Você está na página 1de 86

Escola 

Superior de Tecnologia e 
Gestão do Instituto Superior 
Politécnico de Viana do Castelo 

Apontamentos Teórico­Práticos 
de 
Análise Matemática 
 

4ª edição, 2011 
 
 
 
Teresa A. Mesquita  
(taugusta@estg.ipvc.pt) 
 
INDICE 
1. Funções reais de variável real 2
1.1 Breve revisão sobre o estudo de uma função 2
1.2 Funções trigonométricas inversas 10
1.3 Função derivada 13
1.4 Derivadas de ordem superior à primeira 15
1.5 Derivação de uma função composta 15
1.6 Derivada da função inversa 16
1.7 Derivação implícita 16
1.8 Aplicação da derivação à determinação dos extremos de funções 17
1.9 Outros teoremas fundamentais sobre funções deriváveis 20

2. Fórmula de Taylor e Aplicações 23

3. Integral indefinido 25
3.1 Integração por partes 28
3.2 Integração de funções racionais 29
3.3 Integração por mudança de variável ou substituição 32

4. Integral definido 39
4.1 Aplicações dos integrais definidos 44
4.2 Integrais impróprios 46

5. Cálculo diferencial em IR n 50
5.1 Função a várias variáveis reais 50
5.2 Representação gráfica de um campo escalar a duas variáveis 52
5.3 Breves noções topológicas 53
5.4 Limites e continuidade 55
5.5 Derivadas parciais 58
5.6 Derivadas parciais de ordem superior à primeira. Teorema de Schwarz 62
5.7 Derivada Direccional 65
5.8 Derivação de uma função composta (ou regra da cadeia) 67
5.9 Noção de derivada e de diferencial 68
5.10 Gradiente 71
5.11 Máximos e mínimos locais (extremos livres) 74
5.12 Extremos condicionados 78
Bibliografia 85

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa A. Mesquita 2011 1


1. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 

Relativamente a este capítulo, recomendamos a consulta das referências bibliográficas [ELL], [HR], [AJ],
[EWS], [PISK], [LHE], [JCS].

1.1 Breve revisão sobre o estudo de uma função  

Conceito de Função
Uma função consta de três partes:
• um conjunto A, chamado domínio da função (ou o conjunto onde a função é definida),
• um conjunto B, chamado conjunto de chegada, ou o conjunto onde a função toma
valores,
• e uma regra que permite associar, de modo bem determinado, a cada elemento x ∈ A ,
chamado objecto de f , um único elemento f ( x) ∈ B , chamado o valor que a função
assume em x ou imagem de x .

Esquematicamente:
f: A → B
x f ( x)
Ao conjunto de todas as imagens
{y ∈ B : y = f ( x), para algum x ∈ A}

designamos por contradomínio de f .


O gráfico de uma função f : A → B é o subconjunto G ( f ) do produto cartesiano A × B

formado pelos pares ordenados ( x, f ( x) ) , onde x ∈ A é arbitrário. Ou seja,

G ( f ) = {( x, y ) ∈ A × B : y = f ( x)}

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa A. Mesquita 2011 2


Na figura à esquerda temos o gráfico de uma função f : A → B . A figura à direita mostra um
subconjunto de A × B que não pode ser gráfico de uma função de A em B .

Uma função f : A → B diz-se injectiva quando, dados x, y quaisquer em A ,


f ( x) = f ( y ) ⇒ x = y ,
ou por outras palavras, x ≠ y ⇒ f ( x) ≠ f ( y ) .
Uma função f : A → B diz-se sobrejectiva quando para todo o y ∈ B existe pelo menos
um x ∈ A , tal que f ( x) = y , ou por outras palavras, quando o contradomínio de f é igual a B .

FUNÇÃO REAL DE VARIÁVEL REAL 

Numa função real de variável real, A ⊆ IR e B = IR .

NOTA: Os capítulos 1,2,3 e 4 tratarão apenas funções reais de variável real tornando
desnecessária a utilização constante desta longa terminologia; assim, substituiremo-la por
função.

Muitas vezes o domínio de uma função não é especificado, sendo apenas definida pela regra que
transforma cada objecto na sua imagem.
Nestas circunstâncias, o domínio é o subconjunto de IR seguinte
D f = { x ∈ IR : f ( x) ∈ IR} .

1
Exemplo: A função f ( x) = tem domínio IR \ {0} .
x

Dada uma função f : A ⊆ IR → IR , um elemento x ∈ A é designado zero de f se f ( x) = 0 .

Exercício:
1.1. Considere as seguintes funções: a) f ( x) = x 2 ; b) f ( x) = x3 ; c) f ( x) = x .
a) Determine o domínio e averigue se são injectivas e sobrejectivas.
b) Calcule os zeros e estude o sinal das funções determinando os conjuntos { x ∈ D f : f ( x) > 0} e

{x ∈ D f : f ( x) < 0} .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa A. Mesquita 2011 3


Através do gráfico, é possível representar geometricamente qualquer função real de variável real
no plano cartesiano IR × IR .
1 1
Assim, f ( x) = , ou y = , apresenta-se da seguinte forma:
x x

40

20

-2 -1 1 2

-20

-40

Exercício: 1.2. Os gráficos das funções a) f ( x) = x 2 ; b) f ( x) = x 3 e c) f ( x) = x , esboçam-se,


respectivamente, do seguinte modo:
4

-2 -1 1 2

0.15

0.1

0.05

-2 -1 1 2
-0.05

-0.1

-0.15

1.4

1.2

0.8

0.6

0.4

0.2

0.5 1 1.5 2

Com base nestas representações, analise o contradomínio das funções e, de novo, os seus
domínios, injectividade e sobrejectividade.
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa A. Mesquita 2011 4
Monotonia
f : A ⊆ IR → IR diz-se crescente em ]a, b[ ⊆ A se para quaisquer x, y ∈ ]a, b[

x < y ⇒ f ( x) ≤ f ( y ) .

f : A ⊆ IR → IR diz-se estritamente crescente em ]a, b[ ⊆ A se para quaisquer x, y ∈ ]a, b[

x < y ⇒ f ( x) < f ( y ) .

f : A ⊆ IR → IR diz-se decrescente em ]a, b[ ⊆ A se para quaisquer x, y ∈ ]a, b[

x < y ⇒ f ( x) ≥ f ( y ) .

f : A ⊆ IR → IR diz-se estritamente decrescente em ]a, b[ ⊆ A se para quaisquer x, y ∈ ]a, b[

x < y ⇒ f ( x) > f ( y ) .

onde ]a, b[ é um intervalo de números reais não necessariamente limitado.

Exemplos: A função f ( x) = x 2 é estritamente decrescente em ]−∞, 0[ e estritamente crescente

em ]0, +∞[ .

A função f ( x) = x 3 é estritamente crescente no seu domínio em IR .


1
A função f ( x) = é estritamente decrescente em ]−∞, 0[ e em ]0, +∞[ .
x

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa A. Mesquita 2011 5


Composição de funções
Sejam f : A ⊆ IR → IR e g : B → IR funções tais que o domínio de g é igual ao contradomínio
de f , isto é, B = f ( A) . Neste caso, podemos definir a função composta g f : A → IR que
consiste em aplicar primeiro f a x ∈ A e de seguida aplicar g a f ( x) ∈ B , ou seja,

(g f ) ( x) = g ( f ( x) ) , para todo x ∈ A .

Nota: Mais geralmente, basta que f ( A) ⊆ B para que a definição (g f ) ( x) = g ( f ( x) ) faça

sentido e forneça a função composta g f .

Exercícios:
1.3. Se g ( x) = 4 x 2 − 3x + 1 , calcule o seguinte:
a) g (a) ; b) g (− a ) ; c) g (b) ; d) g (a + b) ; e) É verdade que g (a + b) = g (a ) + g (b) ?
f ( x + h) − f ( x )
1.4. Se f ( x) = x 2 − 3x + 8 , calcule , h ≠ 0 e simplifique.
h
1.5. Determine o domínio de cada uma das seguintes funções:
1 1
a) g ( x) = 4 − x ; b) f ( x) = 1 + ; c) f ( x) = .
x−2 x +1
1.6. Se (1,3) está no gráfico de y = f ( x) , então f (1) = ?

1.7. Se g ( x) = 1 − x3 , encontre g (−2) .

1.8. Se f ( x) = 2 x 3 + 1 e g ( x) = x 2 , determine as seguintes funções:


a) g f ; b) f g ; c) f f ; d) g g .

Função inversa
Seja f : A ⊆ IR → IR uma função injectiva. A função g : f ( A) ⊆ IR → IR é a inversa de f se
x = g ( y ) ⇔ y = f ( x) .

Ou de forma equivalente, se ( g f ) ( x) = x , x ∈ A e ( f g ) ( x) = x , x ∈ f ( A ) .

Neste caso, denota-se g por f −1 .

Exercício: 1.9. Mostre que a função f ( x) = 2 x + 1 é injectiva e determine a sua função inversa.

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa A. Mesquita 2011 6


Algumas funções elementares
Usando as referências bibliográficas, entre outras, realize um trabalho que cumpra as seguintes
duas tarefas:
1. Efectuar um resumo adequado relativo às características fundamentais das funções
polinomiais, racionais e irracionais, trigonométricas, exponenciais e logarítmicas.
2. Resolver os exercícios seguintes.

Exercícios:
1.10. Acerca das seguintes funções, indique o domínio, o contradomínio e os zeros, estude a
monotonia e o sinal e represente graficamente.
a) f ( x) = 3 x − 1 ; b) f ( x) = 7 − x ; c) f ( x) = 2 x 2 + 2 x − 4 ; d) f ( x) = x 2 + 1 ;

e) f ( x) = x 2 + x + 1 ; f) f ( x) = − x 2 + 2 x − 1 ;
g) f ( x) = sin( x) ; h) f ( x) = cos( x) ; i) f ( x) = tan( x) ;

j) f ( x) = e x ; l) f ( x) = 2 x ; m) f ( x) = ln( x) ; n) f ( x) = log 2 ( x) .

1.11. Justifique que f ( x) = e x é a função inversa de g ( x) = ln( x) . (Em geral, f ( x) = a x é a


função inversa de g ( x) = log a ( x) , para qualquer constante a > 0 e a ≠ 1 .)

1.12. Acerca das seguintes funções elementares, determine o domínio e os zeros.


3x + 1 3
a) f ( x) = e x − 1 ; b) f ( x) = ln( x − 1) ; c) f ( x) = ; d) f ( x) = ;
4x −1 x −1
1
e) f ( x) = ; f) f ( x) = cos(2 x − 1) ; g) f ( x) = sin(− x) ;
3x + 1

x2 + 3 x
h) f ( x) = ; i) f ( x) = .
x −2
2
4 x + 10

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa A. Mesquita 2011 7


Limites e Continuidade

Seja f uma função definida num intervalo aberto contendo a (excepto, possivelmente, o próprio
a ) e seja L um número real. A afirmação
lim f ( x) = L
x →a

significa que, para todo ε > 0 , existe um δ > 0 , tal que


se 0 < x − a < δ , então f ( x) − L < ε .

Seja A ⊆ IR ilimitado superiormente. Dada f : X → IR , escreve-se


lim f ( x) = L ,
x →+∞

quando o número L satisfaz à seguinte condição: para todo ε > 0 , existe um M > 0 , tal que
se x ∈ A, x > M , então f ( x) − L < ε .

De modo análogo define-se lim f ( x) = L , quando o domínio de f é ilimitado inferiormente.


x →−∞

Uma função f é contínua em a se só se:


i. f encontra-se definida num intervalo aberto contendo a ;
ii. lim f ( x) existe;
x →a

iii. lim f ( x) = f (a) .


x →a

Usando as referências bibliográficas, entre outras, realize um trabalho que cumpra as seguintes
duas tarefas:
1. Efectuar um resumo adequado relativo à definição de limite e aos teoremas de cálculo
analítico de limites.
2. Resolver os exercícios seguintes.

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa A. Mesquita 2011 8


Exercícios:
1.13. Determine:
a) lim e x −1 ; b) lim e x −1 ;c) lim e x −1 ;
x →+∞ x →0 x →−∞

d) lim ; e) lim ( − x 2 + x ) ; f) lim ( − x 2 + x ) ;


1
x →0 x x →−∞ x →+∞

g) lim ln(1 − x) ; h) lim+ ln( x) ;


x →−∞ x →0

i) lim ( x 2 − x ) ; j) lim ( x − x 2 ) ;
x →+∞ x →+∞

x2 −1
l) lim .
x →1 x −1

1.14. Indique o domínio e estude a continuidade das seguintes funções:


3x + 1
a) f ( x) = e x − 1 ; b) f ( x) = ln( x − 1) ; c) f ( x) = ;
4x −1
⎧ln ( x 2 + 1) se x < 1
⎧ e x se x ≥ 0 ⎪
d) f ( x) = ⎨ ; e) f ( x) = ⎨ 1 ;
⎩ x + 1 se x < 0 ⎪ se x ≥ 1
⎩ x

⎧ln ( x ) se 0 < x <1


f) f ( x) = ⎨ .
⎩2 x + 1 se x ≤ 0 ∨ x ≥ 1

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa A. Mesquita 2011 9


1.2 Funções Trigonométricas Inversas  

As funções seno, co-seno, tangente e co-tangente não são injectivas nos seus domínios. Assim,
para definir uma função inversa para cada uma, teremos de considerar restrições destas funções a
domínios nos quais sejam injectivas. Consideram-se restrições a intervalos onde as funções
assumam todos os seus valores do respectivo contradomínio.

⎡ π π⎤
A função seno restrita ao intervalo ⎢ − , ⎥ é injectiva e tem contradomínio [ −1,1] ; por
⎣ 2 2⎦
conseguinte, define-se a função arco do seno:

⎡ π π⎤
arcsin : [ −1,1] → ⎢− , ⎥
⎣ 2 2⎦

x arcsin( x)

⎡ π π⎤
tal que arcsin(sin( x )) = x, x ∈ ⎢− , ⎥ e
⎣ 2 2⎦
sin ( arcsin( x ) ) = x, x ∈ [ −1,1] .

A função arco do seno é crescente no seu


domínio, isto é,
 
.

A função co-seno restrita ao intervalo [ 0, π ] é injectiva e tem contradomínio [ −1,1] ; por

conseguinte, define-se a função arco do co-seno:

arccos : [ −1,1] → [0, π ]

x arccos( x )

tal que arccos(cos( x )) = x, x ∈ [ 0, π ] e

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa A. Mesquita 2011 10


cos ( arccos( x) ) = x, x ∈ [ −1,1] .

A função arco do co-seno é decrescente no seu


domínio, isto é,
 
.

⎤ π π⎡
A função tangente restrita ao intervalo ⎥ − , ⎢ é injectiva e tem contradomínio IR ; por
⎦ 2 2⎣
conseguinte, define-se a função arco da tangente:

⎤ π π⎡
arctan : IR → ⎥ − , ⎢
⎦ 2 2⎣

x arctan( x )

⎤ π π⎡
tal que arctan(tan( x )) = x, x ∈ ⎥− , ⎢ e
⎦ 2 2⎣
tan ( arctan( x) ) = x, x ∈ IR .

A função arco da tangente é crescente no seu


domínio, isto é,

A função co-tangente restrita ao intervalo ]0, π [ é injectiva e tem contradomínio IR ; por

conseguinte, define-se a função arco da co-tangente:

arccotan : IR → ]0, π [

x arccotan( x)

tal que arccotan(cotan( x )) = x, x ∈ ]0, π [ e

cotan ( arccotan( x) ) = x, x ∈ IR .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa A. Mesquita 2011 11


A função arco da co-tangente é decrescente no seu domínio, isto é,

Relembremos ainda as seguintes fórmulas trigonométricas.


sin( x) cos( x) 1
1. sin 2 ( x) + cos 2 ( x) = 1 2. tan( x) = 3. cotan( x) = 4. sec( x) =
cos( x) sin( x) cos( x)
1
5. cos ec( x) = 6. 1 + tan 2 ( x) = sec 2 ( x) 7. 1 + cotan 2 ( x) = cos ec 2 ( x)
sin( x)

8. sin(2 x) = 2sin( x) cos( x) 9. cos(2 x) = cos 2 ( x) − sin 2 ( x)


1 + cos(2 x) 1 − cos(2 x)
10. cos 2 ( x) = 11. sin 2 ( x) =
2 2
12. sin( x ± y ) = sin( x) cos( y ) ± sin( y ) cos( x) 13. cos( x ± y ) = cos( x) cos( y ) ∓ sin( x) sin( y )

Exercícios:
1.15. Utilizando fórmulas trigonométricas, como por exemplo, a fórmula fundamental da
trigonometria, determine:

⎛ ⎛ 3 ⎞⎞ ⎛ ⎛ 1 ⎞⎞ ⎛ ⎛ 2 ⎞⎞
a) tan ⎜ arcsin ⎜ ⎟ ⎟ ; b) cos ⎜ 2 arcsin ⎜ − ⎟ ⎟ ; c) sin ⎜ 2 arccos ⎜ − ⎟ ⎟ ;
⎝ ⎝ 4 ⎠⎠ ⎝ ⎝ 4 ⎠⎠ ⎝ ⎝ 7 ⎠⎠

⎛ ⎛3⎞ ⎛ 1 ⎞⎞
d) sin ⎜ 2 arcsin ⎜ ⎟ + arccos ⎜ − ⎟ ⎟
⎝ ⎝4⎠ ⎝ 7 ⎠⎠
1.16. Determine o domínio, o contradomínio e determine a função inversa das seguintes
funções:
a) f ( x ) = arcsin ( 2 x − 1) ; b) f ( x ) = arctan (π − x ) ; c) f ( x ) = arccos ( 2 − x ) .

Nota: A função seno (respectivamente, a função tangente) é habitualmente indicada como


sin( x ) ou sen( x ) (respectivamente, tan( x ) ou tg ( x ) ). Ao longo destes apontamentos as duas
notações serão usadas.

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa A. Mesquita 2011 12


1.3 Função derivada  

Seja f uma função real de variável real definida no intervalo aberto ]a, b[ (não
necessariamente limitado):
f : ]a, b[
→ IR
x → f ( x)
Seja x0 um ponto do intervalo ]a, b[ . Por definição, a derivada de f no ponto x0 é dada
por:
f ( x) − f ( x0 )
f ′( x0 ) = lim .
x → x0 x − x0

Caso este limite exista, dizemos que f é derivável em x0 .

f ( x) − f ( x0 )
O quociente representa a inclinação (ou declive) da secante ao gráfico de f
x − x0

que passa pelos pontos ( x0 , f ( x0 ) ) e ( x, f ( x) ) .

