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Artur Fernandes Costa

Problemas sobre
MÁQUINAS DE INDUÇÃO

FEUP - DEEC
2006
Este texto foi produzido no âmbito da disciplina
Máquinas Eléctricas II (E), do 3º. Ano da
Licenciatura em Engenharia Electrotécnica e de
Computadores – Ramo Energia – da Faculdade
de Engenharia Electrotécnica e de Computadores.
Parte 1.1

= PROBLEMAS COM RESOLUÇÃO =

R1. Um motor de indução trifásico de rotor em gaiola de esquilo de 12 kW - 380 V -50 Hz


- 22,3 A – 2913 r/min, Classe de isolamento F, possui um rendimento nominal de
92,9 %. Conhecem-se os parâmetros do seu circuito equivalente "exacto", por fase,
referido ao estator, para uma temperatura de 115°C e frequência nominal, os quais
se podem considerar constantes e se indicam na tabela seguinte:

Parâmetros do circuito equivalente do motor, por fase


Resistência do estator: 0,21 Ω
Resistência do rotor referida ao estator: 0,28 Ω
Reactância parcial de fugas do estator: 1,32 Ω
Reactância parcial de fugas do rotor referida ao estator: 1,32 Ω
Resistência associada às perdas no ferro: 1510 Ω
Reactância de magnetização: 38 Ω

Para este motor, calcular:

a) Número de pólos magnéticos, velocidade de sincronismo e valores nominais do


deslizamento, da frequência das correntes rotóricas, do factor de potência, do binário
desenvolvido e das perdas por efeito de Joule, magnéticas e mecânicas.

b) A velocidade de rotação e a fracção de carga com que o motor funcionará ao


accionar uma carga que possui a seguinte característica mecânica:

TC = 10 + 9,33×10-7(nC)2 (Nm; r/min)

Sugestão: Considerar linear a característica mecânica do motor na zona normal de


funcionamento.

R2. Relativamente a um motor de indução trifásico de 5,5 kW – 380 V – 50 Hz - 11,5 A –


1466 r/min, que apresenta um rendimento nominal de 87 % e possui a característica
mecânica de binário representada na Fig.1,

a) Calcular a velocidade de sincronismo, o número de pares de pólos, o deslizamento


nominal, a frequência das correntes rotóricas em regime nominal e a velocidade do
campo girante rotórico também em regime nominal (calcular este último valor
relativamente ao referencial móvel ─ do rotor ─ e fixo ─ do estator).

b) Marcar, sobre a característica de binário, os pontos de funcionamento


correspondentes ao arranque, ao regime de binário máximo e ao regime nominal.

c) Caracterizar cada um dos pontos marcados na alínea anterior, sabendo que a

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característica mecânica do motor, com boa aproximação, tem a seguinte definição
analítica:

518,573s
T= 2
14,814 s + 0,292s + 0,315

onde s é o deslizamento.

d) Calcular a capacidade de sobrecarga mecânica do motor.

e) Calcular o tempo que o motor levará, após a sua ligação com a tensão nominal, para,
partindo do repouso e em vazio, atingir a zona estável da sua característica
mecânica.
Supor que o momento de inércia do motor vale 0,018 kg.m2.

120

100

80
T (N.m)

60

40

20

0
0 150 300 450 600 750 900 1050 1200 1350 1500

n (r/min)

Fig.1 Característica mecânica de binário do motor


de indução trifásico

R3. Um motor de indução trifásico de rotor bobinado tetrapolar, de 400 V - 120 A -50 Hz,
Classe de Isolamento F, apresenta perdas mecânicas que podem considerar-se
constantes e que valem 820 W.

Tendo-se procedido ao ensaio em laboratório do motor, foi possível apurar o valor da


resistência entre fases estatóricas, que é de 0,13 Ω (T=20 °C). Recolheram-se
também os resultados dos ensaios económicos a que o motor foi submetido, os
quais se resumem na tabela seguinte:

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Ensaio em vazio Ensaio com rotor bloqueado
Tensão de alim.: 400 V e em curto-circuito
Frequência: 50 Hz Tensão de alimentação: 63,2 V
Corrente absorvida: 26 A Frequência: 50 Hz
Potência absorvida: 3026 W Corrente absorvida: 150 A
Temperatura: 20 °C Factor de potência: 0,377
Veloc. de rotação: _1500 rot/min Temperatura: 20 °C

Ensaio com rotor bloqueado e em circuito aberto


Tensão aplicada ao estator : 400 V
Tensão medida entre aneis do rotor: 290 V

Supondo o motor permanentemente alimentado com tensão e frequência nominais,


determinar:

a) O esquema equivalente do motor referido ao estator.

b) O binário máximo desenvolvido pelo motor e a velocidade à qual o mesmo ocorre.

c) O binário de arranque e a corrente de arranque do motor.

d) O valor da resistência a colocar em série com cada fase rotórica do motor, por forma
a que a corrente de arranque do mesmo seja limitada a 200 A. Qual o binário de
arranque desenvolvido nesta situação?

e) A corrente absorvida e o respectivo factor de potência quando o motor accionar uma


carga do tipo "potência constante" de 55 kW.

R4. Um motor de indução trifásico, de 1,5 kW – 380 V – 50 Hz, possui um deslizamento


nominal de 5 % e uma corrente de arranque directo de 6 vezes a corrente nominal.

Estimar os valores por unidade da corrente absorvida à rede, da corrente absorvida


pelo motor e do binário desenvolvido no arranque, quando este é efectuado pelos
seguintes processos:

a) Arranque directo.

b) Arranque com autotransformador (corrente de arranque limitada a 2 p.u.).

c) Arranque com impedância estatórica (corrente de arranque limitada a 2 p.u.).

d) Arranque estrela/triângulo.

R5. Um motor de indução trifásico de rotor em gaiola de esquilo de 15 kW – 380 V – 50


Hz – 1451 r/min, estator ligado em triângulo, absorveu, num ensaio com o rotor
travado e em curto-circuito a que foi submetido, a corrente nominal quando
alimentado à tensão de 86 V de frequência nominal.

1. Supondo que se utiliza um autotransformador para promover o arranque deste motor,


com vista à limitação da corrente pelo mesmo solicitada à rede nesse período de

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funcionamento, determinar:

a) A razão de transformação aconselhável para o autotransformador no momento de


ligação do motor, se se pretender que a corrente absorvida à rede não exceda o
triplo da corrente nominal do motor.

b) A razão binário de arranque/binário nominal do motor, nas condições da alínea


anterior.

2. Supondo que, no referido ensaio do motor com o rotor travado, as perdas por efeito
de Joule no motor se repartiram igualmente entre o estator e o rotor, determinar:

c) A resistência de cada fase e entre fases do enrolamento estatórico, a resistência por


fase rotórica (valor referido ao estator) e o reactância de fugas total do motor (referida
ao estator).

d) O binário de frenagem desenvolvido imediatamente após a troca da sequência de


fases da alimentação do motor (tensão e frequência nominais) quando,
anteriormente, este se encontrava a accionar uma dada carga mecânica à
velocidade de 1460 r/min.
Qual a corrente absorvida previsivelmente pelo motor, nessas circunstâncias?

R6. Um motor de indução trifásico de 120 kW – 380 V – 50 Hz acciona a 28800 r/min


uma carga cuja característica mecânica é dada por:

TC = 10 + 0,039⋅nC (Nm; r/s)

A transmissão do movimento é feita através de uma engrenagem que possui um


rendimento de 98 % e uma relação de engrenagens de 1:10.

Sabendo que as perdas no ferro (1,35 kW) e as perdas mecânicas (1,80 kW) deste
motor se podem considerar constantes e que, no regime de funcionamento em
causa, as suas perdas por efeito de Joule se repartem igualmente pelo estator e pelo
rotor, determinar:

a) O deslizamento, a fracção de carga e o rendimento com que funcionará o motor.

b) A velocidade a que seria accionada a carga, na eventualidade da tensão de


alimentação do motor sofrer uma diminuição de 10% relativamente ao seu valor
nominal.

R7. Um motor de indução trifásico tetrapolar, de 500 kW – 3300 V – 50 Hz - 1440r/min,


destina-se a accionar uma bomba cujo binário varia proporcionalmente com o
quadrado da velocidade de rotação e cuja característica mecânica de binário passa
pelo ponto de funcionamento nominal do motor.

Do motor conhecem-se os parâmetros por fase, referidos ao estator, R1=0,668 Ω,


R2=0,668 Ω e X=3,34 Ω e podem desprezar-se a sua corrente de magnetização e as
suas perdas magnéticas e mecânicas.

Comparar o desempenho do motor a 1300 r/min (em termos da corrente absorvida,


factor de potência e rendimento) supondo que são utilizados os dois seguintes

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métodos para variar a sua velocidade:

a) Variação de tensão, com f=50 Hz.

b) Variação de frequência e de tensão, com U/f=const. (nesta alínea, (i) supor que o
deslizamento do motor varia proporcionalmente com o binário de carga e (ii) usar
directamente o modelo do motor).

R8. Supor que se pretendia utilizar um motor de indução trifásico de rotor bobinado como
conversor de frequência, alimentando o seu estator a partir de uma rede trifásica de
frequência 50 Hz (constante) e accionando o seu rotor com um motor de corrente
contínua cuja velocidade pode ser controlada.

Responder às seguintes questões, supondo desprezáveis a corrente de excitação,


as perdas e as quedas de tensão na máquina de indução e sabendo que são
conhecidas as seguintes especificações:
• Intervalo de frequências desejado:120-475 Hz
• Máxima velocidade de rotação:3000 r/min
• Potência a fornecer:
o crescente com a frequência
o factor de potência: 0,8 (i) (constante)
o máximo valor: 50 kVA

a) Qual o mínimo número de pólos que deverá possuir a máquina de indução?

b) Qual o correspondente intervalo de ajuste da velocidade de rotação?

c) Qual a máxima potência reactiva absorvida pelo estator da máquina de indução?

d) Qual o valor mínimo da potência nominal do motor de corrente contínua?

NR9 Para promover o accionamento permanente de uma carga mecânica rotativa de


7kW, 1100r/min (cujo binário cresce com o quadrado da velocidade e, no arranque,
vale 20Nm) dispõe-se de um motor de indução trifásico de 11kW-380V-50Hz-
1438r/min, de que se conhecem as curvas características representadas na Fig.3, da
página seguinte.
Sabendo que a alimentação do motor será realizada a partir de um barramento
trifásico de 380V-50Hz, pretende-se:

a) Determinar a frequência das correntes rotóricas, a capacidade de sobrecarga


mecânica e a corrente nominais do motor.

b) Avaliar da possibilidade de proceder ao accionamento pretendido recorrendo a uma


transmissão mecânica (1,3:1), cujo rendimento vale 88%.
(NOTA: Estimar os valores da carga, do rendimento e da corrente com que
funcionará o motor e verificar a possibilidade de se realizar o arranque Y-D do
sistema de accionamento).

c) Sabendo que o motor, em vazio e alimentado nominalmente, absorve 7A e que a


resistência entre pares de terminais do estator vale 0,8Ω, estimar os parâmetros do
respectivo circuito equivalente simplificado por fase, referido ao estator.

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200
180
160
140
Binário útil (Nm)

120
100
80
60
40
20
0
0 300 600 900 1200 1500
Velocidade de rotação (r/m in)

100
90
80
70
Rendimento (%)

60
50
40
30
20
10
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
Fracção de carga

1
0,9
0,8
Factor de potência

0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
Fracção de carga

Fig.2 Características do motor de indução trifásico do Problema NR9.

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Parte 1.2

= PROBLEMAS PROPOSTOS PARA RESOLUÇÃO =

NR1. Um motor de indução trifásico de rotor em gaiola de esquilo, tetrapolar, de 11 kW –


380 V – 50 Hz – 1440 r/min, quando funciona à plena carga, absorve a corrente de
22 A e apresenta um rendimento de 88,6 %.

Sabendo que as perdas mecânicas do motor se podem supor constantes e iguais a


230 W, que a resistência entre pares de terminais estatóricos vale 0,70 Ω e que a
característica mecânica de binário do mesmo pode ser considerada rectilínea na
porção que corresponde ao funcionamento normal, responder às seguintes
questões:

a) Caracterizar, em termos de deslizamento, factor de potência e diferentes


componentes das perdas totais, o funcionamento nominal do motor.

b) Qual a fracção de carga com que funcionará o motor quando accionar uma carga
cuja característica mecânica pode ser definida pela seguinte expressão:

TC = 10 + 0,005⋅n (Nm; r/min).

NR2. Um motor de indução trifásico de rotor em gaiola de esquilo possui as seguintes


características nominais:

Tensão: 380 V Velocidade: 2925 r/min


Corrente: 22 A Frequência: 50 Hz
Potência: 11 kW Rendimento: 92 %
Perdas por efeito de Joule igualmente repartidas entre o estator e o rotor

Sabe-se ainda que as perdas mecânicas desta máquina podem supor-se constantes,
valendo 230 W.

Para o motor, e admitindo-o permanentemente alimentado com tensão e frequência


nominais:

a) Calcular a velocidade de sincronismo, o factor de potência, o binário útil


desenvolvido, as perdas por efeito de Joule e as perdas magnéticas (por histerese e
por correntes de Foucault) nominais.

b) Determinar os parâmetros do circuito equivalente simplificado, por fase, referido ao


estator do motor, sabendo que, em vazio, ele absorve a corrente de 5,8 A.

c) Estimar a corrente absorvida, o binário útil desenvolvido pelo motor e o rendimento,


quando roda a 2950 r/min.

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d) Caracterizar o funcionamento do motor quando este acciona uma carga cuja
característica mecânica é a seguinte:

Tc = 15 + 5×10-3⋅n (Nm; r/min)

NR3. Um motor de indução trifásico com rotor em gaiola de esquilo, de 400 V – 50 Hz –


1440 r/min, foi ensaiado em laboratório, tendo-se obtido:

Ensaio U (V) f (Hz) I (A) cosϕ n (r/min)

Vazio 400 50 26 0,17 ≈1500


Rotor bloq. e em c.c. 103 50 150 0,44 0

Determinaram-se também as perdas mecânicas, que valem 800 W, e a resistência


entre pares de terminais estatóricos, que vale 260 mΩ.

