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Texto/artigo/livro: MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. 2ed. São Paulo; Boitempo, 2017.

Capítulo 8 - A jornada de trabalho - p. 389 - 394

IDÉIA (s) CENTRAL (is) Crítica a economia política - principais estruturas do capitalismo contemporâneo, seus
problemas e pontos de superação.

Aspectos do texto Páginas

Força de trabalho é comprada e vendida pelo seu valor, determinado pelo tempo de trabalho p. 389
necessário à sua produção. p.305 - livro físico

A jornada de trabalho não é, portanto, uma grandeza constante, mas variável - existem vários tipos p. 390
de jornadas de trab de acordo com o trab e o local.
Uma parte é determinada pelo tempo de trabalho requerido para a reprodução contínua do
próprio trabalhador, mas sua grandeza total varia com a extensão ou duração do mais-trabalho.

A jornada de trabalho é, pois, determinável (pelos componentes que a configuram), mas é, em


verdade, indeterminada (tempo de trabalho gasto, mais-trabalho e a extração do mais-valor).

Disparidade entre o valor produzido pelo trabalhador e a remuneração que ele recebe.

Modo de produção capitalista - o trabalho necessário só pode constituir uma parte de sua jornada p. 391
de trabalho, de modo que esta jamais pode ser reduzida a esse mínimo. Por outro lado, a jornada de
trabalho possui um limite máximo, não podendo ser prolongada para além de certo limite.
Limite máximo: é duplamente determinado - pela limitação física da força de trabalho (8h para
atividade vital, restante para descansar, dormir, atender as necessidades físicas, como alimentar-se,
limpar-se, vestir-se etc) e limites morais (necessidades intelectuais e sociais, determinados pelo
nível geral de cultura de uma dada época).

A variação da jornada de trabalho se move, assim, no interior de limites físicos e sociais (...)

Como capitalista, ele é apenas capital personificado. Sua alma é a alma do capital.
Voz do trabalhador “(...) O que do teu lado aparece como valorização do capital, do meu lado p. 392
aparece como dispêndio excedente de força de trabalho. Tu e eu só conhecemos, no mercado, uma
lei, a da troca de mercadorias. E o consumo da mercadoria pertence não ao vendedor que a aliena,
mas ao comprador que a adquire (...) Mas por meio do preço que a vendo diariamente eu tenho de
reproduzi-la a cada dia, pois só assim posso vendê-la novamente. Desconsiderando o desgaste
natural pela idade etc., tenho de ser capaz de trabalhar amanhã com o mesmo nível normal de força,
saúde e disposição que hoje.”

“(...) Exijo a jornada de trabalho normal porque, como qualquer outro vendedor, exijo o valor de minha p. 393
mercadoria.” reivindicação no ano de 1826

Jornada de trabalho se apresenta, na história da produção capitalista, como uma luta em torno p. 394
dos limites da jornada de trabalho – entre o conjunto dos capitalistas - classe capitalista e o
conjunto dos trabalhadores - classe trabalhadora.

Capítulo 23 - A lei geral da acumulação capitalista —

3. Produção progressiva de uma superpopulação relativa ou exército industrial de reserva - p. p. 855


855 - 870

A acumulação capitalista produz constantemente, e na proporção de sua energia e seu volume, p. 857
uma população trabalhadora adicional relativamente excedente, isto é, excessiva para as
necessidades médias de valorização do capital e, portanto, supérflua.

Assim, com a acumulação do capital produzida por ela mesma, a população trabalhadora produz, p. 858
em volume crescente, os meios que a tornam relativamente supranumerária (que passa do
número estabelecido).
População trabalhadora excedente - necessário da acumulação ou do desenvolvimento da riqueza
com base capitalista - essa superpopulação se converte, em alavanca da acumulação
capitalista, e numa condição de existência do modo de produção capitalista. Ela constitui um
exército industrial de reserva disponível, que pertence ao capital de maneira tão absoluta como se
ele o tivesse criado por sua própria conta.
Uma vez consolidada essa forma, até mesmo a economia política compreende que produzir uma p. 860
população excedente relativa, isto é, excedente em relação à necessidade média de
valorização do capital, é uma condição vital da indústria moderna.

À produção capitalista não basta de modo algum a quantidade de força de trabalho disponível p. 862
fornecida pelo crescimento natural da população. Ela necessita, para assegurar sua liberdade de
ação, de um exército industrial de reserva independente dessa barreira natural.

(...) o acréscimo ou decréscimo do capital variável = o acréscimo ou decréscimo do número de


trabalhadores ocupados.

