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O modo de produção capitalista se assenta na diferença de classes, isto é, o burguês é

proprietário dos meios de produção enquanto os proletários possuem apenas a sua força de
trabalho. Da relação social existente destas duas classes está a base do capitalismo. O
proletário desprovido dos meios necessários à reprodução de sua vida é forçado a vender a sua
força de trabalho ao capitalista, que por direito se torna proprietário do produto materializado
pela força de trabalho do proletário. Desse modo o capitalista aumenta cada vez mais a sua
riqueza pelo trabalho materializado ao proprietário.
O bem produzido pelo trabalhador possui os valores transferidos dos meios de
produção necessários a sua feitura. Entretanto o trabalho humano utilizado em sua confecção
tem a capacidade de criar mais valor. O mais valor é a parte da jornada de trabalho na qual o
trabalhador trabalhou e não foi remunerado, ou seja, é trabalho excedente àquele necessário
para pagar o dinheiro adiantado pelo capitalista para realizar a produção.
Como foi dito, a mercadoria produzida pelo trabalhador possui valor, mas esse valor
graças à força de trabalho tem um valor-de-troca maior do que esse valor, e na circulação essa
diferença se realiza, e a mercadoria se transforma na sua forma dinheiro. Este dinheiro pode
ser transformado em capital, quando isso ocorre, ele é usado para reproduzir a mesma
estrutura necessária para a sua produção, ou seja, ele é empregado na compra de meios de
produção e de força de trabalho. A reprodução simples constitui a continua transformação de
dinheiro em capital. Da força de trabalho será extraída mais valia e novamente parte dela será
empregada na reprodução do sistema. Como diz Marx (XXIII p. 714):
“A reprodução simples reproduz constantemente a mesma relação capitalista,
capitalista de um lado e do outro o assalariado; do mesmo modo, a reprodução
ampliada ou acumulação produz a mesma relação em escala ampliada: mais o
capitalista mais poderoso, num pólo, e mais assalariado, no outro”.
Na reprodução ampliada ocorre a acumulação de capital, ou seja, parte do produto
excedente, a mais valia, é transformada em capital constante e capital variável. Esta
acumulação tem que ser ampliada constantemente para que as relações sociais necessárias à
manutenção do capitalismo se perpetuem. Isso fica claro na passagem a seguir:
“a parte do capital que se troca por força de trabalho é uma parte do produto do
trabalho alheio do qual o capitalista se apropriou sem compensar com um equivalente;
além disso, o trabalhador que produziu essa parte do capital tem de reproduzi - lá,
acrescentando um excedente”.
Da relação existente entre a composição técnica e a composição do capital segundo o
seu valor, Marx classifica como composição orgânica do capital. Essa classificação é
determinada pelo valor do capital constante e o valor da força de trabalho, e da correlação
entre a massa dos meios de produção empregados e a quantidade de trabalho usado para que
os meios de produção sejam utilizados.
Em seu processo de ampliação o capital necessita sempre aumentar a sua parte
variável, o que significa o aumento da força de trabalho. Portanto acumular capital implica em
aumentar o proletário. Entretanto o aumento do capital atrai relativamente menos
trabalhadores.
“O capital adicional formado no curso da acumulação atrai, relativamente à sua
grandeza, cada vez menos trabalhadores. E o velho capital periodicamente reproduzido com
nova composição repele, cada vez mais, trabalhado que antes empregava”
Como o número de trabalhadores cai progressivamente com o aumento do capital
constante, começam a ultrapassar a necessidade média da expansão do capital global,
transformando-se, assim, em excedentes. Por isso o proletário ao produzir mais valia
proporciona a acumulação de capital da burguesia e produz também a sua própria
transformação em população relativamente desnecessária. O progresso da indústria moderna
tem transformado constantemente parte da população trabalhadora em desempregados, que
constituem o exército industrial de reserva.
A lei geral da produção capitalista é, portanto, o aumento da produtividade do trabalho
por meio das máquinas usadas no processo produtivo, que tende a reduzir o número de
trabalhadores criando o exército industrial de reserva.

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