Desprezando o efeito da temperatura de funcionamento, bem como as


consequências do efeito pelicular rotórico e possíveis variações das perdas
mecânicas do motor com o seu regime de carga, determinar:

a) Os parâmetros do circuito equivalente simplificado, por fase, referido ao estator do


motor. Representar tal circuito.

b) A corrente, o factor de potência e o rendimento nominais do motor.

c) A corrente e o binário de arranque do motor.

d) O binário (útil) máximo que pode ser desenvolvido pelo motor e a velocidade à qual o
mesmo ocorrerá.

NR4. A característica mecânica de binário de um motor de indução trifásico de rotor em


gaiola de esquilo, tetrapolar, de 4 kW – 380 V – 50 Hz, apresenta um máximo de 68
Nm, para a velocidade de 1230 r/min. Este motor foi submetido a um ensaio em
vazio, conduzido à tensão e frequência nominais, do qual foi possível obter:

n≈1500 r/min I=3,2 A cosϕ=0,145

Sabendo ainda que o binário de perdas mecânicas do motor pode supor-se


constante e igual a 0,7 Nm, que a resistência entre pares de terminais estatóricos do
mesmo vale 3,5Ω e que se desprezarão eventuais variações dos parâmetros do
motor com a temperatura e o regime de funcionamento, determinar:

a) Os parâmetros do circuito equivalente simplificado, por fase e referido ao estator, do


motor.

b) O binário desenvolvido e a corrente absorvida pelo motor durante um arranque


conduzido com autotransformador, sabendo que este foi ajustado para oferecer uma
razão de transformação, no instante de ligação, igual a 2.

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NR5. Os ensaios económicos de um motor de indução trifásico de rotor bobinado, de 278
Kw – 1100 V – 60 Hz – 1176 r/min, conduzidos à frequência nominal, produziram os
resultados que se indicam de seguida:

Ensaio em vazio Ensaio com rotor bloqueado e em c.c.


Tensão de alimentação: 1100 V Tensão de alimentação: 230 V
Corrente absorvida: 100 A Corrente absorvida: 200 A
Potência absorvida: 22,2 kW Potência absorvida: 18 kW
Potência de perdas mecânicas: 8 kW RUV: 210 mΩ
Ensaio com rotor bloqueado e em circuito aberto
Tensão de alimentação: 1100 V Tensão medida entre anéis rotóricos: 325 V

Desprezando eventuais variações de parâmetros do motor com a temperatura de


funcionamento, bem como resultantes de efeito pelicular rotórico ou de não
linearidades do circuito magnético, estimar os valores das seguintes grandezas:

a) Corrente e factor de potência nominais do motor.


Comparar o factor de potência obtido com o respectivo valor em vazio.

b) Resistência de um reóstato a colocar em série com o motor (estator) por forma a


reduzir a corrente de arranque para 3In. Qual o valor do binário de arranque nessas
condições?

c) Resistência do reóstato a colocar em série com o rotor do motor para conseguir o


mesmo efeito da alínea anterior. Qual o valor do binário de arranque nestas novas
condições?

NR6. Um motor de indução trifásico de 7,5 kW – 440 V - 13,5 A – 50 Hz - 4 pólos, possui


os seus enrolamentos estatóricos ligados em estrela e apresenta um deslizamento
nominal de 5 %. Do seu modelo equivalente simplificado, por fase, referido ao
estator, conhecem-se os seguintes parâmetros: R1=1,32 Ω, X1+X2=2,92 Ω, Xm=78,2
Ω.

Desprezando as perdas no ferro e mecânicas do motor bem como as consequências


do efeito pelicular rotórico e da temperatura de funcionamento da máquina,
determinar:

a) A capacidade de sobrecarga mecânica do motor e a velocidade à qual desenvolve o


seu binário máximo, supondo que a alimentação é a nominal.

b) O binário de frenagem que seria desenvolvido instantaneamente se, encontrando-se


o motor a accionar uma carga que lhe impõe o regime de funcionamento nominal, lhe
fosse trocada a sequência de fases da alimentação e, simultaneamente, fosse
reduzida a tensão de alimentação para metade do correspondente valor nominal
(mantendo sempre a frequência nominal).

NR7. A turbina de um ventilador, cuja característica mecânica é

TC=2,2+7,2×10-6⋅n (Nm; r/min.),

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encontra-se acoplada directamente ao veio de um motor de indução trifásico de
900W-380V-50Hz-2,2A-930r/min, do qual se conhecem os seguintes parâmetros do
modelo equivalente simplificado, por fase, referido ao estator:

R0 = 2385 Ω ; Xm = 275 Ω ; R1 = 10,3 Ω ; X1+X2 = 27,5 Ω

O motor apresenta um binário de perdas mecânicas de 0,83 N.m, que pode supor-se
constante para velocidades de funcionamento estáveis.

a) Determinar o rendimento nominal do motor e a sua capacidade de sobrecarga


mecânica.

b) Calcular a fracção de carga com que funcionará o motor quando accionar a turbina.

NR8. Um motor de indução trifásico de rotor em gaiola de esquilo de 28 kW – 415 V - 50


Hz - 10 pólos, estator em triângulo, possui o deslizamento nominal de 5,1 % e a
capacidade de sobrecarga mecânica de 225 %. A resistência entre dois terminais de
fase estatóricos deste motor vale 0,38 Ω e, num ensaio em vazio do mesmo, foi
obtido:
U1=415 V ; P10=1,36 kW ; I10=16,1 A
perdas mecânicas=620 W

Sabendo que, no arranque estrela-triângulo, o binário desenvolvido pelo motor é de


38 % do binário nominal, determinar:

a) Os parâmetros do esquema equivalente simplificado do motor, por fase e referidos


ao estator.

b) O rendimento e a distribuição de perdas no motor, em regime nominal.

c) Supondo que se pretende accionar uma carga do tipo binário constante que impõe,
em regime permanente, o regime nominal ao motor, estimar o tempo de arranque do
sistema motor-carga quando é praticado o arranque directo do primeiro. Desprezar
eventuais variações dos parâmetros e do binário de perdas mecânicas do motor
relativamente ao regime de funcionamento normal e considerar os valores 0,22kg.m2
e 10kg.m2, para os momentos de inércia do motor e do sistema accionado
(carga+acoplamento), respectivamente.

NR9. Considerar um motor de indução trifásico de rotor em gaiola de esquilo de que se


conhecem as seguintes características nominais:

Potência: 50 kW Velocidade: 965 r/min


Tensão: 380 V / 50 Hz Rendimento: 89,5 %
Corrente: 97,5 A Perdas mecânicas: 650 W

Medida a resistência entre terminais de fase do motor, obteve-se o valor de 0,15Ω e


sabe-se que a potência de perdas mecânicas do mesmo pode considerar-se
directamente proporcional à velocidade de rotação.

Este motor foi escolhido para accionar uma carga do tipo binário constante, a qual

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desenvolve um binário resistente igual a 75 % do binário nominal do motor, possui
uma velocidade nominal de 1000 r/min e exige uma regulação de velocidade
(variação relativa da velocidade de rotação em torno do respectivo valor nominal)
inferior a 3 %.

a) Determinar a velocidade de rotação do campo girante rotórico, o factor de potência


nominal e as perdas no ferro nominais do motor.

b) Verificar se o motor indicado constitui uma boa escolha para realizar o accionamento
da carga, sabendo que se espera que a tensão de alimentação do primeiro
apresente uma flutuação entre 90 % e 110 % do respectivo valor nominal.

NR10 Um motor de indução trifásico de 11 kW – 380 V – 50 Hz – 2930 r/min foi ensaiado


em vazio, à tensão e frequência nominais, e em curto-circuito, com corrente e
frequência nominais. A partir desses ensaios foi possível estabelecer os seguintes
parâmetros para o seu circuito equivalente simplificado, por fase, referido ao estator:

R0 = 152 Ω ; Xm = 27,5 Ω ; R2 = 265 mΩ ; X1+X2 = 1998 m Ω

Sabendo também que a resistência entre pares de terminais estatóricos do motor


vale 800 mΩ, determinar:

a) Os resultados que, previsivelmente, terão sido obtidos no referido ensaio em vazio do


motor.

b) O valor para o qual se tornaria necessário ajustar a tensão de alimentação do motor


(de frequência 50 Hz), supondo que se pretendia accionar, com o mesmo, uma carga
mecânica cuja característica é

TC = 10+0,005⋅n (Nm; r/min),

à velocidade de 2750 r/min.


Seria razoável o procedimento proposto? Justifique numericamente a sua resposta.

NR11 Um motor de indução trifásico hexapolar acciona um volante de inércia a 960 r/min.
O motor, de 4,5 kW – 380 V – 50 Hz, possui os seus enrolamentos ligados em
estrela e apresenta iguais impedâncias de fugas estatórica e rotórica referida ao
estator, valendo cada uma 1,0+j2,0 Ω, por fase.

Sabendo que o sistema motor-carga possui um momento de inércia total de 15,0


kgm2, estimar o tempo necessário para efectuar a sua paragem, quando se recorre a
um processo de frenagem por contra-corrente.

(Nota: Desprezar a contribuição, para o binário de frenagem do conjunto, do binário


de perdas mecânicas do motor e da carga, bem como de quaisquer binários
transitórios devidos a comutação de ligações.)

NR12 Um accionamento eléctrico de serviço contínuo (S1) encontra-se dotado com um


motor rotativo assíncrono trifásico (400V - 50Hz), acoplado à respectiva carga
mecânica por meio de um redutor de velocidade 3:1, cujo rendimento nominal
está estimado em 89%.

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Do motor eléctrico de accionamento conhecem-se as seguintes características:

Pn (kW) nn (r/min) In (A) cos ϕn Tad / Tn (%) Arranque

45 1465 79 0,91 270 Directo

Da carga accionada, conhecem-se as seguintes características:

TC = const.e = 660Nm JC = 3,6kgm2 nC = 500r/min ± 3%

a) Calcular o rendimento nominal, o rendimento rotórico nominal e o binário de


arranque directo do motor.

b) Sabendo-se que são de prever quebras de tensão na alimentação do motor,


determine o valor máximo dessa quebra para que não seja posta em causa a
exigência de regulação de velocidade da carga especificada.

NR13 Considere um motor de indução trifásico de rotor em gaiola de esquilo, com 710kW
– 1491r/min – 400V (∆) – 50Hz , Classe de Isolamento F / 105K, de que se
conhecem ainda:

η cos ϕ TM / T n Tad / Tn Iad / In J


4/4 3/4 4/4 (p.u.) (p.u.) (kg.m2)
97,0 96,8 0,87 2,4 2,1 6,9 17,30
a) Determinar a intensidade nominal da corrente absorvida pelo motor e a sua
impedância equivalente por fase (módulo e fase) num arranque directo com [Un –
fn].

b) Estimar o valor da velocidade de rotação deste motor para [380V – 50Hz - Tn].
c) Supondo que a resistência entre pares de terminais estatóricos deste motor,
medida em corrente contínua a 20ºC, vale 2,8mΩ, determinar as perdas Joule
nominais estatóricas do mesmo.

d) Admitindo que num ensaio em vazio com [400V – 50Hz – 20ºC], este motor
absorveu 182A - 9,35kW e que, também em vazio mas com [200V - 50Hz – 20ºC],
ele absorveu 112A – 5,07kW, em ambos os casos rodando praticamente à
mesma velocidade, estimar as perdas mecânicas do motor a 1500r/min.

NR14 Considere um motor de indução trifásico, de 22kW, 400V, 50Hz, 980r/min, de que
se conhecem ainda as seguintes características fornecidas pelo seu fabricante:

Fracção de carga Rendimento (%) Factor de potência


1 89,5 0,82
¾ 88 0,80
½ 87 0,71

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a) Determine velocidade de rotação e a corrente absorvida pelo motor quando este
acciona uma carga mecânica do tipo binário constante, de 108 N.m. (Observação:
pode considerar linear a característica mecânica de binário do motor na zona
normal de funcionamento e desprezar as perdas mecânicas do mesmo).

b) Determine o rendimento energético anual do motor supondo que este se destina a


satisfazer um diagrama de cargas que, anualmente, pode ser descrito
aproximadamente como se indica na tabela seguinte:

Duração (em horas) Regime de carga


3000 plena carga
2000 ¾ de carga
1500 meia carga
2260 desligado

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Parte 1.3

= QUESTÕES DE ÂMBITO TEÓRICO =

T1. O que é um motor de indução trifásico?


Fazer uma caracterização sumária da máquina, destacando as suas características
principais e individualizando-a no universo das máquinas a que pertence.

T2. Como justifica a adopção de um circuito magnético laminado em muitas máquinas


eléctricas, nomeadamente nas máquinas de indução?

T3. Descrever construtivamente um motor de indução trifásico.

T4. Justificar a grande divulgação actual do motor de indução trifásico, como elemento
motor de accionamentos eléctricos. A que tipo construtivo de motor se aplica mais
fielmente tal afirmação?

T5. O que se entende por velocidade de sincronismo de um motor de corrente alternada


trifásico?
De que factor(es) construtivo(s) depende o valor nominal de tal grandeza
característica?
Que valores (em r/min) pode tomar essa mesma grandeza em motores rotativos
alimentados directamente por redes de 50 Hz?

T6. Como se define deslizamento de uma máquina eléctrica assíncrona?


Indicar um intervalo de valores nominais típicos para tal grandeza, tratando-se de
motores de indução trifásicos.

T7. Em que princípios se baseia o funcionamento de um motor de indução trifásico?


Deduzir a relação entre a frequência das correntes (e das f.e.m.s) rotóricas e
estatóricas.

T8. Mostrar que num motor de indução trifásico, em regime permanente, os campos
girantes estatórico e rotórico giram em sincronismo, independentemente da
velocidade de rotação do rotor da máquina.

T9. Utilizar a conclusão da questão anterior para demonstrar que o motor de indução
trifásico desenvolve binário a todas as velocidades, excepto à velocidade de
sincronismo.

T10. Mostrar que, em regime permanente, um motor de indução trifásico roda sempre a
uma velocidade inferior ao valor dado por f/p, sendo f a frequência da alimentação e
p o número de pares de pólos da máquina.

T11. Apresentar um diagrama energético de um motor de indução trifásico, identificando


claramente cada uma das potências postas em jogo no mesmo.

Artur Fernandes Costa Página 15


T12. Qual a denominação e qual o significado físico de cada um dos parâmetros do
circuito equivalente de um motor de indução trifásico? Que formas pode tomar esse
circuito e quais as hipóteses em que cada um se fundamenta?

