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ESTADO DE SANTA CATARINA

Secretaria de Estado da Educação - 17º Coordenadoria Regional de Educação


ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA PAULO BAUER
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ATIVIDADE AVALIATIVA
COMPONDENTE CURRICULAR: Sociologia
PROFESSOR: Tiago Mazeti
Escreva uma análise comparativa sobre as ideias de Adam Smith, Karl Marx e John Maynard Keynes.
Pode ser feito em dupla. Proibido plágio do texto de apoio.

KARL MARX (1818 – 1883)

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Como acontece o lucro? Vender mais caro do que se pagou para produzir? Como baixar preços
para concorrer com um capitalista que se coloca no mesmo ramo de atividade? Como tudo isso se
enquadra na lei do valor? É claro que nada referente ao lucro é tão simples a ponto de depender somente
de preços e custos, antes disso depende da organização do trabalho no chão da fábrica, da eficiência com
que se trabalha, portanto dos meios de produção e da capacidade laboral do trabalhador e do tempo
socialmente necessário que um e outro permitem alcançar na produção de determinada mercadoria. Os
trabalhadores precisam ser organizados para produzir dentro de determinada jornada diária de trabalho
uma quantidade de valor equivalente a todo investimento inicial do proprietário, o que inclui os salários
dos trabalhadores, mas também água, energia elétrica, matéria-prima, compra e manutenção de
máquinas, etc. Se a jornada de trabalho terminasse aqui, não haveria lucro, apenas recuperação do valor
investido que ficou indisposto ao proprietário enquanto acontecia a produção, o transporte e a venda das
mercadorias. Consequentemente, seria um transtorno sem ganhos e com muitos aborrecimentos ao
proprietário, porém, a jornada de trabalho não termina na produção do valor do investimento inicial
(trabalho necessário), ela avança para outras horas em que é produzido um valor excedente (trabalho
excedente) que Marx chama de mais-valia. Esse valor excedente não é só lucro, mas o lucro está contido
nesse valor, ou seja, há outra serventia em parte desse valor. O lucro é a parte da mais-valia que o
proprietário acumula e usa para seu sustento pessoal, mas, como quer ver essa parte crescer, ele precisa
investir um valor inicial maior a cada ciclo de investimento, portanto, divide a mais-valia em lucro e
novo investimento. Coloquemos isso em um esquema:

1
Fragmento do texto “O legado de Karl Marx para além das vulgarizações da esquerda e da direita”.
1
Jornada de trabalho

Lucro e Novo
Salário Meios de produção Investimento

Trabalho Necessário Trabalho Excedente = MAIS-VALIA

A linha central horizontal representa a jornada de trabalho, as divisões impostas pelas barras
menores verticais representam o tempo que demora dentro da jornada de trabalho para produzir os
valores referentes ao salário, à aquisição de meios de produção (ferramentas, matérias-primas, água,
energia elétrica, aluguéis etc.), ao lucro e ao novo investimento. O tamanho de cada sessão representa o
tamanho do valor criado proporcionalmente ao tempo necessário à sua produção. Cientes disso, a última
sessão é dividida em duas: uma delas é acumulada pelo proprietário que a utiliza para o seu sustento e a
outra será reinvestida na sessão do meio com o objetivo de aumentar a última sessão no próximo ciclo.
Com base nisso Marx conclui que:

a) O proprietário se apropria de um valor que é fruto do trabalho alheio;


b) A parcela referente à mais-valia tende a se elevar, ceteris paribus2, rapidamente;
c) A parcela referente ao salário tende a se manter estagnada por muito tempo antes de, finalmente,
aumentar numa proporção incrivelmente menor em relação à massa de valor que o trabalhador
produz;
d) Capital é uma massa de valor que tem o potencial de, conjugado ao trabalho e aos meios de
produção, reproduzir-se de maneira ampliada, moldando as relações de produção;
e) Portanto, dinheiro não é capital em si, a menos que seja alocado em atividade econômica em
que possa reproduzir de maneira ampliada o valor alocado;
f) Para tanto, o dinheiro tem de ser transformado (precisa ser utilizado para comprar),
necessariamente, em meios de produção e força de trabalho e;
g) Salário não é capital, pois a quantia e a proporção em que aumenta não oferece a
condicionalidade exposta na letra “f”.

