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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE FLUXO DE POTÊNCIA EM


SISTEMAS ELÉTRICOS

DISCIPLINA: ANÁLISE DE SISTEMAS ELÉTRICOS

PROFESSOR: JOSÉ WILSON RESENDE

UBERLÂNDIA, ABRIL DE 2010

1
CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE FLUXO DE POTÊNCIA

1.1. CAPACIDADE DE TRANSMISSÃO

Na condução de energia elétrica por linhas de transmissão, há um


valor máximo de energia, acima do qual a linha não consegue
aumentar a energia transferida. Quando isso ocorre, diz-se que a
linha atingiu sua capacidade estática de transmissão ou seu limite
de estabilidade estática.

Para iniciarmos nossa análise, vejamos o trecho de linha:

Figura 1.1 – Representação por fase de um sistema trifásico de transmissão.

Pode-se determinar uma expressão para as potências ATIVA e


REATIVA da linha da figura 1.,1 a partir das seguintes condições:

a) Conhecem-se as tensões V1 e Vj nas barras e a impedância Z da


linha.
b) As potências aparentes Sij e Sji serão diferentes entre si, devido às
perdas (essas duas potências são consideradas positivas quando
saem das barras).

2
c) A corrente de linha “I” é a mesma em qualquer ponto da linha e
pode ser obtida através de:
Vi − V j
I=
Z

OBS.: As tensões Vi e Vj acima indicadas, possuem ângulos de fase


αi e αj respectivamente.

A potência aparente, que flui da barra i para a barra j é dada por:


Vi* − V j*
Sij = Pij + jQ ij = Vi .I* = Vi.
Z*
-j(α −α )
Vi − Vi . V j . e i j
2

Ou ainda: Sij = (1.1)


R − jX

Enquanto que a potência que flui no sentido inverso é dada por:

Sji = Pji + jQji = Vj . (-I)*


2 (
- j α j −α i )
V j − Vi . Vj . e
S ji = (1.2)
R − jX

Nos desenvolvimentos das próximas equações, a diferença (αi-αj)


será considerada como sendo “δ”.
Separando-se as partes real e imaginária das equações (1.1) e (1.2)
tem-se:
Pij =
1
R 2 + X2
(
R Vi
2
− R Vi . V j cos δ + X Vi . V j sen δ )
Qij =
1
R +X
2 2
(
X Vi − X Vi . Vj cos δ − R Vi . Vj senδ
2
)

Pji =
1 ⎛ R V 2 − R V . V cos δ − X V . V sen δ ⎞⎟
2 ⎜
R +X ⎝ ⎠
2 j i j i j

Q ji =
1 ⎛ X V 2 − X V . V cos δ + R V . V sen δ ⎞⎟
2 ⎜
(1.3)
R +X ⎝ ⎠
2 j i j i j

3
Em condições ideais, onde R = 0, As equações relativas às
potências ativas ficariam assim:
Vi V j
Pij = − Pji = . sen δ (1.4)
X

Esta expressão, com tensões e reatância constantes, será máxima


Vi V j
para δ = 90o. Ou seja: Pmax = (1.5)
X

Assim, a equação (1.4) pode ser então reescrita:


Pij = Pmax . sen δ (1.6)

Da equação (1.6) pode-se observar que:

1. A maneira mais eficiente de alterarmos a potência ativa que


transita pela linha é pela variação do ângulo de fase δ.
2. A um aumento de carga ter-se-á o crescimento da potência
transmitida, a qual só ocorrerá com o aumento de δ.
3. Para Pij = Pmax, δ = 90o. Este será o limite de estabilidade
estática: qualquer tentativa de aumento na potência Pij levará à
perda de sincronismo entre as barra i e j.
A figura abaixo ilustra esta curva:

Figura 1.2 – Potência de linha em função do ângulo de potência.

4
4. Voltando à equação (1.5) pode-se observar ainda que:
Pmax cresce com o produto das tensões.
Pmax é inversamente proporcional à reatância da linha.

Observe o seguinte exemplo:


Comparemos duas LT’s de 160 Km de extensão: uma com as
tensões Vi = Vj = 140 kV e X = 80 Ω, com um condutor por
fase, e a outra linha com Vi = Vj = 765 kV e X = 55 Ω, com quatro
condutores por fase:

Pmax (140 kV) = 1402 / 80 = 245 MW


Pmax (765 kV) = 7652 / 55 = 10.600 MW

Observa-se que a LT de 765 kV conduz a mesma potência de 43


linhas de 140 kV!

1.2. CARACTERÍSTICA DA CARGA

Existem diversos modos de se classificar uma carga:

a) Quanto ao tipo de carga:


• motores, equipamentos de aquecimento, equipamentos
eletrônicos e de iluminação.
b) Quando às diferenças elétricas principais entre os equipamentos:
• Tamanho, mono ou trifásico, constância de carga, ciclo de
funcionamento (uso regular ou aleatório).

Embora as cargas, individualmente, sejam aleatórias, as cargas


vistas por um sistema de transmissão serão concentradas. Estas
cargas concentradas variam com o tempo, de maneira previsível:
• Com as horas do dia,
• Com os dias da semana,
• E com as estações do ano.

As cargas variam, com o tempo, lentamente: de minuto a minuto as


cargas são quase constantes, um minuto é um tempo longo em
Sistemas de Energia Elétrica (SEE).

5
As cargas típicas, em geral, consomem potência reativa. Os motores
são os mais importantes componentes da carga total.

Figura 1.3 – Variação típica da carga com o tempo.

As cargas típicas são simétricas: as cargas monofásicas são


intencionalmente distribuídas equilibradamente.

6
1.2.1. Dependência da Carga com Tensão e Freqüência

a) Carga simples, tipo impedância:


2
2 V
A equação que descreve este tipo de carga é : P + jQ = V .Y* =
Z*

A potência ativa será dada por:


⎡V 2 ⎤ ⎡ V2 R + jωL ⎤ R. V
2

P = Re ⎢ ⎥ = Re ⎢ x ⎥ =P = 2
⎢⎣ Z * ⎥⎦ ⎢⎣ R − jωL R + jωL ⎥⎦ R + (2πfL )
2

⎡V2⎤ 2πfL V
2

Enquanto que a potência reativa será: Q = Im⎢ ⎥=


⎢⎣ Z * ⎥⎦ R 2 + (2πfL) 2

Pode-se observar assim que:


• P e Q crescem com o quadrado do acréscimo da tensão,
• P e Q decrescem com o quadrado do acréscimo da freqüência.

De maneira geral:

P = f1(f, V)

Q = f2(f, V) (1.6)

b) Cargas compostas:

Também variam com V e f. Entretanto não há uma relação


simples como para a impedância. Na prática, a dependência da
carga composta com V e f é obtida por MÉTODOS EMPÍRICOS.

Em geral, nos sistemas de energia elétrica, o interesse maior está nas


variações ∆P e ∆Q provocadas por pequenas variações ∆f e ∆V.

Partindo das equações (1.6) o problema acima seria assim descrito:

7
∂P ∂P
∆P = ∆f + ∆V
∂f ∂V

∂Q ∂Q
∆Q = ∆f + ∆V (1.7)
∂f ∂V

Para as cargas compostas, as 4 derivadas parciais não podem ser


obtidas analiticamente, mas sim empiricamente.

Por que isso acontece ?


