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DESCRIÇÃO

Introdução ao estudo de análise de circuitos elétricos a partir do Teorema da Superposição e princípio da


linearidade, análise de circuitos ligados em estrela ou triângulo e suas transformações equivalentes.

PROPÓSITO
Compreender os conceitos fundamentais do princípio da linearidade de circuitos elétricos, necessários para
aplicação do Teorema da Superposição. Analisar outras formas de associação de elementos para além dos modos
em série e paralelo, por meio das ligações em estrela e triângulo, bem como suas transformações equivalentes.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha à mão papel, caneta para anotações e, se possível, uma calculadora
científica para facilitar seus cálculos na solução de equações dos circuitos elétricos e transformações equivalentes
para as ligações estrela e triângulo.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Aplicar cálculos para solução de circuitos elétricos através do Teorema da Superposição

MÓDULO 2

Descrever circuitos elétricos equivalentes em estrela e triângulo


INTRODUÇÃO

TEOREMA DA SUPERPOSIÇÃO E CIRCUITOS


EQUIVALENTES EM ESTRELA E TRIÂNGULO

AVISO: Orientações sobre unidades de medida

ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE MEDIDA

Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km). No entanto, o Inmetro
estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e
demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das
unidades.
MÓDULO 1

 Aplicar cálculos para solução de circuitos elétricos através do Teorema da Superposição

TEOREMA DA SUPERPOSIÇÃO

INTRODUÇÃO
A APLICAÇÃO DA LEI DE KIRCHHOFF DAS CORRENTES (LKC) E DA LEI DE
KIRCHHOFF DAS TENSÕES (LKT) PERMITE A SOLUÇÃO DE CIRCUITOS
ELÉTRICOS POR MANEIRAS MUITO SIMPLES, POR MEIO DA ANÁLISE
NODAL E ANÁLISE DE MALHAS, RESPECTIVAMENTE.
No entanto, se o circuito for grande ou complexo, a aplicação dessas leis pode se tornar muito trabalhosa, em
virtude da quantidade de cálculos e equações necessárias para encontrar as variáveis tensão e corrente nos
elementos. Para lidar com o problema de solução de circuitos elétricos complexos, diversos teoremas foram
desenvolvidos para simplificar a análise.

Entre os teoremas mais utilizados, pode-se citar o Teorema de Thévenin, o Teorema de Norton e o Teorema da
Superposição, sendo esse o principal tema abordado neste módulo.

É importante destacar que os teoremas de circuitos são válidos apenas para circuitos lineares e, por esse motivo,
deve-se ter muito claro o princípio da linearidade em circuitos elétricos.

PRINCÍPIO DA LINEARIDADE

O princípio da linearidade é uma relação matemática de grande impacto em circuitos elétricos em geral,
intimamente relacionada com a proporcionalidade e que pode ser representada graficamente por uma reta.

 VOCÊ SABIA

A linearidade é basicamente a propriedade de uma função ser compatível com adição (aditividade) e
escalonamento (homogeneidade), também chamado de superposição.

Em um circuito que obedece a propriedade de homogeneidade, se a entrada, ou seja, a fonte de alimentação


(excitação) for multiplicada por uma constante, a sua saída, ou seja, a resposta à excitação, deverá também ser
multiplicada por essa mesma constante. Considerando a Lei de Ohm, que relaciona a entrada em corrente para
saída em tensão no resistor:

v = Ri
(1)

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Quando o valor dessa corrente for aumentado “k vezes”, a tensão sob o resistor terá um aumento de “k vezes”, ou
seja:

Kv = KiR

(2)

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Uma função matemática representada por uma linha reta que passa pela origem possui a propriedade de
proporcionalidade. Seja como exemplo, a função

f (x) = 2x

, representada pela Figura 1.

 Figura 1: Função matemática

f (x) = y = 2x

Para o valor de

x = 2

, tem-se que

f (x) = 2 × 2 = 4

. Se o valor de

x
for dobrado, ou seja,

x = 4

, tem-se que

f (x) = 8

. Isso significa que, ao duplicar

(entrada), duplica-se também

f (x)

(saída). Essa relação é válida para qualquer valor de

, ou seja, o fator de escala ou proporcionalidade não varia.