O trabalho intelectual do autor lhe permitiu definir capital como uma massa de valor que é capaz de
se reproduzir em escala ampliada através do trabalho humano que se vale de meios de produção cada
vez mais eficazes e produtivos, o que modifica total e constantemente as relações sociais como um todo
no mundo capitalista. A necessidade dos proprietários (burgueses) de aumentar a extração de mais-valia
do trabalho do proletário (trabalhador) exige a constante revolução dos meios de produção o que leva,

2
Do latim, significa “permanecendo inalteradas todas as variantes”, ou, “tudo o mais permanecendo
como está”.
2
inexoravelmente, a constantes transformações no campo das relações sociais de forma geral. Isso tem
implicações econômicas, culturais e políticas profundas que nos acompanham até os dias de hoje.

JOHN MAYNARD KEYNES (1883 – 1946)

3
O presente texto foi elaborado com a intenção de apresentar as principais ideias dos
intelectuais (sociólogos, economistas, historiadores, cientistas políticos e filósofos) que
ousaram pensar, pesquisar e discutir o desenvolvimento com o objetivo de apresentar suas
causas e projetos, em linhas gerais, que deveriam servir para que outros países alcançassem um
lugar junto às nações mais avançadas do globo. Nesse primeiro texto trataremos do britânico
John Maynard Keynes (1883 – 1946).

O economista britânico liberal Keynes iniciou seus estudos sobre o tema a partir da crise
de 1929, tendo alcançado as façanhas de fundar um novo campo de estudos, a macroeconomia,
com a publicação de “Teoria geral do emprego, do juro e da moeda” (1936) e de inventar
caminhos seguros para sair da crise e estabelecer parâmetros de relação macroeconômica entre
as nações, para garantir estabilidade econômica interna e externa. Os chamados “acordos de
Bretton Woods”, tiveram profunda participação de Keynes para garantir estabilidade e
segurança econômica.

Keynes volta sua atenção para tais questões em meio a uma crise sem precedentes, que
o obriga a deixar seu liberalismo de lado e admitir, mesmo que temporariamente, que a
participação do Estado na economia seria imprescindível para tirar os países mais avançados,
sobretudo sua Inglaterra e os Estados Unidos, epicentro da crise, do cadafalso em que se
encontravam. Ao estudar a natureza da crise, Keynes constata que a mesma havia afetado o
chamado fluxo circular do capitalismo. Numa economia de mercado o dinheiro tem de circular,
das empresas para as pessoas em forma de salários, para outras empresas em forma de aluguéis
e pagamentos, e, quando as pessoas compram os produtos das empresas ou contratam seus
serviços, o dinheiro volta para as empresas em volume maior, garantindo lucro e capacidade de
financiar continuamente a produção.

Existem vazamentos a esse fluxo; são eles poupança, impostos e importações. Quando
alguém decidi formar um pecúlio está tirando dinheiro do fluxo circular para mantê-lo
guardado, sendo que o mesmo acontece quando pagamos impostos, pois o dinheiro fica retido
nas mãos do Estado, e quando compramos produtos importados, pois, nesse caso, o dinheiro
alimenta o fluxo circular em outro país. Os vazamentos são resolvidos, quando,

3
Fragmento do texto “Teorias do desenvolvimento – série 1”.
3
respectivamente: os recursos poupados nos bancos se transformam em empréstimos; os
impostos se transformam em investimento estatal; e o país exporta mercadorias atraindo
recursos monetários para o seu fluxo circular.