Estas derivadas variam muito com o tipo físico da carga. Por
exemplo, os motores de indução e fornos de aquecimento terão
comportamentos bem diferentes no que se refere à tensão ou
potência.

c) A carga média ou típica:

Tomando uma média de vários estudos a respeito de como é uma


carga típica, tem-se que a mesma apresenta uma composição onde
60% são motores de indução, 20% são motores síncronos e 20%
são outros “ingredientes” (equipamentos de aquecimento e
iluminação, fornos de indução, etc...), tal carga teria os seguintes
parâmetros:

∂P ∂Q ∂P
=1 = 1,3 =1
∂V ∂V ∂f

∂Q/∂f é indeterminado e não é importante neste caso porque, as


potências reativas são muito pouco sensíveis à variação da
frequência.

c.1) As cargas tipo impedância variam P e Q com o quadrado da


tensão. As cargas compostas variam P linearmente com V
(∂P∂V = 1) e variam Q entre linear e quadrado com V
(∂Q/∂V = 1,3). Logo conclui-se que cargas compostas
dependem menos da tensão.

c.2) As cargas tipo impedância decrescem com o aumento de f.

8
As cargas compostas aumentam com o aumento da freqüência:
a predominância de motores explica isso (suas cargas sempre
aumentam com o aumento da freqüência (velocidade)).

1.3. A POTÊNCIA ATIVA E SEUS EFEITOS SOBRE


FREQÜÊNCIA DO SISTEMA

Existem diversas razões para se manter “f” dentro de limites


rigorosos. Abaixo estão listadas algumas razões para isso:
• Os acionamentos e os controles (CLP’s) são projetados para
operarem alimentados por uma onda senoidal em 60 Hz,
• os medidores de energia,
• os relés de proteção.

De uma maneira geral pode-se afirmar que os frequencímetros são


os termômetros clínicos de um SEE.

1.3.1. O Mecanismo Carga-Freqüência

Os valores de freqüências normalmente aceitos são:

Figura 1.4 – Componentes básicos do mecanismo carga-freqüência.

9
a) Caso ideal

• Na figura acima, se G está sincronizado com a rede, ele girará


na mesma velocidade da rede. Logo, a geração de Potência
Ativa será agora controlada pelo conjugado da máquina
primária (turbina hidráulica ou a vapor).
Em conseqüência disso, a velocidade não pode variar. O que de fato
ocorre em resposta às eventuais variações de potência ativa, é um
avanço ou um atraso do ângulo de rotação do rotor do gerador.

b) Caso real

No mesmo instante, em que ocorre a variação da carga, dentro da


máquina ocorre que, ao aumento ou decréscimo de I, surgirá um
conjugado de desaceleração, oposto ao conjugado de aceleração.

Desta forma, a freqüência se alterará, para se ajustar à nova situação.


Em um caso ideal, a freqüência não variaria pois a turbina receberia
exatamente a quantidade de água (ou vapor) requerida pela
demanda da carga.

c) Esquematizando um caso próximo do real(*)

Figura 1.5 – O caso próximo do real no mecanismo carga-freqüência.

10
(*) O esquema só não é real em um aspecto:
As turbinas, normalmente, recebem informação sobre a variação de
carga, através do Regulador de Velocidade, portanto as variações
de “f” serão menores do que o que se prevê no diagrama da figura
1.5.

Análogo mecânico

Figura 1.6 – O análogo mecânico do controle carga-freqüência.

4.2. MANIFESTAÇÕES DE INSTABILIDADE NO SISTEMA

Analisemos as possíveis formas como a instabilidade pode se


manifestar no sistema:
• Fuga de sincronismo aperiódica
Duas partes do sistema saem de sincronismo, sem oscilações. Pode
resultar de instabilidade em regime permanente ou instabilidade
transitória. Falta potência sincronizante entre as duas partes do
sistema, pois o ângulo entre elas excede o valor crítico. Uma vez
iniciada a fuga de sincronismo, esta é muito rápida, levando à
abertura de linhas pelas proteções, em tempos da ordem de 0,5 a 1
segundo. A Figura 9 abaixo ilustra o fenômeno:
δ

Figura 9 t

11
De uma forma simplificada, representando o sistema por duas
máquinas ligadas por meio de uma reatância, como na Figura 10
abaixo, a potência que pode ser transferida entre eles é:
E1.E2
P12 = . sen(δ 1 − δ 2 )
X

E1
X

E1 E2

S
δ

E2

1
0,9
0,8
0,7
Potência

0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 90 180
Ângulo

Figura 10

A potência máxima que pode ser transferida é


Pmax = (E1 . E2) / X, quando o ângulo δ for igual a 90º.

Na prática da operação do sistema e com a experiência, o


ângulo entre as tensões das barras pode dar alguma indicação
aproximada do risco de instabilidade.
Pela expressão acima, verificamos que quanto maior for a
tensão das máquinas (E1 e E2), isto é quanto maior forem suas
correntes de excitação, maior será o limite de estabilidade. Por outro
lado quanto menor for a impedância de interligação, maior será o
limite de estabilidade. Assim, maior será o limite de estabilidade
quanto maior for o número de linhas de interligação em serviço.

12
• Oscilações pouco amortecidas, mantidas ou crescentes

Podem surgir oscilações deste tipo em regime permanente


para determinadas configurações e despachos de geração. Podem
também ser iniciadas por contingências na rede. Há falta de
amortecimento, apesar de haver potência sincronizante. A oscilação
sendo crescente pode levar à fuga de sincronismo, com perda da
potência sincronizante. A Figura 11 abaixo ilustra os fenômenos:

δ δ

t t
Oscilação não amortecida Oscilação crescente
Figura 11

O processo é mais lento, em geral, do que na fuga de


sincronismo aperiódica. Em alguns casos de oscilações mantidas, há
tempo suficientes para o redespacho manual das gerações, reduzindo
intercâmbios, que permitem controlar a oscilação. Mas em certos
casos de oscilações crescentes, o processo de fuga de sincronismo
será rápido, não havendo tempo para o redespacho.
• Colapso de Tensão
Ocorre um afundamento lento da tensão, que a partir de determinado
momento vai levar a uma fuga de sincronismo, em geral do tipo
aperiódico.

• Operação fora de sincronismo


Com dois sistemas A e B operando fora de sincronismo, com
freqüências fA e fB, haverá nas linhas de interligação entre estes
sistemas pontos em que a tensão eficaz variará entre zero e um valor
próximo do normal, com uma freqüência de batimento fA – fB. Os
pontos em que isto ocorre são os chamados “centros elétricos”. À
medida que nos afastamos do centro elétrico, a influência da

13
operação fora de sincronismo é menos sentida, havendo menores
variações de tensão. Na prática a operação fora de sincronismo
dificilmente chega a ocorrer, tendo em vista que os relés de proteção
tendem a atuar antes que o fenômeno ocorra.