A recta que passa pelo ponto ( x0 , f ( x0 ) ) e tem declive f ′( x0 ) chama-se recta tangente ao

gráfico de f no ponto ( x0 , f ( x0 ) ) .

f ( x 0 + h) − f ( x 0 )
Definição equivalente: f ′( x0 ) = lim (fazendo x = x0 + h ).
h →0 h

Sugestão: Pesquisando a web, encontrará diversos conteúdos, em particular, animações que


ilustram geometricamente o conceito de derivada.

Quando a função f : ]a, b[ → IR possui derivada em todos os pontos do domínio, considera-


se a função derivada f ′ : ]a, b[ → IR , que associa a cada x ∈ ]a, b[ a derivada f ′(x) .

Exercícios:

1.17. Se f ( x) = 3 x 2 − 5 x + 4 , calcule f ′ . Qual o domínio de f ′ ? Calcule f ′(2) , f ′ − 2 . ( )


1.18. Se f ( x) = x , x ∈ IR , calcule f ′ . Qual o domínio de f ′ ?

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 13


Quando f ′ é contínua em ]a, b[ , diz-se que f é uma função de classe C 1 em ]a, b[ . Isto nem
sempre ocorre, a função derivada não é sempre contínua, como se exemplifica de imediato.
Consideremos a função g : IR → IR definida por g ( x) = x 2 sen(1 / x) se x ≠ 0 e g (0) = 0 . A
função g possui derivada para todo o x ∈ IR e no entanto a função derivada g ′ : IR → IR
não é contínua em x = 0 (confirme as duas últimas afirmações).

REGRAS DE DERIVAÇÃO 
Derivada de uma função linear f ( x) = mx + b , x ∈ IR , m e b constantes reais:
f ( x + h) − f ( x ) m( x + h) + b − (mx + b)
f ′( x) = lim = lim = lim m = m
h →0 h h →0 h h →0

Daqui decorre a regra de derivação: (mx + b)′ = m .

De modo análogo se demonstra que:

( u + v )′ = u′ + v′ para quaisquer u = f ( x) e v = g ( x) ,

( x )′ = nx
n n −1
, para qualquer inteiro n.

Estas igualdades, juntamente com todas as que encontramos nos formulários habituais de
regras de derivação, constituem eficazes atalhos na determinação da função derivada.

Exercícios:
5
1.19. Determine a equação da recta tangente ao gráfico de y = , nos seguintes pontos:
1 + x2
⎛ 5⎞
a) ( 0,5 ) ; b) ⎜ 1, ⎟ ; c) ( −2,1) .
⎝ 2⎠
1.20. Determine a equação da tangente ao gráfico de y = 3 x 2 + 4 x − 6 paralela à recta
5x − 2 y − 1 = 0 .

1.21. Para cada uma das seguintes funções, calcule f ′(x ) :

; b) f ( x) = ( x 2 − 3x + 8 ) ; c) f ( x) = ( 5 x 2 − 2 x + 1) ;
x 3 −3
a) f ( x) =
(x − 1)
2 4

2x −1
d) f ( x) = ln ( x 2 − 1) ; e) f ( x) = 3 2 x − 1 ; f) f ( x) =
1
3 ; g) f ( x) = .
x−3 x
(Pode encontrar exercícios análogos nas páginas 135 -138 da referência [PISK].)

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 14


1.4 Derivadas de ordem superior à primeira  

Se f (x) for derivável num ponto x0 de ]a, b[ , e se f ′(x) também for derivável em x0 , a

( f ′)′ ( x0 )
chama-se a segunda derivada de f em x0 , que pode ainda ser representada por:

⎛d2 f ⎞
f ( x0 ) ou ⎜ 2
′′ ⎟ .
⎜ dx ⎟
⎝ ⎠ x = x0

De um modo geral, a função f diz-se derivável n vezes em x0 se e só se f e todas as suas

derivadas até à ordem n − 1 admitirem derivadas em x0 . Nessa situação, pode-se definir a

derivada de ordem n de f em x0 do seguinte modo:

( ) ′
f (n ) ( x0 ) = f (n −1) ( x0 ) com f (0 ) ( x0 ) = f ( x0 ) , n ∈ IN 0 ,

⎛dn f ⎞
sendo também usual a notação: ⎜ n ⎟ .
⎜ dx ⎟
⎝ ⎠ x = x0

Diz-se que um função f é de classe C k ( k ∈ IN 0 ) se e só se todas as suas derivadas até à

ordem k forem contínuas em ]a, b[ .

1.5 Derivação de uma função composta  

Regra de derivação de funções compostas (regra da cadeia).


Sejam f : ]a, b[ → IR , g : ]c, d [ → IR , tais que f (]a, b[) ⊂ ]c, d [ .
Sejam x0 um ponto do intervalo ]a, b[ e y 0 = f ( x0 ) .

Se f ′( x0 ) e g ′( y 0 ) existem então (g D f )′ (x0 ) existe e

(g D f )′ ( x0 ) = g ′( y0 ). f ′( x0 ) .

Exercício:
1.22. Sejam f ( x) = x , definida em [0, +∞[ , e g ( x) = 2 x + 1 , determine ( g D f ) ( x) e

( g D f )′ ( x) pela regra da cadeia. Indique o domínio de ( g D f ) ( x) e de ( g D f )′ ( x) .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 15


1.6 Derivada da função inversa  
Seja f : ]a, b[ → IR injectiva e derivável, e f ( ]a, b[ ) = B o seu contradomínio. Seja ainda

f −1 : B → IR a sua inversa, ou seja,

(f −1
D f ) ( x) = x, x ∈ ]a, b[ e ( f D f −1 ) ( x) = x, x ∈ B .

Suponhamos ainda que f −1 é derivável.

Em particular, ( f −1 D f )′ ( x) = 1, x ∈ ]a, b[ .

Pela regra de derivação de uma função composta, sendo y = f ( x) ,

(f −1
D f )′ ( x) = ( f −1 )′ ( y ). f ′( x)

⇔ 1 = ( f −1 )′ ( y ). f ′( x)

⇔ ( f −1 )′ ( y ) =
1
f ′( x)

Exercício:

1.23. Mostre que ( arcsin( x) )′ =


1
, x ∈ ]−1,1[ , usando a regra de derivação da função
1 − x2
inversa.

1.7 Derivação implícita  

Uma equação do tipo f ( x, y ) = 0 nem sempre permite obter explicitamente y como função

de x . Por exemplo, da equação x 2 + y 2 = 1 , teríamos

y = ± 1− x2 ,
que não é uma função, visto que a cada x corresponderiam dois valores de y .
Todavia, se tomamos o ponto (0,1) que verifica a equação, é fácil constatar que existe uma
vizinhança de 0 , isto é, um intervalo ]0 − ε ,0 + ε [ ( ε > 0 ), no qual se pode definir a função
que a cada x desse intervalo corresponde um único y duma certa vizinhança de 1 . Por outras
palavras, existe uma função
φ : ]− ε , ε [ → ]1 − δ ,1 + δ [
x → y = φ ( x)

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 16


Neste caso, diz-se que a equação x 2 + y 2 = 1 define implicitamente y como função de x em
torno do ponto (0,1) .
O mesmo já não é possível afirmar sobre o ponto (1,0 ) (ou (− 1,0 ) ), pois a cada x de qualquer
vizinhança de 1 , ou não corresponde nenhum y tal que ( x, y ) verifica a equação (se x > 1 ),

ou correspondem dois valores de y (se x < 1 ). Conclui-se então que a equação x 2 + y 2 = 1


não define implicitamente y como função de x em torno do ponto (1,0 ) .

Supondo que uma dada equação f ( x, y ) = 0 define implicitamente y como função de x ,


y = φ (x) , pode-se facilmente obter a derivada desta função φ , sem ter de a conhecer. Basta
derivar toda a equação f ( x, y ) = 0 , considerando que y é função de x uma vez que na

vizinhança adequada f ( x, y ) = 0 ⇔ f ( x, φ ( x) ) = 0 .

Exercício: 1.24. Seja y = φ (x) uma função definida implicitamente pela equação

ey = x − y .
dy
em torno do ponto (1, 0) . Calcule em x = 1 e escreva uma equação da recta tangente ao
dx
gráfico de φ nesse ponto.

1.8 Aplicação da derivação à determinação dos extremos de 
funções  

Lembramos que uma função real f possui um máximo relativo em c ∈ D f se

f ( x) ≤ f (c), ∀x ∈ U ⊂ D f

para algum intervalo aberto U que contém c .


Analogamente, f possui um mínimo relativo em c ∈ D f se

f ( x) ≥ f (c), ∀x ∈ U ⊂ D f

para algum intervalo aberto U que contém c .


[Diremos máximo absoluto (ou mínimo absoluto) se U = D f .]

Um número que é ou máximo relativo ou um mínimo relativo de uma função f , chama-se


valor extremo de f .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 17


Teorema (Anulamento da derivada num valor extremo)
Seja f : I → IR , I intervalo aberto e admita-se que f tem um extremo em c ∈ I . Se a
derivada f ′(c) existe, então f ′(c) = 0 .

É importante notar que uma derivada nula em c ∈ I não implica a existência dum extremo

nesse ponto. Por exemplo, seja f ( x) = x 3 ; f ′(0) = 0 e no entanto esta função é crescente em
todo o intervalo contendo o zero, pelo que não existe extremo em zero.
Por outro lado, a função f ( x) = x mostra que nem sempre num extremo a função apresenta

derivada nula. Neste caso existe um mínimo relativo em zero, mas não existe derivada em
zero.

Teorema
Se f é uma função contínua num intervalo ]a, b[ e derivável em cada elemento de ]a, b[ ,
então temos o seguinte:
a) Se f ′( x) > 0 , ∀x ∈ ]a, b[ , então f é estritamente crescente em ]a, b[ ;
b) Se f ′( x) < 0 , ∀x ∈ ]a, b[ , então f é estritamente decrescente em ]a, b[ ;
c) Se f ′( x) = 0 , ∀x ∈ ]a, b[ , então f é constante em ]a, b[ ;

Deste teorema decorre o seguinte:


Se f é uma função contínua num intervalo ]a, b[ e derivável em cada elemento de ]a, b[ ,
excepto eventualmente em c , temos ainda que
a) Se f ′(x) é positiva para todo o x < c e é negativa para todo x > c , então f tem um
máximo relativo em c ;
b) Se f ′(x) é negativa para todo o x < c e é positiva para todo x > c , então f tem um
mínimo relativo em c .

Teorema (teste da segunda derivada para a determinação de extremos)


Seja f : ]a, b[ → IR e c ∈ ]a, b[ tal que f ′(c) = 0 . Se f admite segunda derivada em ]a, b[ ,
temos o seguinte:
a) Se f ′′ é negativa em ]a, b[ , então f tem um máximo relativo em c ;
b) Se f ′′ é positiva em ]a, b[ , então f tem um mínimo relativo em c .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 18


Nota: se a segunda derivada for contínua numa vizinhança de c , então diremos que se
f ′′(c) < 0 então f tem um máximo relativo em c e se f ′′(c) > 0 então f tem um mínimo
relativo em c .

Em suma, os candidatos a extremos pertencentes a intervalos abertos contidos no domínio da


função (e onde a função é derivável) são os zeros da função derivada. No entanto, não
poderemos deixar de considerar também como candidatos, os elementos do domínio onde a
função não seja derivável, assim como elementos do domínio que não estejam contidos em
intervalos abertos do domínio.

Exercícios:
1.25. Dado o número positivo S , prove que entre todos os pares possíveis de números
1
positivos x e y tais que x + y = S , o produto xy é máximo quando x = y = S.
2
1.26. Calcule os extremos de f (t ) = 2 t − 5 .

1.27. Após t horas, a concentração em miligramas por cm 3 de um remédio A no sangue de


18t
uma pessoa é dada por C (t ) =
(
100 t + 3t + 25
2
)
. Determine o período t no qual a

concentração é mais intensa.

1.28. Um gestor pretende maximizar os lucros de uma empresa. Assumindo que a receita total
é dada por R = 6400Q − 20Q 2 e o custo total por C = Q 3 − 5Q 2 + 400Q + 52000 , determine
o valor da variável Q para que tal aconteça.

1.29. Um homem deseja cercar um campo rectangular e dividi-lo em três lotes por meio de
mais duas cercas paralelas a um dos lados do rectângulo. Se ele dispõe de 1000 metros de
cerca, que dimensões lhe proporcionarão área máxima?

1.30. Dado S > 0 , prove que entre todos os pares de números positivos x e y com
x + y = S , a soma x 2 + y 2 é mínima quando x = y .

2
1.31. Calcule os extremos da função f ( x) = 2 − ( x − 1) 3 , (solução: f toma valor máximo
igual a 2 em x = 1 ).

1.32. Calcule os extremos da função f ( x) = x 4 − 4 x 3 , definida no intervalo x ∈ ]1, +∞[ .


 

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 19


1.9 Outros teoremas fundamentais sobre funções deriváveis  

Teorema de Rolle
Seja f uma função contínua em [ a, b ] e derivável em ]a, b[ .

Se f (a) = f (b) , então existe pelo menos um elemento x0 de ]a, b[ tal que f ′ ( x0 ) = 0 .

Corolário do Teorema de Rolle


Seja f : ]a, b[ → IR uma função derivável (onde ]a, b[ não é necessariamente limitado).

I. Entre dois zeros de f existe pelo menos um zero da derivada f ′ .


II. Entre dois zeros consecutivos da derivada f ′ existe, quando muito, um zero de f .

III. Se f ′( x) ≠ 0, ∀x ∈ ]a, b[ , então f tem, no máximo, um zero em ]a, b[ .

Exercício:
x3
1.33. Considere as funções f ( x) = 3 x − e − x , g ( x) = ln(2 − x) − 2 x , h( x) = − + 3x 2 + 7 x − 1
3
x3
e j ( x) = − x + 2 . Para cada uma,
3
a) determine o domínio;
b) determine o número máximo de zeros, usando o corolário do teorema de Rolle;
c) utilizando o teorema dos valores intermédios, cujo enunciado é o seguinte:
“Seja f uma função contínua em [ a, b ] . Se f (a) < d < f (b) ou f (b) < d < f (a ) , então

existe c ∈ ]a, b[ tal que f (c) = d .”

determine o número exacto de zeros e localize-os.

Respostas: f tem exactamente um zero (que se encontra no intervalo [ 0,1] ); g tem


exactamente um zero (que se encontra no intervalo [ 0,1] ); h tem exactamente três zeros (que
se encontram, respectivamente, nos intervalos ]−∞, −1[ , ]−1, 7[ e ]7, +∞[ ); j tem
exactamente um zero (que se encontra no intervalo ]−∞, −1[ ).

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 20


Regra de L´Hospital I •
Sejam f e g funções deriváveis em ]a, b[ , intervalo que contém c , com a possível excepção
de c .
Suponhamos que g ′( x) ≠ 0 para todo o x ∈ ]a, b[ , com a possível excepção de c .
f ( x) 0
Se o limite de quando x → c + produz a forma indeterminada , então
g ( x) 0
f ( x) f ′( x)
lim+ = lim+
x →c g ( x ) x → c g ′( x )

desde que o limite no lado direito exista (ou seja infinito).

A mesma afirmação é válida para o limite à esquerda, para limites bilaterais e também para
x → +∞ ou x → −∞ .

Regra de L´Hospital II •
Sejam f e g funções deriváveis em ]a, b[ , intervalo que contém c , com a possível excepção
de c .
Suponhamos que g ′( x) ≠ 0 para todo o x ∈ ]a, b[ , com a possível excepção de c .
f ( x) ±∞
Se o limite de quando x → c + produz a forma indeterminada , então
g ( x) ±∞
f ( x) f ′( x)
lim+ = lim+
x →c g ( x ) x → c g ′( x )

desde que o limite no lado direito exista (ou seja infinito).

A mesma afirmação é válida para o limite à esquerda, para limites bilaterais e também para
x → +∞ ou x → −∞ .

Exercícios:
1.34. Determine os seguintes limites:
3x + 1 e2 x − 1 x2
a) lim ; b) lim ; c) lim − x ; Respostas: a) -3; b) 2; c) 0 .
x →+∞ 1 − x x →0 x x →−∞ e

As formas indeterminadas 0 × ∞ , ∞ − ∞ , 1∞ , ∞ 0 e 00 podem ser tratadas através de


0
manipulações que permitam reduzir o limite dado a uma forma indeterminada do tipo ou
0

. Relativamente às indeterminações 0× ∞ e ∞ − ∞ , o diagrama seguinte pretende resumir

os possíveis caminhos algébricos que conduzem cada uma das duas situações a uma
0 ∞
indeterminação do tipo ou .
0 ∞


Kitchen, J. W.; Cálculo; McGraw-Hill, 1986; p.536

Kitchen, J. W.; Cálculo; McGraw-Hill, 1986; p.537
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 21
Regra de l´Hospital

0 ∞
ou 0×∞ ∞−∞
0 ∞

f g
= = fg
1 1
g f

⎛1 1⎞
fg ⎜ − ⎟ = f −g
⎝g f ⎠

Relativamente às formas indeterminadas 1∞ , ∞ 0 e 00 , a sua resolução inicia-se através das


seguintes igualdades e são seguidas, em geral, pelo tratamento de formas indeterminadas
referidas anteriormente.

lim u = lim e
v ( ) = lim ev ln (u ) = e lim v ln (u )
ln u v
x→a

x→a x→a x→a

Exercícios:
1.35. Determine os seguintes limites:
⎛ 1 1 ⎞
x
⎛ 1⎞
a) lim e − x x ; b) lim+ ⎜ − + ; d) lim+ ( sin( x) ) .
x
⎟ ; c) lim ⎜ 1 ⎟
x →+∞ x →1
⎝ ln( x) x − 1 ⎠ x →+∞
⎝ x⎠ x →0

Respostas: a) 0; b) 1/2; c) e; d) 1.

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 22


2. FÓRMULA DE TAYLOR E APLICAÇÕES 

Relativamente ao presente capítulo, recomendamos a consulta das referências bibliográficas [AJ] e


[PISK].

Teorema (Fórmula de Taylor com resto de Lagrange)


Seja f uma função n + 1 vezes derivável no intervalo ]α , β [ e seja a ∈ ]α , β [ . Então

f ′′(a) f ( n ) (a) f ( n +1) (c)



f ( x) = f (a ) + f (a)( x − a ) + ( x − a) + " +
2
( x − a) +
n
( x − a ) n +1
 2! n!
 (n + 1)!

polinómio de Taylor de grau n Resto

para algum c entre x e a .

