Você está na página 1de 9

1

Resumo dos Capítulos: 10, 11 e 12 da obra: MARX, Karl, 1818-1883. O Capital: crítica da
economia política: livro 1: o processo de produção do capital / Karl Marx; tradução Rubens
Enderle. – 2 ed. – São Paulo: Boitempo, 2017. 894p.

Daniela Nunes
Davi Arantes
Luís Gustavo
Marcos Victor
Orientadora: Thais Hoshika

SEÇÃO IV – A PRODUÇÃO DO MAIS-VALOR RELATIVO

Capítulo 10 – O conceito de mais-valor relativo

Vimos, anteriormente, como o mais-valor absoluto é obtido pelo aumento do mais-


trabalho através do prolongamento da jornada de trabalho e como o capitalista encontra
limitações físicas, sociais e jurídicas ao longo do tempo para esse mais-valor. Portanto, para
aumentar o mais-trabalho sem estender a jornada de trabalho é necessário encurtar o trabalho
necessário, “ou, em outras palavras, a parte do tempo de trabalho que o trabalhador até agora
utilizava como para si mesmo seria convertida em tempo de trabalho para o capitalista, A
mudança estaria não na duração da jornada de trabalho, mas em sua divisão em trabalho
necessário e mais-trabalho” (p. 387). Segundo Marx,

Ao mais-valor obtido pelo prolongamento da jornada de trabalho chamo de


mais-valor relativo absoluto; ao mais-valor que, ao contrário, deriva da
redução do tempo de trabalho necessário e da correspondente alteração na
proporção entre as duas partes da jornada de trabalho chamo de mais-valor
relativo (p. 390).

Como o tempo do trabalho necessário é definido pelo valor da força de trabalho e este,
por sua vez, pelo valor dos meios necessários à sua reprodução (definidas social e
culturalmente), em um primeiro momento, o trabalho necessário só poderia ser reduzido
alterando-se o valor da força de trabalho. Partindo do pressuposto de que as mercadorias
(inclusive a força de trabalho) só serão compradas e vendidas pelo seu valor - desconsiderando
a figura do capitalista individual que obtém mais-trabalho comprando a força de trabalho abaixo
do seu valor -, a única forma de reduzir o valor da força de trabalho é aumentando a força
produtiva nos ramos da indústria que produzem as mercadorias que correspondem ao valor da
força de trabalho. Dessa forma:
2

É preciso, portanto, que ocorra uma revolução nas condições de produção de


seu trabalho, isto é, em seu modo de produção e, assim, no próprio processo
de trabalho. Por elevação da força produtiva do trabalho entendemos
precisamente, uma alteração no processo de trabalho por meio da qual o tempo
de trabalho socialmente necessário para a produção de uma mercadoria é
reduzido, de modo que uma quantidade menor de trabalho é dotada da força
para produzir uma quantidade maior de valor de uso (p. 389).

A consequência do aumento nas forças produtivas é a redução do valor da mercadoria


individual. Portanto, quando um capitalista particular emprega um novo método de produção,
o valor individual de sua mercadoria será menor que o valor social dela. Como este método
ainda não se universalizou, o capitalista venderá a mercadoria acima de seu valor individual e
abaixo do valor social, caso em que obterá um mais-valor adicional.

O capitalista que emprega o método de produção aperfeiçoado é, portanto,


capaz de apropriar-se de uma parte maior da jornada de trabalho para o mais-
trabalho do que os demais capitalistas no mesmo ramo de produção. Ele
realiza individualmente o que o capital realiza em larga escala, na produção
de um mais-valor relativo. Por outro lado, esse mais-valor adicional
desaparece assim que o novo método de produção se universaliza e apaga-se
a diferença entre o valor individual das mercadorias barateadas de seu valor
social. A mesma lei de determinação do valor pelo tempo de trabalho que se
apresentou ao capitalista, juntamente com sua mercadoria abaixo de seu valor
social, força seus concorrentes, como lei coercitiva da concorrência, a aplicar
esse novo método. Desse modo, o processo só afeta a taxa geral do mais-valor
se o aumento da força do trabalho afetar os diferentes ramos da produção e,
portanto, baratear as mercadorias que integram o círculo dos meios básicos de
subsistência e, por isso, constituem elementos do valor da força de trabalho
(p. 393).