A Figura 12 abaixo mostra a oscilação da tensão próxima do


centro elétrico. A freqüência próxima da fundamental é modulada
pela diferença de freqüências entre os dois subsistemas.
Ciclicamente o valor eficaz da tensão neste ponto passa por zero.
Variação da Tensão no Centro Elétrico
Tensão

Tempo

Figura 12

4.3. ESQUEMAS DE CONTROLE DE EMERGÊNCIA

O controle de emergências é o que se desenvolve durante o


período em que o sistema está em um estado de alerta ou
emergência ou em um estado restaurativo entre alerta/emergência e
normal. Requer ação imediata ou de curto prazo para restabelecer
uma condição normal ou próxima de normal.
Os objetivos dos controles de emergência são evitar que o
sistema passe de um estado normal para outro de alerta ou
emergência, ou, caso isto não possa ser evitado, minimizar as
interrupções e restabelecer as condições normais logo que possível.
Em resumo os objetivos são minimizar risco de perturbação, limitar

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conseqüências da perturbação, se ela vier a ocorrer e agilizar a
restauração da situação normal.
Os requisitos exigidos dos esquemas de controle de
emergência são a Identificação da situação anormal e ação rápida
sobre uma ou mais variáveis disponíveis para controle, como a
demanda, a geração ou a rede (configuração, e impedâncias)
O tempo é um fator importante no controle de emergências.
Enquanto no controle normal do sistema, as ações têm efeitos
pequenos e o tempo não é critico (exemplo: controle carga x
freqüência), no controle de emergências as ações devem ser rápidas
e produzem grandes efeitos.
Em geral, nas emergências há pouco ou nenhum aviso quando
alguma ação é necessária. A indicação de que alguma ação é
necessária, em geral, são grandes variações com as condições do
sistema mudando rapidamente.
Durante o controle de emergência a operação econômica fica em um
plano secundário.
A aplicação de esquemas de controle de emergências pode ter dois
tipos de motivação:
• Fazer face às contingências não previstas no planejamento. São
contingências que, em geral, não podem ser definidas. Um
exemplo de aplicação para estes casos é o esquema regional de
alivio de carga por subfreqüência (ERAC).
• Fazer face à contingências previstas no planejamento, mas que
por efeito de atrasos de obras ou redução de investimentos não
são suportadas. Nestes casos os esquemas são projetados para
contingências definidas.

As características mais comuns das perturbações mais severas são:


• Apesar de uma perturbação poder ser iniciada por uma ampla
gama de fatores e possa ser complicada por efeitos secundários, a
maior parte delas são caracterizadas em algum estágio por
desbalanços significativos entre carga e geração, no total do
sistema ou em áreas isoladas
• O desbalanço entre carga e geração deve ser evitado mas, quando
isto não é possível, deverá ser corrigido pelo ajustamento da
carga e/ou geração.

15
• Se o déficit de geração excede a quantidade de carga que pode
ser rapidamente desligada ou, se a velocidade de desconexão não
é suficiente, poderá haver o colapso. Por outro lado, se houver
uma reserva girante grande ou se a quantidade de carga desligada
for muito maior que o déficit de geração, haverá problemas como
corte desnecessário de carga, sobretensões e sobrefreqüência. Em
resumo: é necessário o reconhecimento imediato da situação
anormal e uma resposta rápida, porém equilibrada.

Os esquemas automáticos para controle de emergências mais


comuns são:
• Esquema de alívio de carga por subfreqüência
• Esquemas de corte de carga por subtensão
• Esquema de corte de carga por variação do fluxo de potência
• Esquemas de corte de geração por sobrefreqüência
• Esquemas de ilhamento de usinas térmicas por subfreqüência
• Abertura controlada de linhas por relés durante oscilações
• Religamento automático de linhas de transmissão
• Reversão automática síncrono-gerador

16
1.4. A POTÊNCIA REATIVA E SEU EFEITO SOBRE A
TENSÃO DO SISTEMA

Pelo exposto na seção anterior tem-se que o balanço da


Potência Ativa estará mantido desde que a freqüência seja mantida
constante.
Na presente seção será mostrado que, se a tensão for mantida
constante, então haverá equilíbrio entre Reativo gerado e
consumido. Verifiquemos isso no seguinte exemplo:

Vejamos como V2 depende do reativo Q:

Figura 1.7 – Sistema de energia elétrica simples com duas barras.

V2 = V1 – I . Z
N = V1 x I* ≅ P + jQ
P − jQ P − jQ
Explicitando I em V1 . I* = P + jQ: I = =
V1* V1

substituindo o valor da corrente “I“ em V2 = V1 – I . Z (e


relembrando que, nesta análise, Z contém apenas a parte
imaginária):

⎛ P − jQ ⎞ X X
V2 = V1 − ⎜⎜ ⎟⎟. jX = V1 − Q − j P
⎝ V1 ⎠ V1 V1

Representando esta equação no diagrama vetorial abaixo:

17
Figura 1.8 – Mudança no perfil de tensão como função do fluxo de potência
reativa na linha.

Da figura acima pode ser observado que:


a) variações de potência ativa P afetam muito pouco a tensão V2,
b) variações da potência reativa Q afetam bastante a tensão V2.

Dobrando Q, V2 decresce muito. Observe ainda que, se Q fosse


capacitivo na figura 1.8, V2 ficaria maior que V1.

18
1.5. UMA AMOSTRA DE UM ESTUDO DE FLUXO DE
CARGA:

Para o sistema de duas barras abaixo e, sabendo-se que:


• V1 | = | V2 | = 1,0; X = 0,03
• SD1 = 10 + j3 (carga na barra 1)
• SD2 = 20 + j10 (carga na barra 2)
• PG2 = 10 pu (geração de ativo na barra 2)
• PG1 = 20 pu (geração de ativo na barra 1)

Pede-se: δ12, QG1, QG2 e as perdas.

Figura 1.9 – Sistema de duas barras.

Solução:
Sendo PD2 = 20 pu e PG2 = 10 pu, conclui-se que deverá vir da barra
1 a potência P12 = 10 pu. Assim, nas equações (1.3), fazendo R = 0:
V1 . V2
P12 = −P21 = sen δ
X
P12 . X 10 . 0,03
Explicitando-se “senδ” nesta equação: sen δ = = = 0,3
V1 . V2 1 .1
Logo, tem-se para o ângulo de potência, δ = arc sen 0,3 = 17,5o

19
Conhecendo-se δ, podemos obter o fluxo de Potência Reativa na
linha:
Q12 =
1
X
( 2
V1 − V1 . V2 . cosδ )
Q 21 =
1
X
(
V2
2
− V1 . V2 . cosδ )
Q12 =
1
0,03
( )
1 − cos 17,5 o = 1,87 pu

Q 21 =
1
0,03
( )
1 − cos 17,5 o = 1,87 pu

Logo as potências reativas saem das barras em ambos os extremos,


isto é, as perdas reativas são ∆Q = 1,87 + 1,87 = 3,74 pu.

As Potências Reativas geradas nas duas barras são:


QG1 = QD1 + Q12 = 3 + 1,87 = 4,87 pu

QG2 = QD2 + Q21 = 10 + 1,87 = 11,87 pu

QG1 e QG2 são reativos a serem produzidos pelos geradores e/ou por
capacitores, se quisermos manter V1 = V2 = 1,0.

Observações
1. As equações (1.3) contém seis variáveis |V1|, |V2|, δ, P12, Q12 e
Q21. Para resolvê-las, deveremos especificar três das variáveis.
As outras três serão incógnitas: no exemplo, foram especificadas:
|V1| = |V2| = 1 pu, P12 = 10 pu.