Nota: Quando a = 0 , a fórmula de Taylor toma a designação de fórmula de Mac-Laurin.

Exemplo: A fórmula de Mac-Laurin de f ( x) = e x , escreve-se do seguinte modo:


x 2 x3 xn ec
ex = 1 + x + + +" + + x n +1 ,
2! 3! n ! (n + 1)!
para algum c entre x e 0 .

Fixado, por exemplo, n = 2 ,


x 2 ec 3
ex = 1 + x +
+ x .
2 6
Para valores de x próximos de a = 0 , podemos afirmar que

x2
e ≈ 1+ x + . x

2
3
1 1 13 e ⎛1⎞
c
⎤ 1⎡
Em particular, e ≈ 1 + + = , com resto ⎜ ⎟ , para algum c ∈ ⎥ 0, ⎢ .
2 8 8 6 ⎝2⎠ ⎦ 2⎣

Exercícios:
2.1. Determine as fórmulas de Mac-Laurin de f ( x) = ln( x + 1) e de f ( x) = sin( x) .

⎛1⎞
2.2. Considere a função f ( x) = ln ⎜ ⎟ .
⎝x⎠
a) Determine o polinómio de Taylor de f em a = 1 de grau dois, e o respectivo resto de
Lagrange.
b) Calcule um valor aproximado de ln(2) .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 23


2.3. Escreva a fórmula de Mac-Laurin de grau dois de f ( x) = x + 1 . Estime o valor de

1.1 .

Consideremos uma função, f , 2 vezes derivável no intervalo ]α , β [ e seja a ∈ ]α , β [ . Então

f (2) (c)
f ( x) = f (a) + f ′(a )( x − a ) + ( x − a)2

2

polinómio de Taylor de grau 1 


Resto

para algum c entre x e a .

Supondo x − a próximo de zero, obtemos a aproximação:


f ( x) ≈ f (a) + f ′(a )( x − a ) ,
ou ainda, f ( x) − f (a ) ≈ f ′(a)( x − a ) .
Usando as notações: Δf = f ( x) − f (a) e Δx = x − a , obtemos
Δf ≈ f ′(a)Δx .
O factor f ′(a)Δx é designado diferencial de f e é notado por df , isto é, df = f ′(a)dx ,
sendo dx = Δx . Por conseguinte, Δf ≈ df , para valores pequenos de Δx .

Exercícios:
2.4. Estime o valor de 1.1 , usando o diferencial de f ( x) = x + 1 .

2.5. Estime o valor de e , usando o diferencial de f ( x) = e 2 x .

21 3
Respostas: 1.1 ≈ e e≈ .
20 2

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 24


3. INTEGRAL INDEFINIDO 

Relativamente ao presente capítulo, recomendamos a consulta das referências bibliográficas [AJ],


[EWS], [LHE], [PISK].

Dada f : ]a, b[ → IR função derivável, definimos a sua função derivada


g : ]a, b[ → IR, x f ′( x) . Inversamente, dada uma função g , à função f tal que f ′ = g
chama-se primitiva de g ou integral indefinido de g . Utiliza-se frequentemente a seguinte
notação:
f ( x) = ∫ g ( x)dx .

A partícula dx não tem significado especial; indica apenas a variável independente


relativamente à qual se está a primitivar.
Vejamos os seguintes exemplos:
′ = 2;
∫ 2dx = 2 x + 3 porque (2 x + 3)
′ = sen( x)
∫ sen( x)dx = − cos( x) porque (− cos( x)) ;

porque (2 ln x )′ = .
2 2
∫ x dx = 2 ln x x

Se f é primitiva de g , então f + C , onde C ∈ IR , também é uma primitiva de g ,

porque ( f + C )′ = f ′ = g .

Por este motivo, escrevemos


2
∫ 2dx = 2 x + C ; ∫ sen( x)dx = − cos( x) + C ; ∫ x dx = 2 ln x + C , sendo C uma constante real

qualquer.
Se f ′ = h′ , em ]a, b[ , então existe uma constante C ∈ IR , tal que h = f + C .

Notemos ainda que

∫ f ′( x)dx = f ( x) + C e
(∫ f ( x)dx )′ = f ( x) .
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 25
Nem todas as funções possuem primitiva; sabemos, contudo, que se f é contínua em [a, b] ,
então existe primitiva de f .

Algumas primitivas imediatas

(kx )′ = k 1. ∫ kdx = kx + c
x α +1
(xα )′ = α xα −1 2. α
∫ x dx = α +1
+ c, α ≠ −1

(u α )′ = α u α −1
u′ 3. ∫ u ′u α dx =
u α +1
α +1
+ c, α ≠ −1

(ln x )′ = 1 1
4. ∫ dx = ln x + c
x x
′ u′
5. ∫ dx = ln u + c
(ln u )′ = u u
u

(e )′ = e
x x 6. ∫ e x dx = e x + c

(e )′ = u ′e
u u 7. ∫ u ′e u dx = e u + c

(a )′ = a ln a
x x
8. ∫ a dx =x ax
ln a
+c

(a )′ = u ′a ln a
u u
9. ∫ u ′a u dx =
au
+c
ln a
(cos x )′ = −sen x 10. ∫ sen x dx = − cos x + c
(cos u )′ = −u ′sen u 11. ∫ u ′sen u dx = − cos u + c
(sen x )′ = cos x 12. ∫ cos x dx = sen x + c
(sen u )′ = u ′ cos u 13. ∫ u ′cos u dx = sen u + c
(tg x )′ = 1
2
= sec 2 x 14. ∫ sec 2 x dx = tg x + c
cos x

(tg u )′ = u2 = u ′ sec 2 u 15. ∫ u ′ sec 2 u dx = tg u + c
cos u
(cot g x )′ = − 12 = − cos ec 2 x 16. ∫ cos ec 2 x dx = − cot g x + c
sen x

(cot g u )′ = − u 2 = −u ′ cos ec 2 u ∫ u ′ cos ec u dx = − cot g u + c
2
17.
sen u
1
(arcsen x )′ = 1 18. ∫ dx = arcsen x + c
1 − x2 1 − x2
′ u′
(arcsen u )′ = u 19. ∫ dx = arcsen u + c
1− u2 1− u 2

1
(arccos x )′ = − 1 20. ∫ dx = − arccos x + c
1− x 2 1− x 2

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 26


u′ u′
(arccos u )′ = − 21. ∫ dx = − arccos u + c
1− u 2
1− u 2

(arctg x )′ = 1
22.
1
∫ 1 + x 2 dx = arctg x + c
1 + x2
u′ u′
(arctg u )′ = 23. ∫ 1 + u 2 dx = arctg u + c
1+ u 2

(arc cot g x )′ = − 1
24.
1
∫ 1 + x 2 dx = −arc cot g x + c
1 + x2
u′ u′
(arc cot g u )′ = − 25. ∫ 1 + u 2 dx = −arc cot g u + c
1+ u2

Enumeremos ainda mais algumas regras de integração:

26. ∫ tg x dx = − ln cos x + c
27. ∫ u ′tg u dx = − ln cos u + c
28. ∫ cot g x dx = ln sen x + c
29. ∫ u ′ cot g u dx = ln sen u + c
1 1 ⎛ x⎞
30. ∫ a 2 + x 2 dx = a arctg ⎜⎝ a ⎟⎠ + c
u′ 1 ⎛u⎞
31. ∫ a 2 + u 2 dx = a arctg ⎜⎝ a ⎟⎠ + c
1 ⎛ x⎞
32. ∫ dx = arcsen ⎜ ⎟ + c
⎝a⎠
a2 − x2
u′ ⎛u⎞
33. ∫ dx = arcsen ⎜ ⎟ + c
⎝a⎠
a2 − u2
34. ∫ sec x dx = ln sec x + tgx + c
35. ∫ u ′ sec u dx = ln sec u + tgu + c
36. ∫ cos ecx dx = ln cos ecx − cot gx + c
37. ∫ u ′ cos ecu dx = ln cos ecu − cot gu + c
38. ∫ sec x tgx dx = sec x + c
39. ∫ u ′ sec u tgu dx = sec u + c
40. ∫ cos ecx cotgx dx = − cos ecx + c
41. ∫ u ′ cos ecu cotgu dx = − cos ecu + c

Propriedades das primitivas


A. ∫ [ f ( x) ± g ( x)]dx = ∫ f ( x)dx ± ∫ g ( x)dx ;
B. ∫ kf ( x)dx = k ∫ f ( x)dx , k ∈ IR \ {0}.
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 27
Exercício:
3.1. Calcule as seguintes primitivas ( a, b ∈ IR ):

x 3 − 6x + 5
3.1.1 ∫ ax dx , a > 0 3.1.2 ∫ x
dx
1 x
3.1.3 ∫ x ln x dx 3.1.4 ∫ 4 4 4 dx
a −b x
cos x 1
3.1.5 ∫ dx 3.1.6 ∫ 4 + 9 x 2 dx
1 − sen 2 x
ex dx
3.1.7 ∫ ex +1 dx 3.1.8 ∫ x(1 + ln x )
dx dx
3.1.9 ∫ (a + bx )3 3.1.10 ∫ x(1 + ln 2 x )
a 2x − 1 x + ln x
3.1.11 ∫ x dx, a > 0 3.1.12 ∫ x
dx
a
x − artg (2 x) senx cos x
3.1.13 ∫ dx 3.1.14 ∫ dx
1 + 4x 2 cos x − sen x
2 2

3.1 Integração por partes  

Sejam u = f (x) e v = g (x) duas funções deriváveis definidas no intervalo ]a, b[ .

(uv )′ = u ′v + uv ′ ,

∫ (uv ) dx = ∫ u ′vdx + ∫ uv′dx
uv = ∫ u ′vdx + ∫ uv ′dx

∫ u ′vdx = uv − ∫ uv′dx
Em suma, da regra de derivação do produto de duas funções, decorre uma técnica de
integração chamada integração por partes, que se enuncia do seguinte modo:
Se u = f ( x) é primitivável e v = g ( x) é derivável, então

∫ uvdx = Uv − ∫ Uv′dx , U = ∫ udx .

Vejamos o seguinte exemplo de aplicação da integração por partes:

∫e xdx = e x x − ∫ e x dx
x

= ex x − ex
onde u = e x , v = x e U = ∫ e x dx = e x .
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 28
Neste exemplo, ambas as funções u e v são facilmente primitiváveis (faça o mesmo cálculo
considerando agora u = x, v = e x ). A escolha da função a primitivar deve recair sobre aquela
que menos se simplifica por derivação.

Exercício:
3.2. Calcule as seguintes primitivas, utilizando o método de integração por partes:

∫ e x dx ∫ ln x dx
nx 2
3.2.1 3.2.2
3.2.3 ∫ x ln x dx 3.2.4 ∫ x senx dx
x 3 x2
3.2.5 ∫ 1+ x
dx 3.2.6 ∫ e dx
x

∫e ∫ (arcsenx )
x 2
3.2.7 cos x dx 3.2.8 dx
ln 2 x x
3.2.9 ∫ dx 3.2.10 ∫ cos 2 xdx
x2

3.2.11 ∫
x arcsenx
dx 3.2.12 ∫ sen(ln x ) dx
1 − x2
x3 ⎛ x + 2⎞
3.2.13 ∫ dx 3.2.14 ∫ ⎜⎝ ⎟ cos(5 x ) dx
3 ⎠
4 + x2

 
3.2 Integração de funções racionais  
N ( x)
Chama-se função racional a qualquer função da forma onde N (x) e D(x) são
D( x)
polinómios em x .
N ( x)
O cálculo de ∫ D( x) dx realiza-se segundo as seguintes etapas:
1. Se o grau de D(x) é maior do que o grau de N (x) , passamos para a etapa 2. Caso
contrário, isto é, se deg N ( x) ≥ deg D( x) , procedemos à divisão de N (x) por D(x) ,
obtendo um quociente Q(x) e um resto R(x) , tais que
N ( x) = Q( x) D( x) + R( x)
N ( x) R ( x)
= Q ( x) + , onde deg R( x) < deg D( x) .
D( x) D( x)
N ( x) R( x)
Deste modo, ∫ D( x) dx = ∫ Q( x)dx + ∫ D( x)dx .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 29


2. Factorização do polinómio D(x) num produto de polinómios de 1º grau e/ou
polinómios de 2º grau irredutíveis (i.e., sem raízes reais).

[
Exemplificando, D( x) = a( x − 1)( x + 2) 3 ( x − 3) 2 + 1 , onde a ∈ IR \ {0} . ]
4

R( x)
3. Decomposição da fracção numa soma de fracções mais simples, de acordo com
D( x)
as seguintes indicações determinadas pela factorização de D(x) .
ƒ A cada raiz β de D(x) de multiplicidade k correspondem k fracções simples
da forma
A1 A2 A3 Ak
+ + + + ;
x − β (x − β ) 2
(x − β )3 ( x − β )k
ƒ A cada factor da forma ( x − δ ) 2 + λ [ ]k
( λ ∈ IR + ) de D(x) , correspondem k
fracções simples da forma
B1 + C1 x B2 + C 2 x B3 + C3 x Bk + C k x
+ + + +
[( x − δ ) 2
+λ ] [( x − δ ) 2
+λ ] [( x − δ )
2 2
+λ ]
3
[( x − δ ) 2
+λ ]
k

[
Assim, se D( x) = a( x − 1)( x + 2) 2 ( x − 3) 2 + 1 , então a fracção]
3 R( x)
D( x)
decompõe-se na

soma de 1 + 2 + 3 fracções simples, do seguinte modo,


R ( x) A A A2 B1 + C1 x B2 + C 2 x B3 + C3 x
= + 1 + + + +
D( x) x − 1 x + 2 ( x + 2) 2
[
( x − 3) + 1 ( x − 3) 2 + 1
2 2
] [
( x − 3) 2 + 1
3
] [ ]
em que A, A1 , A2 , A3 , B1 , B2 , B3 , C1 , C 2 , C3 são constantes (únicas) que teremos de

determinar, reduzindo o membro direito da identidade ao denominador comum D(x) ,


de modo a que a igualdade das duas fracções corresponda à igualdade dos respectivos
numeradores.

N ( x)
4. Por fim, ∫ D( x) dx = ∫ Q( x)dx + ∫ F1 ( x)dx + ∫ F2 ( x)dx + + ∫ Fn ( x)dx , onde

F1 ( x), F2 ( x),…, Fn ( x) são as fracções simples obtidas no passo anterior. Resta-nos,


por conseguinte indicar como determinar a primitiva de cada uma das fracções
simples, já que o integral do polinómio Q(x) é imediato.
No que diz respeito às fracções resultantes de raízes simples e múltiplas, facilmente
vemos que

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 30


⎧ Ar
Ar ⎪ ( x − α ) −r +1 se r > 1
∫ ( x − α ) r dx = ⎨ − r + 1 .
⎪⎩ Ar ln x − α se r = 1

Relativamente às fracções associadas ao factor irredutível (x − δ ) 2 + λ , notemos [ ]


primeiramente que
B1 + C1 x C1 2 x − 2δ
∫ ( x − δ ) 2 + λ dx = ∫ dx + ( B1 + C1δ )∫
1
dx
2 (x − δ )2 + λ (x − δ )2 + λ
.
C
[
= 1 ln ( x − δ ) 2 + λ + (B1 + C1δ )]1
δ
⎛ x −δ
arctg ⎜⎜

⎟⎟ + C
2 ⎝ δ ⎠
Consideremos agora k > 1 ; então,

Bk + C k x Ck 2 x − 2δ
dx + (Bk + C k δ )∫
1
∫ [( x − ]
k
dx = ∫ [( ] k
[( x − δ ) ] k
dx
δ )2 + λ 2 x − δ )2 + λ 2

.
=
Ck
[
(x − δ )2 + λ ]− k +1
+ (Bk + C k δ )∫
1
[( x − δ ) ]
dx
2(−k + 1) 2

k

1
O cálculo de ∫ [( x − δ ) 2 + λ ]k dx pode efectuar-se através da seguinte relação

recursiva 1 :
1 x −δ 2k − 3 1
∫[ ]k
dx =
[ ]
k −1
+ ∫ [
2λ (k − 1) ( x − δ ) 2 + λ ] k −1
dx .
(x − δ )2 + λ 2λ (k − 1) ( x − δ ) 2 + λ

Exercício:
3.3. Calcule as seguintes primitivas:

1 x3
3.3.1 ∫ (x + 2)2 (x − 3) dx 3.3.2 ∫ x 2 − 4 x + 3dx
3x + 6 x4
3.3.3 ∫ x 3 + 2 x 2 − 3x dx 3.3.4 ∫ x 4 − 1dx
x3 − 6 x ( 3x − 2 ) x ( 3x − 2 )
3.3.5
∫ x 4 + 6 x 2 + 8 dx
3.3.6
∫ x3 + 2 x 2 − 3dx = ∫ ⎛⎛ 3⎞ 3⎞
2
dx
( x − 1) ⎜⎜ ⎜ x + ⎟ + ⎟⎟
⎝⎝ 2⎠ 4⎠

1
A demonstração desta igualdade pode ser consultada em N. Piskounov, “Cálculo
Diferencial e Integral”, vol. I, p.387,388)

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 31


5x − 6 3x + 1
∫ 5 ( x − 1) ∫ ( x + 1)
( )
3.3.7 dx 3.3.8 dx
+1
2
+2
2

dx dx
∫x 3
−1 ∫
=
⎛⎛ 1⎞ 3⎞
2
3.3.9
( x − 1) ⎜⎜ ⎜ x + ⎟ + ⎟⎟
⎝⎝ 2⎠ 4⎠

3.3 Integração por mudança de variável ou substituição

Seja x = g (t ) , onde g (t ) é uma função de classe C 1 que admite inversa, e designemos por
F (x) uma primitiva de f (x) , então
F ′( x) = f ( x) = f ( g (t )).
Assim, pela regra de derivação da composta de duas funções,
d
F ( g (t )) = F ′( g (t )) g ′(t ) = f ( g (t )) g ′(t )
dt
e portanto, ∫ f ( g (t )) g ′(t )dt = F ( g (t )) = F ( x) = ∫ f ( x)dx .
∫ f ( x)dx = ∫ f ( g (t )) g ′(t )dt

Numa mudança de variável, a função g (t ) deverá ser escolhida de modo a que o integral do
segundo membro da igualdade acima seja “calculável”. Terminada essa tarefa, a variável t
deverá ser substituída por g −1 (x) .
As primitivas de diversas funções são calculadas através de mudança de variável adequada.
De seguida, serão enumeradas algumas funções irracionais cujas primitivas se alcançam por
mudança de variável. As mudanças de variável sugeridas, reduzem o cálculo integral inicial
ao cálculo de uma primitiva de uma função racional.

m r

∫ R( x, x n ,…, x s )dx ( )
2
I.