Marx demonstra como o aumento da força produtiva em um determinado ramo não


apenas induz a revolução nas condições de produção naquele ramo, dentre os capitalistas que
concorrem diretamente (p. 393), mas também de outros ramos, fornecedoras dos meios de
produção que integram o capital constante.
O mais-valor relativo é resultado do “impulso imanente e a tendência constante do
capital a aumentar a força produtiva do trabalho para baratear a mercadoria e, com ela, o próprio
trabalhador” (p. 394). Isso significa dizer que o desenvolvimento das forças produtivas não
visam reduzir a jornada de trabalho em absoluto, mas apenas o tempo de trabalho necessário à
produção de mercadorias, inclusive o montante correspondente ao valor da força de trabalho.

Capítulo 11 - Cooperação

Marx conceitua a cooperação enquanto forma de trabalho em que muitos indivíduos


executam atividades de modo planejado, em conjunto, no mesmo processo de produção ou em
3

processos de produção diferentes, porém conexos (p. 400). No modo de produção capitalista, a
cooperação emerge enquanto condição da produção em grande escala (p. 406), sendo, nesse
sentido, a primeira forma de alteração que o processo de trabalho experimenta em sua
subsunção ao capital. Tal alteração ocorre, à medida que ocorre a ocupação simultânea de
trabalhadores no mesmo processo produtivo.
Partindo do pressuposto de que a espécie humana atua sempre e em qualquer forma de
sociedade de modo cooperativo, Marx comenta que “o homem é, por natureza, se não um
animal político, como diz Aristóteles, em todo caso, um animal social” (p.401). Cita o efeito da
cooperação nas antigas civilizações, fala sobre o poder da direção sobre as massas que originou
obras prodigiosas. Enquanto na idade antiga e média, a aplicação esporádica da cooperação era
pautada em relações de domínio e servidão, na forma capitalista, a cooperação pressupõe o
trabalhador livre, que vende sua força de trabalho ao capitalista.
Para Marx, o efeito do trabalho combinado não pode ser produzido pelo trabalho
individual, pois na cooperação, a força produtiva é por si mesma, uma força de massas. “Ao
cooperar com outros de modo planejado, o trabalhador supera suas limitações individuais e
desenvolve sua capacidade genérica” (p. 405)
Nesse sentido, a produção capitalista apenas pode ser concebida a partir do momento
em que o mesmo capital individual emprega, simultaneamente, um grande número de
trabalhadores, operando assim, uma revolução nas condições objetivas do processo de trabalho,
fazendo com que a força de trabalho apareça como qualidade social média, onde desvios
individuais compensam-se mutuamente.
No capitalismo, a força social produtiva, não custa nada ao capital, que a desenvolve
gratuitamente ao alocar os trabalhadores em determinadas condições. Mostra Marx que, tanto
a força produtiva social do trabalho, quanto a própria cooperação aparecem como uma forma
específica do processo de produção capitalista e são fundamentais em seu desenvolvimento. A
jornada de trabalho combinada produz uma massa maior de valor de uso, reduzindo o tempo de
trabalho necessário e aumentando a produtividade do trabalho.
A cooperação opera como forma básica do modo de produção capitalista. Embora se
aproxime dessa forma nos primórdios da manufatura, onde a divisão do trabalho e a maquinaria
ainda não desempenhava papel significativo, a cooperação simples não constitui uma forma
fixa ao modo de produção capitalista. Na divisão manufatureira do trabalho, a cooperação ganha
novo significado, à medida que cada etapa da produção passa a ser realizada por um trabalhador
específico, reproduzindo, dentro da oficina, a diferenciação naturalmente desenvolvida dentro
dos ofícios.
4

Assim, com o desenvolvimento do modo de produção capitalista e da cooperação em


escala ampliada, o comando do capital se converte num requisito para consecução do próprio
processo de trabalho, enquanto condição imprescindível da produção. “O trabalho de
supervisão torna-se sua função fixa e exclusiva” (p. 407). Como a motivação do capital é a
maior produção de mais-valor possível da exploração da força de trabalho, o processo produtivo
(processo social de trabalho e processo de valorização do capital) a ser dirigido é dúplice em
seu sentido e despótico em sua forma.
Uma vez que como membros de um organismo laborativo da força produtiva do
capital, os trabalhadores só podem vender sua força de trabalho isolada, “a interconexão de suas
funções e sua unidade como corpo produtivo reside fora deles, no capital que os reúne” (p. 407)
e submete seu agir ao seu próprio objetivo.

