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História do Computador

1. Contextualização

Hoje, os computadores estão presentes em nossa vida de uma forma nunca vista. Em casa, na
escola, na universidade, na empresa e em qualquer outro lugar, eles estão sempre entre nós.
Ao contrário do que parece, a computação não surgiu nos últimos anos ou décadas, e sim há
mais de 7 mil anos. Para começar, vamos falar sobre uma forma de calcular muito simples, mas
que foi muito útil nas culturas antigas: o ábaco.

a) Abaco, a primeira calculadora da história

Muitos povos da antiguidade utilizavam o ábaco para realizar cálculos do dia-a-dia,


principalmente no comércio e no desenvolvimento de construções civis. Ele pode ser
considerado a primeira máquina criada para cálculo, pois utilizava um sistema bastante simples
e muito eficiente na resolução de problemas matemáticos. É basicamente um conjunto de
varetas de forma paralela que contêm pequenas bolas para realizar a contagem.

Seu primeiro registro é datado de 5500 a.C. pelos povos que constituíam a Mesopotâmia.
Contudo, o ábaco também foi usado por muitas outras culturas, e cada povo tem uma versão
de específica dessa máquina, preservando a essência original. Seu nome na Roma Antiga era
Calculus, termo do qual a palavra cálculo foi derivada.

Em operações matemáticas, ele é bastante útil para soma e subtração. Já para multiplicação e
divisão não é muito recomendado, somente algumas versões mais complexas que a padrão.

b) Régua de Calculo

Durante vários séculos, o ábaco foi aperfeiçoado, sendo a principal ferramenta de cálculo por
muito tempo. Entretanto, os principais intelectuais da época do Renascimento precisavam
descobrir maneiras mais eficientes de efetuar cálculos; logo, em 1638, um padre inglês chamado
William Oughtred criou uma tabela para a realização de multiplicações muito grandes. A base
de sua invenção foram as pesquisas sobre logaritmos realizadas pelo escocês John Napier.

Até aquele momento, a multiplicação de números muito grandes era algo trabalhoso e
demorado, porém Napier descobriu várias propriedades matemáticas e deu a elas o nome de
logaritmos. Após o fato, multiplicar valores se tornou uma tarefa mais simples.

O mecanismo consistia em uma régua que já tinha uma boa quantidade de valores pré-
calculados, organizados de forma que fossem acessados automaticamente. Uma espécie de
ponteiro indicava o resultado do valor desejado.

c) Máquina de Pascal

Apesar de a régua de cálculo de Oughtred ser útil, os valores presentes nela eram predefinidos,
o que não funcionava para calcular números que não estivessem presentes na tábua. Pouco
tempo depois, em 1642, o matemático francês Blaise Pascal desenvolveu o que pode ser
chamado de primeira calculadora mecânica da história, a Máquina de Pascal.

Seu funcionamento era baseado no uso de rodas interligadas que giravam na realização dos
cálculos. A ideia inicial de Pascal era desenvolver uma máquina que realizasse as quatro
operações matemáticas básicas, o que não aconteceu na prática, pois ela era capaz apenas de
somar e subtrair. Por esse motivo, a tecnologia não foi muito bem acolhida na época.

Alguns anos após a Máquina de Pascal, em 1672, o alemão Gottfried Leibnitz conseguiu o que
Pascal desejava: criar uma calculadora que efetuava soma e divisão, além de raiz quadrada.

2. Gerações de Computadores

Na primeira metade do século XX, vários computadores mecânicos foram desenvolvidos, e com
o passar do tempo componentes eletrônicos foram adicionados aos projetos. Em 1931,
Vannevar Bush implementou em um computador uma arquitetura binária propriamente dita
usando os bits 0 e 1. A base decimal exigia que a eletricidade assumisse 10 voltagens, o que era
muito difícil de ser controlado, por isso Bush usou a lógica de Boole, em que somente 2 níveis
de voltagem eram suficientes.

A Segunda Guerra Mundial foi um grande incentivo no desenvolvimento de computadores, visto


que as máquinas estavam se tornando mais úteis em tarefas de desencriptação de mensagens
inimigas e criação de armas mais inteligentes. Entre os projetos desenvolvidos no período, os
que mais se destacaram foram o Mark I, em 1944, desenvolvido na Universidade Harvard (EUA),
e o Colossus, em 1946, criado por Allan Turing.