Seja k = m.m.c.(n, …, s) . A mudança de variável indicada é a seguinte

x = tk , dx = kt k −1dt .

m r
2
O símbolo R ( x, x n , … , x s ) indica que se efectua, unicamente, operações racionais sobre as quantidades
m r

x, x n , … , x s .
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 32
Cada potência fraccionária de x é transformada numa potência inteira de t e, deste
modo, a função em t a integrar é uma função racional.

⎛ ⎛ ax + b ⎞ mn ⎛ + ⎞ s ⎞
r

II. ∫ R⎜ x, ⎜ ⎟dx
ax b

⎜ ⎝ cx + d ⎠
,…, ⎜ ⎟
⎝ ⎝ cx + d ⎠ ⎟⎠

Seja k = m.m.c.(n, …, s ) . A mudança de variável indicada é a seguinte


ax + b
= tk.
cx + d

∫ R(x, ln(nx),…, ln(mx))dx ou ∫ R(x, e )


,… , e mx dx
nx
III.

Seja k = m.d .c.(n,… , m) . A mudança de variável indicada é a seguinte

ln(kx) = t , ou e kx = t , respectivamente.

Exercício:

3.4. Calcule as seguintes primitivas, pelo método da substituição:


x x2
3.4.1 ∫ 3 dx 3.4.2 ∫ dx
2x + 1 2 − x + 1− x
1 x3 − 3 x
3.4.3 ∫ 3 dx 3.4.4 ∫ 64 x dx
(1 + x )2 + 1 + x
1 x+2 arcsen x
3.4.5 ∫ (4 − x ) 4−x
dx 3.4.6 ∫ 1− x
dx

5 e 3x
3.4.7 ∫2+ x−3
dx 3.4.8 ∫ e − x + e x dx
3 x +1 1
3.4.9 ∫e dx 3.4.10 ∫ e 2 x + 4dx
e 2 x − 2e x + 1 xe x
3.4.11 ∫ e 4 x − 1 dx 3.4.12 ∫ dx
1+ ex
1 ln 3 x
3.4.13 ∫ 3 x dx 3.4.14 ∫ x(5 ln x + ln 2 x )dx
e −1
ln 2 x
3.4.15 ∫x 1 − ln x
dx

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 33


IV. Binómios diferenciais
O integral do binómio diferencial

∫ x (a + bx ) dx
m n p

pode ser reduzido, se m, n, p forem números racionais, ao integral duma função


racional, nos três casos seguintes:
1) p é um número inteiro, isto é, p ∈ Z ;
m +1
2) é um número inteiro;
n
m +1
3) + p é um número inteiro.
n
Em qualquer um dos casos referidos, devemos proceder, inicialmente, à mudança
de variável seguinte:
1 1 1n −1
x = z n , dx = z dz .
n
Desta resulta que

∫ x (a + bx ) dx = n ∫ z (a + bz ) dz
n p 1 q m +1
m p
onde q = −1.
n
A segunda mudança de variável aconselhada depende do caso em nos
encontramos, assim,
r
1) se p é um número inteiro, e sendo q o número racional q = , devemos
s
efectuar a substituição
z = ts ;
m +1 λ
2) se é um número inteiro e sendo p o número racional p = , devemos
n μ
efectuar a substituição
a + bz = t μ ;
m +1
3) se + p é um número inteiro, isto é, q + p é inteiro, façamos primeiro a
n
seguinte modificação
p
q+ p ⎛a + bz ⎞
∫ z (a + bz ) dz = ∫ z
p
⎜ ⎟ dz ,
q

⎝ z ⎠
e, de seguida, consideremos a substituição
a + bz λ
= tμ (p= ).
z μ
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 34
Exercícios:
3.5. a) Mostre que ∫ sin( x) f ′′( x) dx = sin( x) f ′( x) − cos( x) f ( x) − ∫ sin( x) f ( x)dx .
b) Sabendo que ∫ ⎡⎣( f ( x) + f ′′( x) ) sin( x) ⎤⎦ dx = 2 x e com base no resultado anterior, calcule
⎛π ⎞
f (π ) e f ′⎜ ⎟ .
⎝2⎠
3.6. Calcule ∫ f ( x)dx , sabendo que ( ) 2
f ( x) = g ( x) + x 2 + 1 ln x e que e x é uma primitiva de
g (x) .

3.7. Determine a função g (x) definida em ]12 ,+∞[ que verifica as seguintes condições:
2 x −1
g ′( x) = e e g (1) = e .

3.8. Calcule os seguintes integrais indefinidos:

(1 + x ) 3 3
∫x
53
(1 + x ) dx
3 2
3.8.1
∫ x
dx 3.8.2

dx
∫ ∫
1 + x2
( )
3.8.3 3 3.8.4 dx
x2 1 + x2 2 x2
dx
∫ ⎛ 1 ⎞
3
1+ 4 x

3
3.8.5 3.8.6 dx
x 4 ⎜⎜ x 4 + 1⎟⎟ x
⎝ ⎠
x3
∫ dx
(1 + 2 x )
3.8.7
2 3

Nota: Na primitivação de funções racionais simples cujo denominador é um polinómio de


grau dois irredutível (isto é, sem zeros reais), torna-se útil ter em conta a seguinte igualdade,
que permitirá um melhor uso das fórmulas de primitivação.
2
⎛ b⎞ b2
x ± bx + c = ⎜ x ± ⎟ + c −
2

⎝ 2⎠ 4

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 35


SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS NESTE CAPÍTULO

2 x ax x3
3.1.1) +C 3.1.2) − 6 x + 5 ln x + C
3 3
1 ⎛ b2 x2 ⎞
3.1.3) ln ln x + C 3.1.4) arcsen ⎜ ⎟+C
2 ⎜ 2 ⎟
2b ⎝ a ⎠
1 ⎛ 3x ⎞
3.1.5) x + C 3.1.6) arctg ⎜ ⎟ + C
6 ⎝ 2⎠
(
3.1.7) ln 1 + e x + C ) 3.1.8) ln 1 + ln x + C
1
3.1.9) − +C 3.1.10) arctg (ln x) + C
2b(a + bx )2
⎛ 3x − ⎞
x
⎜ a2 a ⎟ 2 1 2
3.1.11) 2⎜ + ⎟+C 3.1.12) 2 x + ln x + C
⎜ 3 ln a ln a ⎟ 2
⎜ ⎟
⎝ ⎠
1 1 1
3.1.13) ln(1 + 4 x 2 ) − arctg 3 (2 x) + C 3.1.14) − cos 2 x − sen 2 x + C
8 3 2

e nx e nx 2 3⎛ 2⎞
x− 2 +C 3.2.2) x ( ln( x) − 1) + x + C x ⎜ ln x − ⎟ + C
2
3.2.1) 3.2.3)
n n 3 ⎝ 3⎠
⎛2 4⎞
( )
2

3.2.5) 1 + x ⎜ x − ex
3.2.4) − x cos x + senx + C ⎟+C 3.2.6) x2 −1 + C
⎝3 3⎠ 2
3.2.7) e (cos x + senx ) + C
1 x 3.2.8) x(arcsenx )2 + 2 1 − x 2 arcsenx − 2 x + C
2
1
(
3.2.9) − ln 2 x + 2 ln x + 2 + C
x
) 3.2.10) xtgx + ln cos x + C

3.2.11) − 1 − x 2 arcsenx + x + C 3.2.12)


x
(sen(ln x ) − cos(ln x ))
2
⎛ x2 8 ⎞ 1
(x + 2)sen(5 x ) + 1 cos(5 x ) + C
3.2.13) 4 + x2 ⎜ − ⎟ + C 3.2.14)
⎝ 3 3⎠ 15 75
1 1 1
3.3.1) − ln x + 2 + ln x − 3 + +C
25 25 5( x + 2)
x2 1 27
3.3.2) + 4 x − ln x − 1 + ln x − 3 + C
2 2 2
9 1
3.3.3) − 2 ln x + ln x − 1 − ln x + 3 + C
4 4
1 x −1 1
3.3.4) x + ln − arctgx + C
4 x +1 2
1
3.3.5) − ( ) (
ln x 2 + 2 + ln x 2 + 4 − ) 3 2 ⎛ x ⎞ 3
arctg ⎜⎜
⎛ x⎞
⎟⎟ + arctg ⎜ ⎟ + C
2 2 ⎝ 2⎠ 2 ⎝ 2⎠
1⎛ ⎛ 2x + 3 ⎞ ⎞
3.3.6) ⎜ ln( x − 1) + 10 ln( x 2 + 3 x + 3) − 18 3arctg ⎜ ⎟⎟ + C
7⎝ ⎝ 3 ⎠⎠
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 36
1⎛5 ⎛ x −1 ⎞ ⎞
⎜ ln ( x − 2 x + 3) −
1
⎟⎟ + C
2
3.3.7) arctg ⎜
5⎝ 2 2 ⎝ 2 ⎠⎠
( )
3.3.8) ln ( x + 1)2 + 1 − 2arctg ( x + 1) + C
3
2
⎛ 3 ⎞
1 1
3.3.9) ln x − 1 − ln x 2 + x + 1 −
3
arctg ⎜⎜ (2 x + 1)⎟⎟ + C
3 6 3 ⎝ 3 ⎠

3.4.1)
33
(2 x + 1)2 ⎛⎜ 2 x + 1 − 1 ⎞⎟ +C
4 ⎝ 5 2⎠
⎛4 4 1 ⎞ ⎛1 2 1 ⎞
3.4.2) − 2 2 − x ⎜ (2 − x) − (2 − x) 2 + (2 − x) 3 ⎟ + 2 1 − x ⎜ (1 − x) − (1 − x) 2 + (1 − x) 3 ⎟ + C
⎝3 5 7 ⎠ ⎝3 5 7 ⎠
3.4.3) 33 1 + x − 66 1 + x + 6 ln 6 1 + x + 1 +C

3.4.4)
2
27
(12 x )27 − 132 (12 x )13 +C
x+2 ⎛ x+2⎞
3.4.5) 2 − 2arctg ⎜⎜ ⎟ +C
4−x 4 − x ⎟
⎝ ⎠
3.4.6) − 2 1 − x arcsen x + 2 x +C
(
3.4.7) 10 x − 3 − 2 ln 2 + x − 3 +C )
3.4.8) (e ( ))
1 2x
− ln 1 + e 2 x +C
2
3.4.9) e
3
x +1
(3
3
x 2 − 63 x + 6 +C )
3.4.10)
1
8
(
ln e 2 x − ln e 2 x + 4 +C )
( ) ( )
3.4.11) ln e x + 1 − ln e x + arctg e x +C ( )
3.4.12) 2 x 1 + e x − 4 1 + e x + 2 ln⎛⎜ 1 + e x + 1⎞⎟ − 2 ln 1 + e x − 1 +C
⎝ ⎠
2
3.4.13) arctg e 3 x − 1 +C
3
ln 2 x
3.4.14) − 5 ln x + 25 ln 5 + ln x + C
2
⎛ 4 2 2⎞
3.4.15) 1 − ln x ⎜ −2 + (1 − ln x ) − (1 − ln x ) ⎟ +C
⎝ 3 5 ⎠
⎛π ⎞ ⎛x 3 ⎞ x3
3.5) f (π ) = 2π e f ′⎜ ⎟ = π . 3.6) e x + ⎜ + x ⎟ ln x −
2
− x +C.
⎝2⎠ ⎜ 3 ⎟ 9
⎝ ⎠
3.7) g ( x) = e 2 x −1
( )
2x − 1 − 1 + e .

⎛⎛ 3 ⎞
⎜ ⎜ 1 + x 3 ⎞⎟ ⎟
2⎜⎝ ⎠ 1 1+ x −1 ⎟
3
3.8.1) + 1 + x + ln
3
+C
3⎜ 3 2 1 +x + ⎟
3
1


⎝ ⎠
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 37
8 5
⎛⎜ 3 1 + x 3 ⎞⎟ ⎛⎜ 3 1 + x 3 ⎞⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
3.8.2) − +C
8 5
x2 1 + x2
3.8.3) − − +C
1 + x2 x2
1 + x2 1 ⎛ ⎛ 1 + x2 ⎞ ⎛ 1 + x2 ⎞⎞
3.8.4) − − ⎜ ln ⎜ − 1 ⎟ + ln ⎜ + 1 ⎟ ⎟+C
x2 2 ⎜ ⎜⎝ x2 ⎟


⎝ x 2 ⎟⎟
⎠⎠

3.8.5) 4 ln 1 + 4 x + C
⎛ ⎛3 7 4 ⎞
⎜ ⎜ 1 + 4 x ⎞⎟ ⎛⎜ 3 1 + 4 x ⎞⎟ ⎟
3.8.6) 12⎜ ⎝ ⎠ −⎝ ⎠ ⎟+C
⎜ 7 4 ⎟
⎜ ⎟
⎝ ⎠
1⎛ 1 ⎞
3.8.7) ⎜ 1 + 2 x 2 + ⎟+C
4 ⎜⎝ 2 ⎟
1 + 2x ⎠

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 38


4. INTEGRAL DEFINIDO 

Relativamente ao presente capítulo, recomendamos a consulta das referências bibliográficas [AJ],


[EWS], [LHE], [PISK].

Seja f uma função limitada definida no intervalo [a, b] , consideremos uma partição do
intervalo [a, b] , isto é, uma qualquer subdivisão do intervalo [a, b] num número arbitrário de
subintervalos por meio de números x0 , x1 , … , x n tais que

a = x0 < x1 < < x n−1 < x n = b .

Designamos por amplitude da partição à maior das amplitudes dos subintervalos obtidos,
isto é, ao valor max x k +1 − x k .

Definição
Ao número real I tal que a diferença
n −1
I − ∑ f ( y k )( x k +1 − x k ) , y k ∈ [x k , x k +1 ]
k =0

se pode tornar tão pequena quanto se queira (para qualquer valor de y k em [x k , x k +1 ] ) desde

que o valor da amplitude da partição (para qualquer partição do intervalo [a, b] ) seja
suficientemente pequeno, chamamos integral definido da função f no intervalo [a, b] .
(Aliás, integral de Riemann.)

O símbolo que habitualmente se atribui ao valor I é


b
I =∫ f .
a

Dado o integral definido ∫ f , à função f chamamos função integranda e a [a, b] intervalo


b
a

de integração.

Seja f uma função limitada definida no intervalo [a, b] . Se existir o número real I de
acordo com a definição precedente, então diz-se que a função f é integrável no intervalo
[a, b] .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 39


Em que circunstâncias temos a garantia que o integral definido existe? Encontramos uma
resposta no seguinte teorema:

Teorema:
Seja f uma função contínua no intervalo [a, b] . Então existe e é único o número real
b
I =∫ f
a
tal como foi definido acima.

Mais geralmente podemos afirmar o seguinte


Teorema
Seja f uma função limitada e com um número finito de descontinuidades no intervalo [a, b] .
Se as descontinuidades forem todas de primeira espécie (i.e., em cada ponto de
descontinuidade existem (são finitos) os limites laterais, embora sejam distintos), então existe
e é único o número real
b
I =∫ f
a

tal como foi definido acima.

Corolário
Seja f : [a, b] → IR uma função contínua tal que f ( x) ≥ 0 , ∀x ∈ [a, b] . A área A da figura
limitada pelo gráfico da função f , pelas rectas verticais de equação x = a e x = b e pelo
b
eixo dos XX , existe sempre e pode ser obtida como A = ∫ f .
a

PROPRIEDADES DO INTEGRAL DEFINIDO:

PROPRIEDADE 1
Sejam f e g funções integráveis no intervalo [a, b] . Então a função f + g é integrável no
intervalo [a, b] e

∫a ( f + g ) = ∫a f + ∫a g .
b b b

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 40


PROPRIEDADE 2
Seja f função integrável no intervalo [a, b] e seja k uma constante real. Então a função kf é
integrável no intervalo [a, b] e

∫a (kf ) = k ∫a f .
b b

PROPRIEDADE 3
Seja f uma função integrável no intervalo [a, b] . Seja c tal que a < c < b . Então f é
integrável nos intervalos [a, c ] e [c, b] e
b c b
∫a f = ∫a f + ∫c f .

Definições: (Generalização da definição de integral definido)


a
• Seja f uma função definida no ponto a . Então ∫a f = 0.

• Seja f uma função integrável no intervalo [a, b] com a < b . Então


b a
∫a f = −∫ f
b

Teorema (Teorema Fundamental do Cálculo)

Seja f uma função contínua definida no intervalo [a, b] . Então


x
• A função G ( x) = ∫ f (t )dt é uma primitiva de f para todo o x em [a, b] ;
a
⎡x ⎤
⎢ ∫ f (t )dt ⎥ = f ( x) ∀x ∈ [a, b].
d
ou seja, G ′( x) =
dx ⎢⎣ a ⎥⎦
• Se F é uma qualquer primitiva de f então
b

∫f = F (b) − F (a ) .
a

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 41


Notas:

o É habitual usar a notação [F ( x)]ba para F (b) − F (a) ;


b
o O valor de ∫f = F (b) − F (a ) não depende da primitiva F escolhida (porquê?).
a

o A primeira afirmação do teorema pode adquirir a seguinte formulação mais geral:

d ⎡ ⎤
g ( x)
⎢ ∫ f (t )dt ⎥ = f [g ( x)]g ′( x) − f [h( x)]h′( x)
dx ⎢ h( x ) ⎥
⎣ ⎦

Teorema (Integração por partes)


Sejam u = f ( x) integrável e v = g ( x) derivável no intervalo [a, b] . Então
b b

∫ uv dx =[Uv]a − ∫ Uv′ dx , onde U = ∫ udx .


b

a a

Alternativamente, temos a igualdade

∫ uv dx =[∫ uv dx]a
b
b

a partir da qual o integral definido é determinado após o cálculo de uma primitiva de uv .