2. Caso se especifique δ = 30o, |V1| = |V2| = 1,0:

V1 . V2 1.1
P12 = − P21 = . sen δ = . 0,5 = 16,67 pu
X 0,03
Q12 =
1
X
(
V1
2
− V1 . V2 . cosδ =
1
)
0,03
(1 − 1 − 0,866) = 4,47 pu
Q21 = 4,47 pu

20
3. Especificando P12 = 10 pu, Q12 = Q21 = 0: - as variáveis que
precisam ser determinadas são δ, | V1 | e | V2 |. As três equações
para se obter as três incógnitas são:
V1 . V2
10 = . senδ
X

0=
1
0,03
( 2
V1 − V1 . V2 . cosδ )

0=
1
0,03
(
V2
2
− V1 . V2 . cosδ )
As duas últimas equações são redundantes (pelo fato de V1 e V2
terem praticamente os mesmos valores), ou seja, são linearmente
independentes. Estas equações não nos darão condição de resolver
o sistema de 3 incógnitas pois, na prática, tem-se somente 2
equações.

Outro exemplo numérico:


Os dados iniciais para o sistema de transmissão abaixo são:
Vn = 345 kV; L=80 km; z = 5 + j40 [Ω].

Para Vi = 345 kV∠10o e Vj = 360 kV∠0o . Pede-se:


a) Calcular as potências ativa e reativa em cada extremo.
b) Calcular as perdas ativa e reativa.

Para este exemplo, as seguintes suposições serão assumidas:


1. A linha tem uma impedância série Z = R + jX por fase.

21
2. A corrente de linha I é a mesma ao longo da linha. Para
linhas longas isto não é verdadeiro.

Devido às perdas na linha, as potências transmitidas medidas em


cada terminal da linha não serão iguais. Nós nomeamos as
potências na linha Sij e Sji como medidas nos pontos i e j,

a1)

1
Pij = (5 x 3452 – 5 x 345 x 360 x cos 10o + 40 x 345 x 360 x
5 + 40
2 2

sen 10o)

Pij = 520,77 MW

1
P ji = (5 x 3602 – 5 x 345 x 360 x cos 10o – 40 x 345 x 360 x
5 + 40
2 2

sen 10o)

Pji = 508,46 MW

∆P = Pij – Pji = 12,31 MW

a2)

1
Q ij = (40 x 3452 – 40 x 345 x 360 x cos 10o – 5 x 345 x 360
5 + 40
2 2

x sen 10o)

Qij = 147,30 MW

1
Q ji = (40 x 3602 – 40 x 345 x 360 x cos 10o + 5 x 345 x 360
5 + 40
2 2

x sen 10o)

Qji = 245,73 MVAr

22
∆Q = Qij + Qji = 98,43 MVAr

c) para Vi = 345∠10o e Vj = 345∠0o recalcule os ítens a e b:

1
Pij = (5 x 3452 – 5 x 3452 x cos 10o + 40 x 3452 x sen 10o) =
1625
514,33 MW

1
Pji = (5 x 3452 – 5 x 3452 x cos 10o – 40 x 3452 x sen 10o) = -
1625
503,2 MW

∆P = 11,13 MW

1
Q ij = (40 x 3452 – 40 x 3452 x cos 10o – 5 x 3452 x sen 10o)
1625

Qij = -321,72 MVAr

1
Q ji = (40 x 3452 – 40 x 3452 x cos 10o + 5 x 3452 x sen 10o)
1625

Qji = -410,74 MVAr

∆Q = 89,02 MVAr

d) para Vi = 345∠15o e Vj = 360∠0o recalcule os ítens a e b:

1
Pij = (5 x 3452 – 5 x 345 x 360 x cos 15o + 40 x 345 x 360 x sen
1625
15o)

Pij = 788,37 MW

23
1
Pji = (5 x 3602 – 5 x 345 x 360 x cos 15o – 40 x 345 x 360 x sen
1625
15o)

Pji = -761,63 MW

∆P = 26,74 MW

1
Q ij = (40x3452-40x345x360xcos 15o-5x345x360xsen 15o) = -
1625
122,12 MW

1
Q ji = (40 x 3452 – 40 x 3452 x cos 15o + 5 x 3452 x sen 15o)
1625

Qji = -410,74 MVAr

∆Q = 213,88 MVAr

Resumo:
*************** Vi = 345∠10o Vi = 345∠10o Vi = 345∠15o
*************** Vi = 360∠0o Vi = 360∠0o Vj = 360∠0o
Pij 520,77 514,33 788,33
Pji -508,46 503,20 -761,63
∆P 12,31 11,13 26,74
Qij -147,30 -321,72 -122,12
Qji 245,73 410,74 336,00
∆Q 98,43 89,02 213,88

CONCLUSÕES:
1. Dependendo do ângulo de fase das tensões das barras i e j, ainda
que | V1 | < | Vj |, a potência flui de i para j.
2. As perdas ativas são baixas (≅ 97%).
3. Uma variação no nível de tensão de uma barra afeta o fluxo de
reativo, porém, praticamente não afeta o fluxo de ativo.
4. Uma variação do ângulo de fase δ afeta bastante o fluxo de
potência ativa na linha.

24
1.6. CARACTERÍSTICAS DE FUNCIONAMENTO DE UM
SISTEMA

Toma-se como exemplo inicial o caso da figura 1.10 abaixo, que é


bem simples.

Figura 1.10 – Sistema de transmissão simples com duas barras.

Define-se a potência de barra como sendo a potência gerada menos


a potência consumida:

Sv = SGv - SDv

Assim:

Potência de barra 1 = P1 + jQ1 = (PG1 – PD1) + j(QG1 – QD1)


Potência de barra 2 = P2 + jQ2 = (PG2 – PD2) + j(QG2 – QD2)

De forma genérica juntam-se as potências do gerador e da carga,


de uma barra, em uma só potência: a potência de barra, S = SG –
SD.

25
Figura 1.11 – Exemplo do sistema com duas barras – seu circuito
equivalente.

Equilíbrios a serem mantidos:

a) Equilíbrio entre a potência ativa gerada e a potência ativa


consumida (demanda) + perdas ativas.

É conseguido agindo sobre as turbinas (por meio dos reguladores


de velocidade). A freqüência pode (e deve) ficar constante,
durante todo o período.

b) Equilíbrio entre a potência reativa gerada e a reativa


consumida (demanda de reativo) + perdas reativas.

É conseguido agindo sobre a corrente de campo dos geradores


síncronos. A tensão pode (e deve) ficar constante, durante todo o
período.

1.5.1. As Equações Estáticas do Fluxo de Carga (EEFC)

1. Balanços de corrente:
Barra 1 Barra 2
J1 = IS1 + IL1 J2 = IS2 + IL2 (1.8.a)
S*1/V*1 = V1 . Y + (V1 – V2)/Z S*2/V*2 = V2 . Y + (V2 – V1)/Z (1.8.b)

2. Parâmetros da linha:

26
j
Y= (1.9)
Xc
⎛π ⎞
j⎜ −α ⎟
⎝2 ⎠
Z = R + jX L ≈ X L e (1.10)

3. Tensões de barra:
V1 = V1∠δ1
V2 = V2 ∠δ 2 (1.11)

Retomando S = SG – SD:
S1 = SG1 – SD1 = PG1 + jQG1 – (PD1 + jQD1) = PG1 – PD1 + j(QG1 – QD1)
S2 = PG2 – PD2 + j(QG2 – QD2) (1.12)

Finalmente, desenvolve-se as 2 equações (1.8.a) e (1.8.b),


substituindo nas mesmas as equações (1.9), (1.10) e (1.11).