Capítulo 12 - Divisão do trabalho e manufatura

1 A dupla origem da manufatura

A divisão do trabalho na manufatura pode ser sequencial ou não (por um lado, tem-se
a combinação de ofícios autônomos e diversos, reduzidos em meras operações parciais e
complementares de uma mesma mercadoria, de outro, a cooperação entre artesãos que
decompõe o ofício em operações particulares, que em um momento se torna função exclusiva
e específica de um trabalhador). Marx contribui ao colocar com principal diferença qualitativa
da divisão social do trabalho no processo capitalista aquilo que se encontra justamente na
mercantilização de cada processo particular de produção, de modo que as escalas e graus de
divisão social do trabalho se multiplicam exponencialmente dentro de cada processo produtivo
particular e dentro da totalidade das relações de produção. Observa-se então que o
desenvolvimento das relações produtivas não se resume à inserção da tecnologia no processo
de produção, mas, e sobretudo, a forma de organização do trabalho. Marx demonstra que a
forma de organização de trabalho determina o desenvolvimento das forças produtivas. E assim
Marx começa o capítulo 12 d’O Capital, sobre a divisão do trabalho e manufatura:

A cooperação fundada na divisão do trabalho assume sua forma clássica na


manufatura. Como forma característica do processo de produção capitalista,
ela predomina ao longo do período propriamente manufatureiro, que, em
linhagens gerais, estende-se da metade do século XVI até o último terço do
século XVIII (p. 411)
5

Marx, a fim de tratar sobre a origem da manufatura, faz uma diferenciação entre a
manufatura sequencial (vertical) e a manufatura horizontal. Sua formação se dá partir do
artesanato e de modo duplo, uma vez que, por um lado acontece da “combinação de ofícios
autônomos e diversos” (p. 413), privados de autonomia e unilateralizados, até constituírem
operações parciais e complementares para o processo de produção de uma única mercadoria.
Em outro sentido, a cooperação dos artesãos envolvidos no mesmo setor fragmenta seu trabalho
em diversas operações particulares, “isolando-as e autonomizando-as até que cada uma delas
se torne função exclusiva de um trabalhador específico” (p. 413).
Assim, se a manufatura insere a divisão do trabalho no processo de produção ou desenvolve
essa já existente, ao mesmo tempo ela combina ofícios que, até o momento, se davam de forma
separada e autônoma. O que Marx assinala é que, independentemente da origem particular, “sua
configuração final é a mesma: um mecanismo de produção, cujos órgãos são seres humanos”
(p. 413).

2 O trabalhador parcial e sua ferramenta

O trabalhador parcial é aquele que podemos compreender, de certa forma, como


separado do processo do trabalho de modo que fica estabelecido somente em sua função
específica. Ao pensarmos no trabalhador que realiza a mesma operação durante sua vida inteira,
ele acaba transformando seu próprio corpo em um “órgão automaticamente unilateral dessa
operação e, consequentemente, precisa de menos tempo para executá-la do que o artesão que
executa alternadamente toda uma série de operações” (p. 415), em contraponto, o trabalhador
coletivo combinado, “o mecanismo vivo da manufatura” (p. 415), é constituído por muitos
desses trabalhadores parciais e unilaterais. Nesse sentido, podemos observar o início da divisão
social do trabalho, no qual concentra-se na produção de uma das particularidades da cadeia de
produção, podendo se aperfeiçoar, assim como as ferramentas necessárias, naquela operação
específica.
Desse modo, em relação ao trabalho autônomo, a produção acontece em maior
quantidade e em menor tempo, em outras palavras, a força produtiva do trabalhador é
aumentada, em conjunto com o aperfeiçoamento do trabalho parcial, uma vez dada a função
exclusiva de um único trabalhador. Marx aponta ainda que, por meio da convivência entre
gerações de trabalhadores “os artifícios [Kunstgriffe] técnicos assim obtidos se consolidam, se
acumulam e são transmitidos com rapidez” (p. 415). Se a manufatura é capaz de produzir com
detalhes um produto no interior das oficinas, considerando a diferenciação dos ofícios, contudo:
6