Já a propriedade de adição (aditividade) diz que a resposta para a soma de entradas diferentes em um circuito é
dada pela soma das respostas a cada uma dessas entradas aplicadas separadamente.

 EXEMPLO

A partir da relação entre tensão e corrente no resistor, sua resposta a uma entrada constituída de duas correntes
será obtida pelas respostas individuais a cada uma dessas correntes:

v1 = i 1 R , v2 = i 2 R

Aplicando

i1 + i2

, tem-se:

v = (i1 + i2 ) R = i1 R + i2 R = v1 + v2

(3)

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A Figura 2 ilustra a propriedade de adição para uma função linear qualquer,


f (x)

 Figura 2: Ilustração para uma função linear.

SE AS ENTRADAS

x1

x2

FOREM SOMADAS E COLOCADAS DENTRO DA FUNÇÃO

f (x)

, A SAÍDA SERÁ

f (x1 + x2 )

OU A PARTIR DA PROPRIEDADE DE ADIÇÃO,

f (x1 + x2 ) = f (x1 ) + f (x2 )

.
De modo geral, os conceitos de linearidade aplicados aos resistores são também estendidos para os demais
componentes do circuito, os indutores e capacitores. As leis desses componentes são dadas por:

INDUTOR
di
v = L
dt

(4)

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CAPACITOR

dv
i = C
dt

(5)

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Inicialmente, as Equações 4 e 5 podem não parecer referentes a funções lineares. No entanto, basta observar a
derivada como a variável independente da função linear:

INDUTOR
A relação no indutor pode ser representada graficamente como uma linha reta em que a derivada

di/dt

é o eixo horizontal e

, o eixo vertical, conforme Figura 3. A inclinação dessa reta é a indutância L.

di di
v = f ( ) = L
dt dt

(6)

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 Figura 3: Relação tensão x corrente para o indutor.

CAPACITOR
A relação no capacitor pode ser representada graficamente como uma linha reta em que a derivada

dv/dt

é o eixo horizontal e i como eixo vertical, conforme Figura 4. A inclinação dessa reta é a capacitância C.

dv dv
i = f ( ) = C
dt dt

(7)

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 Figura 4: Relação tensão x corrente para o capacitor.

 ATENÇÃO

O princípio da linearidade não se aplica à potência elétrica. Essa proposição pode ser entendida analisando a
fórmula de potência, expressa pela Equação 8:

2
v
2
p = Ri =
R

(8)

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A Equação 8 demonstra que a relação entre tensão e corrente para potência elétrica é quadrática, portanto, o
Teorema da Superposição, que será demonstrado mais adiante, não se aplica para cálculos de potência.

Resumindo o princípio da linearidade:

“UM CIRCUITO É LINEAR QUANDO SUA SAÍDA ESTÁ LINEARMENTE


RELACIONADA À SUA ENTRADA, OU SEJA, SAÍDA E ENTRADA SÃO
DIRETAMENTE PROPORCIONAIS.”
 EXEMPLO

Veja o circuito linear ilustrado na Figura 5. Os elementos contidos nesse circuito não são importantes, desde que
sejam lineares. A alimentação (entrada) do circuito é feita por uma fonte de tensão e a resposta (saída) é
representada pela corrente no resistor R. Quando a fonte de tensão fornece 10V, a corrente no resistor é de 2A.
Considerando o princípio da linearidade, calcule o valor da corrente no resistor se a fonte de tensão entregar uma
tensão de 10mV ao circuito.

 Figura 5: Circuito linear resistivo.

Como o circuito é linear, as propriedades de adição e homogeneidade são válidas. Considerando a


proporcionalidade entre os valores de entrada e saída, tem-se:

Para:

vS = 10V → iR = 2A

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Então:

vs = 10mV → iR = 2mA

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Perceba que, em virtude da proporcionalidade, basta fazer uma “regra de três” para obter a solução.

