Você está na página 1de 22

UNIVERSIDADE LÚRIO Disciplina: Física II

FACULDADE DE ENGENHARIA Aula n° 6: Corrente eléctrica


contínua
CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA Ano: 2020 .Segundo Semestre
Docente Responsável: Francisco A.Macuba Aulas Teóricas

Corrente eléctrica Continua


Sempre que houver um fluxo líquido de carga, considera-se que há uma corrente elétrica.
Consideremos as partículas carregadas movendo-se perpendicularmente à superfície da
área A conforme a figura.

A corrente é definida como a razão de carga eléctrica que flui através dessa superfície
em determinado intervalo de tempo.
∆𝒒
𝒊=
∆𝒕
A corrente instantânea I como o limite diferencial da expressão anterior conforme ∆𝑡 se
aproxima de zero:
∆𝒒
𝒊 = 𝐥𝐢𝐦
∆𝒕→𝟎 ∆𝒕
A unidade do SI utilizada para medir a corrente é o ampère (A):

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 1


Consideremos a figura

Apesar de no interior do condutor os electrões estarem em movimento, define-se o sentido


da corrente eléctrica como o sentido do movimento dos portadores de carga positiva.
Já nos gases ou em soluções electrolíticas, as cargas positivas e negativas estão em
movimento.
O volume do elemento do condutor da figura é:
𝑽 = 𝑨. ∆𝒙 = 𝑨. 𝒗𝒅 . ∆𝒕
Onde 𝒗𝒅 é a velocidade de migração (velocidade média) das partículas no interior do
condutor.

Se n representa o número de portadores de carga por unidade de volume, a carga q que


passa através desse elemento em um intervalo de tempo Δt é:

Pode-se ainda definir a densidade de corrente ( j ) no condutor, como a corrente por


unidade de área:

No SI, essa grandeza é medida em ampère por metro ao quadrado (A/m2).

Resistência e leis de Ohm

Quando uma diferença de potencial é aplicada a um condutor metálico, aparecerá uma


corrente no condutor. Se aumentarmos essa diferença de potencial, aumentará o campo

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 2


eléctrico no interior do condutor, aumentará a força sobre as partículas e,
consequentemente, a corrente também aumentará. Define-se a resistência (R) de um
condutor como a razão entre a diferença de potencial e a corrente:

A resistência é medida, no SI, em volt por ampère, que é denominada ohm ( Ω ).


Para muitos materiais (incluindo metais), a corrente é directamente proporcional à
diferença de potencial, ou seja, a resistência é constante.
Esse comportamento foi observado por Georg Simon Ohm, sendo então conhecido como
primeira lei de Ohm.
É importante ressaltar que essa lei não é uma lei fundamental (como a lei de Coulomb), que
apenas descreve o comportamento de alguns materiais. Os materiais e dispositivos que
possuem esse comportamento são chamados ôhmicos,

Já os que não obedecem são chamados de não ôhmicos, aqueles em que a diferença de
potencial e a corrente não são directamente proporcionais.

Uma vez que a resistência é a razão entre a diferença de potencial e a corrente, ela
independe dessas quantidades. A resistência de um condutor é:

 Proporcional ao comprimento (l) do condutor.


 Inversamente proporcional à área da seção recta ( A ) do condutor.

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 3


 Dependente do material.
Assim,

Onde:

𝝆 é a resistividade do material (medida em ohms-metro (Ωm )). Essa grandeza depende de vários factores,
entre eles a temperatura.
Para a maioria dos metais:

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 4


Energia elétrica e potência
Os electrões em movimento no interior de um condutor colidem com os átomos da rede do
metal. Nessas colisões, parte de sua energia é transferida para esses átomos, aumentando a
sua vibração. Em consequência, ocorre um aumento na temperatura do conductor.
Portanto, parte do trabalho realizado pela força eléctrica sobre os electrões é transformado
em energia interna no condutor.
Considere o circuito, formado por uma bateria e um resistor.

Quando as cargas vão da região de menor potencial ( − ) para a de maior potencial ( + ),


há um aumento de energia q.ΔV. Entretanto, ao passar pelo resistor, as cargas perdem essa
energia em virtude das colisões com os átomos da rede do resistor. A energia de vibração
desses átomos aumenta e macroscopicamente percebe-se o aumento da temperatura do
resistor.
A taxa de transferência da energia para o resistor, denominada potência dissipada, é:

Lembrando que:

A expressão para a potência dissipada pode ser reescrita ou em função da corrente, ou em


função da diferença de potencial.