Em seguida, desenvolvendo-se (1.8b) como forma desenvolvidas as


equações (1.12), as equações (1.8b) poderão ser ampliadas para
quatro equações:

2
V1 V1 . V2
PG1 − PD1 − . sen α + . sen[α - (δ1 − δ 2 )] = 0 (1.13a)
XL XL

2
V2 V1 . V2
PG 2 − PD 2 − . sen α + . sen[α - (δ1 − δ 2 )] = 0 (1.13b)
XL XL

2 2
V1 V1 V1 . V2
Q G1 − Q D1 + - . cos α + . cos[α − (δ1 − δ 2 )] = 0 (1.13c)
XC XL XL

2 2
V2 V2 V1 . V2
Q G 2 − Q D2 + - . cos α + . cos[α + (δ1 − δ 2 )] = 0 (1.13d)
XC XL XL

Estas são as equações estáticas do fluxo de carga (EEFC).

27
1.5.2. Características Importantes das EEFC

As equações apresentadas são algébricas mas não lineares,


relacionam tensões e potência: as correntes estão portanto
implícitas, da mesma forma a freqüência (que neste caso deve ser
suposta constante pois o regime é permanente). O balanço da
potência ativa pode ser obtido somando-se as equações (1.13a)
com 1.13b):

PG1 + PG 2 = PD1 + PD 2 +
sen α
XL
[ 2
. V1 + V2
2
]
− 2 . V1 . V2 . cos(δ1 − δ 2 ) (1.14)

onde PG1 + PG2 é a potência gerada, PD1 + PD2 é potência consumida


e o restante da equação (1.14) são as perdas ativas (PL)1.1

De maneira análoga, o balanço da potência reativa será dado pela


soma das equações (1.13c) e (1.13d):

[ ]
2 2
cos α V1 + V2
− 2 V1 . V2 cos(δ1 − δ 2 ) −
2 2
Q G1 + Q G 2 = Q D1 + Q D 2 + V1 + V2
XL XC
(1.15)

onde QG1 + QG2 é a potência reativa gerada nos geradores, QD1 + QD2
é potência reativa consumida o segundo termo do lado direito da
equação (1.15) são as perdas reativas (QL). O terceiro termo do lado
direito da equação (1.15) é a potência reativa gerada na linha de
interligação.

As perdas PL e QL têm como variáveis apenas V1, V2, δ1 e δ2.

PL = PL(|V1|, |V2|, δ1, δ2); QL = QL(|V1|, |V2|, δ1, δ2 (1.16)

As EEFC possuem 3 parâmetros fixos (α XL e XC) e 12 variáveis:

PG1, PD1, |V1|, δ1, QG1, QD1, PG2, PD2, |V2|, δ2, QG2 e QD2.

1
Se R = 0, neste caso α ≅ R/X = 0 o então sen α = 0 e as perdas ativas são nulas.

28
São 4 equações não lineares e 12 incógnitas ! Portanto para
resolver as EEFC, deve-se fixar 8 valores, para que se tenha apenas
4 incógnitas, e, assim possa-se tentar uma solução.

1.5.3. Classificação das Variáveis do Sistema

a) Variáveis não controláveis (ou de perturbação).

São dadas pelo vetor de perturbação p:

⎡ p1 ⎤ ⎡ PD1 ⎤
⎢p ⎥ ⎢ Q ⎥
p = ⎢ 2 ⎥ = ⎢ D1 ⎥ (1.17)
⎢ p 3 ⎥ ⎢ PD 2 ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣ p 4 ⎦ ⎣Q D 2 ⎦

Estas variáveis são determinadas pelo consumidor. Suas


imprevisíveis variações podem desviar o Sistema de Energia
Elétrica de suas condições nominais.

b) Variáveis de estado e de controle

b.1) de estado = são aquelas utilizadas para controlar as variáveis de


controle:

⎡ x 1 ⎤ ⎡ δ1 ⎤
⎢x ⎥ ⎢ V ⎥
x = ⎢ 2⎥ = ⎢ ⎥
1
(1.18)
⎢x 3 ⎥ ⎢ δ 2 ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣ x 4 ⎦ ⎢⎣ V2 ⎥⎦

b.2) de controle = são as saídas dos geradores:

29
1.5.4. Solução das EEFC (para as duas Barras)

⎡ u 1 ⎤ ⎡ PG1 ⎤
⎢u ⎥ ⎢ Q ⎥
u = ⎢ 2⎥ = ⎢
G1 ⎥
⎢ u 3 ⎥ ⎢ PG 2 ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣ u 4 ⎦ ⎣Q G 2 ⎦
(1.19)

a) Método ideal:

Etapa 1: Admite-se conhecida a demanda do consumidor, isto é, os


4 parâmetros p.

Etapa 2: Especifica-se as 4 potências geradas nas barras, isto é, as 4


variáveis de controle u.

Etapa 3: As variáveis x podem ser determinadas: 4 equações, 4


incógnitas.

Por que não se pode proceder desta forma ?

I) As potências geradas não podem ser especificadas:

Potência gerada = Demanda + Perdas

A potência gerada pode ser ativa ou reativa, enquanto que as perdas


são dadas pelas equações (1.16). As perdas não são conhecidas,
pois são funções das variáveis x (de estado) ainda desconhecidas.
Desta forma, (PG1 + PG2) e (QG1 + QG2) não podem ser determinadas
simultaneamente.

A solução portanto é especificar duas destas quatro incógnitas. Por


exemplo, PG2 e QG2 são especificadas com PG1 e QG1 sendo deixadas
como incógnitas.

II) Tem-se sempre uma tensão com referência:

30
Desta forma, δ1 ou δ2 deverão ser especificados em 0o, ou seja δ1
= 0o ou δ2 = 0o.

Figura sem número pag. 25

Assim a etapa 3 do método ideal de solução não poderá ser


cumprida da maneira como se pretendia (determinação das 4
variáveis), pois uma delas, normalmente, é especificada (δ1 = 0o ou
δ2 = 0o).

b) Método real:

Etapa 1: Repete-se a Etapa 1 anterior: os 4 parâmetros p são


conhecidos (PD1, QD1, PD2, QD2).

Etapa 2: Especifica-se duas das quatro potências geradas. Por


exemplo: PG2 e QG2 são especificadas e PG1 e QG1
deixadas como incógnitas.

Etapa 3: Especifica-se duas das quatro variáveis de estado x.


Normalmente |V1| é especificada, δ1 especificada em 0o
com |V2| e δ2 sendo incógnitas.

Etapa 4: As 4 EEFC devem ser resolvidas para as 4 incógnitas: |V2|,


δ2, PG1 e QG1.

31
A desvantagem deste procedimento é que |V2| é uma incógnita.
Quando for obtido, pode-se verificar que seu valor está muito acima
ou muito abaixo do valor nominal, o que pode ser indesejável.