TEOREMA DA SUPERPOSIÇÃO
O Teorema da Superposição é baseado no princípio da linearidade apresentado anteriormente, sendo, sem
dúvidas, um dos mais utilizados em técnicas de solução de circuitos elétricos.

Esse teorema se aplica a circuitos lineares que contenham fontes independentes ou dependentes, resistores,
indutores e capacitores, que são elementos lineares, conforme descrito anteriormente. A utilização desse teorema
pode, muitas vezes, reduzir a complexidade e facilitar a solução de circuitos elétricos.

 SAIBA MAIS

Normalmente, o Teorema da Superposição é aplicado para analisar circuitos que contenham duas ou mais
fontes que não estejam conectadas em série ou paralelo, ou seja, em arranjos diferentes que não permitam
uma associação equivalente direta dessas fontes.

É possível, dessa forma, determinar os efeitos individuais de cada uma dessas fontes e suas contribuições
específicas nas grandezas dos circuitos. Para fontes de diferentes tipos, o resultado final (total) referente às fontes
trata-se da soma algébrica de seus resultados individuais.

De modo resumido, tem-se que:

O Teorema da Superposição assegura que a corrente elétrica ou a tensão em um elemento de um circuito linear é
dada pela soma algébrica das correntes ou tensões produzidas pela atuação isolada de cada uma das fontes
independentes.

Esse Teorema, portanto, permite que se encontre uma solução para corrente elétrica ou tensão no circuito linear
utilizando apenas uma fonte por vez. Assim, após encontrar as soluções individuais, basta prosseguir com uma
soma algébrica para combinar os resultados e obter a resposta total. É importante destacar que a contribuição das
fontes pode permitir que as correntes elétricas tenham sentidos opostos ou que as tensões possuam polaridades
invertidas, por esse motivo, a contribuição total é a soma algébrica, de modo que o sinal de cada fonte deve ser
considerado.

 VOCÊ SABIA
Para aplicar o Teorema da Superposição, é necessário obter as contribuições individuais das fontes do circuito
elétrico, ou seja, é necessário avaliar cada fonte individualmente, enquanto todas as outras restantes devem ser
removidas.

Existem, basicamente, dois tipos de fonte em circuitos que deverão ser removidas, as fontes de tensão e as fontes
de corrente. Para desativá-las, tem-se:

FONTES DE TENSÃO
Para desativar uma fonte de tensão em um circuito elétrico, basta substituí-la por um curto-circuito, ou seja, uma
conexão direta entre seus terminais. Assim, a tensão será zero, que é o mesmo que desativar a fonte. Se houver
resistência interna na fonte, essa deverá ser mantida em série no circuito. A Figura 6 ilustra a remoção de uma
fonte de tensão em parte de um circuito.

 Figura 6: Remoção de uma fonte de tensão.

FONTES DE CORRENTE
Para desativar uma fonte de corrente em um circuito elétrico basta substituí-la por um circuito aberto, ou seja, uma
conexão aberta entre seus terminais. Assim, a corrente elétrica será zero, que é o mesmo que desativar a fonte. Se
houver resistência interna na fonte, essa deverá ser mantida em paralelo no circuito. A Figura 7 ilustra a remoção
de uma fonte de corrente em parte de um circuito.

 Figura 7: Remoção de uma fonte de corrente.

 ATENÇÃO

Pode-se dizer que o número de circuitos a ser analisado a partir do Teorema da Superposição se refere ao número
de fontes existentes, tendo em vista que o efeito de cada uma será determinado individualmente. A princípio isso
pode parecer uma desvantagem do método de análise, no entanto, a superposição contribui para reduzir a
complexidade de circuitos elétricos pela simples substituição de fontes por curtos-circuitos ou por circuitos abertos
em diferentes situações de análise.

ETAPAS PARA APLICAÇÃO DO TEOREMA DA


SUPERPOSIÇÃO

ETAPA 1

Desativar todas as fontes independentes do circuito elétrico, exceto uma. As fontes de tensão são substituídas por
um curto-circuito e as fontes de corrente por um circuito aberto. As fontes dependentes, ou controladas, devem ser
mantidas no circuito.