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 5


Fonte de força eletromotriz (fonte fem) ( 𝜺 )
Uma fonte de força eletromotriz (ou fonte fem) é um dispositivo que aumenta a energia
potencial de um circuito mantendo uma diferença de potencial entre dois pontos do
circuito. Baterias, pilhas e geradores são exemplos de fontes fem.
Considere, mais uma vez, o circuito da figura. A diferença de potencial para baterias reais
não corresponde à diferença de potencial da fonte fem (𝜺), pois dispositivos reais possuem
uma pequena resistência interna (r). Portanto, a diferença de potencial da bateria (ΔV ) é:

Ao multiplicar a equação acima pela corrente i no circuito:

Ou seja, a potência fornecida ao circuito corresponde à potência fornecida pela fonte fem
descontada da potência dissipada pela resistência interna.

Associação de resistores
Como veremos a seguir, existem três tipos de associação de resistores: em série, em
paralelo e mista. Vamos concluir que o exemplo das lâmpadas decorativas apresentado
acima é um caso de associação de resistores em série.

1. Associação em série.

Ao ligar a associação em uma bateria, surge uma corrente no circuito. É importante


observar que:
 A corrente é a mesma em todas as resistências da associação.

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 6


 A soma das diferenças de potencial nas resistências será igual à diferença de
potencial no circuito:
∆𝑉 = ∆𝑉1 + ∆𝑉2 + ∆𝑉3 = 𝑅1 𝑖 + 𝑅2 𝑖 + 𝑅3 𝑖 = (𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 )𝑖

Muitas vezes é conveniente trabalhar com a resistência equivalente (𝑅𝑒𝑞 ) ).


Onde

∆𝑉 = 𝑅𝑒𝑞 𝑖
Desse modo:
𝑅𝑒𝑞 𝑖 = (𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 )𝑖 ⇒ 𝑹𝒆𝒒 = 𝑹𝟏 + 𝑹𝟐 + 𝑹𝟑
Em uma associação em série, a resistência equivalente corresponde à soma das
resistências da associação.

2. Associação em paralelo

Na associação em paralelo, as extremidades das resistências estão ligadas ao mesmo


ponto. Portanto, a diferença de potencial é igual em todos os resistores da associação.
Ao submeter a associação a uma diferença de potencial, aparece uma corrente i no circuito.
Quando as cargas atingem no nó, a corrente é dividida em três partes 𝒊𝟏 , 𝒊𝟐 e 𝒊𝟑 .A
conservação da carga implica:
∆𝑉 ∆𝑉 ∆𝑉 (1 1 1)
𝑖 = 𝑖1 + 𝑖2 + 𝑖3 = + + = ∆𝑉 + +
𝑅1 𝑅2 𝑅3 𝑅1 𝑅2 𝑅3
Substituindo a associação pela resistência equivalente, pode-se escrever:
1
𝐼 = ∆𝑉( )
𝑅𝑒𝑞

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 7


1 (1 1 1) 𝟏 𝟏 𝟏 𝟏
∆𝑉( ) = ∆𝑉 + + ⇒ = + +
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅3 𝑹𝒆𝒒 𝑹𝟏 𝑹𝟐 𝑹𝟑
Ou seja:
O inverso da resistência equivalente, em uma associação em paralelo, é igual à soma
dos inversos das resistências da associação.

Circuitos elétricos
1. Geradores elétricos
Um gerador é um dispositivo que produz correntes eléctricas transformando em
energia eléctrica um outro tipo qualquer de energia.
Exemplo:
As baterias de automóvel, as pilhas,etc

Elementos que caracterizam um gerador

Quando um gerador não é percorrido por corrente eléctrica, ou seja, quando ele não está
ligado a nada, existe entre seus terminais uma diferença de potencial denominada força
eletromotriz (fem) ou tensão em vazio, que vamos simbolizar por 𝜺.
Entretanto, ao ser percorrido por corrente eléctrica, a ddp ∆𝑽 entre os terminais de um
gerador torna-se menor que 𝜺 . Isso acontece porque o gerador, como todo condutor,
possui uma resistência eléctrica. Essa resistência é denominada resistência interna do
gerador, que vamos simbolizar por r.