[...] sua transformação do trabalho parcial em vocação [Beruf] da vida de um


homem corresponde à tendência, presente em sociedades anteriores, de tornar
hereditários os ofícios, petrificá-los em castas ou, no caso de determinadas
condições históricas, produzirem nos indivíduos uma variabilidade em
contradição com o sistema de castas, ossificá-los em corporações. Castas e
corporações têm origem na mesma lei natural que rege a distinção de plantas
e animais em espécies e subespécies, com a única diferença de que, num certo
grau de desenvolvimento, a hereditariedade das castas ou a exclusividade das
corporações é decretada como lei social. (p. 415)

3 As duas formas fundamentais da manufatura - manufatura heterogênea e manufatura


orgânica

Como indica o título do terceiro item do capítulo, Marx realiza uma diferenciação entre
o que identifica como as duas formas fundamentais da manufatura, que são a manufatura
heterogênea e a manufatura orgânica, sem desconsiderar o entrelaçamento de ambas das formas
de manufatura, porém compreendendo os diferentes papéis que cada uma realiza, em especial
para “transformação posterior da manufatura em grande indústria, movida pela maquinaria” (p.
416), que será trabalhada no capítulo seguinte d’O capital.
Para Marx, a manufatura heterogênea é caracterizada pela “mera composição
mecânica de produtos parciais independentes” (p. 416), de modo que o produto acabado e sua
relação exterior com outros elementos se faz acidental. A manufatura orgânica, por sua vez, é
aquela que o produto é realizado por diversas fases que são interconectadas, constituindo cada
uma dessas partes de um processo gradual para o desenvolvimento do artigo final, como o
exemplo da agulha de costura, citado por Marx, no qual o arame passa pelas mãos de 72 à 92
trabalhadores parciais específicos.
Marx enfatiza, sobretudo, que essas duas formas se originam da própria natureza do
produto que está sendo produzido, sendo ou composto somente, de forma mecânica, por
produtos parciais e independentes, ou realizado por uma série de processos e manipulações
encadeadas. A homogeneidade da produção assume grande importância a fim de que não haja
interrupções e perdas no processo produtivo, na manufatura um grupo de trabalhadores que
executam a mesma função forma um elemento heterogêneo que desempenha função de um
órgão particular no mecanismo total.
“Nas diferentes manufaturas, porém, o próprio grupo é um corpo articulado de
trabalho, enquanto o mecanismo total é formado pela repetição e multiplicação desses
organismos produtivos elementares. (p. 421)”
A maquinaria específica da manufatura ocorre de tal forma que o próprio trabalhador
coletivo, que consiste na combinação de diversos trabalhadores parciais, se torna a própria
7

máquina, que resulta em uma dinâmica na qual há cada vez mais separação, autonomização e
isolamento das diferentes funções do processo produtivo. Por consequência, a “unilateralidade
e mesmo a imperfeição do trabalhador parcial convertem-se em sua perfeição como membro
do trabalhador coletivo.” (p. 423)
Por fim, é importante salientar a questão dos trabalhadores não qualificados criados
pela manufatura, que faz relevante pois, ao mesmo tempo em que há um desenvolvimento da
especialidade unilateralizada de certos trabalhadores, certas operações simples requerem
somente ofícios básicos os quais qualquer ser humano normalmente é capaz de executar, de
modo que também os custos de aprendizagem desaparecem e, em comparação ao artesão, em
razão da função mais simplificada, os custos são menores que para os outros.

4 Divisão do trabalho na manufatura e divisão do trabalho na sociedade

Neste subcapítulo é discutido como a produção manufatureira, na qual há a divisão


técnica e especialização do trabalho se relaciona com a divisão social do trabalho. Ainda que o
modo de produção capitalista conte com uma divisão do trabalho, esta divisão existe muito
antes do surgimento do capitalismo. Não é o capital que desenvolve o trabalho coletivo, ele o
encontra, se apropria dele, o organiza a seu critério e o transforma em sua força produtiva.
A divisão do trabalho, não necessariamente capitalista, pode ser compreendida em
sentido geral - como a divisão entre a indústria e a agricultura –, e pode ser compreendida em
sentido particular - como a divisão do trabalho no interior de uma fábrica. A divisão social do
trabalho, por sua vez, emerge da interdependência entre diferentes ramos que integram a
produção social total (p. 426). No pré-capitalismo, essa divisão se dá de forma natural-
espontânea.
Conforme caracterização da produção manufatureira, sua divisão do trabalho implica
no pressuposto de um certo desenvolvimento, de “uma divisão do trabalho amadurecida até
certo grau de desenvolvimento no interior da sociedade” (p. 427). A criação de uma
multiplicidade de meios de produção cria novos ofícios, especializados e que se tornam
independentes entre si. Consequentemente, “o mesmo ramo de produção é dividido em
manufaturas diversas e, em parte, inteiramente novas, segundo a diversidade de suas matérias-
primas ou das diferentes formas que essa matéria-prima pode assumir”.
O capitalismo pressupõe a separação dos meios de produção dos agentes diretos da
produção. A forma de divisão manufatureira do trabalho é a forma mais simples de organização
da produção, caracterizada pela “concentração dos meios de produção nas mãos de um
8