Teorema (Mudança de variável no integral definido)

Seja f uma função contínua, definida em [a, b] e g uma função definida num intervalo

J , de classe C 1 em J , que admite inversa e tal que g ( J ) ⊃ [a, b] , então

b g −1 (b )

∫ f ( x)dx = −1∫ f ( g (t )) g ′(t )dt


a g (a)

Alternativamente, começamos por calcular a primitiva por mudança de variável seguindo-


se a aplicação da igualdade

∫ f ( x) dx =[∫ f ( x) dx]a .
b
b

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 42


Exercícios:
4.1. Calcule os seguintes integrais:

3 dx ln 2
4.1.1 ∫0 1 + x 4.1.2 ∫ e x − 1dx
0
3 4

∫x ∫x
5
4.1.3 3x 2 + 27 dx 4.1.4
2
− 4 x + 3 dx
3 0
2 2
⎛ 1 − ln x ⎞ dx 5x 2 + 4
4.1.5 ∫ ⎜⎝ 1 + ln x ⎟⎠ x 4.1.6 ∫ x 3 + 4 xdx
1 1
1 1
1+ x
4.1.7 ∫ 1 − x 2 dx 4.1.8 ∫ x
dx
0 4
2
e 3x + e x
4.1.9 ∫ ex +1
dx
0

4.2. Determine as derivadas das funções definidas por:

x3 5x
−t 2
4.2.1 F ( x) = ∫ e dt 4.2.2 F ( x) = senx ∫ 1 + t 4 dt
x2 −4
x2

∫ (e )
− t − 1 dt
2t

4.3. Mostre que lim 0


= 0.
x →0 x2 − x
ln x
4.4. Determine a segunda derivada da função g definida por g ( x) = x ∫ e t dt .
2

senx
4.5. Seja f uma função real contínua e diferenciável em IR e g ( x) = ∫ tf (t )dt .
0
⎛π ⎞
Determine g ⎜ ⎟ quando f (t ) = 1 + t 2 .
⎝2⎠

( )
x
4.6. Determine g (x) definida e contínua em IR tal que ∫ e g (t ) t 2 + 1 dt = 3 x .
0

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 43


4.1 Aplicações dos integrais definidos   

Cálculo da área de superfícies planas 

Na definição de integral definido constatou-se que se f é uma função contínua e não

negativa no intervalo [a, b] (i.e., f ( x) ≥ 0 ∀x ∈ [a, b] ), então o número


b
∫a f ( x)dx representa

a área da região definida por


{(x, y ) : a ≤ x ≤ b ∧ 0 ≤ y ≤ f ( x)} .
Consideremos agora o problema de calcular a área duma região do tipo
{(x, y ) : a ≤ x ≤ b ∧ g ( x) ≤ y ≤ f ( x)}
onde as funções f e g são apenas funções contínuas em [a, b] (sem qualquer restrição de
sinal).
Se as duas funções forem não negativas verifica-se facilmente que a área da figura limitada
pelos gráficos de f e g e as rectas verticais x = a e x = b é igual à diferença

∫a f ( x)dx − ∫a g ( x)dx , ou seja, ∫a [ f ( x) − g ( x)]dx .


b b b

Se alguma das funções tomar valores negativos podemos encontrar um número C tal que
f ( x) + C ≥ 0 e g ( x) + C ≥ 0 ∀x ∈ [a, b] .
Isto corresponde a fazer uma translação que desloca a figura para uma zona acima do eixo das
abcissas.

∫a [ f ( x) + C ]dx representa a área da região


b
Deste modo,

{(x, y ) : a ≤ x ≤ b ∧ 0 ≤ y ≤ f ( x) + C}

∫a [g ( x) + C ]dx representa a área da região


b
e

{(x, y ) : a ≤ x ≤ b ∧ 0 ≤ y ≤ g ( x) + C } .
É então claro que a área da região
{(x, y ) : a ≤ x ≤ b ∧ g ( x) + C ≤ y ≤ f ( x) + C} é obtida através do seguinte:

∫a [ f ( x) + C ]dx − ∫a [g ( x) + C ]dx = ∫a [( f ( x) + C ) − (g ( x) + C )]dx = ∫a [ f ( x) − g ( x)]dx .


b b b b

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 44


Em suma,

{(x, y ) : a ≤ x ≤ b ∧ g ( x) ≤ y ≤ f ( x)}= ∫ [ f ( x) − g ( x)]dx


b
Área da região
a

Exercícios:

4.7. Calcular a área da região definida por − x 2 + 2 x ≤ y ≤ −2 x 2 + 4 x .


4.8. Calcule a área da região do plano limitada pelas seguintes linhas:
4.8.1 y = x 2 ; x = 0 e a tangente àquela parábola no ponto (1,1) .
1
4.8.2 y = x 2 ; y = ; x = e .
x
4.8.3 y = x − 4 ; y = − x 2 − 2 x ; x = −3 .
2

Cálculo de comprimentos de linhas planas 

Seja f uma função de classe C 1 em ]α , β [ ⊃ [ a, b ] ; então o gráfico de f


b
tem um comprimento finito dado por ∫ 1 + [ f ′( x)]2 dx .
a

Exercício:

x , x ∈ [0,1].
2 3
4.9.Calcule o comprimento da linha de equação y =
3

 
Cálculo de volumes de sólidos de revolução 

Consideremos uma região plana A definida por {(x, y ) : a ≤ x ≤ b ∧ 0 ≤ f ( x) ≤ y ≤ g ( x)} onde


f e g são funções contínuas em [a, b] . Suponhamos que a região A efectua uma rotação de
2π , em torno do eixo dos xx . Obtém-se, deste modo, um sólido designado sólido de
revolução.
O seu volume é determinado pelo seguinte

[ ]
b
Volume = π ∫ g 2 ( x) − f 2 ( x) dx
a

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 45


O volume de um sólido de revolução gerado pela rotação de 2π duma região plana B
definida por
B = {( x, y ) : c ≤ y ≤ d ∧ 0 ≤ f ( y ) ≤ x ≤ g ( y )}
em torno do eixo dos yy é dado por

[ ]
d
Volume = π ∫ g 2 ( y ) − f 2 ( y ) dy
c

Exercício:

4.10. Seja A a região definida por 0 ≤ y ≤ e x − 1 e 0 ≤ x ≤ 1 .


Calcule o volume do sólido de revolução gerado pela rotação de 2π em torno do eixo dos
xx .

4.2 Integrais impróprios   

Um integral diz-se impróprio se o intervalo de integração é ilimitado ou a função integranda


é ilimitada.

Definição

Seja a ∈ IR e suponhamos que a função f : [a,+∞[ → IR é integrável no intervalo [a, c ] para


todo o c > a , então a um integral da forma
+∞

∫ f ( x)dx
a

chama-se integral impróprio de 1ª espécie.


Se existir
c
lim
c→+∞
∫ f ( x)dx = L
a

+∞ +∞
então diz-se que o integral impróprio ∫ f ( x)dx é convergente e que ∫ f ( x)dx = L .
a a

O integral impróprio diz-se divergente se esse limite não existir.

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 46


Supondo f integrável em [c, b] para todo o c < b , analogamente se define
b b

∫ f ( x)dx = c→lim−∞ ∫ f ( x)dx


−∞ c

caso o limite exista.


De facto, sendo f contínua e não negativa no intervalo [a,+∞[ , se existir
c
lim
c→+∞
∫ f ( x)dx = L
a

então dizemos que a área da figura limitada pelo gráfico de f , pela recta x = a e pelo
eixo dos xx e tal que x > a existe e é igual a L .

Exercício:
4.11. Estude a natureza dos seguintes integrais impróprios de 1ª espécie.
+∞ −3 +∞
3 + ln x
∫ (2 + x ) dx ; c) ∫
−3
∫ x dx ; b)
−1 5
a) dx .
1 −∞ e
x

Definição
Seja f : [a, b[ → IR uma função definida e integrável em qualquer intervalo da forma [a, c ]
( a < c < b) tal que
lim f ( x) = ±∞
x →b −

então o integral
b

∫ f ( x)dx
a

designa-se integral impróprio de 2ª espécie. Se existir


c
lim
c→b − a
∫ f ( x)dx = L
b b
então diz-se que o integral impróprio ∫ f ( x)dx é convergente e que ∫ f ( x)dx = L .
a a

O integral impróprio diz-se divergente se esse limite não existir.

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 47


Se lim+ f ( x) = ±∞ e f é integrável em qualquer intervalo da forma [c, b] ( a < c < b) , define-
x →a

se, de modo análogo,


b b

∫ f ( x)dx = lim
c →a + c
∫ f ( x)dx ,
a

caso este limite exista.

Exercício:
4.12. Estude a natureza dos seguintes integrais impróprios de 2ª espécie.
1 5
2
a) ∫ ln xdx ; b) ∫ (x − 5)3 dx .
0 0

Definição
Chama-se integral impróprio misto a qualquer integral que se possa decompor numa soma
finita de integrais impróprios de 1ª espécie e de 2ª espécie.

Uma qualquer soma de integrais impróprios diz-se convergente somente se todas as parcelas
forem integrais impróprios convergentes. Dir-se-á divergente se pelo menos uma parcela for
um integral impróprio divergente.

Exercício:
4.13. Classifique os seguintes integrais impróprios e estude a sua natureza.
+∞ e
1 1
a) ∫ x ln x − 1
dx ; b) ∫
0 x ln x − 1
3
dx .
e

Exercícios:
4.14. Estude a convergência dos seguintes integrais impróprios e calcule os que forem
convergentes:

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 48


π
2 dx
∫0 3 x
2
4.14.1 4.14.2
∫ sec
2
xdx
0

+∞ e
dx dx
4.14.3 ∫ x + 6x + 5
2
4.14.4 ∫x 1 − ln x
−2 0

2 +∞
dx − x2
4.14.5 ∫ x3 − 2x 4.14.6 ∫ xe dx
0 −∞

∫ (x − 1)
−3
4.14.7 dx
0

SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS NESTE CAPÍTULO 

(
4.1.1) 2 3 − 2 ln 1 + 3 ; 4.1.2) 2 − ) π
2
; 4.1.3) 0 ; 4.1.4) 4 ; 4.1.5) − ln 2 + 2 ln (1 + ln 2 ) ;

4.1.6) 7 ln 2 − 2 ln 5 ; 4.1.7) 2 ;; 4.1.8) − 4 3 +
4 3

4.1.9)
e4
2
π 1
− e 2 + 2arctg (e ) + ln e 2 + 1 − ln 2 − + ;
2 2
( )
5x
4.2.1) 3x 2 e − x − 2 xe − x ; 4.2.2) cos x ∫ 1 + t 4 dt + 5senx 1 + (5 x )4 .
6 4

−4

⎛π ⎞ 1
( )
ln 2 x
⎛ 3 ⎞
4.4) g ′′( x) =
e
(1 + 2 ln x ) ;
4.5) g ⎜ ⎟ = 8 − 1 ; 4.6) g ( x) = ln⎜ 2
4
⎟ ; 4.7) .
x ⎝2⎠ 3 ⎝ x +1⎠ 3
1 e3 − 4 11
4.8.1) ; 4.8.2) ; 4.8.3) .
3 3 3

π
4.9)
2
3
( 2
)
2 2 − 1 ; 4.10) ( 5 − 4e + e2 ) .

4.11.a) converge e vale ½; 4.11.b) divergente; 4.11.c) divergente.

4.12.a) converge e vale -1; 4.12.b) divergente.

4.13.a) misto divergente; 4.13.b) de 2ª espécie divergente.

33
4.14.1) 4 ; 4.14.2) divergente; 4.14.3) divergente; 4.14.4) divergente;
2
4.14.5) divergente; 4.14.6) 0 ; 4.14.7) divergente.

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 49


5. CÁLCULO DIFERENCIAL EM  IR n  

Relativamente ao presente capítulo, recomendamos a consulta das referências bibliográficas [AJ], [LHE],
[PISK].

5.1 Função a várias variáveis reais   

A área de um rectângulo de lados x e y é dada pela fórmula S = xy .


A cada par de valores de x e y corresponde um valor bem determinado de S . Por conseguinte,
S é uma função a duas variáveis.

O volume dum paralelepípedo rectângulo, cujo comprimento das arestas é respectivamente


x, y e z é dado pela fórmula V = xyz . Neste caso, V é uma função a três variáveis.

Uma função
f : D f ⊆ IR n → IR m ( n, m ∈ IN ),

é uma função a várias variáveis reais.


Se m = 1 , então f é uma função real a várias variáveis, também designada campo escalar, onde

f ( x) ∈ IR com x = ( x1 , … , x n ) ∈ IR n .

Se m ≥ 2 , então f é designada campo vectorial.

Mais exemplos:
a) A temperatura num dado local da Terra
f : D ⊂ IR 3 → IR
( x, y , z ) → t

onde x é a latitude, y é a longitude, z é a altitude e t é a temperatura no ponto ( x, y, z ) .


b) Na Cinemática, aparecem funções que dependem de uma só variável: o tempo, mas
originam trajectórias (lugar geométrico das posições que um ponto material vai ocupando
quando se desloca em relação a um referencial).
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 50
r (t ) = ( x(t ), y (t ), z (t ) ) ∈ IR 3

Nota: Neste capítulo estudaremos apenas campos escalares. Todavia, o alargamento dos
conceitos aqui abordados para campos vectoriais é feito de forma natural, através dos campos
escalares que constituem cada coordenada de f ( x) = ( y1 ,… , ym ) ∈ IR m .

Exemplos de domínios de campos escalares:

o O domínio da função f ( x, y ) = 2 x − y é constituído por todos os pontos do plano IR 2 .

o Consideremos a função a duas variáveis dada por f ( x, y ) = 1 − x 2 − y 2 .

D f = {( x, y ) ∈ IR 2 :1 − x 2 − y 2 ≥ 0}

O conjunto dos pontos ( x, y ) cujas coordenadas verificam esta desigualdade é a parte do


plano delimitada pelo círculo de raio 1 e centro na origem.
{
D f = ( x, y ) ∈ IR 2 : x 2 + y 2 ≤ 1 . }
o O domínio da função z = f ( x, y ) = ln( x + y ) é o semiplano

{
D f = ( x, y ) ∈ IR 2 : y > − x }
(i.e., o semiplano acima da recta y = − x ; os pontos da recta não pertencem ao domínio).

Exercícios:
5.1. Represente geometricamente o domínio das funções:

( )
a) f ( x, y ) = x 2 + y 2 − 4 − ln − x 2 − y 2 + 9 ; b) f ( x, y, z ) =
z
x
+ y.

5.2. Determine e represente geometricamente o domínio das funções:

⎛ x⎞ 1 x 2 + y 2 − 25
5.2.1 f ( x, y ) = arcsen⎜ ⎟ + 5.2.2 f ( x, y ) =
⎝4⎠ − xy ln( x + y )
⎛ x ⎞ ⎛ ⎛ x ⎞⎞
5.2.3 f ( x, y ) = 1 − sen 2 x 3 ln⎜⎜ ⎟⎟ 5.2.4 f ( x, y ) = x 2 − y + 4 + ln⎜⎜ y − ln⎜ ⎟ ⎟⎟
⎝x− y⎠ ⎝ ⎝ 2 ⎠⎠
x+ y
5.2.5 f ( x, y ) = + 4 − x2
x −y
2 2

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 51


 
5.2 Representação gráfica de um campo escalar a duas variáveis   

Seja z = f ( x, y ) uma função definida num domínio G do plano xOy . Em cada ponto ( x, y ) do
domínio elevemos uma perpendicular ao plano xOy sobre o qual traçamos um segmento igual ao
valor de f ( x, y ) . Obtemos, deste modo, um ponto do espaço, cujas coordenadas são
x, y , z = f ( x , y ) .

P ( x, y , z ) : z = f ( x, y )
x
y

O conjunto de todos os pontos do espaço assim obtidos constitui o gráfico da função f ( x, y ) .


Assim, o gráfico dum campo escalar a duas variáveis é o conjunto definido por
{( x, y, z) ∈ IR 3
}
: ( x , y ) ∈ D f ∧ z = f ( x, y ) .

Notemos que a projecção do gráfico no plano xOy é o domínio da função e cada perpendicular
ao plano xOy corta-o no máximo num ponto.

Conjuntos de nível
Sejam U ⊆ IR n e f : U → IR . Dado c ∈ IR , o conjunto
N c f = f −1 ({c}) = {X ∈ U : f ( X ) = c}
é chamado conjunto de nível de f de valor c .
No caso de uma função real a duas variáveis, isto é, de uma função z = f ( x, y ) de domínio
D ⊆ IR 2 , chamamos linha de nível de cota c ao lugar geométrico dado por
{( x, y ) ∈ D : f ( x, y ) = c} .

Exemplificando, seja f ( x, y ) = x 2 + y 2 , então o conjunto de nível


Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 52
{
N c f = ( x, y ) ∈ IR 2 : x 2 + y 2 = c }
representa
• a circunferência de centro (0,0) e raio c se c > 0 ;
• o conjunto vazio se c < 0 ;
• a origem se c = 0 .

Visualizando todas as linhas de nível de f , obtemos a imagem gráfica da função, que


corresponde a um parabolóide.

30
20 4
10 2
0
-4 0
-2
0 -2
2
-4
4

Exercício:
5.3. Considere o campo de pressões definido por f ( x, y ) = 5 x 2 + y 2 . Determine:
a) A pressão nos pontos ( −2, 4) , (3, 0) e (5, −7) .
b) As linhas de nível (isobáricas) de f . Esboce algumas dessas linhas.

c) A pressão sobre os pontos da parábola y = 2 x 2 e sobre os pontos da recta y = 3x + 1 .

5.3 Breves noções topológicas   

Ao longo desta secção serão introduzidas algumas noções topológicas indispensáveis à definição
dos novos conceitos. Começamos, no entanto, por recordar o seguinte:
A distância (euclideana) entre dois números reais x e y é dada por d ( x, y ) = x − y .

Em IR 2 a distância (euclideana) entre dois pontos X = ( x1 , x 2 ) e Y = ( y1 , y 2 ) é definida por

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 53


d(X ,Y ) = (x1 − y1 )2 + (x 2 − y 2 )2 .
De um modo geral a distância euclideana entre dois pontos X = ( x1 , x 2 , … , x n ) e

Y = ( y1 , y 2 , … , y n ) de IR n é definida como

d(X ,Y ) = (x1 − y1 )2 + + (x n − y n )2 .

É usual representar d ( X , Y ) através da notação X − Y , dado que esta representa a norma do

vector X − Y .

Definição
Chama-se bola (aberta) de raio r (r > 0) e centro a ∈ IR n ao conjunto de pontos de IR n cuja
distância a a é inferior a r . Representando-a por B(a, r ) temos o seguinte:

{
B (a, r ) = X ∈ IR n : d ( X , a) < r . }
Assim,
o se n = 1 B (a, r ) = ]a − r , a + r [ ;
o se n = 2 B(a, r ) é o disco de centro a e raio r ;
o se n = 3 B(a, r ) é uma esfera.

Definição
Seja D ⊂ IR n . Um ponto a ∈ IR n chama-se ponto de acumulação do conjunto D quando toda a
bola aberta de centro a contém algum ponto de D , diferente do ponto a .
O conjunto dos pontos de acumulação de D designa-se derivado de D e representa-se por D ′ .
Exemplificando, seja D ⊂ IR n a bola aberta de centro na origem e raio 2. Todo o ponto a ∈ IR n
tal que a = 2 é ponto de acumulação de D .