T13. Baseado no modelo equivalente "exacto", por fase, referido ao estator, construir um
diagrama fasorial das grandezas eléctricas e magnéticas associadas ao
funcionamento de um motor de indução trifásico nos regimes de vazio e de plena
carga. Identificar todas as grandezas representadas.

T14. Mostrar que a potência de perdas rotóricas de um motor de indução trifásico é


(aproximadamente) directamente proporcional ao deslizamento com que o mesmo
funciona.

T15. Descrever os ensaios em vazio e com rotor bloqueado e em curto-circuito de um


motor de indução trifásico. Indicar também como é possível, a partir dos resultados
proporcionados por tais ensaios, determinar os parâmetros do circuito equivalente da
máquina.

T16. Por que razão o valor da resistência rotórica de um motor de indução trifásico,
determinado com base num ensaio com rotor bloqueado e em curto-circuito, deverá
ser corrigido para utilização na previsão das características nominais da máquina?

T17. Quais as razões que levam a que um motor de indução trifásico deva ser
dimensionado para funcionar com baixos deslizamentos?

T18. Esclarecer os motivos pelos quais a resistência rotórica desempenha um papel


chave no projecto de um motor de indução trifásico.

T19. Um motor de indução trifásico de rotor bobinado possui sempre uma resistência
rotórica menor que a de um motor equivalente, mas com rotor em gaiola de esquilo.
Justificar tal facto.

T20. Explicar as razões pelas quais a intensidade da corrente de arranque directo de um


motor de indução trifásico é manifestamente superior à corrente nominal do mesmo.

T21. Explicar as consequências negativas que pode trazer o arranque directo de um motor
de indução trifásico.
Enumerar e apresentar as vantagens e os inconvenientes de cada uma das soluções
tecnológicas utilizadas na resolução de tais problemas.

T22. Desenhar o esquema eléctrico unifilar de uma instalação de alimentação de um


motor de indução trifásico, destinado a ser arrancado com autotransformador.

T23. Para que um sistema motor-carga com acoplamento directo possa manter um regime
de funcionamento com velocidade de rotação constante não é necessário que o
binário desenvolvido pelo motor seja superior ao binário resistente imposto pela
carga.
Dizer então relação deve existir entre aqueles binários para que a constância de
velocidade seja garantida, esclarecendo também o que acontecerá se a condição
que indicar não se observar.

T24. Definir, esboçar e justificar a forma típica das seguintes características de


funcionamento em regime permanente de um motor de indução trifásico:
• Característica electromecânica de velocidade.

Artur Fernandes Costa Página 16


• Característica mecânica de binário.
• Característica mecânica de potência.
• Característica de factor de potência função da carga.
• Característica de rendimento função da carga.
T25. Definir e representar a característica mecânica de binário de uma máquina de
indução trifásica.
Caracterizar ainda, quanto ao modo de funcionamento da máquina, as diferentes
regiões que podem ser identificadas na mesma.

T26. Justificar a inconveniência do funcionamento de um motor de indução trifásico com


baixas fracções de carga.

T27. Recorrendo a uma análise qualitativa dos fenómenos físicos envolvidos e a critérios
habituais de fabrico, mostrar que um motor de indução trifásico com rotor de dupla
gaiola de esquilo apresenta melhores características de arranque que um motor
equivalente, mas com gaiola simples.
Essa melhoria também é ou não sentida quando se comparam os regimes de
funcionamento normais dos dois motores? Justificar a resposta.

T28. Actualmente encontra-se muito divulgado, sobretudo em motores de potência baixa


ou intermédia, um tipo de rotor denominado "de ranhuras profundas". Que interesse
tem esse tipo de rotor? Fundamentar a resposta.

T29. Considerar dois motores de indução trifásicos de rotor em gaiola de esquilo em tudo
iguais, excepto no que se refere à profundidade a que se localizam as barras da
gaiola rotórica.
Discutir a influência dessa diferença construtiva nos parâmetros do circuito
equivalente desses motores.
Realizar também uma discussão semelhante acerca das consequências de tais
diferenças sobre as várias características de funcionamento, em regime permanente,
dos motores.

T30. Sobre um mesmo sistema de eixos, representar as características mecânicas de


binário de três motores de indução trifásicos equivalentes, excepto no que se refere
ao rotor que será, num caso, de simples gaiola de esquilo, noutro, de gaiola dupla e,
no terceiro, de ranhuras profundas.

T31. Como é possível inverter o sentido de rotação de um motor de indução trifásico?


Justificar a resposta.
Desenhar o esquema de uma montagem eléctrica para realizar aquela manobra.

T32. Que processos podem ser usados para variar a velocidade de rotação de um motor
de indução trifásico de rotor em gaiola de esquilo? Agrupar esses processos
segundo a grandeza principal da máquina que é actuada.

T33. Mostrar que é possível variar a velocidade de rotação de um motor de indução


trifásico de rotor bobinado, actuando na resistência do seu circuito rotórico.
Que inconveniente(s) possui tal procedimento?

T34. Fazer uma análise comparativa (em termos de vantagens, inconvenientes e campos
de aplicação preferenciais) entre os métodos de controlo de velocidade de um motor
de indução trifásico, por variação da tensão de alimentação e por variação de
frequência.

Artur Fernandes Costa Página 17


T35. Supor que se pretendia dotar um accionamento eléctrico baseado num motor de
indução trifásico de rotor em gaiola de esquilo com 4 pólos, 380V-50Hz, da
capacidade de ajustar a velocidade de rotação entre 600r/min e 1500r/min.
Fundamentar a opção a tomar quanto à metodologia a adoptar no controlo do motor.

T36. O controlo de velocidade de um motor de indução trifásico de rotor em gaiola de


esquilo é feito, habitualmente, através do controlo da tensão de alimentação ou
actuando na frequência de alimentação.
Comentar estas duas metodologias, destacando, nomeadamente, a forma como é
modificada a característica mecânica do motor em cada caso, e as vantagens e
limitações que cada uma oferece.

T37. Comentar, justificando, a necessidade (ou não) de se variar a tensão de alimentação


de um motor de indução trifásico quando se pretende controlar a sua velocidade de
rotação por variação da frequência de alimentação.

T38. Considerar um motor de indução trifásico de 380V-50Hz¸50kW, 980r/min e, sobre


um mesmo referencial de coordenadas devidamente identificadas (ou recorrendo a
referenciais distintos mas com as mesmas escalas), esboçar as características
mecânicas de binário do motor correspondentes às seguintes condições de
alimentação: (190V-25Hz), (380V-75Hz), (190V-50Hz) e (380V-25Hz).
T39 Faça um esboço da característica mecânica de binário de um motor de indução
trifásico e identifique o ponto correspondente ao funcionamento em vazio e a
região que corresponde ao funcionamento normal.
Supondo agora que a característica representada corresponde a condições de
alimentação nominais, sobre o mesmo referencial represente agora a
característica de funcionamento do motor correspondente à condição de
alimentação com frequência nominal e 70% da tensão nominal.

T40. Caracterizar graficamente e justificar o efeito da variação da resistência rotórica


sobre a característica mecânica de binário de um motor de indução trifásico de rotor
bobinado.

T41. Em que consiste e como se processa a frenagem dinâmica de um motor de indução


trifásico?

T42. Indicar duas situações particulares em que se pode revelar interessante a realização
de frenagem regenerativa de um motor de indução trifásico. Com base nas
características mecânicas de binário de um motor e de uma carga por ele accionada,
justificar a possibilidade referida.

T43. Comentar a seguinte afirmação: "O controlo de um motor de indução trifásico


realizado com base em conversores electrónicos estáticos penaliza o rendimento da
máquina".

T44. Descrever construtivamente um motor de indução monofásico.

T45. Quanto à ligação do enrolamento auxiliar, que variantes construtivas de motores de


indução monofásicos existem? Incluir esquemas de ligações para cada motor.

T46. Como explica que os motores de indução monofásicos não desenvolvam,


naturalmente, binário de arranque?
Indique (não necessita descrever) as soluções tecnológicas que conhece para
ultrapassar tal limitação

Artur Fernandes Costa Página 18


T47. Quais os critérios ideais a que deve obedecer o cálculo do condensador de um motor
de indução monofásico de condensador de arranque, por forma a garantir-se um
binário de arranque máximo.

T48. Comparar os motores de indução monofásicos de condensador de arranque e de


condensador permanente, nomeadamente sob os aspectos preço relativo, factor de
potência nominal, binário de arranque e capacidade de sobrecarga mecânica.

T49. Considerar o funcionamento em vazio de um motor de indução trifásico e um motor


de indução monofásico e comparar (em termos relativos) as perdas magnéticas no
rotor. Justificar.
T50. Que particularidades construtivas possui o motor (de indução monofásico) de pólos
sombreados? Que solução tecnológica é empregue e como se explica a capacidade
de arranque destes motores?

Artur Fernandes Costa Página 19


Parte 2

= RESOLUÇÕES =

R1.a) Atendendo a que em motores de indução trifásicos a velocidade de rotação


nominal não será muito menor do que a respectiva velocidade de sincronismo
(pois os deslizamentos de funcionamento nominais são baixos, para que não
se penalize o rendimento dos motores e para que os mesmos não
apresentem grandes variações de velocidade com a carga) e sabendo que
com uma alimentação a 50 Hz, de acordo com a relação geral de máquinas
de corrente alternada:
f
n s = 60 ⋅ r/ min
p
as velocidades de sincronismo (ns) possíveis são:

3000 r/min (2 pólos)


1500 r/min (4 pólos)
1000 r/min (6 pólos)
750 r/min (8 pólos)
....... .......

conclui-se que o motor será bipolar (2 pólos ⇒ 1 par de pólos ⇒ p=1) e que
a velocidade de sincronismo será ns=3000 r/min.

Consequentemente, e adoptando o índice n para referir valores nominais, o


deslizamento nominal virá:
n s - n n = 3000 - 2913 = 0,029
sn =
ns 3000
ou 2,9%, como é frequente escrever-se. A frequência das correntes rotóricas
será:
f r..n = s n ⋅ f n = 0,29 × 50 = 1,45 Hz
Repare-se nos valores razoavelmente baixos do deslizamento e da
frequência das correntes rotóricas.

A determinação do factor de potência necessita do prévio conhecimento da


potência absorvida (Pab) pelo motor. Para o regime nominal, vem
sucessivamente:
Pn 12000 = 12917 W
Pab.n = =
η n 0,929
Pab.n = 12917
cos ϕ n = = 0,88(i)
3 U n In 3x380x22,3
Repare-se que num motor de indução trifásico o factor de potência é sempre
indutivo, uma vez que a máquina dispõe de uma alimentação única e
necessita de absorver energia reactiva para manter o seu próprio campo
magnético.

Artur Fernandes Costa Página 20


O binário útil (T) relaciona-se com a potência útil produzida pela máquina (Pu)
e com a velocidade de rotação mecânica (Ω), vindo para regime nominal:
Pn = Pn 12000
Tn = = = 39,3 Nm
Ωn 2π n n /60 2π ⋅ 2913/60
Para a determinação das perdas de Joule (no estator e no rotor), magnéticas
e mecânicas, utilizar-se-á o circuito equivalente do motor, por fase, referido ao
estator, para o qual são indicados no enunciado os valores dos parâmetros.
Trata-se do circuito equivalente dito exacto ou em T, o qual se encontra
representado na Fig.3.

I1 R1 jX1 I2 R2 jX2
Io
U1s R2(1-s)/s
Ro jXm

Fig.3 Circuito equivalente exacto por fase, referido ao estator.

Comece-se por calcular as correntes eléctricas nesse circuito:


U1n j0° 380
U1 = e = V
3 3

I1 = I1n e jϕ n = 22,3 e- j28,36° A

U AB = U1 - Z1 I1 = 219,39 - 29,82 e j52,60°


= 202,67 e- j6,71° V

U AB 202,67 e- j6,71°
I2 = =
Z2 (s) 0,28 + j1,32
0,029
= 20,80 e- j14,49°

= 20,14 - j5,20 A
U AB 202,67 e- j6,71°
I0 = =
Z0 1510 || j38
= 5,34 e- j95,27
= - 0,49 - j5,31 A (ou I0 = I1 - I2)

Artur Fernandes Costa Página 21


Atendendo aos significados de cada uma das resistências que figuram no
circuito equivalente exacto do motor:

R1:Resistência por fase do estator.


R2:Resistência por fase do rotor, referida ao estator.
R0:Resistência (fictícia) por fase, representativa das perdas
magnéticas do motor.

será possível obter imediatamente as perdas por efeito de Joule no estator


(Pp.J1=3R1I12) e no rotor (Pp.J2=3R2I22) bem como as perdas magnéticas, ou no
ferro (Pp.Fe=3R0Ia2).

Continuando a adoptar o índice n para designar grandezas nominais, vem:


2
2 U AB
Pp.Fe.n = 3 R 0 Ia = 3 = 81,6 W
R0

2
Pp.J1.n = 3 R1 I1n = 313,3 W

2
Pp.J2.n = 3 R 2 I2n = 363,2 W
A potência de perdas mecânicas (Pp.mec) constitui-se como a diferença entre a
potência mecânica desenvolvida pelo motor (Pmec) e a respectiva potência útil,
num mesmo regime. Mas porque Pmec é a potência que se associa à
resistência R2(1-s)/s do circuito equivalente do motor:
1 - sn ⎛ 1- s ⎞
I2n = ⎜ = Pp. J 2 ⎟
2
Pmec.n = 3 R 2
sn ⎝ s ⎠
no caso presente virá:
1 - sn 2
Pmec.n = 3 R 2 I2n = 12161,9 W
sn

P p.mec = Pmec.n - P n = 161,9 W


Note-se que, uma vez que são conhecidas as perdas totais do motor em
regime nominal:
Pp.totais = Pabs.n - Pn = 917 W
e porque, além das perdas mecânicas, só existem perdas no ferro e perdas
de Joule, aquelas poderiam também ser determinadas do seguinte modo:
Pp.mec = Pp.totais.n - (P p.J1.n + P p.J2.n + Pp.Fe.n )

= 917 - 758 = 159 W


A pequena discrepância entre os dois valores das perdas mecânicas
calculados por um e outro processos é perfeitamente justificada pela possível
(mas pouco significativa) imprecisão existente nos valores dos parâmetros do
circuito equivalente do motor ou entre estes e os dados ligados ao regime
nominal do mesmo. Note-se que a definição dos valores de grandezas como

Artur Fernandes Costa Página 22


potência nominal, tensão nominal e corrente nominal de uma máquina se faz
essencialmente na fase do seu projecto, enquanto que os parâmetros do seu
modelo (ou circuito equivalente) e o próprio rendimento nominal são
determinados através de ensaios laboratoriais.