capitalista” (p.429). Por outro lado, Marx demonstra que a divisão técnica aprofunda a divisão
social do trabalho, através da “fragmentação dos meios de produção entre muitos produtores de
mercadorias independentes entre si” (p. 429). Em outras palavras:

A divisão manufatureira do trabalho supõem a autoridade incondicional do


capitalista sobre homens que constituem meras engrenagens de um
mecanismo total que a ele pertence; a divisão social do trabalho confronta
produtores autônomos de mercadorias, que não reconhecem outra autoridade
a não ser a da concorrência, da coerção que sobre eles é exercida pela pressão
de seus interesses recíprocos, assim como, no reino animal, guerra de todos
contra todos preserva em maior ou menor grau as condições de existência de
todas as espécies. (p.430)

5 O caráter capitalista da manufatura

Aqui é demonstrado como a união de muitos trabalhadores num mesmo local para a
venda de trabalho para o mesmo capitalista, possibilitou o salto técnico da produção coletiva a
partir da cooperação e posteriormente com a manufatura. A forma de produção a partir da
cooperação simples manteve o modo de trabalho dos trabalhadores, enquanto a manufatura
tratou de transformar as formas de como o capital explora os trabalhadores.
Marx expõe que foi a partir da manufatura que a divisão técnica do trabalho atingiu
alto nível que o trabalhador se especializando cada vez mais na produção apenas de um
fragmento da mercadoria, tornando útil essa força de trabalho na manufaturaria, apenas se
estiverem fazendo parte de uma exploração coletiva para o capital. É apresentando então que
esta divisão da manufatura acaba por contribuir com a divisão social do trabalho no capitalismo,
tornando o trabalhador cada vez mais sem opções produtivas a não ser sua venda ao capital:
“Por sua própria natureza incapacitado por fazer algo autônomo, o trabalhador manufatureiro
só desenvolve atividade produtiva como ele acessório da oficina do capitalista” (p.435)
A divisão manufatureira do trabalho, ao gerar essa forma especializada e fracionada
da produção como método, só poderia ser gerada apenas no capitalismo, segundo Marx, por
esse avanço técnico ser uma consequência da busca constante do capital por sua
autovalorização. Marx chama atenção também que a produção do trabalhador na manufatura
por produzir apenas a parte complementar de um todo, impede maiores atos de insubordinação
ou atraso na execução de uma atividade em maior tempo médio pelo trabalhadores, aumentando
a disciplina dos trabalhadores.
É visto também que com a maior instrumentação do trabalho na manufatura, o
conhecimento técnico que antes o artesão desempenhava, agora é transferido para o meio de
9

produção, fazendo do trabalhador mais um auxiliar do instrumento de trabalho, possibilitando


que o trabalhador não tenha necessariamente um conhecimento prévio para atuar na produção,
nesse momento introduzindo forças de trabalhado com pouco conhecimento técnico artesanal,
como as crianças e mulheres, mesmo que tendência tenha falhado nesse momento pela
resistência dos trabalhadores masculinos. Conhecimento técnico que é ainda é importante a um
certo mais detalhista dos trabalhadores, mas que vai sendo transferido cada vez mais as
máquinas e fazendo do trabalhador cada vez mais um auxiliar dos meios de produção

Esse produto da divisão manufatureira do trabalho produziu, por sua


vez...máquinas. Estas suprassumem a atividade artesanal como princípio
regulador da produção social. Por um lado, portanto, é removido o motivo
técnico da anexação vitalícia do trabalhador a uma função parcial. Por outro,
caem a barreira que o mesmo princípio ainda erguia contra o domínio do
capital. (p.443)

Você também pode gostar