Definições
Seja D um subconjunto de IR n .
Um ponto a ∈ D chama-se ponto interior a D quando é centro de alguma bola aberta contida
em D .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 54


O interior de D é o conjunto int D formado pelos pontos interiores a D .
Um conjunto D ⊂ IR n diz-se aberto se todos os seus pontos são interiores. Assim, D é aberto se
e só se int D = D .
Assim, os intervalos abertos de IR são subconjuntos abertos de IR .
Uma bola aberta B(a, r ) ⊂ IR n é outro exemplo de conjunto aberto e o espaço todo IR n também
é aberto.

Um conjunto D diz-se fechado se o seu complementar IR n \ D for aberto.


Um conjunto D diz-se limitado se existir uma bola que o contenha.

5.4 Limites e continuidade   

Sejam f : D → IR uma função definida num conjunto D ⊂ IR n e a ∈ IR n um ponto de


acumulação de D .
Diz-se que o ponto b ∈ IR n é o limite de f ( X ) quando X tende para a e escreve-se
b = lim f ( X )
X →a

quando dado qualquer ε > 0 , pode-se obter δ > 0 tal que se X ∈ D , 0 < X − a < δ implica

f ( X ) − b < ε . Simbolicamente,

∀ε > 0 ∃δ > 0 : X ∈ D e 0 < X − a < δ ⇒ f ( X ) − b < ε .

Teorema
Sejam f : D ⊂ IR n → IR e a um ponto de acumulação de D . Quando existe, o limite de f ( X )
em a é único.

No estudo das funções reais de variável real, a existência do limite lim f ( x) assenta na existência
x→ a

e igualdade dos limites laterais lim+ f ( x) e lim− f ( x) . De facto, a aproximação ao número real a
x→a x→a

na recta real só pode ocorrer por valores inferiores a a (limite à esquerda de a ) ou por valores
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 55
superiores a a (limite à direita de a ). Nas funções a várias variáveis, o domínio permite
múltiplas formas de aproximação a um dado ponto a , ou seja, existem diversos caminhos através
dos quais nos podemos aproximar de a . Realcemos, no entanto, que se existir o limite
lim f ( X ) , os limites obtidos ao longo dos mais variados caminhos têm de ser iguais, em virtude
X →a

da unicidade do limite. Deste modo, se por caminhos diferentes obtemos limites diferentes
concluímos, de imediato, a não existência de limite.

No caso n = 2 , o domínio da função é um subconjunto D do plano IR 2 e a = (α , β ) . É habitual


calcular inicialmente os chamados limites direccionais, isto é, o limite da função ao longo de
rectas que passam pelo ponto a , ou seja, ao longo das rectas de equação y = β + m( x − α )
(m ∈ IR) e x = α . Se o limite obtido depender do declive m concluímos que não há limite, pois
não é o mesmo em todas as direcções.
Se o limite ao longo das rectas for um número real k independente de m , podemos ainda tentar
encontrar outra linha que passe pelo ponto a ao longo da qual o limite seja diferente de k , de
modo a concluir a inexistência do limite. Em IR 2 , é usual considerar as linhas definidas por

y = β + m( x − α ) y = β + m( x − α )
2 3

x = α + m( y − β ) x = α + m( y − β )
2 3

Notemos, porém, que a igualdade dos limites ao longo de vários caminhos não permite concluir a
existência de limite. A única maneira de garantir que existe limite é provando-o pela definição.

A prova da existência de limite pela definição processa-se através da majoração de f ( X ) − b até

obtermos uma expressão em X − a .

No caso n = 2 a expressão X −a toma a forma ( x − α )2 + ( y − β )2 (nota: X = ( x, y ) ).

Consequentemente, são muitas vezes úteis as seguintes desigualdades:

x ≤ x2 + y2 ; y ≤ x2 + y2 ; x2 ≤ x2 + y2 ; y2 ≤ x2 + y2 ;

xy ≤ x 2 + y 2 ; x − α ≤ ( x − α ) 2 + ( y − β )2 ; y−β ≤ ( x − α )2 + ( y − β ) 2 .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 56


Teorema
Sejam f , g : D ⊂ IR n → IR , a um ponto de acumulação de D e b, c ∈ IR tais que
lim f ( X ) = b e lim g ( X ) = c . Então:
X →a X →a

• lim ( f ( X ) + g ( X ) ) = b + c ;
X →a

• lim ( f ( X ) g ( X ) ) = bc .
X →a

Exercício:
5.4. Calcular lim f ( x, y ) :
( x , y ) →( 0 , 0 )

x − 3y x2 y xy
a) f ( x, y ) = ; b) f ( x, y ) = ; c) f ( x, y ) = .
2 y + 5x (y + x 2 )2 x2 + y2

Definição (continuidade de uma função num ponto)


Sejam f : D ⊂ IR n → IR e a ∈ D ′ ∩ D . A função f ( X ) diz-se contínua no ponto a se existir
limite em a e lim f ( X ) = f (a ) . Em linguagem simbólica,
X →a

∀ε > 0 ∃δ > 0 : X ∈ D e 0 < X − a < δ ⇒ f ( X ) − f (a ) < ε

Uma função contínua em todos os pontos do seu domínio diz-se contínua.

Teorema
Sejam f , g : D ⊂ IR n → IR funções contínuas em a , sendo a ∈ D ′ ∩ D . Então
f
f + g , f .g , kf (k ∈ IR) e (se g (a) ≠ 0) são contínuas em a .
g

Exercício:
5.5. Diga se as seguintes funções são contínuas no ponto (0,0) .

⎧ 2x 2 y
⎪ se ( x, y ) ≠ (0,0)
a) f ( x, y ) = ⎨ x 4 + y 2
⎪⎩ 0 se ( x, y ) = (0,0)

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 57


⎧ x− y
⎪2 + xy 2 se ( x, y ) ≠ (0,0)
2
b) f ( x, y ) = ⎨ x + y2
⎪⎩ 2 se ( x, y ) = (0,0)

Uma função f : D ⊂ IR n → IR diz-se prolongável por continuidade a um ponto a ∈ D ′ \ D


somente se existir lim f ( X ) .
X →a

Nesse caso, chamar-se-á prolongamento por continuidade de f ao ponto a , à função g que


coincide com f nos pontos onde f já estava definida e que no ponto a toma o valor
g (a) = lim f ( X ) , isto é,
X →a

⎧⎪ f ( X ) se X ∈ D = D f
g( X ) = ⎨ .
⎪⎩ Xlim f (X ) se X = a
→a

Exercício:
x −1
5.6. Considere a função f ( x, y ) = .
y + 2x − 3
a) Determine o seu domínio e represente-o geometricamente.
b) A função dada é prolongável por continuidade a (1,1)? Justifique a sua resposta.

5.5 Derivadas parciais   

Seja f : U ⊂ IR n → IR uma função definida num subconjunto aberto de IR n , U , e seja


a = (a1 , a 2 , … , a n ) ∈ U .

Seja {e1 , … , en } a base canónica de IR n , isto é, ei = (0, …,0,1,0,… ,0) ∈ IR n (entrada não nula na
i-ésima coordenada).
A derivada parcial (de 1ª ordem) de f em ordem a xi no ponto a (onde 1 ≤ i ≤ n ) é o limite
(caso exista)
∂f f (a + hei ) − f (a )
(a ) = lim
∂xi h →0 h .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 58


Notando que o ponto a = (a1 , a 2 , …, a n ) ∈ U está fixo temos o seguinte

∂f f (a + hei ) − f (a )
(a ) = lim
∂xi h →0 h
f (a1 ,…, ai + h,…, a n ) − f (a1 ,…, ai ,… a n )
= lim
h →0 h
= g ′(ai )

onde g é a função real de variável real definida por g ( x) = f (a1 , …, a i −1 , x, ai , …, a n ) .

Daqui resulta que a derivada parcial de f em ordem a xi pode ser calculada usando as regras de

derivação já conhecidas para funções reais de variável real, considerando a coordenada xi como

variável e as restantes coordenadas como constantes.

Se U é subconjunto aberto de IR 2 , as derivadas parciais de uma função f : U → IR num ponto


c = (a, b) ∈U são dadas por
∂f f (a + h, b) − f (a, b) ∂f f ( a, b + h) − f ( a, b)
(c) = lim e (c) = lim .
∂x h →0 h ∂y h→0 h
Exercícios:
∂f ∂f
5.7. Seja f ( x, y ) = y ln x . Calcule, pela definição, (e,2) e (e,2) .
∂x ∂y

5.8. Seja f : IR 2 → IR 2 , definida por

⎧ y2x
⎪ se ( x, y ) ≠ (0,0)
f ( x, y ) = ⎨ x 2 + y 2
⎪ 0 se ( x, y ) = (0,0)

∂f ∂f
Calcule ( x, y ) e ( x, y ) ∀( x, y ) ∈ IR 2 .
∂x ∂y

Interpretação geométrica das derivadas parciais duma função a duas variáveis 

Seja z = f ( x, y ) a equação da superfície representada na figura 1. Seja P = (a, b, c ) um ponto


essa superfície, i.e., (a, b ) ∈ D f e c = f (a, b) .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 59


∂f
O valor da derivada parcial (a, b) é igual à tangente do ângulo formado, por um lado, pela
∂y
tangente à curva definida pela intersecção da superfície z = f ( x, y ) e do plano x = a e por outro
∂f
lado, pela recta que resulta da intersecção dos planos xOy e x = a . Ou seja, (a, b) = tgβ . Do
∂y
∂f
mesmo modo, o valor da derivada parcial (a, b) é igual à tangente do ângulo α formado pela
∂x
tangente à curva definida pela intersecção da superfície z = f ( x, y ) e do plano y = b e a recta que
resulta da intersecção dos planos xOy e y = b .

Figura 1

Plano tangente 

Do estudo de funções reais a uma variável, sabemos que a derivada de uma função f (x) num
ponto x = a , caso exista, é o declive da recta tangente ao gráfico de f em a . Assim, se a
derivada f ′(a ) existe, então a referida recta tangente existe e é definida por
y = f (a ) + f ′(a)( x − a) .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 60


No que diz respeito às funções reais a duas variáveis podemos colocar a seguinte questão: em que
circunstâncias existe o plano tangente ao gráfico de f ( x, y ) no ponto (a, b) ? De acordo com a
interpretação geométrica das derivadas parciais apresentada acima, suspeita-se que a resposta está
∂f ∂f
relacionada com as derivadas parciais ( a , b) e (a, b) . No entanto, a existência destas
∂x ∂y
derivadas parciais não garante a existência de plano tangente. De facto, teremos de nos assegurar
que a função f ( x, y ) é derivável no ponto (a, b) , conceito este que será abordado mais adiante.

Supondo que f ( x, y ) é derivável no ponto (a, b) (o que veremos mais tarde que implica que as
derivadas parciais em (a, b) existem), o plano tangente ao gráfico de f ( x, y ) no ponto (a, b) é
definido pela igualdade
∂f ∂f
z − f ( a, b) = (a, b)( x − a ) + (a, b)( y − b)
∂x ∂y

Exercício:
5.9. Calcule as derivadas parciais de 1ª ordem das seguintes funções:

a) f ( x, y ) = xe y + ysenx (
b) f ( x, y ) = y ln x 2 + y 2 )
c) f ( x, y, z ) =
xy + x 2 z (
d) f ( x, y, z ) = x 2 + y 2 )
z

x + yz 2
y
e) f ( x, y ) = x y +
3
x

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 61


5.6 Derivadas parciais de ordem superior à primeira.  
Teorema de Schwarz 

Seja f ( x, y ) uma função de duas variáveis independentes. As derivadas parciais


∂f ∂f
( x, y ) = f x′( x, y ) e ( x, y ) = f y′ ( x, y ) desta função são funções de x e y . As derivadas
∂x ∂y
parciais das derivadas parciais de 1ª ordem constituem as derivadas parciais de 2ª ordem de f .
Por conseguinte, as derivadas parciais de 2ª ordem duma função real a duas variáveis são quatro,
visto que cada função f x′ ( x, y ) e f y′ ( x, y ) pode ser derivada em relação a x e em relação a y .

Usando as notações
∂ ⎛ ∂f ⎞ ∂ 2 f ∂ ⎛ ∂f ⎞ ∂ 2 f ∂ ⎛ ∂f ⎞ ∂ 2 f ∂ ⎛ ∂f ⎞ ∂ 2 f
⎜ ⎟= , ⎜ ⎟= , ⎜ ⎟= , ⎜ ⎟=
∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂x 2 ∂y ⎝ ∂x ⎠ ∂y∂x ∂x ⎜⎝ ∂y ⎟⎠ ∂x∂y ∂y ⎜⎝ ∂y ⎟⎠ ∂y 2
as quatro derivadas de 2ª ordem de f no ponto (a, b) são definidas por

∂2 f f x′ (a + h, b) − f x′ (a, b)
(a , b ) = lim
∂x 2 h →0 h
∂2 f f x′(a, b + h) − f x′(a, b)
(a, b ) = lim
∂y∂x h →0 h

∂2 f f y′ (a + h, b) − f y′ (a, b)
(a, b ) = lim
∂x∂y h →0 h

∂2 f f y′ (a, b + h) − f y′ (a, b)
(a , b ) = lim
∂y 2 h →0 h

Exercício:
5.10. Calcular as derivadas parciais de 2º ordem da função f ( x, y ) = x 2 y + y 3 .

Derivando as derivadas parciais de 2ª ordem em relação a x e em relação a y obtemos as

derivadas parciais de terceira ordem, que são 2 3 = 8 :

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 62


∂3 f ∂3 f ∂3 f ∂3 f ∂3 f ∂3 f ∂3 f ∂3 f
, , , , , , , .
∂x 3 ∂x 2 ∂y ∂x∂y∂x ∂x∂y 2 ∂y∂x 2 ∂y∂x∂y ∂y 2 ∂x ∂y 3

∂n f
Em geral, a notação representa a derivada de ordem n de f obtida derivando
∂x p ∂y n − p
primeiramente f n − p vezes em relação a y e em seguida p vezes em relação a x .

Facilmente se conclui que existem 2 n derivadas parciais de ordem n da função f .


Em funções reais de mais de duas variáveis as derivadas parciais definem-se do mesmo modo.
Notemos ainda que o número de derivadas parciais de ordem n de uma função de k variáveis é
kn.
Exercício:
∂3 f ∂3 f
5.11. Calcule e sendo f ( x, y ) = y 2 e x + x 2 y 3 + 1 .
∂x ∂y ∂y∂x
2 2

Analisando os resultados do exercício anterior constatamos que a troca da ordem de derivação


não alterou o resultado. Tratar-se-á de uma casualidade? Em que circunstâncias podemos esperar
que tal ocorra? A resposta a estas questões surge no teorema seguinte. De facto, o teorema de
Schwarz assegura que mediante algumas hipóteses a ordem em que são tomadas as derivadas
parciais repetidas não influi no resultado final.

Definição
Seja f : U ⊂ IR n → IR uma função definida num subconjunto aberto U de IR n . Se para todo
i ∈ {1,…, n} a função derivada parcial em ordem à variável xi , definida por

∂f
U → IR, a = (a1 , a 2 , … , a n ) (a ) , for contínua, diz-se que f é de classe C 1 .
∂x i

Diz-se que f é de classe C 2 se e só se f é de classe C 1 e as derivadas parciais de 1ª ordem são

de classe C 1 , ou seja, f é de classe C 2 se e só se as derivadas de 1ª e 2ª ordens existem e são


funções contínuas no domínio de f .

De um modo geral, f diz-se de classe C k ( k ∈ IN ) se e só se f admitir derivadas parciais até à


ordem k (inclusive) contínuas.

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 63


Teorema de Schwarz
Seja f : U → IR função definida num aberto U ⊂ IR n e de classe C 2 . Seja c ∈ U . Então, para
quaisquer 1 ≤ i, j ≤ n temos o seguinte

∂2 f ∂2 f
(c ) = (c ) .
∂xi ∂x j ∂x j ∂xi

Exercícios:
5.12. Calcule as derivadas parciais de 2ª ordem das seguintes funções:

a) f ( x, y ) = y 2 e x +
2 1 b) f ( x, y ) = xe y + ysenx
x2 y3

(
c) f ( x, y, z ) = x 2 + y 2 )z

y
5.13. Mostre que se f ( x, y ) = xy + ye x , então verifica-se a seguinte igualdade:
∂f ∂f
x +y = f ( x, y ) + xy .
∂x ∂y

5.14. Considerando a função f ( x, y ) = ln x 2 + y 2 , mostre que se trata de uma função

∂2 f ∂2 f
harmónica, isto é, que satisfaz a equação + = 0.
∂x 2 ∂y 2

x 2 f xx′′ − y 2 f yy′′ 1
5.15. Mostre que = sendo f ( x, y ) = x ln y + e xy .
xf x′ − yf y′ ln y − 1

⎧ x −1
⎪ ⇐ y ≠ −3
5.16. Seja f ( x, y ) = ⎨ y + 3 .
⎪ 8 ⇐ y = −3

a) Indique o domínio de f.
b) Estude a continuidade de f no ponto (1, −3) .
∂f ∂f ∂f ∂f
c) Calcule (2, 0) , (2, 0) , (2, −3) e (2, −3) .
∂x ∂y ∂x ∂y

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 64


5.7 Derivada Direccional    

Sejam U um aberto de IR n , f : U → IR , X 0 ∈ U e V ∈ IR n .
Se existir o limite
f ( X 0 + hV ) − f ( X 0 )
lim ,
h →0 hV

designar-se-á derivada direccional de f no ponto X 0 na direcção do vector V e representa-se

por f V′ ( X 0 ) .

Nota: a divisão por V traduz a independência face à norma do vector. Assim, o valor da

derivada direccional depende apenas do sentido e direcção do vector V .

Notemos que, por definição de derivada parcial,


∂f
( X 0 ) = f e′i ( X 0 ) = derivada direccional de f segundo o vector ei ,
∂x i

onde ei = (0, …,0,1,0, … ,0) ∈ IR n (entrada não nula na i-ésima coordenada).