Como nota final desta alínea, registe-se também que a temperatura de


funcionamento interna de uma máquina influencia os valores das grandezas
que se associam ao seu funcionamento, uma vez que com essa temperatura
variam as resistências dos enrolamentos da máquina. É por isso que se
convenciona que os valores nominais de tais grandezas devem ser sempre
garantidas para uma dada temperatura de referência, a qual é definida para
cada Classe de Isolamento, como se pode observar na Tabela I,
conjuntamente com as temperaturas permanentes máximas admissíveis
respectivas.

TABELA I
Temperaturas máximas admissíveis (TL) e Temperaturas de referência (Tref)
Cl. A E B F H
Isolamento
TL (°C) 105 120 130 155 180
Tref (°C) 75 115

Nota:Para cálculo do valor de uma resistência R a uma temperatura


T2 sendo conhecido o seu valor a uma outra temperatura T1 usa-se a
fórmula:
k +T 2
R( T 2 ) = • R( T 1 )
k +T 1
onde k=235 para o cobre (Cu) e k=225 para o alumínio (Al).

No caso do nosso motor e do seu circuito equivalente, conclui-se que os


parâmetros afectados pela temperatura são R1 e R2, devendo ser corrigidos,
quando necessário. Pelo contrário, todos os outros são invariáveis por se
associarem a fenómenos físicos sobre os quais, pelo menos dentro da gama
habitual de temperaturas de funcionamento de máquinas eléctricas, o efeito
térmico não se faz sentir ou é desprezável (destaque-se o caso de R0, que
não se alterará com a temperatura de funcionamento, pois esse parâmetro
está associado às perdas no ferro do motor). Repare-se finalmente que as
grandezas calculadas nesta alínea supuseram uma temperatura média
interna do motor de 115°C, que é a temperatura de referência para a Classe
de Isolamento a que o mesmo pertence (F), como se pode ver pela Tabela 1.

b) Na presente alínea supor-se-á que a característica mecânica de binário do


motor é linear na zona normal de funcionamento (hipótese bastante realista
para a maioria dos motores de indução trifásicos) e supor-se-á que o binário
de perdas mecânicas é constante e igual ao respectivo valor em regime

Artur Fernandes Costa Página 23


nominal. Esta última condição de estudo será de aceitar por se saber que um
motor de indução trifásico apresenta uma velocidade de rotação pouco
variável com a carga (máquina com uma característica mecânica tipo "shunt")
e que, por isso, a solução do problema corresponderá a uma velocidade de
rotação que não será significativamente distinta da respectiva velocidade
nominal. Como tal, as perdas mecânicas não terão, de facto, um valor muito
diferente daquele que apresentam em regime nominal, o mesmo acontecendo
com o binário de perdas mecânicas.

Comece-se por calcular o binário electromagnético nominal do motor:


Pmec.n = 12161,9 = 39,9 Nm
Tel.n =
2π n n /60 2π • 2913/60
para descrever analiticamente a característica de binário electromagnético
(Tel(n)) do motor. Tal como se representa na Fig.4 esta característica será
também rectilínea e passa nos pontos,

(ns; 0) = (3000 r/min; 0 Nm)


(nn; Tel.n) = (2913 r/min; 39,9 Nm)

T (Nm)
Tel(n)
TM(n)

Tel.n Ponto de Funcionamento


Tp.mec
Tn

ns
nn n0
T (Nm)
Fig.4 Linearização da característica mecânica de binário
(aqui, incluindo o efeito das perdas mecânicas).

Daquela figura e considerando os dados do problema, vem:


Tel.n • (n - )
Tel = ns
n n - ns

Tel = -0,459n + 1375,9 (Nm; r/ min )

Artur Fernandes Costa Página 24


Uma vez que se supõe constante o binário de perdas mecânicas, que vale:
Pp.mec.n 161,9
T p.mec = T p.mec.n = = = 0,5 Nm
2π n n /60 2π • 2913/60
e porque
T M = Tel - T p.mec
onde se utilizou o índice M para distinguir o motor e a carga, virá:
T M = -0,459n + 1375,4 (Nm; r/ min )
Finalmente, como em regime permanente é sempre:
T M = TC
igualando os segundos membros das características mecânicas do motor e
da carga (isto é, determinando o ponto de intersecção entre essas duas
características: ponto de funcionamento do sistema motor-carga) obtém-se a
velocidade de rotação pretendida, que valerá n=2957 r/min, e o binário motor,
que é de TM=18,2 Nm.

Finalmente, a fracção de carga (f.c), sendo igual à razão entre a potência útil
desenvolvida pelo motor no regime considerado e a sua potência nominal,
valerá:
• 2πn/60
f.c. = Pu = T M = 0,47
Pn Pn
ou seja, 47%, como é frequente expressar-se.

Para terminar, chama-se a atenção para o facto de as hipóteses


simplificativas aqui utilizadas, nomeadamente a assunção da linearidade da
característica de binário electromagnético do motor, conduzirem a uma forma
expedita e analiticamente simples para encontrar o ponto de funcionamento
do sistema motor-carga. No entanto poderia ter-se seguido uma alternativa
algo mais aperfeiçoada, mas também mais exigente sob o ponto de vista
analítico, que consistiria em, em vez da linearização utilizada, recorrer à
expressão analítica da característica de binário electromagnético que pode
derivar-se directamente a partir do circuito equivalente do motor. Seguir-se-ia
um tratamento análogo ao que aqui se usou, considerando ou não constante
o binário de perdas mecânicas.

R2.a) Com excepção para a velocidade do campo girante rotórico, a resposta às


questões colocadas encontra-se justificada na resolução da alínea a) do
problema anterior. Por isso, indicam-se unicamente as respectivas soluções:
p=2
n s = 1500 r/ min
sn = 2,27%
f r.n = 1,13 Hz

Artur Fernandes Costa Página 25


Repare-se mais uma vez nos valores extremamente baixos do deslizamento e
da frequência das correntes rotóricas.

Relativamente à velocidade do campo girante rotórico, comece-se por


determinar o seu valor ns.r relativamente ao próprio rotor (referencial móvel).
Como o rotor de um motor de indução trifásico integra um circuito eléctrico
polifásico simétrico (concretizado sob a forma de bobinas, no caso de rotores
bobinados, ou sob a forma de barras condutoras curto-circuitadas através de
aneis próprios, nos rotores em gaiola de esquilo) que cria sempre um número
de pólos magnéticos igual ao do estator (pr=p) e como é conhecida a
frequência das correntes que nele circulam, pela definição geral de velocidade
de sincronismo (velocidade de rotação dos fasores da f.m.m., do fluxo
magnético ou da indução magnética, etc. criado por um sistema polifásico e
equilibrado de correntes num conjunto polifásico e simétrico de
enrolamentos), conclui-se que:
f r.n x60 = f r.n x60 = 34 r/ min
n s.r.n =
pr p
Repare-se que este campo girante se desloca no mesmo sentido do
movimento do rotor do motor, o qual se desloca, por sua vez, a
nn=1466r/min. Por isso, quando visto do estator (referencial fixo), tal campo
apresentará uma velocidade de rotação que será a soma da sua velocidade
de rotação relativamente ao rotor com a velocidade de rotação do próprio
rotor:
n s.r.n + n n = 1466 + 34 = 1500 r/ min = n s
Conclui-se assim que o campo girante rotórico roda à mesma velocidade que
o campo girante estatórico, ou seja, os campos rodam em sincronismo.

λ F0
F2
ns
F1

ns
ns

n
Rotor

Estator

Fig.5 Forças magnetomotrizes e sua composição num motor de indução trifásico.

Artur Fernandes Costa Página 26


Apesar disso, os campos não se apresentam alinhados um pelo outro,
deslocando-se o campo girante estatórico do motor sempre avançado de
determinado ângulo relativamente ao campo girante rotórico (denominado
ângulo de binário - λ), como se indica na Fig.5 através das correspondentes
f.m.m.s F1 e F2. É este facto, de importância capital, que justifica o
desenvolvimento de binário por parte do motor e fundamenta o seu próprio
princípio de funcionamento: de uma forma simplista pode dizer-se que o
campo magnético girante rotórico é "arrastado" permanentemente pelo
campo magnético estatórico, cuja velocidade é fixa (esta a origem do binário
desenvolvido pela máquina, que equilibrará o binário resistente que lhe é
imposto e que manterá o rotor em movimento). O binário assim produzido é
função da amplitude de cada um dos campos magnéticos, os quais
dependem das respectivas f.m.m.s que estão na sua origem, e do seno do
ângulo que fazem entre si. Por isso uma expressão que pode ser utilizada na
sua determinação é:
T el = k T F 1 F 2 senλ
onde kT é a constante de binário da máquina.

Realizando-se a composição fasorial dos dois campos magnéticos estatórico


e rotórico, define-se o campo magnético resultante do motor de indução
trifásico, a que se associa uma f.m.m. resultante F0 que também se assinala
na mesma Fig.5.

Note-se que estas conclusões não se restringem ao regime de funcionamento


analisado, sendo válidas para qualquer velocidade de rotação da máquina,
estabilizada e diferente da sua velocidade de sincronismo, e para condições
de alimentação fixas. Particularmente, poderá o ângulo de carga ser negativo
(existindo avanço do campo girante rotórico relativamente ao campo girante
estatórico) correspondendo tal situação ao funcionamento da máquina de
indução como gerador ─ gerador de indução ou assíncrono. Naturalmente
que, neste caso, será também negativo o binário produzido pela máquina (é
de sentido contrário ao movimento) o que significa que, para a mesma rodar e
para o seu funcionamento como gerador se tornar possível, terá que ser
accionada por meios externos.

Diz-se assim que a máquina de indução desenvolve binário a todas as


velocidades, excepto à velocidade de sincronismo. Com efeito, a esta
velocidade não são induzidas f.e.m.s no rotor, por ser invariável o fluxo visto
por cada um dos seus condutores, e, em consequência, serão nulas as
correntes no mesmo. Por isso, anula-se a f.m.m. rotórica e o campo girante
rotórico, e será também nulo o binário produzido pela máquina.

b) A resposta para esta questão encontra-se representada na Fig.6 da página


seguinte.
c) Arranque:
n=0
s =1
Ta = T(s = 1) = 33,6 Nm

Artur Fernandes Costa Página 27


Binário máximo: Haverá que determinar o máximo da função T(s), o que se
consegue através do cálculo da sua primeira derivada:
δT
=0
δs
⇔ 7682,14 s2 - 163,35 = 0
⇔ sTmax = 0,146 (14,6%)
Repare-se que se tomou a solução (positiva) da equação de 2º grau pois é a
que corresponde ao funcionamento da máquina como motor.

As coordenadas (velocidade e binário) do ponto de binário máximo serão:


n Tmax = (1 - sTmax ) n s = 1281 r/ min
T max = T(s = 0,146) = 112,4Nm

120

Binário máximo
100

80

60
Arranque
40

20
Regime nominal

0
0 150 300 450 600 750 900 1050 1200 1350 1500
n (r/ min)

Fig.6 Resposta da alínea b).

Regime nominal:
n n = 1466 r/ min

Pn
Tn = = 35,8 Nm
2π n n /60
Repare-se que o binário nominal deverá ser calculado directamente a partir da
potência nominal do motor.

d) A capacidade de sobrecarga mecânica (nominal) de um motor de indução


trifásico (kC) define-se como o quociente entre o binário útil máximo que a
máquina é capaz de desenvolver (aqui estimado com base na descrição
analítica da característica de binário do motor, mas também passível de
obtenção experimental) e o seu binário nominal, para condições de

Artur Fernandes Costa Página 28


alimentação nominais. Costuma expressar-se o seu valor em percentagem.
Com base nesta definição, resulta:
T max x100% = 314%
kC =
Tn
e) A questão que se coloca é a de analisar um regime dinâmico. Nesta situação,
o sistema mecânico composto pelo motor e por uma carga, acoplados
rigidamente, pode ser descrito pela equação diferencial de 1ª.ordem
dΩ
T M - TC = J t
dt
se se desprezarem os efeitos da torção elástica do veio. Repare-se que, com
velocidade estabilizada, esta equação reduz-se à igualdade entre os binários
motor e resistente, válida para regime permanente, como já se disse na
alínea b) do problema anterior. Na equação escrita, o primeiro membro é um
binário acelerador (ou desacelerador) igual à diferença entre o binário
desenvolvido pelo motor (TM) e o binário resistente imposto pela carga (TC), e
o segundo membro é um binário de inércia, onde Jt representa o momento de
inércia referido ao veio do motor de todas as massas em movimento
(motor+acoplamento+carga), Ω = 2πn/60 é a velocidade de rotação mecânica
do sistema (em rad/s) e t é a variável tempo.

Aquela mesma expressão pode ainda escrever-se em função do


deslizamento s do motor se se efectuar a mudança de variável:
Ω = 2π (1 - s) n s /60

dΩ 2π n s ds
=- ⋅
dt 60 dt
Virá:
2π n s J t ds
T M - TC = - ⋅
60 dt
Integrando esta equação de variáveis separáveis, obtém-se sucessivamente,
2π n s J t
dt = - ⋅ds
60(T M - TC)

2π n s J t s1 ds
∆t = t1 - t 0 = - ⋅∫
60 ( - )
s0 T M TC

onde se considerou que o momento de inércia do sistema é constante, pois,


caso contrário, deveria figurar dentro do sinal de integral.

Para determinar o tempo de arranque pretendido, ou a duração de um


qualquer transitório mecânico, poder-se-á recorrer a esta última expressão,
bastando caracterizar as diversas constantes e variáveis nela intervenientes.
No nosso problema, atendendo a que a carga é nula e a que o limite de
estabilidade (estática) é definido na característica mecânica do motor pelo
ponto de binário máximo, conhece-se

Artur Fernandes Costa Página 29


TR = 0
n s = 1500r/ min
2
J t = 0,018 kg. m
s0 = 1 (t = 0 ⇒ n = 0)
s1 = 0,146 (s = sTmax )
além da expressão analítica do binário motor fornecida no enunciado do
problema.

Substituindo tudo na equação anterior e recorrendo então à fórmula de


integração
2
Ax + Bx + C A 2 B C
∫ dx = x + x + log(x) + K
Dx 2D D D
obtém-se o período de tempo necessário para o motor, partindo do repouso,
atingir a zona estável da sua característica mecânica: 44 ms. O seu reduzido
valor é bem demonstrativo dos elevadíssimos gradientes de velocidade
experimentados por um motor de indução trifásico num arranque directo, em
vazio.

