que o campo magnético varia.
Assim, pela lei de Faraday, o campo elétrico circular ao redor do eixo z. Para um ponto
fora do solenóide, temos:
2
∂I(t) ~ = − µ0 na ∂I(t) φ̂.
E(s) × 2πs = −µ0 n × πa2 =⇒ E (3)
∂t 2s ∂t
No interior do solenóide, obtemos

∂I(t) ~ = − µ0 ns ∂I(t) φ̂.


E(s) × 2πs = −µ0 n × πs2 =⇒ E (4)
∂t 2 ∂t
4. Escreva os campos elétrico e magnético de uma onda de frequência ω e que se propaga na
direção n̂. Calcule o vetor de Poyinting. Suponha que essa onda incide em uma superfı́cie
totalmente refletora, formando um ângulo θ. Qual é a pressão de radiação?
Solução: E ~ =E ~ 0 exp(i(~k · ~r − ωt)), com ~k = kn̂, e k = ω/c. O campo magnético é dado por
~ = ~k × E
B ~ 0 exp(i(~k · ~r − ωt)).
~ 0 exp(i(~k · ~r − ωt)) = − 1 n̂ × E
c
~=
O vetor de Poynting é (após a média temporal) S c0 2
E0 n̂.
2
Para calcularmos a pressão de radiação em uma superfı́cie totalmente refletora devemos con-
siderar um pequeno feixe que incide em um elemento de área A durante um intervalo de tempo
∆T . A área da seção do feixe será A cos θ. Como a densidade de momento é P~ = S/c,
~ temos
para a quantidade momento transferida após um intervalo de tempo ∆T ,
0 2
∆P = 2 × E × A cos θ × cos θ∆T = 0 E02 × A cos 2 θ∆T (5)
2 0
o que dá para a pressão de radiação p = 0 E02 cos2 θ.
Note que se a superfı́cie fosse totalmente absorvedora, não terı́amos o fator 2 na expressão de
∆P . O outro fator de cos θ se deve ao fato de o feixe incidir formando um ângulo θ com a
superfı́cie. (incidência normal seria θ = 0).

5. Uma espira de raio a e resitência R gira ao redor de um eixo que passa por um de seus
diâmetros, com velocidade angular ω. No instante inicial ela está no plano xy, e há um campo
magnético constante B~ = B ẑ. Calcule a corrente que passa pela espira como função do tempo.
Solução: O fluxo magnético é Φ = πa2 B cos ωt. Pela lei de Faraday, temos RI = − ∂Φ
∂t
, ou
2
seja I = πa ωB sin ωt/R
Gabarito da AD1 Eletromagnetismo e Óptica - 2010.2
UFF-UFRJ

1. Considere um capacitor formado por duas cascas esféricas concêntricas, de raios a e b > a.
Calcule a capacitância deste sistema de duas maneiras diferentes:

(a) Suponha que o capacitor interno tem uma carga total +Q, distribuı́da uniformemente por
sua superfı́cie, e que o capacitor externo possui uma carga −Q distribuı́da uniformemente
por sua superfı́cie. Calcule a diferença de potencial entre as cascas e, aplicando a definição
de capacitância, calcule C.
(b) Calcule a energia armazenada no interior do capacitor e, usando o resultado da atividade
final 4 da Aula 6, encontre C.

Solução:
~ r) = Q/(4πǫ0 r2 )r̂, e, portanto, a
(a) O campo elétrico entre as duas cascas esféricas é E(~
diferença de potencial é
Q 1 1
 
φ(a) − φ(b) = − . (1)
4πǫ0 a b
A capacitância é definida por C = Q/V , o que nos dá

ab
C = 4πǫ0 . (2)
b−a

(b) A energia entre as cascas é calculada a partir de


ǫ0 Z 2
U= E dV. (3)
2
No nosso caso obtemos
ǫ0 Q2 Z 1 Q 1 1
 
U= dV = − (4)
2 16π 2 ǫ20 r4 8πǫ0 a b
onde a integral no volume é feita na região entre as duas cascas. Como a energia de um
capacitor é U = Q2 /(2C), obtemos a capcitância

ab
C = 4πǫ0 . (5)
b−a

2. Considere uma esfera de raio R com uma cavidade de raio a < R. A região a < r < R está
uniformemente polarizada, com P~ = P ẑ.