ETAPA 2

Repetir a Etapa 1 até que todas as fontes independentes tenham sido consideradas e calculadas suas
contribuições individuais.


ETAPA 3

Determinar a resposta total nos elementos fazendo a soma algébrica das respostas individuais de cada fonte. As
tensões e correntes em cada ramo serão a soma das tensões e correntes das fontes independentes obtidas
individualmente. É importante atentar-se ao sentido das correntes e à polaridade das tensões, conforme já descrito.

 EXEMPLO

Com base no Teorema da Superposição e no princípio da linearidade descritos, calcule a corrente elétrica que
circula por meio do resistor

R2

do circuito ilustrado na Figura 8:


 Figura 8: Circuito para o Exemplo 2.

Inicialmente, será determinada a contribuição da fonte de tensão de 24V. Para isso, a fonte de corrente deve ser
desativada, o que significa substituí-la por um circuito aberto, conforme ilustrado na Figura 9.

 Figura 9: Substituição da fonte de corrente por um circuito aberto.

O resultado é um circuito em série simples e a contribuição da fonte na corrente, dada por


I
2

, será:

V V 24

I = = = = 2A
2
RT R1 + R2 8 + 4

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Para encontrar a contribuição da fonte de corrente, é necessário desativar a fonte de tensão, ou seja, substituí-la
por um curto-circuito, conforme ilustrado na Figura 10:
 Figura 10: Substituição da fonte de tensão por um curto-circuito.

O resultado é uma combinação em paralelo dos resistores

R1

R2

. Com base no princípio de divisão de corrente, a contribuição da fonte de 6A, denominada

′′
I
2

, será:

R1 8
′′
I = I = 6 = 4A
2
R1 + R2 8 + 4

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Como as duas correntes encontradas tem o mesmo sentido de fluxo no resistor

R2

, a corrente total é dada pela soma de


I
2

′′
I
2

:
′ ′′
I = I + I = 2 + 4 = 6A
2 2

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Este exemplo demonstra que, caso se deseje calcular a corrente elétrica em um circuito, a contribuição para tal
corrente deve ser determinada para cada fonte, conforme Teorema da Superposição. Além disso, quando o efeito
de cada fonte é determinado, correntes de mesmo sentido são adicionadas e correntes de sentido oposto são
subtraídas, de modo a obedecer a soma algébrica dessas grandezas. O resultado obtido é o sentido da soma
maior e o valor absoluto da diferença.

Do mesmo modo, caso se deseje calcular a tensão em um elemento, sua contribuição também deve ser
determinada para cada fonte, conforme o Teorema da Superposição. Além disso, quando o efeito de cada fonte é
determinado, tensões de mesma polaridade são adicionadas, enquanto tensões de polaridades opostas são
subtraídas, de modo a obedecer a soma algébrica dessas grandezas. O resultado obtido tem a polaridade da soma
maior e o valor absoluto da diferença.

 ATENÇÃO

Do mesmo modo que demonstrado anteriormente para o princípio da linearidade, o Teorema da Superposição
não pode ser aplicado para calcular a potência elétrica fornecida em um circuito. Sabe-se que a dissipação
de potência nos elementos lineares do circuito como resistores, varia em função do quadrado da tensão aplicada
ou da corrente que está no seu ramo. Portanto, a potência total de cada componente do circuito não será a soma
das potências individuais quando as fontes atuam de forma isolada.

MÃO NA MASSA

TEORIA NA PRÁTICA
Utilizando o Teorema da Superposição, determine o valor da corrente i, que circula pelo resistor de

no circuito elétrico ilustrado na Figura 17.


 Figura 17: Teoria na prática.

RESOLUÇÃO

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Descrever circuitos elétricos equivalentes em estrela e triângulo


LIGAÇÕES DE CIRCUITOS EM ESTRELA E
TRIÂNGULO

INTRODUÇÃO
OS ELEMENTOS DE UM CIRCUITO ELÉTRICO PODEM SER CONECTADOS
DE DIVERSAS FORMAS PARA CONSTITUIR UM EQUIPAMENTO OU UM
DISPOSITIVO ELÉTRICO.
A organização dos elementos, como fontes de alimentação, resistores, indutores e capacitores é importante para
definir a forma como a energia será utilizada. Esta, por sua vez, é chamada de associação. Tratando mais
especificamente de circuitos elétricos básicos e alimentados com corrente contínua, os elementos do circuito
resumem-se aos resistores.