Sendo uma das figuras mais importantes da computação, Turing focou sua pesquisa na
descoberta de problemas formais e práticos que poderiam ser resolvidos por computadores.
Para aqueles que apresentavam solução, foi criada a famosa teoria da Máquina de Turing, que,
com um número finito de operações, resolvia problemas computacionais de diversas ordens. A
ideia foi colocada em prática com o Colossus.

a) Computação Moderna

A computação moderna pode ser definida pelo uso de computadores digitais, que não utilizam
componentes analógicos como base de seu funcionamento, e pode ser dividida em várias
gerações.

i. Primeira geração (1946-1959)

A primeira geração de computadores modernos tinha com principal característica o uso de


válvulas eletrônicas com dimensões enormes e que utilizavam quilômetros de fios, chegando a
atingir temperaturas muito elevadas, o que frequentemente causava problemas de
funcionamento. A maioria dos programas era escrita na linguagem de máquina.

ENIAC

Em 1946 ocorreu uma revolução no mundo da computação com o lançamento do Electrical


Numerical Integrator and Calculator (ENIAC), desenvolvido pelos cientistas norte-americanos
John Eckert e John Mauchly. Essa máquina era em torno de mil vezes mais rápida que qualquer
outra da época.

A principal inovação foi a computação digital, muito superior aos projetos mecânicos-analógicos
desenvolvidos até então. Com o ENIAC, a maioria das operações era realizada sem a necessidade
de movimentar peças de forma manual, e sim pela entrada de dados no painel de controle. Cada
operação podia ser acessada através de configurações-padrão de chaves e switches.
Essa máquina era muito grande, com aproximadamente 25 metros de comprimento por 5,5
metros de altura, com peso total de 30 toneladas. Esse valor representa algo como um andar
inteiro de um prédio.

ii. Segunda geração (1959-1964)

Na segunda geração, houve a substituição das válvulas eletrônicas por transístores, o que
diminuiu muito o tamanho do hardware. A tecnologia de circuitos impressos também foi criada,
evitando que fios e cabos elétricos ficassem espalhados. É possível dividir os computadores
dessa geração em duas grandes categorias: supercomputadores e minicomputadores.

IBM 7030

O IBM 7030, também conhecido como Strech, foi o primeiro supercomputador lançado na
segunda geração, desenvolvido pela IBM. Seu tamanho era bem reduzido se comparado com
máquinas como o ENIAC, podendo ocupar somente uma sala comum. Ele era utilizado por
grandes companhias, custando em torno de 13 milhões de dólares na época.

A máquina executava cálculos em microssegundos, o que permitia até 1 milhão de operações


por segundo; dessa maneira, um novo patamar de velocidade foi atingido.

Várias linguagens foram desenvolvidas para os computadores de segunda geração, como


Fortran, Cobol e Algol; assim, softwares podiam ser criados com mais facilidade. Muitos
mainframes (modo como as máquinas da época são chamadas) ainda estão em funcionamento
em várias empresas até hoje, como na própria IBM.

PDP-8

PDP-8 foi um dos minicomputadores mais conhecidos da segunda geração. Basicamente, foi
uma versão mais básica do supercomputador, sendo mais atrativo do ponto de vista financeiro,
custando centenas de milhões de dólares a menos.

iii. Terceira geração (1964-1970)

Os computadores dessa geração foram conhecidos pelo uso de circuitos integrados que
permitiram que uma mesma placa armazenasse vários circuitos que se comunicavam com
hardwares distintos ao mesmo tempo. Dessa maneira, as máquinas se tornaram mais velozes e
com um número maior de funcionalidades. O preço também diminuiu consideravelmente.

Um dos principais exemplos da terceira geração é o IBM 360/91, lançado em 1967, um grande
sucesso em vendas na época. Essa máquina já trabalhava com dispositivos de entrada e saída
modernos, como discos e fitas de armazenamento, além de poder imprimir todos os resultados
em papel.

O IBM 360/91 foi um dos primeiros a permitir programação da CPU por microcódigo, então as
operações usadas por um processador qualquer podiam ser gravadas através de softwares, sem
a necessidade de projetar todo o circuito de forma manual.

No final desse período houve preocupação com a falta de qualidade no desenvolvimento de


softwares, visto que grande parte das empresas estava focada em hardware.

iv. Quarta geração (1970 até hoje)


A quarta geração é conhecida pelo advento dos microprocessadores e computadores pessoais,
com a redução drástica do tamanho e do preço das máquinas. As CPUs atingiram o incrível
patamar de bilhões de operações por segundo, permitindo que muitas tarefas fossem
implementadas.

