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Resumo dos Capítulos: 10, 11 e 12 da obra: MARX, Karl, 1818-1883. O Capital: crítica da
economia política: livro 1: o processo de produção do capital / Karl Marx; tradução Rubens
Enderle. – 2 ed. – São Paulo: Boitempo, 2017. 894p.
Daniela Nunes
Davi Arantes
Luís Gustavo
Marcos Victor
Orientadora: Thais Hoshika
Como o tempo do trabalho necessário é definido pelo valor da força de trabalho e este,
por sua vez, pelo valor dos meios necessários à sua reprodução (definidas social e
culturalmente), em um primeiro momento, o trabalho necessário só poderia ser reduzido
alterando-se o valor da força de trabalho. Partindo do pressuposto de que as mercadorias
(inclusive a força de trabalho) só serão compradas e vendidas pelo seu valor - desconsiderando
a figura do capitalista individual que obtém mais-trabalho comprando a força de trabalho abaixo
do seu valor -, a única forma de reduzir o valor da força de trabalho é aumentando a força
produtiva nos ramos da indústria que produzem as mercadorias que correspondem ao valor da
força de trabalho. Dessa forma:
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Capítulo 11 - Cooperação
processos de produção diferentes, porém conexos (p. 400). No modo de produção capitalista, a
cooperação emerge enquanto condição da produção em grande escala (p. 406), sendo, nesse
sentido, a primeira forma de alteração que o processo de trabalho experimenta em sua
subsunção ao capital. Tal alteração ocorre, à medida que ocorre a ocupação simultânea de
trabalhadores no mesmo processo produtivo.
Partindo do pressuposto de que a espécie humana atua sempre e em qualquer forma de
sociedade de modo cooperativo, Marx comenta que “o homem é, por natureza, se não um
animal político, como diz Aristóteles, em todo caso, um animal social” (p.401). Cita o efeito da
cooperação nas antigas civilizações, fala sobre o poder da direção sobre as massas que originou
obras prodigiosas. Enquanto na idade antiga e média, a aplicação esporádica da cooperação era
pautada em relações de domínio e servidão, na forma capitalista, a cooperação pressupõe o
trabalhador livre, que vende sua força de trabalho ao capitalista.
Para Marx, o efeito do trabalho combinado não pode ser produzido pelo trabalho
individual, pois na cooperação, a força produtiva é por si mesma, uma força de massas. “Ao
cooperar com outros de modo planejado, o trabalhador supera suas limitações individuais e
desenvolve sua capacidade genérica” (p. 405)
Nesse sentido, a produção capitalista apenas pode ser concebida a partir do momento
em que o mesmo capital individual emprega, simultaneamente, um grande número de
trabalhadores, operando assim, uma revolução nas condições objetivas do processo de trabalho,
fazendo com que a força de trabalho apareça como qualidade social média, onde desvios
individuais compensam-se mutuamente.
No capitalismo, a força social produtiva, não custa nada ao capital, que a desenvolve
gratuitamente ao alocar os trabalhadores em determinadas condições. Mostra Marx que, tanto
a força produtiva social do trabalho, quanto a própria cooperação aparecem como uma forma
específica do processo de produção capitalista e são fundamentais em seu desenvolvimento. A
jornada de trabalho combinada produz uma massa maior de valor de uso, reduzindo o tempo de
trabalho necessário e aumentando a produtividade do trabalho.
A cooperação opera como forma básica do modo de produção capitalista. Embora se
aproxime dessa forma nos primórdios da manufatura, onde a divisão do trabalho e a maquinaria
ainda não desempenhava papel significativo, a cooperação simples não constitui uma forma
fixa ao modo de produção capitalista. Na divisão manufatureira do trabalho, a cooperação ganha
novo significado, à medida que cada etapa da produção passa a ser realizada por um trabalhador
específico, reproduzindo, dentro da oficina, a diferenciação naturalmente desenvolvida dentro
dos ofícios.
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A divisão do trabalho na manufatura pode ser sequencial ou não (por um lado, tem-se
a combinação de ofícios autônomos e diversos, reduzidos em meras operações parciais e
complementares de uma mesma mercadoria, de outro, a cooperação entre artesãos que
decompõe o ofício em operações particulares, que em um momento se torna função exclusiva
e específica de um trabalhador). Marx contribui ao colocar com principal diferença qualitativa
da divisão social do trabalho no processo capitalista aquilo que se encontra justamente na
mercantilização de cada processo particular de produção, de modo que as escalas e graus de
divisão social do trabalho se multiplicam exponencialmente dentro de cada processo produtivo
particular e dentro da totalidade das relações de produção. Observa-se então que o
desenvolvimento das relações produtivas não se resume à inserção da tecnologia no processo
de produção, mas, e sobretudo, a forma de organização do trabalho. Marx demonstra que a
forma de organização de trabalho determina o desenvolvimento das forças produtivas. E assim
Marx começa o capítulo 12 d’O Capital, sobre a divisão do trabalho e manufatura:
Marx, a fim de tratar sobre a origem da manufatura, faz uma diferenciação entre a
manufatura sequencial (vertical) e a manufatura horizontal. Sua formação se dá partir do
artesanato e de modo duplo, uma vez que, por um lado acontece da “combinação de ofícios
autônomos e diversos” (p. 413), privados de autonomia e unilateralizados, até constituírem
operações parciais e complementares para o processo de produção de uma única mercadoria.