A associação de resistores é muito comum em circuitos elétricos, pois nem sempre é possível obter um valor
específico de resistência com apenas um resistor. A associação desses resistores é sempre representada por um
resistor equivalente

(Req )

, elemento fictício, ou seja, que não está, de fato, presente na rede, mas que representa a resistência total
referente aos elementos associados.

O comportamento da associação, ou seja, a forma como as tensões e correntes estão presentes no circuito,
dependem do tipo de ligação dos resistores. As associações básicas são dos tipos:

SÉRIE

PARALELO

MISTA (SÉRIE-PARALELO)

Além disso, os circuitos podem ter uma configuração complexa, em que os elementos não podem ser considerados
associados em série ou em paralelo, como é o caso das configurações em estrela (Y) e triângulo (∆), que serão
abordadas neste módulo.

ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE
Seja o circuito ilustrado na Figura 20, que representa um circuito com uma fonte de tensão e dois resistores ligados
em série, de modo que apenas a corrente i circula por ambos (uma única corrente de malha).

 Figura 20: Circuito com um laço e dois resistores em série.

Ao aplicar a Lei de Ohm para cada um dos resistores, tem-se:

v1 = iR1 , v2 = iR2

(9)

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Aplicando a Lei de Kirchhoff das tensões (LKT) à malha, arbitrando que a corrente circule no sentido horário, tem-
se:

−v + v1 + v2 = 0

(10)
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Relacionando as Equações 9 e 10:

v = v1 + v2 = i (R1 + R2 )

v
i =
R1 + R2

(11)

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A Equação 11 pode ser modificada, pois os dois resistores podem ser substituídos por um equivalente:

v = iReq

Onde,

Req = R1 + R2

(12)

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A resistência equivalente em um circuito com

resistores ligados em série é a soma algébrica dessas resistências individuais desses elementos.

Para

resistores:
N

Req = R1 + R2 + ⋯ + RN = ∑ Rn

n=1

(13)

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ASSOCIAÇÃO EM PARALELO
Seja o circuito ilustrado na Figura 21, composto por uma fonte de tensão e dois resistores ligados em paralelo,

R1

R2

. Por estarem ligados em paralelo, os dois resistores estão submetidos à mesma tensão.

 Figura 21: Circuito com dois resistores em paralelo.

v = i 1 R1 = i 2 R2
v v
i1 = i2 =
R1 R2

(14)

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Aplicando a Lei de Kirchhoff das correntes (LKC) no nó a, tem-se a corrente total que vem da fonte:

i = i1 + i2

(15)

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Substituindo a Equação 14 na Equação 15, tem-se:

v v 1 1 v
i = + = v( + ) =
R1 R2 R1 R2 Req

(16)

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Onde

Req

é denominada resistência equivalente dos resistores ligados em paralelo.

1 1 1 1 R1 + R2
= + → =
Req R1 R2 Req R1 R2

(17)

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A resistência equivalente de dois resistores ligados em paralelo é dada pelo produto dessas resistências dividido
pela sua soma.

R1 R2
Req =
R1 + R2

(18)

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ASSOCIAÇÃO MISTA (SÉRIE-PARALELO)

A CONFIGURAÇÃO DE ASSOCIAÇÃO MISTA, OU SÉRIE-PARALELO, EM UM


CIRCUITO ELÉTRICO É FORMADA POR UMA COMBINAÇÃO DE
ELEMENTOS LIGADOS EM SÉRIE E EM PARALELO.
São muitas as combinações possíveis para a associação mista de resistores, portanto, é necessário analisar partes
do circuito separadamente a fim de definir a abordagem que fornece a melhor estratégia de determinação das
grandezas necessárias. A melhor forma de resolver um circuito em associação mista é compreender bem as
associações em série e paralelo apresentadas anteriormente. A Figura 22 ilustra um circuito com resistores em
associação mista.