(a) Usando o princı́pio da superposição, mostre que esse sistema pode ser descrito como a
superposição de duas esferas uniformemente polarizadas, escolhidas de forma apropriada.
(b) Calcule a densidade de carga ligada (volumétrica e superficial) neste sistema.
(c) Encontre o potencial e campo elétrico em todo espaço.

Solução:
(a) Uma esfera uniformemente polarizada é uma distribuição uniforme de dipolos. Uma
supoerposição de uma esfera de raio R com polarização P~ superposta com uma esfera
de raio a e polarização −P~ corresponde à situação descrita no problema.
(b) A densidade de carga volumétrica é ∇ · P~ , que como é uniforme, é igual a zero. A
densidade de carga superficial é σ = P~ · n̂, onde n̂ é a normal à superfı́cie. Nesse caso
temos, para a superfı́cie interna σa = −P cos θ, pois a normal é para dentro da cavidade,
e na superfı́cie externa é σR = P cos θ.
(c) Este sistema pode ser pensado como a superposição de uma esfera uniformemente po-
larizada de raio R e polarização P~ superposta a uma esfera concêntrica de raio a e
polarização −P~ . Assim, fora da esfera o potencial é a superposição de dois dipolos
elétricos (cada esfera polarizada é como se fosse um dipolo elétrico na região externa, e
cria um campo constante na região interna). Para a região entre a e R temos a super-
posição de um campo de um dipolo correpondente à esfera interna e um campo constante
correspondente à esfera externa, e no interior das duas esferas o campo elétrico é zero.
3. Considere uma esfera sólida, de raio R, e densidade de carga elétrica dada por ρ(r) = ρ0 r2 /R2 .
Note que a densidade de carga elétrica não é constante, ela depende da distância ao centro
da esfera.
(a) Calcule a carga total desta esfera.
(b) Usando as simetrias deste problema e a lei de Gauss, calcule o campo elétrico em todo o
espaço.
(c) Usando o resultado dos dois itens anteriores, mostre que o campo elétrico em um ponto
a uma distância r > R é o campo de uma carga pontual localizada no centro da esfera.
Solução:
(a)
Z Z R Z π Z 2π r2 2 R3
Q= ρ(~r)dV = ρ0 r sin θdφdθdr = 4πρ . (6)
0 0 0 R2 5
(b) Por simetria, sabemos que o campo elétrico depende somente de r, e não de θ e φ. Assim,
aplicando a lei de Gauss temos:
i. Fora da esfera:
R3 1 3
~ = ρ0 R r̂.
E × 4πr2 = 4πρ0 =⇒ E (7)
5 ǫ0 5ǫ0 r2
ii. Dentro da esfera:

1 Z r Z π Z 2π r2 2 r5 3
~ = ρ0 r r̂. (8)
E × 4πr2 = ρ0 2 r sin θdφdθdr = ρ0 =⇒ E
ǫ0 0 0 0 R 5ǫ0 R2 5ǫ0 R2
4. Considere a região entre um cilindro de raio a e outro de raio b > a. O eixo do cilindro é o
eixo z. Uma corrente elétrica I é conduzida na direção do eixo z, e a densidade de corrente é
uniforme.
(a) Escreva a forma da densidade de corrente elétrica na região entre os cilindros.
(b) Usando considerações de simetria, encontre como o campo magnético depende das coor-
denadas [use coordenadas cilı́ndricas], e qual o seu sentido.
(c) Usando a lei de Ampère, encontre o campo magnético em todo o espaço.
(d) Encontre o campo magnético usando as equações de Maxwell diretamente, isto é, substi-
tua a forma que você encontrou no segundo item nas equações de Maxwell apropriadas
e resolva estas equações. O resultado deve ser o mesmo que o do item anterior.