Em outro sentido, a cooperação dos artesãos envolvidos no mesmo setor fragmenta seu trabalho
em diversas operações particulares, “isolando-as e autonomizando-as até que cada uma delas
se torne função exclusiva de um trabalhador específico” (p. 413).
Assim, se a manufatura insere a divisão do trabalho no processo de produção ou desenvolve
essa já existente, ao mesmo tempo ela combina ofícios que, até o momento, se davam de forma
separada e autônoma. O que Marx assinala é que, independentemente da origem particular, “sua
configuração final é a mesma: um mecanismo de produção, cujos órgãos são seres humanos”
(p. 413).
Como indica o título do terceiro item do capítulo, Marx realiza uma diferenciação entre
o que identifica como as duas formas fundamentais da manufatura, que são a manufatura
heterogênea e a manufatura orgânica, sem desconsiderar o entrelaçamento de ambas das formas
de manufatura, porém compreendendo os diferentes papéis que cada uma realiza, em especial
para “transformação posterior da manufatura em grande indústria, movida pela maquinaria” (p.
416), que será trabalhada no capítulo seguinte d’O capital.
Para Marx, a manufatura heterogênea é caracterizada pela “mera composição
mecânica de produtos parciais independentes” (p. 416), de modo que o produto acabado e sua
relação exterior com outros elementos se faz acidental. A manufatura orgânica, por sua vez, é
aquela que o produto é realizado por diversas fases que são interconectadas, constituindo cada
uma dessas partes de um processo gradual para o desenvolvimento do artigo final, como o
exemplo da agulha de costura, citado por Marx, no qual o arame passa pelas mãos de 72 à 92
trabalhadores parciais específicos.
Marx enfatiza, sobretudo, que essas duas formas se originam da própria natureza do
produto que está sendo produzido, sendo ou composto somente, de forma mecânica, por
produtos parciais e independentes, ou realizado por uma série de processos e manipulações
encadeadas. A homogeneidade da produção assume grande importância a fim de que não haja
interrupções e perdas no processo produtivo, na manufatura um grupo de trabalhadores que
executam a mesma função forma um elemento heterogêneo que desempenha função de um
órgão particular no mecanismo total.
“Nas diferentes manufaturas, porém, o próprio grupo é um corpo articulado de
trabalho, enquanto o mecanismo total é formado pela repetição e multiplicação desses
organismos produtivos elementares. (p. 421)”
A maquinaria específica da manufatura ocorre de tal forma que o próprio trabalhador
coletivo, que consiste na combinação de diversos trabalhadores parciais, se torna a própria
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máquina, que resulta em uma dinâmica na qual há cada vez mais separação, autonomização e
isolamento das diferentes funções do processo produtivo. Por consequência, a “unilateralidade
e mesmo a imperfeição do trabalhador parcial convertem-se em sua perfeição como membro
do trabalhador coletivo.” (p. 423)
Por fim, é importante salientar a questão dos trabalhadores não qualificados criados
pela manufatura, que faz relevante pois, ao mesmo tempo em que há um desenvolvimento da
especialidade unilateralizada de certos trabalhadores, certas operações simples requerem
somente ofícios básicos os quais qualquer ser humano normalmente é capaz de executar, de
modo que também os custos de aprendizagem desaparecem e, em comparação ao artesão, em
razão da função mais simplificada, os custos são menores que para os outros.
capitalista” (p.429). Por outro lado, Marx demonstra que a divisão técnica aprofunda a divisão
social do trabalho, através da “fragmentação dos meios de produção entre muitos produtores de
mercadorias independentes entre si” (p. 429). Em outras palavras:
Aqui é demonstrado como a união de muitos trabalhadores num mesmo local para a
venda de trabalho para o mesmo capitalista, possibilitou o salto técnico da produção coletiva a
partir da cooperação e posteriormente com a manufatura. A forma de produção a partir da
cooperação simples manteve o modo de trabalho dos trabalhadores, enquanto a manufatura
tratou de transformar as formas de como o capital explora os trabalhadores.
Marx expõe que foi a partir da manufatura que a divisão técnica do trabalho atingiu
alto nível que o trabalhador se especializando cada vez mais na produção apenas de um
fragmento da mercadoria, tornando útil essa força de trabalho na manufaturaria, apenas se
estiverem fazendo parte de uma exploração coletiva para o capital. É apresentando então que
esta divisão da manufatura acaba por contribuir com a divisão social do trabalho no capitalismo,
tornando o trabalhador cada vez mais sem opções produtivas a não ser sua venda ao capital:
“Por sua própria natureza incapacitado por fazer algo autônomo, o trabalhador manufatureiro
só desenvolve atividade produtiva como ele acessório da oficina do capitalista” (p.435)
A divisão manufatureira do trabalho, ao gerar essa forma especializada e fracionada
da produção como método, só poderia ser gerada apenas no capitalismo, segundo Marx, por
esse avanço técnico ser uma consequência da busca constante do capital por sua
autovalorização. Marx chama atenção também que a produção do trabalhador na manufatura
por produzir apenas a parte complementar de um todo, impede maiores atos de insubordinação
ou atraso na execução de uma atividade em maior tempo médio pelo trabalhadores, aumentando
a disciplina dos trabalhadores.
É visto também que com a maior instrumentação do trabalho na manufatura, o
conhecimento técnico que antes o artesão desempenhava, agora é transferido para o meio de
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