 Figura 22: Circuito CC em série-paralelo.

LIGAÇÕES EM ESTRELA (Y) E TRIÂNGULO (∆)


 VOCÊ SABIA

Em muitas situações, a configuração dos elementos de um circuito elétrico não se configura como associação em
série e nem como associação em paralelo. Essas situações dificultam, a princípio, a análise do circuito a partir das
leis básicas, como a Lei de Kirchhoff das correntes (LKC) e a Lei de Kirchhoff das tensões (LKT), aplicadas às
análises nodal e de malhas.

Muitos desses circuitos complexos podem ser simplificados a partir de uma conversão em redes equivalentes de
três terminais. As configurações de ligação em estrela (Y) e triângulo (∆) são, frequentemente, responsáveis por
essa dificuldade e que podem ser facilmente convertidas em redes equivalentes. Muitas vezes, essas ligações são
também identificadas por “T” e “pi” (π), respectivamente, ilustradas na Figura 23 e Figura 24:

 Figura 23: Circuito ligado em estrela: (a) Y; (b) T

 Figura 24: Circuito ligado em triângulo: (a) ∆ (b) π.

Portanto, de modo a auxiliar na aplicação das técnicas de análise de circuitos para redes com essas ligações,
serão apresentados, na sequência, os desenvolvimentos das equações necessárias para a conversão de circuitos
em estrela para triângulo e vice-versa.

Seja o circuito da Figura 25, com os terminais

e
c

fixos. Caso se deseje utilizar o circuito na configuração estrela (Y), em vez da configuração em triângulo (∆), basta
aplicar diretamente as equações que serão desenvolvidas na sequência. É importante destacar que apenas uma
das configurações, estrela ou triângulo, podem estar presentes entre os terminais

, de modo que se possa dizer que são equivalentes.

 Figura 25: Conceito de conversão ∆-Y

O objetivo matemático da conversão entre as configurações é determinar uma expressão para

R1

R2

R3

em função de

RA

RB

RC
, e vice-versa, de modo a garantir que a resistência entre dois terminais quaisquer da configuração estrela seja
equivalente à resistência entre dois terminais quaisquer da configuração triângulo.

CONVERSÃO TRIÂNGULO – ESTRELA (∆ - Y)


É possível que, em algumas situações, seja mais conveniente analisar um circuito em uma determinada
configuração.

 EXEMPLO

Pode ser interessante fazer a conversão de parte de um circuito que esteja ligada em triângulo para seu
equivalente em estrela. Essa mudança é denominada conversão triângulo-estrela. Para fazer essa conversão,
deve-se sobrepor o circuito em estrela ao circuito em triângulo já existente e determinar o valor da resistência em
cada par de nós que seja correspondente à ligação em estrela.

De modo geral, a conversão triângulo-estrela transforma os resistores em triângulo

(RA , RB , RC )

em estrela

(R1 , R2 , R3 )

, de modo que existirão expressões para

R1 , R2 eR3

, em função de

RA , RB

RC

. Considerando o circuito da Figura 25, a resistência entre os terminais

a − c

deve ser a mesma tanto para a ligação triângulo quanto para ligação estrela:

Ra−c (Y ) = Ra−c (Δ)

(19)
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Assim, tem-se que:

RB (RA + RC )
Ra−c = R1 + R3 =
RB + (RA + RC )

(20)

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Aplicando o mesmo raciocínio aos pares de nós

a − b

b − c

, é possível obter outras expressões:

RC (RA + RCB )
Ra−b = R1 + R2 =
RC + (RA + RB )

(21)

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RA (RB + RC )
Rb−c = R2 + R3 =
RA + (RB + RC )

(22)

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Ao subtrair a Equação 20 da Equação 21, tem-se:


RC RB + RC RA RB RA + RB RA
(R1 + R2 ) − (R1 + R3 ) = ( ) − ( )
RA + RB + RC RA + RB + RC

De modo que:

RA RC − RB RA
R2 − R3 =
RA + RB + RC

(23)