Solução:

(a) J~ = (I/(π(b2 − a2 ))ẑ.


~ =
(b) Pela simetria da distribuição de correntes, sabemos que o campo magnético será B
B(r)φ̂, ou seja, depende da distância ao eixo e circula ao redor do eixo z.
(c) Pela lei de Ampère, temos:
i. Para r > b:

~ = µ0 I 1 φ̂.
B(r) × 2πr = µ0 I =⇒ B (9)
2πr
ii. Para a < r < b:
2 2
1 2 2 ~ = µ0 I r − a 1 φ̂
B(r) × 2πr = µ0 I (π(r − a )) =⇒ B (10)
π(b2 − a2 ) b2 − a2 2πr

~ = 0.
iii. Para r < a: B
(d) O campo B ~ = B(r)φ̂ satisfaz à ∇ · B~ = 0, temos que resolver ∇ × B
~ = µ0 J.
~ Em
coordenadas cilı́ndricas, o nosso caso se reduz a:
i. Para r < a:
1 ∂ constante
(rB(r)) = 0 =⇒ B(r) = =0 (11)
r ∂r r
Temos que escolher a constante como sendo 0 para que o campo não seja singular
em r = 0.
ii. Para a < r < b:

1 ∂ 1 r 2 − a2 1
(rB(r)) = µ0 I =⇒ B(r) = µ 0 I . (12)
r ∂r π(b2 − a2 ) b2 − a2 2πr
iii. Para r > b:
1 ∂ constante 1
(rB(r)) = 0 =⇒ B(r) = = µ0 I . (13)
r ∂r r 2πr
Onde a constante foi escolhida de tal forma que o campo seja contı́nuo em r = b.

5. Uma carga Q se move no plano XY , com velocidade de módulo constante v. A trajetória


~ = B0 ẑ.
desta carga é um cı́rculo de raio R. Sabe-se que existe uma campo magnético B

(a) Como podemos determinar o sinal da carga observando o movimento dela? Se soubermos
o valor da carga, e medirmos a intensidade do campo magnético e o raio da trajetória
dela, é possı́vel determinar a sua massa? Como?
(b) Se o campo duplicar e a velocidade da carga for v, qual será o raio da nova trajetória?

Solução:
(a) Se a trajetória for no sentido horário, a carga é positiva, se for no sentido anti-horário, é
negativa. Como sabemos que

mv 2 qBR
qvB = ⇒m= . (14)
R mv
(b) R → R/2.

6. Aplicando a lei de Biot-Savart, calcule o campo magnético no ponto P da figura abaixo. Ela
é formada por dois fios semi-infinitos paralelos, e um semicı́rculo de raio R.

Solução:
Cada um dos trechos semi-infinitos soma um campo que dá o mesmo que o campo de um fio
1 1
infinito, B = µ0 I 2πR . O trecho semi-circular dá µ0 I/4R. O campo total é B = µ0 I( 2πR + 1/4R).
AD1 Eletromagnetismo e Óptica
CEDERJ - UFRJ/UFF - 2008.1

1. Considere os dois campos vetoriais a seguir: ~v1 = 2xyx̂ + x2 ŷ + 2z ẑ e ~v1 = 2xyx̂ + 2x2 ŷ + 2z ẑ.

(a) Calcule a divergência e o rotacional de cada um destes campos.


(b) Usando o resultado do item anterior, decida qual dos dois campos corresponde a um
campo conservativo. Encontre uma função f (x, y, z) tal que o gradiente dela seja igual
a este campo vetorial.