Avanço da acumulação p. 863


Por um lado: um capital variável maior põe mais trabalho em movimento, sem recrutar mais
trabalhadores;
Por outro: um capital variável do mesmo tamanho põe mais trabalho em movimento com a mesma
massa de força de trabalho;
Por fim: mais forças de trabalho inferiores mediante a substituição de forças de trabalho superiores.

(...) à medida que cresce a força produtiva do trabalho, o capital eleva mais rapidamente sua p. 864
oferta de trabalho do que sua demanda de trabalhadores.

SOBRETRABALHO = TRAB EXECUTADO PELO TRAB. - EXCEDENTE - PARA CUMPRIR


EXTRAÇÃO DO MAIS-VALOR…DENTRO DA JORNADA DE TRAB, PORÉM, SEM SER
REMUNERADO.

Grosso modo, os movimentos gerais do salário são regulados exclusivamente pela expansão e p. 865
contração do exército industrial de reserva, que se regem, por sua vez, pela alternância
periódica do ciclo industrial. Não se determinam, portanto, pelo movimento do número absoluto
da população trabalhadora, mas pela proporção variável em que a classe trabalhadora se divide
em exército ativo e exército de reserva, pelo aumento ou redução do tamanho relativo da
superpopulação, pelo grau em que ela é ora absorvida, ora liberada.

(...) oferta + baixa do que a demanda de trabalho, o que provoca o aumento do salário, e assim p. 866
por diante. Belo método de movimento este, para a produção capitalista desenvolvida!
A demanda de trabalho não é idêntica ao crescimento do capital, e a oferta de trabalho não é p. 869
idêntica ao crescimento da classe trabalhadora, como se fossem duas potências independentes a se
influenciar mutuamente.

Se, por um lado, sua acumulação aumenta a demanda de trabalho, por outro, sua “liberação”
aumenta a oferta de trabalhadores, ao mesmo tempo que a pressão dos desocupados obriga os
ocupados a pôr mais trabalho em movimento, fazendo com que, até certo ponto, a oferta de trabalho
seja independente da oferta de trabalhadores.

4. Diferentes formas de existência da superpopulação relativa. A lei geral da acumulação p. 870


capitalista - p. 870 - 879

A superpopulação relativa existe em todos os matizes possíveis. Todo trabalhador a integra p. 870
durante o tempo em que está parcial ou inteiramente desocupado.
Mudança de fases do ciclo industrial: ora de maneira aguda nas crises, ora de maneira crônica
nos períodos de negócios fracos.

Superpopulação relativa - três formas: flutuante, latente e estagnada.


FLUTUANTE: Nos centros da indústria moderna – fábricas, manufaturas, fundições e minas etc. – os
trabalhadores são ora repelidos, ora atraídos novamente em maior volume, de modo que, em
linhas gerais, o número de trabalhadores ocupados aumenta, ainda que sempre em proporção
decrescente em relação à escala da produção.

ONDE é aplicada a moderna divisão do trabalho, requer-se uma grande massa de trabalhadores p. 871
masculinos - em idade juvenil. Uma vez atingido esse ponto, resta apenas um número muito reduzido
que ainda pode ser empregado no mesmo ramo de atividade, ao passo que a maioria é regularmente
dispensada - Superpopulação flutuante.
CONSEQUÊNCIAS:
- População feminina cresce mais rapidamente que a masculina;
- Aumento natural da massa trabalhadora não satisfaz plenamente às necessidades de
acumulação do capital;
- Necessita de massas maiores de trabalhadores em idade juvenil e de massas menores de
trabalhadores masculinos adultos;
- Contradição: haja reclamações quanto à falta de mão de obra ao mesmo tempo que muitos
milhares estão na rua porque a divisão de trabalho os acorrenta a um determinado ramo da
indústria.

LATENTE (oculta): produção capitalista se apodera da agricultura - demanda de população p. 872


trabalhadora rural decresce em termos absolutos na mesma proporção em que aumenta a
acumulação do capital.
Uma parte da população rural se encontra, por isso, continuamente em vias de se transferir para o
proletariado urbano ou manufatureiro (no sentido de toda a indústria não agrícola.)...
Essa fonte da superpopulação relativa flui, portanto, continuamente, mas seu fluxo constante
para as cidades pressupõe a existência, no próprio campo, de uma contínua superpopulação
latente, cujo volume só se torna visível a partir do momento em que os canais de escoamento se
abrem, excepcionalmente, em toda sua amplitude. O trabalhador rural é, por isso, reduzido ao
salário mínimo e está sempre com um pé no lodaçal do pauperismo.

ESTAGNADA - lumpemproletariado: forma uma parte do exército ativo de trabalhadores, mas com p. 873
ocupação totalmente irregular. (...) proporciona ao capital um depósito inesgotável de força de
trabalho disponível.
Características são o máximo de tempo de trabalho e o mínimo de salário.