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Ao subtrair a Equação 23 da Equação 22, tem-se:

RA RB + RA RC RA RC − RB RA
(R2 + R3 ) − (R2 − R3 ) = ( ) − ( )
RA + RB + RC RA + RB + RC

Logo:

2RB RA
2R3 =
RA + RB + RC

(24)

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É possível, então, determinar uma expressão para o resistor

R3

(ligação em estrela), em função dos resistores

RA

RB
e

RC

(ligação em triângulo):

RA RB
R3 =
RA + RB + RC

(25)

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Se o mesmo raciocínio for aplicado para

R1

R2

, tem-se:

RB RC
R1 =
RA + RB + RC

(26)

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RA RC
R2 =
RA + RB + RC

(27)

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É importante observar que não é necessário memorizar as expressões descritas nas Equações 25 a 27. Para fazer
a transformação, basta criar um nó extra
n

, conforme ilustrado na Figura 26 e seguir a seguinte regra:

“CADA RESISTOR DO CIRCUITO ESTRELA É O PRODUTO DOS


RESISTORES NOS DOIS RAMOS EM TRIÂNGULO ADJACENTES, DIVIDIDO
PELA SOMA DOS TRÊS RESISTORES EM ESTRELA.”

 Figura 26: Superposição de circuitos Y e ∆ (transformação).

CONVERSÃO ESTRELA – TRIÂNGULO (Y - ∆)


Em outras situações, pode ser mais conveniente analisar um circuito em triângulo, em vez de em estrela. Para
isso, é necessário fazer a conversão estrela-triângulo para encontrar os resistores equivalentes, semelhante ao
que foi feito no tópico anterior. Com base nas Equações 25 e 26, tem-se a seguinte divisão:

R3 (RA RB ) / (RA + RB + RC ) RA
= =
R1 (RB RC ) / (RA + RB + RC ) RC

Ou
RC R3
RA =
R1

(28)

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Em seguida, divide-se a Equação 25 pela Equação 27:

R3 (RA RB ) / (RA + RB + RC ) RB
= =
R2 (RA RC ) / (RA + RB + RC ) RC

Ou

RC R3
RB =
R2

(29)

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Substituindo

RA

RB

por esses valores na Equação 27, tem-se:

(RC R3 /R1 ) RC
R2 =
(RC R3 /R2 ) + (RC R3 /R1 ) + RC
(R3 /R1 ) RC
=
(R3 /R2 ) + (R3 /R1 ) + 1

(30)

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Reduzindo a expressão para um denominador comum:

RC R3 /R1
R2 =
(R1 R2 + R1 R3 + R2 R3 ) / (R1 R2 )

R2 R3 RC
=
R1 R2 + R1 R3 + R2 R3

Isolando

RC

R1 R2 + R1 R3 + R2 R3
RC =
R3

(31)

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Com base nesse mesmo procedimento, é possível encontrar as expressões para

RA

RB

(ligação triângulo), em função de


R1

R2

RA

(ligação estrela):

R1 R2 + R1 R3 + R2 R3
RA =
R1

R1 R2 + R1 R3 + R2 R3
RB =
R2

(32)

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É importante observar que:

“O VALOR DE CADA RESISTOR DO TRIÂNGULO É IGUAL À SOMA DAS


POSSÍVEIS COMBINAÇÕES DOS PRODUTOS DAS RESISTÊNCIAS DO
CIRCUITO ESTRELA (EXTRAÍDAS DUAS A DUAS), DIVIDIDA PELA
RESISTÊNCIA ESTRELA MAIS OPOSTA.”