2. Considere um cilindro de seção reta circular de raio R. Este cilindro possui uma densidade
de carga dada por ρ(r, θ, z) = ρ0 r/R.

(a) Aplicando a lei de Gauss, calcule o campo elétrico em todo o espaço. Explique claramente
as passagens desenvolvidas e as simetrias utilizadas em sua solução
(b) Tomando o potencial na superfı́cie do cilindro como sendo igual a zero, calcule o potencial
elétrico na região r > R (fora do cilindro). Por que não podemos considerar que o
potencial é nulo no infinito?

3. Considere uma esfera sólida, feita de um condutor perfeito. Inicialmente esta esfera está
descarregada. Faz-se uma cavidade de forma arbitrária em seu interior. Fora da esfera existe
uma carga q. A esfera está inicialmente descarregada. Nesta questão você não deve fazer
nenhum cálculo complicado, apenas aplicar idéias do curso.

(a) Qual será o valor total da carga induzida nas superfı́cies interna e externa da esfera?
Qual será a distribuição Quanto vale o campo elétrico no interior da cavidade? Esboce
as linhas de campo elétrico.
(b) Suponha que adicionamos uma carga Q à esfera. Qual será a distribuição de carga
elétrica na superfı́cie externa da esfera neste caso? E o campo elétrico no interior da
cavidade?

4. Considere um fio infinito que se encontra no eixo z. Este fio conduz uma corrente I.

(a) Aplicando a lei de Biot-Savart, calcule o campo magnético no espaço todo.


(b) Calcule a divergência e o rotacional deste campo fora do eixo do fio, isto é, com r 6= 0.
AD1 Eletromagnetismo e Óptica - 2009.2
Data de Entrega: 19/09
UFF-UFRJ

1. Considere um capacitor formado por duas cascas cilı́ndricas coaxiais, de raios a e b > a. Cal-
cule a capacitância por unidade de comprimento,C deste sistema de duas maneiras diferentres:

(a) Suponha que o capacitor interno tem uma densidade de carga por unidade de com-
primento homogênea +λ e que o capacitor externo possui uma densidade de carga por
unidade de comprimento homogênea −λ. Calcule a diferença de potencial entre as cascas
e, aplicando a definição de capacitância, calcule C.
(b) Calcule a energia armazenada no interior do capacitor por unidade de comprimento e,
usando o resultado da atividade final 4 da Aula 6, encontre C.

2. Considere uma esfera de raio R com uma cavidade de raio a < R. A região a < r < R está
uniformemente polarizada, com P~ = P ẑ.

(a) Calcule a densidade de carga ligada (volumétrica e superficial) neste sistema.


(b) Encontre o potencial e campo elétrico em todo espaço.

3. Considere uma esfera sólida, de raio R, e densidade de carga elétrica dada por ρ(r) = ρ0 r/R.
Usando as simetrias deste problema e a lei de Gauss, calcule o campo elétrico em todo o
espaço.

4. Uma carga Q se move no plano XY , com velocidade de módulo constante v. A trajetória


~ = B0 ẑ.
desta carga é um cı́rculo de raio R. Sabe-se que existe uma campo magnético B

(a) Como podemos determinar o sinal da carga observando o movimento dela? Se soubermos
o valor da carga, e medirmos a intensidade do campo magnético e o raio da trajetória
dela, é possı́vel determinar a sua massa? Como?
(b) Se o campo duplicar e a velocidade da carga for v, qual será o raio da nova trajetória?

5. Considere uma distribuição de corrente, em coordenadas cilı́ndricas, dada por J~ = J0 ẑ, para
0 < r < R e 0 para r > R. Esta distribuição corresponde a uma corrente uniforme ao longo
do eixo z de um cilindro de raio R.

(a) Aplicando a lei de Ampère, calcule o campo magnético em todo o espaço.


(b) Verifique que o campo magnético que você calculou no item anterior satisfaz às equações
de Maxwell.

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