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ENE 111881

Laboratório de Conversão
Eletromecânica de Energia

Laboratório 9: Motor CC com excitação independente.


Características de velocidade sem carga
1. Objetivos
Obter as características de velocidade de um motor de corrente contínua, com excitação separada, em
função da tensão de armadura, corrente de campo e resistência externa no circuito de armadura.
2. Revisão de conceitos básicos
Os motores de corrente contínua são insuperáveis para aplicações de velocidade variável e para
aplicações com requisitos severos de torque. Milhões de motores CC de potência fracionária são
utilizados pelas indústrias de transporte, desde automóveis a trens e aeronaves, onde eles acionam
ventiladores e sopradores para condicionadores de ar, aquecedores e degeladores; eles operam
limpadores de pára-brisa e levantam e abaixam assentos e janelas. Uma de suas funções mais úteis é
a partida de motores à gasolina, à diesel e barcos.
A velocidade de qualquer motor CC depende da sua tensão de armadura e da força do campo
magnético. Em um motor com excitação independente, os enrolamentos de campo e da armadura, são
conectados diretamente às fontes de alimentação CC. Se as tensões nas fontes CC são constantes, a
tensão da armadura e no campo também serão constantes. Portanto, é evidente que o motor com
excitação independente deve funcionar a uma velocidade razoavelmente constante. A velocidade
tende a cair com uma carga crescente no motor. Esta queda na velocidade deve-se principalmente à
resistência do enrolamento da armadura. Os motores com baixa resistência do enrolamento da
armadura operam em velocidades quase constantes.
Ra – Resistência da armadura
Ia – Corrente na armadura
La – Indutância da armadura
E – Força contra eletromotriz induzida
Va – Tensão de Armadura
ω – Velocidade angular de rotação do eixo
Cg – Conjugado eletromagnético do motor
Cw – Conjugado de perdas
Cj – Conjugado devido à inércia
CL – Conjugado de carga
Qualquer motor de corrente contínua pode ser utilizado para obter um controle regular e efetivo de
velocidade em uma ampla faixa de valores. O motor com excitação independente gira a uma
velocidade definida pelas expressões:
Va  I a Ra
E = K E = Va – IaRa ou  

onde K é uma constante que depende de aspectos construtivos do motor.
Desconsiderando uma queda IaRa desprezável,
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  Va e  ou 
Φ If

Métodos de controle da velocidade de motores com excitação independente


1. Controle pela tensão aplicada na armadura
2. Controle por reóstato no circuito da armadura
3. Controle pelo fluxo do campo de excitação
Controle pela tensão aplicada na armadura
No passado, o método Ward-Leonard era utilizado como método de controle de tensão:

Consistia em uma máquina primária (M2) funcionando a uma velocidade constante, acionando um
gerador de corrente contínua (G), com excitação separada, alimentando o motor de corrente contínua
(M1), também com excitação separada.
Atualmente, a tensão variável é obtida por unidades conversoras CA para CC, controladas por
dispositivos eletrônicos de potência. Neste método, o controle de velocidade é possível da velocidade
nominal para velocidades mais baixas.
Controle por reóstato no circuito da armadura
O controle da velocidade é obtido pela adição de uma resistência externa no circuito da armadura.
Este método é utilizado quando está disponível uma fonte de tensão fixa. É necessário um reóstato
com elevada corrente nominal. Desvantagens: (i) uma grande quantidade de potência é perdida em
forma de calor no reóstato, com uma consequente baixa eficiência; (ii) não é possível uma velocidade
acima da nominal e o controle funciona somente para velocidades inferiores.
Controle pelo fluxo do campo de excitação
Controle de velocidade pelo ajuste do fluxo no entreferro pode ser obtido pela variação da corrente
do campo, adicionando-se uma resistência externa ao circuito de excitação, por exemplo. A
desvantagem deste método é que com baixo fluxo no campo a corrente de armadura será mais elevada
para a mesma carga. Este método é utilizado somente para rodar o motor acima da sua velocidade
nominal.

3. Atividades prévias
 Descreva, de forma simplificada, o princípio de funcionamento da máquina de corrente contínua
operando como motor.
 O que se entende pela expressão: força contra eletromotriz (f.c.e.m)?
 O que determina a amplitude e a polaridade da f.c.e.m. do motor?
 Explicar porque a f.c.e.m. do motor é ligeiramente inferior à tensão aplicada na armadura.
 Explicar porque a corrente de armadura do motor com excitação independente diminui à medida
que o motor acelera.
 Um motor CC, com excitação independente, tem uma resistência de armadura de 0,5. Se ele é
alimentado com uma tensão de 220V e a corrente no circuito da armadura é de 20A, qual é o
máximo valor da tensão induzida na armadura?
 Se um motor CC, shunt, ao ser alimentado com uma tensão de 460V, apresenta uma f.c.e.m. de
447,4V, qual o máximo valor da corrente no circuito de armadura se a resistência é de 0,15?
4. Atividades experimentais
Equipamentos utilizados
1. Máquina de corrente contínua funcionando como motor.
2. Fontes CC da bancada, medidores de corrente e tensão, reóstatos e tacômetro.
Inspeção
Utilizar as mesmas informações anotadas nas atividades dos Laboratório 6, 7 e 8. Monte o circuito
dos ensaios conforme a Figura:

Quando o motor estiver em funcionamento, ele não deverá ter a excitação de campo anulada.
Isso resultará em uma grande velocidade, a qual poderá danificar permanentemente o motor.
Cuidados ao desligar o motor. Fazer o processo inverso: aumentar a corrente de campo, reduzindo
o valor do reostato, retire a tensão aplicada na armadura. Retirar a tensão aplicada no campo e
finalmente desligar a bancada.
Ensaio 1. Controle pela tensão aplicada na armadura
1. Com a bancada desligada, ajustar as fontes F3 e F5 para seus valores mínimos (girar o cursor
do varivolt totalmente à esquerda).
2. Ajustar os reóstatos de armadura (R450+450) e de campo (R1050), para seus valores mínimos.
3. Ligar a bancada e aumentar a tensão (F5) no circuito de campo até 220V. Verificar a corrente
de campo que deve estar entre 250 e 300mA (nominal).
4. Aumentar a tensão na armadura, Va (F3), até o valor nominal de 220V.
5. Diminuir gradualmente a tensão na armadura anotando na Tabela 1 os valores de Va, Ia e .
6. Repetir os itens 4 e 5 para valores de If = 75%Ifmáx e If = 50%Ifmáx, ajustando R1050.
7. Para desligar o motor, aumentar a corrente de campo, reduzindo R1050 ao seu valor mínimo.
8. Reduzir F3 para seu valor mínimo.
9. Abrir o circuito de campo e desligar a bancada.
Tabela 1
If1 (máx) = [mA] If2 (75%If1) = [mA] If3 (50%If1) = [mA]
R1050 = 0 [] R1050 = (F5 – Vf)/If = [] R1050 = (F5 – Vf)/If = []
Va [V] Ia [A]  [rpm] Va [V] Ia [A]  [rpm] Va [V] Ia [A]  [rpm]
220 (máx)
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
Ensaio 2. Controle por reóstato no circuito da armadura
1. Com a bancada desligada, ajustar as fontes F3 e F5 para seus valores mínimos (girar o cursor
do varivolt totalmente à esquerda).
2. Ajustar os reóstatos de armadura (R900) e de campo (R1050), para seus valores mínimos.
3. Ligar a bancada e aumentar a tensão (F5) no circuito de campo até 220V. Verificar a corrente
de campo que deve estar entre 250 e 300mA (nominal).
4. Aumentar a tensão na armadura, Va (F3), até o valor nominal de 220V.
5. Diminuir gradualmente a tensão na armadura, aumentando o valor de R900, anotando na
Tabela 2 os valores de F3, Va, Ia,  e R450.
6. Para desligar o motor, aumentar a corrente de campo, reduzindo R1050 ao seu valor mínimo.
7. Reduzir F3 para seu valor mínimo.
8. Abrir o circuito de campo e desligar a bancada.
Tabela 2. If = [mA]
F3 [V] Va [V] Ia [A]  [rpm] R450 = (F3 – Va)/Ia []
220 (máx)
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%

Ensaio 3. Controle pelo fluxo do campo de excitação


1. Com a bancada desligada, ajustar as fontes F3 e F5 para seus valores mínimos (girar o cursor
do varivolt totalmente à esquerda).
2. Ajustar os reóstatos de armadura (R900) e de campo (R1050), para seus valores mínimos.
3. Ligar a bancada e aumentar a tensão (F5) no circuito de campo até 220V. Verificar a corrente
de campo que deve estar entre 250 e 300mA (nominal).
4. Aumentar a tensão na armadura, Va (F3), até o valor nominal.
5. Diminuir gradualmente a corrente no campo, If, aumentando o valor de R1050 e anotar na
Tabela 3 os valores de If, Ia,  e R1050. Não exceder a velocidade do motor acima de 2000
rpm.
6. Para desligar o motor, aumentar a corrente de campo, reduzindo R1050 ao seu valor mínimo.
7. Reduzir F3 para seu valor mínimo.
8. Abrir o circuito de campo e desligar a bancada.
Tabela 3. Va = [V]
If [mA] Ia [A]  [rpm] R1050 = (F5 – Vf)/If []
300 (máx)
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
5. Discussão
1. Com os dados da Tabela 1, traçar as três curvas  × Va (If1, If2, If3).
2. Com os dados da Tabela 2, traçar a curva  × Ia.
3. Com os dados da Tabela 3, traçar a curva  × If.
4. O que pode ser observado sobre a corrente de armadura em relação à tensão de armadura?
5. Quais os principais aspectos observados sobre o controle de velocidade do motor CC?
6. Como a reação da armadura afeta as características de velocidade do motor?
7. Qual a consequência da interrupção do circuito de excitação durante a operação do motor?
6. Conclusões
1. Os métodos de controle pela tensão de armadura ou reóstato de armadura são úteis para obter
velocidades inferiores à velocidade nominal.
2. Entre esses dois métodos, o método de controle pela tensão é preferível ao do reóstato da
armadura devido à potência perdida na resistência externa.
3. O método de controle pelo fluxo do campo de excitação é útil para a obtenção de
velocidades acima da velocidade nominal.

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