Os circuitos acabaram se tornando ainda mais integrados e menores, o que possibilitou o


desenvolvimento dos microprocessadores. Quanto mais o tempo foi passando, mais fácil foi
comprar um computador pessoal. Nessa era, os softwares e sistemas se tornaram tão
importantes quanto o hardware.

Altair 8800

O Altair 8800, lançado em 1975, revolucionou tudo o que era conhecido como computador até
aquela época. Com tamanho que cabia facilmente em uma mesa e em formato retangular, era
muito mais rápido que os modelos anteriores. O projeto usava o processador 8080 da Intel, o
que propiciou todo esse desempenho.

Com todo o boom do Altair, um jovem programador chamado Bill Gates se interessou pela
máquina, criando a linguagem de programação Altair Basic. O computador funcionava com
cartões de entradas e saída sem uma interface gráfica propriamente dita.

Apple, Lisa e Macintosh

Vendo o sucesso do Altair, Steve Jobs (fundador da Apple) sentiu que faltava algo no projeto:
apesar de suas funcionalidades, o computador não era fácil de ser utilizado.

Jobs sempre foi conhecido por ter um lado artístico apurado, então em sua opinião um
computador deveria representar de maneira gráfica o seu funcionamento, ao contrário de luzes
que acendiam e apagavam. O Apple I, lançado em 1976, pode ser considerado o primeiro
computador pessoal, pois acompanhava um pequeno monitor que exibia o que estava
acontecendo no PC. Como o sucesso da máquina foi muito grande, em 1979 foi lançado o Apple
II, que seguia essa ideia.

Na mesma linha, os computadores Lisa (1983) e Macintosh (1984) foram os primeiros a usar
mouse e ter a interface gráfica como conhecemos hoje, com pastas, menus e área de trabalho.
Não é preciso dizer que esses PCs tiveram um sucesso estrondoso, vendendo um número
enorme de máquinas.

Microsoft e processadores Intel

Paralelamente à Apple, Gates fundou a Microsoft, que também desenvolvia computadores. No


começo de sua existência, no fim dos anos 1970 até meados dos anos 1980, ele usou as ideias
contidas nas outras máquinas para construir as próprias. Utilizando processadores 8086 da Intel,
o primeiro sistema operacional da Microsoft, MS-DOS, estava muito aquém dos desenvolvidos
por Jobs.

Por esse motivo, Gates acabou criando uma parceria com Jobs e, após algum tempo, copiou
toda a tecnologia gráfica do Macintosh para o seu novo sistema operacional, o Windows. E
Macintosh e Windows se tornaram fortes concorrentes. Com a demissão de Jobs da Apple, a
empresa acabou muito enfraquecida, e a Microsoft se tornou a líder do mercado de
computadores pessoais.
Desde aquela época, vários processadores Intel foram lançados, acompanhados de várias
versões de Windows. Entre os modelos Intel, podemos citar 8086, 286, 386, 486, Pentium,
Pentium 2, Pentium 3, Pentium 4, Core 2 Duo e i7. A AMD entrou no ramo de processadores em
1993 com o K5, lançando K6, K7, Athlon, Duron, Sempron, entre outros.

Todos os computadores pessoais lançados atualmente são bastante derivados das ideias criadas
pela Apple e pela Microsoft.

Multi-core

Uma das principais tendências dos últimos anos no mercado de desktops é a chamada multi-
core, que consiste em vários processadores trabalhando paralelamente, o que faz as tarefas
poderem ser divididas e executadas de maneira mais eficiente. No início da década de 2000, os
transístores usados no processador já estavam muito pequenos, causando aquecimento maior
que o esperado. Dessa maneira, foi necessário dividir a CPU em vários núcleos.

Computação de bolso e tablets

De alguns anos para cá, cada vez mais computadores móveis são lançados no mercado, os quais
podem ser carregados dentro do bolso — por isso o seu nome. Entre esses dispositivos podemos
citar os celulares, que cada vez mais executam funções existentes nos computadores, tendo
sistemas operacionais completos, além de palmtops, pendrives, câmeras fotográficas, TVs
portáteis etc.

Na verdade, a principal tendência do futuro, que já está ocorrendo agora, é a união de muitas
funcionalidades em um mesmo aparelho. A chegada dos tablets ao mercado foi outro grande
passo para que isso se tornasse realidade.

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