R3. O esquema equivalente simplificado, por fase e referido ao estator, de um


motor de indução trifásico encontra-se representado na Fig.7a). Formalmente,
distingue-se do circuito dito exacto (utilizado no exercício anterior e
representado na Fig.3), pelo posicionamento do ramo correspondente à
impedância em vazio, que é colocado, agora, imediatamente derivado aos
terminais da alimentação, e, também, por as reactâncias parciais de fugas,
por fase, do estator e do rotor referida ao estator não se encontrarem
separadas. Enquanto a primeira modificação visa uma análise mais expedita
do funcionamento do motor, e é validada pelo facto de o campo magnético
resultante do motor se manter aproximadamente inalterado enquanto a
tensão e a frequência de alimentação ou, mais rigorosamente, o quociente
U/f, se mantiverem constantes ─ hipótese de fluxo constante também utilizada
na modelização de transformadores, e que, frequentemente, é estendida
mesmo ao caso de a tensão de alimentação variar ─, a segunda, embora
conduzindo também a uma simplificação do processo de análise do
funcionamento do motor, é ditada essencialmente pela dificuldade em se
determinarem separadamente os valores das reactâncias de fugas do estator
e do rotor do motor.

Será deste circuito, ou modelo, equivalente por fase de que se vai começar
por determinar os parâmetros. Posteriormente, o mesmo será utilizado na
caracterização do funcionamento do motor.

a) Resistência por fase estatórica (R1):


A partir da resistência medida entre terminais do motor (RUV), conclui-se que a
resistência por fase estatórica valerá:
R UV = 0,065 Ω
R1 =
2

Artur Fernandes Costa Página 30


Repare-se que a expressão utilizada permite o cálculo de R1
independentemente da forma de ligação dos enrolamentos do motor e que o
valor calculado refere-se a uma temperatura de 20°C. Oportunamente, esse
valor será calculado para a temperatura de referência correspondente à
classe de isolamento da máquina.

I1 I2 R1+R2 jX

I0

U1s R2(1-s)/s
R0 jXm

(a)

I10 I2=0 I1c I2c R1+R2 jX

I0 I0c
U10s U1cs
R0 jXm R0 jXm

(b) (c)

Fig.7 Circuito equivalente aproximado por fase, referido ao estator


(a) completo; (b) ensaio em vazio; (c) ensaio com rotor bloqueado.

Impedância em vazio por fase (Z0):


Esta impedância é constituída pela associação em paralelo de R0 (resistência
por fase associada às perdas no ferro do motor) e de Xm (reactância de
magnetização, por fase), ambos determináveis a partir dos resultados do
ensaio em vazio do motor (U10, tensão de alimentação, I10, corrente absorvida
e P10, potência activa absorvida) e, uma vez que são conhecidas
separadamente, das perdas mecânicas do motor (Pp.mec).

Admitindo que a velocidade em vazio é praticamente a de sincronismo do


motor e que, por isso, no esquema equivalente do motor I2 é desprezável, isto
é, que o mesmo se pode reduzir à forma apresentada na Fig.7b), virá
sucessivamente:
cos ϕ10 = P10 = 0,168 (i) → ϕ10 = - 80,32°
3 U10 I10
U10 / 3
Xm = = 9,01 Ω
I10 sen ϕ10
[ U10 / 3 ]2 2
U10
R0 = = = 72,53 Ω
(P10 - Pp.mec)/3 P10 - Pp.mec
Z0 = R 0 _ jX m = 8,84 e
j82,92°

Artur Fernandes Costa Página 31


Repare-se que R0 não inclui as perdas mecânicas do motor. E chama-se a
atenção para tal facto, aparentemente inconsistente com o significado que se
atribui àquela resistência fictícia, porque muitas vezes é o contrário que se
verifica: não sendo conhecidas as perdas mecânicas de um motor, nem
havendo processo de as determinar, torna-se impossível separar as perdas
no ferro das restantes num ensaio em vazio e, por isso, R0 englobará, além
daquelas a que o seu nome está associado, também as perdas mecânicas do
motor.

Mas, mesmo que as perdas mecânicas de um motor se possam conhecer em


separado, pode preferir-se englobar sempre em R0 a totalidade da potência
absorvida em vazio (perdas mecânicas incluídas). Esta é uma abordagem
equivalente à que foi seguida na resolução da presente alínea, em termos da
precisão dos resultados que proporciona na análise de funcionamento de um
motor. Por isso, e por ser mais simples de aplicar, é também a preferida de
muitos autores. Note-se no entanto que, quando se procede assim, deve ter-
se em atenção que a potência útil fornecida pelo motor de indução trifásico
iguala a potência mecânica desenvolvida que se determina, directamente, a
partir do seu circuito equivalente (se não se tivesse este cuidado, as perdas
mecânicas seriam contabilizadas duas vezes: uma em R0 e outra no cálculo
da potência útil).

Note-se também que os valores dos parâmetros agora calculados não


dependem da temperatura de funcionamento da máquina.

Resistência rotórica (R2) e reactância combinada de fugas (X=X1+X2), por


fase, referidas ao estator:
A reactância combinada de fugas e a resistência rotórica (R2), ambas
referidas ao estator e por fase, são calculadas a partir dos resultados do
ensaio do motor com rotor bloqueado e em curto-circuito (U1c, tensão de
alimentação, I1c, corrente absorvida e P1c, potência activa absorvida) e dos
parâmetros já calculados. Reparando que, com o rotor bloqueado, s=1, e que
nesta situação o circuito equivalente do motor toma a forma da Fig.7c), vem
sucessivamente:
U1c = U1ce j0°
I1c = 150 e- j67,85° A
U1c / 3
I0c = = 4,08 e- j82,92° A
Z0
I2c = I1c - I0c = 146,06 e- j67,43° A
U1c / 3
(R1 + R 2) + jX = = 96 + j231 mΩ
I2c
R 2 = 96 - 65 = 31 mΩ
X = X1 + X 2 = 231 mΩ

Os valores das resistências R1 e R2, sendo dependentes da temperatura e

Artur Fernandes Costa Página 32


uma vez que é conhecida a classe de isolamento a que o motor pertence
(classe F), devem ser corrigidos para a temperatura de referência de 115 °C.
Recorrendo à fórmula que sucede à Tabela I do exercício anterior e admitindo
que ambos os enrolamentos do motor são em cobre (faria sentido considerar
o enrolamento rotórico em alumínio sobretudo se se tratasse de uma máquina
de rotor em gaiola de esquilo), virá:
235 + 115
R1 = × 65 = 87 mΩ
235 + 20
235 + 115
R2 = × 31 = 41 mΩ
235 + 20
Como nota final deste estudo, registe-se que, no tratamento dos resultados do
ensaio com rotor bloqueado e em curto-circuito, é possível desprezar a
componente da corrente absorvida I0c. No entanto, ao contrário do que
geralmente acontece em transformadores, onde a tensão de curto-circuito
nominal é, muitas vezes, inferior a 10%, a tensão de alimentação de um
motor de indução trifásico, num ensaio com rotor bloqueado e em curto-
circuito, é sempre razoavelmente elevada (15-25%). Por isso, também ao
invés do que é habitual no estudo de transformadores, tal simplificação é aqui
desaconselhada por poder introduzir erros apreciáveis nos parâmetros do
modelo do motor.

Razão de números efectivos de espiras (a):


Num motor de rotor bobinado pode realizar-se um ensaio com o rotor
bloqueado e em circuito aberto, com o objectivo de medir a razão entre os
números efectivos de espiras do estator e do rotor. Esse parâmetro, que não
é passível de medida tratando-se de máquinas com rotor em gaiola de
esquilo, por razões óbvias, tem utilidade na referência de grandezas entre
enrolamentos, tal como se faz em transformadores. O seu valor, e
independentemente da forma como se encontram ligados realmente os
enrolamentos estatóricos ou rotóricos (em estrela ou em triângulo), é igual ao
quociente entre os valores compostos da tensão aplicada ao estator e da
tensão recolhida entre terminais rotóricos.

No caso presente o seu valor será:


U 400
a= 1=
U 2 290

Fica assim completada a determinação dos valores de todos os parâmetros


do circuito equivalente do motor:
R 0 = 72,5 Ω X m = 9,0 Ω
R1 = 87 mΩ R 2 = 41 mΩ X = X1 + X 2 = 231 mΩ
P p.mec = 820 W a = 400/290

b) Do estudo da característica mecânica de binário electromagnético (função do

Artur Fernandes Costa Página 33


deslizamento) resulta para o ponto de máximo situado na parte da curva
pertencente à zona de funcionamento como motor (0≤s≤1):
2
p ( U1 / 3 )
Tel. max = 3 ⋅
[
w1 2 R12 + X 2 + R1 ]
= 1526 Nm

R2
sTmax = 2 2
= 0,166
R1 + X
Uma vez que o motor possui 4 pólos (ns=1500 r/min), a velocidade a que
ocorrerá o binário máximo será:
n Tmax = (1 - s Tmax ) ⋅ n s = 1250 r/ min
O binário de perdas mecânicas do motor valendo
Pp.mec
T p.mec = = 6,3 Nm
2π n Tmax /60
implica que o binário máximo (útil) desenvolvido pelo motor será:
T max = Tel.max - T p.mec = 1663,7 Nm
Repare-se que este valor foi calculado com parâmetros a 115 °C.

c) Recorrendo a expressões deduzidas a partir do modelo do motor que se tem


vindo a utilizar, virá:
U1 / 3
I2a = = 874,5 A
( R1 + R 2 ) 2 + X 2

p 2
Tel.ad = 3 R 2 I2a = 598,8 Nm
w1

Iad = I0 + I2a _ I2a → Iad = 874,5 A

Tad = Tel.ad - T p.mec _ Tel.ad = 598,8 Nm


Desprezaram-se, por ser muito pequenas, a contribuição positiva da corrente
em vazio (I0) do motor para a corrente de arranque (Iad) e a contribuição
negativa do binário de perdas mecânicas para o binário de arranque directo
(Tad).

Repare-se que os valores que foram calculados correspondem a uma


temperatura de funcionamento do motor de 115 °C, isto é, com o motor a
quente. Apesar disso, e pelo menos em grande número de situações, o
arranque do motor far-se-á a frio, isto é, à temperatura ambiente. Assim, terá
interesse calcular também o binário de arranque directo e a corrente de
arranque, por exemplo, a 20 °C. Obter-se-ia:

Artur Fernandes Costa Página 34


I1a = I0 + I2a _ I1a → I1a = 923,2 A

Tad = Tel.ad - T p.mec _ Tel.ad = 504,6 Nm


Repare-se na grande influência que a temperatura pode exercer sobre as
características de arranque do motor, sendo o seu abaixamento penalizador,
quer em termos de binário, quer em termos de corrente. Essa influência, que
resulta de as resistências estatórica e rotórica do motor se alterarem com a
temperatura, como insistentemente se tem referido, não é, no entanto, a única
merecedora de menção: também o efeito pelicular rotórico, resultante do valor
elevado da frequência rotórica no instante do arranque (fr=f1), e a própria
saturação do circuito magnético, condicionando o valor da resistência rotórica
R2 e o valor da reactância de fugas rotórica X2, fazem com que o binário e a
corrente, agora calculados, estejam afectados de um erro que pode ser
significativo. E, por isso, é natural que também estes últimos fenómenos
devam ser considerados aquando de uma determinação rigorosa do binário e
da corrente de arranque de um motor de indução trifásico. Essa refinação de
valores envolve, no entanto, matérias não abordadas e às quais não se fará
menção. O único comentário possível refere-se à conclusão de que os
valores calculados com a metodologia seguida, sobretudo quando aplicada a
motores com rotor em gaiola de esquilo, vêm por excesso, no que toca à
corrente de arranque do motor, e por defeito, no que respeita ao binário de
arranque.

d) Também nesta alínea se desprezará a contribuição da corrente I0, pelo que


Iad=I2a=200 A. Simbolizando por R'ar o valor por fase, referido ao estator, da
resistência do reóstato de arranque e considerando que o arranque será
efectuado a frio (20°C), virá:
U1 / 3
I2a = 2
= 200 A
(R1 + R 2 + R ’ar ) + X 2

⇒ R ’ar = 1,035 Ω
Uma vez que é conhecida a razão entre os números efectivos de espiras por
fase do estator e do rotor (a=400/290), vem para o valor da resistência a
colocar em série com cada fase rotórica (reóstato de arranque):
1
R ar = 2 ⋅ R ’ar = 0,544 Ω
a
Quanto ao binário de arranque resultante, continuando a desprezar a
contribuição do binário de perdas mecânicas, virá:
p 2
Ta _ Tel.a = 3 (R 2 + R ’ar ) I2a = 814,4 Nm
w1
Repare-se que o aumento da resistência do circuito rotórico com recurso a um
reóstato rotórico, apesar da penalização energética que implica, é vantajoso,
quer do ponto de vista de corrente de arranque, que é diminuída, quer do
binário, que vem aumentado. Infelizmente, o método só é praticável em
motores com rotor do tipo bobinado, porque exige a acessibilidade ao circuito
eléctrico rotórico. Por isso, e também por serem mais caros e menos robustos

Artur Fernandes Costa Página 35


que os seus semelhantes de rotor em gaiola de esquilo, estes motores estão
reservados essencialmente para aplicações onde se pretendam fortes
binários de arranque, à custa de correntes de arranque limitadas.