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 8


Equação do gerador
Observe o circuito.

Dessa análise podemos perceber que a ddp U disponível entre os terminais do gerador é a
diferença entre a fem E e o produto r i, o que nos leva à seguinte expressão, que é a equação
do gerador:
∆𝑽 = 𝜺 − 𝒓𝒊
Circuito simples de um Gerdor
Damos o nome de circuito simples a qualquer circuito no qual um gerador alimenta um
resistor de resistência R.

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 9


Receptores elétricos

Os receptores eléctricos são dispositivos que recebem energia eléctrica de um gerador e


convertem uma parte dela em energia não-térmica.
Exemplo
O motor eléctrico é um bom exemplo de receptor. Ele recebe energia eléctrica do gerador
ao qual está ligado e transforma uma parte dessa energia em energia mecânica.

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 10


Elementos que caracterizam um receptor

Quando se estabelece uma ddp ∆𝑽 entre os terminais de um receptor, uma parte dela é
aproveitada para fins não-térmicos, como, por exemplo, para um motor produzir energia
mecânica. Essa parte útil da ddp ∆𝑽 é denominada força contra-eletromotriz (fcem) do
receptor, e vamos simbolizá-ia por 𝜺'.

Equação do receptor
Em suma o sentido de corrente dentro de um receptor, é do polo positivo
(+)para negativo(−).

∆𝑽 = 𝜺′ + 𝒓′ 𝒊
Para isso, veja na figura a seguir uma pilha alimentando um pequeno motor eléctrico,
como esses que podemos encontrar em diversos brinquedos.
Observe, também, a correspondente representação esquemática:

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 11


Associação de geradores
1. Associação em série

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 12


2. Associação em paralelo

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 13


Leis de Kirchhoff
Já vimos que circuitos simples podem ser analisados através das regras para as
associações em série e paralelo, onde ao término de sua aplicação, o circuito é reduzido a
uma resistência equivalente.
Circuitos mais complexos, como aqueles que apresentam capacitores e resistores, devem
ser analisados através das regras de Kirchhoff:
 A soma das correntes que chegam a um nó do circuito é igual à soma das
correntes que saem do nó (lei dos nós).

 A soma das diferenças de potencial em todos os elementos de uma malha


fechada do circuito é igual a zero (lei das malhas).

É importante observar que essas leis são equivalentes à lei de conservação da carga e à lei
de conservação da energia, respectivamente.

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 14


Para resolver um circuito usando as leis de Kirchhoff, primeiramente deve-se escolher um
sentido para a corrente. De acordo com o sentido dessa corrente, adopta-se a seguinte
convenção de sinais:
 Se um resistor for atravessado do ponto a para o ponto b ,a diferença de potencial
no resistor será:

 Se um resistor for atravessado no sentido oposto da corrente (do ponto b para o


ponto a), a diferença de potencial será :

 Se uma fonte fem for atravessada por uma corrente do terminal ( −) para o terminal
(+ ), a diferença de potencial será:

 Se uma corrente atravessa uma fonte fem do terminal (+ ) para o terminal ( −), a
diferença de potencial será:

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 15


Circuitos RC
Nos circuitos CC com capacitores, a corrente é sempre no mesmo sentido, mas pode
variar com o tempo. Um circuito contendo uma associação em série de um resistor e um
capacitor é chamado circuito RC.

Carregando um capacitor
Vamos considerar que o capacitor nesse circuito está inicialmente descarregado. Não há
corrente enquanto a chave estiver aberta (figura a).

Porém, se a chave for colocada na posição a em t = 0 (figura b), a carga começará a fluir,
estabelecendo uma corrente no circuito, e então o capacitor começará a carregar.

Quando o capacitor estiver totalmente carregado, a corrente no circuito será nula, pois as
placas do capacitor estarão completamente carregadas e não aceitarão mais cargas.

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 16


Nesse momento a corrente será interrompida.

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 17


Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 18
Exercícios de Aplicação

Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 19


Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 20
Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 21
Francisco A.Macuba macubafrancisco@gmail.com Página 22

Você também pode gostar