O sedimento mais baixo da superpopulação relativa habita, por fim, a esfera do pauperismo. p. 874
Abstraindo dos vagabundos, delinquentes, prostitutas, em suma, do lumpemproletariado
propriamente dito, essa camada social é formada por três categorias.
1ª aptos ao trabalho - absorvidos pelo mercado e trabalho em tempos de ascensão econômica.
2ª os órfãos e os filhos de indigentes. Estes são candidatos ao exército industrial de reserva…
3ª degradados, maltrapilhos, incapacitados para o trabalho. Trata-se especialmente de indivíduos que
sucumbem por sua imobilidade, causada pela divisão do trabalho, daqueles que ultrapassam a idade
normal de um trabalhador e, finalmente, das vítimas da indústria – aleijados, doentes, viúvas etc. –,
cujo número aumenta com a maquinaria perigosa, a mineração, as fábricas químicas etc. -PESO
MORTO, DIFICILMENTE RETORNARÃO PRA O TRAB.

O pauperismo constitui o asilo para inválidos do exército trabalhador ativo e o peso morto do exército
industrial de reserva. Sua produção está incluída na produção da superpopulação relativa, sua
necessidade na necessidade dela, e juntos eles formam uma condição de existência da produção
capitalista e do desenvolvimento da riqueza.

Quanto maiores forem a riqueza social, o capital em funcionamento, o volume e o vigor de seu p. 875
crescimento e, portanto, também a grandeza absoluta do proletariado e a força produtiva de
seu trabalho, tanto maior será o exército industrial de reserva. A força de trabalho disponível
se desenvolve pelas mesmas causas que a força expansiva do capital. A grandeza
proporcional do exército industrial de reserva acompanha, pois, o aumento das potências da
riqueza. Mas quanto maior for esse exército de reserva em relação ao exército ativo de
trabalhadores, tanto maior será a massa da superpopulação consolidada (...).
LEI GERAL ABSOLUTA, ACUMULAÇÃO CAPITALISTA: quanto maior forem as camadas
lazarentas da classe trabalhadora e o exército industrial de reserva, tanto maior será o pauperismo
oficial.
É compreensível a insensatez da sabedoria econômica, que prega aos trabalhadores que ajustem
seu número às necessidades de valorização do capital. O mecanismo da produção e acumulação
capitalistas ajusta constantemente esse número a essas necessidades de valorização. A primeira
palavra desse ajuste é a criação de uma superpopulação relativa, ou exército industrial de
reserva; a última palavra, a miséria de camadas cada vez maiores do exército ativo de trabalhadores
e o peso morto do pauperismo.

(..) quanto maior a força produtiva do trabalho, tanto maior a pressão dos trabalhadores sobre p. 876
seus meios de ocupação, e tanto mais precária, portanto, a condição de existência do
assalariado, que consiste na venda da própria força com vistas ao aumento da riqueza alheia
ou à autovalorização do capital. Em sentido capitalista, portanto, o crescimento dos meios de
produção e da produtividade do trabalho num ritmo mais acelerado do que o da população produtiva
se expressa invertidamente no fato de que a população trabalhadora sempre cresce mais
rapidamente do que a necessidade de valorização do capital.

SISTEMA CAPITALISTA - métodos para aumentar a força produtiva social do trabalho


aplicam-se à custa do trabalhador individual; todos os meios para o desenvolvimento da
produção se convertem em meios de dominação e exploração do produtor, mutilam o
trabalhador, fazendo dele um ser parcial, degradam-no à condição de um apêndice da
máquina, aniquilam o conteúdo de seu trabalho ao transformá-lo num suplício, alienam ao
trabalhador as potências espirituais do processo de trabalho na mesma medida em que a tal
processo se incorpora a ciência como potência autônoma, desfiguram as condições nas quais
ele trabalha, submetem-no, durante o processo de trabalho, ao despotismo mais mesquinho e
odioso, transformam seu tempo de vida em tempo de trabalho (...)
TODOS OS MÉTODOS DE PRODUÇÃO DO MAIS-VALOR SÃO, AO MESMO TEMPO, MÉTODOS
DE ACUMULAÇÃO.

LEI GERAL ABSOLUTA, ACUMULAÇÃO CAPITALISTA - mantém a superpopulação relativa ou p. 877


o exército industrial de reserva: (...) acumulação de miséria correspondente à acumulação de
capital.

Por fim, Destutt de Tracy, esse fleumático doutrinador burguês, expressa brutalmente: p. 879
“As nações pobres são aquelas em que o povo vive confortavelmente, e as nações ricas são
aquelas em que ele é ordinariamente pobre”.

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