Você está na página 1de 4

1

AULA PRÁTICA 03 – MOTOR SÍNCRONO


Assuntos: Determinação experimental das curvas V de um motor síncrono.
Observação do ângulo de carga () do motor por meio de estroboscópio

Palavras-chave: Motor síncrono, curva V, curva composta, tipos de excitaçã o do motor, fator de potência.

Introdução Teórica:

I - Ensaio para obtenção das curvas V

O ensaio pretende mostrar ao aluno que o fator de potência no qual um motor síncrono opera e, portanto,
a corrente de armadura, pode ser controlada pelo ajuste da corrente de campo, como mostra a figura 1.

As curvas a serem determinadas mostram a relaçã o existente entre a corrente de armadura por fase (I a) e
a corrente de campo (If), para uma tensã o terminal constante e uma dada carga mecâ nica no eixo do
motor. Devido ao seu aspecto característico, elas sã o chamadas de “curvas V”. Uma família de curvas V é
mostrada na figura 1, para vá rias cargas. Observe que FP = cos, nesta figura.

Observe que para uma dada carga constante no eixo do motor, a corrente de armadura é mínima quando
o FP = 1,0 (fator de potência é unitá rio) e a corrente aumenta à medida que o FP decresce.

As linhas tracejadas no grá fico da figura 1 representam os pontos com FP constantes e sã o as chamadas
“curvas compostas” dos motores síncronos. Estas curvas mostram como a corrente de campo deve ser
ajustada para manter o FP constante ã proporçã o que a carga varia.

Conforme indicado (figura 1), os pontos de operaçã o à direita da curva composta para FP unitá rio
correspondem a sobreexcitaçã o do motor e entrada de corrente adiantada (FP capacitivo). Os pontos ã
esquerda correspondem a subexcitaçã o do motor e entrada de corrente atrasada (FP indutivo).
2
Procedimento:

1. Ligar a má quina síncrona como motor conforme a figura 2 e a má quina de corrente contínua acoplada
a ela como gerador shunt para servir como carga mecâ nica no motor.

2. Partir o motor com o circuito de campo em aberto, isto é, partir empregando o seu enrolamento
amortecedor como se essa má quina fosse um motor de induçã o em gaiola.

3. Variar a corrente de campo desde a subexcitaçã o até a sobreexcitaçã o observando a corrente de


armadura e anotando na tabela abaixo os valores lidos nos diversos aparelhos de medida. Fazer o
ensaio com o motor síncrono operando: (a) a vazio; (b) a mela carga; (c) a plena carga.
Nota: Como já mencionado, a tensã o aplicada nos terminais do motor deve permanecer no valor
nominal durante todos os ensaios.

4. Traçar as curvas V correspondentes.

Potência Corrente Corrente de linha (ampéres) Ia Fator de


TIPO DE
fornecida de campo (valor médio potência
ENSAIO
(watts) (ampéres)
I1 I2 I3 em ampéres) ou cos

A
VAZIO

A
MEIA
CARGA

A
PLENA
CARGA
3
II – Observação do ângulo de carga do motor síncrono

Suponha que o motor síncrono esteja operando a vazio (sem carga no eixo). Se acrescentarmos carga no
eixo do motor, o ajuste do rotor a sua nova posiçã o de fase acompanhando a variaçã o de carga pode ser
verificado experimentalmente, observando o rotor da má quina com luz estroboscó pica tendo uma
frequência de lampejo que faz o rotor parecer estacioná rio quando esse estiver girando a velocidade
nominal.

Com uma carga leve no eixo, é suficiente um conjugado eletromagnético pequeno (para manter a rotaçã o)
e o â ngulo de carga é pequeno (  O). Isto pode ser concluído com o auxílio da figura 3, que apresenta o
comportamento do torque eletromagnético ou potência eletromagnética (T ou P) em funçã o do ângulo
de carga (ou â ngulo de torque ou â ngulo de potência), identificado geralmente pela letra grega .

Quando é adicionado mais carga no eixo, o rotor precisa atrasar em fase espacial em relaçã o à onda de
fluxo girante, justamente o suficiente para que o â ngulo de carga tome um valor tal que forneça o torque
necessá rio ( > O). O processo de reajustamento é na realidade um processo dinâ mico e a oscilaçã o do
rotor em torno de sua nova posiçã o de fase espacial (oscilaçã o mecâ nica amortecida) é vista com o
emprego do estroboscó pio.

Procedimento:

1. Com o motor girando a vazio, ligar o estroboscó pio e focalizar o eixo do motor de modo que ele fique
"parado".

2. Colocar cargas discretas no eixo do motor e observar a cada momento a variaçã o do â ngulo de carga
com o estroboscó pio e o fator de potência.

3. Procurar determinar aproximadamente o â ngulo de carga em que o motor sai do sincronismo. Pela
o
figura 3, temos max = 90 para má quina de rotor cilíndrico (rotor liso ou de pó los nã o salientes), e
o
max = 55 para má quina de rotor de pó los salientes.

Questões:

1. Se o motor síncrono estiver com uma determinada carga constante no eixo, o que deve ser feito para
que sua corrente de armadura seja mínima?
4
2. Se o motor síncrono estiver funcionando a vazio com FP unitá rio (ponto 1, figura 1), como devemos
fazer para manter esta condiçã o de FP quando o motor assumir sua carga nominal (ponto 3, figura 1)?

3. Existe instabilidade na leitura do FP do motor quando este está operando a vazio pró ximo ao ponto de
FP unitá rio (ponto 1, figura 1)? E quando o motor opera com carga na mesma condiçã o?

4. Seja W = potência ativa absorvida pelo motor devido a uma carga mecâ nica fixa. Para os vá rios fatores
de potência (FP) mostrados na figura 4 (Vf = tensã o fase-neutro e Ia = corrente de armadura), temos:
W =V f I ❑a para FP = 1,0 (unitá rio)
' '
W =V f I a cos θ para FP = cos’, sendo ’ = â ngulo em atraso
} cos {θ} ^ {
W =V f I a para FP = cos”, sendo ” = â ngulo em avanço
Sendo Vf constante e W constante provar que a componente ativa da corrente de armadura por fase
permanece constante e igual à corrente Ia mínima para qualquer fator de potência do motor, isto é,
somente a potência reativa absorvida ou fornecida varia com o fator de potência.

5. Baseado na figura 4 (e nos ensaios) e supondo o motor síncrono funcionando com carga constante e
excitaçã o normal (aquela correspondente a corrente mínima da armadura que ocorre quando o FP é
unitá rio), explique que efeito uma diminuiçã o na excitaçã o provoca:
a) no â ngulo de carga ou de torque ()?
b) na sua corrente de armadura (Ia)?
c) no seu â ngulo de fator de potência ()?

6. Refaça novamente a questã o 5, supondo agora que há um aumento na excitaçã o.

7. Partindo de uma condiçã o de excitaçã o normal do motor, descreva o efeito de um aumento da carga
mecâ nica do motor síncrono sobre:
a) o â ngulo de carga ()
b) o â ngulo associado ao FP ()
c) a corrente de armadura (Ia)

8. Refaça novamente a questã o 7, supondo agora que o motor estava numa condiçã o sobreexcitada.

9. Sabe-se que o motor síncrono tem uma aplicaçã o na indú stria com o propó sito de corrigir o fator de
potência (FP) na entrada além de impulsionar sua carga mecâ nica. Explicar em poucas linhas,
baseando nos resultados obtidos nos ensaios, como pode ser feito a correçã o do FP de uma instalaçã o
industrial com o uso do motor síncrono.

Você também pode gostar