Um último comentário respeita à corrente I0: sendo a corrente absorvida pelo


motor no arranque agora significativamente mais baixa do que o era na alínea
anterior, será maior o erro introduzido na resolução da presente alínea por se
ter continuado a desprezar I0. A sua consideração, nesta ou na alínea
anterior, não levantando dificuldades adicionais, deixa-se ao cuidado do leitor.

e) Trata-se de uma situação típica de caracterização do funcionamento


de um motor, conhecida que é a sua condição de carga. O processo de
resolução inicia-se com a determinação da potência mecânica desenvolvida
pelo motor (Pmec) e continua com a definição do deslizamento (s) (ou da
velocidade de rotação) que será imposto ao motor. Posteriormente, mediante
a determinação da impedância equivalente do motor (ZM) correspondente a
esse deslizamento, determinar-se-á a corrente absorvida e o respectivo factor
de potência. Virá sucessivamente:
Pu = PC = 55 kW ⇒ Pmec = Pu + Pp.mec = 55820 W

Mas como:
1- s ( U1 / 3 )2
Pmec = 3 R 2 ⋅⋅ 2
s ⎛ R 2⎞
⎜ R1 + ⎟ + X2
⎝ s ⎠
introduzindo nesta equação os valores de todas as grandezas conhecidas e
resolvendo-a em relação a s, obtém-se:
9961,1 s2 - 6161,8s + 93,8 = 0 ⇔ s = 0,0156 ∨ s = 0,603
Como a segunda solução corresponde a uma situação de funcionamento
instável para o motor (corresponde a um ponto de funcionamento sobre a
parte da característica de binário T(s) que se localiza além do ponto de
binário máximo - limite de estabilidade estática do motor de indução trifásico),
além de ser profundamente penalizadora do ponto de vista energético, pois o
rendimento do motor seria francamente baixo, somos conduzidos a aceitar o
deslizamento de 1,56%, valor a que corresponde a velocidade de rotação de
1476,6 r/min.

A impedância equivalente do motor (que é função do deslizamento) valerá:

⎡⎛ R ⎞ ⎤
Z M (s = 0,0156) = (R 0 || jX m ) || ⎢⎜ R 1 + 2 ⎟ + jX ⎥
⎣⎝ s ⎠ ⎦

= 8,93e j 82,92° || 2,73e j 4,86°

= 2,47e j 20,57° Ω

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A corrente absorvida e o respectivo factor de potência serão:
U1 / 3
I1 = = 93,5 A
ZM

cos ϕ = cos(-20,57°) = 0,94 (i)

R4. As estimativas pretendidas serão obtidas considerando desprezável o binário


de perdas mecânicas, supondo constantes os parâmetros do motor e não
contabilizando a corrente em vazio do motor. Nestas hipóteses e adoptando a
nomenclatura habitual, será:
T ≅ Tel

I ≅ I2

2 2
Tad ⎛ I2a ⎞ ⎛I ⎞
≅ ⎜ ⎟ ⋅ sn ≅ ⎜ ad ⎟ ⋅ sn
T n ⎝ I2n ⎠ ⎝ In ⎠
O valor por unidade (p.u.) de uma grandeza (tensão, corrente, potência,
impedância, ...) define-se como a fracção que o valor dessa grandeza
representa, relativamente a um valor particular da mesma grandeza que é
tomado para base. Para ilustrar, considerando para base de correntes a
intensidade de corrente nominal do motor (In), ao dizer-se que uma dada
corrente vale 0,5 p.u. quer-se significar que essa corrente possui uma
intensidade que é metade de In.

Como no exemplo, no nosso problema seguir-se-á o procedimento habitual,


que consiste na escolha das grandezas nominais do motor para valores de
base.

Rede
380V – 50Hz

Irede Ia
M
3~

Fig.8 Esquema de ligação para arranque directo.

a) Num arranque directo (Fig.8), o motor é alimentado directamente com a


tensão nominal, de frequência nominal, utilizando-se a ligação normal para os
seus enrolamentos. A corrente absorvida pelo motor designa-se por corrente
de arranque directo (Iad) e é igual, naturalmente, à corrente solicitada à rede

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de alimentação (Irede):
Iad = 6 p.u.
Irede = Iad
Nas condições anteriormente fixadas, o binário de arranque designa-se
binário de arranque directo do motor (Tad) e o seu valor pode ser estimado
com base no valor do binário nominal do motor (Tn), no quociente entre as
correntes de arranque directo (Iad) e nominal (In) e no deslizamento nominal
(sn):
2
Tad = ⎛ Iad ⎞ ⋅ = 2 × 0,05 = 1,8 →
⎜ ⎟ sn 6 Tad = 1,8 p.u.
T n ⎝ In ⎠

b) No arranque com autotransformador (Fig.9), é intercalado, entre o motor e a


rede, um autotransformador cuja função é baixar a tensão efectivamente
aplicada ao motor, no instante de ligação. Esta tensão é, de seguida,
aumentada gradualmente
Rede
380V – 50Hz

Irede Ia
M
3~
S1 S2

S3
Fig.9 Esquema de ligação para arranque com autotransformador.

durante o período do arranque até ser atingido o respectivo valor nominal,


momento em que o autotransformador é retirado de serviço (fechando S3 e
abrindo S1 e S2 ─ ver Fig.9).

Com este método consegue-se, relativamente à situação de arranque directo,


uma redução da corrente absorvida à rede, na proporção do quadrado da
razão de transformação m do autotransformador:
Iad
Irede = 2
m
A corrente absorvida pelo motor será reduzida somente na proporção de m:
Iad
Ia = m ⋅ Irede =
m
Uma vez que a tensão efectivamente aplicada ao motor é reduzida de m e
porque o binário electromagnético produzido pelo motor é proporcional ao
quadrado da tensão de alimentação do motor, o binário de arranque com
autotransformador será reduzido na proporção de m2:

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Tad
Ta =2
m
Repare-se que neste método de arranque a corrente absorvida à rede e o
binário de arranque são reduzidos da mesma proporção: m2.

No caso presente, interpretando o enunciado como sendo limitada a 2 p.u. a


corrente absorvida à rede (a que interessa considerar de facto), virá:
Irede = 2 p.u.

m= Iad = 3
Irede
Ia = 2 3 p.u.
Ta = 0,6 p.u.
Rede
380V – 50Hz

Irede Z Ia
M
3~

Fig.10 Esquema de ligação para arranque com impedância estatórica

c) No arranque com impedância estatórica (Fig.10), utiliza-se uma impedância


(que poderá ser um simples reóstato, mas que pode também ser do tipo
reactância indutiva) que é ligada em série com o motor e que motiva uma
determinada queda de tensão. O motor será efectivamente alimentado com
uma tensão reduzida:
U = α ⋅ Un
sendo naturalmente α<1. Por isso, neste método e uma vez que a
impedância apresentada pelo motor no arranque é a mesma, a corrente
absorvida à rede e o binário de arranque, quando comparados com os
valores de arranque directo valem, respectivamente:
Irede = Ia = α ⋅ Iad

Ta = α ⋅ Tad
2

Repare-se que, para uma mesma corrente absorvida à rede, este método é
pior que o anterior, do ponto de vista do binário de arranque, porque este vem
mais baixo.

No caso presente:

Artur Fernandes Costa Página 39


Irede = Ia = 2 p.u.
1
α = Irede =
Iad 3
Ta = 0,2 p.u.

Rede
380V – 50Hz

Irede
M
Y/D 3~

Fig.11 Esquema de ligação para arranque estrela/triângulo.

d) O arranque estrela/triângulo (Fig.11 - método de arranque segundo o qual o


motor é alimentado à tensão da rede com os seus enrolamentos estatóricos
inicialmente ligados em estrela, passando-se posteriormente à sua ligação
normal, em triângulo) equivale, em termos das consequências na corrente
absorvida à rede e no binário desenvolvido no arranque, a um arranque com
autotransformador com uma razão de transformação fixa e igual a 3 (a
tensão aplicada a cada enrolamento na ligação em estrela é a tensão
simples). Isto é, num arranque estrela/triângulo, quer a corrente quer o binário
sofrerão uma redução para 1/3 dos respectivos valores de arranque directo:
Iad
Irede = Ia = = 2 p.u.
3

Tad = 0,6 p.u.


Ta =
3
Destaque-se que, embora menos importante, não é igual a redução imposta
às correntes que circulam nos próprios enrolamentos do motor. De facto, num
arranque directo (com os enrolamentos do motor ligados em triângulo) a
corrente em cada enrolamento (If.ad) valerá:
Iad
If.ad =
3
enquanto que, no arranque estrela/triângulo, os enrolamentos estatóricos do
motor são inicialmente ligados em estrela pelo que a corrente na linha e na
fase são iguais (Ia=If.a). Por isso:
If.ad
If.a =
3
Este método, por ser de concretização simples e barato, tem sido, e
provavelmente continuará a ser por mais tempo, dos mais divulgados no
arranque de motores de indução trifásicos (os denominados arrancadores
suaves tenderão a embaratecer e serão seguramente aqueles que se virão a

Artur Fernandes Costa Página 40


aplicar com generalidade no futuro). Exige no entanto que os motores
possuam enrolamentos estatóricos habitualmente ligados em triângulo e que
disponham de todos os seus terminais (num total de seis) disponíveis na
placa de terminais.

R5. Na resolução de todo o problema admitir-se-ão desprezáveis a corrente em


vazio (I0) e a potência de perdas mecânicas (Pp.mec) e considerar-se-ão
constantes todos os parâmetros do circuito equivalente do motor (ignorar-se-
ão os efeitos da temperatura, da frequência rotórica e de variações do campo
magnético da máquina).

a) Sabe-se que a corrente absorvida à rede no arranque não deverá exceder


3In. Seja mesmo, na situação limite,
Irede = 3 In
Sabe-se também que, no ensaio com rotor bloqueado e em curto-circuito,
quando alimentado a 86 V, o motor absorveu In. Supondo constantes os
parâmetros do motor (nomeadamente, considerando iguais as impedâncias
equivalentes do motor no ensaio com rotor bloqueado à tensão reduzida e no
arranque à tensão nominal), pode estimar-se a corrente de arranque directo
do motor (Iad):
U1n U 380
Iad ≅ ⋅ I1c = 1n ⋅ In = ⋅ In
U1c U1c 86
Assim, a razão de transformação (m) aconselhável para o autotransformador
valerá:

m= Iad = 1,21
Irede

b)Recorde-se que, a menos do binário de perdas mecânicas:


p
Tad = 3 ⋅ R 2 I2ad
2

w1

p R2 2
Tn = 3⋅ ⋅ I2n
w1 s n
Se se supuserem iguais os valores de R2 no arranque (frequência rotórica
igual a fn) e em regime nominal (frequência rotórica muito mais baixa), isto é,
ignorando os efeitos do efeito pelicular rotórico, e se se desprezar também a
corrente em vazio nessas mesmas duas situações de funcionamento,
dividindo membro a membro as duas equações anteriormente escritas, vem:
2 2 2
Tad ≅ ⎛ I2ad ⎞ ⋅ ≅ ⎛ Iad ⎞ ⋅ ≅ ⎛ U1n ⎞ ⋅
⎜ ⎟ sn ⎜ ⎟ sn ⎜⎜ ⎟⎟ sn
T n ⎝ I2n ⎠ ⎝ In ⎠ ⎝ U1c ⎠
Como o deslizamento nominal vale:
n s - n n = 0,0327 = 3,27%
sn =
ns

Artur Fernandes Costa Página 41


o binário de arranque directo, expresso em função do binário nominal do
motor, valerá:
Tad = 0,638
Tn
A razão binário de arranque/binário de arranque directo nas condições da
alínea anterior (m=1,21) virá:

Ta = 1 ⋅ Tad = 0,436
2
Tn m Tn
Ou seja, consegue-se um binário de arranque de 43,6% do binário nominal do
motor.

c) De acordo com as características nominais do motor e os cálculos da alínea


anterior, o binário nominal do motor e o binário de arranque directo valem:

Pn
Tn = = 98,7 Nm
2π n n /60

Tad = 0,638 T n = 62,9 Nm


Com base no circuito equivalente simplificado e desprezando o binário de
perdas mecânicas, podem escrever-se também as relações bem conhecidas:

Tad = 3
p
⋅ R2 ⋅
(U / 3 )
1
2

w1 (R1 + R 2 )2 + X2

p R2
Tn = 3 ⋅ ⋅
(
U1 / 3 )2

2
w1 s n ⎛ R 2⎞
⎜⎜ R1 + ⎟⎟ + X 2
⎝ s n ⎠

Se a estas duas equações se juntar a condição


R1 = R 2
que resulta de ser igual a distribuição das perdas por efeito de Joule pelos
enrolamentos estatórico e rotórico, constitui-se um sistema de três equações
(as escritas) a três incógnitas (R1, R2 e X) cuja solução é:
R1 = 0,272 Ω
R 2 = 0,272 Ω
X = 1,918 Ω
A resistência de cada um dos enrolamentos de fase estatóricos, uma vez que
eles se encontram ligados em triângulo e que a resistência por fase R1
corresponde a uma associação equivalente em estrela, valerá Rf = 3R1 =
0,816 Ω. A resistência entre fases será de RUV = 2R1 = 0,544 Ω.

d) O binário de frenagem do sistema motor-carga recebe uma contribuição da


própria carga, pois esta desenvolve um binário resistente, e outra do motor,

Artur Fernandes Costa Página 42


porque, após a troca da sequência de fases da alimentação, o mesmo
passará a produzir um binário que também se opõe ao movimento (para
melhor compreensão, ver a Fig.12). Portanto o binário de frenagem total
valerá:
Tf = TC + T M
Supondo que a troca da sequência de fases se faz rapidamente, por forma a
poderem considerar-se iguais as velocidades de rotação antes e
imediatamente após a sua concretização, o binário resistente desenvolvido
pela carga pode calcular-se, porque será igual, a partir do binário
desenvolvido pelo motor antes da troca. Este é determinável imediatamente:
n = 1460 r/ min

T
Caract. mecânica da máquina de
indução antes da troca de fases TC(n)

TC Ponto de
funcionamento antes
da troca de fases

-ns n ns n
Tf

TM

Caract. mecânica da máquina de


indução depois da troca de fases

Fig.12 Caracterização do funcionamento do sistema motor-carga,


antes e após a troca da sequência de fases.

ns - n
s(antes) = ⋅100% = 2,67%
ns

TC = T M(antes) ≅ Tel = 3 ⋅
R2

p U1 / 3 ( )
2

= 82,8 Nm
2
w1 s ⎛ R2 ⎞
⎜ R1 + ⎟ + X 2
⎝ s ⎠
Com a troca da sequência de fases, o sentido de rotação do campo girante
estatórico inverte-se. Por isso, após essa acção, a velocidade de rotação virá
negativa face à velocidade de sincronismo do motor.