1.5.5. Um Sistema com n Barras

As quatro equações (1.12) podem ser expressas, simplificadamente,


como:

fi(x, u, p) = 0 para i = 1, 2, 3, 4 → equações

Estas quatro equações podem ser reescritas, também, como uma


única equação vetorial:

fi(x, u, p) = 0 → forma vetorial das EEFC


(1.20)

Esta equação teria como componentes:

⎡ f1 ⎤ ⎡ x1 ⎤ ⎡ u1 ⎤ ⎡ p1 ⎤
⎢f ⎥ ⎢x ⎥ ⎢u ⎥ ⎢p ⎥
f = ⎢ 2⎥ x = ⎢ 2⎥ u = ⎢ 2⎥ p = ⎢ 2⎥
⎢f 3 ⎥ ⎢x 3 ⎥ ⎢u 3 ⎥ ⎢p 3 ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣f 4 ⎦ ⎣x 4 ⎦ ⎣u 4 ⎦ ⎣p 4 ⎦
(1.21)

Resumindo: até este ponto o estudo envolveu 2 barras. Foram 4


equações (2 x 2 barras), 12 variáveis (6 x 2 barras).

Para n barras tem-se portanto 2 x n equações e 6 x n variáveis. As


6 x n variáveis são:

n módulos de tensões |V1|,


n fases de tensão de barra δ1,
n potências ativas geradas PGi,
n potências reativas geradas QGi,
n demandas de potência ativa PDi,
n demandas de potência reativa QDi.

32
A forma vetorial da equação (1.22) será de 2n.

⎡1⎤ ⎡ PG1 ⎤ ⎡ PD1 ⎤


⎢V ⎥ ⎢Q ⎥ ⎢Q ⎥
⎡ x1 ⎤ ⎢ ⎥
1 ⎢ G1 ⎥ ⎢ D1 ⎥
⎢x ⎥ ⎢ 2 ⎥ ⎢ PG 2 ⎥ ⎢ PD 2 ⎥
⎢ ⎥ 2 ⎢ ⎥ ⎡ u1 ⎤ ⎢ ⎥ ⎡ p1 ⎤ ⎢ ⎥
⎢•⎥ ⎢ V2 ⎥ ⎢ u ⎥ ⎢Q G 2 ⎥ ⎢ p ⎥ ⎢Q D 2 ⎥
x=⎢ ⎥=⎢ • ⎥ u = ⎢ 2⎥ = ⎢ • ⎥ p = ⎢ 2⎥ = ⎢ • ⎥
⎢•⎥ ⎢• ⎥ ⎢u 3 ⎥ ⎢ ⎥ ⎢p 3 ⎥ ⎢ ⎥
⎢•⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ • ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ • ⎥
⎣u 4 ⎦ ⎢ • ⎥ ⎣p 4 ⎦ ⎢ • ⎥
⎢ ⎥ ⎢• ⎥
⎣⎢ x n ⎦⎥ ⎢ n ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ PGn ⎥ ⎢ PDn ⎥
⎢V ⎥ ⎢Q ⎥ ⎢Q ⎥
⎣ n⎦ ⎣ Gn ⎦ ⎣ Dn ⎦
(1.22)

1.5.6. Restrições Práticas das Variáveis de Estado e de Controle

a) Variáveis de Estado
1. |Vi min| < |Vi| < |Vi max| (i = 1, 2, ..., n). Isto significa que o módulo
de qualquer tensão deve estar dentro de uma faixa Em geral,
admite-se Vi + 5 ou 10%.
2. O ângulo de potência máximo para uma linha ij é especificado:
|δi - δj| < |δi - δj max|.

b) Variáveis de Controle

As fontes de P e Q possuem limitações de projeto, que podem levar


às seguintes restrições:

PGi,min < PGi < PGi,max

QGi,min < QGi < QGi,max

Como exemplo, em algumas barras do sistema pode-se ter restrições


do tipo:

PGi = 0 e/ou QGi = 0

33
1.5.7. Classificação das Barras

Barra tipo 1:

Na barra tipo 1 conhece-se PDi e QDi e especifica-se PGi e QGi.


Assim pode-se dizer que as Potências de Barra, Pi e Qi foram
especificadas, esta é denominada uma Barra de Carga.

Solução das EEFC: |Vi| e δ.

Barra tipo 2:

Na barra tipo 2 conhece-se PDi e QDi e especifica-se |Vi| e PGi.


Assim pode-se dizer que a Potência de Barra, foi especificada, esta
é denominada uma Barra de Tensão Controlada, pois a tensão
pode ser especificada.

Solução das EEFC: QGi e δi.

Barra tipo 3:

Na barra tipo 3 conhece-se PDi e QDi e especifica-se |Vi| e δi ≈ 0.


Assim pode-se dizer que a Tensão de Barra, Vi foi especificada,
esta é denominada uma Barra de Referência (ou Barra Oscilante),
pois as potências ativa e reativa mudam para cada modo de
carregamento do sistema.

Solução das EEFC: PGi e QGi.

34
1.6. O FLUXO DE CARGA E SUAS DEFINIÇÕES

1. Considerações gerais

Um sistema de potência, para atender a um conjunto finito de


demandas em suas várias barras, pode funcionar em infinitas
condições.

É tarefa do engenheiro selecionar a(s) melhor(es) condição(ões).


Esta escolha é feita após o estudo do fluxo de carga.

2. Considerações importantes na ocasião da seleção

a) Em cada instante, a potência gerada deve ser igual à potência


consumida (incluindo perdas).

No tempo t1

35
Figura 1.12 – Sistema com 3 barras e seu circuito equivalente.

PG1 + PG2 + ... + PGn = D

No tempo t1 + ∆t:

PG1 P + ∆PG1 PG1 PG1 + ∆PG1


= G1 = =
PG 2 PG 2 + ∆PG 2 PGn PGn + ∆PGn

b) As linhas de transmissão não devem operar próximas de seus


limites de estabilidade.
c) As tensões nas barras devem estar dentro de limites estreitos:

36
Vi + ∆Vi ≥ Vi ≥ Vi - ∆Vi ⇒ ∆Vi ≈ 5%
d) No sistema em estudo, Si deve atender à exigências contratuais e
técnicas do sistema interligado.
e) Deve prever as faltas, uma tentativa de minimizar seus efeitos no
sistema.

Figura 1.13 – Reconfiguração do sistema de 3 barras para 3 nós.

1.6.1. As EEFC na Forma Genérica

Como visto anteriormente, um conjunto de 4 equações representa as


EEFC para um sistema com apenas duas barras. Procura-se agora
mostrar como são as EEFC para n barras. Inicialmente seja n = 3,
como no sistema da figura 1.12.

De acordo com a figura 1.12 na barra 1 existe geração e carga, se


constituindo portanto em uma barra mista. A barra 2 possui
somente geração, ou seja, é uma barra de geração. A barra 3
contém somente carga. Não há geração de ativo (mas há de
reativo), Portanto é uma barra de carga.

O sistema pode ser redesenhado da forma apresentada na figura


1.13. Na figura 1.13, as admitâncias foram reduzidas ao mínimo.
As barras são denominadas de nós.

J1, J2 e J3 são correntes que chegam aos nós enquanto V1, V2 e V3


são tensões de nós.