CIRCUITOS EM ESTRELA OU TRIÂNGULO


EQUILIBRADOS
Em circuitos que o valor das três resistências é igual tanto na ligação em estrela

(R1 = R2 = R3 )

, como na ligação em triângulo

(RA = RB = RC )
, diz-se que o circuito é equilibrado. Se

RA = RB = RC

, a Equação 25 facilmente se transformaria em (usando apenas RA):

2
RA RB RA RA R RA
A
R3 = = = =
RA + RB + RC RA + RB + RC 3RA 3

(33)

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Seguindo o mesmo procedimento:

RA RA
R1 = , R2 =
3 3

(34)

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De forma geral, as fórmulas de conversão anteriormente desenvolvidas são, para circuitos equilibrados, resumidas
em:


RY = , RΔ = 3RY
3

(35)

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ISSO INDICA QUE, PARA UM CIRCUITO EM ESTRELA DE TRÊS


RESISTORES IGUAIS, O VALOR DE CADA RESISTOR DO TRIÂNGULO É
IGUAL A TRÊS VEZES O VALOR DE UM RESISTOR EM ESTRELA.
 EXEMPLO

Converta o circuito ilustrado na Figura 27, ligado em triângulo (ou delta) em seu equivalente em estrela (ou T).

 Figura 27: Circuito do Exemplo 1.

Com base nas Equações 25, 26 e 27, a conversão do circuito em triângulo para seu equivalente em estrela
consiste em encontrar os valores de

R1

R2

R3

RB RC 20 × 10
R1 = = = 3, 33Ω
RA + RB + RC 30 + 20 + 10
RA RC 30 × 10
R2 = = = 5Ω
RA + RB + RC 30 + 20 + 10

RA RB 20 × 30
R3 = = = 10Ω
RA + RB + RC 30 + 20 + 10

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O circuito equivalente em estrela é ilustrado na Figura 28.

 Figura 28: Circuito Y equivalente ao ∆.

MÃO NA MASSA

TEORIA NA PRÁTICA
Os circuitos em ponte são muito importantes nas montagens de equipamentos eletrônicos, como, por exemplo,
para medição de resistência. Uma das montagens mais utilizadas é a chamada Ponte de Wheatstone, para
medição de resistências com elevada precisão, resistores entre


e

1M Ω

. A solução de circuitos em ponte pode ser facilmente encontrada a partir de transformações estrela-triângulo. Com
base nos conceitos dessas transformações, calcule a potência elétrica fornecida à ponte do circuito da Figura 35.

 Figura 35: Teoria na Prática.

RESOLUÇÃO

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise de circuitos elétricos é facilmente entendida com a aplicação das leis básicas de circuitos, como a Lei de
Ohm e as Leis de Kirchhoff (das tensões e das correntes). No entanto, para circuitos mais complexos ou que
contenham uma grande quantidade de elementos e fontes de alimentação, apenas o conhecimento dessas leis
pode ser insuficiente para prosseguir com a análise. Dessa forma, teoremas como o da Superposição, apresentado
neste conteúdo, permitem a simplificação dos circuitos.

O Teorema da Superposição apresentado baseia-se no princípio da linearidade dos elementos de circuito e diz que
a corrente elétrica ou a tensão em um elemento de um circuito linear é dada pela soma algébrica das correntes ou
tensões produzidas pela atuação isolada de cada uma das fontes independentes. Dessa forma, o resultado dessas
grandezas pode ser obtido a partir de uma análise individual de cada fonte do circuito, somadas algebricamente.
Por fim, foram apresentadas as equivalências entre as ligações em estrela ou triângulo, bem como suas
equivalentes transformações que permitem simplificar a aplicação das leis básicas em circuitos cujos elementos
não estão ligados em série ou em paralelo.

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AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. Porto Alegre: AMGH, 2013.

BOYLESTAD, R. L.; NASCIMENTO, J. L. do. Introdução à análise de circuitos. São Paulo: Pearson Education,
2004.

IRWIN, J. D. Análise de circuitos em engenharia. São Paulo: Pearson Education, 2010.

JOHNSON, D. E.; HILBURN, J. L.; JOHNSON, J. R. Fundamentos de análise de circuitos elétricos. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1994.

NILSSON, J. W., RIEDEL, S. A. Circuitos elétricos. São Paulo: Pearson Education, 2008.
EXPLORE+
Para se aprofundar nos tópicos desenvolvidos, leia o seguinte livro:

CRUZ, E. C. A. Eletricidade básica – circuitos em corrente continua. São José dos Campos: Érica, 2014.

CONTEUDISTA
Isabela Oliveira Guimarães

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