Supondo ainda que a velocidade de rotação da máquina não varia, o


deslizamento e o binário desenvolvido pelo motor (que terá uma natureza
resistente, como antes foi dito ─ ver Fig.12) valerão:

Artur Fernandes Costa Página 43


n = - 1460 r/ min

-n
s = n s x100% = 197,33%
ns

T M ≅ 32,9 N.m
Assim, o binário de frenagem total será:
Tf = 32,9 + 82,8 = 115,7 Nm
A corrente absorvida pela máquina, se se desprezar o efeito da variação da
frequência rotórica (que é agora fr=s⋅f=98,7 Hz) sobre R2 e se considerarem
também constantes todos os restantes parâmetros do motor, virá:
s = 197,33%

U1 / 3
I1 ≅ I2 = 2
= 111,8 A
⎛ R2 ⎞
⎜ R1 + ⎟ + X 2
⎝ s ⎠
Este valor deve ser tomado como indicativo uma vez que a grande variação
experimentada pela frequência rotórica, conduzindo a um forte efeito pelicular
em frenagem, alterará definitivamente o valor de R2.

R6. O sistema electromecânico descrito no problema encontra-se representado


esquematicamente na Fig.13. Adoptar-se-ão os índices M, T e C para referir
grandezas do motor, da transmissão e da carga, respectivamente.

Rede
380V – 50Hz

Ia
M T Carga
3~ mecânica

Fig.13 Sistema electromecânico estudado.

a) Como a carga é accionada a 28800 r/min através de uma transmissão, cuja


relação de transmissão kT é de 1:10 (elevadora), a velocidade de rotação do
motor será:
1
n M = k T ⋅ n C = × 28800 = 2880 r/ min
10

Artur Fernandes Costa Página 44


O deslizamento virá:
-
s = n s n M ×100% = 4%
ns
Para o cálculo da fracção de carga torna-se necessário determinar
previamente a potência útil desenvolvida pelo motor(PM). Esta iguala a
potência que é absorvida pela carga, a menos das perdas que se verificam na
transmissão. Por isso virá, sucessivamente:
n C = 28800 r/ min = 480 r/s

TC = = 10 + 0,039 n C = 28,72 Nm

PC = TC ⋅ 2π n C = 86617 W

PC = 88385 W
PM =
ηT

f.c. = PM ×100% = 73,7%


PM.n

Para determinar o rendimento com que funcionará o motor, haverá que


identificar as perdas de Joule do motor, as únicas que são desconhecidas até
ao momento. E, como elas se repartem igualmente pelo estator e pelo rotor
da máquina, bastará calcular as que ocorrem neste último, por exemplo.

As perdas de Joule rotóricas (Pp.J2), à luz do circuito equivalente simplificado


de um motor de indução trifásico, relacionam-se com a potência mecânica
desenvolvida (Pmec). Esta última, por sua vez, é igual à potência útil (PM)
desenvolvida pelo motor, somada às perdas mecânicas (Pp.mec). Assim, virá:
P mec = P M + Pp.mec = 90185 W

s
Pp.J2 = ⋅ Pmec = 3758 W
1- s
O rendimento do motor virá:
PM ⋅100% = 89,2%
ηM =
Pab.M
onde a potência total absorvida pelo motor vale:
Pab.M = PM + P p
= P M + (Pp.J1 + Pp.J2 + Pp.Fe + P p.mec) = 99051 W

b) A determinação da velocidade a que a carga será accionada, nas condições


de alimentação referidas, passa pela caracterização do ponto de
funcionamento mecânico do sistema motor-transmissão-carga que se

Artur Fernandes Costa Página 45


estabelecerá em regime permanente.

Esse ponto de funcionamento corresponde ao equilíbrio dinâmico do sistema


e é definido pelas duas condições:
n M = n C′ = n

T M (n) = TC′ (n)


onde T'C e n'C são os valores do binário e da velocidade de rotação da carga,
referidos ao veio do motor:
1
TC′ (n) = ⋅ TC (n C) = 102,04 + 3,98n
η T kT
1
n C′ = k T n c = nC
10
Sendo conhecida a característica de binário da carga (TC(nC)) e as
características da transmissão, será necessário identificar a característica
mecânica do motor (TM(n)). E, não sendo possível identificar todos os
parâmetros do circuito equivalente do motor, para descrever esta última
característica recorrer-se-á à característica de binário electromagnético
(Tel(n)) que vai considerar-se rectilínea na zona normal de funcionamento
(esta hipótese já foi discutida e utilizada no âmbito de problemas anteriores).

A característica de binário electromagnético de um motor de indução trifásico


passa sempre no ponto de coordenadas (ns; 0). No caso presente, além
deste, conhece-se ainda um segundo ponto, com o qual se completará a
definição da característica. De facto, na situação da alínea anterior, isto é,
com alimentação à tensão nominal, o motor desenvolvia uma potência
mecânica de 90185 W, à velocidade de 2880 r/min=48 r/s. O binário
electromagnético correspondente vale:
P mec = 299,0 Nm
Tel =
2π n M
Mas, como o binário electromagnético desenvolvido por um motor de indução
trifásico, em condições de frequência de alimentação constante, varia
proporcionalmente com o quadrado da tensão de alimentação, quando essa
tensão é reduzida de 10%, aquele binário, ainda à mesma velocidade de 48
/s, valerá:
Tel = 0, 9 × 299,0 = 242,2 Nm
2

Consequentemente, após a redução da tensão de alimentação, a


característica de binário electromagnético do motor terá a seguinte descrição
analítica:
Tel (n) = - 121,1n + 6054,8
O binário útil virá:
Pp.mec 1800
T M (n) = Tel (n) - = - 121,1n + 6054,8 -
2πn 2πn

Artur Fernandes Costa Página 46


Igualando finalmente as expressões do binário útil motor e do binário imposto
pela carga referido ao veio do motor, resultará após simplificação:
786,6 n 2 - 37402n + 1800 = 0

De onde se conclui que a velocidade de rotação n do motor vale 47,5 r/s (a


outra solução, de 0,05r/s, corresponde a uma situação não estável para o
funcionamento do motor e não será de considerar). A carga rodará a:

n C = 10n = 10 n C′ = 475 r/s = 28500 r/ min

R7. Para resolver este problema, torna-se indispensável caracterizar a carga


através da sua característica mecânica.

Adoptando os índices M e C para referir grandezas do motor e da carga


respectivamente, e se se atender ao enunciado, pode escrever-se:
TC = k ⋅ n
2

n = n M.n = 1440 r/ min ⇒ Tc = T M.n

P M.n
T M.n = = 3315,7 Nm
2π n M.n /60
de onde a constante k valerá:

k = T M.n 2 = 1,6 ⋅ 10-3


(n M.n )
A característica da carga será então:

TC = 1,6 × 10 ⋅ n
-3 2
[Nm; r/ min ]

Acresce que a 1300r/min, o binário a desenvolver pelo motor deverá igualar o


que é imposto pela carga, ou seja:

T M = TC(n = 1300 r/ min ) = 2702,3 Nm

Ir-se-á responder agora às questões colocadas, começando por caracterizar o


funcionamento do motor em cada uma das duas soluções apontadas.

a) Como se ilustra na Fig.14, a variação da velocidade de rotação de um motor


de indução trifásico para uma velocidade n2, por variação da tensão de
alimentação, só é praticável se o valor de n2 estiver compreendido entre a
velocidade nTmax, para a qual o binário produzido pelo motor é máximo (ponto
de funcionamento localizado já na zona estável da característica mecânica do
motor), e a velocidade de sincronismo ns e se o binário motor máximo Tmax na
situação de tensão de alimentação reduzida for, ainda, superior ao binário

Artur Fernandes Costa Página 47


resistente TC devido à carga (isto é, se a capacidade de sobrecarga mecânica
do motor não for excedida):
n Tmax < n1 < n s

TC|n = n1 < T max|U<Un

T
TMax(U=Un) TC(n)

U=Un

TMax(U<Un)
U<Un
PF2 PF1

n2 ns
nTmax n

Fig.14 Variação da velocidade de um motor de indução trifásico


por variação da sua tensão de alimentação.

No caso presente (p=2), atendendo a que a frequência de alimentação é a


nominal (50 Hz), a velocidade de sincronismo valerá:
n s = 1500 r/ min
Com base nos parâmetros do motor conhecidos, o deslizamento e a velocidade
para a qual o binário é máximo serão:
R2
sTmax = 2 2
= 0,196
R1 + X

n Tmax = (1 - s) ⋅ n s = 1206 r/ min


A tensão de alimentação U1 necessária para colocar o motor a rodar à
velocidade de 1300 r/min e a desenvolver o binário de 2702,3 Nm, que lhe é
exigido pela carga, será (não se considerando, como antes, o binário de perdas
mecânicas do motor):

TM = 3
p R
⋅ 2⋅
(
U1 / 3 )2

⇒ U1 = 1917,5 V
2π f 1 s ⎛ R 2⎞
2

⎜ R1 + ⎟ + X 2
⎝ s ⎠
O procedimento em estudo é, portanto, praticável, exigindo a aplicação de uma
tensão de alimentação (valor composto) de 1917,5V.

Artur Fernandes Costa Página 48


A corrente absorvida pelo motor valerá:
U1 / 3
I1 ≅ I2 = 2
= 168 A
⎛ R2 ⎞
⎜ R1 + ⎟ + X2
⎝ s ⎠
O factor de potência será:
⎛ ⎞
⎜ X ⎟
cos ϕ ≅ cos ϕ 2 = cos⎜ - arctg ⎟ = 0,86 (i)
⎜ R 2 ⎟
⎜ R1 + ⎟
⎝ s ⎠
O rendimento do motor, desprezando as perdas magnéticas e mecânicas,
valerá:
⎛P ⎞ TC ⋅ 2π n/60
η M = ⎜⎜ u ⎟⎟ = ×100% = 76,5%
⎝ Pab ⎠M Tc ⋅ 2π n/60 + 3(R1 + R 2) I2
2

Também interessará conhecer o valor do binário máximo desenvolvido pelo


motor nesta situação de alimentação com tensão reduzida, para avaliar a
estabilidade do motor em face de variações bruscas da carga. Valerá:
p

(U / 3 )
2

( )
1
T m′ax = T max ( U1 = 1917,5V) = 3 = 2872,7 Nm
2π f 1 2 R12 + X 2 + R1

T m′ax = 0,866
k c′ = k c ( U1 = 1917,5V) =
T M.n
Repare-se que aquele binário máximo é inferior ao próprio binário nominal do
motor (capacidade de sobrecarga mecânica inferior à unidade), sendo só
ligeiramente superior ao binário resistente imposto pela carga. Nesta
circunstância, qualquer perturbação na carga, que levasse a um aumento do
binário resistente (ou mesmo, qualquer perturbação na tensão de alimentação
do motor, que fizesse baixar um pouco mais o seu valor), poderia conduzir à
insuficiência de binário motor e ao aninhamento do motor, com todas as
consequências que daí poderiam advir, quer para o motor, quer para o próprio
accionamento.

b) Na variação de velocidade de um motor de indução trifásico por ajuste de


frequência, pode ser conveniente ajustar igualmente a tensão de alimentação.
De facto, se se atender a que a tensão de alimentação do motor (U1s - valor
simples) iguala, a menos da queda de tensão na impedância de fugas
estatórica, a f.e.m. por fase estatórica (E1s - valor simples) e que esta é
directamente proporcional ao produto f1⋅BM da frequência da alimentação pela
indução magnética máxima associada ao campo magnético resultante do
motor,
U1s _ E1s = 4,44 ⋅ k d1 ⋅ N1 ⋅ f 1 ⋅ BM ⋅ Aef
qualquer redução da frequência deverá ser acompanhada de uma redução
quase proporcional da tensão de alimentação, por forma a que o circuito
magnético da máquina não sature (BM não aumente). Simultaneamente,
mantendo-se o campo magnético da máquina, manter-se-á também o seu

Artur Fernandes Costa Página 49


binário máximo e a sua capacidade de sobrecarga mecânica (diz-se variação
de velocidade a "binário constante").

Assim se conclui que, para variar a velocidade de rotação de um motor de


indução trifásico abaixo da velocidade que corresponde a uma alimentação
com frequência nominal, se deve manter o quociente U/f constante (na
prática, a tensão e a frequência poderão relacionar-se por uma relação linear
do tipo U=af+b, onde a tensão nunca desce abaixo de um certo mínimo,
como se esclarece na Fig.15).

Para um procedimento de sentido contrário, quando se pretende variar a


velocidade de rotação de um motor de indução trifásico acima do valor que
corresponde à frequência nominal, surge a limitação da tensão nominal da
máquina, que em princípio não deve ser excedida. Por isso, o ajuste faz-se
actuando só na frequência ─ ver Fig.15. Desta forma, o campo magnético da
máquina virá enfraquecido e o binário máximo (e respectiva capacidade de
sobrecarga mecânica) tenderá a diminuir (diz-se variação de velocidade a
"potência constante").

U (V)
Variação de velocidade a
Variação de velocidade a
“binário constante”
“potência constante”

Un
U=Un ; f variável

b U/ f = Const.

U = af + b

fn f (Hz)
Fig.15 Variação da velocidade de um motor de indução trifásico por variação
da frequência: relação entre a frequência e a tensão de alimentação.

No caso presente, pretendendo-se uma velocidade abaixo da velocidade


nominal, utilizar-se-á um ajuste de frequência e de tensão, mantendo
constante o quociente entre ambas.

As consequências de tal metodologia, interpretadas à luz das características


mecânicas de binário do motor e da carga e do ponto de funcionamento
mecânico que se estabelecerá com alimentação nominal (ponto PF1), ou
após redução da tensão e da frequência de alimentação (ponto PF2), são
mostradas na Fig.16.

Destaca-se que os pontos de funcionamento mecânico, agora referidos, são


os mesmos que já se haviam assinalado na anterior Fig.14.

Artur Fernandes Costa Página 50


T (Nm)
U/f = Cont. ⇒ TMax = Const.

f = fn
f < fn TC(n)

T1 PF1

T2 PF2

ns2 ns1 n (r/min)


n2 n1

Fig.16 Variação da velocidade de um motor de indução trifásico por variação


da frequência: modificação da característica mecânica do motor.

(i)Supondo que o deslizamento do motor varia linearmente com o binário da


carga:
Uma vez que, em regime permanente, o binário motor e o binário resistente,
imposto pela carga, se igualam, esta hipótese corresponde a considerar linear
a característica mecânica de binário do motor na zona de funcionamento (ver
Fig.6).