Exemplos
⎧ x3
⎪ se ( x, y ) ≠ (0,0)
a) Seja f ( x, y ) = ⎨ x 2 + y 2
⎪ 0 se ( x, y ) = (0,0)

h3
∂f f ((0,0) + h(1,0) ) − f (0,0) f (h,0) 2
(0,0) = f (′1,0) (0,0) = lim = lim = lim h = 1
∂x h →0 h h →0 h h →0 h

⎧ x2 y
⎪ se ( x, y ) ≠ (0,0)
b) Seja f ( x, y ) = ⎨ x 2 + y 2 . A derivada direccional de f no ponto (0,0)
⎪ 0 se ( x, y ) = (0,0)

segundo o vector v = (α , β ) é dada por

f (hα , hβ ) α 2β
f v′(0,0) = lim = .
h →0
h α2 +β2 (α 2
+β2 ) α2 +β2
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 65
Na realidade, um cálculo directo a partir da definição mostra que função f possui derivadas
direccionais em todos os pontos de IR 2 , segundo qualquer vector v = (α , β ) .

Exercício:
5.17. Calcule f v′ ( X 0 ) para f ( x, y ) = xy + 2 x 2 , X 0 = (1,1) , v = (2,3) .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 66


5.8 Derivação de uma função composta (ou regra da cadeia)   

Suponhamos que na equação z = F (u, v) u e v são funções das variáveis independentes x e y ,


isto é, u = ϕ ( x, y ) e v = ψ ( x, y ) . Neste caso, z é uma função composta que se exprime
directamente em função de x e y , do seguinte modo: z = F (ϕ ( x, y ),ψ ( x, y )) (#).

Como exemplo, sejam z = u 3v 3 + u + 1 , u = x2 + y2 e v = e x+ y + 1 . Então,

(
z = x2 + y2 ) (e
3 x+ y
)3
+ 1 + x2 + y 2 + 1.

Suponhamos que as funções F , ϕ e ψ são de classe C 1 . O cálculo das derivadas parciais de z ,


em relação a x e y , pode efectuar-se sem usar a igualdade (#), isto é, sem explicitar z enquanto
função às variáveis x e y . Usam-se as funções F , ϕ e ψ recorrendo às seguintes igualdades:
∂z ∂F ∂u ∂F ∂v
= +
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x
∂z ∂F ∂u ∂F ∂v
= +
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y

Exercícios:
∂z ∂z
5.18. Seja z = ln(u 2 + v) , onde u = e x + y e v = x 2 + y . Calcular
2
e .
∂x ∂y
du
5.19. Seja u = x 2 + e x + y , onde x = t 2 e y = e t . Calcular .
dt
∂f ∂f x+ y
5.20. Calcule as derivadas e da função f (u , v) = ln(u + v) com u = e x e v = .
∂x ∂y xy
⎛ ∂z ⎞ ⎛ ∂z ⎞
5.21. Dada a função z = u 2 + v 2 com u = ln( xy ) e v = x y , calcule ⎜ ⎟ e ⎜⎜ ⎟⎟ .
⎝ ∂x ⎠ (1,1) ⎝ ∂y ⎠ (1,1)

( ) ⎛ dz ⎞
5.22. Dada a função z = xy com x = ln t 2 + 1 e y = t , calcule ⎜ ⎟ .
⎝ dt ⎠t = 2
t
∂w ∂w
5.23. Sendo w = e v , t = r 2 − s 2 , v = r 3 + s 3 calcule e .
∂r ∂s
dw
5.24. Calcule nos seguintes casos:
dt
a) w = 10 x 2 − 6 xy − 12 y 2 com x = 2t , y = 3t ;
b) w = x 2 + yz com x = 3t 2 + 1, y = 2t − 4, z = t 3 .
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 67
5.9 Noção de derivada e de diferencial    

Recordemos que dada uma função f : ]a, b[ → IR derivável, e dado x 0 ∈ ]a, b[ ,

f ( x) − f ( x 0 )
f ′( x 0 ) = lim ,
x → x0 x − x0

f ( x) − f ( x 0 ) − f ′( x 0 )( x − x 0 )
ou seja, lim = 0.
x → x0 x − x0
Definindo a aplicação linear
Df x0 : IR → IR
,
x f ′( x 0 ) x
temos ainda que
f ( x) − f ( x 0 ) − Df x0 ( x − x 0 )
lim = 0 . (1)
x → x0 x − x0

De facto, f é derivável em x 0 se e só se existe uma aplicação linear Df x0 : IR → IR tal que a

igualdade (1) se verifica. O conceito de derivada de uma função f : U ⊂ IR n → IR é uma


generalização desta última afirmação.

Definição
Sejam U um aberto de IR n , f : U → IR e X 0 ∈ U . Diz-se que f é derivável em X 0 ∈ U se e

só se existe uma (única) aplicação linear A : IR n → IR satisfazendo a igualdade


f ( X ) − f ( X 0 ) − A( X − X 0 )
lim = 0.
X →X0 X − X0

Prova-se que existe quando muito uma aplicação linear A nas condições indicadas. Ela é notada
por Df X 0 e a sua matriz relativamente às bases canónicas de IR n e IR , diz-se matriz jacobiana

de f em X 0 e representa-se por Jf X 0 .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 68


O teorema seguinte relaciona o conceito de derivada com o de derivada direccional.
Teorema
Sejam U um aberto de IR n , f : U → IR e X 0 ∈ U . Se f é derivável em X 0 , então para todo

o vector V ∈ IR n , existe f V′ ( X 0 ) e

1
f V′ ( X 0 ) = Df X 0 (V ) .
V

Em particular, relativamente à base canónica de IR n , {e1 ,…, en }, onde

ei = (0, …,0,1,0,…,0) ∈ IR n (entrada não nula na i-ésima coordenada),

∂f
Df X 0 (e1 ) = f e′1 ( X 0 ) = (X 0 )
∂x1
∂f
Df X 0 (e 2 ) = f e′2 ( X 0 ) = (X 0 )
∂x 2

∂f
Df X 0 (e n ) = f e′n ( X 0 ) = (X 0 )
∂x n

Assim, a aplicação Df X 0 é definida por

⎡ x1 ⎤ ⎡ ∂f ∂f ⎤ ⎡ x1 ⎤ ∂f ∂f
⎢ ⎥ ⎢ (X 0 ) ( X 0 )⎥ ⎢ ⎥ = x1 (X 0 ) + + xn (X 0 )
⎢ ⎥ ⎣ ∂x1 ∂x n ⎦⎢ ⎥ ∂x1 ∂x n
⎢⎣ x n ⎥⎦ ⎢⎣ x n ⎥⎦

Por outras palavras a matriz jacobiana da função f em X 0 é dada por

⎡ ∂f ∂f ⎤
Jf X 0 = ⎢ (X0) ( X 0 )⎥ .
⎣ ∂x1 ∂xn ⎦
Teorema
Sejam U um aberto de IR n , f : U → IR de classe C 1 . Então, f é derivável em todos os
pontos de U .

Exemplo
Seja f ( x, y ) = xy + 2 x 2 . A função admite derivada em todos os pontos de IR 2 , dado que é uma

função de classe C 1 (verifique-o). A matriz jacobiana no ponto (1,2) é dada por

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 69


⎡ ∂f ∂f ⎤
⎢ ∂x (1,2) (1,2)⎥ = [6 1] e por conseguinte Df (1, 2) é a seguinte aplicação linear
⎣ ∂y ⎦
∂f ∂f
Df (1, 2) ( x, y ) = 6 x + y = x (1,2) + y (1,2) .
∂x ∂y
Por outro lado, após definida a derivada em (1,2) , o cálculo de qualquer derivada direccional em
(1,2) torna-se fácil. Por exemplo, f (′−1,0) (1,2) = Df (1, 2) (−1,0) = −6 + 0 = −6 .

Definição
Sejam U um aberto de IR n , f : U → IR derivável. Chama-se diferencial de f em X 0 , e

representa-se por df ( X 0 ) , a

∂f ∂f
df ( X 0 ) = ( X 0 )dx1 + + ( X 0 )dx n .
∂x1 ∂x n

Em particular, para uma função real z = f ( x, y ) a duas variáveis e sendo X 0 = (a, b) ,

∂f ∂f
df (a, b) = (a, b)dx + (a, b)dy
∂x ∂y
( Δx = x − a = dx e Δy = y − b = dy ).

Em particular, para valores de Δx e Δy próximos de zero, temos Δz = f ( x, y ) − f ( a, b ) ≈ dz .

Exemplo
Calcule o diferencial dz para z = xy + 2x 2 e use diferenciais para calcular um valor aproximado
da função no ponto (1.01,0.9) . Tomemos (a, b) = (1,1) , Δx = dx = 0.01 e Δy = dy = −0.1 . Como
dz = (b + 4a)dx + ady .
Obtemos dz = −0.05 .
Então, f (1.01,0.9) = f (1,1) + Δz ≈ f (1,1) + dz , isto é, f (1.01,0.9) ≈ 2.95 .

Exercício:
5.25. Usando o diferencial de f ( x, y ) = x y , estime o valor de (1.02)3.01 .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 70


5.10 Gradiente    

Sejam U um aberto de IR n , f : U → IR derivável em X 0 ∈ U .

⎛ ∂f ∂f ⎞
O vector de IR n ⎜⎜ ( X 0 ), … , ( X 0 ) ⎟⎟ chama-se gradiente de f em X 0 e representa-se por
⎝ ∂x1 ∂x n ⎠
∇f ( X 0 ) . De acordo com o que foi estudado sobre a derivada de f , o gradiente satisfaz a
igualdade
∂f ∂f
Df X 0 (Y ) = ∇f ( X 0 ) | Y = y1 (X 0 ) + + yn ( X 0 ) , ∀Y = ( y1 , … , y n ) ∈ IR n ,
∂x1 ∂x n

e por conseguinte,
1
fV′ ( X 0 ) = ( ∇f ( X 0 ) | Y ) .
V

Exemplo
Seja f ( x, y, z ) = x 2 yz − cos( zx) . A função f é um campo escalar de domínio IR 3 e de classe

C 1 , uma vez que as suas derivadas parciais definem funções contínuas em IR 3 . De facto,
∂f
( x, y, z ) = 2 xyz + z sin( zx) ;
∂x
∂f
( x, y , z ) = x 2 z ;
∂y
∂f
( x, y, z ) = x 2 y + x sin( zx) .
∂z
Deste modo, temos
∇f ( x, y, z ) = (2 xyz + z sin( zx), x 2 z , x 2 y + x sin( zx) ) .
Em particular, ∇f (1,−1, π ) = (− 2π , π , − 1) . E portanto,

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 71


1
′ (1, −1, π ) =
f (0,1,2) ∇f (1, −1, π ) | (0,1, 2)
5
1
= (−2π , π , −1) | (0,1, 2)
5
1
= (π − 2 ) .
5

Exercícios:
5.26. Considere um campo escalar f que satisfaça as seguintes condições:

I) as derivadas parciais em ( 0, 0 ) existem e são nulas;

II) a derivada direccional na origem e na direcção de (1,1) existe e vale 3.

Explique por que motivo tal função não é derivável em ( 0, 0 ) .

5.27. Considere o campo escalar f ( x, y, z ) = e xy − 2 sin( z ) .


a) f é derivável? Justifique a sua resposta. Calcule o gradiente de f .
′ (1, −1, π ) , usando o vector gradiente de f .
b) Calcule f (0,1,2)

c) Seja g (u, v) = (v − u, − u, 2u 2 − v + π ) . Determine o vector gradiente de f g em (1, 2) ,


usando a regra da cadeia.

Teorema
Seja U um aberto de IR n , f : U → IR de classe C 1 .
ƒ Se ∇f ( X 0 ) ≠ (0,...,0) , então ∇f ( X 0 ) tem direcção e sentido do máximo crescimento de

f e a taxa de variação máxima é ∇f ( X 0 ) .

ƒ f V′ ( X 0 ) = Df X 0 (V ) = 0 se V ⊥ ∇f ( X 0 ) .

Exercícios:
5.28. Considere a função
⎧⎪ x ln ( x 2 + y 2 ) se ( x, y ) ≠ (0, 0)
f ( x, y ) = ⎨ .
⎪⎩ 0 se ( x , y ) = (0, 0)

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 72


∂f ∂f
a) Determine ( x, y ) e ( x, y ) para todo ( x, y ) ∈ IR 2 .
∂x ∂y
b) Calcule o vector gradiente de f em (1, 0) .
c) Determine a equação do plano tangente ao gráfico de f em (1, 0) .
d) Indique um vector com a direcção e sentido de maior crescimento de f no ponto (1, 0) .
′ −1) (1, 0) .
e) Usando o gradiente, determine f (0,

QUADRO RESUMO 
Dados: U um aberto de IR n , f : U → IR de classe C 1 , X 0 ∈ U e V ∈ IR n .

Derivada
direccional de
f ( X 0 + hV ) − f ( X 0 )
f no ponto X 0 fV′ ( X 0 ) = lim
h →0 hV
na direcção do Igualdades que relacionam os

vector V conceitos:

Aplicação linear Df X 0 : IR n → IR .

A sua matriz relativamente às bases


1
canónicas de IR n e IR , diz-se matriz fV′ ( X 0 ) = Df X 0 (V )
Derivada de f V
jacobiana de f em X 0 e representa-se por 1
no ponto X 0 = ( ∇f ( X 0 ) | Y )
V
Jf X 0 .

⎡ ∂f ∂f ⎤
Jf X 0 = ⎢ (X0) ( X 0 )⎥

⎣ 1x ∂xn ⎦
df ( X 0 ) = ∇f ( X 0 ) | ( dx1 ,… , dxn )
Diferencial de ∂f ∂f
df ( X 0 ) = ( X 0 )dx1 + + ( X 0 )dx n .
f em X 0 ∂x1 ∂x n

Gradiente de f ⎛ ∂f ∂f ⎞
∇f ( X 0 ) = ⎜ ( X 0 ),… , (X0)⎟
em X 0 ⎝ ∂x1 ∂xn ⎠

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 73


5.11 Máximos e mínimos locais (extremos livres)    

Seja f : U ⊆ IR n → IR , onde U é um subconjunto aberto de IR n .


Diz-se que f tem um mínimo local em a ∈ U se e só se existe uma bola centrada em a ,
B(a, r ) ⊂ U , tal que f ( X ) ≥ f (a), ∀X ∈ B(a, r ) .
Diz-se que f tem um máximo local em a ∈ U se e só se existe uma bola centrada em a ,
B(a, r ) ⊂ U , tal que f ( X ) ≤ f (a), ∀X ∈ B(a, r ) .
Se f tem um máximo ou um mínimo local em a ∈ U diz-se que f tem um extremo local em a .
Nesta secção iremos apresentar métodos que permitem, em certas condições, determinar os
extremos locais de uma função real a várias variáveis e que generalizam os processos já
conhecidos para as funções reais de variável real.
Dada uma função definida num intervalo aberto f : ]a, b[ → IR derivável, se f tem extremo
local em x0 então f ′( x0 ) = 0 .
O caso mais geral que estamos a tratar apresenta características análogas, como podemos
constatar no teorema seguinte:
Teorema
C
Seja f : U → IR uma função definida num aberto de IR n e de classe 1 . Se f tem extremo
local em a ∈ U , então
∂f
(a) = 0 ∀i = 1,…, n .
∂xi

Por outras palavras, se f tem um extremo local em a ∈ U , então todas as derivadas parciais de
1ª ordem de f anulam-se em a .

Definição
C
1

Seja f : U → IR uma função definida num aberto de IR n e de classe . Um elemento a ∈ U


∂f
tal que (a) = 0 ∀i = 1,…, n diz-se ponto crítico de f .
∂xi

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 74


O teorema anterior diz-nos que é condição necessária para que f (a) seja um extremo local de f
que a seja um ponto crítico. Todavia, esta não é uma condição suficiente.
Um ponto crítico de f que não corresponde a um extremo local diz-se ponto sela.
Notemos que a condição que define um ponto crítico, no caso n = 2 , significa que o plano
tangente ao gráfico da função f nesse ponto é horizontal, isto é, paralelo ao plano XOY .

Observação: Uma função poderá ter extremos relativos em pontos onde as derivadas parciais
não existem. Contudo, tal situação não será aqui abordada.

Exemplos:
a) A seguinte função está nas condições do teorema.

f : IR 2 → IR
( x, y ) → x 2 + y 2
O único ponto crítico de f é (0,0) onde há claramente um mínimo local de f .

b) Considere a seguinte função:

f : IR 2 → IR
( x, y ) → − x 2 − y 2
O único ponto crítico de f é (0,0) onde, neste caso, há um máximo local de f .

c) Considere a seguinte função:

f : IR 2 → IR
( x, y ) → − x 2 + y 2
O único ponto crítico de f é (0,0) sendo agora um ponto sela. De facto, qualquer bola centrada
em (0,0) contém pontos da forma ( x,0) com x ≠ 0 , onde f ( x,0) < 0 = f (0,0) e contém pontos da

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 75


forma (0, y ) com y ≠ 0 , onde f (0, y ) > 0 = f (0,0) . Portanto, em (0,0) não há máximo nem
mínimo local.

Apresentamos, de seguida, um método que permite identificar extremos entre os possíveis


candidatos, i.e., entre os pontos críticos.

Definição
Seja f : U ⊆ IR n → IR . À matriz das segundas derivadas parciais dada por

⎡ ∂2 f ∂2 f ∂2 f ⎤
⎢ ∂x 2 ∂x2 ∂x1 ∂xn ∂x1 ⎥⎥
⎢ 1
⎢ ∂2 f ∂2 f ∂2 f ⎥
⎢ ⎥
H ( x, y ) = ⎢ ∂x1∂x2 ∂x2 2 ∂xn ∂x2 ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ∂2 f ∂2 f ∂2 f ⎥
⎢ ∂x ∂x ∂x2 ∂xn ∂xn 2 ⎥⎥⎦
⎢⎣ 1 n
chama-se matriz hessiana de f .

Teorema

Seja f : U → IR uma função definida num aberto de IR n e de classe C 2 . Seja a um ponto


crítico de f . Consideremos a matriz hessiana de f em a ,

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 76


⎡ ∂2 f ∂2 f ∂2 f ⎤
⎢ ∂x 2 ( a ) ∂x2 ∂x1
(a)
∂xn ∂x1
(a)⎥
⎢ 1 ⎥
⎢ ∂2 f ∂2 f ∂ f
2 ⎥
⎢ (a) (a) ( a )⎥
H (a ) = ⎢ ∂x1∂x2 ∂x2 2 ∂xn ∂x2 ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ∂2 f ∂2 f ∂2 f ⎥
⎢ ∂x ∂x ( a ) ∂x2 ∂xn
(a)
∂xn 2 ( ) ⎥
a
⎣⎢ 1 n ⎦⎥
e os seus menores principais, isto é, os determinantes das submatrizes quadradas contendo a
parte superior esquerda da diagonal principal da matriz hessiana como sua diagonal principal,
a11 a12
d 1 = a11 , d2 = , … , d n = det H (a ) .
a 21 a 22

Então:
1) se todos os menores forem positivos, então f (a) é um mínimo local;
2) se os menores de ordem ímpar forem negativos e os menores de ordem par forem
positivos, isto é,

(− 1)k d k > 0, ∀k = 1, … , n

então f (a) é um máximo local;


3) se se verificar uma destas ordenações até certa ordem, mas a partir daí todos os
menores são nulos, então nada se conclui;
4) em todos os restantes casos, o ponto a é um ponto sela.