J1 = V1 Y1 + (V1 – V2) Y5 + (V1 – V3) Y4

37
J2 = V2 Y2 + (V2 – V1) Y5 + (V2 – V3) Y6 ki(1.21)

J3 = V3 Y3 + (V3 – V1) Y4 + (V3 – V2) Y6

Introduzindo as seguintes impedâncias:

Y11 = Y1 + Y4 + Y5

Y22 = Y2 + Y5 + Y6

Y33 = Y3 + Y4 + Y6

Y23 = Y32 = -Y6

Y13 = Y31 = -Y4

Y12 = Y21 = -Y5

As equações (1.21) ficam:

J1 = Y11 V1 + Y12 V2 + Y13 V3

J2 = Y21 V1 + Y22 V2 + Y23 V3


(1.22)

J3 = Y31 V1 + Y32 V2 + Y33 V3

Reescrevendo-as sob a forma matricial, estendendo o raciocínio para


o caso geral de n barras:

⎡ J 1 ⎤ ⎡ Y11 Y12 L Y1n ⎤ ⎡ V1 ⎤


⎢ J ⎥ ⎢Y
⎢ 2 ⎥ ⎢ 21 Y22 L Y2 n ⎥⎥ ⎢⎢ V2 ⎥⎥
⎢ ⋅ ⎥=⎢ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⎥ ⋅ ⎢ ⋅ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢⋅⎥ ⎢ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⎥ ⎢ ⋅ ⎥
⎢⎣J n ⎥⎦ ⎢⎣Yn1 Yn 2 L Ynn ⎥⎦ ⎢⎣Vn ⎥⎦

Jbus = Ybus . Vbus


(1.23)

38
Onde Jbus é o vetor das correntes de barra Ybus é a matriz das
admitâncias nodais de barra e Vbus é o vetor das tensões de barra.
Na prática, as potências de barra Si é que são usadas, ao invés das
correntes de barra. Reescrevendo a equação (1.23) com Ji = S*/V*i.

Pi − jQ i
Ji = = y i1 . V1 + y i 2 . V2 + L + y in . Vn
Vi*

para i = 1, 2, ... , n.

Pi – jQi = yi1 . V1 . V*i + yi2 . V2 . V*i + ... + yn . Vn . V*i = 0


(1.24)

para i = 1, 2, ... , n.

Esta última é a equação geral das EEFC. É uma equação complexa,


que representa duas equações reais. Mais precisamente: as n
equações complexas representam 2n equações reais.

NOTAS:
I) As equações (1.24) para n = 2 são idênticas às 4 equações (1.13).
II) A matriz Ybus(Z-1bus) constitui a representação das partes passivas
do sistema, em forma sistemática.

yii = soma algébrica de todas admitâncias incidentes no nó i.


yij = admitâncias que ligam os nós i e j com sinal negativo.

39
1.7. EXEMPLOS DE FLUXO DE CARGA

Exemplo no 1:

a) Simplificações: (visam dispensar o uso de computador)

a.1) R = 0
a.2) sen δ ≈ δ (os ângulos de potência são pequenos, já que as linhas
transportarão pouca carga). Assim, as EEFC ficarão lineares e uma
solução analítica será possível de ser efetuada (não havendo,
portanto a necessidade de se adotar nenhum método numérico de
solução).

b) Dados da rede: UB = 120 kV; MB = 50 MVA

Figura 1.14 – Sistema de três barras, sem perdas.

⎡− j20 j10 j10 ⎤


Ybus = ⎢ j10 − j20 j10 ⎥⎥

⎢⎣ j10 j10 − j20⎥⎦

c) Especificações das tensões de barra: |V1| = |V2| = |V3| = 1,0.

40
d) Especificações das potências de barra:

BARRA DEMANDA DEMANDA GERAÇÃO GERAÇÃO


ATIVA REATIVA ATIVA REATIVA
1 PD1 = 1 QD1 = 0,5 PG1 = 0,5 QG1 = não esp.
2 PD2 = 0 QD2 = 0 PG2 = 1,5 QG2 = não esp.
3 PD3 = 1 QD3 = 1 PG3 = 0 QG3 = não esp.

NOTAS:

1. Como se pode observar todas as tensões de barra foram


especificadas. Portanto, deverá haver então, em cada barra,
fontes de reativo. No presente caso, pode-se afirmar que as
barras 1 e 2 receberão reativo dos geradores ali presentes
enquanto que a barra 3 será servida por capacitores (ou
compensadores estáticos de reativos).
2. Sendo 3 barras, serão 2 n = 2 . 3 = 6 incógnitas. Elas serão
reduzidas para 5, pois δ1 = 0o. As incógnitas serão δ2, δ3, Q1, Q2
e Q3.
3. As 3 variáveis de geração ativa puderem ser especificadas neste
exercício, pois as perdas ativas são nulas (R = 0). O mesmo não
ocorre com a geração reativa.
4. Finalmente, as potências de barra na sua forma usual, são:

S1 = P1 + jQ1 = PG1 – PD1 + j(QG1 – QD1) = 0,5 – 1,0 + j(QG1 – 0,5)

S1 = -0,5 + jQG1 – 0,5)

S2 = P2 + jQ2 = PG2 – PD2 + j(QG2 – QD2) = 1,5 – 0 + j(QG2 – 0)

S2 = 1,5 + jQG2

S3 = P3 + jQ3 = PG3 – PD3 + j(QG3 – QD3) = 0 – 1,0 + j(QG3 – 1,0)

S3 = - 1,0 + j(QG3 – 1,0)

e) Montagem das equações de fluxo de carga:

41
Será utilizada a equação (1.24), genérica das EEFC:

Pi – jQi – yi1 . V1 . V*i – yi2 . V2 . V*i - ... – yin . Vn . V*i = 0

para i = 1, 2, ... , n.

Para i = 1 e n = 3:

P1 – jQ1 = y11 . V1 . V*1 + y12 . V2 . V*1 + y13 . V3 . V*1

Para i = 2 e n = 3:

P2 – jQ2 = y21 . V1 . V*2 + y22 . V2 . V*2 + y23 . V3 . V*2

Para i = 3 e n = 3:

P3 – jQ3 = y31 . V1 . V*3 + y32 . V2 . V*3 + y33 . V3 . V*3

introduzindo os valores numéricos as equações precedentes ficam:

-0,5 – jQ1 = -j20 . V1 . V*1 + j10 . V2 . V*1 + j10 . V3 . V*1

1,5 – jQ2 = j10 . V1 . V*2 – j20 . V2 . V*2 + j10 . V3 . V*2

-1,0 – jQ3 = j10 . V1 . V*3 – j20 . V2 . V*3 + j10 . V3 . V*3

fazendo V1 = 1∠0o ; V2 = 1∠δ2 e V3 = 1∠δ3:

-0,5 – jQ1 = -j20 + j10 (cosδ2 + jsenδ2) + j10(cosδ3 + jsenδ3)

1,5 – jQ2 = j10 (cosδ2 - jsenδ2) – j20 + j10[cos(δ3 - δ2) + jsen(δ3 -


δ2)]

-1,0 – jQ3 = j10 (cosδ3 - jsenδ3) + j10 [cos(δ2 - δ3) + jsen(δ2 - δ3)] –
j20

separando as partes real e imaginária:

42
-0,5 = -10senδ2 – 10senδ3

1,5 = 10 senδ2 – 10sen(δ3 - δ2)

-1,0 = 10senδ3 – 10sem(δ2 - δ3)

-Q1 = -20 + 10cosδ2 + 10cosδ3

-Q2 = 10cosδ2 – 20 + 10cos(δ3 - δ2)

-Q3 = 10cosδ3 + 10cos(δ2 - δ3) – 20

Tem-se 6 equações e 5 incógnitas (δ2, δ1, Q1, Q2, Q3). Somando a


1a com a 3a tem-se a 2a equação – só existem portanto 5 equações
independentes.