Tal suposição aplicada no caso presente permite conhecer imediatamente o


deslizamento com que irá funcionar o motor:
2702,3 1500 - 1440
s = TC ⋅ sn = × × 100% = 3,26%
T M.n 3315,7 1500
Mas, como também é conhecida a velocidade de rotação desejada para o
motor (1300 r/min), a nova velocidade de sincronismo será:
n
ns = = 1343,8 r/ min
1- s
Como a máquina é tetrapolar (p=2), a frequência de alimentação terá de
valer:
p ⋅ ns
f1 = = 44,79 Hz
60
e a tensão de alimentação terá de ser ajustada para o novo valor:
U1n
U1 = ⋅ f 1 = 2956,4 V
fn
Tendo em atenção que a variação da frequência implica uma alteração
proporcional da reactância de fugas do motor:

X ′ = f 1 ⋅ X = 2,99 Ω
fn

Artur Fernandes Costa Página 51


desprezando, uma vez mais, o efeito pelicular rotórico e seguindo o
procedimento de cálculo da alínea anterior, obtém-se:
I1 ≅ I2 = 79,9 A
cos ϕ ≅ cosϕ 2 = 0.99 (i) !!
η M = 90,8%
T m′ax = 8322,6 Nm
k c′ = 251%

(ii)Usando o modelo do motor:


Supondo desprezáveis a corrente de magnetização e as perdas no ferro, o
modelo do motor reduz-se à malha que contém as resistências dos
enrolamentos e a reactância combinada de fugas, por fase. Desprezando-se,
adicionalmente, a potência de perdas mecânicas, pode caracterizar-se o
ponto de funcionamento do sistema motor-carga através do seguinte conjunto
de equações:

T M ≅Tel = 3
p R
⋅ 2⋅
(
U1 / 3 )
2

2π f 1 s ⎛ 2
R2 ⎞ ⎛ f 1 ⎞
2

⎜ R1 + ⎟ + ⎜ X ⎟
⎝ s ⎠ ⎝fn ⎠

T M = TC = 2702,3 Nm
n - n f 1 /p - 1300/60
s= s =
ns f 1 /p
U1 U 3300
= const. = n = V/Hz
f1 fn 50
A sua resolução conjunta ─ trata-se de um sistema de equações não-linear
que exige solução numérica ─ permite determinar a tensão e a frequência
com que terá de ser alimentado o motor, bem como a velocidade de
sincronismo e o deslizamento com que o mesmo funcionará:
U1 = 2953,5 V
f 1 = 49,75 Hz
n s = 1342,5 r/ min
s = 3,2 %
Finalmente, continuando a seguir o procedimento habitual, é ainda possível
determinar os seguintes dados que caracterizam, complementarmente, o
funcionamento do motor nas condições de alimentação agora previstas:
I1 ≅ I 2 = 76,9 A
cos ϕ ≅ cosϕ 2 = 0.99 (i) !!
η M = 93,9%
T m ′ax = 8315,2 Nm
k c′ = 251%

Artur Fernandes Costa Página 52


Estes resultados são muito semelhantes aos que se obtiveram em (i) e
demonstram bem que a abordagem simplificada aí adoptada é válida para
uma estimação rápida das condições de alimentação exigidas para o motor.

Tem interesse, finalmente, comparar ainda esses resultados com os que se


obtiveram na alínea anterior e que correspondiam, recorde-se, ao controlo da
velocidade do motor por ajuste único da tensão de alimentação. Como se
comprova, são todos francamente superiores: a corrente absorvida pelo motor
é inferior em cerca de 64% ao valor calculado na alínea a), o factor de
potência é extremamente elevado, o rendimento, que antes era sofrível, é
agora bastante bom (note-se que em ambos os casos foram desprezadas
parte das perdas do motor pelo que os rendimentos calculados só têm um
valor relativo) e, finalmente, a capacidade de sobrecarga mecânica é quase
igual à capacidade de sobrecarga mecânica nominal do motor (a qual vale
257%), garantindo uma boa estabilidade para o funcionamento do sistema
motor-carga.

Assim, ser-se-á levado a concluir que a redução da velocidade de rotação de


um motor de indução trifásico por ajuste simultâneo de frequência e de tensão
é, sob o ponto de vista do motor, tecnicamente superior à alternativa de
variação única da tensão de alimentação. Se se incluir o próprio sistema de
alimentação nesta análise (conversor estático de tensão e frequência), pode
ainda concluir-se no mesmo sentido, uma vez que a concepção da fonte de
alimentação não levanta problemas de maior. Apesar disso, e antes de se
concluir, apressadamente, que a solução variação de frequência será sempre
de preferir independentemente de outras considerações, refira-se que ela é
também significativamente mais cara, devido ao custo acrescido que implica
para a referida fonte de alimentação. Por isso, na resolução de cada caso,
terá que ponderar-se sempre o problema económico con-juntamente com o
aspecto técnico, a fim de se optar pela solução mais conveniente.

É possível apontar, apesar de tudo, algumas balizas para o processo de


escolha do método a adoptar no controlo de velocidade de um motor de
indução trifásico:

• como regra geral, se se desejar obter valores de velocidade de rotação


acima da velocidade de sincronismo nominal de um motor (e se não
interessar ou não for possível trocar o motor por um com menor
número de pólos), terá que se adoptar uma tecnologia de variação de
frequência;

• se o leque de velocidades a cobrir for muito amplo, deve excluir-se o


ajuste de velocidade por actuação única na tensão;

• se se pretender um leque de velocidades estreito na zona inferior da


velocidade de sincronismo do motor, provavelmente, uma actuação só
ao nível da tensão será adequada, além de mais barata.

Todos os outros casos exigirão uma análise mais apurada, atendendo aos
critérios já referidos e não esquecendo que, além das duas técnicas aqui

Artur Fernandes Costa Página 53


referidas, podem ainda ser consideradas outras, em situações muito
especiais: recuperação da energia de deslizamento e reóstato rotórico, em
motores de rotor bobinado, e impedância estatórica e variação do número de
pólos ou modulação de amplitude polar, em certos motores de rotor em gaiola
de esquilo.

R8. Neste problema aproveita-se o facto de as f.e.m.s (e correspondentes


correntes) induzidas no circuito rotórico de uma máquina de indução trifásica,
devido à existência de um campo girante estatórico, possuírem uma
frequência que depende da velocidade de rotação do próprio rotor. Tratando-
se de uma máquina de rotor bobinado, existe acessibilidade ao circuito
eléctrico rotórico e, mediante um accionamento externo, a máquina poderá
funcionar como conversor de frequência.

As relações básicas entre as grandezas intervenientes ─ frequências da


alimentação da máquina de indução (f1) e das correntes rotóricas (f2), número
de pares de pólos da mesma máquina (p) e velocidade de rotação (n) ─ são
as seguintes:
f1
ns = ; f 2 = s ⋅ f1
p
onde
-n
s = ns
ns
é o deslizamento com que a máquina de indução irá funcionar (mede o desvio
relativo entre a velocidade de rotação do rotor da máquina e a velocidade de
rotação do seu campo girante, como se sabe).

Nesta utilização da máquina de indução de rotor bobinado, a carga a


alimentar será ligada directamente ao circuito rotórico através dos anéis
colectores existentes, devendo a potência activa a entregar à carga ser
fornecida pela máquina primária de accionamento: no caso presente, pelo
motor de corrente contínua. Quanto à potência reactiva, a exigida pela carga
e, também, a que é solicitada pela própria máquina de indução para
manutenção da sua excitação, ela terá de ser garantida pela rede de
alimentação (ou por uma baterias de condensadores) à qual se encontra
ligado o estator da máquina de indução.

Na Fig.17 da página seguinte, recorrendo ao esquema do sistema objecto de


estudo, esclarecem-se os trânsitos energéticos referidos.

a) A frequência máxima a obter, f2.max=475 Hz, impõe um deslizamento máximo


de:
f 2. max = 9,5 = 950%
smax =
f1
uma vez que a frequência da alimentação é f1=50 Hz.

Artur Fernandes Costa Página 54


Rede Eventual
380V – 50Hz bateria de
condensadores
Energia reactiva

Z
G
U 1 ; f1 3~ U 2 ; f2
n Energia activa

M

Fig.17 Sistema para produção de uma tensão de frequência variável


com recurso a um motor de indução de rotor bobinado

Aquela frequência máxima deverá ser conseguida garantindo que a máquina


de indução rode a uma velocidade n não superior à máxima velocidade
permitida para o sistema (nmax=3000 r/min). Por isso, a velocidade de
sincronismo ns do seu campo girante estatórico associada a este
deslizamento virá:
n max = - 352,9 r/ min
ns ≤
1 - smax
Repare-se que a máquina de indução rodará em sentido inverso ao sentido
do seu campo girante, isto é, funcionará em frenagem, absorvendo energia
reactiva a partir da rede de alimentação e energia activa, essencialmente a
partir do seu veio (máquina de accionamento primária), como se disse antes.

Conclui-se assim que, para se garantir aquela velocidade de sincronismo, a


máquina terá de possuir um número de pares de pólos:
p ≥ f 1 = 8,5
n s /60
ou seja, não inferior a 9, uma vez que p terá de ser inteiro.

A máquina de indução deverá possuir, portanto, 18 pólos (note-se que este


número, por ser bastante elevado, não é habitual em máquinas de indução).

b) Fixados a frequência da alimentação (50Hz), o número de pares de pólos (9),


a frequência máxima rotórica (475 Hz) e a frequência mínima rotórica (120
Hz), virá sucessivamente:

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f 1 x60 = 333,33 r/ min
ns =
p
f 2. max = 9,5 = 950%
smax =
f1
f 2. min = 2,4 = 240%
smin =
f1
n max = (1 - smax ) ⋅ n s = - 2833,3 r/ min
n min = (1 - smin ) ⋅ n s = - 466,7 r/ min
Conclui-se assim que a velocidade de rotação deverá estar compreendida
entre 466,7 r/min e 2833,3 r/min, rodando a máquina de indução em sentido
contrário ao sentido do seu campo girante estatórico.

c) Nas hipóteses simplificativas consideradas no problema, isto é, sendo


desprezável a corrente de magnetização da máquina de indução (e a
correspondente potência magnetizante), e não podendo ser fornecida pelo
motor de corrente contínua (pois este só fornecerá potência mecânica ao
sistema), a potência reactiva a fornecer à carga deverá ser garantida pela
rede de alimentação a que se encontra ligada a máquina de indução. Assim:
Qmax = Smax senϕ = 30 kVar
Repare-se que, a considerar-se a corrente de magnetização da máquina de
indução, a correspondente potência reactiva deverá ser assegurada também
pela rede à qual a mesma se encontra ligada. O valor calculado virá, assim,
por ligeiro defeito.

d) A máquina de corrente contínua terá de fornecer à máquina de indução a


potência activa que esta irá disponibilizar, isto é, a sua potência nominal Pn
deverá ser:
Pn ≥ Smax cos ϕ = 40 kW
Repare-se também neste caso que, a não ser desprezável a potência de
perdas da máquina de indução, esta será parcialmente fornecida pela rede
trifásica (perdas no estator da máquina de indução) e, na parte restante, pelo
motor de accionamento (perdas rotóricas e perdas mecânicas da máquina de
indução). Por isso, também os 40 kW vêm ligeiramente por defeito.

R9. (Resolução simplificada).

a) sn = 4,13%
fr.n = 2,07 Hz
TMax = 180 N.m ⇒ Capacidade de carga mecânica: KC = TMax/Tn = 246,4%
In = Pab.n/(√3⋅Uncosϕn)
Regime nominal ⇒ f.c. = 1 ⇒ (caract´s): cosϕn = 0,9 (i); ηn = 90%
Pab.n = Pu/ηn = 12222 W

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In = 20,6 A

b) Determinação da característica mecânica de binário da carga – TC(n):


TC = A + B⋅nC2
nC = 1100 r/min; PC = 7 kW ⇒ TC = 60,8 N.m
nC = 0 r/min ⇒ TC = 20 N.m
⇒ TC = 120 + 33,7⋅10-6⋅nC2 (nC em r/min)

Carga referida ao veio do motor – T’C(n):


T’C = TC/(kTηT) ∧ n=kT⋅nC ∧ n em r/s = (n em r/min)/60
⇒ T’C = 17,48 + 17,4⋅10-6⋅n2 (n em r/min)

O ponto de funcionamento mecânico do motor pode ser obtido por via


gráfica, determinando o ponto de intersecção desta com a característica
equivalente do motor, ou por via analítica, depois de se encontrar uma
descrição analítica para TM(n).

Optando por esta segunda via, linearizando a característica mecânica do


motor entre o vazio e o ponto de funcionamento nominal:
TM = -1,177n + 1766 (n em r/min)
TM = T’C ⇒ n = 1454 r/min e TM = 54,3 N.m.
PM = 8268 W
f.c. = 75,2% ⇒ cosϕ ≅ 0,84 (i); η ≅ 90%
Pab = 9187 W
In = 16,6 A

Em conclusão:
O ponto de funcionamento do motor, sob os pontos de vista mecânico e
eléctrico, é bom (f.c. = 75,2%; In = 16,6 A; cosϕ ≅ 0,84 (i); η ≅ 90%).
O arranque:
Motor: Tad = 150 N.m ⇒ TM = Ta(Y-D) = Tad/3 = 50 N.m.
Carga:TR = T’C (n=0) = 17,48 N.m
TM > TR ⇒ O arranque decorre sem problemas!

Portanto, o accionamento é possível e decorre em boas condições tanto


para o motor como para a carga! Esta rodará a 118 r/min, bem próximo da
sua velocidade nominal.

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c) R1 = 0,4 Ω
Ensaio em vazio
U0 = Un = 380 V; I0 = 7 A; cosϕ0 = 0,1 (i) (caract’s)
U0 / 3
R0 = = 313,4Ω → “inclui” as perdas mecânicas, que
I 0 cos ϕ 0
não são contabilizadas em separado.
U0 / 3
Xm = = 31,5Ω
I 0 senϕ 0

Do regime de funcionamento nominal:

Un = 380 V; In = 20,6 A; cosϕn = 0,9 (i)


I n = 20,6e − j 25,84° A
I 0.n = 7e − j 84, 26° A
I 2.n = I n − I 0.n = 17,95e − j 6, 44° A
⎛ R ⎞ U / 3
⎜⎜ R1 + 2 ⎟⎟ + jX = n = 12,14 + j1,37Ω
⎝ sn ⎠ I 2.n
⇒ X = X 1 + X 2 = 1,37Ω
R1 = 0,40 e s n = 0,0413 ⇒ R2 = 0,48Ω

Em conclusão:
R0 = 313,4 Ω (“inclui” as pmec)
Xm = 31,5 Ω
R1 = 0,40 Ω
R2 = 0,48 Ω
X = X1+X2 = 1,37 Ω

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