Este método aplicado a funções de duas variáveis inicia-se pelo cálculo de d 2 , prosseguindo do
seguinte modo:

⎪< 0 ⇒ ponto sela

d 2 ⎨ = 0 ⇒ nada se conclui
⎪ ⎧d 1 < 0 ⇒ máximo
⎪> 0⎨ d > 0 ⇒ mínimo
⎩ ⎩ 1

Exercícios:
5.29. Determinar os extremos da função f ( x, y ) = x 3 − xy 2 − x 2 + y 2 .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 77


8 x
5.30. Determinar os extremos da função f ( x, y ) = + + y , x > 0, y > 0 .
x y

5.31. Seja f ( x, y ) = x 2 − 4 xy + y 3 + 4 y .
a) Calcule os seus pontos críticos;
b) Determine os extremos da função.

5.32. Calcule os extremos das seguintes funções:

5.32.1 f ( x, y ) = x 2 + ( y − 1)2 ;
5.32.2 f ( x, y ) = x 4 + y 4 − 2 x 2 + 4 xy − 2 y 2 ;
5.32.3 f ( x, y ) = x 3 − y 3 − 3 xy ;
5.32.4 f ( x, y, z ) = x 2 + y 2 + z 2 − xy + x − 2 z

 
5.12 Extremos condicionados     

Para enviar um pacote, com forma de uma caixa rectangular, pelo correio, através do serviço de
pacotes postais, a soma do comprimento e do perímetro de uma secção transversal não deve
exceder 250 cm. Que dimensões tem o pacote com o maior volume e que esteja nas condições de
envio postal?
Indicando as dimensões do pacote através das letras x, y e z (cm), a questão remete-nos para a
procura de um máximo da função volume f ( x, y, z ) = xyz . Contudo esta procura terá de se cingir
a ternos (x, y, z ) que definam pacotes nas condições impostas, ou seja, ternos que satisfaçam a
condição x + 2 y + 2 z = 250 . (A condição imposta é na realidade x + 2 y + 2 z ≤ 250 , contudo
tendo presente o significado da função f e tendo em vista encontrar um máximo, pode-se
restringir à condição x + 2 y + 2 z = 250 .)
A questão levantada é um exemplo de problema de extremos condicionados, nos quais se
pretende determinar os extremos de uma função f ( X ) quando X está sujeito à restrição de
pertencer a um dado subconjunto do domínio de f .

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 78


Um problema semelhante é o seguinte: encontrar as dimensões do rectângulo de perímetro
2a > 0 cuja área é máxima. A função é dada por f ( x, y ) = xy e a condição imposta é x + y = a .
Resolvendo a condição em ordem a uma das variáveis (por exemplo y ) e substituindo na função,
basta determinar os extremos da função real de variável real g (x) = x(a − x) que agora se
encontra livre de qualquer restrição.
O mesmo raciocínio se pode esboçar para qualquer problema de extremos condicionados.
Todavia, geralmente é difícil obter das condições dadas alguma das variáveis como função das
restantes.
O teorema que se segue permite superar este problema e designa-se método dos multiplicadores
de Lagrange.

Teorema
Seja f : U → IR uma função definida num aberto de IR n e de classe C 1 .
Seja B = {X ∈ U : g 1 ( X ) = 0 ∧ … ∧ g k ( X ) = 0} (k < n) onde g 1 , … , g k : U → IR são funções

de classe C 1 . Suponhamos que f admite um extremo em a ∈ B e que a característica da matriz

⎡ ∂g 1 ∂g 1
⎢ ∂x (a ) (a )⎤⎥
∂x n
⎢ 1 ⎥
⎢ ⎥ é igual a k ,
⎢ ∂g k ∂g k
⎢ ∂x (a ) (a )⎥⎥
⎣ 1 ∂x n ⎦

então existem k números reais λ1 , … , λ k , tais que

∂f ∂g ∂g k
(a) = λ1 1 (a) + + λk (a ), ∀i = 1,…, n .
∂xi ∂xi ∂xi

Por outras palavras, dentro das hipóteses do teorema, os extremos da função f : U → IR sujeita
às k restrições g1 ( X ) = 0, … , g k ( X ) = 0 encontram-se entre as soluções do seguinte sistema

(com n + k equações e n + k incógnitas):

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 79


⎧ g1 ( X ) = 0


⎪ gk (X ) = 0
⎪ ∂f ∂g 1 ∂g k
⎪ ∂x = λ1 ∂x + + λ k

⎨ 1 1 ∂x1
⎪ ∂f = λ ∂g 1 + + λ ∂g k
⎪ ∂x 1
∂x 2
k
∂x 2
⎪ 2

⎪ ∂g k
⎪ ∂f = λ1 ∂g 1 + + λ k
⎩⎪ ∂x n ∂x n ∂x n

Os números λ1 , … , λ k dizem-se os multiplicadores de Lagrange.

Notemos que o teorema apenas fornece condições necessárias para a existência de extremo
condicionado.
De facto, nada se afirma sobre a existência de extremos condicionais ou como decidir se um
dado ponto encontrado por este processo é ou não extremo condicionado. Em cada caso, outros
argumentos, nomeadamente argumentos geométricos, terão de ser usados para decidir sobre
estas questões.
Não obstante, o teorema que se segue revela-se um poderoso instrumento neste contexto.

Teorema de Weierstrass
Toda a função f : U ⊆ IR n → IR , contínua num conjunto limitado e fechado (compacto) do
domínio possui máximo e mínimo absoluto nesse conjunto.

Exercícios:
5.33. Determine os valores extremos de f ( x, y ) = x 2 − y 2 ao longo da circunferência de raio 1 e
centrada na origem.
1 1
5.34. Sejam z = 3x 3 y 3 e C = x 2 + 2 y + 8 respectivamente as funções Produção e Custo para
uma empresa que quer calcular o seu custo mínimo para uma produção de 12 unidades.
5.35. Seja z = 4 xy uma função produção e seja C = x 2 + y 2 + 100 a função custo associada. Se a
restrição orçamentária é tal que C ≤ 200 , qual a máxima produção que se pode ter?

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 80


5.36. Encontre os pontos da esfera x 2 + y 2 + z 2 = 25 onde f ( x, y, z ) = x + 2 y + 3z tem os seus
valores máximos e mínimos.

5.37. Determine os pontos da circunferência x 2 + y 2 = 5 onde f ( x, y ) = x + 2 y tem os seus


valores máximos e mínimos.

5.38. Determine os extremos locais da função f ( x, y, z ) = x − y + 2 z sujeita ao elipsóide


x 2 + y 2 + 2z 2 = 2 .

5.39. Pretende-se construir um depósito rectangular sem tampa com volume V = 12 m 3 . O custo
por m 2 do material a ser usado é de 400$00, para o fundo, 300$00 para dois dos lados opostos e
200$00 para os dois lados opostos restantes. Determine as dimensões do depósito que
minimizem o custo.

SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS NESTE CAPÍTULO 

{
5.2.1) D f = ( x, y ) ∈ IR 2 : −4 ≤ x ≤ 4 ∧ xy < 0 }
5.2.2) D f = {( x, y ) ∈ IR 2
: x 2 + y 2 ≥ 25 ∧ x + y > 0 ∧ x + y ≠ 1 }
⎧ x ⎫
5.2.3) D f = ⎨( x, y ) ∈ IR 2 : > 0 ∧ x ≠ y⎬
⎩ x− y ⎭
⎧ ⎛ x⎞ ⎫
5.2.4) D f = ⎨( x, y ) ∈ IR 2 : y ≤ x 2 + 4 ∧ y > ln⎜ ⎟ ∧ x > 0⎬
⎩ ⎝2⎠ ⎭
{
5.2.5) D f = ( x, y ) ∈ IR 2 : x > y ∧ −2 ≤ x ≤ 2 }
5.3.a) f ( −2, 4 ) = 36 ; f ( 3, 0 ) = 45 ; f ( 5, −7 ) = 174 .

5.3.b) c < 0 ⇒ N c ( f ) = { } ; c = 0 ⇒ N c ( f ) = {( 0, 0 )} ; c > 0 ⇒ N c ( f ) é uma elipse de centro


em (0,0).

5.3.c) f ( x, 2 x 2 ) = x 2 ( 5 + 4 x 2 ) e f ( x,3 x + 1) = 14 x 2 + 6 x + 1 .

5.4.a) não existe; 5.4.b) não existe; 5.4.c) lim f ( x, y ) = 0 .


( x , y ) →(0,0)

5.5.a) f não é contínua em (0,0); 5.5.b) f é contínua em (0,0).

5.6.a) D f = {( x, y ) ∈ IR 2 : y ≠ 3 − 2 x} ; 5.6.b) f não é prolongável por continuidade a (1,1).


Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 81
∂f 2 ∂f
5.7) ( e, 2 ) = , ( e, 2 ) = 1 .
∂x e ∂y
⎧ y4 − x2 y2 ⎧ 2 x3 y
∂f ⎪ se ( x, y ) ≠ (0, 0) ∂f ⎪ se ( x, y ) ≠ (0, 0)
( x, y ) = ⎨ ( x 2 + y 2 ) ( x, y ) = ⎨ ( x 2 + y 2 )
2 2
5.8) e
∂x ⎪ ∂y ⎪
⎩ 0 se ( x, y ) = (0, 0) ⎩ 0 se ( x, y ) = (0, 0)

∂f ∂f
5.9. a) = e y + y cos x ; = xe y + senx ;
∂x ∂y

5.9.b)
∂f
= 2
2 xy
;
∂x x + y 2 ∂y
∂f
= ln x 2
+ y 2
+
2y2
; ( )
x2 + y2

5.9.c)
∂f
=
y + 2 xz

xy + x 2 z ∂f
; =
x

xy + x 2 z z 2 ∂f
; =
x2

(
2 yz xy + x 2 z
;
) ( )
∂x x + yz 2 x + yz 2 2
(∂y x + yz 2
)
x + yz 2 2 ∂z x + yz 2
x + yz 2 2
( ) ( )
5.9.d)
∂f
∂x
(
= 2 xz x 2 + y 2
z −1 ∂f
;
∂y
)
= 2 yz x 2 + y 2
z −1 ∂f
;
∂z
(
= ln x 2 + y 2 . x 2 + y 2
z
) ( )( )
∂f y ∂f x 1
5.9.e) = y− ; = +3 .
∂x 3 x 4 ∂y 2 y
3 x
∂2 f ∂2 f ∂2 f ∂2 f
5.10) = 2 y ; = 2 x = e = 6y .
∂x 2 ∂y∂x ∂x∂y ∂y 2
∂3 f ∂3 f
5.11) = = 2 ye x + 6 y 2 .
∂x 2 ∂y ∂y∂x 2

5.12. a)
∂2 f
= 2y e 2 x2
(1 + 2 x ) 2
+
6
;
∂2 f
=
∂2 f
∂x∂y ∂y∂x
12
= 4 xye + 3 4 ;
x2 ∂2 f 2
= 2e x +
12
;
∂x 2 3 4
y x x y ∂y 2
x2 y5
∂2 f ∂2 f ∂2 f ∂2 f
5.12.b) = − ysenx ; = xe y ; = = e y + cos x ;
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂y∂x

5.12.c)
∂2 f
(
= 2z x 2 + y 2 ) z −1
(
+ 4 x 2 z ( z − 1) x 2 + y 2 ) z −2
;
∂x 2
∂2 f
(
= 2z x + y2
)
2 z −1
+ 4 y z ( z − 1) x + y
2
( 2
)
2 z −2
;
∂2 f
((
= ln x 2 + y 2 )) (x
2 2
+ y2 ;)
z

∂y 2 ∂z 2
∂2 f ∂2 f
=
∂y∂x ∂x∂y
= 4 xyz ( z − 1) x 2 + y 2 ( )z −2
;
∂2 f ∂2 f
=
∂z∂x ∂x∂z
= 2x x 2 + y 2 ( ) (1 + z ln(x
z −1 2
+ y2 ; ))
∂2 f ∂2 f
=
∂z∂y ∂y∂z
= 2y x2 + y2 ( ) (1 + z ln(x
z −1 2
+ y2 ))
5.16. a) D f = IR 2 ; b) A função não é contínua no ponto indicado.

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 82


∂f 1 ∂f 1 ∂f ∂f
c) (2, 0) = , (2, 0) = − , (2, −3) = 0 e (2, −3) não existe.
∂x 3 ∂y 9 ∂x ∂y

13
′ (1,1) =
5.17) f (2,3) = 13 .
13
5.18)
∂z
= 2
∂x u + v
1
(
2ue x + y + 2 x ;
2

) ∂z
= 2
1
∂y u + v
(
4uye x + y + 1 .
2

)
= ( 2 x + e x + y ) 2t + e x + y et .
du
5.19)
dt
∂f 1 ⎛ x 1 ⎞ ∂f 1 ⎛ 1 ⎞
5.20) = ⎜e − 2 ⎟ ; =− 2 ⎜ ⎟.
∂x u + v ⎝ x ⎠ ∂y y ⎝u + v⎠
⎛ ∂z ⎞ ⎛ ∂z ⎞
5.21) ⎜ ⎟ = 2 e ⎜⎜ ⎟⎟ =0.
⎝ ∂x ⎠ (1,1) ⎝ ∂y ⎠ (1,1)
⎛ dz ⎞ ⎛ 2t x ⎞ 4 ln(5)
5.22) ⎜ ⎟ = ⎜ y 2 + ⎟ = 2 + .
⎝ dt ⎠t = 2 ⎝ t + 1 2 t ⎠t = 2 5 2 2
∂w 1 v ⎛ ⎞ ∂w 1 v ⎛ ⎞
t t
3tr 2 3ts 2
5.23) = e ⎜⎜ 2r − ⎟ e
⎟ ∂s v ⎜= e ⎜ − 2s − ⎟

∂r v ⎝ v ⎠ ⎝ v ⎠
dw dw
5.24.a) = 22 x − 84 y ; b) = 12 xt + 2 z + 3 yt 2 .
dt dt
5.25) (1.02 )
3.01
1.06 .
5.27.a) f é de classe C1 em IR 3 , logo é derivável em IR 3 ; ∇f ( x, y, z ) = ( ye xy , xe xy , −2 cos( z ) ) .

( e + 4 ) ; 5.27.c) ∇( f g )(1, 2) = ( 8, −e −1 − 2 ) .
1 −1
′ (1, −1, π ) =
5.27.b) f (0,1,2)
5
⎧ 2 x2
∂f ⎪ln ( x + y ) + 2 se ( x, y ) ≠ (0, 0)
2 2

5.28.a) ( x, y ) = ⎨ x + y2 ;
∂x ⎪
⎩ inexistente se ( x, y ) = (0, 0)
⎧ 2 xy
∂f ⎪ se ( x, y ) ≠ (0, 0)
( x, y ) = ⎨ x 2 + y 2 ;
∂y ⎪ 0
⎩ se ( x, y ) = (0, 0)
5.28.b) ∇f (1, 0) = ( 2, 0 ) ; 5.28.c) ( 2, 0 ) ; 5.28.d) f (0,
′ −1) (1, 0) = 0 .
⎛2 ⎞
5.29) f ⎜ , 0 ⎟ é mínimo local; (0,0), (1,1) e (1,-1) são pontos sela.
⎝3 ⎠
5.30) f (4, 2) é mínimo local.
⎛4 2⎞ ⎛4 2⎞
5.31. a) pontos críticos: (4,2 ) e ⎜ , ⎟ ; b) f é mínimo em (4,2) e ⎜ , ⎟ é ponto sela.
⎝3 3⎠ ⎝3 3⎠
5.32.1) f é mínimo em (0,1) ;
5.32.2) f é mínimo em ( 2, − 2 ) e (− 2, 2 ; ) ( 0, 0 ) é ponto sela.
Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 83
5.32.3) f é máximo em (− 1,1) e (0,0 ) é ponto sela;
⎛ 2 1 ⎞
5.32.4) f é mínimo em ⎜ − ,− ,1⎟ .
⎝ 3 3 ⎠
5.33) f (0,1) = f (0, −1) = −1 é mínimo local e f (1, 0) = f (−1, 0) = 1 é máximo local.

5.34) O custo mínimo é C (4,16) = 56 .

5.35) A produção máxima é de 200.


⎛ 5 10 15 ⎞ ⎛ 5 10 15 ⎞
5.36) f é mínimo em ⎜⎜ − ,− ,− ⎟⎟ e é máximo em ⎜⎜ , , ⎟⎟ .
⎝ 14 14 14 ⎠ ⎝ 14 14 14 ⎠
5.37) f é mínimo em (− 1,−2 ) e é máximo em (1,2 ) .
⎛ 2 2 2⎞ ⎛ 2 2 2⎞
5.38) f é mínimo em ⎜⎜ − , ,− ⎟ e é máximo em ⎜
⎟ ⎜ ,− , ⎟.

⎝ 2 2 2 ⎠ ⎝ 2 2 2 ⎠

5.39) x = 2m, y = 3m, z = 2m

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 84


Bibliografia   
[EWS] Swokowski, E. W.; Cálculo Com Geometria Analítica, Vol. I, Ed. McGraw-Hill, 1983.
[JCS] Silva, J. C.; Princípios de Matemática Aplicada, Ed. McGraw-Hill, 1994.

[AJ] Azenha, A.; Jerónimo, M. A.; Elementos de Cálculo Diferencial e Integral em IR e IR n , Ed.
McGraw-Hill, 1995.
[ELL] Lima, L. E.; Curso de Análise, Vol.1, Projecto Euclides, Nona Edição, 1999.
[PISK] Piskounov, N. ; Cálculo Diferencial e Integral, Vol. I e Vol. II, Ed. Lopes da Silva, 18ª
edição.
[HR] Harshbarger,R. J.; Reynolds, J. J.; Matemática Aplicada, 7ª edição, Ed. McGraw-Hill,
2006.
[LHE] Larson, R.; Hostetler, R.; Edwards, B.; Cálculo, Vol. I e Vol.II, 1ª edição, Ed. McGraw-
Hill, 2006.

Apontamentos Teórico-Práticos de Análise Matemática-IPVC-ESTG Teresa Mesquita 2011 85

Você também pode gostar