f) Solução das equações de fluxo de carga:

Tomando as duas primeiras equações e linearizando-as (sen δ2 ≈ δ2


e sen δ3 ≈ δ3) pois δ2 e δ3 são pequenos:

-0,5 = -10δ2 - 10δ3

1,5 = 10δ2 – 10(δ3 - δ2)

resolvendo-as δ2 = 0,0667 rad


δ3 = -0,0167 rad

substituindo os valores de δ2 e δ3 nas demais equações:

Q1 = 0,023 pu; Q2 = 0,057 pu; Q3 = 0,036 pu

g) Obtenção dos reativos gerados QG1, QG2 e QG3:

Q1 = QG1 – QD1 → QG1 = Q1 + QD1 = 0,023 + 0,5 = 0,523 pu

De maneira análoga:

43
QG2 = Q2 + QD2 = 0,057 + 0 = 0,057 pu

QG3 = Q3 + QD3 = 0,036 + 1,0 = 1,036 pu

h) Perdas:

Ativas: são nulas (não há resistência)

Reativas:

(QG1 + QG2 + QG3) – (QD1 + QD2 + QD3) = 1,616 – 1,5 = 0,116 pu

i) Potências fluindo nas linhas:

Tomando as equações (1.3) e fazendo R = 0:

Vi . V j
Pij = −Pji = sen δ
X

sen (δ1 − δ 3 ) = 10(δ1 − δ 3 ) = 0,167 pu


1 .1
P13 = −P31 =
0,1

sen (δ1 − δ 2 ) = 10(δ1 − δ 2 ) = 0,667 pu


1 .1
P12 = −P21 =
0,1

sen (δ 2 − δ 3 ) = 10(δ 2 − δ 3 ) = 0,833 pu


1.1
P23 = − P23 =
0,1

As equações reativas ficam:

Q ij =
X
(
1 2
Vi − Vi . V j cosδ )

Q ji =
X
(
1 2
V j − Vi . V j cosδ )
onde as potências reativas em trânsito nas linhas são:

44
1 2 2
Q13 = Q 31 = (1 − 1 cos(δ1 − δ 3 )) = 0,001 pu
0,1

1 2 2
Q12 = Q 21 = (1 − 1 cos(δ 2 − δ1 )) = 0,022 pu
0,1

Q23 = Q32 = 0,035 pu

NOTA: As perdas reativas em cada uma das linhas podem agora ser
determinadas de acordo com a tabela abaixo.

Linha Pot. Reativa Pot. Reat. X 2 Total


1-2 Q12 + Q21 0,022 pu x 2 0,044 pu
2–3 Q23 + Q32 0,035 pu x 2 0,070 pu
1–3 Q13 + Q31 0,001 pu x 2 0,002 pu
Perdas Reativas totais 0,116 pu

Portanto as Perdas Reativas Totais como soma das Perdas Reativas


em cada uma das linhas confirmam resultado já obtido
anteriormente.

Figura 1.15 – Resumo do fluxo de carga obtido.

45
Exemplo no 2:

Resolver o fluxo de carga anterior, alternado-se as tensões para:

|V1| = 1,0 pu; |V2| = 1,05 pu; |V3| = 0,95 pu.

Solução:

a) Simplificações: idênticas às do Exemplo no 1


b) Dados da rede: ídem
c) Especificações das tensões de barra: |V1| = 1,0 pu; |V2| = 1,05
pu; |V3| = 0,95 pu.
d) Especificações das potências de barra: ídem
e) Montagem das equações de fluxo de carga:

Pi – jQi – yi1 . V1 . V*i – yi2 . V2 . V*i - ... – yin . Vn . V*i = 0

que fornecerá 6 equações (na verdade, 5):

-0,5 = - 10δ2 - 10δ3

1,5 = 10δ2 – 10(δ3 - δ2)

resolvendo-as: δ2 = 0,0667 rad = 3,82o


δ3 = -0,0167 rad = -0,96o

Que são os mesmos valores de exemplo anterior.

Com os valores obtidos para δ2 e δ3 pode-se calcular as 3 equações a


seguir:

Q1 = 20 – 10 cosδ2 – 10 cosδ3

Q1 = 20 – 10 cos(3,82o) – 10 cos(-0,96o) = 0,0239 pu

Q2 = -10 cosδ2 + 20 – 10 cos(δ3 - δ2)

Q2 = - 10 cos(3,82o) + 20 – 10 cos(-0,96o – 3,86o) = 1,6303 pu

46
Q3 = -10 cosδ3 – 10 cos(δ2 - δ3) + 20

Q3 = -10 cos(-0,96o) – 10 cos(-0,96o – 3,86o) + 20 = 1,3893 pu

f) Obtenção das Potências Reativas Geradas (QG):

Q1 = QG1 – QD1 → QG1 = Q1 + QD1 = 0,0239 + 0,5 = 0,5239 pu

De maneira análoga:

QG2 = Q2 + QD2 = 1,6303 + 0 = 1,6303 pu

QG3 = Q3 + QD3 = -1,3893 + 1,0 = -0,3893 pu

O sinal negativo para QG3 significa que em vez de um capacitor tem-


se um reator naquela barra.

g) Potência fluindo nas linhas

V3 . V1
P13 = − P31 = sen(δ1 − δ 3 )
X

0,95 .1
P13 = −P31 = sen(0 o + 0,96 o ) = 0,1592 pu
0,1

V2 . V1
P12 = −P21 = sen(δ1 − δ 2 )
X

1,05 .1
P12 = −P21 = sen(0 o − 3,82 o ) = −0,6995 pu
0,1

V2 . V3
P23 = − P23 = sen(δ 2 − δ 3 )
X

1,05 . 0,95
P23 = − P23 = sen(3,82 o + 0,96 o ) = 0,8312 pu
0,1

47
Resolvendo as potências reativas para todas as linhas de acordo com
as duas equações abaixo tem-se:

Q ij = (
1 2
X
(
Vi − Vi . V j cos δ i − δ j ))

Q ji =
1 2
X
( (
V j − Vi . V j cos δ j − δ i ))

Q12 = -0,4767 Pu; Q21 = 0,5483 pu

Q13 = 0,5013 pu; Q31 = -0,4736 pu

Q23 = 1,0847 pu; Q32 = -0,9153 pu

ou seja:

S12 = -0,6995 – j 0,4767; S21 = 0,6995 + j 0,5483

S13 = 0,1592 + j 0,5013; S31 = -0,1592 – j 0,4736

S23 = 0,8312 + j 1,0847; S32 = -0,8312 – j 0,9153

h) Tensões nos barramentos:

V1 = 1,0 + j 0,0

V2 = 1,05∠3,82o = 1,04767 + j 0,06995

V3 = 0,95∠-0,96o = 0,99986 – j 0,01675

Uma comparação com os resultados obtidos para o caso anterior (V1


= V2 = V3 = 1,0 pu) mostra que o fluxo reativo se modificou
bastante e que o fluxo de ativo se modificou pouco.

Exemplo no 3:

Resolva o problema do fluxo de carga anterior, mas suponha que:

48
PG1 = 1,0 pu PG2 = 1,0 pu e PG3 = 0,0 pu

V1 = V2 = V3 = 1,0 pu

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