Se há compensações ao fluxo circular, qual era o problema da crise? Segundo Keynes,


quando as importações da Europa, esfacelada pela Segunda Guerra Mundial, diminuem, em
função da reconstrução do seu campo industrial, as empresas estadunidenses ficaram com um
estoque de mercadorias enorme sem um mercado consumidor, e os lucros decaíram
vertiginosamente.

O aumento acelerado da produtividade das empresas estadunidenses causou uma grande


especulação na bolsa de valores, levando muitas pessoas a adquirir ações dessas empresas.
Conforme a Europa reconstruía suas indústrias, decaía o fluxo de mercadorias que os EUA
vendiam aos europeus, causando a superprodução (grandes estoques com pequenos mercados
consumidores). Isso resultou na queda da taxa de lucros e na queda dos preços das mercadorias,
o que, por sua vez, resultou na queda do preço das ações dessas empresas, que alcançou seu
ápice em 24 de outubro de 1929, a chamada “Quinta-feira negra4”, quando as ações chegaram
a negativar, mergulhando seus proprietários em dívidas impagáveis.

Isso gerou a falência de empresas e bancos que lhes haviam concedido crédito. Os
empregos de gerências são cortados, o que gerou a perda de poder financeiro da classe média
e, mais tarde, da classe trabalhadora, pois a falência gerou desemprego maciço, o que diminuiu
o poder de compra, a demanda efetiva e, por sua vez, novas quedas nas taxas de lucro e mais
desemprego, jogando centenas de milhões de pessoas na miséria. Quando as empresas falidas
tiraram seus investimentos do exterior a crise se alastrou para outras partes do mundo.

Nesse momento entra o gênio de Keynes, não só explicando a crise, mas propondo ações
concretas que poderiam recuperar o fluxo circular. O estado deveria atuar em três áreas
interligadas: economia, área social e área administrativa dos governos. Na área econômica, o
investimento do Estado em grandes obras públicas geraria empregos e renda, devolvendo às
pessoas capacidade de compra, o que reduziria a miséria e movimentaria o setor de produção e
comércio. Mas, o Estado deveria priorizar obras de infraestrutura, que reduziriam os custos de
investimento do setor produtivo, como estradas, ferrovias, aeroportos, portos, moradia, sistemas
de saneamento, bens de capital, e tecnologia intensiva.

4
Nesse período, os EUA viviam na chamada segregação racial, que se caracterizava por ser um sistema
sociopolítico que separava as pessoas pela origem étnica e fenótipo, sendo os negros considerados cidadãos de
terceira classe, o que lhes rendia os piores empregos, os salários mais baixos e as piores moradias, além de toda
injustiça e violência que marcavam a vida dos negros naquele contexto, que durou até meados dos anos de 1960.
Portanto, as nomenclaturas que serviam para designar algo “ruim” carregavam em vários casos um teor
incrivelmente racista, como é o caso da “Quinta-feira negra”.
4
Na área social, o Estado promoveria políticas públicas que garantiriam segurança
alimentar, moradia, qualificação profissional e serviços básicos, como saúde e educação.

E na área administrativa, atuaria por meio de uma burocracia eficiente e qualificada, que
garantiria uma divisão eficiente de tarefas e, por sua vez, a rápida alocação de recursos.

Graças a esse projeto, que inspirou o “New Deal 5” estadunidense, e à Segunda Guerra
Mundial, que garantiu uma demanda esplêndida de armas e outros recursos bélicos, os EUA, e
a reboque a Inglaterra, conseguiram sair da crise. A Europa, que viu uma outra guerra acontecer
em seu solo, saiu com algum atraso da crise, mesmo no caso dos países vencedores. Já os EUA
emergiram como a grande potência bélica e econômica mundial, com poder e recursos para
formatar os padrões de comércio internacional no mundo.

5
Nome dado ao projeto de intervenção pública do Estado na economia estadunidense, sob a égide de Franklin
Delano Roosevelt, presidente dos EUA à época.

5
ADAM SMITH (1723 – 1790)

Texto extraído de: OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à


Sociologia. 25ª edição. São Paulo: editora Ática, 2005. P. 85-
120.

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